1. Ainda em mensagem do dia 8 de Dezembro de 2015, o nosso camarada Abílio
Magro (ex-Fur Mil Amanuense da CSJD/QG/CTIG, 1973/74), traz-nos desta vez a história de um prisioneiro da Ilha das Galinhas, que se fazia acompanhar de um símio que parece ter tido um fim trágico.
Um Amanuense em terras de Kako Baldé
(Para quem não sabe, Kako Baldé era o nome por que era conhecido,
entre a tropa, o General Spínola. Kako – (caco) lente que o General
metia no olho. Baldé – Nome muito comum na Guiné)
14 - O Prisioneiro da Ilha das Galinhas
A azáfama fazia lembrar uma tarde de fim de feira numa qualquer terra do interior de Portugal, onde as embalagens vazias de cartão se amontoam ao lado de cada tenda e os feirantes se apressam a recolher os artefactos e produtos não transacionados para, na madrugada seguinte, regressarem à estrada e ocupar novamente as “montras” numa outra feira qualquer.
Estávamos em finais de Setembro de 1974 e o recinto da “feira” era a pequena “parada” defronte do edifício do QG/CTIG.
Com efeito, havia muita movimentação de pessoas e bens e o asseio parecia ter sido algo descurado.
Notava-se algum nervosismo e pressa em fazer malas. Lembrava o términos de um qualquer período de férias de Agosto no Algarve em que havia necessidade de andar lesto, a fim de se evitar as longas filas de trânsito das estradas algarvias daqueles tempos.
As entradas e saídas do Quartel-General eram constantes e respirava-se, efectivamente, um fim de feira com desfazer de tendas.
A grande maioria das Unidades Militares que tinham estado sediadas no interior do território, já tinha regressado à Metrópole e era agora chegado o momento dos últimos “moicanos”, nomeadamente os militares metropolitanos que se encontravam presos na Ilha das Galinhas.
A pequena Ilha das Galinhas, com apenas 50 km² de área é uma das oitenta e oito ilhas que compõem o Arquipélago de Bijagós.
Durante o período colonial funcionou nesta ilha uma prisão, designada por "Colónia Penal e Agrícola da Ilha das Galinhas".
Esta colónia estava destinada, essencialmente, a presos políticos, incluindo elementos do PAIGC, alguns dos quais ali estariam em trânsito para a prisão do Tarrafal (Ilha de Santiago - Cabo Verde).
Os prisioneiros andavam soltos pela ilha e a maioria trabalhava na bolanha (cultivo de arroz) e nas plantações de ananás e mancarra (amendoim) que havia pelo campo.
Nos finais de Setembro de 1974, um desses prisioneiros, militar metropolitano, andava por ali no recinto da “feira” do QG/CTIG a aguardar não se sabia muito bem o quê.
Fazia-se acompanhar por um corpulento macaco-cão que segurava por uma trela de corrente de aço.
Este “prisioneiro à solta” apresentava uma tez bastante avermelhada, indiciando excesso de sol recente (ou algum excesso de aguardente) e trajava de um modo demasiadamente informal para um militar naquele local; camisa, calções e sapatos de ténis militares. Na cabeça, sempre descoberta, ostentava uma farta cabeleira arruivada e encaracolada e, nas pernas e coxas, várias tatuagens “pornográficas” a necessitarem de “bolinha vermelha”.
Era de poucas falas e parecia andar por ali apenas com o intuito de desafiar “altas patentes”, digo eu.
Com efeito, dava-me um certo gozo ver majores, ten-coronéis, coronéis, etc., que entravam ou a saíam do QG, depararem-se com aquela figura acompanhada do “seu animalzinho de estimação” e, pasmados, fitando o “moicano”, receberem em troca um olhar ostensivamente desafiador que os desarmava por completo e os “aconselhava” a prosseguir o seu caminho, o que faziam sem pestanejar.
Com muito custo lá conseguimos chegar à fala com o “moicano” e, segundo recordo, ele aguardava autorização para trazer o “companheiro” para a Metrópole, mas, confrontado com a nossa convicção de que isso não seria possível, logo afirmou que: “então cortava o pescoço ao símio!”
Eram dias de muita rebaldaria e, lá fora, na estrada que passava em frente ao QG/CTIG, era constante o movimento de negros alombando para suas tabancas “troféus de guerra” diversos, tais como: colchões, frigoríficos, aparelhos de ar condicionado, etc.
Alguns capitães conduziam jipes bastante “mal-tratados” que avariavam constantemente e era vê-los a empurrar a “sucata” com a ajuda de um ou outro militar…, imagens vivas do fim do Império Colonial Português.
Uns dias depois é chegada a hora do meu regresso a casa e lá estava no aeroporto de Bissalanca o “moicano”, sem macaco.
Viajou connosco e disse-nos que o tinha matado (??).
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Nota do editor
Último poste da série de 8 de janeiro de 2016 Guiné 63/74 - P15593: Um Amanuense em terras de Kako Baldé (Abílio Magro) (13): Um Herói à Minha Porta
Blogue coletivo, criado e editado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra col0onial, em geral, e da Guiné, em particular (1961/74). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que sáo, tratam-se por tu, e gostam de dizer: O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande. Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
quinta-feira, 14 de janeiro de 2016
Guiné 63/74 - P15617: História de vida (43): As motorizadas dos nossos sonhos de antes da guerra... Mas “lá irás para onde o pagues”, ou “a tropa é que vai fazer de ti um homem”, ameaçavam-nos os mais velhos (Juvenal Amado)
LÁ IRÁS PARA ONDE O PAGUES
Capa do livro do Juvenal Amado (Chiado Editora, Lisbopa, 2'015) que vai ser lançado no próximo dia 23, sábado, às 16h30 (*) |
Na década de sessenta com a guerra ainda em expansão, nós, os miúdos, olhávamos para ela como coisa longínqua. Na verdade ela ia atingindo as famílias de tal forma que só tornava importante quando sabíamos que alguém perto de nós tinha sido mobilizado.
Aceitávamos como um assunto para nos preocuparmos na devida altura.
Eu tinha dezasseis anos quando o meu irmão foi mobilizado para Moçambique e a guerra ficou mais próxima. Até demais.
Mas isso não impediu de grande parte dos jovens desse tempo continuassem a viver sem se preocupar em demasia com o assunto e só sofríamos um sobressalto,
quando se sabia que tinha morrido fulano, sicrano, beltrano, ou filho de...
Na grande maioria tinham ido trabalhar mal fizeram a quarta classe, pois o rendimento das famílias era pequeno e seguir os estudos não era para todos, ou direi melhor, era para bem poucos.
Beber uns copos, noitadas, deixar crescer o cabelo assim que conseguíamos rodear as ordens dadas no barbeiro para termos sempre à nossa disposição, um corte de cabelo à “inglesa curta”. Mas em lugar cimeiro estavam as motorizadas, quem não tinha babava-se e tinha pena de não ter.
Compradas a muito custo para possibilitar trabalhar mais longe de casa, serviam depois para ir aos bailaricos e para toda a espécie de gincanas junto das moças. Não eram poucas vezes que essas exibições não resultavam de quedas aparatosas e na assistência haver manifestações de regozijo por as “habilidades“ nas duas rodas, terem resultado em malhanço com o nariz no chão.
Regozijar-nos com o mal dos outros, não deve ser só uma atitude portuguesa, mas também por vezes escondia uma disfarçada inveja pelo o tipo de “máquina” que o fulano tinha, a quem responsabilizávamos pelo maior sucesso que ele tinha junto do sexo feminino.
Assim o improvisado “artista” mal caía, levantava-se logo como se tivesse molas e mesmo perdido de dores, sorria para a multidão como se nada se tivesse passado e acelerava a 50 centímetros cúbicos, Famel ou Zundapp, casos mais raros uma Honda ou V5. Depois aparecia no café no mesmo dia ou dias depois, consoante a pancada.
Os mais velhos diziam, então, que a tropa nos estava a fazer falta e que lá iam fazer de nós uns homens.
Nasce então o termo que soava a ameaça, desejo ou premonição, “lá irás para onde o pagues”, ou “a tropa é que vai fazer de ti um homem”.
Não sei se foi isso resultou comigo, mas como saber ? (**)
Um abraço para todos
Juvenal Amado
Texto e foto: © Juvenal Amado (2016). Todos os direitos reservados.
