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segunda-feira, 22 de maio de 2023

Guiné 61/74 - P24332: Em busca de... (320): Camaradas da CART 527 (Teixeira Pinto, Bachile, Calequisse, Cacheu, Pelundo, Jolmete e Caió, 1963/65), que se vão reunir no dia 27 (Nora do camarada Alfredo Ramos de Almeida, que lhe quer fazer uma surpresa; email: lidiamisa@gmail.com)


Crachá da CART 527 (1963/65)


Guiné > Região do Cacheu > Teixeira Pinto > Jolmete  CART 527 (1963/65) >  Três militares, sendo o da esquerda o fur mil António Medina (tem 3 dezenas de referências no nosso blogue, entrou para a Tabanca Grande em 15 de fevereitro de 2014).

Foto (e legenda): © António Medina (2014). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem de Lídia Misa (?), nora do camarada Alfredo Ramos de Almeida, ex-combatente, CART 527 (Teixeira Pinto, Bachile, Calequisse, Cacheu, Pelundo, Jolmete e Caió, 1963/65), que nos chega através do Formulário de Contacto do Blogger, com data de ontem, às 9h06: 

Boa tarde, procuro ex-militares da Companhia de Artilharia 527 nos anos 1963/65.

Sou a nora do sr. Alfredo Ramos de Almeida e queria fazer-lhe uma surpresa encontrando novos camaradas para juntar ao grupo que eles já têm.

 Se alguém puder ajudar, agradecia pois dia 27 de maio vão ter um encontro.

Cumprimentos,

P'lo Alfredo Ramos de Almeida | email: lidiamisa@gmail.com


2. Comentário do editor Luís Graça:


Obrigado, Lídia, pelo seu contacto. A melhor maneira de satisfazer o seu pedido e ajudá-la a si e ao nosso camarada Alferdo Ramos de Almeida, é mandar-nos mais informação sobre o seu sogro, acompanha de algumas fotos, digitalizadas, e com legendas: pelo menos uma atual, e duas ou très do seu tempo da vida militar.


O único representante da CCAÇ 527 que temos na Tabanca Grande é o António Medina. De seu nome completo, António Cândido da Silva Medina (fotos acima), nasceu em 26 de setembro de 1939, na ilha de Santo Antão, Cabo Verde, estudou no liceu Gil Eanes  (Mindelo) e vive desde 1980 nos EUA, em Medford, no estado de Massachusetts. Em Bissau, e até à independência, foi funcionário do BNU (Banco Nacional Ultramarino), depois de passar à disponibilidade. Tem página no Facebook (último poste: 30 de outubro de 2022). É primo do antigo comandante do PAIGC, Agnelo Dantas.

Gostaríamos que o Alfredo Ramos de Almeida se juntasse a ele e aos 875 camaradas que formam este blogue coletivo, entre vivos e mortos. Para isso precisams de fotos para os seus antigos camaradas o reconhecerem. E contactarem o nosso blogue. Não é fácil,  porque são pessoas  com mais de oitenta anos, e pouco ou nada familiarizados com a Internet. Daí a preciosa ajuda de familiares, como é o seu caso.

Escreva-nos, ainda antes do encontro anual da companhia, para um destes  endereços dos nossos editores, de preferência o meu:

(i) Luís Graça (Lourinhã) > luis.graca.prof@gmail.com

(ii) Carlos Vinhal (Leça da Palmeira / Matosinhos) > carlos.vinhal@gmail.com

(iii) Eduardo Magalhães Ribeiro (Maia) > magalhaesribeiro04@gmail.com

(iv) Jorge Araújo (Almada) : joalvesaraujo@gmail.com

(v) Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné : luisgracaecamaradasdaguine@gmail.com


Um abraço e votos de muita saúde e longa vida para o nosso camarada Almeida,

3. Ficha de unidade >  Companhia de Artilharia nº 527

Identificação: CArt 527
Unidade Mob: RAL 1 - Lisboa
Crndt: Cap Mil Art António Maria de Amorim Pessoa Varela Pinto | Cap Art Domingos Amaral Barreiros

Divisa: -
Partida: Embarque em 27Mai63; desembarque em 04Jun63 | Regresso: Embarque em 29Abr65

Síntese da Actividade Operacional

Em 25Jun63, seguiu para Teixeira Pinto, a fim de reforçar o BCaç 239 e depois o BCaç 507, com vista à realização de operações de patrulhamento e batida na região de Binar.

