Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
quinta-feira, 23 de abril de 2009
Guiné 63/74 - P4236: Convívios (118): Pessoal das CCAÇs 2381 e 2382, no dia 9 de Maio de 2009, em Alferrarede - Abrantes (José Teixeira)
Camaradas.
As CCaç 2381, 2382 e 2383, sendo Companhias Independentes, formaram-se ao mesmo tempo em Abrantes. Partiram juntas para a Guiné e do mesmo modo regressaram juntas. Pena é que não tivessem regressado todos.
A CCaç 2381 e a 2382 andaram bastante tempo juntas no teatro de guerra, nomeadamente em Buba na abertura da estrada nova para Aldeia Formosa.
Ao fim de tantos anos vai ser possível reunir estas duas Companhias num almoço convívio, em comum, graças ao Blogue da Tabanca Grande e à iniciativa do Manuel Traquina da CCaç 2382.
Se houver alguém na Tertúlia que esteja ligado à CCaç 2383, que dê sinal de vida. Apareça, que será bem recebido.
Solicito o favor de publicitarem esta iniciativa
Junto a carta que foi enviada a todos os membros destas duas companhias
José Teixeira
Esquilo Sorridente
Almoço / Convívio 2009 das CCaç 2381 e CCaç 2382
DATA: 09 de Maio de 2009
Restaurante: Quinta do Lago - Alferrarede - Abrantes
quinta.lago@santosemarcal.pt
Programa
10,00: - Concentração junto à Escola Prática de Cavalaria (antigo RI2)
11,00: - Visita ao aquartelamento e colocação de coroa de flores junto ao monumento dos mortos na Guerra Colonial.
12,00: – Saída para o restaurante Quinta do Lago
13,00: – Almoço
15,30: – Apresentação do livro “Os Tempos de Guerra – De Abrantes à Guiné” de Manuel B. Traquina da CCaç 2382
Os Tempos de Guerra - De Abrantes à Guiné, livro de autoria do nosso camarada Manuel Traquina
Ementa
Bacalhau c/molho de ostras e batata a murro
Bochechas de porco preto c/migas
(pratos alternativos)
Mesa de doces e frutas
Bolos das Companhias, Bebidas várias, café, digestivos, etc
Preço: - Adultos 24,00 Euros - Até aos 4 anos gratuito - Dos 4 aos 10 anos 12,00 Euros
Solicita-se confirmação até 5 de Maio para:
CCAÇ 2382 - M. Traquina Tel. - 241 107 046 / 933 442 582
CCAÇ 2381 - J. Teixeira Tel. - 966 238 626 / e-mail: jteixei@msn.com
Dado que se espera uma grande adesão, por favor CONFIRMA com devido tempo.
NOTA: Traz o teu crachá, o guião, condecorações e fotografias para rever e reviver
Na esperança de te poder abraçar com alegria, subscrevemo-nos
CCaç 2381
José Teixeira
CCaç 2382
Manuel Traquina
Cróquis da localização da EPC (RI 2) e do Restaurante da Quinta do Lago
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Nota CV:
Vd. último poste de 22 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4231: Convívios (115): Pessoal da CCS/BCAÇ 4612, no dia 2 de Maio de 2009, em Benavente (Jorge Canhão)
quarta-feira, 22 de abril de 2009
Guiné 63/74 - P4235: Histórias em tempos de guerra (Hélder Sousa) (3): Recordar aos poucos ou circuncisão espectacular
Caro Editor-Chefe.
No passado dia 24 de Março enviei este mail para o endereço recomendado do Blogue.
Foi só para ele.
Como entretanto li que, devido à possibilidade de acumulação de material, era recomendável enviar-te também para este teu endereço do gmail, aqui o estou a fazer.
Se achares que deve ser encurtado ou coisa assim, podes dizer que tratarei de o dividir como conseguir.
Até lá, votos de continuação de bom trabalho (mereces mais do que uma menção honrosa, mereces AJUDA!) e até breve.
Um abraço
Hélder S.
2. Mensagem anterior com data de 24 de Março de 2009:
Caros camaradas Luís, Carlos e Virgínio
Junto anexo um texto que escrevi a propósito da questão das memórias.
A partir duma pequena parte dum texto colocado no Blogue, recordei-me dum episódio que se tinha passado comigo e da qual já nem me lembrava.`
É essa situação que relato.
Acho que o processo da reconstituição da memória colectiva deve passar por um processo semelhante, com avanços assentes nos vários contributos que todos, e cada um, consigam fazer aportar a este rio comum, que é o nosso Blogue.
Se acharem que tem cabimento, publiquem.
Um abraço para toda Tabanca, do tamanho do rio que escolherem.
Hélder Sousa
RECORDAR AOS POUCOS
Esta coisa da memória de cada um, tem que se lhe diga.
Vou relatar um episódio que se passou comigo, que agora recordei, e desde já peço desculpa, principalmente ao Alberto Branquinho, por ir falar de mim e do meu umbigo…. ou quase!
Durante anos praticamente esqueci a Guiné mas através do nosso Blogue, pelas leituras dos relatos, das histórias dos vários intervenientes, pelas conversas que entretanto se vai tendo com os novos amigos ou com os antigos reencontrados, lá se vai fazendo cada vez mais luz.
Por exemplo, tenho dito que passei cerca de 6 meses (não chegou bem) em Piche, junto da sede do BCAV 2922. Sei que cheguei lá no início de Dezembro de 1970, dia 4 ou 5, não me lembro bem, e regressei a Bissau no final de Maio de 1971, salvo erro a 25, pelo menos é neste momento a ideia que tenho. Pelo meio, aí pelo dia 15 de Abril de 1971 (desta data tenho a certeza) fui a Bissau onde passei lá alguns dias, voltando a Piche talvez uma semana depois.
É absolutamente certo que me lembro como foi a primeira viagem de ida. Fui num avião grande, cheio de gente, militares e nativos que tinham estado em Bissau num acontecimento promovido pelo General Spínola e que se chamou Congresso dos Povos ou coisa assim parecida, que levava também várias caixas com material e alimentos e voei até Nova Lamego. Aí fiquei um ou dois dias (não me lembro exactamente) e depois integrei a coluna para Piche.
Quando vim a Bissau, em 15 de Abril de 1971, para recolher o material com vista a reequipar o novo Posto de Transmissões de Piche, fiz a coluna de Piche a Nova Lamego, segui depois até Bafatá integrado num conjunto de viaturas que também para lá se dirigiam. Aí segui para Bambadinca num combóio de apenas 2 Unimogs. Em Bambadinca estive com um Fur Mil de Transmissões do curso anterior ao meu, chamado Vítor Caniços, que me contou ter havido na véspera (14 de Abril de 1971) um forte ataque a Catió onde o meu amigo e colega de curso Nélson Batalha (de quem já falei), conterrâneo de Setúbal do Vítor, tinha ficado ferido e alvo de evacuação para Bissau. Fui depois até ao Xime e aí embarquei na Bor até Bissau.
Não consigo recordar-me como fui até ao Xime. Se foi ainda no mesmo dia, se fiquei dum dia para o outro em Bambadinca, nem que transporte tomei. Do Xime recordo-me da rampa que me pareceu íngreme (coisa rara na Guiné) até ao cais. A viagem que fiz na Bor não foi muito distinta do que já li no Blogue. A emoção da descida rápida do Geba estreito, a carga absolutamente indescritível daquele ferry, com material e equipamentos militares, elementos da população, animais soltos e em gaiolas, tudo numa absoluta molhada, a atenção sempre ao máximo à espreita do que se podia passar nas margens, que se revelavam misteriosas e perigosas. Mais à frente, quando o Geba se alarga a perder de vista, depois de receber o Corubal, com o barco bem afastado das margens, começa a levar com ondulação forte, de frente, que fazia refrescar toda aquela parafernália de pessoas e coisas que se amontoavam a descoberto. Aí a molhada ficou toda molhada!
Chegado a Bissau, apresentei-me junto do meu comando das Transmissões, visitei o meu amigo ferido no Hospital (eu tinha jogado às moedas com ele para ver quem ia para Piche e quem ia para Catió), inteirei-me do que tinha que fazer quando regressasse ao mato, identifiquei o material e, passados uns dias lá fui de volta a Piche. Ainda hoje não me consigo lembrar o que fiz e como foi.
