quinta-feira, 28 de abril de 2011

Guiné 63/74 - P8175: Convivios (318): O emocionante reencontro dos camaradas da CCAÇ 274 (Bissau e Fulacunda, Jan 1962/Jan 1964), organizado pelo Durval Faria, em Ponta Delgada, Arrifes, no RG 2, em 23 de Abril de 2011 (Carlos Cordeiro)


Região Autónoma dos Açores > Ilha de São Miguel > Ponta Delgada > Arrifes > RG 2 (Regimento de Guarnição 2, antigo BII 18) > 23 de Abril de 2011 > Convívio  de antigos camaradas da CCAÇ 274 (Bissau, Fulacunda,  Jan 1962/ Jan 1964) > Foto 92 > Foto de grupo (a primeira metade,   lado esquerdo)



Região Autónoma dos Açores > Ilha de São Miguel > Ponta Delgada > Arrifes > RG 2 > 23 de Abril de 2011 > Convívio de antigos camaradas da CCAÇ 274 (Bissau, Fulacunda, Jan 1962/ Jan 1964) > Foto 92 < Foto de grupo (a segunda metade, lado direito)



Região Autónoma dos Açores > Ilha de São Miguel > Ponta Delgada > Arrifes > RG 2 > 23 de Abril de 2011 > Convívio de antigos camaradas da CCAÇ 274 (Bissau, Fulacunda, Jan 1962/ Jan 1964)  > Foto do grupo...Veio pessoal do Canadá, EUA, Suécia, RA Açores e RA Madeira... Foto 91.





Região Autónoma dos Açores > Ilha de São Miguel > Ponta Delgada > Arrifes > RG 2 > 23 de Abril de 2011 > Convívio de antigos camaradas da CCAÇ 274 (Bissau, Fulacunda, Jan 1962/ Jan 1964) > "Foto 75: Ten Cor Viegas e General (reformado) Adérito Figueira prestando homenagem aos mortos do RG2, vendo-se o capelão militar, que proferiu uma Oração, e  os convivas".




Região Autónoma dos Açores > Ilha de São Miguel > Ponta Delgada > Arrifes > RG 2 > 23 de Abril de 2011 > Convívio de antigos camaradas da CCAÇ 274 (Bissau, Fulacunda, Jan 1962/ Jan 1964) > O antigo Cap Inf Adérito Augusto Figueira (hoje Gen Ref) presta homenagem aos mortos do RG2




Região Autónoma dos Açores > Ilha de São Miguel > Ponta Delgada > Arrifes > RG 2 > 23 de Abril de 2011 > Convívio de antigos camaradas da CCAÇ 274 (Bissau, Fulacunda, Jan 1962/ Jan 1964)  > Missa > "Foto 83: Na Oração dos Fiéis, o General Adérito Figueira dirige-se aos seus camaradas".


Fotos: © Carlos Cordeiro (2011). Todos os direitos reservados. 


1. Mensagem, com data de 25 de Abril, do Carlos Cordeiro (docente da Universdidade dos Açores, membro da nossa Tabanca Grande, irmão malogrado Cap Pára da CCP  123/BCP 12, João Cordeiro, e também ele antigo combatente em Angola como Fur Mil Inf):

Caros amigos editores:

Junto uma pequena notícia do convívio da Companhia de Caçadores Especiais 274. Fui convidado pelo camarada Durval Faria, o que muito me sensibilizou, pois nunca tinha estado num convívio de antigos combatentes. Foi uma experiência inesquecível, como digo no pequeno texto que vos envio, que, no fundo, transmite muito pouco do que verdadeiramente se passou.

Envio também fotografias.


Foto 75: Ten Cor Viegas e General (reformado) Adérito Figueira prestando homenagem aos mortos do RG2, vendo-se o capelão militar, que proferiu uma Oração, e os os convivas.


Foto 83: Na Oração dos Fiéis, o General Adérito Figueira dirige-se aos seus camaradas.


Foto 91: O grupo da CCE 274


Foto 92: Todos os convivas (com excepção do fotógrafo de ocasião).


Um abraço amigo do Carlos Cordeiro


PS - Só duas coisas:


(i)  Uma felicitação especial pelo aniversário do blogue, com um abraço ao Luís, extensivo a todos.


(ii) Agradecia o favor de, no local próprio, colocarem que a homenagem aos mortos constou da deposição de uma grinalda de flores e da sequência dos toques militares (esta parte não me lembro bem como se deve dizer: julgo que foi o toque de apresentação de armas, silêncio, alvorada e descansar - mas vocês farão o especial favor de colocar tudo como deve ser). Um abraço e bom 25 de Abril, Carlos Cordeiro.

2. Convívio da CCAÇ 274

por Carlos Cordeiro [, foto à esquerda]


No Sábado, 23 de Abril, e "sob a batuta" do camarada Durval Faria (*), reuniram-se em convívio os antigos militares da Companhia de Caçadores Especiais (CCE) 274, para evocar os 50 anos da sua incorporação militar. A reunião decorreu no antigo BII 18 (hoje Regimento de Guarnição 2), unidade mobilizadora daquela Companhia. Vieram camaradas de várias ilhas dos Açores, do Continente e do Canadá.

