15 de Setembro é dia de aniversário do meu particular amigo e camarada da Guiné Manuel José Ribeiro Agostinho (*), ex-Soldado Radiotelefonista, Condutor Auto e Escriturário, QG/Bissau, 1968/70.
Ribeiro Agostinho, além de ser um conceituado empresário é um activista de tudo o que se relacione com os ex-combatentes da Guiné no Concelho de Matosinhos, particularmente da freguesia de Leça da Palmeira. A ele se devem iniciativas como um pequeno Memorial aos combatentes mortos na Guerra do Ultramar existente no Cemitério n.º 1 de Leça da Palmeira e os Convívios anuais dos ex-combatentes da Guiné do nosso Concelho. Ainda encabeça um pequeno grupo de pressão, junto do actual Presidente da Câmara, no sentido de se erguer algo que lembre o esforço da juventude do Concelho de Matosinhos na Guerra Colonial.
Não só pela nossa amizade, mas principalmente pela sua dedicação às diversas iniciativas que encabeça, venho desejar ao Ribeiro Agostinho um dia de aniversário muito feliz, junto da sua esposa Elisabete, das suas encantadoras filhas e netinhas, assim como dos restantes familiares e amigos.
Ribeiro Agostinho está no nosso Blogue desde o dia 25 de Março deste ano. Dizia-nos ele então:
Meus caros amigos Luís Graça, Virgínio Briote e Carlos Vinhal:
Começo por os saudar e dar os parabéns pelo vosso trabalho que é merecedor dum grande aplauso. Saúdo também toda a enorme tabanca que faz parte deste BLOGUE, a que aderi como visitante quase diário, desde que tomei conhecimento dele num Convívio de Ex-combatentes da Guiné em Esmoriz, já lá vão cerca de 3 anos. Não tenho participado por ter uma vida muito activa, mas como o tema (*) era convidativo, aqui estou... mas vou começar pelo princípio.
Agora há que fazer as apresentações da praxe, então aí vai:
MANUEL JOSÉ RIBEIRO AGOSTINHO, ex-Soldado de Infantaria com a Especialidade de Radiotelefonista/Condutor Auto, (Escriturário).
No CTI da GUINÉ estive sempre em BISSAU, mas lá iremos mais tarde.
Sou natural de LEÇA DA PALMEIRA, terra onde resido. Sou casado com a ELISABETE, temos duas filhas e duas netinhas.
Junto as minhas fotos como ditam as regras.
Sobre a minha mobilização para a GUINÉ, começo por fazer uma introdução, o início da incorporação que me levou a tirar a recruta em Espinho (GACA-3), sendo de seguida recambiado para Lisboa (BC-5) para tirar a especialidade de Radiotelefonista, para vir depois novamente para o Porto (CICA-1) tirar a carta de condução de Ligeiros, para depois ainda no Porto seguir para o (RC-6) tirar a carta de Pesados. Depois destas especialidades todas, voltei a Lisboa ao BC-5.
Voltei a ser colocado no Porto no (RI-6), onde começou a etapa da minha vida militar que teve reflexos futuros.
[...]
Deixo algumas fotos de cerimónias onde Ribeiro Agostinho esteve presente.
I Convívio de ex-combatentes da Guiné de Matosinhos, 03MAR07 > Ribeiro Agostinho, na foto em segundo plano, mas em primeiro na organização deste Convívio
II Convívio de ex-combatentes da Guiné de Matosinhos, 12ABR08 > Ribeiro Agostinho acompanhado dos seus inseparáveis colaboradores, António Maria (nosso tertuliano) e José Oliveira.
III Convívio de ex-combatentes da Guiné de Matosinhos, 07MAR09 > Ribeiro Agostinho e o senhor General Carlos Azeredo
Leça da Palmeira, 10JUN07 > Ribeiro Agostinho no uso da palavra, no dia em que se descerraram as placas evocativas dos mortos da freguesia na Guerra Colonial, no Cemitério n.º 1, local.
10JUN08 > Ribeiro Agostinho no uso da palavra no dia da romagem ao Cemitério n.º 1 de Leça da Palmeira, lembrando os camaradas mortos na Guerra Colonial
Ortigosa, 20JUN09, IV Encontro Nacional > Ribeiro Agostinho e sua esposa Elisabete estiveram prsentes. À esquerda da foto, José Eduardo (nosso tertuliano) e sua esposa Maria da Conceição, idos também de Leça da Palmeira
Ortigosa, 20JUN09, IV Encontro Nacional > Para provar a sua disponibilidade para ajudar, aqui está Ribeiro Agostinho colaborando com o Mexia Alves na difícil tarefa de conferir os Euros
__________
Notas de CV:
(*) Vd. poste de 29 de Março de 2009 > Guiné 63/74 - P4098: Tabanca Grande (129): Manuel José Ribeiro Agostinho, ex-Sold Radiotelefonista, Condutor Auto e Escriturário, QG/Bissau, 1968/70
Vd. postes de acontecimentos de iniciativa de Ribeiro Agostinho de:
13 de Junho de 2007 > Guiné 63/74 - P1846: 10 de Junho: Cerimónia no Cemitério nº 1 de Leça da Palmeira (Carlos Vinhal)
11 de Junho de 2008 > Guiné 63/74 - P2928: Comemorações do dia 10 de Junho de 2008 (1): Leça da Palmeira, Matosinhos (Carlos Vinhal)
7 de Março de 2007 > Guiné 63/74 - P1570: Almoço-convívio de camaradas de Matosinhos (Albano Costa / Carlos Vinhal)
18 de Abril de 2008 > Guiné 63/74 - P2772: Convívios (54): II Encontro de ex-Combatentes da Guiné do Concelho de Matosinhos, 12 de Abril de 2008 (Carlos Vinhal)
14 de Março de 2009 > Guiné 63/74 - P4030: Convívios (100): III Encontro dos ex-combatentes da Guiné do Concelho de Matosinhos, dia 7 de Março de 2008 (Carlos Vinhal)
Vd. último poste da série de 10 de Setembro de 2009 > Guiné 63/74 - P4928: Parabéns a você (25): Tony Grilo, nosso camarada radicado no Canadá (Editores)
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
terça-feira, 15 de setembro de 2009
segunda-feira, 14 de setembro de 2009
Guiné 63/74 - P4950: (Ex)citações (44): O direito de cada de um de nós fazer as pazes consigo e com os outros (Joaquim Mexia Alves)
1. Mensagem, com data de 1 do corrente, do Joaquim Mexia Alves , ex-Alf Mil da CART 3492 (Xitole / Ponte dos Fulas), Pel Caç Nat 52 (Ponte Rio Udunduma, Mato Cão) e CCAÇ 15 (Mansoa),:
Caros camarigos editores
Não pretendo de forma nenhuma levantar uma polémica! Tenho mais que fazer! Abro na Segunda feira as Termas, finalmente depois das obras e por isso estou muito ocupado.
Deixo-vos no entanto um texto de 'resposta' ao comentário do meu amigo Eduardo Magalhães Ribeiro (*) que, na vossa douta opinião, publicarão ou não conforme entenderem.
Sou um homem de paz de de conciliação e pretendo na minha vida nunca fazer julgamentos de ninguém, embora por vezes falhe nesse meu desejo.
Abraço camarigo do
Joaquim Mexia Alves
Meu caro camarigo Eduardo Magalhães Ribeiro (*)
Li o teu comentário, percebo-o e concordo com ele em parte. Tirando algumas palavras mais duras, julgo que os comentários indignados ao texto em causa, não têm a ver com reacções a quente, mas antes pelo contrário com reacções pensadas.
Pelo menos falo por mim.
Ao ler a primeira vez o texto a minha reacção foi de tentar nem sequer me incomodar com ele! Não me interessava, não queria saber, incomodava-me demais e eu não estava para isso!
Mas à medida que o ia lendo e relendo vinham-me à memória os tempos passados na Guiné, a camaradagem entre todos, esquerda e direita, centro, alto e baixo, defendendo as suas vidas e defendendo as vidas dos que estavam ao seu lado e imaginei o que seria, eu ou outro qualquer, depois de uma emboscada com mortos e feridos, saber que havia um de nós que andava a dar gasóleo ao inimigo para ele se deslocar para o serviço de nos atacar.
Já agora, para acabar com a guerra de vez, era dar ao PAIGC uns mísseis de cruzeiro e uma força aérea potente!
Meu caro camarigo é lógico, (pelo menos da minha parte), que ninguém quer crucificar ninguém, apenas queremos dar vazão à nossa indignação, mas mais do que isso tentar mostrar ao autor da acção que ele está redondamente enganado, e que não contribuiu coisíssima nenhuma para o fim da guerra, mas muito provavelmente para a deslocação de tropas do PAIGC para atacar quartéis e tropas portuguesas.
Como já disse num comentário, não está, digamos assim, tanto em causa a acção, (já passaram trinta e tal anos), mas o tom do relato da mesma.
Parece não haver a consciência de que o acto praticado teve com certeza consequências que, digo eu, felizmente agora não podem ser medidas e repito felizmente, porque se não o trauma seria bem maior.
Mas também entendi sempre que na leitura franca das opiniões dos outros, às vezes difíceis de aceitar, acontecia aquilo que todos ou pelo menos parte de nós desejávamos e que é entendermos melhor o que vivemos e o que fizemos, aceitando os nossos erros e partilhando os nossos êxitos, para assim podermos fazer a paz dentro de nós e a paz com os outros.