Quando em Piche a missão ficou cumprida lá regressei finalmente e Bissau, em princípio para ir (pensava eu, como me tinham prometido) para Teixeira Pinto ou Bolama, como recompensa por ter sido destacado para zona considerada problemática (aqui para nós, qual é que não era?), mas acabei por me imporem o Centro de Escuta. Mas isso é outra história.
O que importa é que essa viagem final, aquela que me levou de vez de Piche a Bissau, também está obliterada. Não me consigo lembrar o que fiz. Tenho uma vaga ideia de ter ido de coluna até Nova Lamego mas depois suspeito que tomei um avião.
Circuncisão ao vivo e a cores
Portanto, como disse, isto da memória vem aos poucos, à medida que se vai lendo e relacionando as coisas. Sendo assim, ao ler o P4013 (**), com o relato de passagens do livro “Diário de Guerra” de Cristóvão de Aguiar (org. José Martins), lá aparece o registo que no dia 10 de Maio de 1965 o autor desse livro esteve no HM 241.
Reza assim o tal registo:
“Hospital Militar de Bissau, para uma pequena intervenção cirúrgica. Circuncisão, isto é, um corte no freio, que tinha dificuldade em arregaçar.
Se tivesse nascido judeu, ter-me-ia poupado ao incómodo nesta idade de quase um quarto de século.”
Esta anotação fez-me recordar que uma situação semelhante se passou comigo e que afinal, não havendo naquele tempo Serviço Nacional de Saúde nem tendo a esmagadora maioria dos pais dinheiro para gastar com médicos, onde só se ia (os que iam) quando alguma doença mais visível aparecia, muitos jovens daquela época tinham problemas parecidos e cuja resolução só seria ultrapassada pelo tempo. À data, antes da entrada no serviço militar, havia em Vila Franca de Xira, onde vivia, um médico, carinhosamente conhecido como médico dos pobres, o Dr. Rodrigues Pereira, pai de um homem muitas vezes citado no nosso Blogue, principalmente através dos escritos do Beja Santos e da Cristina Allen, o Dr. David Payne, que ajudava em muita coisa mas não era possível atender a tudo e a todos.
Por isso, quando estava em Piche, alguns camaradas relataram os seus problemas e como eles tinham sido resolvidos graças à intervenção dos médicos do Batalhão que se disponibilizavam para o efeito.
Comecei também a ganhar coragem para me submeter à necessária intervenção cirúrgica e fiquei esperando pela oportunidade. O BCAV 2922 tinha no seu quadro três Alferes Médicos, Hermano Gouveia, Fausto Gomes e Roando Álvares, e havia um, pelo menos, sempre em permanência na sede do Batalhão. Comecei a tentar convencer o Dr. Hermano mas acho que foi com o Dr. Fausto que fui à faca.
Quando finalmente ficou acordado o dia, o que acham que aconteceu? Uma coisa simples, como a relatada no livro do Cristóvão? “Ná”, nada disso!
O médico resolveu transformar aquela pequena intervenção cirúrgica numa aula pública e de ensino colectivo.
Quando me encontrava deitado de costas em cima da marquesa, em situação, digamos assim, indefesa, calças em baixo, com o médico e o Furriel Enfermeiro Santana (já nos conhecíamos de Santarém) a começar os preparativos para desinfecção e outros procedimentos, a sala de operações foi literalmente invadida por todo o pessoal afecto ao serviço de saúde e também por mais meia dúzia de outros amigos que se divertiram desinfectando tudo o que podiam. Aquilo é que foi uma alegria! Tintura de iodo e outros desinfectantes pintando desenhos vários no peito, barriga, umbigo (cá está o umbigo), pernas, enfim….
Nessa altura o Dr. disse que tinha boas e más notícias para mim. É que não tinha agulhas finas para dar a injecção com o anestésico no local a cortar, o que queria dizer que iria doer mais mas, por outro lado, sendo a agulha mais grossa também corria menos riscos de se partir… Além disso, para compensar, iria providenciar uma espécie de anestesia apropriada à circunstância, que me faria não sentir a dor da própria injecção, coisa que na altura não percebi o que podia significar.
Então, no meio daquela feira, daquela alegre confusão (alegre para eles, que eu transpirava como se pode calcular e estava muito apreensivo) o nosso Dr. faz um sinal com a cabeça ao Furriel Santana que se encontrava ao meu lado direito e que me afinfa uma valente cotovelada na zona do fígado, abaixo das flutuantes, que me tirou literalmente o ar, provocou uma dor e uma contracção muscular por toda essa zona que me fizeram ficar imóvel e, enquanto isso, o maquiavélico Dr. aplicava a tal injecção com a agulha grossa.
Feito isso, que eu nem senti, passou a fazer o que tinha de ser feito, cortando e cozendo e tudo correu depois como previsto.
Medicado e entrapado lá recebi a recomendação de agora, durante uns dias, nada de esforços…”. Isso é que era bom… nessa mesma noite, o IN, como que para entrar também na festa, lá resolveu fazer uma flagelação, com alguma intensidade, e vá de ir para a vala de protecção, tentando rastejar o menos possível. Resultado, um ponto rebentado e novos cuidados…
E pronto, este relato já está!
Um abraço para toda a Tabanca!
Hélder Sousa
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OBS:- Os editores agradecem a compreensão do Helder Sousa e o reenvio deste texto, que damos hoje a conhecer aos nossos leitores.
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Notas de CV:
(*) Vd. poste de 13 de Março de 2009 > Guiné 63/74 - P4025: Histórias em tempos de guerra (Hélder Sousa) (2): "Conta-me como foi" ou há mesmo coincidências
(**) Vd. poste de 11 de Março de 2009 > Guiné 63/74 - P4013: Diário de Guerra, de Cristóvão de Aguiar (org. José Martins) (V): Do Tejo ao Geba (17 de Abril de 1965/25 de Maio de 1965)
Guiné 63/74 - P4234: (Ex)citações (24): A grandezas humana de um comando africano (Virgínio Briote / Luís Graça)
(...) "E depois, Burontoni e o Malan, um miúdo de 7 ou 8 anos que vivia com os pais, junto a um acampamento da guerrilha.
"Ninguém queria ficar com o Malan. O Saraiva não queria mascotes, o capitão L., da Companhia local [, Xime], respondeu negativo. Amadu trouxe a criança para Brá. Depois, com 4 metros de tecido que um camarada tinha apanhado num acampamento, foi a um alfaiate fazer 4 calções e 3 camisas. Uns sapatos e uns chinelos completaram o guarda-roupa do Malan, que teve de mudar o apelido para Djaló.
"Malan Djaló passou a viver na grande família Djaló. Nunca ninguém soube a história do rapaz até 1973. Malan cresceu, andou na escola, aprendeu bem o português.
"Quando chegou a independência voltou a ver os pais, mas à noite regressou à família Djaló. Passou a dar aulas de português em quartéis do PAIGC, até conhecer uma jovem por quem se apaixonou. Casou e nasceu-lhe uma menina. A sorte da vida não estava com o Malan. Uma doença rápida, em dias, matou-o numa cama do hospital de Bafatá. Um ano depois, a menina morreu também, vitima da mesma doença, presume o Amadu" (...).
2. Comentário de L.G.:
Histórias dentro da história, VB! E que histórias! E esta é particularmente comovente!... Nos anos de brasa (c. 1965), quem é que se preocuparia com um miúdo, aterrado, as mãos atrás da nunca, que é encontrado no mato, turra, futuro turra... ? Miúdo é como velho e mulher, só atrasa o regresso da tropa e põe em causa o sucesso da operação e a segurança dos camaradas... Nesse tempo, no subsector do Xime, o velho guia e picador das NT, Seco Camará, era encarregue das tarefas mais vis da guerra suja, que repugnava ao tuga, cristão... Seco Camará, mandinga, leal às NT, e também bom muçulmano, viu-o morrer à roquetada em 26 de Novembro de 1970 (**)...
Esta história do puto Malan, recolhido por um comando africano, revela o homem grande e o grande homem que é, deve ser, o Amadu Djaló (de que tens sido o confidente nestes últimos meses). E, além disso, é bom crente em Alá, bom muçulmano, que vai todas as sextas-feiras rezar à mesquita de Lisboa, na Praça de Espanha...
VB, essas memórias do Amadu Djaló estão-se a revelar uma autêntica Caixa de Pandora. E tu estás a fazer um trabalho fantástico, dando voz a um homem sem voz, exilado na pátria que escolheu: só por essa razão é que eu perdoo a tua deserção (temporária) do nosso blogue...
