Guiné > Região de Bafatá > Setor L1 ( Bambadinca) > Xime > Cais fluvial do Xime >1970 > 2º Gr Comb da CCAÇ 12 (Bambadinca, 1969/71) > Ao centro, em segundo plano, de óculos escuros e boné azul (da FAP), o fur mil op esp Humberto Reis, cujo grupo de combate estava encarregue de escoltar o transporte de milhares de rachas de cibe, desembarcadas no cais do Xime, e destinadas ao reordenamento de Nhabijões, um dos maiores da época (iniciado com o BCAÇ 2852, 1968/70, e continuado com o BART 2917, 1970/72)...
Já não nos lembramos quantas rachas de cibe levava uma casa... Só a estrutura do telhado, com cobertura de folha de zinco, deveria levar pelo menos umas 20... Mais outro lado, para suportar o telhado ao longo do varandim a toda a volta.. O total de casas em construção era de 350, fora os equipamentos coletivos ou sociais... Na altura falava-se que cada racha de cibe ficava ao exército em 7$50 (sete pesos e meio)... Um total de 15 mil rachas de cibe, é nossa estimativa do material transportado do Xime para Nhabijões, com um custo direto de mais 100 contos. (A preços de hoje, seria qualquer coisa como 30 mil euros)... Fora as chapas de zinco, as portas e janelas, as ferragens, o cimento... O resto, a mão de obra (civil e militar), os transportes, a segurança, etc. era de borla. Tudo em nome de uma "Guiné Melhor"... Ao que consta, o sucessor de Spínola não terá tido a mesma abundância de dinheiro para continuar a fazer a "psico"...
O PAIGC não gostou da brincadeira: em 13 de janeiro de 1971, as NT acciona duas potentes minas A/C à saída do reordenamento, de que resultaram 1 morto e bastantes feridos graves... Em outubro de 1973, ela primeira vez na história da guerra, o grande reordenamento de Nhabijões, de maioria balanta, foi flagelado, ao mesmo tempo que o destacamento do Mato Cão;
Nhabijões, no subsetor de Bambadinca, era então um importante aglomerado habitado por gente com parentes no "mato", e que era tradicionalmente considerado, antes do reordenamento,. como um conjunto de núcleos habitacionais ribeirinhos "sob duplo controlo". Só a CCAÇ12 (, baseada em soldados do recrutamento), deu 1 alferes, 1 furriel e 1 cabo (metropolitanos) e 1 soldado (guineense) para integrar a equipa técnica do reordenamento de Nhabijões... E destacava periodicamente militares para a sua defesa... E os Nhabijões foram "regados com o nosso sangue"...
Estima-se que, entre 1969 e 1974, as Forças Armadas no CTIG tenham construidos 8 mil casas, no total das tabancas reordenadas... Admitindo que cada casa, com chapa de zinco, levasse pelo menos 50 rachas de cibe, temos um total de 400 mil rachas de cibe, com um custo de 3 mil contos (a preços de 1972 representariam hoje mais de 700 mil euros...). Os ministros da Defesa, do Ultramar e das Finanças tramaram a política spinolista "Por Uma Guiné Melhor"...
Quer se goste ou não, há uma Guiné antes e depois de Spínola... Quando ele chega em meados de 1968, o território tinha 60 quilómetros de estrada alcatroada... Cinco anos depois, são 550 km. No ano escolar de 1970/71, a tropa administra 127 das 298 escolas primárias do território, ou seja cerca de 43%., O resto eram as escolas oficiais , como a de Bambadinca (30%) e as escolas das Missões Católicas (27%)...
O PAIGC não gostou da brincadeira: em 13 de janeiro de 1971, as NT acciona duas potentes minas A/C à saída do reordenamento, de que resultaram 1 morto e bastantes feridos graves... Em outubro de 1973, ela primeira vez na história da guerra, o grande reordenamento de Nhabijões, de maioria balanta, foi flagelado, ao mesmo tempo que o destacamento do Mato Cão;
Nhabijões, no subsetor de Bambadinca, era então um importante aglomerado habitado por gente com parentes no "mato", e que era tradicionalmente considerado, antes do reordenamento,. como um conjunto de núcleos habitacionais ribeirinhos "sob duplo controlo". Só a CCAÇ12 (, baseada em soldados do recrutamento), deu 1 alferes, 1 furriel e 1 cabo (metropolitanos) e 1 soldado (guineense) para integrar a equipa técnica do reordenamento de Nhabijões... E destacava periodicamente militares para a sua defesa... E os Nhabijões foram "regados com o nosso sangue"...
