Açores > Ilha de S. Miguel > Arrifes > 1967 > Ao fundo, o quartel. Em primeiro plano, criabças da povoação. A pobreza era extrema nas ilhas, naquele tempo. Não surpreendia, pois, que as crianças viessem todos os dias pedir as sobras do rancho. Fiz estima com estes garotos, que eram meus convidados quando estava de oficial de dia. Foi uma grande alegria tê-los na festa de Natal de 1967, que organizámos com a devoção dos meus amigos de Ponta Delgada, sobretudo a Maria Teves Lemos e a Cremilde Tapia, recolhendo frituras, doçaria, pastéis de bacalhau e o mais que se sabe.
O Natal de 1968 foi mais tocante, certamente, estávamos dentro da guerra, mas esta recordação de 1967 têm-me acompanhado sempre, é estímulo para o que se deve continuar a fazer.
Açores > Ilha de São Miguel > Quartel de Arrifes > 1967 > Tirei esta fotografia com os soldados e as crianças que vinham às sobras do rancho. Os soldados adoravam a tropa porque tinham carne e peixe a todas as refeições. Achavam graça ter de fazer a barba todos os dias e cortar o cabelo regularmente. Gostavam igualmente dos hábitos de higiene, confessando-me mesmo que a vida é outra coisa com o banhinho diário. As crianças , como se pode ver, andavam descalças. A freguesia dos Arrifes já era nesse tempo enorme e as famílias eram numerosas. O açoriano é muito disciplinado e muito religioso. Quando estava de oficial de dia e percorria as camaratas depois do toque de recolher, muitas vezes ouvio-os rezar o terço, e acompanhei-os no exterior, para não os melindrar.
Açores > Ilha de São Miguel > 1967 A família Teves Lemos acolheu-me maravilhosamente. Ele era despachante, ela doméstica, de uma bonomia insuperável. Foi através deles que conheci a Cremilde Tapia, madrinha da minha filha mais nova. Na fotografia aparece o meu soldado mariense José Braga Chaves, ele tinha um dedo torto que o Dr. Furtado Lima, conceituado cirugião local, operou. Estivémos sempre em contacto durante a guerra, visitei-o depois, estava ele já a trabalhar no aeroporto da Nordela.
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Mensagem do
Beja Santos (ex-alf mil, comandante do Pel Caç Nat 52,
Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 8 de Outubro de 2007:
Luís, aqui vai o episódio n.º 10. Já aí tens a capa do livro da Agatha Christie, o livro do Jacques Martin segue pelo correio. Penso que terá interesse mandar-te duas fotografias referentes ao meu período açoriano. Seguirão segunda feira. Estou nas lonas, vou passar três dias em Casal dos Matos a arrancar ervas e a preparar novos episódios desta Operação que está em Outubro de 1969 e irá até Agosto de 1970. Um abraço do Mário.
Operação Macaréu à vista - Parte II (10) > O MEU AMIGO AÇORIANO EM BISSAU
por Beja Santos (1)
(i) O acidente de Canturé
Parto um dia mais tarde para Bissau, dado que a 17 de Outubro, ao princípio da tarde, registou-se um lamentável acidente em Canturé, à volta do 404 completamente destruído. Tivemos notícias dos acontecimentos em Missirá porque ouvimos rajadas de espingarda, era um fogo todo igual, parecia um festejo de gente eufórica, a que se seguiu um silêncio sepulcral.
Ainda incapaz de me mexer, com o tímpano do ouvido direito a zunir e a resistir a todos os analgésicos, peço ao furriel Pina para ir ver o que se passa. Ele chega ao anoitecer com a notícia de que Bacari Soncó e dois milícias de Finete, a arder de curiosidade, aproximaram-se da viatura armadilhada pelo Reis e os seus sapadores, durante a manhã, e ficaram estilhaçados, se bem que sem gravidade, desatando a fazer fogo, convencidos que estavam a ser emboscados.