Conheci o Buruntoni, como outros camaradas nossos que estiveram na CCAÇ 12 (Humberto Reis), no Pel Caç Nat 52 (Beja Santos), no Pel Caç Nat 63 (Jorge Cabral)... Ou nas unidades de quadrícula do Xime: na região de Baio/Buruntoni, a sudeste do Xime, e fazendo ligação com o Poi´ndon/ Ponta do Inglês, na margem direita do Rio Corubal, havia pelo menos um 1 grupo com meia dúzia de roqueteiros que emboscavam as nossas embarcações, em Ponta Varela... Fomos lá várias vezes com o Seco Camará, demos e levámos muita porrada...
A população era beafada e balanta. O Malan Nanque era o nome do puto antes de ser perfilhado pelo Amadu Djaló...
Peço-te, VB, que faças um poste com esta história, reveladora da grandeza de alma dos homens, mesmo quando andam na guerra... ou são obrigados, muitas vezes a escolher um dos lados da guerra. Uma história também reveladora de que tudo na vida e na história não pode ser visto a preto e branco, como tendemos a fazer por razões de comodidade mental... É sempre empobrecedor ver a guerra da Guiné e os seus protagonistas, a preto e a branco... (LG)
Guiné > Zona Leste > Sector L1 > Mansambo > CART 2339 (1968/69) > Legenda do fotógrafo: "O milícia e guia das NT, Seco Camará: 56 minas detectadas e muitas guerras" (TM)...
Foto: © Torcato Mendonça (2007). Direitos reservados.
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Notas de L.G.:
(*) 21 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4229: Os nossos camaradas guineenses (7): Amadu Djaló, as memórias do Comando Africano continuam (Virgínio Briote)
(**) Vd. poste de 26 de Novembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1317: Xime: uma descida aos infernos (1): erros de comando pagam-se caros (Luís Graça)
Guiné 63/74 - P4233: Bandos... A frase, no mínimo infeliz, de um general (16): Direito à indignação (Amílcar Mendes)
Guiné 63/74 - P4232: Agenda Cultural (8): Lançamento do livro "Guiné Saudade e Sofrimento", em Santa Comba Dão, dia 25 de Abril de 2009
Lançamento do livro “Guiné Saudade e Sofrimento”
O dia 25 de Abril foi o esolhido para o lançamento do livro “Guiné Saudade e Sofrimento” da autoria do Prof. Doutor Hugo Coimbra na Casa da Cultura de Santa Comba Dão.
Este evento faz parte do programa da autarquia para a comemoração do Dia da Liberdade e terá inicio às 15h.
Simultaneamente decorrerá uma Exposição relativa ao mesmo tema e que tem como fontes as fotografias dos militares do concelho que estiveram na Guiné.
Conta-se com uma grande afluência de público já que o livro é uma compilação dos dados biográficos de todos os que, deste concelho, cumpriram o Serviço Militar na Guiné e os que lá faleceram.
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Nota de CV:
Vd. último poste da série de 20 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4222: Agenda Cultural (8): Os Traumas da Guerra Colonial, Museu de Arte Sacra e Etnologia, Fátima, 24/4/09 (J. Mexia Alves)
Guiné 63/74 - P4231: Convívios (117): Pessoal da CCS/BCAÇ 4612, no dia 2 de Maio de 2009, em Benavente (Jorge Canhão)
Almoço de confraternização da CCS/BCAÇ 4612/72
Camarada Carlos Vinhal
Desejo em primeiro lugar que esteja tudo bem contigo e familiar.
Embora muito atrasado venho pedir se podiam comunicar no nosso Blogue que a CCS do BCAÇ 4612/72 - MANSOA - vai fazer mais um almoço no dia
2 de Maio de 2009, no restaurante FANDANGO, situado em Benavente E.N. 118 - Km 40
A concentração será a partir das 11h00
Contactos:
Ex-Fur Mil Sapador Pauleta 914 393 926
Ex 1.º Cabo Escriturário C. Alves 914 729 724
Abraços
Jorge Canhão
Ex-Fur Mil
3 ª CCaç/BCAÇ 4612/72
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Nota de CV:
Vd. último poste da série de 21 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4224: Convívios (114): Pessoal das CCAV 677 e 678, no dia 21 de Junho em Fátima (Santos Oliveira/Rodrigues)
Guiné 63/74 - P4230: Listagem dos mortos na emboscada do Quirafo, em 17 de Abril de 1972 (José Martins)
Boa tarde e resto de bom fim de semana
Com atraso(?) aqui vai mais uma contribuição para o Caso Quirafo (*).
José Martins
Militares, milícias e civis, abaixo indicados por ordem alfabética, independentemente do posto e situação, que
TOMBARAM NA PICADA ENTRE MADINA BUCÔ E QUIRAFO EM 17 DE ABRIL DE 1972
ANTÓNIO FERREIRA, 1.º Cabo Radiotelegrafista, natural de Cedofeita, Porto.
ANTÓNIO MARQUES PEREIRA, Soldado Atirador, natural de Pedreira, Fátima, Vila Nova de Ourém.
ANTÓNIO MOREIRA AZEVEDO, Soldado Atirador, natural de Moreira, Maia
ANTÓNIO DE MOURA MOREIRA, Soldado Atirador, natural de São Cosme, Gondomar.
ARMANDINO DA SILVA RIBEIRO, Alferes Miliciano de Infantaria, natural de Mangueira, Lamego.
BERNARDINO RAMOS DE OLIVEIRA, Soldado Atirador, natural de Pedroso, Vila Nova de Gaia.
DEMBO JAU, Sargento Milícia, Pelotão de Milícias n.º 287, natural de Sinchã Nanconi, Nossa Senhora da Graça, Bafatá.
FRANCISCO OLIVEIRA DOS SANTOS, Furriel Miliciano Atirador, natural de Ovar
SÉRGIO DA COSTA PINTO REBELO, 1.º Cabo Apontador de Metralhadora, natural de Samil, Vila Chã de São Roque, Oliveira de Azeméis.
SERIFO BALDÉ, Assalariado, natural de Madina do Bocô, Bafatá.
TIJANE BALDÉ, Assalariado, natural de Cansamangue, Xitole, Bafatá.
ZOZIMO AZEVEDO, Soldado Atirador, natural de Alpendurada, Marco de Canaveses.
Pertenciam à Companhia de Caçadores n.º 3490, Unidade Orgânica do Batalhão de Caçadores n.º 3872, mobilizado no Regimento de Infantaria n.º 2 em Abrantes.
Embarcaram, em Lisboa, em 18 de Dezembro de 1971 e desembarcaram em Bissau em 24 de Dezembro de 1971.
Era comandante do Batalhão o Tenente-Coronel de Infantaria, José de Castro e Lemos, tendo como segundo Comandante, o Major de Infantaria José Carlos Moreira de Campos e Oficial de Operações e Informações Adjunto, o Major Amélio Ventura Martins Pamplona.
No comando das companhias estiveram:
Companhia de Comando e Serviços:
Capitão do Serviço Geral do Exército Jorge de Araújo Mateus,
Capitão do Quadro Especial de Oficiais, Carlos Alberto de Araújo Rolin e Duarte, e
Tenente do Serviço Geral do Exército, Mário da Encarnação Raposo.
Companhia de Caçadores n.º 3489:
Capitão Miliciano de Infantaria, Manuel António da Silva Guarda e
Capitão Miliciano de Infantaria, José Francisco Rosa.
Companhia de Caçadores n.º 3490:
Capitão Miliciano de Infantaria, Dário Manuel de Jesus Lourenço.
Companhia de Caçadores nº 3491: Capitão Miliciano de Artilharia Fernando de Jesus Pires
A divisa da unidade e suas subunidades orgânicas era “O inimigo vos dirá quem somos”.
Assumiu o sector L 5, com sede em Galomaro, e nas suas operações capturou ao inimigo uma pistola-metralhadora, duas espingardas, dois lança granadas foguete e quarenta e duas granadas de armas pesadas. Foi rendido pelo Batalhão de Caçadores n.º 4518/73 em 9 de Março de 1974.
O subsector de Cancolim foi assumido pela Companhia de Caçadores n.º 3489 em 11 de Março de 1972, destacando um Pelotão para Anambé. Foi rendida pela 2.ª Companhia do Batalhão de Caçadores n.º 4518/73 em 8 de Março de 1974.