A recepção esteve a cargo do Ten Cor Viegas, 2.º Comandante do RG2, por ausência do Comandante. Depois dos cumprimentos, o Ten  Cor Viegas convidou os presentes a se associarem a uma simples, mas muito significativa, cerimónia de homenagem aos mortos da unidade, a que se seguiu uma visita às instalações militares.

A seguir, o capelão militar, Ten Cor Padre João Arlindo Monteiro, presidiu a uma celebração religiosa na capela do RG2. A oração dos fiéis foi lida pelo General Adérito Augusto Figueira, que, como capitão, comandou a Companhia. Numa evocação especial, relembrou o espírito de camaradagem e unidade que sempre marcara a vivência da CCE 274, pedindo a Deus as maiores felicidades para todos.

Seguiu-se o almoço-convívio na messe de Sargentos, num ambiente de sã camaradagem e de recordação dos bons e maus momentos por que haviam passado. Antes da distribuição do artístico bolo com o brasão da Companhia, Durval Faria entregou a cada um dos camaradas uma colectânea de reproduções de artigos dos jornais locais com as reportagens da partida e chegada da CCE 274 e de outros artigos referentes à Companhia.

Não há palavras para descrever as emoções da despedida.

Endereço uma palavra muito especial de agradecimento ao camarada Durval Faria pelo insistente convite que me dirigiu para participar no convívio – e a todos os restantes camaradas, famílias e amigos pelo modo carinhoso com que me receberam. Foi uma experiência inesquecível para quem, como eu, teve o seu "baptismo de fogo" num convívio de antigos combatentes da Guerra do Ultramar.

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Notas de CC:

(i) A Companhia de Caçadores Especiais 274 foi formada no Batalhão Independente de Infantaria 18, com oficiais e sargentos que receberam instrução no CIOE de Lamego. Partir de Ponta Delgada em 29 de Julho de 1961. Depois da IAO, na zona de Sintra, foi colocada no Campo de Santa Margarida, onde se manteve como unidade de reserva estratégica até Janeiro do ano seguinte.

Segundo me informou o General Adérito Figueira, a Companhia chegou a estar mobilizada para a Índia. Falou-me também nas deficientes instalações do Campo de Santa Margarida e na necessidade de inventar ocupação para os militares, pois não tinham qualquer missão especial, a não ser "estarem ali" sem poderem visitar a família, pois as passagens eram caras e só a viagem durava quatro dias para cada lado. Algum tempo era aproveitado para palestras sobre vários assuntos. De qualquer modo, e de acordo com conversas com diversos camaradas, foi um tempo difícil, pois havia a convicção de que seriam mobilizados e, no fundo, estavam a aumentar o tempo de serviço militar desnecessariamente e a grande maioria sem sequer ter dinheiro para poderem conhecer visitar pontos de interesse no Continente.

(ii) A CCE 274 partiu para a Guiné no navio Índia, em 17 de Janeiro de 1961, tendo estacionado inicialmente em Bissau, seguindo depois para Fulacunda.

(iii) Regressou a Ponta Delgada em 2 de Fevereiro de 1964, no N/M Lima.

(iv) Mortos (todos em combate):

- Fur Mil José do Rego Rebelo, em 6/2/63 [, Está sepultado na sua terra natal, Fajã de Cima, Ponta Delgada]
- Sold José Carvalho Carreira, em 6/2/63
- Sold João de Freitas Pereira, em 22/4/63 [, Foi inumado no cemitério de Fulacunda]

(v) Foram condecorados seis militares da Companhia: cinco com Cruz de Guerra e um (1.º cabo) com a Medalha de Cobre de Valor Militar com palma.   

(vi) (Nota do editor: Em 1962, as unidades moblizadas para o TO da Guiné foram as seguintes, para além da CCAÇ 274 (ou CCE 274):

BCAÇ 356: Mobilizada pelo BCAÇ 5, partiu em 17/1/1962 e regressou em 17/1/1964. Esteve em Bissau, Cufar e Catió. Comandante: Ten Cor Inf João Maria da Silva Delgado.

CCAÇ 273 (originalmente, CCE 273): Mobilizada pelo BII 17, partiou em 17/1/1962 e regressou em 17/1/1964. Esteve em Bissau, Catió, Cacine e Cabedu. Comandante: Cap Inf Jerónimo Roseiro Botelho Gaspar

EREC 385: Mobilizada pelo RC 8, partiou em 17/1/1962 e regressou em 17/1/1964. Esteve em Bissau e Fulacunda. Comandante: Cap Cav José Olímpio Caiado da Costa Gomes.

Fonte: Gomes, C.M.; Afonso; A.- Os anos da guerra colonial: volume 3: 1962: optar pela guerra. Matosinhos: QuidNovi, 2009, p. 126.
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Nota do editor:
 
(*) Vd. último poste da série > 27 de Abril de 2011 > Guiné 63/74 - P8173: Convívios (314): CCAÇ 274, uma das primeiras a partir para o CTIG, em Janeiro de 1962, comemorou os 50 anos da sua incorporação no BI nº 18, Ponta Delgada, Açores (Durval Faria)

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Guiné 63/74 - P8174: Em busca de... (159): Onde é que pára o pessoal da CCAÇ 462? (José Marques Ferreira)




1. O nosso Camarada José Marques Ferreira, ex-Sold Apontador de Armas Pesadas da CCAÇ 462, Ingoré (1963/65), enviou-nos hoje a seguinte mensagem:

Olá camaradas,
O Domingos, cuja história já aqui contei em postes anteriores, contactou-me pelo Facebook.

