Blogue coletivo, criado e editado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra col0onial, em geral, e da Guiné, em particular (1961/74). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que sáo, tratam-se por tu, e gostam de dizer: O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande. Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
sexta-feira, 1 de abril de 2011
Guiné 63/74 - P8029: O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande (39): Florimundo Rocha, natural de Lagoa, ex-Sold Cond Auto, CCAÇ 3546, 1972/74 (Piche, 1972/74), outro "bravo da Ponte Caium", sobrevivente da emboscada de 14/6/1973
Guiné > Zona Leste > Região de Gabu > Piche > CCAÇ 3546 (Piche, Ponte Caium e Camajabá, 1972 / 1974) > Destacamento da Ponte do Rio Caium > Quatro camaradas, quatro amigos: Da esquerda para a esquerda: (i) Santiago (1º cabo, atirador, que tomava conta da cantina); (ii) Florimundo Rocha (soldado condutor auto, algarvio de Lagoa); (iii) Carlos Alexandre (operador de transmissões, carpinteiro naval, fadista, natural de Peniche); e (iv) Jacinto Cristina (padeiro e municiador do morteiro, natural de Ferreira do Alentejo)... Foto gentilmente cedida pelo meu amigo (e camarada) Jacinto Cristina.
Foto: © Jacinto Cristina (2010) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados.
1. Mensagem de Susana Rocha, filha do nosso camarada, ex-Sold Cond auto Florimundo Rocha, um dos “bravos de Caium” (CCAÇ 3546, Piche e Ponte Caium, 1972/74, Piche e) [vd. foto acima].
Olá, chamo-me Susana e venho por este meio contactá-lo, sou filha de um camarada vosso, o Rocha, o condutor no fatídico dia da emboscada que falam aqui (*)
O meu pai foi um dos (ou até o único) sobrevientes dessa emboscada, emboscada essa aqui demonstrada no monumento em homenagem aos camaradas mortos.
O meu pai, ao encontrar estas fotos [no blogue], sentiu-se imensamente emocionado, vendo fotos suas. Falou-me durante anos de histórias aqui agora contadas. Falou me de tudo isto, a Ponte Caium e de tudo o resto. Ele quer mais que tudo entrar em contacto convosco, ele esteve lá 22 meses.
Espero em breve que o contactem, o número de contacto é o seguinte: 939336251 [ telemóvel da família] / 282353458 [ telefone fixo de casa].
Com os nelhores cumprimentos Susana Rocha, filha orgulhosa de Florimundo Rocha, condutor, Guiné 72\74.
2. Foi dado conhecimento teor desta mensagem, no dia seguinte, ao Carlos Alexandre (bem como ao Arménio Estorinho e ao Jacinto Cristina, através da sua filha e genro, já que ele não tem email):
Carlos (Alexandre), meu vizinho de Peniche, meu camarada:
Aqui tens finalmente o Rocha, ou melhor, a filha do Rocha, a Susana que nos descobriu, e mostrou as tuas fotos e a do Cristina ao pai... Tens aqui o telefone dele, eu também vou tentar ligar-lhe.... Mas acho que devem ser vocês a ter esse privilégio em primeira mão... Vou avisar o Cristina (que não tem mail), faço-o através do marido da filha, que vive na Madeira (o meu amigo Dr. Rui Silva.... A propósito, o Cristina reformou-se por invalidez... Vou também ligar-lhe este fim de semana, agora já é capaz de ser tarde)....
Vou publicar o apelo da Susana, mandar-lhe um beijinho e um grande abraço para o bravo de Caium que é o nosso condutor Rocha, mais um camarada que tem muito que contar, e fica desde já convidado para se sentar, aqui no meio de nós, sob o frondoso, acolhedor e fraterno poilão da nossa Tabanca Grande. Luís Graça.
PS - Arménio: Tinhas falado há tempos neste Flor, o Florimundo (Rocha), da tua terra, Lagoa... Como vês, o Mundo é Pequeno e a Nossa Tabanca é... Grande.
3. Nova mensagem para o Carlos (Alexandre):
Acabei de falar, ontem à noite, com o Rocha (mais conhecido por Flor, na sua terra)... Estava emocionadíssimo!... Reconstitui-me esse fatídico dia da emboscada, a 3 km de Piche, ia ele a conduzir um 411, a uns 70 à hora, que era o máximo que a viatura podia darem estrada alcatroada... De repente, começa a ver caras, dezenas e dezenas ("ram duzentos e tal"), a espreitar pela vegetação... E depois, o inferno... [Poupa-me os promenores da nossa conversa, ao telefone, deves imaginar quão doloroso ainda é para ele, ver a malta toda morta em seu redor, e ter que fazer fogo com a G3 dos mortos... Ele terá disparado com três G3 diferentes, e essa acção ter-lhe-á salvo a vida... Sem transmissões, valeu-lhes o socorro das chaimites, que vieram do lado de Piche, já depois depois de terminado...].
Ele está reformado, trabalhou em Silves numa fundição e foi também futebolista (2ª e 3ª divisão)... Já em Piche era um grande craque da bola, chegou a jogar pelos tipos da CCAÇ 11 (que tiraram a recruta, em Contuboel, com a minha CCAÇ 12, no 1º semestre de 1969, bem como a especialidade e a IAO; portanto, ainda conheci a primeira leva...).
Disse-me que há 20 e tal anos passou por Peniche e procurou-te. Dei-lhe o telefone do Cristina (o teu não tinha ali à mão). Também falei com a filha, a Susana, de 29 anos, que mora perto da casa dos pais. Foi o Arménio Estorninho que lhes mostrou as fotos no blogue. São conterrâneos. Tal como o Camilo. É uma terra onde todos se conhecem.
A filha, Susana, vai-me digitalizar fotos que ele tem, de Caium e de Piche, para publicarmos no blogue... E ele vai entrar pela porta grande do blogue como bravo de Caium que é, como tu e o Cristina... Agora falta apanhar o Sobral, o Teixeira, o Santiago...
Com mais tempo e vagar, falarei com ele outro dia... Lembra-se bem, do monumento, da sua construção, e sabe que fostes tu o responsável pela sua concepção...
A filha pareceu-me uma mulher de garnde sensibilidade. Prometeu trazer o pai para o blogue (ele, como muitos camaradas nossos, ainda não está familiarizado com a Internet). É uma história bonita, de amor filial. O Rocha tem ainda um filho que vai fazer 16 anos.
Por hoje chega de emoções... Publico amanhã uma notícia no blogue. Abraço. Luís
PS – Segundo percebi, o Rocha, ou melhor, o Flor, continua a trabalhar, mas agora em Lagoa, ou na região, em jardinagem (propriedade de uns holandeses, ou coisa assim assim do género).
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Nota do editor
(*) Falta-nos ainda uma boa descrição,pormenorizada, da emboscada, dada por alguém que tenha lá estado (como o Rocha)... Mas recapitulemos o que sabemos:
(i) Ocorreu na estrada Bruntuma-Ponte Caium-Piche, a escassos 3 km de e Piche, a 14 de Junho de 1973, quando uma pequena força do destacamento (duas ou três viaturas) se dirigiriam à sede da companhia para ir buscar mantimentos (que não recebiam há um mês);
(ii) Tinha havido uma grande operação junto à fronteira, com muitos meios (artilharia, força aérea, tropas especiais...), pelo que estrada Buruntuma-Piche era dada como "segura" nesses dias...