O subsector de Saltinho foi assumido pela Companhia de Caçadores n.º 3490 em 11 de Março de 1972, destacando um Pelotão para Cansamba. Foi rendida pela 3.ª Companhia do Batalhão de Caçadores n.º 4518/73 em 7 de Março de 1974.
O subsector de Dulombi foi assumido pela Companhia de Caçadores n.º 3491 em 08 de Março de 1972, destacando um Pelotão para Cancolim. Foi rendida pela 3.ª Companhia do Batalhão de Caçadores n.º 4518/73 em 7 de Março de 1974. Em 9 de Março de 1973 foi transferida para Galomaro, assumindo a responsabilidade do subsector atribuída, até então, a Companhia de Comando e Serviços do Batalhão. Cedeu um Pelotão para reforço da guarnição de Piche, Pelotão este que foi posteriormente deslocado para Nova Lamego. Foi rendida pela 1.ª Companhia do Batalhão de Caçadores n.º 4518/73 em 7 de Março de 1974.
Efectuaram o regresso em 28 de Março de 1974.
José Martins
2. Comentário de CV:
Deixo desde já um agradecimento público ao nosso bom camarada José Martins, que apesar de ter uma vida profissional intensa, dispensa muito do seu tempo de descanso para colaborar connosco, sempre que lhe pedimos alguma coisa. Muitas vezes, quase adivinhando o nosso pensamento, envia-nos trabalhos complementares aos assuntos em actualidade no Blogue.
3. Caberá aqui incluir um velho documento que o nosso camarada António Batista descobriu entre os seus papéis
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Notas de CV:
(*) Vd. postes de 17 de Abril de 2008:
Guiné 63/74 - P4200: Ainda e sempre a tragédia do Quirafo. Sortes distintas para António Batista e António Ferreira (Mário Migueis / Paulo Santiago)
e
Guiné 63/74 - P4202: Dia 17 de Abril de 1972. A emboscada do Quirafo, 37 anos depois (Mário Migueis)
terça-feira, 21 de abril de 2009
Guiné 63/74 - P4229: Os nossos camaradas guineenses (7): Amadu Djaló, as memórias do Comando Africano continuam (Virgínio Briote)
Caros Luís e Carlos
Um abraço
Passei duas semanas fora de Lisboa, na Casa de Estói. Levámos a nossa neta mais velha e levámo-la a conhecer o litoral algarvio. Depois retomei o trabalho com o Amadu Bailo Djaló.
O Amadu vem cedo, almoça comigo em casa e depois mãos ao trabalho. Tem sido a minha tarefa. Ler-lhe os textos, corrigir, acrescentar pormenores, cortar outros, pôr datas, nomes, locais, enquadrar as histórias, telefonar a camaradas, cruzar a informação, reavivar pormenores. Tem sido assim toda a semana, excepto à 6ª feira, que é dia dele ir rezar à Mesquita. O Amadu tem boa memória. E muita dificuldade em escrever. Por isso, a ajuda que posso esperar dele está na memória. Tem sido muito bom para ele. Vê finalmente alguém interessado em dar corpo às suas memórias. O meu principal problema reside agora na 1ª parte do manuscrito, que foi reescrito por um senhor angolano que já morreu e que deitou fora o original escrito pela mão do Amadu. Esta reescrita está cheia de loas ao patriotismo e à irmandade das comunidades luso-africanas. Não coincide com a cultura do Amadu, nem com a forma africana dele contar e que estou a tentar seguir nesta 2ª parte do texto.
As memórias, como já referi, cobrem todos os anos da guerra. De ainda antes, até. O nascimento em Bafatá, a frequência da escola corânica e depois a da missão católica, de uns padres italianos, a permanência de dois meses no mato para a cerimónia da circuncisão, aos 13 anos a viagem com o irmão mais velho a Boké, os negócios da venda de tecidos e bugigangas na República da Guiné-Conackry, as saudades dos pais e da vida de Bafatá e o regresso à cidade natal.
A incorporação na tropa deu uma grande volta à vida dele. O contacto com os militares europeus, a passagem por Bolama, Cacine, Bedanda, Farim, o 1º ataque do PAIGC a Farim, as 3 emboscadas, no mesmo dia, na estrada Cuntima-Farim, o 1º morto do PAIGC que ele viu ser arrastado pelo soldado Solda, do BCav 490, em 1964, o regresso à CCS do QG, a entrada para os comandos do Saraiva. Uma grande volta na vida dele.
Com o Saraiva viu coisas que nunca imaginou. Viu tudo. Inaugurou a pista de Madina do Boé. Desembarcou de uma das cinco Do.27, que levaram o grupo para Madina. Ao som de tambores, percorreram o trajecto da pista, acabada nesse mesmo dia, até ao aquartelamento. Episódios de Madina que não esquece: a ida com o Saraiva e com o régulo a Hore Moure, na Rep. da Guiné-Conackry, os três vestidos à fula, com duas granadas ofensivas cada um com o grupo emboscado a cerca de 500 metros. A entrada nas casas, que serviam de pouso à ainda incipiente guerrilha apenas durante o dia. A história da mina que matou quase metade do grupo em Gobige. Os funerais em Bissau, a reunião em Brá para discutirem os procedimentos que tinham tomado em Madina e logo a seguir a ida para o Oio, com mais 11 camaradas. Nesta acção, indescritível para os nossos olhos de agora, viu mesmo tudo o que de pior a guerra, qualquer guerra, tem. Crianças, velhos, paralíticos, gado, ficaram-lhe na memória como os principais actores dessa saída.
E depois, Burontoni e o Malan, um miúdo de 7 ou 8 anos que vivia com os pais, junto a um acampamento da guerrilha.
Ninguém queria ficar com o Malan. O Saraiva não queria mascotes, o capitão L., da Companhia local respondeu negativo. Amadu trouxe a criança para Brá. Depois, com 4 metros de tecido que um camarada tinha apanhado num acampamento, foi a um alfaiate fazer 4 calções e 3 camisas. Uns sapatos e uns chinelos completaram o guarda-roupa do Malan, que teve de mudar o apelido para Djaló.
Malan Djaló passou a viver na grande família Djaló. Nunca ninguém soube a história do rapaz até 1973. Malan cresceu, andou na escola, aprendeu bem o português.
Quando chegou a independência voltou a ver os pais, mas à noite regressou à família Djaló. Passou a dar aulas de português em quartéis do PAIGC, até conhecer uma jovem por quem se apaixonou. Casou e nasceu-lhe uma menina. A sorte da vida não estava com o Malan. Uma doença rápida, em dias, matou-o numa cama do hospital de Bafatá. Um ano depois, a menina morreu também, vitima da mesma doença, presume o Amadu.
Histórias, umas atrás das outras, que a guerra foi muito longa e foi feita de muitos episódios.
Tem sido este o meu trabalho, caros Camaradas. Programei a entrega do texto para o final deste mês.
Um abraço a todos,
vb
Fotografias do Alferes Graduado Comando Amadu Bailo Djaló. De cima para baixo: Amadu Djaló vestido com o uniforme nº 1 de oficial do Exército Português; em 1966 depois de terem acabado os cmds do CTIG e o Amadu, em anos mais recentes junto à lápide dos nossos Camaradas mortos nas três frentes da Guerra.
Fotos: © Virgínio Briote (2009). Direitos reservados
Editadas por Carlos Vinhal
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Nota de CV:
Sobre o Srgt Amadu Djaló ver postes de:
22 de Março de 2009 > Guiné 63/74 - P4067: Os nossos camaradas guineenses (3): Amadu Djaló, Fula de Bafatá, comando da 1ª CCA, preso, exilado... (Virgínio Briote)
25 de Março de 2009 > Guiné 63/74 - P4076: Os nossos camaradas guineenses (4): Amadu Djaló, com marcas no corpo e na alma (Virgínio Briote)
27 de Março de 2009 > Guiné 63/74 - P4086: Os nossos camaradas guineenses (5): O making of do livro do Amadu Djaló, as memórias de um comando africano (Virginio Briote)
29 de Março de 2009 > Guiné 63/74 - P4102: Os nossos camaradas guineenses (6): Amadu Djaló, as memórias de um comando africano (Virginio Briote)
Guiné 63/74 - P4228: Louvores e condecorações (6): Alf Mil Cav Joaquim J. Palmeiro Mosca, morto a 20/4/1970 no chão manjaco (Manuel Resende)
Reprodução do louvor (*), atribuído a título póstumo, por proposta do Com-Chefe, ao Alf Mil Cav Palmeiro Mota, que pertencia à CCAÇ 2585 (Jolmete, 1969/71), do BCAÇ 2884 (Pelundo, 1969/71). Morreu no chão manjaco, juntamente com os majores Passos Ramos, Magalhães Osório e Pereira da Silva, e mais três 'nativos' (um intérprete e dois condutores) (**).