Por intermédio desta mesma rede social, respondi-lhe e pedi-lhe algumas indicações mais, pois já há muita gente interessada em saber algo sobre ele.

ATÉ AO MOMENTO AINDA NÃO RESPONDEU… Porra!

Passando a outro assunto:

Como já afirmei por meia dúzia de vezes, não tenho grandes histórias para contar da nossa guerra na Guiné, mas lá vou encontrando algum material que penso ter interesse e, assim, aqui estou a enviar mais um texto, com três anexos, sobre o pessoal da minha CCAÇ, que embarcou no «Niassa» e depois de desembarcar nunca mais se juntou.

A LISTA DO PESSOAL DA CCAÇ 462 QUE EMBARCOU EM BISSAU, NO NAVIO «NIASSA», EM 7 DE AGOSTO DE 1965, E CHEGOU A LISBOA NO DIA 14 DAQUELE MÊS

Caros Camaradas, Amigos, Editores e Trabalhadores desta Tabanca Grande, como há muito não deambulava nestas paragens, trago hoje à colação um factor muito usual e frequente nos militares da guerra colonial. Os encontros e convívios que ainda se vão fazendo.

Precisamente para dizer que a subunidade de que fiz parte nunca aderiu, organizou, emparelhou pelo mesmo diapasão. Por outras palavras, nunca ninguém teve a ousadia de tomar a iniciativa para juntar meia dúzia de companheiros (alguns que cimentaram/construíram grande amizades), para realizarmos um encontro/confraternização.

Contra mim próprio viro a arma do comodismo, da indiferença, do deixa andar, do desinteresse…

Como já repeti aqui uma dúzia de vezes, em 1963 as zonas que calcorreámos, registavam grande actividade guerrilheira, atroz e de regulares «estragos» nas nossas tropas.

A esta minha subunidade, não sei porquê, nunca tiveram a ousadia de «chatear», fosse em ataques organizados, emboscadas, assaltos, ou sei lá que mais. Foi uma guerra santa a nossa…

Mas remexendo nos papéis (poucos) que trouxe comigo, encontrei a lista do pessoal que embarcou no navio «Niassa», que apresento em anexo.

Esta lista foi elaborada por mim, logo que nos chegou a informação de que iríamos embarcar, de regresso, no dia 7 de Agosto de 1965.

Neste navio – e sem sabermos um do outro –, vinha como é natural além de muitos outros, um militar que mais tarde se tornou um grande amigo meu – o Armor Pires Mota.

Com esta minha iniciativa, a publicação da lista, espero despertar as saudades em alguns ‘adormecidos’ e fico a aguardar, ansiosamente, que alguns deles me contactem.

Um outro pormenor é que quase toda esta malta é do Norte (carago…) e só meia dúzia é da zona sul (Lisboa a Setúbal).

Com alguns, poucos de Avanca, Cesar, Aveiro e não sei mais onde, já tive contactos. Outros perdi-lhes completamente o rasto… não sei onde param.

Como já disse em outras ocasiões, tivemos duas baixas: uma por acidente ao montar uma armadilha e outra por doença.

Alô! Há por aí alguém à escuta?

Se sim, comentem e informem aqui em baixo, no local reservado a comentários, ou escrevam-me para o e-mail: jmferreira@kanguru.pt

Para todos, nomeadamente os que entretanto ficaram “surdos” e “mudos” até hoje,
Um abraço,
J. M. Ferreira
Sold Apt Armas Pesadas da CCAÇ 462
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Nota de M.R.:
Vd. último poste da série em:

Guiné 63/74 - P8173: Convívios (314): CCAÇ 274, uma das primeiras a partir para o CTIG, em Janeiro de 1962, comemorou os 50 anos da sua incorporação no BI nº 18, Ponta Delgada, Açores (Durval Faria)

1. Informação recolhida da página do Facebook do nosso camarada Durval Faria:

A Companhia de Caçadores Especiais nº 274 comemorou no passado dia 23 de Abril as bodas de ouro da sua incorporação no BI nº 18, no RG2, Arrifes

Esta companhia esteve em teatro de guerra, na Guiné, de Janeiro de 1962 a Janeiro de 1964, na Guiné.

Programa

10h00 – Concentração dos antigos militares e suas famílias

10H30- Cerimónia militar alusiva aos mortos em combate na Guine

11h00 – Visita à unidade (RG2)

11h30 - Missa na capela do RG2

12h30 – Almoço no RG2

Presentes:

(i) O antigo capitão, hoje general, Adérito Augusto Figueira

(ii) Antigos militares, provenientes de Canadá, Estados Unidos da América, Suécia, RA da Madeira e RA Açores (Ilhas de Santa Maria e S. Miguel), num total de 70 pessoas.