Não me admirava que a insistência do Amílcar Ventura em querer contar a sua história seja uma forma de fazer as pazes consigo mesmo e com os outros, (mesmo que no seu subconsciente), para, percebendo o que os outros pensam sobre o que fez, também ele finalmente perceber que afinal a sua acção, que ele pode ter pensado ser boa e meritória, não o foi, e antes pelo contrário foi um acto altamente condenável de consequências imprevisíveis para os seus camaradas de armas.
Resumindo, e sem me armar em melhor do que ninguém, seria importante que ele percebesse isso mesmo, e retratando-se fizesse finalmente as pazes consigo, com os seus camaradas de armas e com o passado que tantas vezes nos persegue.
Por mim, e perante essa assumpção do erro cometido, não tenho problema nenhum em lhe dar um abraço franco e compreensivo.
A ti, meu camarigo do coração e a todos os camarigos abraço com a emoção de sempre.
Joaquim Mexia Alves
2. Resposta (imediata, pessoal e bem-humorada...) do nosso Eduardo MR (que eu tomo a liberdade de publicar aqui, esperando que ele me perdoe o possível abuso, porque nem tudo o que circula pelas ruas e vielas da Tabanca Grande pode e deve aparecer na blogosfera):
Boa tarde Camarada, Amigo e RANGER J.M.A.,
És sempre o mesmo pá, mesmo doendo-te qualquer coisa, devido a ferimento grave estás sempre na linha da frente condescendente e fraterno. É de RANGER!
É claro que aquilo do A.V. foi ALTA traição. Eu só quis abrandar um pouco o fogachal sobre o desgraçado do A.V.
O meu velhote, sargento do exército (já falecido), mal soubesse, lá no mato, que o gajo tinha feito aquilo, primeiro dáva-lhe logo 2 ou 3 tiros e depois arranjava uma explicação.
Eu, na minha qualidade de entregar TUDO ao PAIGC - instalações, veículos, refeitórios, armas e munições excedentes, etc. - nem me sinto no direito de piar... muito menos fuzilar...
Agora se eu tivesse andado por lá aos tiros sujeito a ser abatido, ou a ver os meus camaradas a morrer ao meu lado...
Um abraço Amigo do teu Amigo MR
___________
Nota de L.G.:
(*) Vd. comentário do Eduardo MR, como anónimo, ao poste de 11 de Setembro de 2009 > Guiné 63/74 - P4936: O segredo de... (6): Amílcar Ventura: a bomba de gasóleo do PAIGC em Bajocunda
Caros camarigos editores
Não pretendo de forma nenhuma levantar uma polémica! Tenho mais que fazer! Abro na Segunda feira as Termas, finalmente depois das obras e por isso estou muito ocupado.
Deixo-vos no entanto um texto de 'resposta' ao comentário do meu amigo Eduardo Magalhães Ribeiro (*) que, na vossa douta opinião, publicarão ou não conforme entenderem.
Sou um homem de paz de de conciliação e pretendo na minha vida nunca fazer julgamentos de ninguém, embora por vezes falhe nesse meu desejo.
Abraço camarigo do
Joaquim Mexia Alves
Meu caro camarigo Eduardo Magalhães Ribeiro (*)
Li o teu comentário, percebo-o e concordo com ele em parte. Tirando algumas palavras mais duras, julgo que os comentários indignados ao texto em causa, não têm a ver com reacções a quente, mas antes pelo contrário com reacções pensadas.
Pelo menos falo por mim.
Ao ler a primeira vez o texto a minha reacção foi de tentar nem sequer me incomodar com ele! Não me interessava, não queria saber, incomodava-me demais e eu não estava para isso!
Mas à medida que o ia lendo e relendo vinham-me à memória os tempos passados na Guiné, a camaradagem entre todos, esquerda e direita, centro, alto e baixo, defendendo as suas vidas e defendendo as vidas dos que estavam ao seu lado e imaginei o que seria, eu ou outro qualquer, depois de uma emboscada com mortos e feridos, saber que havia um de nós que andava a dar gasóleo ao inimigo para ele se deslocar para o serviço de nos atacar.
Já agora, para acabar com a guerra de vez, era dar ao PAIGC uns mísseis de cruzeiro e uma força aérea potente!
Meu caro camarigo é lógico, (pelo menos da minha parte), que ninguém quer crucificar ninguém, apenas queremos dar vazão à nossa indignação, mas mais do que isso tentar mostrar ao autor da acção que ele está redondamente enganado, e que não contribuiu coisíssima nenhuma para o fim da guerra, mas muito provavelmente para a deslocação de tropas do PAIGC para atacar quartéis e tropas portuguesas.
Como já disse num comentário, não está, digamos assim, tanto em causa a acção, (já passaram trinta e tal anos), mas o tom do relato da mesma.
Parece não haver a consciência de que o acto praticado teve com certeza consequências que, digo eu, felizmente agora não podem ser medidas e repito felizmente, porque se não o trauma seria bem maior.
Mas também entendi sempre que na leitura franca das opiniões dos outros, às vezes difíceis de aceitar, acontecia aquilo que todos ou pelo menos parte de nós desejávamos e que é entendermos melhor o que vivemos e o que fizemos, aceitando os nossos erros e partilhando os nossos êxitos, para assim podermos fazer a paz dentro de nós e a paz com os outros.
Não me admirava que a insistência do Amílcar Ventura em querer contar a sua história seja uma forma de fazer as pazes consigo mesmo e com os outros, (mesmo que no seu subconsciente), para, percebendo o que os outros pensam sobre o que fez, também ele finalmente perceber que afinal a sua acção, que ele pode ter pensado ser boa e meritória, não o foi, e antes pelo contrário foi um acto altamente condenável de consequências imprevisíveis para os seus camaradas de armas.
Resumindo, e sem me armar em melhor do que ninguém, seria importante que ele percebesse isso mesmo, e retratando-se fizesse finalmente as pazes consigo, com os seus camaradas de armas e com o passado que tantas vezes nos persegue.
Por mim, e perante essa assumpção do erro cometido, não tenho problema nenhum em lhe dar um abraço franco e compreensivo.
A ti, meu camarigo do coração e a todos os camarigos abraço com a emoção de sempre.
Joaquim Mexia Alves
2. Resposta (imediata, pessoal e bem-humorada...) do nosso Eduardo MR (que eu tomo a liberdade de publicar aqui, esperando que ele me perdoe o possível abuso, porque nem tudo o que circula pelas ruas e vielas da Tabanca Grande pode e deve aparecer na blogosfera):
Boa tarde Camarada, Amigo e RANGER J.M.A.,
És sempre o mesmo pá, mesmo doendo-te qualquer coisa, devido a ferimento grave estás sempre na linha da frente condescendente e fraterno. É de RANGER!
É claro que aquilo do A.V. foi ALTA traição. Eu só quis abrandar um pouco o fogachal sobre o desgraçado do A.V.
O meu velhote, sargento do exército (já falecido), mal soubesse, lá no mato, que o gajo tinha feito aquilo, primeiro dáva-lhe logo 2 ou 3 tiros e depois arranjava uma explicação.
Eu, na minha qualidade de entregar TUDO ao PAIGC - instalações, veículos, refeitórios, armas e munições excedentes, etc. - nem me sinto no direito de piar... muito menos fuzilar...
Agora se eu tivesse andado por lá aos tiros sujeito a ser abatido, ou a ver os meus camaradas a morrer ao meu lado...
Um abraço Amigo do teu Amigo MR
___________
Nota de L.G.:
(*) Vd. comentário do Eduardo MR, como anónimo, ao poste de 11 de Setembro de 2009 > Guiné 63/74 - P4936: O segredo de... (6): Amílcar Ventura: a bomba de gasóleo do PAIGC em Bajocunda
Guiné 63/74 - P4949: (Ex)citações (43): O exorcismo dos nossos fantasmas... (António Matos)
1. Comentário do António Matos (ex-Alf Mil Minas e Armadilhas,)CCAÇ 2790, Bula, 1970/72), ao poste de 11 de Setembro de 2009 > Guiné 63/74 - P4936: O segredo de... (6): Amílcar Ventura: a bomba de gasóleo do PAIGC em Bajocunda
Para ser franco, tenho alguma dificuldade em começar este comentário pela catadupa de sentimentos antagónicos que me assaltam o espírito quer pelo delito propriamente dito, quer pelo desassombro do seu autor quer ainda pelas manifestações de repúdio algumas das quais a merecerem os mais vivos reparos por pessoas de bem.
Ainda que desde 1852 (10 de Março) tenha começado a discussão da abolição da pena de morte em Portugal, a verdade é que só em 1976 (!!) a Constituição (nº 2 do artigo 24) estabeleceu objectivamente o seu fim para todos os crimes. Torna-se, portanto, extemporâneo vir agora acicatar os ânimos com alarvidades de pseudo carrascos !
Do ponto de vista filosófico e ético a defesa da pena de morte enferma da irreversibilidade do acto o que, nos tempos modernos não augura nada de bom para os seus defensores tantos são os casos de, ao fim de 20 ou 30 anos de cativeiro, virem a ser considerados inocentes aqueles que tinham sido considerados culpados.