(...) "Tomou parte em várias acções do mais alto interesse para o teatro de operações, numa actividade exaustiva e prolongada, arriscando-se serena e corajosamente em missões de reconhecimento e contacto, frequentemente de noite e sem protecção, contribuindo para o desiquilíbrio psicológico altamente favorável à causa nacional, tornando-se objectivo de primordial importância para o inimigo, que, em reacçáo desesperada, o imolou quando cumpria uma nobre missão em prol da paz" (...)
Antes de ter passado a exercer funções de adjunto do oficial de informações do CAOP1, o malogrado Joaquim J. Palmeiro Mosca tinha sido comandante do Pel Caç Nat 59. Cortesia de Manuel Resende novo membro da nossa Tabanca Grande.
Foto e documento: © Manuel Resende (2009). Direitos reservados
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Notas de L.G.:
(*) Vd. último poste desta séreoe > 15 de Julho de 2008 > Guiné 63/74 - P3061: Louvores e punições (5): António Pinto (Pirada, Madina do Boé e Beli, 1963/65)
(**) Vd. poste de 20 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4223: Efemérides (20): Faz hoje 39 anos que foram mortos os 3 majores e o Alf Mosca no chão manjaco (Manuel Resende)
Guiné 63/74 - P4227: O meu Furriel parece um passador (Santos Oliveira)
“O MEU FURRIEL PARECE UM PASSADOR!”
Foi Publicada, a 15DEZ2007, Post 2352 (1) esta descrição: “A 16 de Novembro de 1964, avistei dois charutos estampados no escuro do céu, de forma difusa, que aparentavam dois cigarros acesos atirados ao ar, desde o fundo do aquartelamento. A recriação, mais ou menos fiel dos Fortes de defesa contra os Índios, em que a paliçada era construída de troncos de Palmeira, que, como se sabe, são moles e duram cerca de três meses; aquelas tinham mais que isso. Portanto, eram apenas uma defesa psicológica.
Acordei. A Rádio Portugal Livre (a) havia sido extremamente suave e comedida no seu estilo linguístico.
-Fogo! Rápido!”
Considerando que, em média o tempo de percurso da saída do Morteiro, até o atingir o objectivo, naquelas circunstâncias, seriam uns escassos 36 segundos, corri até aos dois Postos de Sentinela, do lado da Mata, e onde se situavam duas das três “Bredas” a fim de dar o alarme; como era consabido, as Armas Ligeiras do IN, só se iniciavam simultaneamente com os rebentamentos das Granadas de Morteiro. Na altura, nem pensei se iria, ou não, dar tempo.
Duma coisa estava seguro: quando aquelas granadas rebentassem, o IN já não teria mais tempo para apontar os seus Morteiros, já que, quando tal aconteceu, já estavam a caminho, em objectivos diferentes, umas 9 a 12 Granadas dos nossos Morteiros.
Na verdade, nunca comentei e nunca o neguei a quem afirma terem caído duas Granadas dentro do Quartel (apenas omiti) aquelas traziam a direcção correcta e na verdade, caíram cerca de um terço do espaço da Parada (Parada?). Desconheço se traziam o destino do Gerador, que era uma peça visível desde a Mata e que estava um tanto ao lado dos locais de impacto…
Eu fui apanhado, em plena correria de regresso ao meu Posto, fui projectado para trás, uns bons dez metros. Meio atordoado levantei-me e não senti nada de especial a não ser o característico zumbido nos ouvidos, provocado pela proximidade do rebentamento.
Naquela escuridão e debaixo da chuvinha molha tolos, tudo continuou conforme já foi descrito no Post.
Entretanto, por rotina, após cada ataque, como muito bem refere o Camarada Carvalho no seu Comentário ao Post 3544 (2) e que foi, posteriormente, destacado no Post 3566 (3).
“…Este era o furriel que depois de cada ataque vinha saber de posto em posto, como estávamos e dizia-nos que já tinha terminado tudo, que esta já se tinha passado e outras coisas. Tinha sempre uma palavra que nunca ouvimos dos nossos alferes ou furriéis.”
Eu segui os Caminhos habituais de "revista às Tropas”. De lanterna na mão (a tradicional garrafa de cerveja com petróleo e uma mecha a arder) fiz a pergunta sacramental:
-Por aqui, está tudo bem?
Por resposta, um ar de perplexidade e espanto e o dedo do meu interlocutor apontado para mim com uma expressão que não mais esquecerei:
- O meu Furriel parece um passador!
Olhei-me, passou-me o filme da Granada a rebentar na minha frente e aí, sim, senti a DOR dos estilhaços e a RAIVA de nem sequer haver sentido nada naquelas longas duas horas e meia.
Acho que o Ten Médico Rogério (CCaç 557) demorou mais umas quantas horas a retirar os múltiplos estilhaços da minha carne cauterizada e com pouco derramamento de sangue.
Ficou estabelecido, por minha vontade, que não seria registado Ferido em Combate e assim se fez. Das Cicatrizes, ficou a cicatriz moral, outra do corte (5cm) provocado por estilhaço de dimensões razoáveis e que se ficou pelo fémur (foto actual) e o corte do tendão que me impossibilita o movimento da falangeta no dedo mínimo da mão direita. Das restantes, talvez existam alguns fragmentos no meu corpo, mas que não se têm manifestado muito incómodos pelo que não lhes dou outra importância.
Para mim, na altura, a decisão que tomei, teve duas vertentes deveras importantes:
1.º - Providenciar por manter o desconhecimento, por parte do IN do acertar dos tiros efectuados (hipótese remota, mas, temporalmente provável), logo
2.º - Se transpirasse a notícia de ferido, iria dar no mesmo ponto de acerto do Tiro de Morteiros em acções futuras.
Este, o outro testemunho que faltava acrescentar àquele relato e que muitos Camaradas reclamavam fosse divulgado.
Apenas uma nota final: o EP do PAIGC estava em Formação e as Armas Pesadas no seu todo, já tinham como Instrutores/Combatentes os Militares Cubanos. Uma fuga de informação, nesta circunstância, teria sido fatal para as NT.
Como referi no Post, estas são apenas amostras com as consequências de se ser Bando, por Ordem Expressa de SEXA o CEM e GOVERNADOR, Brigadeiro Arnaldo Schults, que superiormente (por Ordem Directa, pessoal e verbal) determinou tal procedimento.
Abraço a todos, do
Santos Oliveira
Cicatriz do estilhaço no Joelho
Cicatriz do estilhaço no Joelho
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Notas de CV:
(1) 15 de Dezembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2352: Ilha do Como: os bravos de um Pelotão de Morteiros, o 912, que nunca existiu... (Santos Oliveira)
(2) 30 de Novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3544: O segredo de... (2): Santos Oliveira: Encontros imediatos de III grau com o IN
(3) 5 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3566: Blogoterapia (80): Um elogio vindo da Bélgica (Soldado Carvalho / Santos Oliveira)
Guiné 63/74 - P4226: FAP (25): Encontros quase imediatos ou como a pista de Cacine se tornou curta (Miguel Pessoa)
Carlos
Sem pressa de o ver publicado, para descanso dos leitores, aqui vai mais um texto relativo a um episódio passado na Guiné com este aviador.
Li uma vez no blogue que temos a tendência para facilmente expor as nossas fraquezas e falhas, em contraste com os nossos antigos oponentes, que referem mais os aspectos positivos das suas acções, às vezes exagerando-os, até.
É capaz de ser verdade, mas a experiência diz-me que podemos aprender menos com a História dos grandes feitos do que com a descrição dos nossos erros ou insucessos e os ensinamentos que daí podemos tirar. É que são estes que nos levam normalmente - assim o queiramos - a procurar fazer melhor na próxima vez que tentarmos.
Um abraço.
Miguel
ENCONTROS QUASE IMEDIATOS
A esquadra 121 da BA 12 operou nos últimos anos do conflito na Guiné três tipos de aeronaves. A actividade de voo prevista para cada piloto da Esquadra apontava para a necessidade de todos saberem voar mais que um tipo de avião, de maneira a rentabilizarem ao máximo a sua disponibilidade para voo.