Convidados especiais:

(i) Eng Fernando de Sousa Henriques, presidente da Liga dos Combatentes de Ponta Delgada,

(ii) e o Dr Carlos Cordeiro, docente da Universidade dos Açores

Guiné 63/74 - P8172: Agenda cultural (116): O documentário de Diana Andringa sobre o Campo de Chão Bom / Tarrafal passa hoje na RTP1, às 23h00: Entre 1962 foram deportados para lá 100 presos políticos guineenses, 60 foram libertados em 1964 e os restantes em 1969



1. Mensagem da cineasta Diana Andringa, membro da nossa Tabanca Grande:



Data: 22 de Abril de 2011 12:15
Assunto: Tarrafal


O "Tarrafal: Memórias do Campo da Morte Lenta" vai passar na RTP1, dia 27, às 23H00.
Abraços,
 Diana

Sinopse (Fonte: RTP1):

Voltamos a este campo de desterro que tem muitas histórias para nos confessar... Chamavam-lhe "O Campo da Morte Lenta"; os críticos, naturalmente. Quando os presos eram portugueses, as autoridades chamaram-lhe primeiro, entre 1936 e 1954, "Colónia Penal de Cabo Verde" e depois quando reabriu em 1961 para nele serem internados os militantes anticolonialistas de Angola, Cabo Verde e Guiné, "Campo de Trabalho de Chão bom". Trinta e dois portugueses, dois angolanos, dois guineenses perderam ali a vida. Outros morreram já depois de libertados, mas ainda em consequência do que ali tinham passado. Famílias houve que, sem nada saberem do destino dos presos, os deram como mortos e chegaram a celebrar cerimónias fúnebres.

A convite do Presidente da República de Cabo Verde, Pedro Verona Pires, os sobreviventes reencontraram-se para um Simpósio Internacional sobre o Campo de Concentração do Tarrafal, resultou deste encontro este documentário produzido e realizado por Diana Andringa com o apoio da Fundação Mário Soares e da Fundação Amílcar Cabral.



 2. Comentário de L.G.:

Já aqui nos referimos ao documentário de Diana Andringa sobre o Campo de Chão Bom, Tarrafal, Ilha de Santiago, Cabo Verde. Realizado em 2009, foi estreado em Lisboa, no IndieLisboa'10, 7º  Festival Internacional de Cinema Independente, Culturgest,  23 de Abril de 2010. 

Para o Campo de Chão Bom foram deportados, em 4 de Setembro de 1962, cem presos políticos guineenses, juntando-se aos angolanos que já lá estavam.  Muitos dos guineenses terão sido presos arbitrariamente pelo PIDE, não  tendo  qualquer ligação ao PAI, criado em 1956 (depois, PAIGC,  e que a partir de 3 de Agosto de 1961 irá passar à chamada acção directa ( sabotagens, corte de vias de comunicação, etc.), antecipando assim a luta armada, iniciada oficialmente (segundo a historiografia do PAIGC) em 23 de Janeiro de 1963, em Tite. 

Este período, de 1961 a 1963, de forte repressão por parte da PIDE (que não teria no território mais de 30 agentes metropoliitanos), é  ainda mal conhecido da maior parte dos portugueses e dos guineenses, incluindo os combatentes (do lado e do outro) da guerra colonial de 1963/74.  

Já foi feita, no entanto, referência à  figura do advogado e escritor Artur Augusto Silva (1912-1983), casado com a nossa amiga Clara Schwarz e pai do nosso amigo Pepito, e que se destacou nesta época na defesa de presos políticos guineenses:  Cidadão empenhado, grande africanista,  português e guineense, jurista corajoso,   amigo pessoal de gente ligada às letras e às artes, mas também de diversas figuras ligadas ao Estado Novo, a começar pelo Prof Marcelo Caetano, de quem foi aluno,  foi advogado de defesa em 61 julgamentos de presos políticos, acusados de sedição, um deles com 23 réus, tendo tido apenas duas condenações em todos esses julgamentos. Em 1966, acaba também ele por ser preso pela PIDE, à chegada a Lisboa, e mantido vários meses no forte de Caxias sem culpa formada. Acabou por ser solto, mas impedido de voltar à Guiné.

Os 100 guineenses, deportados em 4 de Setembro de 1962,  foram juntar-se  aos 107 angolanos que já lá estavam. Os guineenses foram alojados numa ala separada.  Em 1964 saíram cerca de 60 guineenses, sem qualquer culpa formada nem julgamento,  sendo os restantes libertados em 30 de Julho de 1969, no âmbito da política "Por uma Guiné Melhor", do Governador Geral e Com-Chefe António Spínola.  Recorde-se que, ao todo, Spínola mandou libertar 92 presos políticos, incluindo um dos históricos do PAIGC, Rafael Barbosa  (1926-2007), detido na colónia penal da Ilha das Galinhas, nos Bijagós.

Dos 238 presos angolanos, guineenses e cabo-verdianos que estiveram no Tarrafal, na 2ª fase (1961-1973), apenas menos de um quarto (cerca de 50) estavam ainda  vivos, em 2009. No 1º período do Tarrafa (1936-1954) , o número de presos foi de cerca de 340, todos eles portugueses, opositores ao regime de Salazar, literalmente desterrados, presos arbitrariamente, sem direito a defesa nem a cuidados de saúde... 