(iii) Uma força (desproporcinada do PAIG, fala-se em duzentos e tal guerrilheiros, 5 ou 6 bigrupos, o que nos parece exagerado…) fez fogo sobre as duas primeiras viaturas, entre elas o Unimog 411 (o “burrinho” conduzido pelo Rocha) , provocando a morte (imediata) dos seguintes militares destacados em Ponte Caium:
1º Cabo Ap. Metralhadora David Fernandes Torrão;
Sold At Carlos Alberto Graça Gonçalves (mais conhecido por Charlô, devido ao seu feitio brincalhão;
Sold At Hermínio Esteves Fernandes;
Sold At José Maria dos Santos.
(iv) Todos eles brutalmente mortos à roquetada e cortados depois em quatro com rajadas de Kalash, segundo a versão do Cristina... Os seus nomes constam do memorial, construído pelo Carlos Alexandre e seus camaradas, que ainda hoje existe (!) na velha ponte de Caium (velha de 50/60 anos)...
(v) Nem o Cristina nem o Carlos Alexandre iam nesta coluna: o primeiro ficou a tomar conta do morteiro; o segundo estava de férias...
Último poste desta série > 26 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P8002: O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande (38): Notícas de Xangai (António Graça de Abreu)
Guiné 63/74 - P8028: Contraponto (Alberto Branquinho) (26): Teatro do Regresso - 1.º Acto - E Agora?
Caríssimo Carlos Vinhal
Aí vai o "1º. Acto" do grande "TEATRO DO REGRESSO", que esteve em cena durante mais de uma década
e um grande ABRAÇO do
Alberto Branquinho
CONTRAPONTO (26)
TEATRO DO REGRESSO
(Peça em vários actos)
1º. Acto - E Agora?
Cenário:
Finais dos anos 60 do séc. XX.
Deck de navio, navegando em mar alto, transportando tropas de Bissau para Lisboa.
Personagens:
Dois alferes milicianos, fardados, apoiados nos ferros da amurada. Um segura a cabeça entre as mãos; o outro fuma um cigarro e fixa o horizonte, olhando em frente.
Acção:
A segunda personagem, apaga o cigarro, senta-se, encosta-se bem na cadeira, cruza os braços, encara o outro e pergunta:
- O que vais fazer, agora, quando chegares?
(Silêncio, durante uns segundos).
- Não sei se tenho cabeça e disposição para voltar a estudar. E tu?
- Vou abrir um consultório.
- Consultório?! De quê?
- Ponho um anúncio à porta. Assim:
PERGUNTEM TUDO SOBRE GUERRA.
EU RESPONDO.
Ambos sorriem. Sorrisos irónicos.
(CAI O PANO)
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Nota de CV:
Vd. último poste da série de 24 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7994: Contraponto (Alberto Branquinho) (25): Memórias
Guiné 63/74 - P8027: Estórias do Juvenal Amado (36): Um domingo de futebol em Galomaro
1. Mensagem de Juvenal Amado (ex-1.º Cabo Condutor da CCS/BCAÇ 3872, Galomaro, 1972/74), com data de 28 de Março de 2011:
Caros Luís, Vinhal, Magalhães, Briote e restante atabancados.
Mais uma pequena estória sobre Galomaro e o periodo que lá estacionou o BCaç. 3872
Um abraço e boa semana
Juvenal Amado
Estórias do Juvenal (36)
UM DOMINGO DE FUTEBOL EM GALOMARO
Lembro-me ainda criança, quando o meu pai organizava excursões a Lisboa para irem ver o Sporting e o Benfica.
Adeptos desses dois clubes conviviam em sã camaradagem na mesma camioneta e partilhavam os farnéis, bem como as «as máquinas de filmar de 5 litros tinto». Fosse qual fosse o resultado, os petiscos e os vapores da boa pinga da região de Alcobaça, (trincadeira, touriga, Fernão Pires e João de Santarém) faziam esquecer os resultados num tempo em que os dois clubes, mais ao menos dividiam os títulos entre si.
A minha habilidade para o desporto rei foi pouca e limitei-me a alinhar com o Jero e Nobre, membros do blogue no Futebol Clube do Cabeço, onde reinava uma camaradagem sem paixões clubistas, categorias sociais nem partidárias.
Mas isto serve de introdução a uma pequena estória passada em Galomaro entre 72 e 74, a qual me vem de vez enquanto à memória, quando na televisão vejo cenas em que os próprios jogadores como profissionais do mesmo ramo, não se respeitam nem respeitam a integridade física dos colegas de profissão. Está claro hoje o dinheiro substituiu o amor às camisolas e jogadores portugueses contam-se pelos os dedos de uma mão, os que actuam nos jogos dos principais clubes da nossa liga.
Mas passemos à estória daquele Domingo, onde os adeptos do Sporting, do Benfica e do Porto resolveram fazer um torneio.
À boa maneira portuguesa, quando o patrão está fora é dia santo na loja, também desta vez o nosso Comandante estava ausente e quando ele não estava parecia que o ar era mais leve, não fazia tanto calor, mercê dessa boa disposição geral formaram-se assim três equipas.
Do torneio lembro o aparatoso golo marcado pelo Furriel Vito, que equipava com todo o rigor as cores do Sporting e das cenas menos edificantes entre dois jogadores no jogo Benfica e Porto.
O problema é que na tropa, os jogadores são de várias categorias e graduações. O caso deu-se quando o Santos de Grijó (camarada infelizmente já falecido) fez uma entrada à margem das leis ao furriel (X), tendo este respondido com uma chapada.
No calor da disputa, o Santos esqueceu-se da sua condição de soldado básico e virou-se ao seu superior, tendo havido lugar à distribuição de tabefes de parte a parte .
Estava eu a ver o jogo bem perto do nosso Segundo Comandante, que se virou para não ver o que estava a acontecer, dizendo à boca pequena que assim não podia ser e que tinham estragado tudo, abandonando de seguida o recinto.
Os beligerantes foram separados e aquilo, acabou sanado sem males de maior importância.
O futebol é um desporto de massas, os clubes transformaram-se em empresas, os jogadores mudam de camisolas pela melhor oferta, as claques organizadas dão um triste espectáculo de violência, dando a impressão que para eles o jogo é o que menos importa.
A violência tem destas coisas, lembro-me dela, mas não me lembro quem ganhou o jogo ou o torneio.
Naquele Domingo os jogadores jogavam só por amor às equipas do seu coração e por vezes com o coração perde-se a razão.
Boa semana desportiva para todos
Juvenal Amado
Notas de CV:
(*) Vd. Poste de 8 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7911: As nossas mulheres (19): O tempo passa depressa - Homenagem à Mulher, à Mãe (Juvenal Amado)
Vd. último poste da série de 28 de Janeiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7690: Estórias do Juvenal Amado (35): Rodéro, o corneteiro com falta de embocadura
quinta-feira, 31 de março de 2011
Guiné 63/74 - P8026: Blogpoesia (136): Ai Guiné, Guiné (8) (Albino Silva)
AI GUINÉ GUINÉ (8)
Outros vendiam Sanches,
macaquinhos da Guiné,
até mesmo eu comprei
a um amigo Jalé ...
Eu tive muitos amigos
dos quais não esqueço mais,
eram negros e eu branco
mas seres humanos iguais...