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Notas do editor:
(*) Vd.poste de 12 de janeiro de 2016 > Guiné 63/74 - P15608: Agenda cultural (455): Sessão de lançamento do livro do Juvenal Amado, "A tropa vai fazer de ti um homem": Lisboa, Chiado Clube Literário & Bar, Av da Liberdade, sábado, 23 de janeiro, 16h30, com a presença em força da malta tabanqueira
(**) Último poste da série > 4 de dezembro de 2015 > Guiné 63/74 - P15445: História de vida (43): Anda(va) meio mundo a enganar o outro... Ou o conto do vigário em que caiu a minha pobre mãe quando eu estava em Galomaro e lhe apareceu à porta de casa um falso camarada meu... (Juvenal Amado, autor de "A tropa vai fazer de ti um homem", Lisboa, Chiado, Editora, 2015, 308 pp.)
quarta-feira, 13 de janeiro de 2016
Guiné 63/74 - P15616: Ser solidário (193): A Associação dos Deficientes das Forças Armadas (ADFA), distinguida com o Prémio Direitos Humanos 2015, "pelo seu papel notável de 41 anos de apoio aos ex-combatentes vítimas da guerra colonial"
Lisboa > Assembleia da República > Sala do Senado > 10 de dezembro de 2015 > José Arruda, Presidente da Direção Nacional da ADFA, recebe, das mãos do Presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, o Prémio Direitos Humanos 2015.
Fotos: cortesia do portal da ADFA
Notícia - Associação dos Deficientes das Forças Armadas (ADFA) distinguida com Prémio Direitos Humanos 2015
No passado dia 10 de dezembro, José Arruda, Presidente da Direção Nacional da ADFA, recebeu, das mãos do Presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, o Prémio Direitos Humanos 2015.
O galardão foi atribuído à ADFA pela Assembleia da República, por decisão do Presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, e sob proposta do Júri do Prémio Direitos Humanos, constituído no âmbito da Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias, "pelo seu papel notável de 41 anos de apoio aos ex-combatentes vítimas da Guerra Colonial".
O Prémio Direitos Humanos 2015 foi também atribuído ex-aequo à Plataforma Global de Assistência Académica de Emergência a Estudantes Sírios, "pela resposta que, em tempo real, ofereceu, logo no início da atual crise dos refugiados, aos jovens sírios".
O Prémio Direitos Humanos “destina-se a reconhecer e distinguir o alto mérito da atividade de organizações não-governamentais ou original de trabalho literário, histórico, científico, jornalístico, televisivo ou radiofónico, divulgados em Portugal entre 1 de julho do ano anterior e 30 de junho do ano da atribuição, que contribuam para a divulgação ou o respeito dos direitos humanos, ou ainda para a denúncia da sua violação, no País ou no exterior, da autoria individual ou coletiva de cidadãos portugueses ou estrangeiros”.
Fonte: Texto e fotos: adaptados do portal da ADFA, com a devida vénia,
No passado dia 10 de dezembro, José Arruda, Presidente da Direção Nacional da ADFA, recebeu, das mãos do Presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, o Prémio Direitos Humanos 2015.
O prémio foi entregue na Sala do Senado, na Assembleia da República – Palácio de São Bento, em Lisboa. No decurso da cerimónia comemorativa do Dia Nacional dos Direitos Humanos, José Arruda congratulou-se pela distinção, dizendo na ocasião que “os nossos 41 anos de experiência, na defesa de todos os deficientes militares e dos valores da Liberdade e da Cidadania, são desta forma reconhecidos”.
O galardão foi atribuído à ADFA pela Assembleia da República, por decisão do Presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, e sob proposta do Júri do Prémio Direitos Humanos, constituído no âmbito da Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias, "pelo seu papel notável de 41 anos de apoio aos ex-combatentes vítimas da Guerra Colonial".
O Prémio Direitos Humanos 2015 foi também atribuído ex-aequo à Plataforma Global de Assistência Académica de Emergência a Estudantes Sírios, "pela resposta que, em tempo real, ofereceu, logo no início da atual crise dos refugiados, aos jovens sírios".
O Prémio Direitos Humanos “destina-se a reconhecer e distinguir o alto mérito da atividade de organizações não-governamentais ou original de trabalho literário, histórico, científico, jornalístico, televisivo ou radiofónico, divulgados em Portugal entre 1 de julho do ano anterior e 30 de junho do ano da atribuição, que contribuam para a divulgação ou o respeito dos direitos humanos, ou ainda para a denúncia da sua violação, no País ou no exterior, da autoria individual ou coletiva de cidadãos portugueses ou estrangeiros”.
Fonte: Texto e fotos: adaptados do portal da ADFA, com a devida vénia,
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Nota do editor:
Último poste da série > 21 de dezembro de 2015 >Guiné 63/74 - P15522: Ser solidário (192): A Associação Tabanca Pequena de Matosinhos - Grupo de Amigos da Guiné-Bissau continua a sua ação de apoio às comunidades locais (José Teixeira)
Último poste da série > 21 de dezembro de 2015 >Guiné 63/74 - P15522: Ser solidário (192): A Associação Tabanca Pequena de Matosinhos - Grupo de Amigos da Guiné-Bissau continua a sua ação de apoio às comunidades locais (José Teixeira)
Guiné 63/74 - P15615: Os nossos seres, saberes e lazeres (135): Horácio Dantas, artesão oleiro de Barcelos, autor da réplica do Farol de Leça, oferecida aos presentes no Convívio dos Panteras da CART 1742, levado a efeito em Maio de 2014, em Leça da Palmeira (Abel Santos)
1. Em mensagem do dia 7 de Janeiro de 2016, o nosso camarada Abel Santos (ex-Soldado Atirador da CART 1742 - "Os Panteras" - Nova Lamego e Buruntuma, 1967/69), enviou-nos duas fotos referentes ao Convívio dos Panteras, realizado no ido dia 31 de Maio de 2014, levado a efeito em Leça da Palmeira.
Os camaradas participantes, além do respectivo certificado de presença, foram presenteados com uma réplica do Farol de Leça, em barro, da autoria do artesão oleiro Horácio Dantas, de Barcelos, também ele um dos bravos Panteras.
Peça em barro, trabalhada manualmente pelo camarada oleiro Horácio Dantas, representando o Farol de Leça da Palmeira, ícone da Freguesia, oferecida aos camaradas da CART 1742 aquando do 10.º convívio.
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2. Comentário do editor CV:
Não é meu costume comentar directamente nos postes que publico mas quero que fique aqui bem visível a minha discordância com os camaradas, e são muitos, que dizem terem sido combatentes na Guiné-Bissau.
Na verdade, o país com esta designação apenas existe, de jure, desde Setembro de 1974.
Os militares portugueses cumpriram as suas comissões de serviço na então Guiné Portuguesa, não sendo portanto tropas invasoras.
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Nota do editor
Último poste da série de 13 de Janeiro de 2016 Guiné 63/74 - P15613: Os nossos seres, saberes e lazeres (134): Bruxelas sempre muito amada, e a pensar na Anatólia (2) (Mário Beja Santos)
Guiné 63/74 - P15614: Álbum fotográfico de Armando Costa, ex-fur mil mec auto, CCAV 3366 / BCAÇ 3846 (Susana, 1917/73): Parte II: Chegada a Bissau e ao Cumeré
Foto nº 1 > Guiné > Bissau > A zona portuária vista do convés do T/T Angra do Heroísmo, à chegada da em 9/3/1971 (1)
Foto nº 2 > Guiné > Bissau > A zona portuária vista do convés do T/T Angra do Heroísmo, à chegada, em 9/3/1971 (2)
Foto nº 3 > Guiné > Bissau > A zona portuária vista do convés do T/T Angra do Heroísmo, à chegada da em 9/3/1971 (3)
Foto nº 4 > Guiné > Bissau > Abril de 1971 > Avenida marginal
Foto nº 5 > [Sem indicação de fonte, não sendo do autor, trata-se de um bilhete postaol:] Guiné > Vista aérea parcial e Ilhéu do Rei. Bilhete Postal, Colecção "Guiné Portuguesa, 142". (Edição Foto Serra, C.P. 239 Bissau. Impresso em Portugal, Imprimarte - Publicações e Artes Gráficas, SARL).
Foto no 6 > Guiné > Bissau > Cumeré > Abril de 1971 > A CCAV 3366 fez aqui a IAO (Instrução de Aperfeiçoamento Operacional).
Fotos (e legendas): © Armando Costa (2016). Todos os direitos reservados.
1. Segunda parte da publicação de fotos do álbum do Armando Costa, ex-fur mil mec auto, CCAV 3366 / BCAV 3846, Susana, 1971/73) (*) [, foto atual à direita[.