Com o Pires arrumo os últimos papéis, sempre com a preocupação de que o Pel Caç Nat 54 possa chegar a qualquer momento e nós queremos que encontrem toda a contabilidade e todos os registos em dia. Escrevo no meu eterno caderninho de viagem, para negociar com o comando em Bambadinca:
- Pedir uma ajuda extraordinária para as idas a Mato de Cão, de preferência tentar conciliar uma ou duas secções de um grupo de combate da CCaç12 com uma ou duas secções de Missirá e Finete;
- Autorizar um avanço dos vencimentos dos milícias de Finete, não há sacos de arroz, o espectro da fome espreita, só nos faltava agora o descontentamento dos estômagos;
- Analisar a dispensa de uma bazuca a Finete e aprovar as obras de dois abrigos;
- Pedir ao David Payne que passe um dia em Missirá, tal o número de incapacitados, militares e civis, que precisam urgentemente de tratamento.
Antes do jantar, Ussumane Baldé vem ajudar-me a fazer a mala e a ver o estado da farda n.º 2. Não posso andar de calções, o joelho direito inchou, os coágulos de sangue têm ligaduras, é puro exibicionismo andar a mostrar estas feridas. Depois do jantar escrevo os últimos aerogramas, as dores são tantas que peço ao Adão maqueiro um comprimido para dormir.
Em Finete, na manhã seguinte, combino com Bubacar Baldé, o substituto de Bacari, a necessidade de improvisar um esquema de apoio às forças que vão a Mato de Cão. É necessário igualmente negociar as patrulhas de vigilância até Gã Gémeos com o furriel Pires, nos dias em que o Sintex for a Bambadinca. Chegado ao batalhão, converso com o major Cunha Ribeiro que anui no plano das idas a Mato de Cão, a título provisório. O Payne promete ir a Missirá nos próximos dias e descansa-me quanto ao estado de Bacari e os dois milícias que estão na enfermaria, onde os vou visitar. Bacari tem um olhar entristecido e envergonhado, como quem cometeu uma galgada na pior altura.
E lá parto para Bafatá com a trouxa e alguns livros. Desconfio que o mais grave poderá ser o tímpano, seja como for o olho direito não me deixa ver bem, sinto uma profunda irritação, quero igualmente ir a uma consulta de estomatologia, há por ali dois dentes cariados que me provocam um profundo mal estar.
O voo está atrasado uma hora, aproveito para ir à cidade ver os discos e os livros no estabelecimento do Eduardo Teixeira. Como o dinheiro é muito pouco e a duração da estadia é uma incógnita, limito-me a comprar
Um crime no Expresso do Oriente, de Agatha Christie, e um livro de novelas de Somerset Maugham. São obras que li no passado, não as esqueci, vou prontamente relê-las.
Enquanto espero a vinda do Dakota, sem nenhum interesse em falar da guerra com quem me rodeia, a um canto enfronho-me na excitante viagem do Expresso do Oriente a partir de Istambul, via Belgrado, até Calais e Londres. Hercule Poirot vem da Síria até Istambul, vai contactando com uma curiosa fauna internacional, há um norte-americano que pretende contratar os seus serviços, Poirot recusa, nessa mesma noite o norte-americano será apunhalado e quando for descoberto o seu corpo exibirá doze feridas bem desiguais. Vai começar o inquérito a cargo do excêntrico detective belga.
Entro exactamente no avião quando começa esta incursão, onde a admirável Agatha Christie revela o seu talento pelos registos psicológicos. A maior parte das respostas, depois de nós sabermos que o assassinado fora um dos sequestradores que mais emocionara a America, gira à volta do nome Armstrong que, saberemos no final, tem um peso capital no móbil do crime. Enquanto o Dakota desce para Bissau, enleio-me num dos mais fabulosos grandes finais de desfecho imprevisível: afinal, todos os passageiros vieram fazer parte do júri. E é com estas boas lembranças que chego a Bissalanca o no aeroporto de Bissau peço uma boleia até ao HM241.
Capa de um clássico,
Um Crime no Expresso do Oriente, de Agatha Christie. Lisboa: Livros do Brasil (Colecção Vampiro). Quando eu tinha 20 anos, a ópera era
Fidélio, de Bethoven, o teatro era
As três irmãs, de Tchekhov e o livro policial era
Um crime no Expresso do Oriente, por Agatha Christie. Comprei-o em Bafatá na manhã de 18 de Outubro, já o tinha lido uma vez, o assombro nunca se desfez.