Falava muito com eles,
eles falavam a mim,
camaradas, bons amigos,
fosse o Cufá ou Pandim...
Era o André bom rapaz
e era o Mamadu Baldé,
fosse o D’jaló ou irmão,
bons amigos na Guiné...
Na Guiné, naquela zona,
acontecia de quando em vez
com uns a falar crioulo,
outros português e francês...
Fossem eles crioulos
ou mesmo falando o francês,
o respeito por nós esse era
o de falar português...
No meu tempo de Guiné
houve do bom e do mau,
só tive pena sem culpa
conhecer pouco Bissau...
Bissau, cidade bem linda,
da Guiné é a Capital,
e tudo que lá conheci
garanto não ter visto igual...
Bem juntinho a Bissalanca
foi assim que eu te vi,
nos poucos dias passados
ainda te conheci...
Passeei pela cidade,
pois valia sempre a pena,
em teus bares bebi cerveja ,
à noite ia ao cinema...
Uma Escola visitei
em Bissau e como tal
lá pintei bancos e mesas
e visitei o Hospital...
Na Avenida Marginal
gostei por lá passear,
de um lado era a cidade,
de outro lado era o mar...
Sentado em esplanadas,
de olhos postos no mar,
vendo os pescadores ao longe
em canoas e a pescar...
Canoas, tantas canoas,
havia naquele mar,
também naquele seu Porto
via barcos a chegar...
Tudo aquilo era belo,
eu gostava de lá ir
ver navios a chegar
e ver outros a partir...
Tudo aquilo era belo,
muito lindo de certeza,
ver o mar ao pôr-do-sol,
Bissau era uma beleza...
Havia largos passeios
na avenida Marginal,
e também muitas palmeiras
em Bissau, na Capital...
Eram passeios sempre cheios,
muita gente a passear,
outros sentados nos bancos
vendo a Cidade e o mar...
Também gostei bastante
mesmo à noite e ao luar,
sozinho eu via as ondas,
sentia a brisa do mar...
(continua)
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Nota de CV:
Vd. último poste da série de 30 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P8018: Blogpoesia (135): Ai Guiné, Guiné (7) (Albino Silva)
Guiné 63/74 - P8025: Convívios (305): Pessoal da CCAÇ 2382 - Zé do Olho Vivo - dia 7 de Maio de 2011 em Almeirim (José Manuel Cancela)
A CCAÇ 2382, Zé do Olho Vivo, Guiné 1968-70 vai realizar no dia 7 de Maio de 2011 o 24.º Almoço/Convívio na região de Almeirim.
A concentração será junto da Praça de Touros, seguindo depois para o almoço no Restaurante na Quinta da Feiteira
Contactos dos organizadores:
Zola - 243 509 092 e 936 576 928
Caniço - 243 509 236 e 934 501 470
Como de costume vai ser um dia bem passado, lanço daqui o meu apelo para que venham em grande número para revivermos a Guiné da nossa juventude.
Grande abraço a todos
JOSÉ M. M. CANCELA
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Nota de CV:
Vd. último poste da série de 31 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P8023: Convívios (220): Pessoal da CCAÇ 2700/BCAÇ 2912, dia 30 de Abril de 2011 em Alferrarede-Abrantes (Fernando Barata)
Guiné 63/74 - P8024: Tabanca Grande (274): Fernando de Sousa Henriques, ex-Alf Mil Op Esp /RANGER da CCAÇ 3545 / BCAÇ 3883 (Canquelifá, 1972/74)
Na CCAÇ 3545 foi adjunto do Comandante de Companhia, tendo partido em Março de 1972 rumo à Guiné e regressado em Julho de 1974.
Em 1973 comandou uma Companhia de Instrução de Milícias em Bambadinca, por escolha do Comandante de Batalhão, do Major de Operações e do seu Capitão, de quem era adjunto (selecção esta resultante da sua especialidade - Operações Especiais / Ranger).
Recebe pois o nosso virtual abraço colectivo de boas vindas.
Guiné 63/74 - P8023: Convívios (304): Pessoal da CCAÇ 2700/BCAÇ 2912, dia 30 de Abril de 2011 em Alferrarede-Abrantes (Fernando Barata)
Vamos realizar o nosso próximo encontro no dia 30 de Abril de 2011 (Sábado).
Desta vez será na zona de ABRANTES (Cidade onde estava situado o RI2, Regimento pelo qual fomos mobilizados).
O restaurante onde nos vamos reunir chama-se “QUINTA DO LAGO“ e fica em Alferrarede, a 3kms de Abrantes (local aprazível e com imenso espaço tanto para estacionamento como para passeio na grande área jardinada).
O preço será de 24 Euros por adulto e inclui;
Buffet aberto (entradas)
Almoço (Prato de Peixe + Prato de Carne)
Buffet de sobremesas
Bebidas
Confirma a tua participação com o número de pessoas que te acompanham até ao dia 10 de Abril 2011.
Podes tratar da tua confirmação através dos seguintes telefones;
966 914 799 - Leandro Gonçalves
962 521 167 – João Rico
Ou por correio electrónico através dos seguintes endereços;
lrgoncalves50@gmail.com
joaoprico@gmail.com
Organizadores
Gonçalves e Rico
Nota: Para te manteres informado consulta o Blogue da CCAÇ 2700 – http://dulombi.blogspot.com/
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Nota de CV:
Vd. último poste da série de 30 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P8015: Convívios (219): 31.º Encontro da Associação Amizade do BART 645 - Águia Negras (Guiné, 1964/66), dia 30 de Abril em Montemor-o-Velho (Rogério Cardoso)
Guiné 63/74 - P8022: Notas de leitura (223): Spínola, o anti-general, de Eduardo Freitas da Costa (José Manuel Matos Dinis)
Spínola, o anti-general
José Manuel Matos Dinis
Comprei num alfarrabista, e achei muito interessante a dissecação feita sobre o general, expressa numa publicação Edições FP, Lisboa, - 1978, Sob o título "Spínola, o anti-general", da autoria de Eduardo Freitas da Costa, que se infere admirador de Salazar. Interessante mas amarga.
Logo na introdução, o Autor dá-nos este naco de avaliação:..."sente-se que a grande preocupação de A. Spínola era não só tornar patente um desembaraço pessoal que não pudesse ser discutido como associar-lhe essa arrogante, altiva, afectada e desdenhosa imagem de 'vedeta' guerreira: queria ser invejado pelos seus iguais, temido pelos superiores, respeitado pelos seus subordinados, admirado por todos."
Não se trata de uma biografia, antes, até pela data da publicação, de uma análise toldada pela revolução de 25 de Abril (um ajuste de contas), onde o general esteve envolvido desde a fase preparatória e funcionou como chapéu onde se abrigavam os capitães revoltosos, detectando-lhe ambições, hesitações, contradições, cedências e incompetências, numa constância que lhe destrói a imagem.
Logo a seguir àquela passagem, adianta: ..."os cuidados de imagem acabaram por sobrepôr-se às preocupações da essência"...
Aponta-lhe a ambição civil do chefe militar, referindo que a primeira incongruência e contradição entre a imagem e a realidade, situa-se no momento em que é designado para a Guiné. Que a partir de então, quando lhe eram entregues simultâneamente funções de Comando-Chefe de uma delicada zona de operações militares e de Governador de uma pacífica provincia, não se manifesta no espírito de Spínola nem um equílibrio de preocupações, nem sequer a tendência - que seria desculpável num general... - para sobrepor os cuidados militares às inquietações políticas.