Em 08Ag063, substituindo a CCaç 154, assumiu a responsabilidade do subsector de Teixeira Pinto e destacamento de Cacheu, ficando então integrada no dispositivo e manobra do BCaç 507 e tendo ainda empenhado efectivos em diversas operações realizadas na região do Jol e Pelundo, entre outras; por períodos variáveis, destacou, ainda, efectivos para reforço das guarnições locais de Calequisse, Caió e Bachile.

Em 28Abr65, foi rendida no subsector de Teixeira Pinto pela CCav 789 e recolheu a Bissau para embarque de regresso.

Observações - Não tem História da Unidade.

Fonte: Excertos de Portugal. Estado-Maior do Exército. Comissão para o Estudo das Campanhas de África, 1961-1974 [CECA] - Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974). 7.º volume: Fichas das Unidades. Tomo II: Guiné. Lisboa: 2002, pág. 439.

sexta-feira, 19 de maio de 2023

Guiné 61/74 - P24326: Imagens das nossas vidas: CART 3494 (1971/74) (Jorge Araújo / Luciano Jesus) - Parte II: De Bolama ao cais do Xime em LDG


Vista aérea da geografia do Xime e do perímetro do aquartelamento a vermelho


“O Xime, em cinemascope, do meu tempo” – António Vaz (1936-2015), Cmdt da CART 1746 (1968/69) – In: P9741, de 13.Abr.2012, com a devida vénia.



BART 2917 (Bambnadina, 25.05.1970-27.03.1972)          


BART 3873 (Bambadinca, 29.12.1971-04.04.1974)



IMAGENS DAS NOSSAS VIDAS: CART 3494 (1971-1974) - Parte II:  DE BOLAMA AO CAIS DO XIME EM LDG

Continuação do Poste 24191(03.04.2023) (*)


1. – INTRODUÇÃO

Do álbum do nosso camarada Luciano de Jesus, que foi organizando ao longo dos mais de vinte e sete meses de permanência no CTIG, e que, generosamente, fez questão de me oferecer uma cópia para partilha no Blogue, seleccionámos mais uma dezena de imagens para enquadrar a narrativa desta parte dois.

Enquanto a Parte I (*)  percorre o itinerário náutico desde Lisboa a Bissau e, depois, a estadia na Ilha de Bolama, para, no CIM se concluir o processo de instrução global para a “guerra de guerrilha”, denominado de IAO,  esta Parte II corresponde ao itinerário efectuado a bordo de uma LDG, em 27 de Janeiro de 1972, 5.ª feira, desde Bolama até ao Xime, local reservado à CART 3494 para cumprir a sua missão operacional.

Para além do contingente da CART 3494 participaram também, nesta viagem de “cruzeiro no Geba”, as restantes unidades do BART 3873, comandado pelo Cor Art António Tiago Martins (1919-1992), cuja CCS e Comando tinham como destino Bambadinca (a sede), a CART 3492, o Xitole, e a CART 3493, Mansambo.

Recordamos que a Unidade Mobilizadora do contingente do BART 3873 foi o Regimento de Artilharia Pesada n.º 2 (RAP 2) da Serra do Pilar, em Vila Nova de Gaia, com o objectivo de render na, então, Província da Guiné, o BART 2917 e as subunidades: CART 2714, CART 2715 e CART 2716, aquarteladas em Mansambo, no Xime e no Xitole, respectivamente, também elas formadas na mesma U. M., por estar a atingir o termo da sua comissão de serviço.

A publicação da mobilização do BART 3873 foi publicada em 04 de Novembro de 1971, através da Nota Circular n.º 4496/PM – Processo 18/3873 da 1.ª Repartição do Estado Maior do Exército.


2. – FOTOGALERIA

Foto 1 > 27Jan72 > O contingente do BART 3873 no interior da LDG a caminho do cais do Xime

Foto 2 > 27Jan72 > Vista da margem direita do Geba (território do Enxalé)

Foto 3 > Aproximação de LDG ao cais do Xime (margem esquerda do Geba)

Foto 4 > LDG 104 no cais do Xime (margem esquerda do Geba)

Foto 5 > Desembarque de “piras” no cais do Xime

Foto 6 > Panorâmica do cais do Xime (vista do quartel)

Foto 7 > Recepção a um contingente de “piras” no cais do Xime

Foto 8 > Recepção a um contingente de “piras” no cais do Xime

Foto 9 > Recepção a um contingente de “piras” no cais do Xime 

Fotos (e legendas): © Luciano Jesus (2023). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

Continua… 

Terminamos,  agradecendo a atenção dispensada.

