Guiné > Região de Tombali >
Catió > CCS do BART 1913 (Catió 1967/69).
Álbum fotográfico de Vitor Condeço > Catió - Quartel > Foto 04 > "Foto tirada de cima do depósito da água do quartel [Julho de 1967]. Vista parcial da parte nova do quartel. A parada com o cepo (raiz) do Poilão, à esquerda as casernas nº 1 e nº 2, ao centro o edifício do comando, por detrás deste as camaratas de sargentos e depois destas as novas messes ainda em construção, tal como a camarata de oficiais à direita. O telhado vermelho era a messe e bar de sargentos".
Guiné > Região de Tombali >
Catió > CCS do BART 1913 (Catió 1967/69).
Álbum fotográfico de Vitor Condeço > Catió - Quartel > Foto 03 > "Foto tirada de cima do depósito da água do quartel [Julho de 1967]. Vista parcial da zona antiga do quartel, o primeiro edifício eram quartos, o do meio era o dos quartos do 7,5 e ao fundo a Central Eléctrica Geradora Civil do lado de lá da rua das Palmeiras que ligava à estrada de Priame. Era também a zona da capela/escola, posto de socorros/enfermaria, arrecadação de material de guerra, arrecadação de material de sapadores, oficina de rádio, etc".
Guiné > Região de Tombali >
Catió > CCS do BART 1913 (Catió 1967/69)> Álbum fotográfico de Vitor Condeço > Catió - Vila > Foto 50 > "Lagoa com nenúfares à esquerda na estrada de Catió/Priame".
Guiné > Região de Tombali >
Catió > CCS do BART 1913 (Catió 1967/69) > Álbum fotográfico de Vitor Condeço > Catió - Vila > Foto 49 > "Os poilões na tabanca de Sua".
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Catió > CCS do BART 1913 (Catió 1967/69) > Foto 36 > "Militares [?] na esplanada do Bar Catió, em fundo a casa do Sr. José Saad e as lojas deste".
Fotos: ©
Vítor Condeço (2007). Direitos reservados.
Magníficas fotos e legendas de
Vítor Condeço (ex- Fur Mil Mecânico de Armamento Victor Condeço, CCS do BART 1913, Catió 1967/69) (1). Vive actualmente no Entroncamento. E mandou-me um CD com uma selecção de fotos digitalizadas, com a seguinte nota de apreço e camaradagem que muito agradeço, em nome de todos nõs, amigos e camaradas da Guiné:
Caro Luís,
Na selecção que fiz, tive por objectivo principal mostrar locais de Catió e redondezas, não as pessoas que inevitavelmente também ali aparecem. As que eu ainda consigo lembrar cito os nomes, as outras que não nomeio que me perdoem, mas já passou muito tempo.
São muitas fotografias eu sei, representam apenas cerca de 10% das que actualmente estão no meu álbum que digitalizei dos próprios negativos que ainda possuo, salvo uma ou outra de que só existe mesmo a foto. Utiliza as que entenderes, como e onde te aprouver se vires nelas algum interesse.
Algumas das fotos da Vila e do Quartel, quando comparadas com as do Albano Costa (2) ver-se-á que retratam os mesmos locais, embora com as devidas diferenças de 33 anos.
Amigo, por hoje não te tomo mais tempo. Um abraço, Victor Condeço. IX Parte das memórias de
Joaquim Luís Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728, Os Palmeirins (Como, Cachil, Catió, 1964/66) (3) . Subtítulos do editor do blogue.
2.13/2.14. Catió, no dia a diaOs dias que se seguiam a uma operação (1), até ao máximo de três semanas, eram, quase de repouso. Davam para saborear o fascínio africano de Catió.
A omnipresença dos militares, de caqui amarelado, a vaguearem, aparentemente descontraídos, era a única nota dissonante naquelas paragens, envoltas em perfeita harmonia natural. A força pujante da natureza vestia a vileca de Catió de um manto permanente de verdura imensa:
- As árvores, verdadeiramente dinossáuricas, no arcaboiço dos troncos descomunais, no porte de altura imensa, a desafiar as nuvens, no entrelaçado dos ramos musculosos, onde saltavam e conviviam, em uníssono à-vontade, famílias de macacos e bandos de aves gigantes, coloridas; se escondiam, terríveis, os ofídeos esverdeados, de mordedura imperdoável;
- O chão avermelhado, onde sobressaíam os rendilhados caprichosos feitos das nervuras de terra, esculpidas magistralmente, pelas enxurradas da última época de chuvas, cobria-se, por toda a parte, de uma manta de folhas e de mangas amarelecidas, caídas, aos montes, daquele dossel colossal.
