Guiné > PAIGC > Algures numa região libertade do sul, presume-se > Foto do inevitável e incontornável Bara István, reporter fotográfico da agência de notícias húngara MTI > 1970 > "Csendes dzsungel folyó, Guinea-Bissau, 1970" (segundo o meu fraco húngaro, "Guiné-Bissau, 1970: o silêncio da floresta e do rio"...). Esta e outras fotos fazem parte da sua fotogaleria, disponível - aparentemente copy left - no seu sítio comercial (em húngaro):
Fotó Bara Fotográfiai és számítástechnikai szaküzlet. Em 1969/70 ele andou pela Guiné-Conacri e pelas regiões do sul controladas pelo PAIGC. Esta e outras fotos fazem parte da sua fotogaleria.
Fonte / Source:
Foto Bara > Fotogaleria / Photogalery (com a devida vénia / by courtesy )
1. Continuação da publicação do Supintrep, nº 32, de Junho de 1971, documento classificado na época como reservado, de que nos foi enviada uma cópia, através de mais de um dúzia de mails, entre Setembro e Outubro de 2007, pelo nosso amigo e camarada A. Marques Lopes, Cor DFA, na situação de reforma, que é residente da Tabanca de Matosinhos, a maior das tabancas da nossa Tabanca Grande...
Este texto já circulou pela nossa tertúlia, através de mensagem de 29 de Setembro de 2007. Esta série tem vindo a ser publicada, com alguma irregularidade, desde há um ano, e está longe de ter chegado ao fim.
Como temos dito e redito, a divulgação deste e doutros documentos sobre a organização e o funcionamento do PAIGC é meramente ididáctica, não implica, por nossa parte, qualquer juízo de valor. E, não é de mais referi-lo, não é um documento do PAIGC (embora utilize fontes escritas e orais ligadas à guerrilha que então nos combatia); pelo contrário, tem como origem o próprio Com-Chefe da então província portuguesa da Guiné. Trata-se de Supintrep que foi distribuído aos comandos das unidades do CTIG em Junho de 1971.(Supintrep: Do inglês, Supplementary Intelligence Report, ou seja, Relatório de Informação Suplementar.) (LG)
PAIGC: Instrução, táctica e logística (16) > Itinerários de abastecimentosRevisão e fixação de texto: AML/LG. Notas, em itálico, de AML.
[ Estes são dados muito interessantes e importantes para cada um de nós poder comparar com a sua experiência pessoal quando esteve no terreno.]
a. ITINERÁRIOS DE ABASTECIMENTOS
(1) Generalidades
É a partir de Conacri que, sem quaisquer condicionamentos na utilização dos itinerários da Rep Guiné e com algumas restrições nos da Rep Senegal, são abastecidas as principais bases e, a partir destas, o interior do TO.
O itinerário principal, como que a “espinha dorsal” da cadeia logística montada pelo PAIGC, é aquele que, saindo de Conacri, segue por Boké, Koundara, Kolda, Tanaff e Ziguinchor, estabelecendo uma “cinta” à volta da nossa Província, da qual partem itinerários secundários para o reabastecimento das regiões fronteiriças e daqui para o interior do TO, utilizando os chamados “corredores” de infiltração. Veja-se anexos I e J [mapas inseridos no fim - LG].
É, pois, o conjunto de itinerários que o IN utiliza, tanto no interior como no exterior, para concretização da sua actividade logística, que vai ser apresentado no presente capítulo.
(2) INTER-REGIÃO SUL
Existem em apoio à Inter-Região Sul duas Bases Logísticas de grande importância: Kandiafara e Boké, sendo a primeira orientada para apoio das Frentes de Buba/Quitafine, Catió, Quínara e Bafatá/Xitole e a segunda mais orientada para a Frente Bafatá/Gabu Sul, muito embora seja ponto de desembarque, passagem e controle de reabastecimentos detinados a Kandiafara e dos detinados à Inter-Região Norte. A maioria dos reabastecimentos chegados a Kandiafara, e provenientes de Conacri, são transportados em viaturas, via Boké, ou nos barcos do PAIGC directamente ou também via Boké.