Recorde-se que ele partiu para a Guiné em 3 de março de 1971, num navio da carreira Lisboa-Madeira-Açores, o Angra do Heroísmo, fretado ao Exército para transporte de tropas e material.
O BCAV 3846, além da CCAV 3366 (Susana, Cumeré), era composta pelas CCAV 3364 (Ingoré, Cumeré) e CCAV 3365 (S. Domingos, Cumeré),
A unidade mobilizadora foi o RC 3. O Comando e a CCS ficara m em Ingoré; o comandante do Batalhão era ten cor cav António Lobato de Oliveira Guimarães.
O pessoal deste Batalhão regressou a casa em 8/3/1973, exceto o da CCAV 3365 que embarcou mais tarde (17/3/1973).
Não sabemos quanto tempo a CCAV 3386 esteve no Cumeré. Provavelmente só de passagem, ou pelo menos até abril de 1971 (fotos nº 4 e 6). Fez aqui a IAO (Instrução de Aperfeiçoamento Operacional). Em junho de 1971 já há fotos de Susana e Varela,. no álbum do nosso camarada Armando Costa, membro nº 707 da Tabanca Grande.
2. Comentário dos editores:
Armando: começámos a publicar as tuas fotos... É pena terem pouca "resolução"...Tivemos que as ampliar para o dobro (200%). As próximas que mandares vê se as podes mandar com pelo menos 300/400 Kb, as que mandaste têm à volta de 30/40 kb... Estes parâmetros têm que ser definidos na digitalização... De qualquer modo, o nosso muito obrigado. Manda sempre as legendas.
Guiné > Mapa geral da província (1961) > Escala 1/ 500 mil > Posição relativa do Cumeré, a nordeste de Bissau, abaixo de Nhacra, ma margem direita do estuário do Rio Geba.
Infogravura: Blogue Luís Grça & Camaradas da Guiné (2016)
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Nota do editor:
(*) Vd. poste anterior da série > 11 de janeiro de 2016 > Guiné 63/74 - P15607: Álbum fotográfico de Armando Costa, ex-fur mil mec auto, CCAV 3366 / BCAÇ 3846 (Susana, 1917/73): Parte I: A caminho de CTIG, de 3 a 9/4/1971, no navio "insular" Angra do Heroísmo, fretado nesse ano ao Exército para transporte de tropas
Recorde-se que ele partiu para a Guiné em 3 de março de 1971, num navio da carreira Lisboa-Madeira-Açores, o Angra do Heroísmo, fretado ao Exército para transporte de tropas e material.
O BCAV 3846, além da CCAV 3366 (Susana, Cumeré), era composta pelas CCAV 3364 (Ingoré, Cumeré) e CCAV 3365 (S. Domingos, Cumeré),
A unidade mobilizadora foi o RC 3. O Comando e a CCS ficara m em Ingoré; o comandante do Batalhão era ten cor cav António Lobato de Oliveira Guimarães.
O pessoal deste Batalhão regressou a casa em 8/3/1973, exceto o da CCAV 3365 que embarcou mais tarde (17/3/1973).
Não sabemos quanto tempo a CCAV 3386 esteve no Cumeré. Provavelmente só de passagem, ou pelo menos até abril de 1971 (fotos nº 4 e 6). Fez aqui a IAO (Instrução de Aperfeiçoamento Operacional). Em junho de 1971 já há fotos de Susana e Varela,. no álbum do nosso camarada Armando Costa, membro nº 707 da Tabanca Grande.
2. Comentário dos editores:
Armando: começámos a publicar as tuas fotos... É pena terem pouca "resolução"...Tivemos que as ampliar para o dobro (200%). As próximas que mandares vê se as podes mandar com pelo menos 300/400 Kb, as que mandaste têm à volta de 30/40 kb... Estes parâmetros têm que ser definidos na digitalização... De qualquer modo, o nosso muito obrigado. Manda sempre as legendas.
Guiné > Mapa geral da província (1961) > Escala 1/ 500 mil > Posição relativa do Cumeré, a nordeste de Bissau, abaixo de Nhacra, ma margem direita do estuário do Rio Geba.
Infogravura: Blogue Luís Grça & Camaradas da Guiné (2016)
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Nota do editor:
(*) Vd. poste anterior da série > 11 de janeiro de 2016 > Guiné 63/74 - P15607: Álbum fotográfico de Armando Costa, ex-fur mil mec auto, CCAV 3366 / BCAÇ 3846 (Susana, 1917/73): Parte I: A caminho de CTIG, de 3 a 9/4/1971, no navio "insular" Angra do Heroísmo, fretado nesse ano ao Exército para transporte de tropas
Guiné 63/74 - P15613: Os nossos seres, saberes e lazeres (134): Bruxelas sempre muito amada, e a pensar na Anatólia (2) (Mário Beja Santos)
1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 6 de Novembro de 2015:
Queridos amigos,
Só espero não vos enfastiar com estas imagens que fazem parte do meu rincão de alegrias, é território onde me sinto bem, não tenho nada a ver com aqueles diferendos entre valões e flamengos, é o prazer de calcorrear a cidade, vistoriar os seus monumentos, poder ir a concertos a preço abordável, encher traquitana num saco para poder vir num avião num voo low cost.
Numa altura em que a Europalia faz 45 anos, em que sou seu frequentador há mais de 25, foi com enorme prazer que andei por salas a ver obras magníficas de uma cultura de milénios que se implantou na Anatólia, não é todos os dias que se pode ver de enfiada o legado romano, helenístico, bizantino e turco, numa sequência tal que nos temos que questionar quais são as fronteiras da Europa quando neste pedaço extenso da Ásia Menor por ali andaram povos europeus, nossos ancestrais. Mas não tenho resposta, nem o assunto é preocupante.
Despeço-me com um até já, a vontade de regressar a Bruxelas é permanente.
Um abraço do
Mário
Bruxelas sempre muito amada, e a pensar na Anatólia (2)
Beja Santos
Vou a caminho da Feira da Ladra de Bruxelas, a Ika acompanha-me, desde que passámos uma manhã em cima de uma montanha de roupa à procura de lenços, bordados e fronhas, ela está sempre à espera de divertimento semelhante. E lá vamos, passamos por um desses prédios imponentes dos anos 1940/1950, com entradas de meter respeito, olhei para a abóbada do vestíbulo e zás, temos fotografia, não sei se são os signos do Zodíaco, mas que têm beleza têm. Aqui vai.
Até ao meio-dia tivemos feira, seguiu-se uma grossa chuvada, mas nessa altura já tinha dado dores de cabeça a alguns comerciantes marroquinos, enchi um saco com tralha, um álbum de recordações de quem viajou por Lisboa e Fátima em Outubro de 1956, uma moldura em couro, livros de poesia francesa, imagens religiosas do princípio do século XX, mais alguns cds a menos de 1 euro cada. É assim a vida. E fomos comer bife tártaro com uns copinhos de cerveja. E seguimos viagem a caminho da exposição da Anatólia.
Não resisti a esta montra bem antiga, no Bairro de Marolles ainda há vestígios do velho comércio, há cerca de um século Marolles era um bairro popular aberto a uma clientela abonada que vivia no Grand Sablon, hoje a zona dos antiquários de preços mais puxados, não me digam que não é uma beleza.
Chama-se Hotel Ravenstein, é talvez o vestígio melhor conservado do tardo-medievo da arquitetura civil de Bruxelas, contíguo do Palácio das Belas Artes onde vamos ver a exposição sobre a Anatólia. Antes, porém, fotografei a Ika com um quadro de arte congolesa que achei na feira e lhe ofereci, ela está impante de alegria, não é todos os dias que se acha um quadro a óleo intacto deixado na via pública.
E seguimos para ver uma mostra da Turquia. O Palácio das Belas Artes sempre me encantou, não levem a mal mas agora vou andar aqui a disparar em homenagem à Turquia e à espantosa arquitetura que foi concebida por um dos génios da arquitetura belga, Victor Horta.
Lamento ser um fotógrafo amador tão canhestro, não disponho de artefactos que me permitam disparar dentro de uma exposição, o flash é inteiramente interdito. Fixei a entrada da exposição da Anatólia, uma escadaria espantosa em Arte Deco e apanhei esta imagem de uma fotógrafa belga que andou um ano por Istambul a colher instantâneas. Não me digam que esta fotografia não fala por mil palavras.