Por ele, corriam, tresmalhados, à solta, bandos de pretitos encaracolados, de olhos redondos, vivos e doces, atrás dos arcos, de rodas de bicicleta; cirandavam mães pretas, de pele luzidia ao sol, com os filhitos, gorduchos e tranquilos, bem refastelados às cavalitas, num pano de cores, preso à cintura e açafates a esbordar de frangos, vermelhuscos ou de frutos da tabanca.
Velhos negros, agarrados a um pau, da sua altura, de corpo nú e olhar mortiço, coberto por um simples pano a caír-lhes, em largas pregas, passeavam-se, por ali, cambaleantes, pelo último trago de cachaça de coco…
De vez em quando, outros negros, de idade madura, altos e esguios, óculos escuros, barretes altos, vermelhos ou brancos, com vestes largas e elegantes, a caírem, majestosas, até aos pés, nús e espalmados no chão, ou montados em velhas bicicletas inglesas, muito limpas, seguiam, vaidosos, debaixo de um largo guarda-sol, até ao largo da Administração, no cumprimento das muitas normas do seu apertado estatuto colonial, ou, simplesmente, se dirigiam ao grande armazém comercial, onde nada faltava, ou ao alfaiate que lhes preparava o último fato, feito de encomenda e por medida.
A mais bela Procissão de Ramos da minha vida
Na pequena igreja branca, simpática, de linhas modernas, bem situada na zona central, tal como a escola primária, agora entregue aos cuidados do capelão militar, via-se o habitual formigar de crianças, vivaças, de todas as idades, saltitantes e entregues aos mesmos jogos da minha catequese, não muito distante.
A sineta não parava de dançar, em cada dia, puxada pelo atilho que descia desde o alto sobrelevado da frontaria da igreja, ora para a catequese, ora para a missa. Nunca vi uma procissão dos ramos, tão rica, de grandes ramos de palmeiras, nas mãozitas negras da pequenada, tão viva e vibrante como naquela, das duas páscoas, lá vividas…
Nas esplanadas dos dois únicos bares da terra - o Tombali e o do Zé Siriano – estendidas, por baixo do frondoso arvoredo tropical, não faltava a cerveja fresca, o marisco baratíssimo e abundante e tudo o mais que pode regalar o calor das tardes de verão tropical.
Muitas vezes, se acendia uma fogueira para assar um açafate de ostras perfumadas que uma preta nos vendia por 12$50!... Era o
five oclock’ ostra, tão saboroso, com molho de manteiga e limão, o momento mais alto da rapaziada, a par das noitadas, luarentas, sem fim, a ver a dança escaldante das bajudas, no terreiro das tabancas, ao som frenético de tambores e assobios.
De vez em quando, um passeio, a pé, pelas tabancas em redor, sabia bem. Mas, cuidado. Sem, nunca esquecer a pistola Walter…
Os ofícios: o tecelão e o ferreiroA figura do tecelão e do ferreiro são inesquecíveis… Ao longo de 50 ou mais metros do caminho, ao sair da tabanca, sentado no chão, ali estava, impecavelmente improvisada, a oficina do tecelão.
Era um fula ou um mandinga, via-se pelas vestes brancas, de muçulmano; magro e muito ágil; rosto, anguloso, expressivo nada bolachudo, como eram os balantas. Cor, de um preto afogueado…
As linhas, aos milhares e de todas as cores, iam rodar lá longe no tronco de pau bem polido, bem ordenadinhas e vinham ter ao pente largo da geringonça, muito simples, de madeira, postada diante das pernas do artista.
Só o essencial de um sofisticado tear ali se encontrava, bem funcional. Os movimentos ritmados da mão direita, agarrada a um pau, faziam girar, em vaivém certinho, a bobine de linhas, bem abastecida, desde aquelas fiadas compridas que vinham de longe…
O tecido, por verdadeiro milagre, ia aparecendo, harmonioso e firme, na cor e no entrelaçado… ia, logo, enrolar-se ao rolo da recolha. Bonito, de cores vivas, muito bem combinadas!…
Vía-mo-los, depois, a gingar nos corpos das moças, pujantes e sensuais que, por ali, cirandavam, serenas e abundantes.
O ferreiro era outro artesão, característico. A oficina estava toda ali, estendida no chão do caminho, à frente dele:
Ele, também, é um típico fula ou mandinga; rosto, nobre e bem desenhado; sorriem-lhe os olhos, tanto como a boca onde reluz uma dentadura, natural, de respeito. As vestes são de panos brancos e largos, enlaçados nas pernas, como só eles sabem compor.
Uma fogueira de cavacos de que só eles conhecem o poder calórico. Um fole de pele, tosco feito pelas próprias mãos, injecta ao fogo ondas de gás roubado aos ares, como se fosse o mais puro oxigénio industrial.