Uma vez em Kandiafara, os abastecimento são armazenados nas instalações do Partido a eles destinados (5.f deste documento) até serem distribuídos pelas diferentes Frentes.
A partir de Kandiafara são os seguintes os itinerários utilizados:
- Para a fronteira
O itinerário Kandiafara-Kansambel é percorrido por viaturas para reabastecimento dos efectivos sediados na região de Kansambel/Mampatá-Bacirgo. Durante a época das chuvas fica intransitável mesmo para viaturas ligeiras visto que a enchente do rio Gudiagol impede a passagem na região entre Sintchuro e Kansambel. Quando isto sucede nem por isso o reabastecimento deixa de se fazer, sendo então o material e os víveres transportados a dorso por carregadores vindos para o efeito de Kasembel.
O itinerário Kandiafara-Bissamaia é utilizado para reabastecimento das unidades sediadas na região de Sansalé e Sector de Quitafine.
A existência e a recente ampliação de instalações do PAIGC em Bissamaia leva a concluir da existência de um complexo logístico para apoio do Quitafine, sendo o material dali trabnsportado em canoas com motor fora de bordo, sempre de noite, através do rio Baraban e rio Carach até Cambom.
Do antecedente era utilizado o porto de Kadinié (Rep Guiné) como ponto de passagem para a ilha de Canefaque, onde existia a principal “arrecadação” do Quitafine.
As limitações impostas pela Rep da Guiné à utilização desse porto pelos barcos do PAIGC vieram alterar o estado de coisas, pelo que os barcos passaram a dirigir-se, como se refreriu, a Cambom.
Como se disse, Boké é uma base logística de passagem, controle e armazenamento que, ao mesmo tempo, apoia a Frente Bafatá-Gabu Sul. Esta Frente, cujo comando se encontra na Base de Kambera, é abastecida por três itinerários que se dirigem a Nhantafará/Dalabare, Kambera e Lela/Vendu Leili, onde está referencida a presença deforças do IN.
- Para o interior
As colunas de reabastecimento para o interior, quer se destinem à Frente do Quínara ou Bafatá/Xitole, quer se destinem a Buba ou à Frente de Catió, uilizam para a infiltração de material o “corredor” de Guileje (**). A utilização deste “corredor” é feita por colunas apeadas e por viaturas, que, partindo de Kandiafara para Simbéli, seguem por TN até Porto Balana, onde o IN terá um hipotético “porto” e donde os reabastecimentos seguem por canoas através do rio Balana ou a dorso até à região de Salancaur/Unal.
No entanto, a maioria das colunas não se limitam a ir a Porto Balana aguardando a chegada do material em viaturas, indo a Simbéli a maior parte das vezes e mesmo a Kandiafara.
Pode esquematizar-e o itinerário seguido pelos reabastecimentos até à região de Salancaur/Unal do seguinte modo:
Em Salancaur/Unal as colunas irradiam para as várias Frentes conforme os itinerário que a seguir se descrevem:
- Para a Frente BAFATÁ/XITOLE
Do antecedente está recortada a linha de reabastecimento entre esta Frente e a fronteira sul, pelos seguintes itinerários:
Os carregadores que vão buscar material à fronteira são recrutados nas tabancas sob controle IN e reunidos normalmente na área de Cancodeia de onde partem. A cambança do rio Corubal é feita de acordo com o itinerário seguido. Se seguem por Portugal-Ualé, cambam na área compreendida entre
Mina e Satecutá, se seguem o itinerário Gã Gregório-Bantael Silá o rio Corubal é cambado na área entre
Fiofioli e Cancodeia Beafada.
As colunas que utilizam este último percurso logo que chegadas a Bantael Silá cambam o rio Cumbijã e seguem de canoa ou apeadas até à área de Salancaur. A partir de Salancaur tnto um como outro itinerário têm seguimento pelo “corredor” de Guilege até Simbéli, da maneira já descrita.