Com um forte abraço de amizade e votos de muita Saúde.

Jorge Araújo e Luciano de Jesus

19ABR2023
___________

Nota do editor:

(*) Vd. poste de 3 de abril de 2023 > Guiné 61/74 - P24191 Imgens das nossas vidas: CART 3494 (1971/74) (Jorge Araújo / Luciano Jesus) - Parte I: De Lisboa a Bolama

sábado, 13 de maio de 2023

Guiné 61/74 - P24312: Os nossos seres, saberes e lazeres (572): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (102): Com sangue d’África, com ossos d’Europa (1) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 11 de Abril de 2023:

Queridos amigos,
Um dos papéis que levei na bagagem para esta viagem eram memórias de António Pusich, nascido em Ragusa (Dubrovnik), estudou em Itália e aí se relacionou com o Conde de Linhares, ministro de Portugal em Turim, assim chegou a Portugal, em 1801 era Intendente da Marinha das ilhas de Cabo Verde. Sobre a ilha de S. Vicente escreveu, ainda antes desse período áureo de Mindelo transformado num poderosíssimo entreposto onde abundava o carvão para as viagens transoceânicas: "Não é muito alta esta ilha e o seu terreno em geral é seco e pouco apto à cultura do milho e outros frutos; mui próprio, porém, para o algodão e criação de gado, pois produz imenso e bom pasto e muita urzela e lenha de tarrafe. O seu clima é mui temperado e saudável. Tem uma paróquia com 80 habitantes, resto de muitos que se mandaram a povoar esta ilha, mas que sucessivamente foram emigrando, por lhe faltarem aquelas benéficas e úteis providências e socorros que o soberano mandou se lhe dessem." Mal sabia Pusich que este porto instalado numa das mais graciosas baías que há em África iria ter uma importância singular a meio do século XIX, importância que perdeu com o desenvolvimento de Dacar. Aqui aportei em 1970, assombrou-me, nas escassas horas que ali estive, o processo de aculturação, vinha do continente, não só da guerra, mas de uma África multiétnica em que a identidade portuguesa estava colada a cuspo. E aqui era tudo diferente. E posso dizer, mais de meio século depois, que tudo continua diferente, sempre euroafricano.

Um abraço do
Mário



Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (102):
Com sangue d’África, com ossos d’Europa (1)


Mário Beja Santos

O título destes comentários de viagem foi extorquido a um poema de Corsino Fortes, livro "Pão & Fonema", de 1980, achei-o apropriado face ao fenómeno de transculturação que é Cabo Verde, como diria também Jorge Barbosa, “uma encruzilhada de duas sensibilidades”.

Há décadas que suspirava por vir até aqui. Em agosto de 1970, o navio Carvalho Araújo saiu de Bissau e aportou primeiramente junto ao Sal, seguimos para Mindelo, o comandante deu-nos rédea solta durante umas tantas horas, toca de desembarcar e bisbilhotar o possível, impunha-se comer lagosta e tentar dar uma volta à ilha. Logo no desembarque algo me surpreendeu, a amplitude da baía, rodeada de montanhas, sentia-se a estrutura vulcânica e a aridez de perto e à distância, e seguiu-se a surpresa daquele bonito casario, parecia que tinha havido vontade para ali implantar uma capital, ficámos embasbacados com a dimensão dos Paços do Concelho e, mais adiante, numa rua chamada de Lisboa, o Palácio do Governador. Enfiámo-nos pelas ruas, com aquela sensação de um plano ortogonal, como comprovadamente existia. E assim se chegou a uma praça com um belo coreto, surpreendeu-me um Luís de Camões junto de um quiosque, houve então quem reclamasse que queria comer lagosta, mais tarde alugou-se um táxi e deu-se um belo passeio. À chegada a Mindelo, comprei bilhetes-postais, o reservado para a minha mãe era aquela praça com coreto, texto rápido a informar que só faltava Ponta Delgada para chegar a Lisboa, mas aquela Mindelo, como ela podia ver, era uma pitoresca povoação portuguesa.

A viagem que me traz a Cabo Verde começa no Mindelo, procurarei refazer a viagem de táxi, desta vez em transportes coletivos, já deu para sentir que a cidade demograficamente explodiu e o turismo é imenso. Falta um pormenor, a memória reteve a outa ilha em frente, também naquela perspetiva me parecia árida, a quem fiz perguntas a resposta era sempre a mesma, quando chegar ao porto de Santo Antão tem uns bons quilómetros de muita secura, mas prepare-se para o deslumbramento das culturas, a imponência da montanha, a graciosidade dos vales, as casas encavalitadas, o cheiro do trapiche.