Peço, pois, e com a autoridade que me confere o estatuto de ex-combatente que nunca pactuou com habilidades que pudessem prejudicar a segurança dos que comigo palmilharam a merda daquelas picadas, matas ou bolanhas, que sejamos suficientemente open minded [, abertos de espírito,] de modo a darmos o nosso veredicto depois de muito bem explicada toda a situação envolvente do Ventura.
A ti, Ventura, dirijo-te agora a palavra em discurso directo: acredito que te safaste de uma boa polinheira em não teres sido descoberto naquela altura! Mas também aceito que, por ingenuidade (independentemente das razões pessoais que omites) ou mera estupidez, não tenhas quantificado minimamente as consequências dessa atitude e isso, não te ilibando, servirá de atenuante. Assim tu assumas com humildade essa postura perante eventuais camaradas sacrificados por via dessa tua acção e eu a levarei a crédito da tua inimputabilidade.
O tão apregoado conceito de roubo do gasóleo que o Ventura oferecia ao inimigo não era mais pecaminoso do que o aproveitamento da dispensa dos víveres que era alvo de desvios para fins inconfessáveis da oficialidade gestora das CCS [dos batalhões] ! E ninguém se manifesta ?
Longe de branquear a atitude do Ventura, julgo poder haver espaço para lhe compreender a tentativa de passar incólume no horror da guerra (outros tentavam baldar-se ao mato besuntando as entranhas anais com alho provocando acessos febris imensos !!! ). O cagaço manifestava-se de muitas maneiras e às vezes até provocava fugas para a frente dando origem a falsos heróis que ainda hoje lhes dão referências honoríficas FALSAS !
E tanto que se poderia dizer, a bem e a mal deste tipo de atitudes e de quem as assume...
Finalmente, acho que a actual atitude do Ventura em vir a terreiro exorcisar a sua culpa (é uma conclusão lógica) é um pouco como o Descascar a Cebola do Günter Grass. Também este mereceu a crítica contundente do mundo mas nem por isso o deixámos de admirar.
Talvez valha a pena pensar nisto.
António Matos
[Revisão / fixação de texto / título: L.G.] (*)
__________
Nota de L.G.:
(*) Vd. último poste desta série > 5 de Setembro de 2009 > Guiné 63/74 - P4900: (Ex)citações (41): Resposta ao P4813 (J. Mexia Alves)
Para ser franco, tenho alguma dificuldade em começar este comentário pela catadupa de sentimentos antagónicos que me assaltam o espírito quer pelo delito propriamente dito, quer pelo desassombro do seu autor quer ainda pelas manifestações de repúdio algumas das quais a merecerem os mais vivos reparos por pessoas de bem.
Ainda que desde 1852 (10 de Março) tenha começado a discussão da abolição da pena de morte em Portugal, a verdade é que só em 1976 (!!) a Constituição (nº 2 do artigo 24) estabeleceu objectivamente o seu fim para todos os crimes. Torna-se, portanto, extemporâneo vir agora acicatar os ânimos com alarvidades de pseudo carrascos !
Do ponto de vista filosófico e ético a defesa da pena de morte enferma da irreversibilidade do acto o que, nos tempos modernos não augura nada de bom para os seus defensores tantos são os casos de, ao fim de 20 ou 30 anos de cativeiro, virem a ser considerados inocentes aqueles que tinham sido considerados culpados.
Peço, pois, e com a autoridade que me confere o estatuto de ex-combatente que nunca pactuou com habilidades que pudessem prejudicar a segurança dos que comigo palmilharam a merda daquelas picadas, matas ou bolanhas, que sejamos suficientemente open minded [, abertos de espírito,] de modo a darmos o nosso veredicto depois de muito bem explicada toda a situação envolvente do Ventura.
A ti, Ventura, dirijo-te agora a palavra em discurso directo: acredito que te safaste de uma boa polinheira em não teres sido descoberto naquela altura! Mas também aceito que, por ingenuidade (independentemente das razões pessoais que omites) ou mera estupidez, não tenhas quantificado minimamente as consequências dessa atitude e isso, não te ilibando, servirá de atenuante. Assim tu assumas com humildade essa postura perante eventuais camaradas sacrificados por via dessa tua acção e eu a levarei a crédito da tua inimputabilidade.
O tão apregoado conceito de roubo do gasóleo que o Ventura oferecia ao inimigo não era mais pecaminoso do que o aproveitamento da dispensa dos víveres que era alvo de desvios para fins inconfessáveis da oficialidade gestora das CCS [dos batalhões] ! E ninguém se manifesta ?
Longe de branquear a atitude do Ventura, julgo poder haver espaço para lhe compreender a tentativa de passar incólume no horror da guerra (outros tentavam baldar-se ao mato besuntando as entranhas anais com alho provocando acessos febris imensos !!! ). O cagaço manifestava-se de muitas maneiras e às vezes até provocava fugas para a frente dando origem a falsos heróis que ainda hoje lhes dão referências honoríficas FALSAS !
E tanto que se poderia dizer, a bem e a mal deste tipo de atitudes e de quem as assume...
Finalmente, acho que a actual atitude do Ventura em vir a terreiro exorcisar a sua culpa (é uma conclusão lógica) é um pouco como o Descascar a Cebola do Günter Grass. Também este mereceu a crítica contundente do mundo mas nem por isso o deixámos de admirar.
Talvez valha a pena pensar nisto.
António Matos
[Revisão / fixação de texto / título: L.G.] (*)
__________
Nota de L.G.:
(*) Vd. último poste desta série > 5 de Setembro de 2009 > Guiné 63/74 - P4900: (Ex)citações (41): Resposta ao P4813 (J. Mexia Alves)
Guiné 63/74 - P4948: Estórias do Fernando Chapouto (Fernando Silvério Chapouto) (4): As minhas memórias da Guiné 1965/67 – Sector de Bafatá/Op. AURORA
1. Temos vindo a publicar as memórias do nosso Camarada Fernando Chapouto, ex-Fur Mil Op Esp/RANGER da CCAÇ 1426 (1965/67), Geba, Camamudo, Banjara e Cantacunda. Este é o 4º poste, publicamos a primeira parte no poste P4877, a segunda no P4890 e a terceira no P4924.
AS MINHAS MEMÓRIAS DA GUINÉ 1965/67
A Companhia foi deslocada para o sector de Bafatá em 07OUT65.
Terminado o aperfeiçoamento operacional em Bissau, no princípio de Outubro, parte da companhia foi para Bafatá, tocando-me novamente avançar à frente com a minha secção. Éramos sempre os mesmos a avançar. Não sei se foi por ter estado nos RANGERS, em Lamego, ou se confiavam nas minhas capacidades. O que é certo é que a mim tocou-me ir para Camamudo.
Quartel de CAMAMUDO. Pode ver-se o armazém da mancarra com os abrigos e bidões cheios de terra à sua frente.
O Furriel Vaqueiro foi para Cantacunda e o Furriel Paio ficou em Bafatá. Recebi o espólio do pelotão antigo, fui responsável do rancho (onde fui enganado com um barril de toucinho com cem quilos, que em vez de toucinho tinha sal), tive que ao longo do tempo compensar do meu bolso.
Não tornei nada operacional, enquanto não se completou a rendição total dos velhinhos (como gostavam de ser chamados). Todos os dias se efectuava o reconhecimento do sector e realizava-se contacto com as populações.Numa dessas saídas passamos por Sara Banda, onde um furriel nos preparou para o perigo com que nos iríamos deparar. Depois seguimos em direcção a Banjara, mas paramos em Mansaina, tendo eu ficado aí num jipão e alguns soldados.
O alferes e o furriel mais antigo seguiram num jipe com dois ou três soldados, mas ao depararam-se com algumas abatizes, como faltavam uns 3/4 quilómetros, regressaram a Mansaina e acabamos por voltar para Camamudo. Só mais tarde é que me apercebi do perigo em que o furriel nos havia metido, pois habitualmente só com carros blindados é que se ia para aqueles lados. Duas semanas depois foram-se embora os restantes velhinhos, completando-se a rendição total, tendo ficado apenas os piriquitos (como eles nos chamavam).
Como fomos dos primeiros a chegar com a farda verde, em meados de Novembro, fomos dar protecção à tabanca de Ualicunda, junto a fronteira com o Senegal. Duas secções do meu Pelotão e o Vaqueiro com uma secção do 3º. Pelotão. Foi aí que o nosso guia Junco pisou uma mina anti-pessoal, ficando ferido gravemente numa perna.Aí permanecemos seis dias a rações de combate.
Destacamento de Banjara. Instalações dos oficiais, sargentos e bar. Na frente como barreira protectora - bidões cheios de terra.
Operação AURORA (Banjara zona do Oio)
Em 25NOV65, fomos tentar ocupar Banjara. Os velhinhos tinham comentado que era difícil. Como relatei acima, eu mais o Fur Mil antigo, com a minha secção e o alferes, já tínhamos chegado às abatizes, depois de Mansaima, a uns três/quatro quilómetros de Banjara.
Os grupos de combate concentraram-se em Sara Banda, partindo em seguida até Mansaina, onde jantamos mais uma ração de combate e aguardamos a hora de avançar, que se deu por volta das duas da manhã do dia 26.