As colunas gastam dois dias para fazerem o percurso de dia e dois para o regresso, tendo sido referenciado o seguinte itinerário para uma coluna que utilizou o itinerário de Bantael Silá:
- Às 12h00 partida da região de Cancodeia, chegando à noite a Bantael Silá onde comeram e pernoitaram; saída de Bantael Silá no dia seguinte ao romper do dia, com chegada a Simbéli às 12H00;
- Partida de Simbéli na manhã do dia seguinte, tendo pernoitado em Bantael Silá;
- Saída de Bantael Silá na manhã seguinte, com passagem no cruzamento de Buba às 12H00 e chegada a Cancodeia ao anoitecer.
Verifica-se, assim, que as colunas para a Frente Bafatá/Xitole vão até Simbéli onde aguardam o material vindo de Kandiafara.
Após o regresso, o material é depositado na região
Mina/Fiofioli, onde existe a principal “arrecadação” da Frente.
Do antecedente está recortada a intenção do IN em abrir uma linha de reabastecimento entre esta Frente e o Boé, o que evitaria a ida das colunas à fronteira sul por um itinerário onde a acção das NT nas sua zonas fulcrais (cruzamento de Buba e Uané) se fez sentir.
Assim, em meados de Setembro de 1969 saíram do Sector 2 (hoje Frente Bafatá/Xitole) dois bigrupos a fim de irem buscar reabastecimentos ao Boé (possivelmente Tourdoutala), os quais, no regresso, accionaram armadilhas colocadas pelas NT junto do itinerário Mansambo/Xitole. O percurso efectuado por este bigrupos foi o seguinte:
-
Mina-Galo Corubal– estrada Xitole/Mansambo (a norte do rio Pulom)–Duá– Salifo–Barquege (A)–Láli Buaro (A)–Porto Djarga (onde cambaram o rio Corubal)–Madina Dongo-Tourdoutala, fazendo no regresso o itinerário inverso.
Após esta data, este itinerário, a que se chamou “corredor do Quirafo”, não voltou a ser utilizado, admitindo-se no entanto que o IN venha a procurar utilizá-lo como alternativa.
- Para a Frente do QUÍNARA
O recrutamento e reunião do pessoal é feito nas regiões de Gã Pará e Gã Formoso, após o que as colunas se dirigem ao Injassane pelo seguinte itinerário:
Gã João – Canjeque – Binhalom – Uaná Porto – Farená – Injassane
Em Injassane, as colunas escoltadas por um bigrupo deste Sector deslocam-se através do “corredor” de Missirá (já esquematizado) até à região de Sambaso, onde o bigrupo da escolta regressa ao seu Sector no dia imediato à chegada. Os caregadores dormem em Sambaso e no dia seguinte, ao romper da manhã, saem para a fronteira sem escolta, utilizando dois procedimentos:
- Se há canoas na região do Unal, seguem a via fluvial até Porto Balana e daqui, apeados, até à fronteira pelo “corredor” de Guileje;
- Se não há canoas na região do Unal, os carregadores cambam o io Lenguel para o rio Nhancobá, cambam o rio Cumbijã para Chim-Chim Dari e daqui para Simbéli, através do “corredor” de Guileje.
No regresso é utilizado o mesmo itinerário até Sambaso, local onde os carregadores dormem. Na manhã seguinte seguem para Uané, sendo escoltados no percurso Sambaso-Uané por um bigrupo do Sector de Buba. Uma vez em Uané é novamente o bigrupo de Injassane que toma à sua responsabilidade a segurança da coluna.
A partir de Injassane o itinerário para a região de Gã Formoso é inverso do que já se referiu.
Os itinerários utilizados pelas colunas de reabastecimento da Frente do Quínara podem ser esquematizados do seguinte modo:
- Para a Frente de CATIÓ
Na esquematização dos itinerários seguidos pelas colunas de reabastecimento para esta Frente há a considerar os vários sectores em que ela se divide. Assim, para o Sector de Cubisseco e o Sector de Tombali as colunas convergem em Chugué (1510 1120 E9-92) seguindo por Chacoal - Bantael Silá – Salancaur - Chinchin Dari e daqui pelo “corredor” do Guileje até Simbéli.
No regresso as colunas seguem o itinerário inverso até Chugué, donde irradiam aos seus destinos. Se a coluna se destina a Cubisseco podem ser utilizadas duas linhas de reabastecimento, a saber:
Se a coluna se destina a reabastecimento às unidades de Tombali o itinerário a partir de Chugué segue para Bária, onde se encontra o comando do Sector e possivelmente a arrecadação principal.