"Durante os seus anos de Guiné é clara e evidente a constante atenção posta em revelar os seus pretensos dotes de governante, enquanto reduz a sua actividade militar a rasgos e impulsos de tenente-coronel de cavalaria", opinando claramente que a Spínola faltou a estratégia e o cuidado militar na condução da guerra, enquanto teorizava frequentemente sobre política, com a generalizada cobertura da comunicação-social. Este poderá considerar-se o mote para a apreciação ao período da Guiné. E continua: "logo a partir da entrevista que lhe concedeu o Presidente Salazar (para confirmar o convite do ministro Silva Cunha) antes da partida do general para Bissau, se revela, de facto - segundo confissão própria (País Sem Rumo, pgs 17/23) - a real ambição civil deste aparente chefe militar. É sintomático que, nas sete páginas que resolveu dedicar à minuciosa narrativa do que entendeu dever nessa oportunidade dizer ao então chefe do governo, não figura uma só linha de declarações de intenções, ao menos, de carácter militar e tudo sejam considerações de carácter político, procurando corrigir o que ele pretendia ser, por parte do presidente Salazar, 'um imperfeito conhecimento' das circunstâncias".
Sobre a demagogia do 'soldado-velho', como gostava de se afirmar, socorre-se o autor do depoimento insuspeito de Alpoim Calvão que refere lançar luz sobre "a forma aberrante que assumia, no ânimo do general, a função de comandante-chefe de forças em operações. Uma ou duas dúzias de páginas do volume 'De Conakry ao M.D.L.P.', daquele oficial da Armada, bastam para mostrar até que ponto os cuidados de vedetismo obscureciam em Spínola quanto deveria constituir elementar preocupação de um general; o que na realidade lhe importava era a sua popularidade, a valorização da sua imagem pessoal, em quanto ao resto, em quanto ao que devia competir efectivamente a um comandante-chefe, era indisciplinado, agia por impulsos, mostrava-se arrebatado e irrascível, imprudente e precipitado, incapaz de uma concepção estratégica global e reflectida".
Lembrei-me do discurso de recepção à minha Companhia, e das referências que o general fez aos traidores que estariam na retaguarda, afirmava-se paternalmente e pronto a receber qualquer um de nós, e também me lembrei de ter mandado tapar as valas em Pirada que, dizia, devia ser uma localidade aberta e pacífica para receber quem demandasse a Guiné, e onde passados dias, só por um grande milagre não ocorreu uma chacina, no decurso de uma invasão do IN que se distraíu nas lojas, enquanto o pessoal assistia a uma projecção de cinema. Exemplos do referido arrebatamento.
O autor ainda acusa de ambição o general, sustentado na carta que, em 1961, o então tenente-coronel, à data sem quaisquer funções que o obrigassem, escreveu - "por imperativo militar" - a oferecer-se para a guerra e a imiscuir-se em política interna do País, ultrapassando a hierarquia militar e os ministros do Exército e do Ultramar, numa clara violação disciplinar.
O autor acusa Spínola de se julgar um génio político e, "como todos os génios, um incompreendido", que em 15/4/1972 disse a M. Caetano: "afirmei-lhe que a minha acção na Guiné se encontrava avançada no tempo em relação à política ultramarina portuguesa vigente, a qual, em meu entender, não estava acompanhando ao ritmo desejado a evolução social do Mundo" (País Sem Rumo, pg.26).
Ora, na ocasião, a Guiné era uma minudência comparada com Angola, onde se registavam elevados índices de crescimento social e económico, sem qualquer razoabilidade de comparação.
Estribado num texto do vice-almirante Pereira Crespo (Porque Perdemos a Guerra), o autor vai confrontar as posições do general para concluir que a solução política preconizada, corresponderia a uma rendição, e escreve: "o general, ao que parece, entendia porém que seria solução política da guerra o facto de lhe pôr termo, em abstracto, sem curar do sinal positivo ou negativo desse termo, como se o que estivesse em causa fosse o fenómeno da guerra em si mesmo e não os objectivos que, com essa guerra o IN pretendia atingir e nós evitar que ele atingisse".
Prosseguindo, a teoria federalista de M. Caetano terá inspirado a Spínola o livro "Portugal e o Futuro", rampa de lançamento para a candidatura a PR, e também foram as imprecisões de conceitos e de orientações por parte do governo, que "alentavam todos os impulsos e todas as audácias" do general, nomeadamente no que respeita a iniciativas para a paz e à existência de um "saco-azul" de que M. Caetano refere não ter prestado contas.
Com o 25 de Abril e o período subsequente, a autor alonga-se em explanações e transcrições, para concluir como o general esteve sempre controlado pelas facções dos capitães, foi levado a tomar decisãoes que contrariam as teses de "Portugal e o Futuro" (nomeadamente o reconhecimento à autodeterminação incondicional e a independência da Guiné), andou de hesitações em hesitações em busca de apoios que não teve, passou pela frustração do 28 de Setembro e, finalmente, pelo vexame da fuga em 11 de Março.
Durante um ano fez um périplo por vários países na vã tentativa de reunir apoios, e de alguns foi coagido a sair, até regressar a Portugal para se sugeitar a julgamento.
Julgamento que o livro propõe na perspectiva do autor que, disseca e critica as edições de Spínola, socorre-se de várias fontes, e canaliza-nos essa torrente numa descrição de bom português.
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Notas de CV:
(*) Vd. poste de 14 de Dezembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7430: Convívios (203): Novo Encontro da Tabanca da Linha (3) (José Manuel Matos Dinis /Miguel Pessoa/Mário Fitas)
Vd. último poste da série de 30 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P8017: Notas de leitura (222): A Luta pela Independência, por Dalila Cabrita Mateus (2) (Mário Beja Santos)
Guiné 63/74 - P8021: Núcleo Museológico Memória de Guiledje (19): Quem ajuda a reconstruir a Casa do Comandante (Pepito)
1. Mensagem do nosso amigo Pepito, com data de 22 de Março de 2011:
Amigo Luís
Mais uma vez venho pedir ajuda ao pessoal de Guiledje.
Estamos na fase terminal das obras de reconstrução do antigo Posto de Comando (dentro de 3 meses).
Logo a seguir propomo-nos reconstruir aquilo que julgamos ser a casa do Comandante do quartel e que um dia foi do Capitão Neto.
Não sabemos como é que ela estava dividida internamente e quantas portas e janelas tinha.
Algum dos nossos amigos de Guiledje pode fazer o croquis?
Tencionamos fazer desta infraestrutura uma Casa de Ambiente e Cultura, onde se poderão encontrar peças de artesanato das etnias da zona, instrumentos de música tradicionais e também fotos e amostras de animais selvagens desta zona.
Penso que o Coronel Coutinho e Lima poderá dar-nos uma grande ajuda (eu perdi a morada de email dele).
abraços amigos
pepito
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Nota de CV:
Vd. último poste da série de 9 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7914: Núcleo Museológico Memória de Guiledje (18): Mais achados 'arqueológicos' (Pepito)
Guiné 63/74 - P8020: Tabanca Grande (273): Manuel Luís Rodrigues Sousa, ex-Soldado da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4512 (Jumbembem, 1973/74)
Camarada Luís Graça:
- O primeiro com o título "O mistério do Rio Cacheu";
- O segundo com os títulos:
- "A crise de Guidage";
- "Afinal os anjos acompanham-nos";
- "Minas entre Jumbembém e Lamel";
- "Não cheguem tarde como eu".