Seguimos em fila indiana, passando cinquenta e quatro abatizes, até à entrada de Banjara, chegando aí por volta das 04h30. A minha secção ia na retaguarda e devia ficar emboscado do lado direito da estrada, com a missão de observar o inimigo caso tentasse passar pelo pontão, porque pela bolanha era difícil devido ao abastado caudal da água.
Tive então uma grande batalha, não com o IN, mas sim com um grande monte de baga-baga que estava à minha frente. As formigas picavam que se fartavam e só quando amanheceu, é que eu vi uma enorme quantidade de formigas.
Como o IN não quis nada connosco começamos a concentrar-nos no centro, em volta de uma casa a poente, onde chegou outra companhia vinda de Mansabá, que também teve que ultrapassar 18 abatizes.
O Capitão pediu um voluntário para pôr uma bandeira nacional em cima da casa e como ninguém se ofereceu, lá subi eu para cima da casa, que estava toda destruída, e coloquei a bandeira atada a um barrote.
Foi uma ocupação sem um tiro. Nem sinais de IN nem de população, quando havíamos sido informados que era uma operação de alto risco, em virtude de se tratar de um local no centro do Oio e local habitual de passagem do IN, com material bélico, para Sinchá Jobel e outras localidades, a nascente de Banjara.
O Capitão distribuiu os pelotões e ao meu tocou-nos a parte nascente, logo a seguir ao pontão. Munidos de pás e picaretas toca a cavar trincheiras e abrigos, para nos defendermos em caso de necessidade. Mãos à obra. Estava eu a retirar terra com uma pá, do solo, quando cai uma cobra enorme ali.
Claro que levou logo com a pá tendo ficado cortada em dois. Acabamos os abrigos, todo dia a ração de combate. A noite muito fresca foi passada já nos abrigos, parecia que o dia nunca mais chegava. Do IN também não se registava qualquer sinal.
A partir da manhã seguinte, como a engenharia já tinha colocado o arame farpado numa área considerável, fomos para o interior da vedação, onde tomamos café e em seguida montamos segurança ao destacamento.
À minha secção coube-lhe a segurança do lado do pontão, do lado nascente da estrada. Ali montamos tendas de campanha. Pensei para comigo será que é para ficarmos aqui. Falei com os outros furriéis e eles disseram-me que sim, parecia que era para ficarmos… e ficamos mesmo!
30NOV65, começou o patrulhamento em volta de Banjara, começamos pelo circuito Tumania, Bantajá e Sambulacunda, com a minha secção sempre atrás, pelo que não me apercebia do que se passava à frente. Quando chegamos a Tumania, já a população se tinha refugiado no meio da vegetação, que ali era alta e densa.
Continuamos o itinerário para Bantajá e a vegetação tornava-se cada vez mais densa, até perto da tabanca, onde sofremos então uma emboscada.
À entrada da tabanca ouvimos uns tiros do inimigo, aos quais o pessoal mais avançado respondeu imediatamente. Como eu estava muito longe, ao ouvir o tiroteio pensei que não era nada comigo.
Foi feito o cerco mas a população mais uma vez escapou, apenas três nativos não conseguiram os seus intentos, dois eram idosos e pareciam indefesos e um rapaz novo, que foi feito prisioneiro e nos acompanhou nessa qualidade.
Como já era tarde regressamos a Banjara e ficou Sambulacunda para outro dia.
Perto de Banjara, depois de passarmos a bolanha, fomos emboscados pela retaguarda da companhia, e tivemos um ferido.
Sem que ninguém tivesse dado por isso, o Capitão pediu-me para mandar uma bazucada na direcção de onde tinham vindo os disparos. Distanciei-me o necessário ara não colocar em perigo o pessoal atrás e lá foi uma bazucada na direcção indicada.
Continuamos a marcha e, de repente, o Furriel Vaqueiro deu pela falta de um soldado, tendo voltado atrás à sua procura, acabando por o encontrar ferido perto da bolanha.
Como já estávamos perto de Banjara o capitão não se apercebeu, nem o restante pessoal, e continuamos até ao destacamento. O Vaqueiro quando chegou, estava todo vera com o capitão, gritou com ele, dizendo-lhe que o abandonaram sozinho com o ferido, ao que o capitão respondeu que não fora informado de nada e lá acabaram por se acalmar.
Nesse dia, à noite, fomos atacados com rajadas de espingardas automáticas, tendo-se gerado grande confusão (cada um refugiou-se no seu posto), mas foi coisa rápida e tudo se silenciou novamente.
Como piriquitos que éramos, mesmo de noite, lá deixamos fugir o prisioneiro. Ainda hoje me pergunto, como é que ele foi tão rápido a fugir, pois estava tudo vedado com arame farpado e com garrafas de cervejas penduradas, para alertar se alguém de noite tentasse entrar no aquartelamento.
Mais uns dias a montar segurança, pás e picaretas… e preparar abrigos subterrâneos.
(Continua)
Um forte abraço do,
Fernando Chapouto
Fur Mil Op Esp/Ranger da CCAÇ 1426
Fotos: © Fernando Chapouto (2009). Direitos reservados.
__________
Nota de MR:
Vd. postes anteriores desta série, do mesmo autor, em:
1 de Setembro de 2009 > Guiné 63/74 - P4890: Estórias do Fernando Chapouto (Fernando Silvério Chapouto) (2): As minhas memórias da Guiné 1965/67 – Escolta a barco para Farim
9 de Setembro de 2009 > Guiné 63/74 - P4924: Estórias do Fernando Chapouto (Fernando Silvério Chapouto) (3): As minhas memórias da Guiné 1965/67 – Operação em Mansoa
domingo, 13 de setembro de 2009
Guiné 63/74 - P4947: Sons e emoções: o Cantanhez e o Dari, a terra ardente e vermelha, a gente boa (Torcato Mendonça / Zé Teixeira)
Guiné-Bissau > Bissau > AD - Acção para o Desenvolvimento > Foto da semana > 31 de Dezembro de 2006 > Floresta do Cantanhez > "Um número cada vez maior de pessoas, entre nacionais e estrangeiros que vivem na Guiné-Bissau, têm começado a visitar mais assiduamente a Floresta de Cantanhez para apreciar a beleza única desta região onde para além de apreciarem e percorrerem a última floresta primária sub-húmida do país, podem visualizar animais selvagens como os búfalos, chimpanzés e diferentes tipos de macacos como os fatangos e babuínos. O povo acolhedor e o surgimento gradual de infraestruturas de acolhimento são um argumento muito forte para vencer os 270 Km de estrada, com alguns troços em muito mau estado de conservação. A existência de guias ecoturísticos formados permitem escolher vários itinerários e percursos, uns mais ligados à natureza, outros à história, à cultura e até à pesquisa científica".
Foto e legenda: © AD - Acção para o Desenvolvimento (2006) (com a devida vénia...)
1. Já aqui divulgámos, através do blogue (1) ou internamente através da nossa tertúlia, dois belíssimos trabalhos de reportagem feitas na Guiné-Bissau, pelo Carlos Vaz Marques, jornalista da TSF - Rádio Notícias:
Reportagem TSF > Dari, primata como nós
(43 m) (2 de Março de 2007, 19h) >
No sul da Guiné-Bissau, o chimpanzé tem nome de gente. Na pista de Dari, uma equipa de cientistas portugueses estuda, há cinco anos, os chimpanzés das matas de Cantanhez com o objectivo de ajudar a salvar uma espécie ameaçada.
Um jornalista da TSF passou 15 dias com o grupo de investigadores, coordenado pelas primatólogas Catarina Casanova e Cláudia Sousa. Acompanhou o quotidiano das caminhadas pelo mato, da recolha de vestígios, das conversas com os habitantes das tabancas e testemunhou, guardando o registo sonoro do momento raro, o encontro com um grupo de chimpanzés.
'Dari, Primata como Nós' é uma grande reportagem de Carlos Vaz Marques com montagem e sonorização de Alexandrina Guerreiro.
Reportagem TSF > A Guerra do Patacom (33 m) (9 de Março de 2007, 19h) >
«A malta fica sempre a chorar, por causa da falta do patacom» desabafa o mecânico de bicicletas Ansumane no principal mercado de Bissau, que às vezes parece um enorme balneário da selecção portuguesa de futebol. De facto, neste que é um dos cinco países mais pobres do mundo, falta dinheiro para quase tudo.
Na escola primária de Iemberem, a 250 quilómetros da capital da Guiné, só não há falta de alunos, verifica o repórter, gravando o método da cantilena. «As duas coisas que mais matam são a malária e a ignorância» dirá Sílvia, uma missionária brasileira nesta zona remota. Eis a Guiné-Bissau, país entalado entre as bombas, por explodir, da guerra colonial e uma liberdade armadilhada de carências.
A 'Guerra do Patacom' é uma grande reportagem de Carlos Vaz Marques com montagem e sonorização de Alexandrina Guerreiro.
2. vejamos agora a reacção de dois membros da nossa tertúlia, ex-combatentes, Torcato Mendonça e José Teixeira:
(i) Torcato Mendonça (Fundão... e Fá, Mansambo, Candamã...):
Meu Caro:
Foi bonita a festa, pá!... Emociona, tantos anos depois, ouvir os sons da mata, das gentes e saber, sentir, que é de lá. É, Luís Graça, é o som do levantar da madrugada, o chilrear dos pássaros, o despertar daquela terra – vermelha e ardente – com a humidade a subir, os verdes tão diferenciados e lindos da mata. Paramos no tempo, latejam docemente as fontes, semicerram os olhos afastando-se do presente… buscamos e sentimos, leve, levemente o passado.