O aparecimento de muitas canoas na região de Chugué/Flaque Umbaná denuncia a existência de um “complexo logístico” de apoio à Frente de Catió, o qual se completa com as instalações de Salancaur. Os reabastecimento serão transportados por via fluvial desde Porto Balana, com movimentos normalmente efectuados de noite para Flaque Umbaná-Chugué.
Este itinerário por via fluvial substitui com vantagem o apeado Chugué - Bantael Silá - Chinchin Dari, já referido.
Para o Sector do Cubucaré as colunas passam por Cadique Nalú/Lauchandé - Uangané/Boche Palace - atravessam a estrada Bedanda/Mejo em Bedanda 8 I2-22 - seguem a estrada para Salancaur Cul, a qual abandonam na região do ponto de cota 27 em Bedanda 8 I1-42 - passam a sul do braço W do rio Demba Chiudo – atravessam a vau o braço Leste do mesmo rio – Salancaur – Chinchin Dari e daqui pelo “corredor” do Guileje até à fronteira.
No regresso da fronteira é normalmente feito o itinerário inverso, podendo, no entanto, também ser efectuado o percurso Simbéli – Uali Sachá – Afiá – Quebo – cambança do rio Jabel e rio Jarendioul – Ameda-Lai – Jemberém – Cadique Nalu – Calaque Balanta.
Aproveitando o “complexo logístico” montado no rio Cumbijã, já referido, as colunas para este Sector podem seguir até Salancaur e daqui, em canoas, até Porto Balana, fazendo no regresso o itinerário inverso.
- Para o Sector do Como as colunas seguem via Tobali por:
Chugué – Timbó – Cansalá – Guelache – Cachanga – Gantonaz – Tambacunda – cambança do rio Cobade em Catió 4 F1-33 – cambança do rio Como em I, Caiar 6 H2-98 – Como
ou via Cubucaré por:
Calaque Balanta – cambança do rio Cumbijã em Cacine 3 E9-14 – Camelonco – ilhéu de Caiame – Como
- Para a Frente BAFATÁ – GABU SUL (INTERIOR)
Os grupos dependentes do comando desta Frente, e que actuam no interior do TO (regulados de Bassi, Paiai e Binafa), são reabastecidos a partir de Kambera (comando da Frente) através dos seguintes itinerários:
(3) INTER REGIÃO-NORTE
Para o reabastecimento da Inter-Região Norte o PAIGC utiliza viatura que, a partir de Conakry ou Boké, seguem os seguintes itinerários:
Koundara é o complexo logístico da Inter-Região Norte, sendo a partir daí que são reabastecidas directamente todas as bases das Frentes de Bafatá/Gabu Norte e S. Domigos/Sambuiá e, indirectamente, todas as bases e acampamentos das Frentes Canchungo/Biambe e Morés/Nhacra.
Para concretização de toda a actividade logística da Inter-Região Norte no exterior do TO, são referidos os itinerários que se referem:
- Para a Frente BAFATÁ-GABU NORTE
- Para a Base de Foulamori por:
Koundara – Kifaia – Gaouai – Koumbia – Doumbiagui – Kambambolou – Kankodi – Kitiara – Foulamory
Este itinerário é o normalmente utilizado para o reabastecimento de Foulamory, muito embora esteja detectado um outro que, saindo de Koundara, segue para Sare Bodio – Sare Modi – Soutumourou (até aqui em viatura) – Koumbagni – Foulamory (este último troço apeado), cosiderando-se, contudo, de menor utilização.
- Para a região de Foulamansa/Missirá/Djalajã por:
Koundara – Sambailo – estrada central 18 – Kaorané – Foulamansa/Missirá
Este é o itinerário de abastecimento da base de Foulamansa, havendo indícios que denunciam a abertura de um itinerário que a partir de Missirá conduz à região de Djalajã (Rep Senegal), passando pela região de Niji, em Território Nacional, com o fim de mais facilmente se abastecerem as forças eventuialmente sediadas nos acampamentos de Lengael Serenaf e Banguri.