O documentário de Diana Andringa, com duração de hora e meia, foi feita basicamente com  três dezenas de entrevistas, feitas no interior do antigo campo, e inclusive nas antigas celas, por ocasião do Simpósio Internacional sobre o Campo de Concentração do Tarrafal, que teve lugar entre 28 de Abril e 1 de Maio de 2009. A realizadora preferiu concentrar-se na 2ª parte da história,   menos conhecida ou menos falada, deste campo de concentração, ou seja, o período em que foi reaberto, em 1961, e que vai até 1974.   
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Nota do editor:

Último poste da série >  11 de Abril de 2011 > Guiné 63/74 - P8085: Agenda Cultural (116): Conferência de António Graça de Abreu, Museu do Oriente, 3ª feira, 12 de Abril, 18h00, entrada livre > A megacidade de Xangai, um olhar de 30 anos

Guiné 63/74 - P8171: Memórias de Mansabá (24): Recordações de António Dâmaso, Sargento-Mor Pára-quedista - O baptismo de fogo na Guiné

1. Mensagem de António Dâmaso, Sargento-Mor da FAP na situação de Reforma Extraordinária, com data de 23 de Abril de 2011:

Subordinado ao tema "Não deixes que sejam os outros a contar a tua história" aí vai mais um texto à vossa consideração.

Um abraço
Dâmaso


RECORDAÇÕES DE MANSABÁ (2)

O BATISMO DE FOGO NA GUINÉ

Depois de eu ir para a Companhia, às sextas-feiras faziam-se Operações relâmpago de heli-assalto na zona de Bula em Choquemone. Uma dessas operações calhou numa sexta-feira dia 13 de Junho que até era dia de Santo António, efeméride que no momento não me lembrei. Saímos de Mansabá  transportados em viaturas, passámos por Mansôa, seguimos pela estrada em direcção a Bissau e paramos numa Tabanca quase paralela a Encheia, local que conhecia por já ter transportado para lá Companhias de Páras. Era um local de eleição para lançar héli-assaltos na zona a partir dali.
Uma vez levei uma Companhia de manhã, e à tarde tive de ir buscá-la por falta de tecto (céu limpo) para actuar, outra vez fui mesmo pela picada junto ao rio Mansôa recolher uma Companhia, na margem do rio frente a Encheia, tendo de levar uma escolta de dois homens por viatura.

Zona de Jundum > Operação “Orfeu”

Fomos heli-transportados para o Objectivo que era a bolanha de Jundum-Choquemone

Ainda ia no ar já assistia ao bombardeamento de uma parelha de T6 e outra de FIAT G91.

Um avião T6 em voo na Guiné (Foto do Pára Albano Martins > Álbum de Memórias do BCP 12)

Uma parelha de aviões FIAT em voo. Na Guiné não voavam assim juntinhos

Uma largada Héli na Guiné, (Foto Mor S Rosa Álbum de Memórias do BCP 12)

Fui largado na ponta sul da bolanha, cujo efectivo era de 20 homens que correspondia a quatro Hélis, apesar de periquito naquelas andanças, era o mais antigo e como tal tive de assumir o comando. Recebi ordem do PCA, (Posto de Comando Aéreo) que andava lá em cima a comandar a Operação, para me dirigir para norte ao encontro do resto do pessoal da Companhia. Mandei o Cabo Oitenta com a sua MG para a frente, meti-me atrás dele e lá fomos, embora fosse um iniciado, sabia da competência daqueles homens que já tinham passado por Gandembel e por outros buracos idênticos e estavam endurecidos pela guerra. Sentia-me seguro e integrado.

Os que saltaram a norte entraram logo em acção e quando se deu a reunião já tinham alguns prisioneiros. Cheguei a tempo de ver sacar mais dois de dentro de uma vala cheia de água, onde se encontravam a respirar por uma cana de capim, um militar mais atento viu as bolinhas de ar à superfície e os guerrilheiros não escaparam.

Um DO em voo, um faz tudo (Foto Álbum de Memórias dos Pára-quedistas)

Já se encontravam alguns elementos a juntar o material apreendido, para depois carregar nos Hélis e eu recebi ordem para destruir as palhotas do acampamento. Andava por lá um casal de velhotes confusos com o aparato, a meu ver atendendo à idade, acho devia ter havido um pouco mais de condescendência na maneira de os tratar, fui educado a respeitar os mais idosos, os buracos causados pelas bombas largadas ainda fumegavam, preocupei-me primeiro em manter a segurança s só depois foi a destruição do acampamento pelo fogo.

Pára-quedistas na destruição de um Acampamento (Foto Álbum de Memórias do BCP 12)

O Comandante da CCP 121 a carregar armamento no Héli na Operação “Adónis” em 1969 (Foto H BCP 12)

Como a Operação foi resolvida num dia em poucas horas, fomos recuperados para João Landim, local onde eu já tinha ido muitas vezes levar e recolher Companhias de Páras e depois via auto para Bissalanca, ainda deu para fazer uma visita à família.

Héli em aproximação para recuperação (Foto Cabo Pára Lopes > Álbum de Memórias do BCP 12)

Recuperação Héli (Foto Cabo Lopes > Álbum de Memórias do BCP 12)

Dali em diante comecei a conhecer mais de perto alguns pilotos dos Hélis que até ali conhecia de vista e que nos transportaram, uma vez que ia sentado ao lado do piloto.