Encontramo-lo nos sons da busca ao Dari (desconhecia o nome), na reportagem da TSF (a rádio persegue-me desde miúdo), na voz que desconhecia do Leopoldo Amado (2), na fala de outras gentes e na doce cantilena das crianças. Candamã, não, isso diluiu-se no tempo. Tudo connosco mexe, tudo recorda algo de uma parte do meu passado.
Nem tudo é festa, pá, nem tudo é festa. Devagar, com dirigentes empenhados, projectos como a AD, Guiledje e outros, com gente determinada será festa, pá… Será no futuro festa. Acredito e, como eu, muitos.
Confesso que vivi, não tenho pejo em dizê-lo, momentos de emoção. Problema meu. Inquietação minha. Não dá, meu amigo, não dá, parece estar obcecado e isso não dá. Façamos (ou entremos em) período sabático. Serei capaz? Claro que sou. Valerá a pena? Não sei… tentemos…
Até… Um abraço, Torcato Mendonça.
(ii) José Teixeira (Matosinhos e... Empada, Buba, Mampatá, Quebo...):
Pois é Amigo e camarada Torcato. Agora imagina-te a (re)viver ao vivo esta situação que a TSF nos fez chegar. Imagina-te a sentires uma voz atrás de ti e te dizer:
- Tixera, (Teixeira) tu não lembra di mim ? eu vai na fermaria contigo Passa muito tempo... Eu sou o Kebá fermero.
Como reagirias logo no segundo dia de regresso à Guiné ! Imagina entrares na tua caserna e veres nela uma escola e as crianças saltarem de imediato das carteiras e virem fazer-te uma festa e pedir tira postal(fotografia) pra mim ou agarrarem a tua mão e muito admiradas compararem com a delas.
Imagina-te a ouvires uma voz feminina e a participares neste diálogo:
- Tixera, tu lembra Aliu de Mampatá ?
- Sim era o Alfero di milicia e chefe de tabanca.
- Tu lembra Usemane da milicia fidjo, de Shambel chefe de tabanca de Contabane ?
- Sim, mas Contabane foi queimada e Shambel firma em Aldeia Formosa.
- Shambel moreu, mas Usemane é minha marido. Tu lembra fidja de Aliu ?
- Oh ! bajuda bonito ! (E que bonita que ela era em bajuda)
- Odja (olha) para mim ! . . .
- Tu!!!! Dadá ?
- Sim, eu memo ! (Um abraço apertado e longo, lágrimas nos olhos que encerra um misto de alegria e "sôdade" e felicidade )
- Olha minha filhos, minha netos !
Foi vestir o mais lindo vestido, por creme na cara e ronco no peito, chama toda a família e . . . houve festa.
- Mudjer di Shambel stá lá. - E apresenta-me uma velhinha corcunda, cabelo todo branco, de pele enrugada como nunca vi, a qual se abraça a mim e começa uma cantilena:
- Branco i na volta ! branco i na volta ! - om lágrimas a banharem-lhe o rosto. Por mais que eu lhe dissesse que agora só para matar sôdade, ela continuava Branco i na volta !
Tudo isto passados eram trinta e cinco anos após o meu regresso. Tudo isto e muito mais, muito daquilo que ouviste neste excerto radiofónico, eu já revivi. Desde os pássaros, que nos acordavam ou o ruído do macaco-cão que nos alertava para o perigo, a alegria das crianças, a alegria dos adultos que passaram pela guerra, do nosso lado a reviveram cenas de guerra em que ambos participamos e mesmo alguns que a fizeram do outro lado.
Viviam a dois a três quilómetros escondidos no mato. A bolanha onde fui baptizado no fogo. As tabancas onde vivi belos e grandes momentos e . . . momentos aflitivos onde não cabia um feijão no buraquinho.O buraco feito por uma granada de canhão na parede da caserna,(hoje transformada em escola) donde tinha fugido uns segundos antes, isto às cinco da manhã, quando eles resolveram substituir o Cabo de dia ( noite) que nos iria acordar meia hora depois para partirmos para mais uma viagem de montagem da segurança na estrada em construção....
... A bolanha dos Passarinhos, onde vi a morte à minha frente e lhe preguei uma finta ao saltar abaixo da viatura, momentos antes desta pisar uma A/C. O Rio Grande de Buba com toda a beleza das suas margens - vegetação, passarada, tapetes coloridos de caranguejos a esconderem-se no tarrafo com a nossa chegada - (Hoje, infelizmente, transformadas em campos de caju) de onde fui corrido uma vez, quando após o regresso de uma operação me fui banhar e eles estavam na outra margem à minha espera, para fazer a festa e me obrigarem a regressar nú ao quartel a 100 metros.
Peregrinei pelos locais onde vivi a minha guerra com a colaboração activa dos soldados do PAIGC a quem chamávamos Turras. Os ataques na estrada, as emboscadas em que participei. Os locais de onde fui corrido a tiro. Revi e revivi cenas que estavam fixas no sotão da minha memória e me faziam sofrer, desde as tabancas cercadas com duas fiadas de arame farpado e as minas e armadilhas que as envolviam as quais, obrigavam as crianças a não sair do perímetro da aldeia para não serem surpreendidas...
Os companheiros (milicias) de armas que nos reconhecem e começam de imediato a contar o rosário de aventuras que viverem connosco no tempo di guera. Recordam-nos camaradas que fugiram com medo, camaradas que foram assassinados pelos libertadores, outros que estão vivos lá na tabanca di . . . Alguns que se recusam a falar. As bajudas do nosso tempo, as nossas lavanderas de mama firme, hoje mudjer grandi com fidjos machos e filhas, netos que nos apresentam com alegria e orgulho. As bajudas de hoje tímidas a uma certa distância ou alegres a virem-nos cumprimentar. As cantilenas das crianças ritmadas pelas palmas ou pelo pilão a bater no arroz para o descasque.
Tudo isto e o que profundamente sentido não consigo descrever, provocou dentro de mim uma descarga emocional e libertadora Por isso te desafio, a ti e a cada um de nós, que ganhe coragem e volte lá. Cuidado. Primeiro vacina-te, senão podes ao regressar, ficar como eu (ou como o Xico Allen que em média vai lá duas vezes por ano e se fosse rico . . .) - apaixonado pela Guiné,
Um abraço fraternal
J. Teixeira
Esquilo Sorridente
_________
Nota de L.G.:
(1) Vd. post de 8 de Março de 2007 > Guiné 63/74 - P1575: A TSF no Cantanhez, com uma equipa de cientistas portugueses, em busca do Dari, o chimpanzé (Luís Graça / José Martins)
(2) O Leopoldo Amado, membro da nossa tertúlia, é historiador e está neste momento a colaborar com o Pepito, com a AD, no projecto Guileje. Ouçam a sua entrevista ao Carlos Vaz Marques, dada no sul, no Cantanhez, em Iemberém, e onde ele fala da necessidade do povo da Guiné-Bissau voltar a ganhar a sua auto-estima, bem como da importância de preservar a memória da guerra colonial / guerra de libertação.
Daqui vai um abraço de todos nós, para ele, para o pepito e para os demais colaboradores da AD, incluindo o Domingos Fonseca (que é aqui entrevistado pela TSF). Ao todo, são 36 técnicos que na trabalham nesta ONG, liderada pelo Pepito.
Na Reportagem da TSF, a guerra continua presente através da memória das gentes do sul, do Tombali, mas também através das granadas (por exemplo, de RPG 2 e 7) abandonadas no Cantanhez, pelos guerrilheiros do PAIGC, no fimd a guerra, para não falar das bombas que não explodiram ou das missas a armadilhas... que não foram desmontadas - nossas e do PAIGC. Acidentes (mortais) com engenhos explosivos do tempo da guerra colonial / guerra de libertação (como gosta de dizer o Leopoldo Amado) continuam ainda hoje, infelizmente, a acontecer.
_________
Nota de C.V.:
Este poste foi originalmente publicado em 11 de Março de 2007, sob o número 1583, duplicado. Detectado o erro, fez-se uma reedição, com data de hoje.
Foto e legenda: © AD - Acção para o Desenvolvimento (2006) (com a devida vénia...)
1. Já aqui divulgámos, através do blogue (1) ou internamente através da nossa tertúlia, dois belíssimos trabalhos de reportagem feitas na Guiné-Bissau, pelo Carlos Vaz Marques, jornalista da TSF - Rádio Notícias:
Reportagem TSF > Dari, primata como nós
(43 m) (2 de Março de 2007, 19h) >
No sul da Guiné-Bissau, o chimpanzé tem nome de gente. Na pista de Dari, uma equipa de cientistas portugueses estuda, há cinco anos, os chimpanzés das matas de Cantanhez com o objectivo de ajudar a salvar uma espécie ameaçada.
Um jornalista da TSF passou 15 dias com o grupo de investigadores, coordenado pelas primatólogas Catarina Casanova e Cláudia Sousa. Acompanhou o quotidiano das caminhadas pelo mato, da recolha de vestígios, das conversas com os habitantes das tabancas e testemunhou, guardando o registo sonoro do momento raro, o encontro com um grupo de chimpanzés.