Acabou-se a festa, vou buscar a mochila a casa do André, transporto este saco de traquitana das coisas da Feira da Ladra mais uns chocolates e umas fatias de queijo duro, se não os serviços de segurança ficam-me com vitualhas consideradas perigosas para transportar num avião, é capaz de ser bem possível fazer uma bomba com patês e queijos moles… Saímos da exposição e entrámos na velha Galeria Ravenstein, um luxo dos anos 1950, já vi esta fonte com repuxos a funcionar, deve ser da austeridade esta falta de funcionamento, mas não queria despedir-me sem vos mostrar esta lindíssima cerâmica que marcou a época. Logo que possa estou de regresso, e por isso digo-vos: até já.
____________
Nota do editor
Poste anterior de 6 de janeiro de 2016 Guiné 63/74 - P15585: Os nossos seres, saberes e lazeres (133): Bruxelas sempre muito amada, e a pensar na Anatólia (1) (Mário Beja Santos)
Queridos amigos,
Só espero não vos enfastiar com estas imagens que fazem parte do meu rincão de alegrias, é território onde me sinto bem, não tenho nada a ver com aqueles diferendos entre valões e flamengos, é o prazer de calcorrear a cidade, vistoriar os seus monumentos, poder ir a concertos a preço abordável, encher traquitana num saco para poder vir num avião num voo low cost.
Numa altura em que a Europalia faz 45 anos, em que sou seu frequentador há mais de 25, foi com enorme prazer que andei por salas a ver obras magníficas de uma cultura de milénios que se implantou na Anatólia, não é todos os dias que se pode ver de enfiada o legado romano, helenístico, bizantino e turco, numa sequência tal que nos temos que questionar quais são as fronteiras da Europa quando neste pedaço extenso da Ásia Menor por ali andaram povos europeus, nossos ancestrais. Mas não tenho resposta, nem o assunto é preocupante.
Despeço-me com um até já, a vontade de regressar a Bruxelas é permanente.
Um abraço do
Mário
Bruxelas sempre muito amada, e a pensar na Anatólia (2)
Beja Santos
Vou a caminho da Feira da Ladra de Bruxelas, a Ika acompanha-me, desde que passámos uma manhã em cima de uma montanha de roupa à procura de lenços, bordados e fronhas, ela está sempre à espera de divertimento semelhante. E lá vamos, passamos por um desses prédios imponentes dos anos 1940/1950, com entradas de meter respeito, olhei para a abóbada do vestíbulo e zás, temos fotografia, não sei se são os signos do Zodíaco, mas que têm beleza têm. Aqui vai.
Até ao meio-dia tivemos feira, seguiu-se uma grossa chuvada, mas nessa altura já tinha dado dores de cabeça a alguns comerciantes marroquinos, enchi um saco com tralha, um álbum de recordações de quem viajou por Lisboa e Fátima em Outubro de 1956, uma moldura em couro, livros de poesia francesa, imagens religiosas do princípio do século XX, mais alguns cds a menos de 1 euro cada. É assim a vida. E fomos comer bife tártaro com uns copinhos de cerveja. E seguimos viagem a caminho da exposição da Anatólia.
Não resisti a esta montra bem antiga, no Bairro de Marolles ainda há vestígios do velho comércio, há cerca de um século Marolles era um bairro popular aberto a uma clientela abonada que vivia no Grand Sablon, hoje a zona dos antiquários de preços mais puxados, não me digam que não é uma beleza.
Chama-se Hotel Ravenstein, é talvez o vestígio melhor conservado do tardo-medievo da arquitetura civil de Bruxelas, contíguo do Palácio das Belas Artes onde vamos ver a exposição sobre a Anatólia. Antes, porém, fotografei a Ika com um quadro de arte congolesa que achei na feira e lhe ofereci, ela está impante de alegria, não é todos os dias que se acha um quadro a óleo intacto deixado na via pública.
E seguimos para ver uma mostra da Turquia. O Palácio das Belas Artes sempre me encantou, não levem a mal mas agora vou andar aqui a disparar em homenagem à Turquia e à espantosa arquitetura que foi concebida por um dos génios da arquitetura belga, Victor Horta.
Lamento ser um fotógrafo amador tão canhestro, não disponho de artefactos que me permitam disparar dentro de uma exposição, o flash é inteiramente interdito. Fixei a entrada da exposição da Anatólia, uma escadaria espantosa em Arte Deco e apanhei esta imagem de uma fotógrafa belga que andou um ano por Istambul a colher instantâneas. Não me digam que esta fotografia não fala por mil palavras.
Acabou-se a festa, vou buscar a mochila a casa do André, transporto este saco de traquitana das coisas da Feira da Ladra mais uns chocolates e umas fatias de queijo duro, se não os serviços de segurança ficam-me com vitualhas consideradas perigosas para transportar num avião, é capaz de ser bem possível fazer uma bomba com patês e queijos moles… Saímos da exposição e entrámos na velha Galeria Ravenstein, um luxo dos anos 1950, já vi esta fonte com repuxos a funcionar, deve ser da austeridade esta falta de funcionamento, mas não queria despedir-me sem vos mostrar esta lindíssima cerâmica que marcou a época. Logo que possa estou de regresso, e por isso digo-vos: até já.
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Nota do editor
Poste anterior de 6 de janeiro de 2016 Guiné 63/74 - P15585: Os nossos seres, saberes e lazeres (133): Bruxelas sempre muito amada, e a pensar na Anatólia (1) (Mário Beja Santos)
Guiné 63/74 - P15612: Parabéns a você (1018): Enfermeira Maria Ivone Reis, ex-Cap. Enf.ª Paraquedista (1961/74)
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Nota do editor
Último poste da série de 10 de janeiro de 2016 Guiné 63/74 - P15600: Parabéns a você (1017): Bernardino Parreira, ex-Fur Mil Inf das CCAV 3365 e CCAÇ 16 (Guiné, 1971/73)
Nota do editor
Último poste da série de 10 de janeiro de 2016 Guiné 63/74 - P15600: Parabéns a você (1017): Bernardino Parreira, ex-Fur Mil Inf das CCAV 3365 e CCAÇ 16 (Guiné, 1971/73)
terça-feira, 12 de janeiro de 2016
Guiné 63/74 - P15611: Convívios (723): Convívio da Magnífica Tabanca da Linha, dia 21 de Janeiro de 2015, no Hotel Riviera, lugar do Junqueiro, Carcavelos (José Manuel Matos Dinis)
1. Mensagem do nosso camarada José Manuel Matos Dinis (ex-Fur Mil da CCAÇ 2679, Bajocunda, 1970/71), Amanuense da Magnífica Tabanca da Linha, em efectividade de serviço, com data de 11 de Janeiro de 2016:
Meu amigo Carlos,
Tenho andado numa roda viva, e por isso com muito pouco tempo para os prazeres que o Blogue proporciona. Peço desculpa, e conto com a tua condescendência.
Venho agora pedir-te encarecidamente que publiques a publicidade anexa ao próximo encontro, no dia 21, quinta-feira, pelas 12H30, da Magnífica Tabanca da Linha, desta vez no Hotel Riviera, sito no Junqueiro, em Carcavelos. O preço também sofre uma ligeira alteração, pois será de 20 euros. O hotel fica próximo da praia e com fácil acesso a partir da Estrada Marginal, por detrás do Hotel Praiamar, esse bem visível a partir daquela rodovia. Acreditem que não custa nada.
Esta mudança tem a ver com o pedido de alguns dos tertulianos, que manifestaram vontade de mudar, até porque não têm trabalho ou incómodo na resolução destas alterações logísticas. Nessa medida, o Senhor Comandante predispôs-se a deslocações selectivas, e este local parece capaz de prestar o serviço adequado. Ainda assim, mandou informar a excelentíssima clientela de que não se aceitam reclamações.
As inscrições deverão ser feitas até ao dia 18 de Janeiro.
Nestes termos, foi aprovado o seguinte menu buffet:
Saladas simples e compostas
- 4 variedades à consideração do chefe;
salgados:
- miniaturas de rissóis, croquetes e chamuças;
sopa:
- creme de abóbora com queijo fresco;
prato quente:
- peixe-galo recheado com legumes;
sobremesas:
- arroz doce
- salada de fruta
bebidas:
- Vinho tinto Esteva - Douro;
- vinho branco D. Ermelinda - Setúbal;
- águas minerais, sumos, refrigerantes;
- café.
E pronto! Quem achar necessário pode levar uma bucha para colmatar a fomeca, ou abrigar-se à sombra do poilão dos nossos tertulianos Veríssimo e Palma, que são exímios manipuladores de produtos alimentares ricos em calorias e gorduras.