Aguardo a confirmação da recepção.
Um Abraço.
Manuel Sousa
2. Em 25 de Março foi enviada esta mensagem ao nosso camarada:
Caro camarada Manuel Sousa
Muito obrigado pelo teu contacto (não sei se é o primeiro) e pelos trabalhos que enviaste.
Parece que vou ficar como teu editor, mas antes gostaria de te apresentar formalmente no Blogue como novo tertuliano.
Gostava, se concordasses, que me enviasses uma foto tua actual (tipo passe) para juntamente com alguma das que enviaste ou outra que queiras enviar para o efeito, fazer-te um poste de apresentação, talvez publicando juntamente o mistério do Rio Cacheu.
Julgamos que os textos são todos teus, mas as fotos que os acompanham têm de ter referência ao sítio da internete de onde foram retiradas. Por favor, vê se me consegues arranjar esses elementos. Basta que me digas, foto tal retirada de...
Para a apresentação julgamos ter todos os elementos, mas podes indicar as datas de ida e volta, locais por onde andaram, etc. Um pequeno resumo das vossas actividades.
Fico à espera das tuas notícias para avançarmos com as publicações.
Recebe um abraço do camarada e amigo
Carlos
3. No mesmo dia recebemos mensagem com resposta às nossas interrogações e com as legendas e proveniência das respectivas fotos:
Camarada Carlos Vinhal:
De facto, os textos dos dois documentos que mandei são da minha autoria, que relata episódios de guerra que eu vivi em terras da Guiné 1972/1974, na região de Farim, integrado no 3.º Pelotão da 2.ª CCaç/BCAÇ 4512, Jumbembem.
[...]
Por Manuel Luís Rodrigues Sousa, ex-Soldado do 3.º Pelotão da 2.ª Companhia (Jumbembem) do BCAÇ 4512 sediado em Farim 1973/1974.
O rio Cacheu é um dos principais rios da Guiné, com uma extensão de cerca de 200 quilómetros, que cruza aquele país quase na sua totalidade, no sentido nascente-poente.
É um curso de água ora estagnada, ora com uma ligeira corrente, cuja profundidade permite a navegação de barcos até 2000 toneladas, até próximo da vila de Farim, com uma largura média de cerca de 200/300 metros, que se serpenteia por entre luxuriante vegetação até depois desta localidade, onde se subdivide, formando os rios de Jumbembem e de Canjambari, os quais penetram mais para leste para o interior do território.
A 12 de Janeiro de 1973, terminado o período de um mês de instrução, o chamado IAO, que teve lugar no quartel do Cumeré, próximo de Bissau, o Batalhão 4512 desloca-se para o seu local de destino, Farim, a cerca de 100 quilómetros, transportado por uma longa coluna de viaturas.
Partiu do Cumeré cerca das 06 horas da manhã, passando por Nhacra, Mansoa, Cutia, Mansabá e K3, com paragens em todas estas localidades, onde estavam instalados quartéis militares, para batimento de zona com tiros de obus ao longo da estrada com aquele destino, para segurança da passagem da coluna.
Depois de todas estas paragens, após passar o K3, a coluna voltou a parar, desconhecendo-se o que se estava a passar à frente, visto que eu seguia numa das últimas viaturas, avançando apenas de vezes em quando escassos metros.
Cerca do meio dia, à medida que a minha viatura e as que a precediam avançavam a passo de caracol, apercebi-me que as viaturas estavam a entrar numa jangada no rio Cacheu, em direcção à outra margem, numa extensão de 200/300 metros, onde se via já a vila de Farim.
Página do nosso camarada Carlos Silva
Ao chegar a vez da minha viatura entrar na jangada, num conjunto de 4/5 viaturas que passavam de cada vez, reparei que a corrente do rio se deslocava no sentido nascente-poente.
Cerca das 3 horas da tarde, parte da coluna saíu de Farim com destino a Jumbembem e Cuntima, por uma picada em terra batida, para ali deixar a 2.ª e 3.ª companhias, respectivamente.
Chegámos a Jumbembem, passando por Lamel, já ao fim da tarde, cobertos de pó vermelho, que mal se podia respirar, provocado pelas viaturas em movimento na picada, já que era época de seca. Ali recebemos as boas vindas pelos “velhinhos” que, para o efeito, improvisaram máquinas de filmar, cuja película eram rolos de papel higiénico, além da cantilena: ...”piriquito vai no mato, olé…lé…lé …a velhice vai prá Metrópole olaré…lé…lé”.
A melhor maneira de tirar aquela poeira, foi beber uma “bazooca” (cerveja com cerca de 60 cl) que se consegui lá na espécie de bar, mas quente como sopa. (os frigoríficos a petróleo estavam avariados).
Passado algum tempo, talvez volvido um mês, coube ao meu poletão, o 3.º, escoltar a coluna a Farim para o transporte de reabastecimentos.
E qual o meu espanto, entrei quase em pânico ao duvidar da minha sanidade mental, julgando que “já estava apanhado pelo clima”, ao verificar que a corrente do rio Cacheu se dirigia no sentido poente-nascente, precisamente ao contrário do que tinha visto antes.
Fiquei mais calmo quando alguém me esclareceu que os rios na Guiné não têm corrente.
Como o terreno é plano, cuja altitude média é de 4/5 metros, os rios são uma espécie de vasos comunicantes com o mar:
As correntes dirigem-se para leste, no caso do rio Cacheu, aquando da preia-mar e em sentido contrário quando ocorre a baixa-mar, embora a horas cada vez mais diferenciadas, à medida que os rios se afastam para o interior do território.
Apenas têm corrente própria algumas linhas de água na época das chuvas, de Maio a Outubro, que escorrem das bolanhas (terrenos alagadiços utilizados no cultivo do arroz) em direcção aos rios de correntes pendulares, como no caso que acabei de referir.
Mais tarde, em Fevereiro de 1974, quando regressava de férias de Bissau viagei numa embarcação de reabastecimento, designada por LDG, protegida por um vaso de guerra em locais mais perigosos do percurso, percorrendo quase todo o rio Cacheu até Farim, durante dois dias, com paragens de reabastecimentos em quartéis que se situavam nas margens do rio.
Então, para menor esforço, a embarcação navegava quase sempre a favor das correntes, ou seja, aproveitava os períodos de subida da maré para se deslocar para o interior.
Foi esta a partida que o Rio Cacheu me pregou e que quis partilhar convosco!!!!
Este episódio ilustra bem a desvantagem das Forças Armadas portuguesas em relação aos guerrilheiros do PAIGC, nativos da Guiné, ao desconhecerem o meio em que actuavam no teatro de operações, cuja adaptação, nas diversas comissões, ao longo de doze anos de guerra, em grande medida lhes custou danos irreversíveis: a perda de muitas vidas humanas e, pior ainda, milhares de estropiados de guerra, para não falar daqueles que fisicamente saíram ilesos do conflito, mas que, psicologicamente, ficarão marcados de forma indelével para toda a vida.
Um abraço para todos.