Estima-se que, entre 1969 e 1974, as Forças Armadas no CTIG tenham construidos 8 mil casas, no total das tabancas reordenadas... Admitindo que cada casa, com chapa de zinco, levasse pelo menos 50 rachas de cibe, temos um total de 400 mil rachas de cibe, com um custo de 3 mil contos (a preços de 1972 representariam hoje mais de 700 mil euros...). Os ministros da Defesa, do Ultramar e das Finanças tramaram a política spinolista "Por Uma Guiné Melhor"...
Quer se goste ou não, há uma Guiné antes e depois de Spínola... Quando ele chega em meados de 1968, o território tinha 60 quilómetros de estrada alcatroada... Cinco anos depois, são 550 km. No ano escolar de 1970/71, a tropa administra 127 das 298 escolas primárias do território, ou seja cerca de 43%., O resto eram as escolas oficiais , como a de Bambadinca (30%) e as escolas das Missões Católicas (27%)...
Spínola deixa o território com uma criança em cada três, em idade escolar, a frequentar a escola... O despotismo iluminado de Spínola foi uma ameaça série ao PAIGC... Mas homens como Spínola ou Sarmento Rodrigues foram exceções na história da administração do império colonial português...
Guiné > Região de Tombali > Gadamael > CCAÇ 2769 (Gadamael e Quinhamel, de janeiro de 1971 a outubro de 1972) > Vista aérea de Gadamael Porto ( reordenamento, com o quartel à direita, em primeiro plano) nos finais do ano de 1971. Foto do cor art ref António Carlos Morais da Silva, e por ele gentilmente cedida ao nosso camarada Manuel Vaz (*)
Foto: © A. Marques Lopes / António Pimentel (2007). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
5. Não devendo em princípio existir um carácter de obrigatoriedade quanto à deslocação das populações das suas tabancas para um aldeamento, a não ser que o interesse comunitário superiormente o determine, há que empregar meios persuasivos quando se encontre alguma resistência. Para se criar ...[ilegível]
Esquematicamente vemos, assim:
Antes da construção:
Durante a construção:
6. A forma mais prática de se assegurar o deslocamento das populações para os reordenamentos é criar nelas a necessidade desse reordenamento. Para isso é necessário elucidá-las dos benefícios que vão auferir e garantir os seus desejos quanto a aspectos respeitantes aos seus usos e costumes. Será de toda a conveniência o conhecimento das suas motivações religiosas e étnicas.
_________
Notas do editor:
(*) Vd. poste de 22 de maio de 2012 > Guiné 63/74 - P9936: Memórias da CCAÇ 798 (Manuel Vaz) (9): Uma perspectiva a partir de Gadamael Porto - 65/67 - VII Parte - Evolução da situação militar - Anexo IV
(**) Vd. poste de 5 de novembro de 2018 > Guiné 61/74 - P19196: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (58): os reordenamentos populacionais (Francesca Vita, doutoranda em arquitetura, Faculdade de Arquitetura, Universidade do Porto)
(***) Vd. postes de:
Guiné > Região de Tombali > Gadamael > CCAÇ 2769 (Gadamael e Quinhamel, de janeiro de 1971 a outubro de 1972) > Vista aérea de Gadamael Porto ( reordenamento, com o quartel à direita, em primeiro plano) nos finais do ano de 1971. Foto do cor art ref António Carlos Morais da Silva, e por ele gentilmente cedida ao nosso camarada Manuel Vaz (*)
Foto: © Morais da Silva (2012) Todos os direitos reservados.[Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].
Guiné > Região de Tombali > Cufar > Matofarroba > Tabanca > 1973 > O alf mil inf Luís Mourato Oliveira, da CCAÇ 4740 (Cufar, 1973) (à direita do condutor) e o alf mil médico (, o condutor do jipe, e cuja identidade desconhecemos) em visita ao reordenamento feito pelas NT e pela população. Matofarroba ficava nas proximidades de Cufar, a cerca de 2/3 km.
Guiné > Região de Tombali > Cufar > Matofarroba > Tabanca > 1973 > O alf mil inf Luís Mourato Oliveira, da CCAÇ 4740 (Cufar, 1973) (à direita do condutor) e o alf mil médico (, o condutor do jipe, e cuja identidade desconhecemos) em visita ao reordenamento feito pelas NT e pela população. Matofarroba ficava nas proximidades de Cufar, a cerca de 2/3 km.