É com esta liberalidade que esperamos reencontrar os amigos que têm frequentado os nossos encontros, alegres e bem dispostos, assim como os que compareçam em estreia, a ver se gostam e ficam magnífico-dependentes.
Com abraços fraternos
JD
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Nota do editor
Último poste da série de 3 de janeiro de 2016 Guiné 63/74 - P15573: Convívios (722): Companheiros e Camaradas à Volta da Mesa (Francisco Baptista)
Guiné 63/74 - P15610: Excertos de "Memórias da Guiné", por Fernando Valente (Magro) (2): O Império Colonial Português
1. Excertos de "Memórias da Guiné" da autoria do nosso camarada Fernando
Valente (Magro) (ex-Cap Mil Art.ª do BENG 447, Bissau, 1970/72), que
foram publicadas em livro com o mesmo título, Edições
Polvo, 2005, enviadas ao Blogue pelo seu irmão Abílio.:
EXCERTOS DE MEMÓRIAS DA GUINÉ
Fernando de Pinho Valente (Magro)
Ex-Cap Mil de Artilharia
2 - O Império Colonial Português
É historicamente reconhecido que navegadores de diversos países, anteriormente ao Século XV, se fizeram ao mar e “acharam” novas terras.
Mas é facto assente que o surto dos descobrimentos se verificou a partir do referido Século XV e entre os vários povos que para ele contribuíram, os Portugueses figuram em primeiro lugar, cronologicamente, e a sua acção descobridora exerceu-se, a partir do segundo quartel de 1400, durante séculos, incidindo em todos os Oceanos e em todos os Continentes.
No oceano setentrional descobriram as ilhas dos Açores entre 1427 e 1452.
A costa Atlântica de África, do Cabo Bojador à Serra Leoa, foi descoberta pelos portugueses entre 1434 e 1460 e as ilhas orientais do arquipélago de Cabo Verde entre 1456 e 1460.
A Costa Africana, da Serra Leoa ao Cabo Catarina e às ilhas do Golfo da Guiné, foi pela primeira vez visitada pelos nossos navegadores entre 1466 e 1475; a Costa de África, do Cabo Catarina à Serra Parda, entre 1482 e 1486, e da Serra Parda ao Cabo da Boa Esperança entre 1487 e 1488.
No Atlântico Equatorial e Austral foram descobertos pelos portugueses o Brasil (1500), as ilhas Ascensão (1502) e de Santa Helena (1503).
Nos Oceanos Índico e Pacífico, na rota marítima para a Índia, foi descoberta a Costa Africana Oriental, desde o Rio do Infante a Mogadoxo (1497), Madagáscar e a costa de Mogadoxo a Berbem (1500), a Costa Meridional da Arábia, Ilhas Curia-Muria (1503), ilhas Canacani (1504), a Costa Ocidental do Industão (1500-1503), Ceilão (1507), Mar Vermelho (1513), Golfo de Bengala (1516), Maldivas (1511), Seychelles ou Ilhas do Almirante (1513), Malaca (1508), Molucas (1512), Timor (1512), Austrália (1525), parte das Ilhas Carolinas (1537), China (1514) e Japão (1541).
“Os descobrimentos portugueses constituíram o primeiro passo na europeização do Mundo, deslocaram do Mediterrâneo para o Atlântico o intercâmbio comercial da Europa; deram a Lisboa características de primordial cidade europeia, estabelecendo-se nelas agências ou sucursais das mais categorizadas casas comerciais da Europa.” (3)
Portugal atingiu também, nos séculos XV e XVI, a tecnologia mais avançada do Mundo na arte de marear.
O Infante D. Henrique teve ao seu serviço alguns dos mais categorizados cartógrafos e cosmógrafos.
A prolongada e intensa actividade marítima de Portugal, de que resultou o descobrimento de inúmeras terras em todas as latitudes, como ficou atrás referido, veio juntar-se posteriormente a exploração dos continentes em que se inseriam.
Dessa gesta resultou que Portugal se tornou um dos maiores países do Mundo e dos mais ricos também.
De tal maneira rico que, quando do casamento da Infanta D. Catarina de Bragança com Carlos II de Inglaterra, em Junho de 1661, fizeram parte do dote da nossa princesa duas cidades; Tânger, no norte de África (que possuíamos por conquista, com outras que hoje fazem parte do Reino de Marrocos) e Bombaím (na Índia), que passaram a pertencer desde essa data à Coroa Inglesa.
Esse imenso Império, onde o sol nunca se punha, foi-se reduzindo, ao longo dos séculos, por variadíssimas circunstâncias; quer por guerras que nos moveram franceses e holandeses, quer porque algumas das nossas colónias não voltaram mais à posse de Portugal na restauração de 1640, quer, como aconteceu com o Brasil em 1822, por este grande país da América do Sul se ter tornado independente.
De qualquer forma, ainda em 1960, o Império Colonial Português abrangia uma superfície total de 2.031.935 Km2, correspondendo às superfícies dos seguintes países europeus: Portugal continental, Espanha, França, Bélgica, Holanda, Dinamarca, Suíça, Inglaterra e Alemanha.
Em área, Portugal ocupava em 1960 o quarto lugar do Mundo entre os Impérios coloniais dessa altura.
Os territórios que estavam sob o domínio de Portugal eram, além do rectângulo europeu e das ilhas adjacentes, constituídas pelos arquipélagos da Madeira e dos Açores, o arquipélago de Cabo Verde, a Guiné, S. Tomé e Príncipe, S. João Baptista de Ajudá, Angola, Moçambique, Estado da Índia (composto por Goa, Damão e Diu), Macau (na China) e Timor (na Indonésia).
Mas a partir de 1960 este ainda vasto Império começa a desmoronar-se, devido a movimentos de emancipação dos seus povos.
A primeira perda foi a de S. João Baptista de Ajudá, uma presença portuguesa simbólica na costa do Daomé, uma vez que era constituída praticamente por uma fortaleza e um pequeno território – o Sarame – a envolvê-la.
A dezassete de Dezembro de 1961 a União Indiana ocupa militarmente o Estado Português da Índia e anexa Goa, Damão e Diu ao seu território.
Nesse mesmo ano de 1961, em Angola, é iniciada uma guerra de guerrilha contra a nossa permanência naquela área de África, guerra que se estende rapidamente à Guiné e a Moçambique.
Essa guerra, em três frentes, tornar-se-á longa, obrigando a um grande esforço material e humano, com sacrifício de várias gerações de jovens soldados, enquadrados por sargentos e oficiais do quadro permanente e do quadro de complemento (milicianos).
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Nota:
(3) – Damião Peres – Enciclopédia Luso-Brasileira
Nota do editor
Poste anterior de 5 de janeiro de 2016 Guiné 63/74 - P15583: Excertos de "Memórias da Guiné", por Fernando Valente (Magro) (1): O meu irmão Álvaro
EXCERTOS DE MEMÓRIAS DA GUINÉ
Fernando de Pinho Valente (Magro)
Ex-Cap Mil de Artilharia
2 - O Império Colonial Português
É historicamente reconhecido que navegadores de diversos países, anteriormente ao Século XV, se fizeram ao mar e “acharam” novas terras.
Mas é facto assente que o surto dos descobrimentos se verificou a partir do referido Século XV e entre os vários povos que para ele contribuíram, os Portugueses figuram em primeiro lugar, cronologicamente, e a sua acção descobridora exerceu-se, a partir do segundo quartel de 1400, durante séculos, incidindo em todos os Oceanos e em todos os Continentes.
No oceano setentrional descobriram as ilhas dos Açores entre 1427 e 1452.
A costa Atlântica de África, do Cabo Bojador à Serra Leoa, foi descoberta pelos portugueses entre 1434 e 1460 e as ilhas orientais do arquipélago de Cabo Verde entre 1456 e 1460.
A Costa Africana, da Serra Leoa ao Cabo Catarina e às ilhas do Golfo da Guiné, foi pela primeira vez visitada pelos nossos navegadores entre 1466 e 1475; a Costa de África, do Cabo Catarina à Serra Parda, entre 1482 e 1486, e da Serra Parda ao Cabo da Boa Esperança entre 1487 e 1488.
No Atlântico Equatorial e Austral foram descobertos pelos portugueses o Brasil (1500), as ilhas Ascensão (1502) e de Santa Helena (1503).