Hercule Poirot vem da Síria e apanha em Istambul o Expresso do Oriente, via Belgrado, até Londres. Fatalmente que houve um grande crime no combóio mítico: um criminoso lendário, o assassino da menina Amstrong, aparece mortalmente apunhalado com doze ferídas. Poirot dirige o inquérito e as conclusões podiam ser duas: um assassino que veio roubar e se escapuliu na neve ou doze passageiros que vieram fazer justiça, desde uma princesa russa até a maior actriz dramática norte-americana. O livro é de 1933, a tradução desta edição portuguesa é de Gentil Marques e a capa é do magistral Cândido da Costa Pinto. Deu filme, que permitiu Ingrid Bergman ter mais um Óscar.
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(ii) O oftalmologista que veio de Ponta Delgada
Marquei três consultas para ver se trato tudo quanto me dói no corpinho abalado: os olhos, o ouvido e os dentes. Vou começar pelo oftalmologista, logo no dia seguinte. A tarde vou passar na vadiagem, sobretudo a vasculhar livros no Taufik Saad, e depois vou à Catedral de Bissau.
A espera é longa, dizem-me que o médico está no bloco operatório desde o amanhecer, parece que chegaram helicópteros com vários feridos, tão graves que vários médicos não têm mãos a medir. Sempre com o nariz metido nos livros, acabei o assombroso policial desse mítico
Expresso do Oriente paralisado na Jugoslávia, e onde Poirot tem duas versões para o crime: um homicídio por razões de furto em que o criminosos se escapuliu na neve ou um júri de doze pessoas que vieram sentenciar um canalha que assassinara uma criança. É claro que o leitor intervém e aprova a solução optada pelo detective.
A desoras, sou recebido no consultório por um gigante de cerca de quarenta anos, expressivo de mãos, voz bem timbrada, transparece estar exausto mas é atencioso. Preenche a minha ficha, detecto-lhe imediatamente o acento açoriano. Examina-me os olhos e alivia a conversa ao fim de alguns minuto:
-Não é nada de grave, devem ter sido uns ácidos dessa tal mina, há aqui restos de poeiras e por isso o olho está tão inflamado. Vamos agora ver a sua graduação, dentro de dias vai ver novamente bem. Que todas as situações que aqui me aparecem fossem como a sua.
Entretanto, e como era inevitável, falámos de S. Miguel, preciso de falar de um mundo fora da guerra, ele também. Conto-lhe a minha história, como cheguei a Ponta Delgada, em Outubro de 1967, as recrutas que dei nos Arrifes, o quarto alugado na rua de Lisboa, os jantares no café Nacional, os serões no Gil, o conhecimento e a amizade da Maria e do Marino Lemos, a Cremilde Tapia, o Dr. José Maria de Medeiros, o Melo Bento e outros mais.
Ele também me conta a sua história, deixou a família com muito sofrimento e ali está como o único oftalmologista para militares e civis. Fala-me preocupado dos tracomas e outros sofrimentos, que vê diariamente, fico a saber que um tracoma precocemente diagnosticado salva a vista do doente, mas, pressionado pelos muitos mais que aguardam consulta, despede-se propondo que jantemos juntos essa noite. Aceitei prontamente, tenho uma grande vontade de falar sobre a minha vida açoriana, encontrar uma mesma frequência modulada, sobre as ilhas atlânticas.
Lá fomos jantar ao
Solar do Dez, começámos com a sopa de ostras com muito limão, comemos marisco e uma boa papaia, tudo regado com vinho branco. Tínhamos tanto para dizer que fomos os últimos a sair, já cheios de sono. Eu sentia que estava a cimentar uma amizade com o José Luís Bettencourt Botelho de Melo, todos aqueles relatos expressivos me fascinavam, o encanto e o sabor das descrições e dos registos humanos tocavam-me no coração. Os comentários tinham sempre um final bem humorado, não faltando mesmo a pilhéria. Quando nos despedimos, ele mostrou-me a
Mariazinha, um revólver que trazia no bolso traseiro das calças. Combinámos, a cambalear de sono, que eu não regressaria a Missirá sem novo encontro, desse por onde desse.