'Dari, Primata como Nós' é uma grande reportagem de Carlos Vaz Marques com montagem e sonorização de Alexandrina Guerreiro.
Reportagem TSF > A Guerra do Patacom (33 m) (9 de Março de 2007, 19h) >
«A malta fica sempre a chorar, por causa da falta do patacom» desabafa o mecânico de bicicletas Ansumane no principal mercado de Bissau, que às vezes parece um enorme balneário da selecção portuguesa de futebol. De facto, neste que é um dos cinco países mais pobres do mundo, falta dinheiro para quase tudo.
Na escola primária de Iemberem, a 250 quilómetros da capital da Guiné, só não há falta de alunos, verifica o repórter, gravando o método da cantilena. «As duas coisas que mais matam são a malária e a ignorância» dirá Sílvia, uma missionária brasileira nesta zona remota. Eis a Guiné-Bissau, país entalado entre as bombas, por explodir, da guerra colonial e uma liberdade armadilhada de carências.
A 'Guerra do Patacom' é uma grande reportagem de Carlos Vaz Marques com montagem e sonorização de Alexandrina Guerreiro.
2. vejamos agora a reacção de dois membros da nossa tertúlia, ex-combatentes, Torcato Mendonça e José Teixeira:
(i) Torcato Mendonça (Fundão... e Fá, Mansambo, Candamã...):
Meu Caro:
Foi bonita a festa, pá!... Emociona, tantos anos depois, ouvir os sons da mata, das gentes e saber, sentir, que é de lá. É, Luís Graça, é o som do levantar da madrugada, o chilrear dos pássaros, o despertar daquela terra – vermelha e ardente – com a humidade a subir, os verdes tão diferenciados e lindos da mata. Paramos no tempo, latejam docemente as fontes, semicerram os olhos afastando-se do presente… buscamos e sentimos, leve, levemente o passado.
Encontramo-lo nos sons da busca ao Dari (desconhecia o nome), na reportagem da TSF (a rádio persegue-me desde miúdo), na voz que desconhecia do Leopoldo Amado (2), na fala de outras gentes e na doce cantilena das crianças. Candamã, não, isso diluiu-se no tempo. Tudo connosco mexe, tudo recorda algo de uma parte do meu passado.
Nem tudo é festa, pá, nem tudo é festa. Devagar, com dirigentes empenhados, projectos como a AD, Guiledje e outros, com gente determinada será festa, pá… Será no futuro festa. Acredito e, como eu, muitos.
Confesso que vivi, não tenho pejo em dizê-lo, momentos de emoção. Problema meu. Inquietação minha. Não dá, meu amigo, não dá, parece estar obcecado e isso não dá. Façamos (ou entremos em) período sabático. Serei capaz? Claro que sou. Valerá a pena? Não sei… tentemos…
Até… Um abraço, Torcato Mendonça.
(ii) José Teixeira (Matosinhos e... Empada, Buba, Mampatá, Quebo...):
Pois é Amigo e camarada Torcato. Agora imagina-te a (re)viver ao vivo esta situação que a TSF nos fez chegar. Imagina-te a sentires uma voz atrás de ti e te dizer:
- Tixera, (Teixeira) tu não lembra di mim ? eu vai na fermaria contigo Passa muito tempo... Eu sou o Kebá fermero.
Como reagirias logo no segundo dia de regresso à Guiné ! Imagina entrares na tua caserna e veres nela uma escola e as crianças saltarem de imediato das carteiras e virem fazer-te uma festa e pedir tira postal(fotografia) pra mim ou agarrarem a tua mão e muito admiradas compararem com a delas.
Imagina-te a ouvires uma voz feminina e a participares neste diálogo:
- Tixera, tu lembra Aliu de Mampatá ?
- Sim era o Alfero di milicia e chefe de tabanca.
- Tu lembra Usemane da milicia fidjo, de Shambel chefe de tabanca de Contabane ?
- Sim, mas Contabane foi queimada e Shambel firma em Aldeia Formosa.
- Shambel moreu, mas Usemane é minha marido. Tu lembra fidja de Aliu ?
- Oh ! bajuda bonito ! (E que bonita que ela era em bajuda)
- Odja (olha) para mim ! . . .
- Tu!!!! Dadá ?
- Sim, eu memo ! (Um abraço apertado e longo, lágrimas nos olhos que encerra um misto de alegria e "sôdade" e felicidade )
- Olha minha filhos, minha netos !
Foi vestir o mais lindo vestido, por creme na cara e ronco no peito, chama toda a família e . . . houve festa.
- Mudjer di Shambel stá lá. - E apresenta-me uma velhinha corcunda, cabelo todo branco, de pele enrugada como nunca vi, a qual se abraça a mim e começa uma cantilena:
- Branco i na volta ! branco i na volta ! - om lágrimas a banharem-lhe o rosto. Por mais que eu lhe dissesse que agora só para matar sôdade, ela continuava Branco i na volta !
Tudo isto passados eram trinta e cinco anos após o meu regresso. Tudo isto e muito mais, muito daquilo que ouviste neste excerto radiofónico, eu já revivi. Desde os pássaros, que nos acordavam ou o ruído do macaco-cão que nos alertava para o perigo, a alegria das crianças, a alegria dos adultos que passaram pela guerra, do nosso lado a reviveram cenas de guerra em que ambos participamos e mesmo alguns que a fizeram do outro lado.
Viviam a dois a três quilómetros escondidos no mato. A bolanha onde fui baptizado no fogo. As tabancas onde vivi belos e grandes momentos e . . . momentos aflitivos onde não cabia um feijão no buraquinho.O buraco feito por uma granada de canhão na parede da caserna,(hoje transformada em escola) donde tinha fugido uns segundos antes, isto às cinco da manhã, quando eles resolveram substituir o Cabo de dia ( noite) que nos iria acordar meia hora depois para partirmos para mais uma viagem de montagem da segurança na estrada em construção....
... A bolanha dos Passarinhos, onde vi a morte à minha frente e lhe preguei uma finta ao saltar abaixo da viatura, momentos antes desta pisar uma A/C. O Rio Grande de Buba com toda a beleza das suas margens - vegetação, passarada, tapetes coloridos de caranguejos a esconderem-se no tarrafo com a nossa chegada - (Hoje, infelizmente, transformadas em campos de caju) de onde fui corrido uma vez, quando após o regresso de uma operação me fui banhar e eles estavam na outra margem à minha espera, para fazer a festa e me obrigarem a regressar nú ao quartel a 100 metros.
Peregrinei pelos locais onde vivi a minha guerra com a colaboração activa dos soldados do PAIGC a quem chamávamos Turras. Os ataques na estrada, as emboscadas em que participei. Os locais de onde fui corrido a tiro. Revi e revivi cenas que estavam fixas no sotão da minha memória e me faziam sofrer, desde as tabancas cercadas com duas fiadas de arame farpado e as minas e armadilhas que as envolviam as quais, obrigavam as crianças a não sair do perímetro da aldeia para não serem surpreendidas...
Os companheiros (milicias) de armas que nos reconhecem e começam de imediato a contar o rosário de aventuras que viverem connosco no tempo di guera. Recordam-nos camaradas que fugiram com medo, camaradas que foram assassinados pelos libertadores, outros que estão vivos lá na tabanca di . . . Alguns que se recusam a falar. As bajudas do nosso tempo, as nossas lavanderas de mama firme, hoje mudjer grandi com fidjos machos e filhas, netos que nos apresentam com alegria e orgulho. As bajudas de hoje tímidas a uma certa distância ou alegres a virem-nos cumprimentar. As cantilenas das crianças ritmadas pelas palmas ou pelo pilão a bater no arroz para o descasque.
Tudo isto e o que profundamente sentido não consigo descrever, provocou dentro de mim uma descarga emocional e libertadora Por isso te desafio, a ti e a cada um de nós, que ganhe coragem e volte lá. Cuidado. Primeiro vacina-te, senão podes ao regressar, ficar como eu (ou como o Xico Allen que em média vai lá duas vezes por ano e se fosse rico . . .) - apaixonado pela Guiné,
Um abraço fraternal
J. Teixeira
Esquilo Sorridente
_________
Nota de L.G.:
(1) Vd. post de 8 de Março de 2007 > Guiné 63/74 - P1575: A TSF no Cantanhez, com uma equipa de cientistas portugueses, em busca do Dari, o chimpanzé (Luís Graça / José Martins)
(2) O Leopoldo Amado, membro da nossa tertúlia, é historiador e está neste momento a colaborar com o Pepito, com a AD, no projecto Guileje. Ouçam a sua entrevista ao Carlos Vaz Marques, dada no sul, no Cantanhez, em Iemberém, e onde ele fala da necessidade do povo da Guiné-Bissau voltar a ganhar a sua auto-estima, bem como da importância de preservar a memória da guerra colonial / guerra de libertação.
Daqui vai um abraço de todos nós, para ele, para o pepito e para os demais colaboradores da AD, incluindo o Domingos Fonseca (que é aqui entrevistado pela TSF). Ao todo, são 36 técnicos que na trabalham nesta ONG, liderada pelo Pepito.