Nos Oceanos Índico e Pacífico, na rota marítima para a Índia, foi descoberta a Costa Africana Oriental, desde o Rio do Infante a Mogadoxo (1497), Madagáscar e a costa de Mogadoxo a Berbem (1500), a Costa Meridional da Arábia, Ilhas Curia-Muria (1503), ilhas Canacani (1504), a Costa Ocidental do Industão (1500-1503), Ceilão (1507), Mar Vermelho (1513), Golfo de Bengala (1516), Maldivas (1511), Seychelles ou Ilhas do Almirante (1513), Malaca (1508), Molucas (1512), Timor (1512), Austrália (1525), parte das Ilhas Carolinas (1537), China (1514) e Japão (1541).
“Os descobrimentos portugueses constituíram o primeiro passo na europeização do Mundo, deslocaram do Mediterrâneo para o Atlântico o intercâmbio comercial da Europa; deram a Lisboa características de primordial cidade europeia, estabelecendo-se nelas agências ou sucursais das mais categorizadas casas comerciais da Europa.” (3)
Portugal atingiu também, nos séculos XV e XVI, a tecnologia mais avançada do Mundo na arte de marear.
O Infante D. Henrique teve ao seu serviço alguns dos mais categorizados cartógrafos e cosmógrafos.
A prolongada e intensa actividade marítima de Portugal, de que resultou o descobrimento de inúmeras terras em todas as latitudes, como ficou atrás referido, veio juntar-se posteriormente a exploração dos continentes em que se inseriam.
Dessa gesta resultou que Portugal se tornou um dos maiores países do Mundo e dos mais ricos também.
De tal maneira rico que, quando do casamento da Infanta D. Catarina de Bragança com Carlos II de Inglaterra, em Junho de 1661, fizeram parte do dote da nossa princesa duas cidades; Tânger, no norte de África (que possuíamos por conquista, com outras que hoje fazem parte do Reino de Marrocos) e Bombaím (na Índia), que passaram a pertencer desde essa data à Coroa Inglesa.
Esse imenso Império, onde o sol nunca se punha, foi-se reduzindo, ao longo dos séculos, por variadíssimas circunstâncias; quer por guerras que nos moveram franceses e holandeses, quer porque algumas das nossas colónias não voltaram mais à posse de Portugal na restauração de 1640, quer, como aconteceu com o Brasil em 1822, por este grande país da América do Sul se ter tornado independente.
De qualquer forma, ainda em 1960, o Império Colonial Português abrangia uma superfície total de 2.031.935 Km2, correspondendo às superfícies dos seguintes países europeus: Portugal continental, Espanha, França, Bélgica, Holanda, Dinamarca, Suíça, Inglaterra e Alemanha.
Em área, Portugal ocupava em 1960 o quarto lugar do Mundo entre os Impérios coloniais dessa altura.
Os territórios que estavam sob o domínio de Portugal eram, além do rectângulo europeu e das ilhas adjacentes, constituídas pelos arquipélagos da Madeira e dos Açores, o arquipélago de Cabo Verde, a Guiné, S. Tomé e Príncipe, S. João Baptista de Ajudá, Angola, Moçambique, Estado da Índia (composto por Goa, Damão e Diu), Macau (na China) e Timor (na Indonésia).
Mas a partir de 1960 este ainda vasto Império começa a desmoronar-se, devido a movimentos de emancipação dos seus povos.
A primeira perda foi a de S. João Baptista de Ajudá, uma presença portuguesa simbólica na costa do Daomé, uma vez que era constituída praticamente por uma fortaleza e um pequeno território – o Sarame – a envolvê-la.
A dezassete de Dezembro de 1961 a União Indiana ocupa militarmente o Estado Português da Índia e anexa Goa, Damão e Diu ao seu território.
Nesse mesmo ano de 1961, em Angola, é iniciada uma guerra de guerrilha contra a nossa permanência naquela área de África, guerra que se estende rapidamente à Guiné e a Moçambique.
Essa guerra, em três frentes, tornar-se-á longa, obrigando a um grande esforço material e humano, com sacrifício de várias gerações de jovens soldados, enquadrados por sargentos e oficiais do quadro permanente e do quadro de complemento (milicianos).
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Nota:
(3) – Damião Peres – Enciclopédia Luso-Brasileira
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____________Nota do editor
Poste anterior de 5 de janeiro de 2016 Guiné 63/74 - P15583: Excertos de "Memórias da Guiné", por Fernando Valente (Magro) (1): O meu irmão Álvaro
Guiné 63/74 - P15609: Memória dos lugares (330): A aldeia de Brunhoso é uma importante produtora de cortiça (Francisco Baptista, ex-Alf Mil da CCAÇ 2616 e CART 2732)
1. Mensagem do nosso camarada Francisco Baptista (ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 2616/BCAÇ 2892 (Buba, 1970/71) e CART 2732 (Mansabá, 1971/72), com data de 3 de Janeiro de 2016:
O SOBREIRO
Estes dias inverniços de nuvens baixas e chuva quase contínua a todos nós, jovens de antigamente, roubam-nos um pouco a alegria de viver e diluem qualquer produção de ideias do nosso cérebro numa mistura gasosa ou líquida que não lhes dá consistência nem expressão. Ficamos tal como patos mansos a nadar num lago de margens abruptas, sem a possibilidade e a ousadia do voo.
Tendo passado o Natal em Trás-Os-Montes, a ouvir um irmão lamentar a falta de água que cada vez matava mais sobreiros, essa árvore que se deixa despir de nove em nove anos para alimentar a indústria da cortiça, tão rentável para Portugal, o seu maior produtor, escrevi este texto no site dos "Baptistas", em resposta à Sofia, minha sobrinha:
"Grande Sofia, minha querida, tu realmente já és a maior, tu conseguiste tirar o comando aos Baptistas, homens ou mulheres. Será por estares em Bruxelas, capital da Europa? Ou será porque esse comando é muito suavizado por ser tripartido com uma Clara tão simpática e atenta e pelo Rafa, esse gigante asturiano tão delicado com os outros.
Para vós e para todos desejo um ano 2016 muito produtivo com as melhores colheitas de sempre, anímicas, financeiras, agrícolas, ecológicas. Como filhos e netos de lavradores ficaríamos contentes se víssemos que as nuvens do céu irrigavam as terras e florestas com a chuva necessária à continuação das espécies vegetais que herdamos dos nossos antepassados.
Para lá de algum valor monetário, existe um valor maior, que não tem preço, esse é o valor intemporal dessas grandes árvores, os grandes sobreiros, esses grandes seres vivos do reino vegetal, que estão a morrer, e quando eles morrem, morre parte do nosso passado familiar. A antiga família dos Baptistas foi crescendo à sombra deles e do rendimento que periódica e generosamente nos dispensaram. Esse espírito familiar encarna o nosso irmão Emídio, quanto a mim duma forma até um pouco excessiva. Porém temos que considerar que a terra e os climas têm ciclos que se vão alterando entre séculos e milénios".
Longe do Alentejo e das serras algarvias onde se produz a melhor cortiça do mundo, o Nordeste Transmontano, também produz a sua quota de cortiça que não é desprezível e a aldeia de Brunhoso sempre foi a maior produtora, muitos quilómetros ao seu redor. Fico contente com a chuva que cai e com a promessa de chuva que se anuncia, para que essas árvores grandes e frondosas não voltem a morrer de seca pois têm morrido tantas ultimamente. Desculpo a neblina e as nuvens que me impedem um pouco a visibilidade física e intelectual para que se cumpram os ritmos do frio, do calor, do sol e da chuva, de acordo com as estações do ano para que os lavradores, os maiores amigos das florestas, dos animais e das culturas das terras, não tenham que andar sempre a reclamar ou pedir junto dos santos, seus protectores.
Não deixa de ser um texto bastante pessoal, mas desculpem-me os meus amigos, por esta tentativa de sair desta modorra que se tenta infiltrar na minha cabeça ao ritmo da chuva que lá fora vai caindo lentamente.
Para todos desejo dias alegres e felizes, neste ano que está a começar.
Para quem gostar do sobreiro e de fado recomendo o fado "O Sobreiro", cantado por João Braza.
Francisco Baptista
Um abraço
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Nota do editor
Último poste da série de 2 de janeiro de 2016 Guiné 63/74 - P15566: Memória dos lugares (329): Capelinha erguida em louvor a Nossa Senhora de Fátima, pelo 3.° GComb da CCaç 3327, em Calequisse (José da Câmara)
Guiné 63/74 - P15608: Agenda cultural (455): Sessão de lançamento do livro do Juvenal Amado, "A tropa vai fazer de ti um homem": Lisboa, Chiado Clube Literário & Bar, Av da Liberdade, sábado, 23 de janeiro, 16h30, com a presença em força da malta tabanqueira
Proximamente daremos mais informação sobre este evento para o qual estão convidados todos os leitores, em especial da grande Lisboa, e muito em particular os nossos amigos e camaradas da Guiné.