No dia seguinte, fui mostrar o tímpano ao otorrinolaringologista. Havia tratamento a fazer e assombrei-me com as porcarias que vi na minha lavagem aos ouvidos. Tinha dois dias de espera antes de ir ao dentista, ganhei coragem fui telefonar à Cristina, não lhe escrevia praticamente depois dos acontecimentos da noite de 16 de Outubro. Foi uma conversa contida, desdramatizando o sucedido. E escrevi-lhe no café Avenida:
Sei que dificilmente me perdoarás o que se tem passado, o meu silêncio dos últimos dias, estou em crer que a conversa que acabámos de ter ao telefone te deixou muito assustada. Arrependo-me de ter escrito à tua mãe, devido à crueza com que lhe falei da emboscada e da mina anticarro.
Estou mais aliviado com o estado dos meus olhos, tenho uma receita para ir ao oculista, a irritação parece estar a passar, o médico descansou-me, não haverá consequências. Tenho, no entanto, um tímpano dormente, oiço com ressonâncias, há aqui um grande desconforto. Mas o médico também me tranquilizou, não vou perder acuidade auditiva, não podes imaginar as excrescências que me saíram dos ouvidos.
Ainda não te falei que o Bacari Soncó, no dia seguinte à emboscada e à explosão da mina, cedeu à curiosidade, aproximou-se da viatura armadilhada e ficou ferido, mais dois soldados. Felizmente que não há nada de grave.
Sinto-me um náufrago em Bissau, não tenho vontade nenhuma de andar a contar esta história e a arrastar a minha perna, que ainda me dói. Estou a tomar um medicamento para absorver os coágulos de sangue no meu joelho, ao saltar da viatura, depois da explosão, dei uma pancada brutal no tablier, o Payne assegura que é um hematoma, dentro de dias estarei muito melhor.
Está prometido que amanhã te telefono. Agora vou visitar o Cruz Filipe, para saber do Casanova, que quero ver esta tarde. Logo que trate dos dentes regresso a Bambadinca. Desculpa não falar das cartas que me tens enviado, tu não sabes o suplício do correio que recebo da minha família, sinto a tristeza dos teus avisos, o som atordoador das tuas súplicas. Nada posso fazer, temos os dois que saber resistir. Há mais de um ano que contemos as nossas lágrimas e que suportamos a nossa saudade. Não desfaleças.
(iii) Uma visita ao Casanova, o primeiro mergulho na história da Guiné e um ecnontro inesperado com o o Alferes Comando Saiegh
Encontro o Cruz Filipe que já visitou o Casanova e me diz sem equívocos:
-Vai demorar a restabelecer-se. Está profundamente doente. Você não tem nada que se culpabilizar, não é obrigado a saber tudo sobre manifestações da doença mental, todos vocês vivem sobre pressão, o cansaço, a tensão permanente excedem por vezes os sinais que a convivência permanente não deixa perceber. Vá ver o seu amigo. Amanhã contamos consigo para jantar.
Faço todo o possível por me apresentar sorridente frente ao Casanova. Está rígido, ao princípio o seu olhar avivou-se quando me viu, depois reduziu-se ao silêncio com a expressão parada, fixou-se num ponto, olhando a janela, hirto. Não lhe falo de Missirá, digo que estou aqui exclusivamente para me tratar e para lhe fazer companhia. Falo pausadamente, invento um mundo onde não existe o Cuor e muito menos a guerra. A distância a que ele se encontra acaba por me fazer vergar, a emoção dos últimos dias, acaba por fazer ruir as minhas defesas veio a recordação dos gritos dos meus feridos naquela tarde de 16 de Outubro que tanto me apavoram, levanto-me, abraço-o e prometo voltar amanhã, mesmo sentindo a sua indiferença total.