- Para a região de Suco, Sare Kanta e Sare Djanque:
Para reabastecer as unidades sediadas nestas regiões as viaturas utiizam o itinerário Koundara – Velingara – Pakourou – Kaoné (Sare Kanta). A partir daqui, e dado que a travessia do rio Geba não pode ser feita por viaturas, é necessário organizar colunas apeadas para atingir a região de Sare Djanque.
- Para a região de Sambolecunda:
É utilizado o itinerário Koundara – Linnkirinc – Velinga – Rá – Kounkané – Dabo – Kolda – Dioulacolom – Guiro Bocar – Sale – Quinhé (Sambolecunda)
Está referenciado também o uso de bicicletas para a efectivação das colunas de reabastecimentos ao longo da linha de fronteira, presumindo-se que isso aconteça devido não só ao mau estado dos itinerários durante a época das chuvas, mas também às restrições impostas ao trânsito de viaturas carregadas com material pelas Autoridades Senegalesas.
- Para a Frente S. DOMINGOS/SAMBUIÁ
[Tenho, naturalmente, procurado informar-me mais particularmente sobre a implantação do PAIGC nesta Frente S. Domingos/Sambuiá. Segundo a "História do Batalhão n.º 3846", que esteve no Norte da Guiné de 09ABR71 a 01MAR73 no Sector 06 (S. Domingos), o PAIGC tinha, al´m daquelas que eu conhecia, como SANO e SAMINE, as seguintes bases naquela zona
- Base de SIKOUM (no Senegal, longitudinalmente entre S. Domingos e Ingoré), comandada por Tenda Intabe, com um Bigrupo;
- Base de Poubosse/Campada, onde estava sediado o Corpo do Exército n.º 199-A/70, comandado por Quecuta Mané, e constituído por: 03 Bigrupos, 02 Grupos, 01 Grupo de Morteiros 82, 01 Grupo de Artilharia (canhões s/recuo), o1 Grupo Especial de Bazookas. Segundo a informação INDIO 1 C-4, esta base teria um efectivo de 450 homens. Abaixo um esquema incluído no SUPINTREP N.º 31, referindo, no entanto, o Corpo do Exército n.º 195:
Luís Cabral, cofirma, em "A Crónica da Libertação", que era o CE 199-A, comandado por "Quemo"(e não Quecuta) Mané que actuava na zona de S. Domingos/Sambuiá. Segundo ele, a bandeira deste Corpo do Exército "era toda vermelha, com uma grande estrela vermelha ao centro; ao alto do canto esquerdo tinha uma pequena bandeira do PAIGC; no canto direito, em baixo, a indicação do Corpo do Exército 199-A. Diz ele, no mesmo livro, que havia um Corpo de Comando formado para dirigir a luta no Norte, enquadrado pelos " "peitos vermelhos" (combatentes que se destacaram em acções especiais)". Seria o "Comando da Inter-Região [Norte]" referido na imagem do SUPINTREP N.º 31 (acima)? ou haveria dois Corpos do Exército, o 195 e 199-A, a actuar naquela Inter-Região?...;
- Base de M'Pack, com 01 Bigrupo e 01 Grupo de Morteiro 82;
- Base de Kassoum/Kaguit, com 01 Bigrupo, comandado por Gorgui Unfalde e depois por Malan Djata.
Diz também a História do BCAÇ 3846 que havia as seguintes "linhas de infiltração":
- PIRGUI/UERECHOLI:/Rio GUNAL/Rio PORTO MADEIRA/JOL:
- SIKOUM/SEDENGAL/APILHO/Rio CHURRO:
- BESSOLUM/Rio SAPATEIRO/MATA GAUNHA/Rio CURRO:
- BOUTOUPA/Rio CATEI./Rio POII.ÁO DE LEÁO/CAMBOIANA:
- POUBOSSE/Rio CAMPADA/Rio POll.ÀO DE LEÁO/CAMBOIANA:
- BARRACA BATATA/MAMBAIÁ/Rio JUGUL/CAMBOIANA:
- BABONDA/SUNCUTOTO/Rio BACHAMOR/CAMBOlANA;
- KAGUlT/BUNHAQUE/MATO COLAGE/CAUSSO/CAMBOlANA:.