Ao chegarem à Base, os pilotos vinham qualificados pelo menos num de dois tipos de avião ali existentes - T-6 ou Fiat G-91. O DO-27, o terceiro avião do plantel, sendo um avião relativamente fácil de voar, deveria ser operado por todos os pilotos da Esquadra, motivo porque uma das primeiras tarefas que nos davam era a qualificação neste tipo de avião. Isso era feito utilizando os pilotos mais batidos para instruírem os novatos (vulgo piras) na arte de dominar aquela cavalgadura.
Por norma a única experiência dos pilotos dos Fiat G-91 com aviões convencionais (os que têm aquele pauzinho à frente...) tinha sido no início, na instrução elementar de pilotagem, onde tinham voado o pequeno Chipmunk (bilugar monomotor de asa baixa), passando depois para os jactos, numa sequência lógica que os fazia passar por qualificações sucessivas no T-37, T-33 e F-86, culminando numa adaptação ad-hoc ao Fiat G-91 - no meu caso pessoal 25 horas voadas na Base Aérea 5 (Monte Real) - antes de embarcar para o fim do mundo.
Pessoalmente não senti dificuldades significativas nessa adaptação ao DO-27, dado que, ainda antes de ser brevetado na Força Aérea, já tinha obtido o meu brevet civil no Aero-Clube de Portugal, onde voei essencialmente o Auster, um avião ligeiro de asa alta. Este avião tinha em comum com o DO-27 uma característica que não era muito habitual noutros aviões militares. Sucedia que o piloto, voando do lado esquerdo e tendo a manete do motor a meio do tablier, tinha que usar a mão esquerda para controlar os comandos do avião, o oposto daquilo a que ele estava habituado. Essencialmente o que se verificava era uma menor sensibilidade na execução das manobras, principalmente na fase de descolagem e aterragem (particularmente nesta última). Mas não era nada que não se ultrapassasse com algumas horas de voo no avião. No meu caso nem senti esse problema, pois estava habituado a pilotar de modo igual com qualquer das mãos (mas provavelmente pouco com a cabeça, como se poderá ver mais à frente...).
Tive a sorte de me calhar um instrutor de primeira, o Comandante do GO1201, Ten Cor Brito, o qual me ensinou em rápidas e elucidativas demonstrações como poderia dominar o avião sem danos significativos no mesmo... E a partir daí fiquei apto a desempenhar todo o tipo de missões no DO-27.
Estarão a perguntar-se para que serviu toda esta conversa até agora. Dois motivos me orientaram: Primeiro, a história que tenho para contar resume-se em poucas palavras e assim o texto fica mais composto com esta introdução; segundo, sempre é uma oportunidade de os leigos lerem alguma coisa sobre a Força Aérea e perceberem que isto de trabalhar sentado não é necessariamente coisa fácil...
Entramos finalmente na história que estou há mais de quanto tempo para contar. Expliquei que me sentia à vontade a voar o avião; mas sei hoje, pela minha experiência, que quanto mais à vontade, maior a tendência para a asneira, por sobrevalorizarmos as nossas competências e ultrapassarmos os limites do razoável.
Tem isto a ver com a missão que me levou num DO-27 até à pista de Cacine, isto já no tempo do míssil Strela, o que me obrigou a fazer o percurso até lá a baixa altitude. Mandavam as regras que nesses casos, quando se chegasse ao destino se fizesse uma volta em espiral a subir de modo a posicionar o avião apontado à pista, tentando pôr-se o estojo no chão o mais depressa possível, para evitar ser alvejado.
Assim fiz, mas a volta que executei deixou-me um bocado mais alto do que devia em relação ao início da pista. Prossegui aumentando a razão de descida, o que fez aumentar a velocidade do avião, mesmo com o motor reduzido (i.e., na rotação mínima) - isso tem como consequência natural aumentar também a distância percorrida na aterragem até conseguir imobilizar o avião (a que chamamos "corrida de aterragem").
Até aqui, mal nenhum, porque qualquer aviador esperto sabe que pode tentar uma segunda vez: mete motor, volta a subir e dá a volta (procedimento a que chamamos "borregar") e faz uma nova aproximação à pista, de preferência melhor que a primeira...
Entram então aqui os factores envolventes que por vezes condicionam o discernimento do aviador e o levam a pensar com os pés, conduzindo-o ao desastre. Neste caso, poder-se-iam considerar três: primeiro, o facto de, voltando a subir, ir expor o avião a qualquer atirador entretanto alertado pelo barulho da aproximação inicial; segundo, o facto de no fundo da pista estar estacionado um outro DO-27 que tinha transportado o Gen Spínola até ali, com o piloto descontraidamente encostado ao avião enquanto aguardava o seu regresso do quartel - ninguém gosta de fazer figuras tristes à frente dos seus...; terceiro e último, a presença na pista de um bom número de militares que esperavam igualmente o regresso do Gen Spínola - e o que é um facto é que ninguém gosta de fazer figuras tristes à frente de quem quer que seja...
Assim, por uma questão de brio (neste caso, mais propriamente falta de humildade) resolvi prosseguir para a aterragem. Como era de calcular, aquele excesso de velocidade levou-me a tocar o solo bastante mais à frente do que o habitual, o que me levou a calcar desesperadamente os travões, tentando reduzir rapidamente a velocidade do avião. O facto é que começava a aproximar-me rapidamente do fim da pista... e também do DO que lá estava estacionado, bem no sítio para onde o meu avião apontava.
Tudo indicava que, embora já com velocidade reduzida, não conseguiria parar completamente o avião até chegar lá, pelo que decidi provocar o que se costuma chamar um "cavalo de pau", alterando rapidamente a direcção em que o avião avançava, fazendo um pião em que o avião rodasse 180º, ficando aquele virado em sentido contrário. E assim foi - muito resumidamente, que não gosto de me lembrar disto - travagem forte no pedal direito, fazendo o avião iniciar uma rotação brusca para esse lado, logo seguida de uma travagem brutal com o travão esquerdo, obrigando o avião a rodar para a esquerda; finalmente, quando o avião estava quase a completar os 180º de rotação, uma travadela final com o travão direito para parar a rotação (e para acabar com o resto dos travões...). A verdade é que o avião acabou parado, de costas para o outro DO e a poucos metros dele... um bambúrrio de sorte que eu dificilmente poderia voltar a ter.
O pessoal de Cacine pareceu-me ter ficado impressionado com a demonstração de performance cá do aviador, mas o olhar que o outro piloto me deitou esclareceu-me perfeitamente quanto ao risco parvo que tinha corrido; e nem quero pensar no que teria sido o meu futuro como piloto se o Gen Spínola, no seu regresso, tivesse deparado com os dois aviões enfeixados...
Miguel Pessoa
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Nota de CV:
Vd. último poste da série de > 19 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4217: FAP (24): Afinal quem foi o camarada artilheiro do PAIGC que me 'strelou' em 25 de Março de 1973 ? Caba Fati ? (Miguel Pessoa)
Guiné 63/74 - P4225: Estórias avulsas (9): Periquitos empoleirados numa GMC (Fernando Oliveira)
A minha tropa [1]
Guiné -> Out.68 a Dez.70 -> 26 meses [1]
Há cerca de três meses, vi na televisão parte de uma reportagem desenrolada em Guidage, no norte da Guiné, a respeito da identificação, para posterior trasladação, dos restos mortais de soldados que no início dos anos 70, devido a situações dramáticas vividas lá na altura da guerra colonial, tiveram de ser sepultados naquela zona [procedimento ao arrepio do que era normal, ou seja, o envio dos corpos para a metrópole e a sua entrega aos familiares].
Lembrei-me, então, que estive na Guiné durante 26 meses da minha tropa, e que dois ou três deles foram passados naquela povoação. Recordei também algumas das peripécias que lá vivi ou presenciei. E recordei ainda a boa sorte que me acompanhou durante todo aquele tempo.
Cheguei a Bissau em finais de Outubro/68, após uma viagem de uma semana a bordo do "Uíge". Na época, este navio de passageiros estava requisitado para o transporte de tropas destinadas ao Ultramar e, por isso, seguiam a bordo mais de dois mil militares. E, destes, a grande maioria era constituída por soldados rasos que viajaram nos porões em péssimas condições.
N/M Uíge (1954/1974) pertencente à Companhia Colonial de Navegação.