Último poste da série > 11 de janeiro de 2016 > Guiné 63/74 – P15604: Agenda cultural (454): Novo livro: 90 Anos de Memórias e Relatos sobre os Clubes, a sua Criação e Trajetórias, Beja 1888 a 1906 (José Saúde)
1. Mensagem do Juvenal Amado [n. 1950, Fervença, Maiorga, Alcobaça], que se estreia agora como escritor:
Caros camaradas:
Aconteceu-me encontrar amigos ao longo da vida e, chegado o momento, quando esperava alguma solidão eis que eles se multiplicaram e enchem hoje muitos álbuns de memórias, que nos ligam, forjadas em situações iguais ou parecidas, que criam novos laços a todo o momento.
Este é um projecto a caminho dos 8 anos, inicialmente sem pretensões de o ver passado a livro, o que acabou por acontecer.
Nele tento transmitir sem ódios, sem paixões, sem remorsos, sem falsa modéstia, sem puritanismos, sem vencedores nem vencidos, sem saudades excessivas que me toldassem o raciocínio, sobre um tempo que passou na minha juventude do qual ficaram os rostos e datas, que jamais poderei esquecer.
Pelo menos, foi sempre essa a minha intenção.
Está claro o que outros pensam de nós, está um bocado além do que podemos fazer. Porque ao nortearmo-nos pelos nossos princípios e seguirmos os nossos impulsos ao expor o que achamos correto, nunca cederemos ao mais fácil, e assim nunca agradaremos ao mesmo tempo a gregos e a troianos.
Resta-me assim esperar que, para além do que possam discordar, vejam a honestidade com que apresento à vossa consideração as passagens de vidas sem nada de extraordinário, mas verdadeiras.
Não podia escrever este livro de outra maneira. Ele não aconteceu, foi acontecendo lentamente e foi assim que amadureceu. Nestes anos muita coisa se alterou, muitos partiram, mas também chegaram muitos amigos para me dar alento e mostrar que não era em vão o trabalho a que meti ombros. Todos deixaram marcas, no tempo que passei com eles. São as suas vidas, histórias e sua riqueza humana, que valorizaram o que escrevi.
Nada mais valioso do que poder fazer deles também autores, de que me servi na concepção deste livro.
Nada teria sido escrito sem as suas palavras, sem as nossas conversas, sem as suas vivências e o incentivo ou as suas críticas.
A dúvidas foram e são muitas, certezas praticamente nenhumas.
Espero que não entendam como relatório de operações pois não é disso que se trata. Trata-se de situações vividas, compiladas, reunidas sem rigor histórico, interessam sim as personagens, todas elas reais de carne e osso, que comigo conviveram em dado momento, bom ou mau.
Segue o poster com a indicação do dia da data, do local e da hora, em que haverá uma cerimónia do lançamento do livro.
Segundo creio nas informações da Chiado Editora, o livro encontra-se já há venda na FNAC, na Bertrand, no Continente e várias de livrarias.
Também eu tenho algumas dezenas para vender, que enviarei para a direcção de quem mo solicitar, podendo o respetivo pagamento ser feito através de transferência bancária ou enviado à cobrança.
Para isso basta que me enviem as respectivas moradas para o email sacaduramado@gmail.com ou na minha caixa de mensagens do facebook.
Aos interessados ser-lhes-á dado o meu NIB como forma de pagamento, mas para quem o desejar posso enviar à cobrança.
Um abraço
Juvenal Amado
Aconteceu-me encontrar amigos ao longo da vida e, chegado o momento, quando esperava alguma solidão eis que eles se multiplicaram e enchem hoje muitos álbuns de memórias, que nos ligam, forjadas em situações iguais ou parecidas, que criam novos laços a todo o momento.
Este é um projecto a caminho dos 8 anos, inicialmente sem pretensões de o ver passado a livro, o que acabou por acontecer.
Nele tento transmitir sem ódios, sem paixões, sem remorsos, sem falsa modéstia, sem puritanismos, sem vencedores nem vencidos, sem saudades excessivas que me toldassem o raciocínio, sobre um tempo que passou na minha juventude do qual ficaram os rostos e datas, que jamais poderei esquecer.
Pelo menos, foi sempre essa a minha intenção.
Está claro o que outros pensam de nós, está um bocado além do que podemos fazer. Porque ao nortearmo-nos pelos nossos princípios e seguirmos os nossos impulsos ao expor o que achamos correto, nunca cederemos ao mais fácil, e assim nunca agradaremos ao mesmo tempo a gregos e a troianos.
Resta-me assim esperar que, para além do que possam discordar, vejam a honestidade com que apresento à vossa consideração as passagens de vidas sem nada de extraordinário, mas verdadeiras.
Não podia escrever este livro de outra maneira. Ele não aconteceu, foi acontecendo lentamente e foi assim que amadureceu. Nestes anos muita coisa se alterou, muitos partiram, mas também chegaram muitos amigos para me dar alento e mostrar que não era em vão o trabalho a que meti ombros. Todos deixaram marcas, no tempo que passei com eles. São as suas vidas, histórias e sua riqueza humana, que valorizaram o que escrevi.
Nada mais valioso do que poder fazer deles também autores, de que me servi na concepção deste livro.
Nada teria sido escrito sem as suas palavras, sem as nossas conversas, sem as suas vivências e o incentivo ou as suas críticas.
A dúvidas foram e são muitas, certezas praticamente nenhumas.
Espero que não entendam como relatório de operações pois não é disso que se trata. Trata-se de situações vividas, compiladas, reunidas sem rigor histórico, interessam sim as personagens, todas elas reais de carne e osso, que comigo conviveram em dado momento, bom ou mau.
Segue o poster com a indicação do dia da data, do local e da hora, em que haverá uma cerimónia do lançamento do livro.
Segundo creio nas informações da Chiado Editora, o livro encontra-se já há venda na FNAC, na Bertrand, no Continente e várias de livrarias.
Também eu tenho algumas dezenas para vender, que enviarei para a direcção de quem mo solicitar, podendo o respetivo pagamento ser feito através de transferência bancária ou enviado à cobrança.
Para isso basta que me enviem as respectivas moradas para o email sacaduramado@gmail.com ou na minha caixa de mensagens do facebook.
Aos interessados ser-lhes-á dado o meu NIB como forma de pagamento, mas para quem o desejar posso enviar à cobrança.
Um abraço
Juvenal Amado
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Nota do editor:
segunda-feira, 11 de janeiro de 2016
Guiné 63/74 - P15607: Álbum fotográfico de Armando Costa, ex-fur mil mec auto, CCAV 3366 / BCAÇ 3846 (Susana, 1917/73): Parte I: A caminho de CTIG, de 3 a 9/4/1971, no navio "insular" Angra do Heroísmo, fretado nesse ano ao Exército para transporte de tropas
Foto nº 1 > Lisboa, Cais da Rocha Conde de Óbidos, 3/4/1971: um dia chuvoso...
Foto nº 2 > Lisboa, 3/4/1971> T/T Angra do Heroísmo e, ao fundo, na margem direita do Tejo, o Monumento dos Descobrimentos e o Mosteiro dos Jerónimos
Foto nº 3 > Lisboa, estuário do Tejo, 3/4/1971 > Largada do T/T Angra do Heroísmo, vendo-se ao fundo o Bugio onde, dizem, acaba o rio e começa o mar...
Foto nº 4 > T/T Angra do Heroísmo, 3/4/1971 > A caminho da Guiné... A proa do navio
Foto nº 5 > T/T Angra do Heroísmo, 3/4/1971 > Convés: ao centro o Capitão QEO Daniel António Nunes Pestana, cmdt da CCAV 3366
Foto nº 6 > T/T Angra do Heroísmo, a caminho da Guiné, em viagem de 3 a 9/4/1971...
Foto nº 7 > T/T Angra do Heroísmo, a caminho da Guiné; 3 a 9/4/1971... Mais aspeto da proa...
Foto nº 8 > T/T Angra do Heroísmo, a caminho da Guiné; 3 a 9/4/1971... Eu num dos barcos salva-vidas
Fotos (e legendas): © Armando Costa (2016). Todos os direitos reservados.
1. Início da publicação de fotos do álbum de um dos nossos mais recentes grã-tabanqueiros, o n.º 707, o Armando Costa, de seu nome completo Armando Silva Alvoeiro da Costa (ex-fur mil mec auto, CCAV 3366 / BCAV 3846, Susana, 1971/73) (*).