Os pedaços de alumínio recolhidos nas lixeiras, são ali moldados no que ele muito bem quiser.
Do ferro das catanas velhas sai tudo o que lhe der na ideia. Com precisão. Às primeiras marteladas de outra catana velha, que lhe faz de martelão certeiro. Também, ali, é verdade o refrão: “Em casa de ferreiro…”
Toda a panóplia de bugigangas que se vêm à venda nos escaparates das lojas ou estendidas nos panos do mercado, e que nos regalam os olhos ocidentais, são feitos, ali ou, algures, noutra tabanca qualquer, do mesmo modo…
A sua simplicidade é encantadora. Parece não ter consciência do verdadeiro artista que é.
O homem grandeA seguir, vem a casa do homem grande. E era mesmo, em estatura e no porte, ao mesmo tempo, nobre e altivo, majestoso mas simples e cortês. Era um verdadeiro senhor, brotado da natureza; sem escolas ou figurinos.
Mal entrevia a nossa chegada, a partir da varanda fresca, típica, africana, onde quase sempre se encontrava expectante e disponível, da sua casa, implantada em lugar cimeiro, mais asseada que as outras, ali, vinha a receber-nos, prazenteiro, vestes brancas escorridas dos ombros, altos, cabeleira, robusta, totalmente branca e completa, só a cor preta desaparecera, logo vinha dar-nos as boas vindas.
Sabia quem éramos e, até, o nosso nome. Ele era a autoridade máxima da tabanca, competente para resolver todos os diferendos surgidos no clã de que era o chefe eleito. Era um homem íntegro, segundo os cânones da tribo, e também, segundo os nossos. Comprovava-o a aceitação pronta e total de qualquer pretensão que lhe fosse apresentada pelas autoridades administrativas ou militares.
Tudo o que quiséssemos saber, sobre os complexos costumes e normas indígenas, ali estava sempre à vista e ao dispor, em ricas horas de amena cavaqueira.
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Notas de L.G.:
(1) Vd. post de:
3 de Dezembro de 2006 >
Guiné 63/74 - P1335: Um mecânico de armamento para a nossa companhia (Victor Condeço, CCS/BART 1913, Catió)21 de Novembro de 2006 >
Guiné 63/74 - P1301: O cruzeiro das nossas vidas (4): Uíge, a viagem nº 127 (Victor Condeço, CCS/BART 1913)(2) Vd. posts de:
8 de Fevereiro de 2007 >
Guiné 63/74 - P1505: Lembranças da Vila de Catió (1): Albano Costa / Mendes Gomes / Vitor Condeço15 de Fevereiro de 2007 >
Guiné 63/74 - P1528: Lembranças da Vila de Catió (2): Albano Costa / Vitor Condeço(3) vd. posts anteriores desta série que está quase a chegar ao fim (
Crónica de um Palmeirim de Catíó):
8 de Fevereiro de 2007 >
Guiné 63/74 - P1502: Crónica de um Palmeirim de Catió (Mendes Gomes, CCAÇ 728) (8): Com Bacar Jaló, no Cantanhez, a apanhar com o fogo da Marinha22 de Janeiro de 2007 >
Guiné 63/74 - P1455: Crónica de um Palmeirim de Catió (Mendes Gomes, CCAÇ 728) (7): O Sr. Brandão, de Ganjolá, aliás, de Arouca, e a Sra. Sexta-Feira8 de Janeiro de 2007 >
Guiné 63/74 - P1411: Crónica de um Palmeirim de Catió (Mendes Gomes, CCAÇ 728) (6): Por fim, o capitão...definitivo11 de Dezembro de 2006 >
Guiné 63/74 - P1359: Crónica de um Palmeirim de Catió (Mendes Gomes, CCAÇ 728) (5): Baptismo de fogo a 12 km de Cufar1 de Dezembro de 2006 >
Guiné 63/74 - P1330: Crónica de um Palmeirim de Catió (Mendes Gomes, CCAÇ 728) (4): Bissau-Bolama-Como, dois dias de viagem em LDG20 Novembro 2006 >
Guiné 63/74 - P1297: Crónica de um Palmeirim de Catió (Mendes Gomes, CCAÇ 728) (3): Do navio Timor ao Quartel de Santa Luzia2 de Novembro de 2006 >
Guiné 63/74 - P1236: Crónica de um Palmeirim de Catió (Mendes Gomes, CCAÇ 728) (2): Do Alentejo à África: do meu tenente ao nosso cabo20 de Outubro de 2006 >
Guiné 63/74 - P1194: Crónica de um Palmeirim de Catió (Mendes Gomes, CCAÇ 728) (1): Os canários, de caqui amarelo