Manuel Sousa.
Março de 2011
4. Comentário de CV:
Caro Manuel Sousa, está feita a tua apresentação à tertúlia. Esperamos continuar a ter a tua colaboração de modo regular, se possível, tanto mais que atravessaste um período conturbado da guerra na Guiné, que coincidiu com uma ofensiva em grande por parte do PAIGC à nossa ZA de Binta, com a sempre lamentável perdas de vidas.
Já deves ter reparado que tens alguns camaradas do teu Batalhão e do teu tempo entre a nossa tertúlia, já com alguns trabalhos publicados sobre a pressão exercida pelo PAIGC aos chamados três "Gs", Guidage, Guileje e Gadamael. Podes utilizar as palavras chave que se encontram no lado esquerdo da nossa página para acederes aos respectivos postes.
Deixo-te o tradicional abraço de boas vindas em nome da tertúlia e dos editores
CV
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Nota de CV:
Vd. último poste da série de 24 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7992: Tabanca Grande (272): José Martins Rodrigues, ex-1.º Cabo Enfermeiro da CART 2716, Xitole, 1970/72
Guiné 63/74 - P8019: Parabéns a você (234): Mas que raio de coisa esta! (Magalhães Ribeiro)
Depois de pensar nas melhores palavras para vos agradecer tudo o que me desejaram, só me saiu "isto", que dedico com um grande abraço a cada um de vós e a todos:
A barragem do Alqueva descarregando caudais excedentes em 2010
Tenho o e-mail empanturrado,
O telefone sempre a tocar,
Tudo a mandar abraços!
Mas que raio de dia estranho?
Beijos e felicitações…
Desejos de saúde e alegria…
Boa disposição e amizade!
Mas que raio de dia será este?
Ah… pois é verdade… ‘tou mais velho!
Hoje é o meu aniversário,
Já… completo 59 anos! Ou só?
Mas que raio de dia… anormal!
Então este tsunami é da família…
Dos Amigos e conhecidos.
Tantos que parecem… milhões!
Mas que raio de dia... meu Deus!
Obrigado por esta bênção!
Por tão enorme fraternidade!
Por esta agradável sensação!
Mas que raio de dia… pois então!
Ainda recebi umas prendinhas,
Que de todas elas gostei muito,
Das palavras, dos votos… Obrigado!
Mas que raio de dia memorável!
Mil beijos mãe, Fernanda e mana…
Mil beijos filho… Mil beijos filha…
Mil chi-corações Amigos... TODOS!
Mas que raio de dia… bestial!
Nota de M.R.:
Vd. último poste desta série em:
quarta-feira, 30 de março de 2011
Guiné 63/74 - P8018: Blogpoesia (135): Ai Guiné, Guiné (7) (Albino Silva)
AI GUINÉ GUINÉ (7)
Dois anos, dias ou noites,
meses, horas, eu passei,
resumindo nesse tempo
eu a vós tudo vos dei...
Eu encontrei gente boa,
gente humilde e de bem,
também tive gente má,
mas bons amigos também...
Eu cheguei a repartir
bem daquilo que havia,
mesmo que fosse o comer
o Guineense comia...
Não era muita fartura
que havia naquela terra,
até porque era difícil
tudo por causa da guerra...
Eu recordo para sempre
tantas noites que passei
entre bolanhas e capim
e quilómetros que andei...
Depois de nosso regresso,
depois de a Guiné deixar,
se tivesse crescido teu mal,
eu tinha prometido voltar...
Por outros países andei
mas nunca foi tão igual
como foste tu, Guiné,
que eras também Portugal...
Sempre é bom ouvir de ti
notícias que adoramos,
uns pelo mau que passaram,
outros por bom recordamos...
Não nos deixes ficar mal,
pois metes sustos às vezes,
a nós que não te esquecemos
e somos bons portugueses...
Nós somos muitos ainda
a manter a mesma Fé,
esperando ver-te crescer
e a seres sempre Guiné...
Foi uma guerra evitada
mas verdade também é,
se não fosse essa guerrilha,
eu não conhecia a Guiné...
Não te tinha conhecido.
por isso fico contente
na Guiné eu ter estado,
convivendo com essa gente...
Eu vi em ti na certeza
que eras Guiné pequenina,
engraçada com beleza
e também eras ladina...
Vi também o ambiente,
Guineenses com amor,
Homens Grandes e Badjudas,
Mulheres Grandes e calor...
Vi ainda tua terra,
arvoredo sem igual,
Cacimbadas e as chuvas
num clima tropical...
O teu imenso calor
bem me lembro e não esqueço,
nem dos banhos nas bolanhas,
minhas idas e regressos...
Bolanhas que atravessei,.
molhado bem molhadinho,
já depois de sair delas
depressa ficava sequinho...
Eu muito gostava ver
esses homens a trepar
as palmeiras e mangueiros
e seus frutos apanhar...
Gostava de ver nativos
no batuque e na farra,
uns a vender periquitos,
outros vendiam mancarra...
(Continua)
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Nota de CV:
Vd. último poste da série de 28 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P8006: Blogpoesia (134): Ai Guiné, Guiné (6) (Albino Silva)
Guiné 63/74 - P8017: Notas de leitura (222): A Luta pela Independência, por Dalila Cabrita Mateus (2) (Mário Beja Santos)
Queridos amigos,
Cheguei ao fim da leitura dos livros da Dalila Mateus*. Tenho pela frente o tomo gigante das memórias da Aristides Pereira, uma edição diferente da que se publicou em Portugal e com importantes documentos históricos.
Perante o silêncio dos confrades da Tabanca, sou forçado a crer que não há por aí outras obras que deva ler, não escondo a pretensão de levar a bom porto o levantamento do que se escreve nos dois países sobre a Guiné. Mantenho-me receptivo à ajuda de todos aqueles que tenham em seu poder relicários para abrir no blogue…
Um abraço do
Mário
À volta da formação da elite fundadora do PAIGC (2)
Beja Santos
A dissertação de mestrado “A Luta pela Independência, a formação das elites fundadoras da FRELIMO, MPLA e PAIGC”, de Dalila Cabrita Mateus (Editorial Inquérito, 1999) introduz uma abordagem singular sobre as opções ideológicas e políticas bem como os modelos económicos e sociais adoptados pelos movimentos independentistas, partindo da convivência dos respectivos líderes sobretudo na Casa dos Estudantes do Império (CEI) que muitos deles frequentaram. O fio condutor da investigadora começa no processo colonialista português, a constituição das elites crioulas e como se formaram muitas vezes à sombra do PCP. Dentro desta óptica, importa apreciar os tipos de apoio externo à luta independentista e qual a verdadeira base ideológica em que assentou o processo de independência. Como se compreenderá, o enfoque está centrado na Guiné.
A direcção do PAIGC cedo rumou para a Guiné-Conacri, tal como a direcção do MPLA. As autoridades do país, escreve a autora, forneciam documentação aos dirigentes nacionalistas: a Amílcar Cabral foi dado um passaporte com o nº 55/67, em nome do engenheiro Ousman Keita, nascido a 12 de Setembro de 1924, em Kankan, e com residência em Conacri. Os primeiros anos de relacionamento com as autoridades de Sekou Touré foram bastante difíceis, estas temiam que as armas caíssem nas mãos de oposicionistas ao regime, chegou mesmo a haver a detenção de Aristides Pereira, Luís Cabral e Vasco Cabral. Logo a PIDE vaticinou que o PAIGC acabara de sofrer um rude golpe, capaz de originar a sua desaparição. O Senegal concedeu ao PAIGC uma ajuda controlada, chegando o hospital de Ziguinchor a estar fechado pelas autoridades, a vigilância aqui tinha a ver com as preocupações de Senghor quanto a uma eventual rebelião da região do Casamansa.