Pois bem, primeiro S. Vicente, depois Santo Antão, começando na Ribeira Grande, e regressar a S. Vicente, Cabo Verde é para degustar, nunca apreciei aquelas excursões da Rodarte, uma empresa de camionagem que organizava viagens a sete países em dois dias. Já arrumei a bagagem, troquei euros por escudos, parei em frente da Cesária Évora, trouxe um livro dos anos 1980 que mostra a Mindelo do passado, pergunto pelo coreto, há vários, respondem, dois na Praça Estrela, têm um muito bonito na Praça Nova, esse é seguramente do seu tempo. E era. Mirei-o cuidadosamente de dia e voltei à noite, uma noitinha calma e com brisa, a banda afadigava-se entre rumbas, música cubana e koladeras.

Leitura que recomendo a quem visitar o Mindelo, com a independência mudaram-se muitos nomes, só que a identidade cabo-verdiana pulsou mais forte, Mindelo desabrochou e foi pujante em meados do século XIX, tem as suas marcas com que se identifica. Este livro é um guia que ajuda a revelar o gosto pela preservação do património, e não posso esconder que me sentia feliz neste lugar euro-africano onde a herança portuguesa é um elemento genético do cabo-verdiano.
Maestro e a sua equipa, metais vibrantes, a assistência atenta e aplaudindo no fim das peças. Escuso dizer que o gosto pela música, de a praticar, faz parte da essência cabo-verdiana, todos os sons são admissíveis entre a apoteose e a melancolia, extremos sentimentais que pautam a alma deste povo.
Fotografei Sá da Bandeira de dia e de noite, preferi esta imagem do político que aboliu a escravatura, que se destacou pela bravura, o fundador da Academia Militar, e dá prazer ver o modesto monumento tão bem tratado neste jardim que é sempre encantador, seja qual for a hora do dia.
E é mesmo à hora do dia que retenho a imagem deste busto de Camões, a terra é de poetas e de prosadores admiráveis, trouxe na bagagem o Germano Almeida, o seu indispensável O Testamento do Sr. Napumoceno da Silva Araújo, totalmente compreensível que este património cultural é inapagável neste lugar ímpar a centenas de quilómetros da costa ocidental africana.
Esta moradia fazia parte do bilhete-postal, tudo à volta mudou, fiquei estarrecido com este azul, já cá estava há meio século, estou certo e seguro.
Quando se está na Praça Nova há um colorido luminescente de que não nos podemos desapegar, avança-se, entra-se no Centro de Arte e Design, primeiro há uma moradia de um senador da I República que foi intransigente defensor da autonomia cabo-verdiana, é memória de culto, e depois temos este engenho, um espaço expositivo e de ateliês em que a frontaria é uma agregação de tampas de bidons com que tudo chega a Cabo Verde, é um empolgante hino à cor, parece-me um talentoso ready-made, uma esplendorosa arte funcional, procurei dois ângulos para que o leitor se aperceba deste achado de harmonia que abre portas ao engenho de tecelões, tapeceiros, designers que potenciam todos os recursos da sua terra, como vamos ver.
António Carreira dedicou um livro à panaria cabo-verdiana e guineense, salientou as afinidades, são indiscutíveis. Na Guiné, embeicei-me pelos panos manjacos e tive a felicidade de ver teares manuais em plena laboração. A diferença está na matéria-prima. Na loja tomei o peso a estes panos e são de uma grande leveza, são feitos de algodão, matéria-prima cabo-verdiana. Na Guiné usam-se linhas, tornam as bandas mais pesadas. Lembro-me da panaria existente no antigo Museu da Guiné, na então Praça do Império, tudo desapareceu, são peças muito disputadas, desde que bem conservadas, duram uma vida. E gostei da tapeçaria local, daqui segui para uma área expositiva do que o centro produz, e reconheço que é de indiscutível valor.
Senti-me feliz por ver o desvelo com que se recupera e valida o trabalho dos artífices. Agora vou percorrer Mindelo na avenida que contorna o porto. As surpresas sucedem-se e os encadeamentos ditados pelos escaninhos da memória dão-me um enorme regozijo. Limito-me hoje a um simples exemplo.
Tenho por detrás uma réplica da Torre de Belém, foi edifício da capitania do porto, é hoje Museu do Mar, iremos falar deles. Nesta esquina que emana um fedor a peixe, com rua que irá desaguar na Praça Estrela, olhei ao alto para um esmalte que provavelmente tem cerca de 100 anos e fico a saber que a então avenida principal de Mindelo saudava a República. E deu-me para recordar o meu passeio a Bolama, em 1991, ia à procura da tipografia, um património museológico de grande valor, e lá estava o nome das ruas: Teófilo Braga, Manuel de Arriaga, muito provavelmente essas mesmas peças esmaltadas escaparam ao furor de erradicar a presença portuguesa, de que hoje os guineenses se queixam, nenhum povo subsiste sem memória. E aqui fico a contemplar um resquício do passado. Estou a sentir-me muito bem no Mindelo e feliz por partilhar convosco estas andanças da mais estranha das Áfricas e da mais improvável das Europas.