Na Reportagem da TSF, a guerra continua presente através da memória das gentes do sul, do Tombali, mas também através das granadas (por exemplo, de RPG 2 e 7) abandonadas no Cantanhez, pelos guerrilheiros do PAIGC, no fimd a guerra, para não falar das bombas que não explodiram ou das missas a armadilhas... que não foram desmontadas - nossas e do PAIGC. Acidentes (mortais) com engenhos explosivos do tempo da guerra colonial / guerra de libertação (como gosta de dizer o Leopoldo Amado) continuam ainda hoje, infelizmente, a acontecer.
_________
Nota de C.V.:
Este poste foi originalmente publicado em 11 de Março de 2007, sob o número 1583, duplicado. Detectado o erro, fez-se uma reedição, com data de hoje.
Guiné 63/74 - P4946: Convívios (161): convívio da CCAÇ 2615, dia 12 de Setembro de 2009 em Fernão Ferro (Manuel Amaro)
1. O nosso Camarada Manuel Amaro foi Fur Mil Enf da CCAÇ 2615/BCAÇ 2892 que esteve em Nhacra, Aldeia Formosa e Nhala, nos anos de 1969 a 1971, e enviou-nos a seguinte mensagem em 12 de Setembro de 2009:
Camaradas,
Junto envio um texto e algumas fotos, sobre o convívio da minha CCAÇ 2615:
Realizou-se hoje, 12 de Setembro, no restaurante Flor da Mata, em Fernão Ferro, mais um convívio da CCAÇ 2615, comemorando o 38º aniversário da sua chegada a Lisboa, no regresso da comissão de serviço na Guiné.
A CCAÇ 2615 fazia parte do BCAÇ 2892, (TCOR Manuel Agostinho Ferreira, Major José Sampaio e Major Pezarat Correia) e chegou a Bissau em 28 de Outubro de 1969.
No regresso, embarcou em Bissau, 6 de Setembro de 1971.
O Comando e os Serviços do Batalhão estiveram sempre em Aldeia Formosa (actual Quebo).
A CCAÇ 2615 esteve em Nhacra, Aldeia Formosa e Nhala.
Foi seu Comandante o Cap Mil António Ramalho Pisco.
Mais uma vez se fez justiça ao lema da Companhia "POUCOS QUANTO FORTES".
O número de participantes vai reduzindo a cada ano, muito por culpa das vindimas, das festas de casamento e das férias no estrangeiro.
Pelo menos são essas as razões que os telemóveis nos fazem chegar.
Mas foi uma festa bonita, com cerca de uma centena de participantes, alegres e divertidos, embora com algumas saudades dos velhos tempos à mistura...
Como habitualmente foi guardado um minuto de silêncio, em memória dos quatro camaradas mortos em combate, bem como por todos aqueles têm “partido” ao longo destes 38 anos.
E no próximo ano lá estaremos, ali ou noutro lugar, porque somos...
"POUCOS QUANTO FORTES"…
Foto da esquerda: A equipa de saúde da CCAÇ 2615 - José Boita, Amadu Djaló Candé, Américo Vicente e Manuel Amaro. Foto da direita: Fur Mil Fernando Pereira, Cap Mil António Pisco e Soldado Nunes Pinto.
Um Abraço,
Manuel Amaro
Fur Mil Enf da CCAÇ 2615
Fotos: © Manuel Amaro (2009). Direitos reservados.
Emblema: © Carlos Coutinho (2009). Direitos reservados.
__________
Nota de MR:
Vd. último poste da série em:
6 de Setembro de 2009 > Guiné 63/74 - P4907: Convívios (158): 8.º Encontro da CCAÇ 2791, dia 26 de Setembro de 2009 em Torres Vedras (Luís Faria)
Guiné 63/74 - P4945: Notícias dos nossos amigos da AD - Bissau (7): Recuperando bolanhas em Ingoré, região do Cacheu
Guiné-Bissau > Região do Cacheu > Ingoré > Título da foto: Juntos para recuperar mais terrenos para arrozais. Foto da AD - Acção para o Desenvolvimento > Foto da semana > 9 de Agosto de 2009. Data da foto: 21 de Agosto de 2008. Palavras-chave: segurança alimentar.
Foto e legenda: Cortesia de © AD - Acção para o Desenvolvimento (2008)
"Em Ingoré, no estuário do rio Cacheu, as populações cooperam na construção de diques de terra para impedir a entrada de água salgada nos solos das bolanhas e assim aumentar a área para a produção de arroz.
"Prática com mais de 2.000 anos, os agricultores recuperam os solos salgados ao mar através de barragens e diques anti-sal, os quais são lessivados durante a época das chuvas e começados a cultivar lgo que a salinidade atinja valores comportáveis com as variedades tolerantes ao sal.
"Embora se esteja ainda no início da época das chuvas, este ano a campanha de produção de arroz de bolanha (75% da total) parece ameaçada com a chegada tardia das chuvas e da pouca quantidade que tem caído". (*)
__________
Nota de L.G.:
(*) Vd. último poste da série > 3 de Agosto de 2009 >Guiné 63/74 - P4772: Notícias dos nossos amigos da AD - Bissau (6): Sinalização de sítios históricos no Parque Nacional do Cantanhez
Foto e legenda: Cortesia de © AD - Acção para o Desenvolvimento (2008)
"Em Ingoré, no estuário do rio Cacheu, as populações cooperam na construção de diques de terra para impedir a entrada de água salgada nos solos das bolanhas e assim aumentar a área para a produção de arroz.
"Prática com mais de 2.000 anos, os agricultores recuperam os solos salgados ao mar através de barragens e diques anti-sal, os quais são lessivados durante a época das chuvas e começados a cultivar lgo que a salinidade atinja valores comportáveis com as variedades tolerantes ao sal.
"Embora se esteja ainda no início da época das chuvas, este ano a campanha de produção de arroz de bolanha (75% da total) parece ameaçada com a chegada tardia das chuvas e da pouca quantidade que tem caído". (*)
__________
Nota de L.G.:
(*) Vd. último poste da série > 3 de Agosto de 2009 >Guiné 63/74 - P4772: Notícias dos nossos amigos da AD - Bissau (6): Sinalização de sítios históricos no Parque Nacional do Cantanhez
Guiné 63/74 - P4944: Grupo dos Amigos da Capela de Guileje (5): As obras do nosso contentamento (Pepito)
Guiné-Bissau > Região de Tombali > Guileje > Fotos da reconstrução da 'capela de Guiledje': a última (a primeira de cima) foi tirada em 31 de Maio de 2009; as restantes são recentíssimas (11 de Setembro último).
Fotos: © AD - Acção para o Desenvolvimento (2009). Direitos reservados
1. Mensagem do nosso amigo Pepito, que regressou ao trabalho, à sua terra natal, depois do seu mês férias em Portugal (entretanto a 30 de Agosto ainda teve o grato de prazer de participar na inauguração da exposição Cristina's History, do fotógrafo Mikael Levin, sobre a saga da família Schwarz, a que ambos pertencem) (*).
Assunto - Capela de Guiledje (**)
Luís
Um breve notícia, pois estou a chegar do sul do país, especialmente para os "Amigos da Capela de Guiledje".
Seguem fotos para ilustrar o avanço das obras que não pararam apesar da chuva copiosa que tem estado a cair deste a segunda metade de Julho.
A foto 0 foi tirada a 31 de Maio de 2009. Todas as outras [1, 2, 3 e 4] foram a 11 de Setembro.
Vai um agradecimento muito especial para o amigo Camilo, maior promotor da reconstrução da capela.
Estamos a acelerar para a sua inauguração ser a 20 de Janeiro próximo.
Abraço a todos
pepito
__________
Notas de L.G.:
(*) Lisboa, Museu Colecção Berardo - Praça do Império - Centro Cultural de Belém
HORARIOS > De 30-08-2009 a 08-11-2009 > Segunda, terça, quarta, quinta, sábado e domingo das 10h00 às 19h00 (última admissão às 18h30); Sexta das 10h00 às 22h00 (última admissão às 21h30). ENTRADA LIVRE
Vd. poste de 26 de Agosto de 2009 > Guiné 63/74 - P4863: Agenda cultural (24): A História de Cristina, por Mikael Levin, no CCB, de 31/8 a 8/11 (Carlos Schwarz, 'Pepito' / Luís Graça)
(**) Vd. postes anteriores da série Grupos dos Amigos da Capela de Guileje:
8 de Julho de 2009 >Guiné 63/74 - P4655: Grupo dos Amigos da Capela de Guileje (4): Mãos à obra, rapaziada ! (Patrício Ribeiro)
16 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4535: Grupo dos Amigos da Capela de Guileje (3): Já começámos a pôr a mão... na massa do Camilo, e a 20/1/2010 haverá ronco (Pepito)
16 de Junho de 2009 >Guiné 63/74 - P4534: Grupo dos Amigos da Capela de Guileje (2): António Camilo oferece 300 sacos de cimento e 150 litros de tinta
6 de Junho de 2009 > Guiné 64/74 - P4469: Grupo dos Amigos da Capela de Guileje (1): Já temos três: Patrício Ribeiro, António Cunha e Manuel Reis
Fotos: © AD - Acção para o Desenvolvimento (2009). Direitos reservados
1. Mensagem do nosso amigo Pepito, que regressou ao trabalho, à sua terra natal, depois do seu mês férias em Portugal (entretanto a 30 de Agosto ainda teve o grato de prazer de participar na inauguração da exposição Cristina's History, do fotógrafo Mikael Levin, sobre a saga da família Schwarz, a que ambos pertencem) (*).