Alguns dos pilotos de Héli que me transportaram para as Operações e na recuperação (Foto cortesia do Alf  Mil Pilav Jorge Félix com a devida vénia)


Resultados da Operação “Orfeu”: 
 - 17 guerrilheiros abatidos,
- 12 capturados,

Apreensão do seguinte material:
- 1 metralhadora pesada Guryunov,
- 1 morteiro 60, 1 LGF RPG 7,
- 1 espingarda automática Kalashnikov,
- 1 espingarda semi-automática Simonov,
- 1 carabina Mosin Nagant,
- 1 espingarda Mauser,
- 2 carabinas Zbrojovska,
- 1 pistola matralhadora Beretta,
- 1 pistola matralhadora Schmeisser,
- 2 pistolas-metralhadoras M-25,
- 1 pistola matralhadora Thompson,
- 6 pistolas-metralhadoras PPSH,
- 36 granadas diversas,
- 5 minas A/P,
- 32.100 munições para armas ligeiras
- material diverso, fardamento, medicamentos, etc.

A CCP 122 sofreu 4 feridos ligeiros, eu não dei um único tiro porque não tive ninguém na mira de fogo, mas deu para verificar que a margem direita do rio Mansôa era perigosa e que a linha entre a vida e a morte era muito ténue o que obrigava a matar para não morrer. O comportamento dos militares tornava-se quiçá mais desumano em tal situação.

Saudações Aeronáuticas
Dâmaso
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Vd. último poste da série de 30 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P8016: Memórias de Mansabá (12): Recordações de António Dâmaso, Sargento-Mor Pára-quedista - A minha estadia em Mansabá

Guiné 63/74 - P8170: Parabéns a você (251): Hugo Guerra, ex-Alf Mil CMDT dos Pel Caç Nat 55 e 60, hoje Coronel DFA (Tertúlia / Editores)

Postal de Miguel Pessoa

PARABÉNS A VOCÊ

27 DE ABRIL DE 2011

HUGO GUERRA

O nosso camarada e amigo Hugo Guerra festeja hoje mais um ano de vida

Caro Hugo, aqui estão os Editores, em nome de toda a Tertúlia, a desejar-te um feliz dia de aniversário junto dos teus familiares e amigos mais próximos.

Que festejes esta data por muitos anos, com a melhor saúde possível, face às mazelas deixadas pela maldita guerra, tendo sempre por perto aqueles que amas e prezas.

Na hora do brinde não esqueças os teus camaradas e amigos do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné, que irão erguer também uma taça pela tua saúde e longevidade.
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Notas de CV:

(*) Hugo Guerra foi Alf Mil, Comandante do Pel Caç Nat 55 e Pel Caç Nat 60, Gandembel, Ponte Balana, Chamarra e S. Domingos, 1968/70, e é hoje Coronel, DFA, na reforma.

Vd. último poste da série de 24 de Abril de 2011 > Guiné 63/74 - P8162: Parabéns a você (250): David Guimarães, ex-Fur Mil da CART 2716/BART 2917 (Tertúlia / Editores)

terça-feira, 26 de abril de 2011

Guiné 63/74 - P8169: Notas de leitura (233): Triste vida leva a garça, de Álamo Oliveira (Mário Beja Santos)

1. Mensagem de Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, Comandante do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 18 de Abril de 2011:

Queridos amigos,
Parece fazer todo o sentido em tratar Álamo Oliveira como poeta açoriano, toda a sua lírica tem no mundo ilhéu a sua força centrípeta, este poema é digno de constar nos grandes cancioneiros dos maiores poetas portugueses. E há que ter orgulho pela memória e pelos afectos guineenses que ele exalta.

Um abraço do
Mário


Álamo Oliveira, poeta açoriano e nosso camarada da Guiné

Beja Santos

Sobre o romance “Até Hoje (Memória de Cão)”, de Álamo Oliveira (Ulmeiro, 1986) já se fez neste lugar a necessária recensão, está entre a melhor prosa publicada nos anos 80, sobressai a nostalgia de um ilhéu e a sua coragem de se despir até aos escaninhos do íntimo, trata-se de um texto de enorme elevação, lirismo e sofrimento incontido. Não houvera até então nenhum desassombro tão vasto de devastador numa narrativa onde se assume um desencontro trágico em torno de uma relação homossexual. Além destes desabafos íntimos, vazou como poucos na escrita a atmosfera psicológica, os tiques do quotidiano, os acontecimentos inopinados e festivos que interrompiam o marasmo de tempos lodosos. Recordo a descrição da chegada do correio, mal sustive a respiração: “Estão como cabras espantadas, prisioneiros ridículos, inocentes, amantes de cordel, aos saltos, gritinhos tarzânicos. Doentes de alegria explosiva, rapazes com o coração a viajar para o princípio do ser, primitivos os sentidos expostos. Fixam-se no meio da parada, a mão à testa para tapar o sol, a avioneta de voo raso, dois sacos de correio que se despenham e se amparam nos mil dedos que os agarram… As notícias vinham ali ensacadas, cadeadas, atrasadas quase quatro semanas. Vinham alegrias do tempo contado, saudades moídas pela azenha da distância, tristezas em rebanho… Os olhos estão fixos nas mãos do cabo-escriturário que agora é todo quartel de Binta e só aquele tamanho, a mão emocionada metendo a chave no cadeado do saco com a mesma untuosa demora da desfloração”.