- KASSOUM/MATO ELIA/Rio BULIGUTE/RI0 DEFENAME/RIO BOLOR/Rio CACHEU:
- KASSOUM/Rio URAMUAI/Rio DEFENAME/Rio BOLOR/Rio CACHEU;
- KASSOUM/Rio URAMUAI/Rio BULIGUTE/Rio DEFENAME/Rio BOLOR/Rio CACHEU;
- SANTIABA MANJAK/Rio COLE/Rio DEFENAME/RIO BOLOR/Rio CACHEU.
A. Marques Lopes]
O IN utiliza para movimentar as suas viaturas de reabastecimento às bases desta Frente a chamada “Estrada Grande”, isto é, a estrada que, a partir de Koundara, segue por Linnkiring – Velingará – Dabo – Kolda – Bantankoutou – Sonco – Sare Tening – Tanaf – Ierã – Samine – Ziguinchor. É pois a partir deste itinerário principal que saem ramificações que conduzem às diferentes bases. Assim,
- Para Faquina:
Kolda – Bantankoutou – Sonco – Lenquerim – Faquina
As viaturas vão apenas até Bantankoutou. Os reabastecimentos a partir daqui são transportados por carregadores que em Lenquerim cambam a bolanha de canoa para passarem à base de Faquina.
- Para Sinchã Djassi (Hermancono):
Kolda – Sare Tening – Hermacono
- Para a base de Cumbamory:
Kolda – Tanaf – Ierã – Mankolecunda – Cumbamori
- Para Dungal:
Kolda – Tanaf – Dungal
- Para Sano:
Kolda – Samine – Sano
- Para Sikoum Bafatá:
Kolda – Tanaf – Samine – Goudomp – Sekoum
O material e víveres vindos da Rep. Guiné (Koundara) passa como vimos em Dinnkiring e Kolda, locais onde é feito pelas autoridades da Rep. Senegal controle das viaturas e material transportado; a partir de Kolda o material é usualmente acompanhado por pessoal do Exército Senegalês, embora em escolta à distância.
No terminal da “Estrada Grande” encontra-se Zinguinchor, sede do comando da Inter-Região Norte, mas que no quadro da logística do PAIGC não parece desempanhar papel relevante dado que, segundo os elementos disponiveis, apenas apoiará os grupos sediados em M’Pack e Kassou.
O reabastecimento das Frentes do interior da Inter-Região Norte é feito por colunas de carregadores através dos “corredores” tradicionais de infiltração e suas variantes, sendo sempre feitos em movimentos vindos do interior, razão pela qual se descrevem estes “corredores” no sentido inverso àquele em que, até aqui, se tem descrito p fluxo dos reabastecimentos.
Estão detectados os seguintes:
“Corredor” de Sitató, com início em Faquina
“Corredor” de Sambuiá, com início em Cumbamory
“Corredor” de Lamel, com início em Sinchã Djassi
“Corredor” de Sano, com início em Sano [pelo lado Este, entre Barro e Bigene - A.Marques Lopes]
“Corredor” de Canja, com início em Pirgui [pelo lado Oeste, entre Barro e Sedengal - A- Marques Lopes]
- Para a Frente de Morés/Nhacra
Para o Sector do Morés são utilizados os “corredores” de Lamel e Sitató, podendo também com menos frequência utilizar o de Sambuiá, segundo os itinerárioa que se referem:
“Corredor” de Lamel
Morés – estrada Mansabá/Farim sensivelmente em direcção a Biribão – Biribão – cambança do rio Camjambari nas proximidades da tabanca de Béssia – Bricama – cambança do rio Jumbembem – cambança do rio Lamel – estrada Jumbembem/Farim – Fambantã, seguindo depois um carreiro até um local nas proximidades da fronteira onde a coluna aguarda a chegada do material. Este vem da arrecadação existente na base de Sinchã Djassi e é transportado até ao referido local em viaturas, sendo ali entregue às colunas que o esperam. O regresso é feito pelo itinerário inverso, tendo o percurso (ida e volta) uma duração de cerca de seis dias. Os locais de pernoita pensa-se que serão em Biribão e Fambantã.