Assunto - Capela de Guiledje (**)
Luís
Um breve notícia, pois estou a chegar do sul do país, especialmente para os "Amigos da Capela de Guiledje".
Seguem fotos para ilustrar o avanço das obras que não pararam apesar da chuva copiosa que tem estado a cair deste a segunda metade de Julho.
A foto 0 foi tirada a 31 de Maio de 2009. Todas as outras [1, 2, 3 e 4] foram a 11 de Setembro.
Vai um agradecimento muito especial para o amigo Camilo, maior promotor da reconstrução da capela.
Estamos a acelerar para a sua inauguração ser a 20 de Janeiro próximo.
Abraço a todos
pepito
__________
Notas de L.G.:
(*) Lisboa, Museu Colecção Berardo - Praça do Império - Centro Cultural de Belém
HORARIOS > De 30-08-2009 a 08-11-2009 > Segunda, terça, quarta, quinta, sábado e domingo das 10h00 às 19h00 (última admissão às 18h30); Sexta das 10h00 às 22h00 (última admissão às 21h30). ENTRADA LIVRE
Vd. poste de 26 de Agosto de 2009 > Guiné 63/74 - P4863: Agenda cultural (24): A História de Cristina, por Mikael Levin, no CCB, de 31/8 a 8/11 (Carlos Schwarz, 'Pepito' / Luís Graça)
(**) Vd. postes anteriores da série Grupos dos Amigos da Capela de Guileje:
8 de Julho de 2009 >Guiné 63/74 - P4655: Grupo dos Amigos da Capela de Guileje (4): Mãos à obra, rapaziada ! (Patrício Ribeiro)
16 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4535: Grupo dos Amigos da Capela de Guileje (3): Já começámos a pôr a mão... na massa do Camilo, e a 20/1/2010 haverá ronco (Pepito)
16 de Junho de 2009 >Guiné 63/74 - P4534: Grupo dos Amigos da Capela de Guileje (2): António Camilo oferece 300 sacos de cimento e 150 litros de tinta
6 de Junho de 2009 > Guiné 64/74 - P4469: Grupo dos Amigos da Capela de Guileje (1): Já temos três: Patrício Ribeiro, António Cunha e Manuel Reis
Guiné 63/74 - P4943: Blogando e andando (José Eduardo Oliveira) (1): O gasóleo do Amílcar e a emboscada de Sare Dicó
1. Mensagem, de ontem, dia 12, às 9h17, do nosso camarada José Eduardo Reis de Oliveira (JERO), foi Fur Mil da CCAÇ 675 (Binta, 1964/65), o mais activo e produtivo dos nossos periquitos (*), grande contador de histórias (já lá vai dezena e meia) e autor do livro Golpes de mão's - Memórias de guerra.
Assunto - O gasóleo do Amilcar Ventura e a emboscada de Sare Dicó aos militares do 7 de espadas
Bom dia, Grande Luís:
Mais velho mas sem idade, estou agora a ganhar novas rotinas. Levanto-me, visto o meu fato de ginástica e antes de sair de casa venho até ao nosso blogue. Já lá fui hoje e verifico que está ao rubro, o que é fantástico.
1) P4939 de Vasco da Gama [Banalidades do Mondego, IV]
Grande senhor, este camarada de Coimbra. Não conhecia e já comentei a sua postagem onde, entre várias coisas, cumprimento e felicito os editores LG e MR. A história abana mesmo (**)... No que me diz respeita, e graças ao Vasco da Gama,deixou de me engasgar...
2) P4930: emboscada em Sare Dicó a militares do 7 de Espadas
Já recebi vários comentários e já soube notícias do meu colega e amigo do aerograma: o Carlos Cardoso Dias, da CCaç 674. Vivia em Cascais e faleceu em 2005. Vou tentar localizar a família para lhes oferecer o aerograma (que guardo há 43 anos) e algumas fotos que tenho com o Carlos. Foi um choque pois, à distância no tempo, guardamos sempre a imagem de um jovem robusto e cheio de saúde. É essa recordação que quero guardar dele.
3) O MR já tem mais uma história minha em que satirizo os nossos jogadores ' naturalizados' da Selecção Nacional, que não sabem cantar o Hino. Refiro depois outro Hino, cantado por ex-combatentes.
Vou prá rua...andar uma hora e desenferrujar a língua com vários amigos.Obviamente que lhes vou falar do blogue do 'nosso' Luís Graça e Camaradas da Guiné.
Bom fim de semana.
Um abraço do
JERO
__________
Notas de L.G.:
(*) Vd. poste de 14 de Julho de 2009 > Guiné 63/74 - P4686: Tabanca Grande (162): José Eduardo Oliveira, ex-Fur Mil, CCAÇ 675, Binta, 1965/66
(**) 11 de Setembro de 2009 > Guiné 63/74 - P4936: O segredo de... (6): Amílcar Ventura: a bomba de gasóleo do PAIGC em Bajocunda...
Assunto - O gasóleo do Amilcar Ventura e a emboscada de Sare Dicó aos militares do 7 de espadas
Bom dia, Grande Luís:
Mais velho mas sem idade, estou agora a ganhar novas rotinas. Levanto-me, visto o meu fato de ginástica e antes de sair de casa venho até ao nosso blogue. Já lá fui hoje e verifico que está ao rubro, o que é fantástico.
1) P4939 de Vasco da Gama [Banalidades do Mondego, IV]
Grande senhor, este camarada de Coimbra. Não conhecia e já comentei a sua postagem onde, entre várias coisas, cumprimento e felicito os editores LG e MR. A história abana mesmo (**)... No que me diz respeita, e graças ao Vasco da Gama,deixou de me engasgar...
2) P4930: emboscada em Sare Dicó a militares do 7 de Espadas
Já recebi vários comentários e já soube notícias do meu colega e amigo do aerograma: o Carlos Cardoso Dias, da CCaç 674. Vivia em Cascais e faleceu em 2005. Vou tentar localizar a família para lhes oferecer o aerograma (que guardo há 43 anos) e algumas fotos que tenho com o Carlos. Foi um choque pois, à distância no tempo, guardamos sempre a imagem de um jovem robusto e cheio de saúde. É essa recordação que quero guardar dele.
3) O MR já tem mais uma história minha em que satirizo os nossos jogadores ' naturalizados' da Selecção Nacional, que não sabem cantar o Hino. Refiro depois outro Hino, cantado por ex-combatentes.
Vou prá rua...andar uma hora e desenferrujar a língua com vários amigos.Obviamente que lhes vou falar do blogue do 'nosso' Luís Graça e Camaradas da Guiné.
Bom fim de semana.
Um abraço do
JERO
__________
Notas de L.G.:
(*) Vd. poste de 14 de Julho de 2009 > Guiné 63/74 - P4686: Tabanca Grande (162): José Eduardo Oliveira, ex-Fur Mil, CCAÇ 675, Binta, 1965/66
(**) 11 de Setembro de 2009 > Guiné 63/74 - P4936: O segredo de... (6): Amílcar Ventura: a bomba de gasóleo do PAIGC em Bajocunda...
Guiné 63/74 - P4942: Memória dos lugares (42): Arte & Engenho no Mato, 1968 (José Nunes)
1. O nosso Camarada José Nunes (José Silvério Correia Nunes), ex-1º Cabo no BENG 447 (Brá, 15JAN68 a 15JAN70), enviou-nos mais uma série de fotografias, em 10SET2009, sobre os excelentes trabalhos (emblemas e guiões das suas companhias e batalhões), que alguns artistas tão fielmente desenhavam em alvenaria e cimento, no ano de 1968:
Camaradas,
Hoje quero mostrar-vos algumas fotos, que muito estimo pessoalmente, reveladores da Arte e Engenho que muitos dos nossos Camaradas, foram capazes de construir em memória dos que pereceram.
Penso que deveríamos montar uma Galeria a evocar estes Artistas Anónimos, que muitas vezes, mesmo em condições adversas e poucos recursos, demonstraram e fizeram Arte nos matos e localidades da Guiné.
Seriam verdadeiros marcos de referência para as gerações vindouras.
CCAÇ 1497 - 1º Grupo de Combate, 1966/676 - Bissum/Naga
CCAÇ 1497 - 2º Grupo de Combate "Os Índios", 1966/676 - Bissum/Naga
CCAÇ 1497 - 3º Grupo de Combate "Os Águias", «Mais alto emais alto» 1966/676 - Bissum/Naga
CCAV 1747 - "Unos e firmes" «Pista Águias Negras» - Bissum/Naga
CCAÇ 556 - "Sem pavor" - Enxalé
Cordiais Saudações,
José Nunes
1º Cabo Mec Elect do BENG 447
Fotos: © José Nunes (2009). Direitos reservados.
Emblema: © Carlos Coutinho (2009). Direitos reservados.
__________
Nota de MR:
Vd. último poste da série em:
10 de Setembro de 2009 > Guiné 63/74 - P4929: Memória dos lugares (41): Estragos no quartel dos COMANDOS, Brá 1968 (Magalhães Ribeiro/Abreu dos Santos)
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