Com a devida vénia a http://navios.no.sapo.pt/
O meu grupo viajou em camarotes e era constituído por vinte e poucos furrieis milicianos das Informações, especialidade que tínhamos tirado juntos em Tavira no fim do ano anterior. Fomos todos mobilizados em rendição individual para a Guiné [numa altura em que já estávamos esperançados de não ir para o Ultramar, visto que um mês depois outra fornada de milicianos terminaria a especialidade].
Como aquele navio era de grande calado, teve de ficar ao largo do porto de Bissau. O transporte das tropas para o cais foi feito em barcaças. A meio da tarde, o meu grupo chegou ao cais, todos vestidos com fardas de camuflado, novas a estrear, compradas umas semanas antes no Casão Militar. [E, por causa dessas fardas novas, os militares chegados pela primeira vez à Guiné eram apelidados de periquitos].
Fomos, então, os vinte e tal, distribuídos por viaturas Unimog e GMC [viaturas militares de caixa aberta e banco corrido ao centro] a caminho do Quartel General. A mim e a mais cinco, calhou o transporte numa velhinha GMC. A meio do trajecto, a nossa viatura avariou e... nem para a frente, nem para trás. O soldado que a conduzia apanhou uma boleia e foi ao QG arranjar outro meio de transporte, enquanto nós, os seis periquitos, ficámos à espera, sentados no banco central da gê-éme-cê.
Entretanto, o tempo ia passando e... nada! O transporte alternativo tardava. E o tempo continuava a passar. Eram mais ou menos seis da tarde e... de repente, anoiteceu! E nós, os periquitos, acabados de chegar a Bissau, sentados na GMC, às escuras numa estrada sem luz, estávamos ali todos cagadinhos de medo. Olhávamos em redor e apenas conseguíamos vislumbrar vultos a passar a pé ao lado da viatura. Seriam turras?... [designação dada aos combatentes das forças de libertação que o regime salazarista chamavava de terroristas].
Após duas horas e tal de espera, finalmente chegou o condutor com outra viatura. E, já noite feita, lá nos conduziu ao QG.
Mas, daqueles caguefes e de algumas cuecas borradas, já ninguém nos livrou!
Fernando Oliveira
ex-Fur Mil Rec Inf
Guiné 1968/70
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Nota de CV:
(*) Vd. poste de 19 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4214: Tabanca Grande (135): Fernando Oliveira, ex-Fur Mil Rec Inf (Guiné, 1968/70)
Vd. último poste da série de > 18 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4206: Estórias avulsas (29): Fur Mil Aguinaldo Pinheiro, o morto-vivo do BART 1913 (Jorge Teixeira)
Guiné 63/74 - P4224: Convívios (116): Pessoal das CCAV 677 e 678, no dia 21 de Junho em Fátima (Santos Oliveira/Rodrigues)
Vinhal
O nosso querido Furriel Rodrigues, fez-me chegar este Mail, com o apelo de entreajuda e divulgação.
De acordo com as disponibilidades e na oportunidade...
Cá vou "esperando" a dispensa médica para voltar a ver as novidades do Blogue (que já não o serão, pelo menos desde o dia 30 do mês passado) .
Ontem, pelas circunstâncias que conheces, acabou, no final do dia, por ser difícil para mim.
Ainda não estou estabilizado, mas estou com boas esperanças.
... Mas correu tudo muito bem. Só não houve outro alguém que "botasse" faladura. Eu, nesse momento, estava meio bloqueado pela emoção, pelo que nem me atrevi a tal.
Os Camaradas tiraram fotos pelo que vais acabar por ver e saber como tudo se processou.
Abraços, do
Santos Oliveira
2. Mensagem do ex-Fur Mil Rodrigues para Santos Oliveira
Bom dia.
Meu caro Santos Oliveira.
Votos de boa saude.
Embora de relance, tenho visto algo do que tens escrito no blogue.
Tenho imensa pena que, neste momento, não tenha disponibilidade de tempo para poder participar com alguns testemunhos e vivencias.
Ficará para quando me aposentar... porque reformado sou há 7 anos.
Porque vamos ter o nosso encontro no dia 21 de Junho em Fátima, lembrei-me de te pedir se pode ser inserido, como noticia, a carta que segue como anexo, e se podem fazer divulgação. pode ser que apareça sempre algum que veja o blogue. Teremos gospo em receber toda a "malta que nos conheceu em Tite, S. João ou Fulacunda.
Sei que não é possivel, mas precisava de quem me ajudasse a abrir e ver 350 mails que tenho por abrir!...
Um forte abraço do amigo
Rodrigues
Encontro de 2009, das CCav 677 e 678, dia 21 de Junho em Fátima (*)
António Correia Rodrigues
tonicrodrigues@sapo.pt
Avenida Padre Júlio Fragata, 104
4710-413 BRAGA
Braga, 10 de Abril de 2009
Meu caro amigo e camarada das lides da Guiné.
Um forte abraço extensivo a todos os que te são queridos.
Apesar de termos marcado inicialmente o encontro para o dia 7 de Junho, andamos largos dias a tentar informações que poderíamos realizar o mesmo nesse dia. Começamos por ter indícios que nesse dia seriam realizadas as eleições para o Parlamento Europeu, noticia daqui noticia dali, e veio a confirmar-se aquilo que menos desejávamos. As eleições para o Parlamento Europeu, são mesmo a 7 de Junho.
Não fora saber que muitos dos nossos camaradas estão nesse dia, tal como eu, empenhados nas eleições quer como autarcas, quer como elementos das assembleias de voto, e talvez mantivéssemos a data. No entanto, pretendendo que estejam presentes o maior número de elementos da CCav 677/8 alteramos a data para o dia 21 de Junho em Fátima conforme previsto.
Embora fruto do acaso, ou talvez não, recentemente reparamos que neste ano de 2009, mais precisamente a 13 de Maio, faz 45 anos que chegamos à Guiné, e sem nos termos apercebido da coincidência, escolhemos Fátima para o nosso 17.º Encontro.
O Encontro começa com agrupamento, cerca das 10H45, ao fundo do recinto, junto da estátua do Papa João Paulo II.
Daí seguiremos para a participação na Eucaristia das 11 horas, em cuja celebração será referida a nossa presença.
Para os retardatários, haverá novo reagrupamento no final da Eucaristia e no mesmo sítio.
Partiremos para o restaurante D. Nuno Álvares Pereira
Estrada Minde 326
2495-300 FÁTIMA
Tel.: 249 539 041 que fica na estrada para Minde, a cerca de 6 km.
O valor estabelecido é de 25,00€ e comporta já um pequeno contributo para as despesas de organização.
A confirmação para este almoço deverá ser feita até ao dia 10 de Junho para qualquer dos contactos indicados nesta carta.
Porque foi uma boa experiência, quando fomos para Évora de autocarro, também, todos os do Norte, poderão beneficiar desta possibilidade que se traduz em mais economia, maior conforto e mais convívio.
O preço e locais de entrada serão indicados quando fizerem marcação. Terá a sua partida de Braga às 6,45 horas, passará pelo Porto para recolher quem lá pretender entrar, às 7H30.
Deves manifestar desejo de ir no autocarro o mais breve possível, para que possamos saber com o que contar.
Tal como no anterior encontro, não será ofertada qualquer lembrança, as coisas estão negras… Vamos fazer troca de prendas e como sempre, só tem prenda quem trouxer para trocar. O valor não deverá exceder os 2,50€.
Este convite é extensivo a todos os Camaradas da Companhia de Cavalaria 678, nossos convidados em encontros anteriores. Bem-vindos.
Contactos:
Rodrigues
Mail – tonicrodrigues@sapo.pt
Telemóvel 919 717 832
Trabalho 253 262 824
Telefones fixos:
Casa depois das 20 horas: 253 693 615
Manuel Fernandes (2001)
Telemóvel 917 634 474
Telefone casa 253 577 883
Restaurante D. Nuno
Telefone 249 539 040
MAPA DE LOCALIZAÇÃO
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Notas de CV:
(*) Vd. postes de:
1 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3551: Brasões, Guiões ou Crachás (4): CCAÇ 728; CCAÇ 2617; CCAÇ 3566; PEL CAÇ NAT 63; CCAV 677 e CCAÇ 2402 (José Martins)
25 de Novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3516: Em busca de... (54): Companheiros da CCAV 677/BCAÇ 599 (Resultados) (Santos Oliveira)
e
23 de Novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3504: Em busca de... (53): Companheiros da CCAV 677/BCAÇ 599, Guiné, 1964/66 (José Matos)
Vd. último poste da série de 20 de Abril de 200): Guiné 63/74 - P4219: Convívios (113): Pessoal da CCAÇ 3491, no dia 16 de Maio, em São Martinho de Antas, Sabrosa, Vila Real (Luís Dias)
segunda-feira, 20 de abril de 2009
Guiné 63/74 - P4223: Efemérides (20): Faz hoje 39 anos que foram mortos os 3 majores e o Alf Mosca no chão manjaco (Manuel Resende)
Passam hoje 39 anos sobre sobre a tragédia do chão manjaco. Curvamo-nos à sua memória dos nossos camaradas (Maj CEM Raul Ernesto Mesquita Costa Passos Ramos, Maj Art Joaquim Pereira da Silva, de Inf Alberto Fernão Magalhães Osório, e Alf Mil Cav Joaquim João Palmeiro Mosca) e à memória dos guineenses que os acompanhavam (Mamadu Lamine Djuare, Patrão da Costa e Aliu Sissé).