Dois anos antes, em 1984, Álamo Oliveira publicara também na Ulmeiro uma compilação de vários livros de poesia com o título “Triste Vida Leva a Garça”. O primeiro livro “áfrika-mim e outras raízes” tem poemas que ele escreveu sobretudo em Brá, Bissau e Binta. Noutro livro intitulado “eu fui ao pico piquei-me”, uma lindíssima colectânea de cantigas soltas estruturadas ao jeito açoriano, consta o belíssimo “cantigas de ter ido à guerra”, por ventura o seu mais belo poema em torno da experiência guineense. É longo, permitam-me alguns excertos, um dia teremos uma biblioteca activa para consulta, será possível ler na íntegra tão belo poema:

Guiné, meu campo de guerra,
Gindungo com que tempero
A alcatra da minha terra…
Vinho de palma não quero.

Antes «cheiro» que me aguarda
Com confeitos e alfenim.
Não fui herói de espingarda,
Não fui cobra de capim.

Noites longas, sem mulher;
Noites de cio em segredo.
- Seja soldado quem quer,
Toda a farda mete medo.
………………………………

Fui soldado. Simplesmente.
Soldado de corpo nu.
Amei África e sua gente…
Muito sumo de caju.

Por isso, canto, em quadra,
A saudade que engatilha
A arma que me desarma:
- África-mim/minha ilha!

Dos companheiros de armas,
Guardo o rosto e afeição.
Soldados com espingardas
Murchas e presas à mão

Para puxar o gatilho
No momento de matar.
Antes, sachavam o milho,
Agora, são de odiar.

Hoje, à distância de anos,
Meia légua do caixão,
Coso, de memória, os panos:
- Meus companheiros quem são?

Pedro e João morreram.
Só dois! Mas que grande sorte!
Só vinte anos viveram
E há quem diga: santa morte
………………………………..

Mãe-negra – África-mim,
Meu postal desilustrado,
Tempo de angústias e capim
Ao meu ombro pendurado.

Quem bem faço por esquecer
Armas, mosquitos, viagem.
África ferrou-me o ser,
Trouxe-a feita tatuagem.

Se da guerra me livrei,
Do seu povo é que não.
Na farda, não me piquei,
Mas trouxe, na minha mão

Ritos de fanado e morte,
Rios mansos que o sol coa,
Luar branco, trovão-forte,
Negro vogando em canoa.

E ainda, em saco da tropa,
Carregado em bandoleira,
Trouxe, do feitiço a copa
Da beleza da palmeira.

Guiné! Guiné! Voz de gente!
Doce de coco e baunilha!
Bem te sinto, no meu ventre,
A pulsar no som da ilha,

Que é de mar, enxofre e lava
Hortênsias e solidão.
Guiné, minha irmã-escrava
Mango caído no chão.

Já me fico por aqui.
A ilha a paz me conceda.
Em África, nunca vi
Um campo de erva azeda.

Hoje, já muito mais velho,
Só a saudade é que apaga
Essa terra – pó vermelho –
Com montes de baga-baga.

Piquei-me, bem sei. Agora,
África-Ilha é este fardo:
Ser cavalo sem espora,
Ser um espinho sem cardo…

E assim termina esta desgarrada plena de feitiço africano. Não conheço nada mais de tão intenso nesta toada nova da poesia luso-guineense, um espinho de saudade pois, como ele soletra a Guiné ficou para muitos como uma irmã-escrava lá nas terras do poeta feitas de enxofre e lava.

Este livro de Álamo de Oliveira passa a fazer parte da biblioteca do blogue.
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 22 de Abril de 2011 > Guiné 63/74 - P8153: Notas de leitura (232): O Paparratos, de José Pardete Ferreira (Mário Beja Santos)

Guiné 63/74 - P8168: Efemérides (66): 41º Aniversário do regresso, em 25/4/1970, no N/M Ana Mafalda, da CART 2410, Os Dráculas (Gadamael e Guileje, 1968/70) (José Barros Rocha)



N/M Ana Malfada > Abril de 1970 > Malta da CART 2410 >  Legenda do fotógrafo: "Porão do Ana Mafalda. Assim viajaram os soldados"...


Lisboa > O N/M Ana Mafalda, navio misto (mercadorias e passageiros), que tinha o comprimento (fora a fora) de um campo de futebol...lAlojamentos para 16 passageiros em primeira classe, 24 em segunda e 12 em terceira classe, no total de 52... Nº de tripulantes: 47...


Lisboa > Estuário do Tejo > 25 de Abril de 1970 > A chegada do N/M Ana Mafalda, tendo do lado direito o monumento do Cristo Rei (inaugurado em 1959) e o Olho de Boi, no cais do Ginjal, Cacilhas, na margem esquerda do Rio Tejo, concelho de Almada.

Fotos (e legendas): © José Rocha (2011) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados
 
1. Mensagem do nosso camarada, empregado bancário reformado, a viver em Penafiel,  José Rocha, ou José Barros Rcoha, ex-Alf Mil, CART 2410, Os Dráculos (Guileje e Gadamael, 1968/70) (*)

Data: 25 de Abril de 2011 14:56
Assunto: 41º Aniversário do regresso da Guiné da CART 2410

Olá, Camarigos!