A Organização da Unidade Africana (OUA) teve uma grande importância no reconhecimento do PAIGC, a partir de 1965 este partido foi acolhido como o único representante da Guiné e Cabo Verde. Ao longo dos anos o estatuto dos movimentos de libertação junto da OUA oscilou. O apoio de muitos países africanos foi sempre mitigado, terá sido uma dessas razões por que Cabral se inclinou para o chamado campo socialista, um arco que cobria a União Soviética e os seus aliados europeus, a China e Cuba.
As dissidências entre a URSS e a China repercutiram-se em África. Por exemplo a União Soviética e outros países de Leste prestavam um relativo apoio ao MPLA e ao PAIGC ao passo que a China apoiava a FRELIMO e a FNLA. Observe-se que o primeiro apoio ao MPLA tinha vindo da China onde, aliás, o PAIGC foi recebido e ali foram ministrados cursos de formação sobre a guerra de guerrilhas.
Com o passar dos anos, deu-se uma aproximação dos principais movimentos de independência com o bloco soviético, isto a despeito de Amílcar Cabral dizer sistematicamente que adoptava uma atitude de não-alinhado. Os cubanos apoiaram o PAIGC como instrutores ou enviando médicos, chegaram em 1966. No ano anterior, Che Guevara encontrara-se com dirigentes independentistas de Angola, da Guiné-Bissau e de Moçambique e terá dito em privado que só Cabral o impressionara.
No seu livro “Crónica da Libertação”, Luís Cabral também admite que os primeiros quadros do PAIGC foram formados na China, estiveram lá Domingos Ramos, Osvaldo Vieira e Rui Djassi, a que se juntara mais tarde Chico Mendes, Nino Vieira e Victor Saúde Maria. Comentando o apoio cubano, Manuel dos Santos refere, a propósito da sua ida para Cuba em 1965: “Éramos cerca de 30 quadros. A doutrinação ideológica não era muita. Recebemos, essencialmente, um treino militar”. E, mais adiante: “Depois voltei de Cuba e passei uma temporada na União Soviética, onde fui completar a nossa preparação militar, que foi uma preparação específica”. Manuel dos Santos voltará à União Soviética para aprender a manejar os mísseis Strela.
Quanto à ajuda militar, no início, as armas vinham de diferentes precedências. Mas, com o passar do tempo, o equipamento soviético passou a preponderar. O PAIGC não recebeu qualquer ajuda militar dos EUA, mas Cabral foi lá com alguma regularidade chegando a Universidade Lincoln, de Nova Iorque, a conferir-lhe o grau de “doutor honoris causa”. Escreve Dalila Mateus que na parte final da luta de libertação os EUA apoiavam a política colonial portuguesa, considerando que para os seus interesses era importante manter o predomínio branco na África Austral. Nixon terá dito a Marcelo Caetano: “Abandonem a Guiné, que não interessa a ninguém. Dêem-lhes a independência. Nós ganharemos tempo e vós prestígio”. Recorde-se que Portugal abastecia-se em mercados da NATO, caso dos EUA, França, Grã-Bretanha e Alemanha Federal. Os governos nórdicos não disfarçavam o seu apoio aos movimentos de libertação.
E chega-se ao projecto político, a criação do homem novo que palpitava na literatura de todos aqueles que aderiram aos projectos independentistas. O inimigo ao princípio era o colonialismo. Depois, ocorreram transformações sociais decorrentes da influência soviética ou da crença nas vias socialistas. Mesmo no seu jogo ambíguo, Cabral não resistiu a dizer que “Uma nação independente tem apenas duas vias: regressar ao domínio imperialista (neocolonialismo, capitalismo, capitalismo de Estado) ou a via do socialismo”. Com a evolução da luta, Cabral apercebeu-se da importância dos factores da identidade, apelou a valores, recomendou que se combatesse o oportunismo e a responsabilidade e mesmo o tribalismo. O português irá surgir como cimento da unidade da nação, frisando a necessidade “preservar, apesar dos crimes cometidos pelos colonialistas portugueses, as possibilidades de uma cooperação, de uma amizade, de uma solidariedade e de uma colaboração eficaz com o povo de Portugal”.
Cabral foi o único dirigente que deixou uma obra teórica digna desse nome. Tinha noções sólidas sobre o desenvolvimento económico e criticava os planos grandiosos, alertando para os erros bem evidentes de países africanos independentes. Alertava a pequena burguesia a manter-se revolucionária ou, caso traísse os objectivos da libertação nacional, a suicidar-se. A autora recorda a série de problemas vividos no seio do PAIGC: o congresso de Cassacá, realizado em Fevereiro de 1964, em que foram brutalmente reprimidos os dirigentes bárbaros; Inocêncio Cani, o assassino de Cabral, teria estado implicado no desvio de bens; Osvaldo Vieira era um alcoólico e para arranjar dinheiro mandava vender vacas e caçar crocodilos para vender a pele. Cabral continuava a alertar: “Há camaradas que parece que passaram vários anos à espera de responsabilidades para poderem cometer os erros que outros cometeram no seu lugar. O sonho socialista, de feição soviética, acabou por fascinar estes dirigentes que aparecem diligentes a copiar o socialismo real. Não tinham experiência da direcção de um Estado moderno. Eram voluntaristas, esqueceram a penúria de quadros nacionais, comportaram-se como arranjistas, promovendo inaptos e clientelas. Em poucos anos, o capital da luta, os valores da abnegação e da solidariedade foram corrompidos. Pepetela irá escrever com amargura que tinham sido puros e desinteressados e depois tudo se adulterou e apodreceu. A utopia morreu. O que começara na Casa dos Estudantes do Império desaguou em incompetência, fanatismo e num recuo civilizacional de décadas.
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Nota de CV:
Vd. poste de 28 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P8008: Notas de leitura (221): A Luta pela Independência, por Dalila Cabrita Mateus (1) (Mário Beja Santos)
Guiné 63/74 - P8016: Memórias de Mansabá (23): Recordações de António Dâmaso, Sargento-Mor Pára-quedista - A minha estadia em Mansabá
Resolvi embora com atraso dar os parabéns aos aniversariantes do Blogue, não desfazendo, uma atenção ao Carlos Vinhal, num pequeno texto alusivo a Mansabá que ele tanto adorou, mando duas peças de caça mas têm que as matar primeiro, eu não fui capaz.
Muitas felicidades e que para o próximo cá estejamos para mais umas trincas.
Um Abraço
Dâmaso
A MINHA ESTADIA EM MANSABÁ
Em 1969 estava eu na minha segunda comissão na Guiné. Tinha-me oferecido por estar à bica para ser nomeado para Moçambique e estar convencido que a duração da comissão ainda era de 18 meses, mais uma vez fruto da minha outra Especialidade de Mecânico, devido ao desempenho na comissão anterior, tinha sido colocado no Pelotão de Manutenção Auto que pertencia à CMI, (Companhia de Material e Infra-estruturas).