O Armando, que ainda não tinha paga a sua "jóia", mandou-nos um lote de fotos (49) "das que possuo da Guiné (Bissau, Cumeré, Susana e Varela), do período de 1971 a 1973". Prometo mandar mais... Diz-nos que "a qualidade é a que se pode arranjar, resulta da digitalização de postais de fotos que tirei, Os negativos perdi-lhes o rasto"...
Ele partiu para a Guiné em 3 de março de 1971, em dia chuvoso, como se depreende, da foto n.º 1 (Lisboa, Cais da Rocha Conde de Óbidos). O mais insólito (ou talvez não...) foi ter ido num navio da carreira Lisboa-Madeira-Açores, o T/T Angra do Heroísmo. O navio devia ir a abarrotar (foto n.º 7), transportando homens e material de guerra (foto n.º 8)...
Além do pessoal do BCAV 3846, deve ter levado também o pessoal da Companhia Independente CCAV 3378 (Olossato, Brá).
O BCAV 3846, além da CCAC 3366 (Susana, Cumeré), era composta pelas CCAV 3364 (Ingoré, Cumeré) e CCAV 3365 (S. Domingos, Cumeré), A unidade mobilizadora foi o RC 3. O Comando e a CCS ficarm em Ingoré. Cmdt do batalhão: ten cor cav António Lobato de Oliveira Guimarães. O pessoal deste batalhão regressou a casa em 8/3/1973, exceto o da CCAV 3365 que embarcou mais tarde (17/3/1973).
2. Já agora ficamos a conhecer as características do T/T Angra do Heroísmo:
(i) navio de passageiros de 1 hélice;
(ii) construído em Hamburgo, Alemanha, em 1954/55;
[, "baptizado com o nome de 'Israel', foi oferecido nesse mesmo ano ao estado judaico, como indemnização pelos prejuízos causados à comunidade hebraica entre 1933 e 1945 pelos nazis e integrado na frota da companhia Zim Israel Navigation, com sede em Haifa"; (...) "colocado na linha regular de Nova Iorque, o navio manteve esse serviço durante dez anos"; (...) "em 1959 foi abalroado por um cargueiro norte-americano e reparado no estaleiro naval de Brooklyn"... Vd. o blogue Alernavios]
(iii) registado no porto de Lisboa, depois de comprado, em segunda mão, pela Empresa Insulana de Navegação, SARL, de Lisboa, para fazer a carreira Lisboa - Madeira - Açores;
(iv) ano de abate: 1974;
(v) comprimento ff 152,71m;
(vi) comprimento pp 138,34m;
(vii) boca 19,87m;
(viii) pontal 11,00m;
(ix) calado máximo 8,71m;
(x) capacidade de carga 4 porões com capacidade para 9019m3 de carga, incluindo 536m3 de carga frigorífica;
(xi) tonelagem 10.187 TAB, 6.230 TAL, 6.870 TPB, 13.900 T deslocamento;
(xii) aparelho propulsor um grupo de turbinas a vapor AEG, construídas em Berlim Ocidental, por Allgemeine Electric Gesellschft, 2 caldeiras;
(xiii) potência 11.500 shp a 119 r.p.m.;
(xiv) velocidade máxima 19 nós;
(xv) velocidade normal 18 nós;
(xvi) passageiros: alojamentos para 80 em primeira classe, 43 em turística A, 80 turística B e 120 em turística C, no total de 323 passageiros;
(xvii) tripulantes 139
Esta detalhada e preciosa informação é da Revista do Clube de Oficiais da Marinha Mercante Nov/Dez 96, reproduzida no sítio Navios Mercantes Portugueses: frota existente em 1958
Durante o ano de 1971, para além da carreira para a Madeira e Açores, o Angra do Heroísmo fez diversas viagens Lisboa - Bissau, fretado ao Ministério do Exército, para transporte de tropas e material de guerra.
Em 14/10/1973 saiu de Lisboa na última viagem à Madeira e Açores, imobilizando no Mar da Palha após regresso ao Tejo em 25.10.1973. Em 4/2/1974 passou a pertencer à CTM - Companhia Portuguesa de Transportes Marítimos, SARL, na sequência da fusão entre as empresas Insulana e Colonial.
Em 5/4/1974 foi vendido a sucateiros espanhóis e a 14 desse mesmo mês chegava a Castellon, a reboque, procedente de Lisboa, para ser desmantelado. Assim acabou mais um glorioso navio da nossa gloriosa marinha mercante. (Sobre a curiosa história deste navio, ver mais informações aqui).
PS - Temos aqui mais camaradas da CCAV 3366 / BCAV 3846 (Susana, 1971/73), nomeadamente o Luiz Fonseca, ex-fur mil trms, e o Delfim Rodrigues, ex-1.º cabo aux enf.
O T/T Angra do Heroísmo. Cortesia do blogue Dicionário de Navios Portugueses, de Luís Miguel Correia (um especialista neste domínio)
(i) navio de passageiros de 1 hélice;
(ii) construído em Hamburgo, Alemanha, em 1954/55;
[, "baptizado com o nome de 'Israel', foi oferecido nesse mesmo ano ao estado judaico, como indemnização pelos prejuízos causados à comunidade hebraica entre 1933 e 1945 pelos nazis e integrado na frota da companhia Zim Israel Navigation, com sede em Haifa"; (...) "colocado na linha regular de Nova Iorque, o navio manteve esse serviço durante dez anos"; (...) "em 1959 foi abalroado por um cargueiro norte-americano e reparado no estaleiro naval de Brooklyn"... Vd. o blogue Alernavios]
(iii) registado no porto de Lisboa, depois de comprado, em segunda mão, pela Empresa Insulana de Navegação, SARL, de Lisboa, para fazer a carreira Lisboa - Madeira - Açores;
(iv) ano de abate: 1974;
(v) comprimento ff 152,71m;
(vi) comprimento pp 138,34m;
(vii) boca 19,87m;
(viii) pontal 11,00m;
(ix) calado máximo 8,71m;
(x) capacidade de carga 4 porões com capacidade para 9019m3 de carga, incluindo 536m3 de carga frigorífica;
(xi) tonelagem 10.187 TAB, 6.230 TAL, 6.870 TPB, 13.900 T deslocamento;
(xii) aparelho propulsor um grupo de turbinas a vapor AEG, construídas em Berlim Ocidental, por Allgemeine Electric Gesellschft, 2 caldeiras;
(xiii) potência 11.500 shp a 119 r.p.m.;
(xiv) velocidade máxima 19 nós;
(xv) velocidade normal 18 nós;
(xvi) passageiros: alojamentos para 80 em primeira classe, 43 em turística A, 80 turística B e 120 em turística C, no total de 323 passageiros;
(xvii) tripulantes 139
Durante o ano de 1971, para além da carreira para a Madeira e Açores, o Angra do Heroísmo fez diversas viagens Lisboa - Bissau, fretado ao Ministério do Exército, para transporte de tropas e material de guerra.
Em 14/10/1973 saiu de Lisboa na última viagem à Madeira e Açores, imobilizando no Mar da Palha após regresso ao Tejo em 25.10.1973. Em 4/2/1974 passou a pertencer à CTM - Companhia Portuguesa de Transportes Marítimos, SARL, na sequência da fusão entre as empresas Insulana e Colonial.
Em 5/4/1974 foi vendido a sucateiros espanhóis e a 14 desse mesmo mês chegava a Castellon, a reboque, procedente de Lisboa, para ser desmantelado. Assim acabou mais um glorioso navio da nossa gloriosa marinha mercante. (Sobre a curiosa história deste navio, ver mais informações aqui).
PS - Temos aqui mais camaradas da CCAV 3366 / BCAV 3846 (Susana, 1971/73), nomeadamente o Luiz Fonseca, ex-fur mil trms, e o Delfim Rodrigues, ex-1.º cabo aux enf.
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Nota do editor CV:
(*) Vd. poste de 17 de dezembro de 2015 > Guiné 63/74 - P15499: Tabanca Grande (478): Armando Silva Alvoeiro da Costa, ex-Fur Mil Mec Auto da CCAV 3366/BCAV 3846, Susana, 1971/73 - 707.º Grã-Tabanqueiro
Nota do editor CV:
(*) Vd. poste de 17 de dezembro de 2015 > Guiné 63/74 - P15499: Tabanca Grande (478): Armando Silva Alvoeiro da Costa, ex-Fur Mil Mec Auto da CCAV 3366/BCAV 3846, Susana, 1971/73 - 707.º Grã-Tabanqueiro
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