(continua)

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Nota do editor

Último poste da série de 6 DE MAIO DE 2023 > Guiné 61/74 - P24292: Os nossos seres, saberes e lazeres (571): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (101): Veloso Salgado no MNAC – Museu do Chiado: O maravilhamento de obras desconhecidas de amigos franceses (3) (Mário Beja Santos)

sexta-feira, 5 de maio de 2023

Guiné 61/74 - P24285: O que é feito de ti, camarada ? (18): António Lalande Jorge, ex-fur mil mec auto, CCAÇ 12 (Bambadinca e Xime, março de 1972 / abril de 1974)


Guiné > Zona Leste > Região de Bafatã > Sector L1 > Bambadinca > 1971 > Capa da brochura com a história da CCAÇ 12, desenhada pelo fur mil at inf António Levezinho. (A história da unidade, redigida pelo nosso editor Luís Graça, vai do início da formação da CCAÇ 2590/CCAÇ 12, até fevereiro de 1971; infelizzmwnte falta o resto da história,  até  à  data da extinção, agosto dev1974. )

O Sector L1 tinha sede em Bambadinca. Havia ainda mais três subsectores: Xime, Mansambo e Xitole. A oeste e a sul, o Sector L1 era delimitado pela margem direita do rio Corubal, e a norte pelo rio Geba Estreito, se bem que os regulados do Enxalé e do Cuor, na margem direita  do Geba ainda fizessem parte do sector. 

O porto fluvial do Xime e a estrada Xime - Bambinca passaram a ser, sobretudo a partir de 1969, a principal via de entrada na Zona Leste (região de Bafatá e região de Gabu). Bambadinca (em mandinga, a "cova do lagarto") era posto administrativo (pertencente à circunscrição / concelho de Bafatá). Em 1969 estava ligada a Bafatá (30 km) por estrada asfaltada. Do porto fluvial do Xime a Bambadinca era uma dúzia de quilómetros. Havia um reordenamento (Bambadincazinho, a oeste do quartel e posto administrativo) e uma tabanca (a norte e a leste). A povoação tinha escola, posto dos CTT, capela, posto sanitário, missão do sono (desativada), dois ou três estabelecimentos comercais, uma missão católica... Nunca foi atacada ou flagelada no nosso tempo (CCAÇ 12, julho de 1969/março de 1971). Tinha cerca de 400 homens em armas (além da CCAÇ 12, 170 militares, tinha uma CCS, um Pel Rec Daimler, um Pel Mort, um Pel Caç Nat e um PINT, Pelotão de Intendência, fora do quartel, no porto fluvial). Bambadinca tem mais de 670 referências no nosso blogue.


Infografia. Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2005)


1. Esta é mais uma tentativa, da nossa parte, para localizar o António Lalande Jorge, ex-fur mil mec auto, CCAÇ 12 (Bambadinca e Xime, março de 1972 / abril de 1974).  Deixou aqui, no nosso blogue, um único comentário, no poste P8302 (*), que depois transformámos em poste, o P21641 (**).


Para além de uma curta nota curricular da sua passagem pela CCAÇ 12, em rendição individual, entre março de 1972 e abril de 1974, e de nos ter participado a morte do ex-fur mil SAM Victor Alves (1949-2016), o António Lalande Jorge mostrou interesse em continuar a acompanhar o nosso blogue (e até voltar a escrever nele), embora reconhecendo as suas limitações comunicacionais:

(...) Nunca escrevi nada no blogue porque nunca fui "expert" em computadores e é para mim muito difícil dominar estas tecnologias , no entanto sempre acompanhei lendo todos os comentários que por aqui foram passando.

(...) Tenho algumas histórias curiosas que poderei divulgar num momento de inspiração.

Já agora não sei se será o local mais apropriado para estar a fazer este comentário mas peço desculpa pela minha ignorância. (...)