“Corredor” de SITATÓ
O percurso utilizado pelas colunas que do Morés se dirigem a Faquina é feito pelo “corredor” de Sitató segundo o itinerário que se indica:
Morés - Madina – Biribão (onde pernoitam) – Canjambari – Sare Buco – Sumabanta – Sulccó (onde pernoitam) – Faquina
Este itinerário é utilizado na ida e no regresso e leva três a quatro dias a ser percorrido, em cada um dos sentidos.
“Corredor” de SAMBUIÁ
A possibilidade de reabastecer o Morés por colunas que através do “corredor” de Sambuiá passem ao Iado e daqui ao Morés é viável, não estando no entanto referenciada a utilização deste itinerário, a não ser na entrada de algumas personalidades.
[Disse-me o Lúcio Soares, quando estive com ele o ano passado [, 2006], que, em 1968, depois de passar o comando de Sinchã Jobel para o Gazel, e quando já era comandante da base do Morés, sofreu aí uma emboscada quando se dirigia ao Senegal - até lhe disse que, se calhar, tinha sido eu...; numa outra emboscada aí também, foi referenciado o Luís Cabral, que ia de jipe - A. Marques Lopes]
As forças do Sector de Nhacra podem ser abastecidas de Norte, através do “corredor” de Sitató até Canjambari e daqui para Gussará, Uassado até Suarecunda, onde se encontra a principal arrecadação do Sector. Não é este porém o itinerário normal para reabastecer o Sector, mas sim a partir da Inter-Região Sul.
Os carregadores, utilizando canoas, aproveitam o fim da maré vazante e a maré enchente para, a partir da foz do rio Malafo, cambar o rio Geba e entrar no curso do rio Corubal que sobem até ao Injassane, a partir donde as colunas seguem apeadas o itinerário já referido do “corredor” de Missirá.
O regresso é feito novamente em canoas, aproveitando a maré vazante que as leva até meio do curso do rio Geba e daqui, empurradas pelo iníco da enchente, até à foz do rio Malafo.
Os percursos no rio Corubal e rio Geba são feitos durante a noite, sempre condicionados às marés.
Do antecedente estavam detectados dois itinerários que, saindo de Suarecunda, faziam a ligação com o Sector de Morés, conforme o seguinte esquema:
Estes itinerários, que serviam especialmente para que os elementos IN do Morés pudessem vir ao Hospital do Sara, parece contudo que estão abandonados.
- Para a Frente CANCHUNGO/BIAMBE
O Sector do Biambe pode ser reabastecido através dos “corredores” de Canja, Sano, Sambuiá, Lamel ou mesmo Sitató, portanto por todos os “corredores” actualmente referenciados.
Se as colunas vão reabastecer-se a Faquina ou Sinchã Djassi são utilizados os “corredores” de Lamel e de Sitató, a partir de Canjambari/Biribão, locais que atingem Naga por:
Insumeté – Contuba/Muno – Iador – Cossuba – Concolim – Biambe – Queré – Namedão – Morés – Coli Sare – Madina
Se as colunas vão à base de Cumbamory é utilizado normalmente, que na ida quer no regresso, o “corredor” de Sambuiá, segundo os itinerários que se descrevem, até Samoge:
Insumeté – Concolim – Jagali – cambança do rio Cacheu em Binta G3-61 – Udasse – Simbor – Sambuiá – Samoge
Insumeté – Concolim – cambança do rio Cacheu em Binta 2 C6-89 – Simbor – Sambuiá – Samoge
Insumeté – Sibicunto – Tancroal – cambança do rio Cacheu em Binta 5 B6-86 – Buborim – Sambuiá – Samoge
Insumeté – Concolim – cambança do rio Cacheu em Binta 2 B4-94 – Malã – Bolom – Samoge
De Samoge as colunas seguem para Cumbamory onde, após recebido o abastecimento, regressam pelos itinerários inversos.
Se o reabastecimento é feito na base de Sano as colunas de carregadores utilizam em princípio, na ida e no regresso, o “corredor” de Sano por:
Insumeté – Iador – Biur – cambança do rio Cacheu em Bigene 5 I2-47 – Suar – Limane – Bucaur – Singap – Toubakouta, onde, junto duma arrecadação do Partido, recebem o material vindo de Samine.