Aproveito uma boleia, vou até ao museu de Bissau, mas antes procuro saber se no Centro de Estudos da Guiné Portuguesa é possível comprar um livro de história da Guiné. Sou recebido por um senhor que me mostra uma biblioteca e me convida a ver os títulos. Terá sido o comandante Teixeira da Mota a galvanizar este projecto cultural, este manancial de documentos, relatórios e livros onde a vida administrativa, a colonização, o tráfego de escravos, as guerras e as campanhas militares, as descrições geográficas, está tudo primorosamente catalogado.
Ainda tenho um pouco mais de uma hora à minha frente, remexo e começo a tomar notas. Chamou-me à atenção um livro sobre a guerra do Geba, de Basso Marques onde se escreve “No território de Geba, com o fim da demonstração do poderio e força do Governo, haviam-se já efectuado já algumas campanhas - a última no período decorrido de Agosto a Setembro de 1869 - todas infrutíferas porém... Alguns comerciantes indignos vendiam pólvora e munições aos mandingas de Bambadinca que em canoas de poilão as levariam depois aos rebeldes...”.
Ponho de parte para ler amanhã o conjunto de documentos sobre a campanha contra Abdul Injai, a referência a um artigo sobre o islamismo, os jornais que falam sobre o desastre de 19 de Abril de 1891, um período de rebeliões em que houve um massacre em Bissau, e retenho um título do General Ferreira Martins sobre as guerras de conquista, entre 1883 e 1885, onde ele observa: “São tão diferentes as origens, os caracteres, as religiões e as qualidades ou costumes bélicos dos variados povos que habitam a Guiné Portuguesa, povos que desde remotos tempos sustentaram uns contra os outros, encarniçadas lutas, que nunca foi nem será de recear uma aliança formal entre todos eles”.
Capa do livro de banmda desenhada, de Jacques Martin, La Tiare d'Oribal. Paris: Casterman, 1966. (Colection Alix, par Jacques Martins)... "Luís, nãos ei se acreditas ,as foi comprado na Guiné. Tudo era possível mcom aquela guerra, era tempo em que o francês se falava quase como o português".
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Escureceu completamente, prometi voltar amanhã de manhã. Desço a avenida, como se fosse para a Catedral ou à casa Gouveia ou ao cais. É junto ao cinema que encontro o Saiegh que me dá a notícia que é alferes da 1ª Companhia de Comandos Africana e que vai para Fá, dentro de dias. Combinámos um encontro para depois de amanhã e, curioso, ele pergunta-me o que é que eu levo na mão, quer saber porque é que eu me interesso por histórias aos quadradinhos que ele nunca me vira ler. Comprara na casa Tofik Saad um álbum intitulado
La Tiare D’Oribal, de Jacques Martin. O desenho parecera-me muito bom, se bem que ingénuo, um traço como o de Hergé ou o de Edgar Jacobs. O herói chama-se Alix, é um gaulês que vive em Roma em 50 antes de Cristo, no tempo do triunvirato de César, Pompeu e Crasso. A tiara de Oribal é a coroa de um poderosíssimo rei que vive algures na Mesopotâmia, um jovem pretendente confronta-se com um usurpador sem escrúpulos, inevitavelmente Alix vai ter um papel fulcral no desfecho do regresso e entronização do jovem rei Oribal. Ainda não sei, mas vou-me tornar um fã desta banda desenhada.
Volto ao Quartel General, numa das sala de estar procuro ficar só, escrevo um aerograma à minha Mãe e outro ao Ruy Cinatti. Depois leio umas páginas de Somerset Maugham e vou procurar dormir sobre a acção dos medicamentos. Estou excitado com a história da Guiné que comecei a ler. Vou continuar amanhã as leituras, cheio de entusiasmo. Lembro-me do Casanova e do Saiegh. Sei que antes de adormecer me encomendei a Deus e rezei por estes dois companheiros de Missirá, a quem tanto devo.
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Nota de L.G.:
(1) 16 de Novembro de 2007 >
Guiné 63/74 - P2270: Operação Macaréu à Vista - Parte II (Beja Santos) (9): E de súbito uma explosão, uma emboscada, um caos...