António Lalande | 4 de agosto de 2016 às 23:49


2. Na altura, escrevemos: 

(...) Jorge, foi pena não teres deixado um contacto (...) (endereço de email, telemóvel ou telefone...). Nem sequer sei onde vives. Gostaria muito de saber mais coisas sobre a "nossa" CCAÇ 12 do teu tempo. E, naturalmente, conhecer-te, em carne e osso, se houver oportunidade para tal.

Ficas, desde já, convidado (...) para te juntares à nossa Tabanca Grande (...). Dá notícias. (...) 

Reiteramos o nosso convite (***). Temos aqui mais de 450 referências à CCAÇ 12. Parece que o António Lalande Jorge não tem página no Facebook, contrariamente a muitos antigos combatentes. Deixamos-lhe aqui os nosso contactos, que de resto figuram ao alto da coluna esquerda do blogue:

(i) Luís Graça (Lourinhã):

luis.graca.prof@gmail.com

(ii) Carlos Vinhal (Leça da Palmeira / Matosinhos):

carlos.vinhal@gmail.com

(iii) Eduardo Magalhães Ribeiro (Maia):

magalhaesribeiro04@gmail.com

(iv) Jorge Araújo (Almada):

joalvesaraujo@gmail.com

(v) Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné

luisgracaecamaradasdaguine@gmail.com
 
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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 20 de maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8302: Os nossos camaradas guineenses (31): O José Carlos Suleimane Baldé, ex-1º Cabo At Inf, CCAÇ 12 (1969/74), está em Portugal até 3 de Junho, e quer estar connosco! (Odete Cardoso / Luís Graça)

(**) Vd. poste de 13 de dezembro de 2020 > Guiné 61/74 - P21641: Casos: a verdade sobre... (18): Os "momentos dramáticos" vividos pela CCAÇ 12, em março de 1973, obrigada a render no Xime a CART 3494 [António Lalande Jorge, ex-fur mil mecânico auto, CCAÇ 12 (Bambadinca e Xime, março de 1972 / abril de 1974)]

quinta-feira, 4 de maio de 2023

Guiné 61/74 - P24282: Agenda cultural (833): Apresentação do livro "João Cardoso de Oliveira - homem e sacerdote", da autoria do nosso camarada António Mário Leitão, a levar a efeito no próximo dia 6 de Maio de 2023, pelas 16h30, na Igreja Matriz de Ponte de Lima

1. Em mensagem do dia 3 de Maio de 2023, o nosso camarada António Mário Leitão, (ex-Fur Mil na Farmácia Militar de Luanda, Delegação n.º 11 do Laboratório Militar de Produtos Químicos e Farmacêuticos (LMPQF), 1971 a 1973), enviou-nos o convite para o lançamento do seu livro "João Cardoso de Oliveira - homem e sacerdote", a levar a efeito no próximo dia 6 de Maio, pelas 16h30, na Igreja Matriz de Ponte de Lima:


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Nota do editor

Último poste da série de 26 DE ABRIL DE 2023 > Guiné 61/74 - P24254: Agenda cultural (832): livro «50 Anos (1975-2025) de factos e feitos da História do CCRAM - primeira década: 1975/1985»; convite para a sessão de lançamento, Corroios, Seixal, dia 29, sábado, às 15h30 (Jorge Araújo)

quarta-feira, 26 de abril de 2023

Guiné 61/74 - P24254: Agenda cultural (832): livro «50 Anos (1975-2025) de factos e feitos da História do CCRAM - primeira década: 1975/1985»; convite para a sessão de lançamento, Corroios, Seixal, dia 29, sábado, às 15h30 (Jorge Araújo)



Convite do autor, Jorge Alves Araújo, e da direção do Centro Cultural e Recreativo do Alto do Moinho, Corroios, Seixal.


1. Mensagem do nosso camarada e amigo, coeditor do nosso Blogue, Jorge Araújo, que chegou há pouco tempo de Abu Dhabi, EAU; ex-Fur Mil Op Esp/Ranger, CART 3494 (Xime e Mansambo, 1972/1974), é professor do ensino superior, ainda no ativo, tendo cerca de  330 referências no nosso blogue.

Data - 16/04/2023, 12:22

Assunto - Lançamento de livro

Caro Camarada Luís Graça,


Bom dia.

Segundo julgo saber, já regressaste à (tua) metrópole, depois das diferentes "missões" em Candoz. Mas, o mais importante é a tua saúde. Espero e desejo que continues a registar boas melhoras.