[Samine é no Senegal, muito perto de Barro, tal como Sano, e, segundo Luís Cabral, em "Crónica da Libertação", o PAIGC tinha aí um armazém de material de guerra - A. Marques Lopes]
Pode também ser utilizada uma variante deste “corredor” por:
Saiamcuto – Barro Grande – cambança do rio Cacheu em Bigene 5 G5-32 – Biur – Iador – Insumeté, ou mesmo o “corredor” de Sambuiá, fazendo os movimentos de ida e regresso por itinerários diferentes.
Se as colunas utilizarem o “corredor” de CANJA podem seguir os itinerários:
Insumeté – Fajã – cambança do rio Cacheu em Bugem [Bigene?...] 5 E8-23 – Ponta Nova – Mansacunda – Sinchã Mamadu – Kossi
Insumeté – Fajã – cambança do rio Cacheu em Bigene 4 D3-92 – Santana – Mansacunda – Sinchã Mamadu – Kossi
Insumeté – Brufa – cambança do rio Cacheu em Bigene 1 H9.81 – Canja – Bissabur – Kossi
Insumeté – Brufa – cambança do rio Cacheu em Bigene 1 H9.81 – Canja – Bissabur – Pirgui
[Era a Titina Silá quem dirigia a Norte o Comité da Milícia Popular e que tinha como missão organizar a passagem de pessoas e mercadorias nas cambanças do rio Cacheu, segundo diz o Luís Cabral no seu livro "Crónica da Libertação". Diz aí também que ele, Luís Cabral, mais o Chico Mendes eram os responsáveis da Frente Norte - A. Marques Lopes]
- Para o Sector de CANCHUNGO
Para os reabastecimentos deste Sector está referenciada a ida de colunas de carregadores a Sinchã Djassi (Hermacono), Cumbamory e Sano, de onde trazem o material e víveres para a região de Caboiana/Churo, onde se encontra a principal arrecadação do Sector.
Os itinerários utilizados são os que já foram descritos pelo que se faz somente referência ao percurso feito até à região de Insumeté.
As colunas partem de Caboiana/Churo, seguindo por Barme, Balem, Banhida, Gaguepe, Jopá. De Jopá partem dois itinerários que, seguindo por Ponta Vicente, Bucula e Ponta Matar ou Gipo-Ponta Neaga, se reunem novamente em Ponta Ponhasse, seguindo por Santarém, Jundum, Empabá até ao Insumeté, seguindo depois os itinerários já descritos.
Eventualmente, admite-se que este Sector possa ser reabastecido pelo “corredor” de Campada por
Caboiana/Churo - cambança do rio Cacheu em Poilão de Leão - Campada – Poubosse
Este corredor, já em tempos utilizado pelo In, não está actualmente a ser usado.
[Para melhor compreensão da organização e papel dos "corredores" , mostro esta imagem abaixo que define como o PAIGC tinha distribuídas as suas Frentes de Luta. Pertence ao SUPINTREP N.º 31 (de que, com tempo, também hei-de dar conhecimento) - A. Marques Lopes]
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Notas de L.G.:
(*) Vd. último poste desta série > 16 de Setembro de 2008 >
Guiné 63/74 - P3211: PAIGC: Instrução, táctica e logística (15): Supintrep, nº 32, Junho de 1971 (XV Parte): Os Armazéns do Povo (A. Marques Lopes)(**) Vd. postes de:
16 de Março de 2008 >
Guiné 63/74 - P2650: Uma semana involvidável na pátria de Cabral: 29/2 a 7/3/2008 (Luís Graça) (6): No coração do mítico corredor de Guiledje17 de Março de 2008 >
Guine 63/74 - P2655: Uma semana inolvidável na pátria de Cabral: 29/2 a 7/3/2008 (Luís Graça) (7): No corredor de Guiledje, com o Dauda Cassamá (I)17 de Março de 2008 >
Guiné 63/74 - P2656: Uma semana inolvidável na pátria de Cabral: 29/2 a 7/3/2008 (Luís Graça) (8): No corredor de Guiledje, com Dauda Cassamá (II)