Segundo a legenda (rectificativa) que nos mandou o Manuel Resende (que mora em São Domigos de Rana), "ao meio é 2º Sargento da Companhia, (não me lembro o nome); ao fundo é o Alf Marques Pereira". A crescenta ainda que a companhia dele, a CCaç 2585 partiu para a Guiné, no T/T Nassa, em 7 de Maio de 1969, portanto duas semanas antes da CCaç 2590, independente (futura CCaç 12) a que pertenci eu e o Humberto Reis, o cartógrafo-mor... (LG)
1. Mensagem do Manuel Resende, ex-Alf Mil da CCaç 2585, BCaç 2884, que esteve em Jolmete, Pelundo, Teixeira Pinto, chão manjaco (1969/71):
O Manuel Resende já se apresentou há tempos à nossa Tabanca Grande (**). Hoje envia-nos as fotos da praxe e um pequeno apontamento sobre a morte dos MAJORES no Chão Manjaco, faz hoje precisamente 39 anos.
Caro Luís:
Sou o Manuel Resende, ex-Alf da CCaç 2585 de Jolmete. Lá era o Alf Ferreira. Junto envio as duas fotos da praxe e um pequeno apontamento sobre a morte dos três MAJORES. É o meu contributo para um futuro esclarecimento total desta situação.
Alguém questionava, num dos artigos que li no Blogue sobre o local exacto onde os Majores foram assassinados. Pois o local exacto já foi devidamente explicado, até com fotos do Google Earth. Está correcto. Foi junto à segunda bolanha a contar de Jolmete-Pelundo (cerca de 5 Km de Jolmete).
Mas surge outro problema: porquê ali e não no local previamente combinado entre eles, junto à terceira bolanha (no mesmo sentido, ou primeira a contar do Pelundo-Jolmete também a cerca de 5 Km do Pelundo)?
Devido à demora nos resultados da reunião, ao anoitecer foi-nos dito pelo Comandante da Companhia o que se estava a passar, e que tinha sido decidido sair tropa de Jolmete em direcção ao Pelundo e do Pelundo em direcção a Jolmete, até se encontrarem. O resto já todos sabem.
Acrescento só que eu também ouvi alguns tiros, penso que três, longínquos, cerca das três ou quatro horas da tarde. Em tempo de defeso ouvir tiros no mato,... foi muito esquosito e comentado, mas como só o Capitão sabia o que se estava a passar, a coisa ficou assim.
Acredito mas não compreendo como os mártires foram esquartejados por rajadas de metralhadora, sem que nós tivéssemos ouvido. É mais fácil ouvir uma rajada do que um tiro avulso. A ideia com que fiquei na altura é que foram todos assassinados com um tiro na nuca. Por quem? ... Esse é outro problema.
Não quero contradizer ninguém, mas no Domingo, véspera do fatídico dia 20 de Abril de 1970, ao jantar, o Major Pereira da Silva recebeu um telefonema dizendo que um tal "Luís" iria estar presente na reunião. Segundo testenunhas o Major ficou petrificado, depois desse telefonema. Foi ele que não autorizou a ida do comandante do CAOP, Coronel Alcino, e outras pessoas que estavam previstas ir, pois parece que já adivinhava o que se ia passar. Daí também ele ter escrito a carta à esposa antes de sair. Estavam previstos três jipes e só saíram dois.
Caro Luís, em 1980 fui à Guiné em serviço da empresa onde trabalhava. Estive a falar com um Tenente do PAIGC, que me foi apresentado. Éramos vizinhos em Jolmete, pois ele lembrava-se bem da Companhia 2585. Depois de alguma conversa concluímos que estivemos várias vezes em confronto. Disse ele:
-Os Portugueses eram muito ingénuos, pensavam que nós nos íamos entregar ...
Nota: Podes corrigir ou cortar texto se for necessário para melhor enquadramento.
Eu tenho cerca de 200 fotos, muitas sem interesse, mas irei enviar algumas. Hoje vou mandar três, sendo uma com três Alferes da Companhia (eu estou no meio), outra com o Alf Mosca na véspera de Natal de 1969 a preparar um petisco na cozinha (3 meses e meio antes de ele morrer), e uma do Dandi, Cap de Milícia, para preparar o próximo apontamento.
No comentário anterior que fiz, ao dizer o nome dos Alf da Companhia, por lapso, não disse Raul antes de Manuel Charraz Godinho (*). Aqui fica a rectificação: Raul Manuel Charraz Godinho.
Um abraço e até outro dia.
Manuel Resende
Guiné > Região do Oio > Jolmete > CCAÇ 2585 (1969/71) > O Capitão de Milícia, Dandi.
Guiné > Região do Oio > Jolmete > CCAÇ 2585 (1969/71) > 3 alferes da companhia, o Manuel Resende, mais conhecido pelo último apelido, Alf Ferreira, é o do meio.
Fotos: Manuel Resende (2009). Direitos reservados
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Notas de L.G.:
(*) Vd. os últimos postes sobre o massacre do chão manjaco:
1 de Dezembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2320: Relatórios Secretos (1): Massacre do Chão Manjaco: O resgate dos corpos (Virgínio Briote)
27 de Julho de 2007 > Guiné 63/74 - P2004: Dossiê O Massacre do Chão Manjaco (Afonso M.F. Sousa) (Anexo A): Depoimento de Fur Mil Lino, CCAÇ 2585 (Jolmete, 1970)
(**) Vd. poste de 26 de Março de 2009 > Guiné 63/74 - P4080: Tabanca Grande (127): Manuel Resende, ex-Alf Mil, CCAÇ 2585 (Jolmete, 1969/71): como o mundo é pequeno e o nosso blogue é grande
Guiné 63/74 - P4222: Agenda Cultural (7): Os Traumas da Guerra Colonial, Museu de Arte Sacra e Etnologia, Fátima, 24/4/09 (J. Mexia Alves)
Meus caros camarigos
Para conhecimento da Tabanca, se assim acharem de bem.
Abraço camarigo do
Joaquim Mexia Alves
2. De: Museu de Arte Sacra e Etnologia
Data: 20/04/2009
Exmos(as). Senhores(as),
“Os Traumas da Guerra Colonial” é o tema da próxima tertúlia no Museu a realizar-se no próximo dia 24 de Abril, sexta-feira, pelas 21h00, no MASE -Museu de Arte Sacra e Etnologia, em Fátima.
Foram convidados especiais para esta tertúlia o médico psiquiatra Afonso de Albuquerque e o Armindo Roque da Associação APOIAR.
Esta tertúlia irá ter também a participação de quatro alunos do Centro de Estudos de Fátima que elaboraram o projecto ”Heróis esquecidos”.
“Tertúlias no Museu” resulta de uma parceria entre o Museu de Arte Sacra e Etnologia dos Missionários da Consolata e a Junta de Freguesia de Fátima, visando desenvolver mecanismos culturais para a comunidade local. A entrada é livre.
Sexta-feira dia 24 de Abril – 21h00
Museu de Arte Sacra e Etnologia
Instituto Missionário da Consolata
Rua Francisco Marto, 52 Apt. 5
2496-908 – FÁTIMA
Tel 249 539 470
Fax 249 539 479
E-mail: museuartesacra@consolata.pt
Blog: Museu de Arte Sacra e Etnologia
Sítio Instituto Missionário da Consolaado IMC: /
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Nota de CV:
Vd. último poste de 15 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4191: Agenda Cultural (7): 2º Ciclo de Conferências 'Memórias Literárias da Guerra Colonial', Espaço Grandella, Lisboa (José Martins)