No seguimento do nosso último contacto, fiquei de te enviar alguns apontamentos sobre o lançamento do livro «50 ANOS (1975-2025) de factos e feitos da História do CCRAM - primeira década: 1975/1985», clube que ajudei a nascer, a crescer e a desenvolver-se e, agora, autor do 1.º de cinco volumes, um por cada década.

Esta sessão, conforme consta no CONVITE em anexo, terá lugar no próximo dia 29 de Abril de 2023, sábado, com início pelas 15h30.

Trata-se de uma Obra historiográfica importante para todos os membros deste Clube - e do movimento desportivo e associativo da região - em particular para as gerações mais jovens e uma justa homenagem aos que se esforçaram na constituição e construção desta Colectividade, a caminho do seu Cinquentenário.

Segue em anexo o Convite. 

Obrigado.
Um abraço.
Jorge Araújo. 
___________

Nota do editor:

Último poste da série > 12 de março de 2023 > Guiné 61/74 - P24139: Agenda cultural (831): Lançamento, em Abril, do livro "Rumo à Revolução - Os Meses Finais do Estado Novo", por José Matos em coautoria com a jornalista Zélia Oliveira (José Matos)

segunda-feira, 3 de abril de 2023

Guiné 61/74 - P24191 Imgens das nossas vidas: CART 3494 (1971/74) (Jorge Araújo / Luciano Jesus) - Parte I: De Lisboa a Bolama


Foto 3 >  Porto-cais de Bissau, visto cais do Pidjiguiti; ali nos esperava uma LDG para nos transportar 
até ao CIM (Centro de Instrução Militar) em Bolama, para a conclusão da última parte da instrução geral. [Foto do álbum do Luciano de Jesus, fur mil da CART 3494].

Foto (e legendas): © Luciano Jesus (2023). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

O que resta do Palácio do Governador e da Câmara Municipal de Bolama (in: https://www.almadeviajante.com/visitar-bolama-guine-bissau/ - Blog de Viagens de Filipe Morato Gomes, com a devida vénia.


IMAGENS DAS NOSSAS VIDAS: CART 3494 (1971-1974) - Parte I: De Lisboa a Bolama 
 


1. – INTRODUÇÃO

Passam hoje quarenta e nove anos – 1974.04.03/2023.04.03 – que a Companhia deArtilharia 3494, do Batalhão de Artilharia 3873, completou a sua missão militar em território da, então, Província Ultramarina da Guiné, regressando de Bissau a Lisboa, ao Aeroporto de Figo Maduro, em avião dos TAM.

O recordar esta efeméride, nos termos em que o estamos a fazer, aqui e agora, foi uma incrível coincidência, e resulta de um acto de grande generosidade do nosso camarada Luciano de Jesus, pois, ao tomar a iniciativa de me oferecer uma cópia do seu álbum de imagens que foi construindo ao longo dos mais de vinte e sete meses de permanência no CTIG, concedeu-me a premissa de escolher o tempo e o espaço de o partilhar para memória futura.

Considerando que a grande maioria das suas fotos ainda não foram editadas, e são algumas dezenas, ficou acordado entre nós que as mesmas seriam organizadas segundo uma cronologia de eventos e de factos observados nos diferentes contextos que constituem o portefólio operacional da sua missão como miliciano.

Uma vez que tenho, também, algumas fotos ainda não editadas, e porque os itinerários e contextos foram, a maioria, comuns, as “imagens são das nossas vidas”, título dado a esta série.

Esta PARTE I percorre o itinerário náutico desde Lisboa a Bissau e, depois, a estadia na Ilha de Bolama, no C.I.M (Centro de Inmstruçáo Militar=)  para conclusão do processo de instrução global para a “guerra de guerrilha”, denominado de I.A.O. (Instrução de Aperfeiçoamento Operacionla).

Recordamos, neste âmbito, que a Companhia de Artilharia 3494 [CART 3494], a terceira Unidade de Quadrícula do Batalhão de Artilharia 3873 [BART 3873], do TCor António Tiago Martins [1919-1992], foi mobilizada pelo Regimento de Artilharia Pesada [RAP 2], da Serra do Pilar, em Vila Nova de Gaia, tendo embarcado em Lisboa, no Cais da Rocha, a 22 de Dezembro de 1971, 4.ª feira, a bordo do N/M «NIASSA», rumo ao TO do Comando Territorial Independente da Guiné [CTIG], numa altura em que o conflito armado contabilizava nove anos (Foto 1).