Foto: © Luís Mourato Oliveira (2016) Todos os direitos reservados.[Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].
Capa da brochura "Os reordenamentos no desenvolvimento sócio-económico das populações". Província da Guiné, Bissau: QG/CCFAG [Quartel General do Comando Chefe das Forças Armadas da Guiné]. Repartição AC/AP [, Assuntos Civis e Acção Psicológica]. s/d.
Foto: © A. Marques Lopes / António Pimentel (2007). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
1. Na sequência do poste P19196 (**), decidimos reproduzir o documento supracitado, que nos chegou, em tempos, pela mão dos nossos camaradas António Pimentel e A. Marques Lopes, e que já foi publicado, no nosso blogue em 2007 (***) , com revisão e fixação de texto do nosso coeditor Virgínio Briote.
Esta é a III (e última) Parte (****). Esperamos que o A. Marques Lopes que nos confirme:
Esta é a III (e última) Parte (****). Esperamos que o A. Marques Lopes que nos confirme:
(i) o número de páginas da brochura (em princípio, 9 páginas);
e (ii) se o texto foi publicado na íntegra na altura.
Uma ou outra palavra está ilegível. A resolução da imagem dos mapas (nºs 1 e 2) precisa de ser melhorada.
Por outro lado, estamos a pedir aos nossos leitores, amigos e camaradas da Guiné, que nos disponibilizem textos, fotografias e outros documentos sobre os reordenamentos populacionais. Tanto quanto sabemos, não há trabalhos académicos publicados sobre este tópico. Muitos de nós estiveram envolvidos, direta ou indiretamente, nos reordenamentos populacionais no TO da Guiné, nomeadamente no tempo do Com-Chefe e Governador Geral António Spínola (1968-1973).
Gostávamos de poder fazer um levantamento de todos os reordenamentos populacionais realizados ma Guiné, durante toda a guerra. E idenficar os nossos camaradas que integraram as equipas técnicas dos reordenamentos (graduados e praças) (, caso. por exemplo, do Luís R. Moreira) e que no BENG 447 planearam, coordenaram, apoiaram e/ou supervisionaram a construação de reordenamentos (caso,. pro exemplo, do Fernando Valente Magro).
Reprodução do documento [Revisão e fixação de texto: VB / LG].
IMPORTÂNCIA SOCIAL E ECONÓMICA DOS REORDENAMENTOS
Por outro lado, estamos a pedir aos nossos leitores, amigos e camaradas da Guiné, que nos disponibilizem textos, fotografias e outros documentos sobre os reordenamentos populacionais. Tanto quanto sabemos, não há trabalhos académicos publicados sobre este tópico. Muitos de nós estiveram envolvidos, direta ou indiretamente, nos reordenamentos populacionais no TO da Guiné, nomeadamente no tempo do Com-Chefe e Governador Geral António Spínola (1968-1973).
Gostávamos de poder fazer um levantamento de todos os reordenamentos populacionais realizados ma Guiné, durante toda a guerra. E idenficar os nossos camaradas que integraram as equipas técnicas dos reordenamentos (graduados e praças) (, caso. por exemplo, do Luís R. Moreira) e que no BENG 447 planearam, coordenaram, apoiaram e/ou supervisionaram a construação de reordenamentos (caso,. pro exemplo, do Fernando Valente Magro).
Reprodução do documento [Revisão e fixação de texto: VB / LG].
IMPORTÂNCIA SOCIAL E ECONÓMICA DOS REORDENAMENTOS
(pag. 6/9) (Continuação)
5. Não devendo em princípio existir um carácter de obrigatoriedade quanto à deslocação das populações das suas tabancas para um aldeamento, a não ser que o interesse comunitário superiormente o determine, há que empregar meios persuasivos quando se encontre alguma resistência. Para se criar ...[ilegível]
Esquematicamente vemos, assim:
Antes da construção:
- auscultação das populações (indirecta, directa);
- auscultação e elucidação do Chefe da Tabanca;
- auscultação e elucidação do Guarda de Irã;
- auscultação e elucidação das autoridades religiosas islâmicas.
Durante a construção:
- garantir a autoridade constituída;
- garantir, tanto quanto possível, os interesses da localização dos aglomerados correspondentes às antigas tabancas, dentro do plano urbanístico;
- respeitar os usos e costumes das populações;
- colaborar no transporte de todos os haveres das populações deslocadas;
- interessar as populações na construção das casas, escolas, postos sanitários, etc., permitindo e desenvolvendo o sentimento de posse.