Estava nesta situação havia cerca de um mês e meio, inopinadamente no 29 de Maio a uma sexta-feira fui ler a Ordem de Serviço antes de sair do Quartel como militar que se preze deve fazer, qual não foi o meu espanto, ao ler que eu sem ninguém me ter dito “água vai”, tinha sido transferido para a CCP 122.
Como simplório que sempre fui, não perguntei nada a ninguém do porquê desta transferência, uma vez que quando para lá fui estava a contar que podia ser colocado de início numa Companhia operacional.
No sábado dia 30 de Maio de 1969 fui logo a caminho de Mansabá, não foi obra do acaso que fui colocado no Pelotão que passados estes anos todos não me lembro, até porque informalmente, só estive na CCP 122 pouco mais de um mês, fui “chutado para a (CCP 123) nesta altura a CCP 122 estava em Mansabá que pertencia ao COP 6 a fazer segurança a colunas auto entre Mansoa e Mansabá e vice-versa, fazia segurança à construção na Estrada que estava a ser construída entre Mansabá e Farim.
A CCP 122, quando fui para lá estava a ser comandada por um tenente, e vinha com uma série de êxitos de resultados das operações semanais que vinha realizando, fazendo muitas baixas, capturas de guerrilheiros e muito material de guerra.
A segurança às colunas requeria alguma atenção, pelo menos nos pontos mais críticos propícios a emboscadas, constava que faziam buracos no alcatrão, colocavam minas anticarro e tapavam com bosta de vaca para disfarçar.
O tempo de espera em Mansoa era ocupado com uns jogos de matraquilhos
No trajecto fazia-me impressão como é que estava no meio do nada, um minúsculo acampamento em Cútia, quantos ataques terão sofrido?
Havia também um ponto crítico chamado de a Serração.
Em Mansabá dormia numa camarata cuja parede era arejada por buracos quadrados, os catres estavam equipados com uns colchões muito velhos e sujos.
Um belo dia num sábado em Bissau estava em casa depois de ter tomado banho, estava à mesa e apareceram-me uns bichinhos achatados a passear sobre os meus sobrolhos, fiquei mais que encavacado, foi uma “chatice”, só depois associei o caso aos colchões velhos.
Uma noite saímos do aquartelamento e fomos emboscar num ponto alto para o lado esquerdo da estrada em construção no sentido de Farim, quando o dia começou a clarear começou toda fauna a mexer, galinhas de mato e toda a passarada a esvoaçar de árvore em árvore, a fazer-se ouvir nos seus trinados próprios, até que oiço por cima da minha cabeça um som característico de uma perdiz, som que eu já conhecia desde criança, ao mesmo tempo que estava encantado com aquilo tudo, olho para cima e vejo uma perdiz bem grande pousada num galho da pequena árvore onde eu estava por baixo, quando a ave resolveu fazer as necessidades para cima de mim, aí veio ao cimo aquele sentido animalesco de predador e de lhe apontar a arma e manter o dedo no gatilho, mas como estava emboscado, tive de fazer um grande esforço para não puxar o gatilho, numa emboscada tem se manter o silêncio absoluto.
Foi uma experiência porque desconhecia que as perdizes pousavam sobre as árvores, no Alentejo nunca tinha visto.
Um dia que não me lembro a data resolveram ir de avião para Mansabá e saltar, existia lá uma boa zona de lançamento, eu como não fui com eles, também fui de avião DO 27 mas não saltei.
Quando ia para aterrar vi uma grade acácia de flores vermelhas, que tomei como ponto de referência, sempre que voei na Guiné ia atento aquele tipo de acácia e até cheguei a enviar sementes para cá, que não chegaram ao destino.
Durante o mês de Junho a Companhia continuou com o ritmo operacional de uma operação por semana, Mansabá tinha uma coisa boa que era uma água levezinha como não bebi na Guiné em lado nenhum, cheguei a levar água para Bissau em garrafões de 10 litros, nunca mais esqueci Mansabá por ter sido a minha primeira experiência na Guiné da guerra a sério, mesmo nas duas operações em que tomei parte, apesar de não ter dado um único tiro, fizeram-se prisioneiros, apanhou-se muito material de guerra, queimaram-se cubatas e destruiu-se arroz, mas presenciei situações que me recuso a transcrever e que me marcaram, vi como a guerra transforma os seres humanos em “bichos” perdendo a vertente humana, a partir daí pela maneira como fui lançado para a situação, ia sempre que era nomeado, mas não se pode dizer que me sentisse muito feliz por lá andar.
A minha estadia em Mansabá não chegou a um mês, porque fui para lá no dia 30 de Maio e no dia 28 de Junho já estava a caminho de Teixeira Pinto, gostei de ter conhecido Mansabá comparada com outros buracos por onde andei era um oásis, passei lá pela estrada quatro anos depois, indo do K3 (Farim) para Bissalanca em 2 de Junho de 1973, regressando de Guidage da Operação “Mamute doido”, da estrada observei que tinha aumentado muito em casernas novas.
Um Abraço do
Dâmaso de Azeitão
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Notas de CV:
- O meu muito obrigado ao camarada António Dâmaso por este seu trabalho dedicado a Mansabá. Bela prenda.
(*) Vd .poste de 23 de Novembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7323: Agenda Cultural (90): Lançamento do livro A Última Missão, de José de Moura Calheiros, dia 29 de Novembro de 2010, no Aquartelamento da Academia Militar (António Dâmaso)
Vd. último poste da série de 22 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7984: Memórias de Mansabá (11): A construção da estrada Cutia-Mansabá e a defesa dos seus pontões (José Barros)
Guiné 63/74 - P8015: Convívios (303): 31.º Encontro da Associação Amizade do BART 645 - Águia Negras (Guiné, 1964/66), dia 30 de Abril em Montemor-o-Velho (Rogério Cardoso)
1. Mensagem de Rogério Cardoso (ex-Fur Mil, CART 643/BART 645, Bissorã, 1964/66), com data de 30 de Março de 2011:
Caro amigo Carlos
Com os meus cumprimentos, solicito por favor, que seja publicado no blogue, o anuncio do nosso 31º Encontro, com o seguinte programa:
LOCAL: MONTEMOR-O-VELHO
DATA : 30 DE ABRIL DE 2011
RESTAURANTE PATINHOS, Ladeira dos Caídos - Estrada Nacional Coimbra - Figueira da Foz (junto a Montemor)
10,00 h - Concentração junto à Igreja de Nossa Senhora dos Anjos, perto do Tribunal de Montemor
11,00 h - Missa de sufrágio por todos os companheiros falecidos.
12,30 h - Saida em caravana para o Restaurante Patinhos (2km)
13,30 h - Almoço com diversas entradas, sopa, peixe, carne, sobremesas (mesas de queijos, doces e frutos), bolo aniversário e espumante.
Vinhos, sumos, café e digestivos.
No final do almoço iremos ter musica ao vivo para o chamado PÉ DE DANÇA.
A inscrição terá lugar até 23 de Abril para Rogério Cardoso, telemóvel 939 339 340.
____________
Nota de CV:
Vd. último poste da série de 24 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7990: Convívios (218): Encontro do pessoal da CCS e da CCAÇ 2366/BCAÇ 2845, dias 21 e 28 de Maio de 2010 na Mealhada (Albino Silva)