Foto 1  > Rio Tejo > Cais da Rocha > Lisboa >  22 de Dezembro de 1971 > N/M«NIASSA». Mais um contingente de cerca de mil e quinhentos jovens milicianos rumo ao TO do CTIG. [Foto do álbum do António Bonito, fur mil da CART 3494].


A chegada do contingente metropolitano a Bissau, onde ficou fundeado em frente ao Cais do Pidjiguiti, ocorreu a 29 de Dezembro, 4.ª feira, tendo este sido transferido para uma LDG (Lancha de Desembarque Grande) que o transportou até Bolama, com o propósito de concluir, no C.I.M. (Centro de Instrução Militar), a instrução geral com a realização do I.A.O. (Instrução de Aperfeiçoamento Operacional), a qual decorreu até 27 de Janeiro de 1972, 5.ª feira (foto 2).

Segundo consta na História do Unidade [BART 3873], “os resultados obtidos na instrução geral e I.A.O. foram animadores. O esforço do Comando e instrutores visou não apenas consciencializar o Soldado do tipo «sui generis» de luta a enfrentar, como também ministrar-lhe o adequado endurecimento físico e destreza operacional, de maneira a evitar surpresas fatais no teatro da guerra.

Ensinou-se, exemplificou-se e corrigiu-se: são as três palavras sintetizadoras daactividade preparatória” (op. cit. p 4).

Após a conclusão deste período final de instrução, o Contingente foi conduzido, de novo em LDG, até ao Xime, localidade onde aportou a 28 de Janeiro de 1972, 6.ª feira, tendo ali ficado instalada a CART 3494, e as restantes Companhias seguido, em coluna-auto, para os Aquartelamentos que lhes estavam destinados, isto é: Companhia de Comando e Serviços (CCS), em Bambadinca; CART 3492, no Xitole, e CART 3493, em Mansambo (op. cit. p 20).


Foto 2 > Bissau >  29 de Dezembro de 1971 >  O N/M «NIASSA» fundeado em frente ao 
Cais do Pidjiguiti, seguido do desembarque do contingente metropolitano da foto 1. Foto do álbum do António Bonito, fur mil da CART 3494].

Fotos (e legendas): © António Bonito (2023). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Foto 3A >  Porto-cais de Bissau, visto cais do Pidjiguiti; ali nos esperava uma LDG para nos transportar 
até ao CIM (Centro de Instrução Militar) em Bolama, para a conclusão da última parte da instrução geral.


Foto 4 >  Bolama >  Jan 1972 > Da esquerda para a direita: os furriéis milicianos da CART 3494, Abílio Oliveira (Alimentação); José Peixoto (Artilharia); Luciano de Jesus (Art); Carvalhido da Ponte (Enfermeiro) e Luís Domingues (Transmissões).

Os intervalos da citada instrução permitiram, ainda, registar alguns momentos dedescontração, como comprovam as imagens abaixo, do álbum do camarada Luciano de Jesus ainda não editadas, e que fazem parte das nossas vidas na Guiné (1971-1974).


Foto 5 >  Bolama > Jan 1972 >  Da esquerda para a direita;  o fur mil  Sousa Pinto [1950-2012]; o alf mil op esp Manuel Carneiro; o fur mil art  Luciano de Jesus e o fur mil enf  Carvalhido da Ponte, todos da CART 3494.


Foto 6 >  Bolama >  Jan 1972 >  Da esquerda para a direita: o fur mil inf Sousa Pinto [1950-2012]; o alf mil op esp Manuel Carneiro; o fur mil enf Carvalhido da Ponte e o fur mil art  Luciano de Jesus, todos da CART 3494.


Foto 7 > Bolama > Jan 1972 >  Da esquerda para a direita: o fur art  Luciano de Jesus; o fur mil enf  
Carvalhido da Ponte; o fur art José Peixoto e o alf mil op espe Manuel Carneiro, todos da CART 3494.


Foto 8 >  Bolama > Jan 1972 >; O camarada Luciano de Jesus a fazer contas à vida e ao calendário… faltavam, ainda, mais vinte e sete meses para o regresso…
 

Foto 9 > 28Jan’1972 >  Algures no Rio Geba a caminho do Xime. Os camaradas Luciano de Jesus e Luís Domingues a bordo de uma LDG….

Fotos (e legendas): © Luciano Jesus (2023). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Continua…

Terminamos agradecendo a atenção dispensada.

Com um forte abraço de amizade e votos de muita Saúde.

Jorge Araújo e Luciano de Jesus

03ABR2023