6. A forma mais prática de se assegurar o deslocamento das populações para os reordenamentos é criar nelas a necessidade desse reordenamento. Para isso é necessário elucidá-las dos benefícios que vão auferir e garantir os seus desejos quanto a aspectos respeitantes aos seus usos e costumes. Será de toda a conveniência o conhecimento das suas motivações religiosas e étnicas.
Nos quadros anteriores já foi feito um esquema suficientemente desenvolvido. Em novo quadro, indicar-se-ão as principais motivações a explorar para um útil e efectivo trabalho de consciencialização das populações.
1.BENEFíCIOS SOCIAIS
2. BENEFíCIOS ECONÓMICOS
ISLAMIZADOS
Fulas
Mandingas
ANIMISTAS
Balantas
Manjacos
Brames
1.BENEFíCIOS SOCIAIS
- melhores casas;
- escolas;
- postos de socorros;
- assistência médica;
- água.
2. BENEFíCIOS ECONÓMICOS
- melhores lavras;
- celeiros colectivos;
- mercado para escoamento da produção;
- lojas.
ISLAMIZADOS
Fulas
- construção de mesquitas;
- difundir a religião;
- os régulos governarão melhor com toda a população junta;
- os fulas têm de voltar a ser senhores dos seu "chão" que o IN quer roubar;
- os antepassados foram valentes.
Mandingas
- construção de mesquitas;
- difundir a religião;
- os chefes poderão dirigir melhor;
- as novas tabancas poderão ter lojas e fazerem comércio para terem riqueza;
- os antigos foram valentes e têm de os saber imitar.
ANIMISTAS
Balantas
- terão maior protecção dos Irãs;
- o Balanta terá a liberdade na tabanca e no mato, que o IN impede;
- o Balanta vai deixar de ser escravo do IN;
- os Balantas juntos têm força para exterminar o IN;
- haverá sempre muita fartura.
Manjacos
- terão maior protecção dos Irãs;
- juntos terão muita força;
- impedirão o roubo de mulheres quando estiverem juntos;
- poderão fazer comércio;
- cada família poderá ter os seu Irã.
Brames
- terão maior protecção dos Irãs;
- o régulo governará melhor;
- vão ter mais vacas para estrumar as terras e para o choro;
- os Brames não terão necessidade de emigrar porque nada lhes faltará;
- o IN quer escravizá-los e não o poderá fazer estando todos juntos.
_________
Notas do editor:
(**) Vd. poste de 5 de novembro de 2018 > Guiné 61/74 - P19196: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (58): os reordenamentos populacionais (Francesca Vita, doutoranda em arquitetura, Faculdade de Arquitetura, Universidade do Porto)
(***) Vd. postes de:
12 de setembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2100: A Política da Guiné Melhor: os reordenamentos das populações (1) (A. Marques Lopes / António Pimentel)
16 de setembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2108: A Política da Guiné Melhor: os reordenamentos das populações (2) (A. Marques Lopes / António Pimentel)
(****) Últimos dois postes da série:
20 de novembro de 2018 > Guiiné 61/74 - P19213: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (59): os reordenamentos no desenvolvimento sócio-económico das populações, brochura da Repartição de Assuntos Civis e Ação Psicológioco [ACAP], do QG / CCFAG - Parte I
21 de novembro de 2018 > Guiné 61/74 - P19214: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (60): os reordenamentos no desenvolvimento sócio-económico das populações, brochura da Repartição de Assuntos Civis e Ação Psicológioco [ACAP], do QG / CCFAG - Parte II
16 de setembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2108: A Política da Guiné Melhor: os reordenamentos das populações (2) (A. Marques Lopes / António Pimentel)
(****) Últimos dois postes da série:
20 de novembro de 2018 > Guiiné 61/74 - P19213: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (59): os reordenamentos no desenvolvimento sócio-económico das populações, brochura da Repartição de Assuntos Civis e Ação Psicológioco [ACAP], do QG / CCFAG - Parte I
21 de novembro de 2018 > Guiné 61/74 - P19214: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (60): os reordenamentos no desenvolvimento sócio-económico das populações, brochura da Repartição de Assuntos Civis e Ação Psicológioco [ACAP], do QG / CCFAG - Parte II