Espero que tenham tido um óptimo Dia de Páscoa! E que os "coelhinhos" do Miguel Pessoa não hajam "sofrido" muito...

Venho ao vosso encontro para comunicar que hoje, 25 de Abril, a minha Companhia - CART 2410 - celebra o 41º aniversário do regresso da Guiné, no ANA MAFALDA! (**)

Vou tentar enviar umas fotos alusivas ao dia 25 de Abril de 1970.

Um abraço Camarigo para todos!
José Rocha, ex-Alf Mil [, foto à esquerda]
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Nota do editor:

(*) Vd. outros psotes do José Rocha:

23 de Fevereiro de 2008 >Guiné 63/74 - P2574: Estórias de Guileje (9): O massacre de Sangonhá, pela Força Aérea, em 6 de Janeiro de 1969 (José Rocha)

18 de Janeiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1443: Contributo para a história da construção do aquartelamento de Guileje (José Barros Rocha, CART 2410, Os Dráculas, 1969/70)

(**) A CART 2410 foi mobilizada pelo GACA 2, embarcou em 11/8/1968 e regressou a 18/4/1970. Esteve em Gadamael e Guileje. Comandante: Cap Mil Art Amílcar Cardigos Pereira. A CART 2410, Os Dráculas, está também representada no nosso blogue pelo ex-Fur Mil do 4.º Gr Comb Luís Guerreiro (que vive hoje na Canadá).
18 de Março de 2008 > Guiné 63/74 - P2663: Tabanca Grande (58): Luís Guerreiro, ex-Fur Mil da CART 2410 e Pel Caç Nat 65 (Ganturé, 1968/70)

23 de Julho de 2008 > Guiné 63/74 - P3086: Memórias dos Lugares (10): Gadamael, CART 2410, 1968/69, Parte I (Luís Guerreiro, Montreal, Canadá)
 
23 de Julho de 2008 > Guiné 63/74 - P3087: Memórias dos Lugares (11): Gadamael, CART 2410, 1968/69, Parte II (Luís Guerreiro, Montreal, Canadá)
 
22 de Outubro de 2010 > Guiné 63/74 - P7156: Memória dos lugares (102): Gadamael: a misteriosa sigla A.S.C.O já lá estava no tempo do Luís Guerreiro (1969) e do José Gonçalves (1974), dois camaradas que vivem no Canadá
 
(***) Último poste da série > 7 de Abril de 2011 > Guiné 63/74 - P8059: Efemérides (64): Freguesia de Mar-Esposende: Homenagem aos ex-Combatentes no dia 1 de Maio de 2011 (José F. Silva/Fernando Cepa)

Guiné 63/74 - P8167: 7º Aniversário do Nosso Blogue: 23 de Abril de 2011 (22): Graças a vocês consegui viver "outras vidas" (José Barros Rocha)


Guiné > Região de Tombali > Gadamael > CART 2410 (1968/70) >  Preparação de uma coluna de reabastecimento a Guileje



 
Lisboa >  A formatura da minha Companhia (parte) antes do embarque no Uíge, no dia 11 de Agosto de 1968, no Cais da Rocha do Conde de Óbidos.(O José Rocha aparece em segundo plano, do lado esquerdo.



Guiné > Região de Tombali > Gadamael > Vista do porto de Gadamael-Porto.


Lisboa > O N/M Uíge em 1968 com tropas a bordo.


Fotos (e legendas): © José Rocha (2011) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados


1. Mensagem do nosso camarada, empregado bancário reformado, a viver em Penafiel,  José Rocha, ou José Barros Rcoha, ex-Alf Mil, CART 2410 (que passou por Mansoa, Guileje e Gadamael, 1968/70)



Data: 23 de Abril de 2011 14:22
Assunto: Aniversário/Blogue



Camarada e Amigo Luis Graça:
Parabéns pelo 7.º Aniversário do Blogue! Parabéns pelo Blogue! Parabéns a Ti!


Graças ao Blogue do Graça  consegui "viver" outras vidas...


Obrigado! A ti, Luís, e aos  teus Ajudantes de e em Campo, os meus agradecimentos.
Sigam em frente! O Blogue é imprescindível!


Aquele abraço camarigo!
José Rocha
Ex-Alf Mil da CART 2410
P.S. - Vou tentar enviar algumas fotos daqueles tempos...


A 1.ª  é o Uíge em 68 com tropas a bordo;
A 2.ª é a Formatura da minha Companhia (parte) antes do embarque no Uíge, no dia 11 de Agosto de 1968, no Cais da Rocha do Conde de Óbidos;
A 3.ª é uma vista do porto de Gadamael-Porto;
A 4.ª é a preparação de uma coluna de reabastecimento a Guileje


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Nota do editor:

Último poste da série >  26 de Abril de 2011 > Guiné 63/74 - P8166: 7º aniversário do nosso blogue: 23 de Abril de 2011 (21): Saúdo o núcleo permanente de colaboradores que vem mantendo absolutamente impecável este grande projecto (Rui Ferreira)

Guiné 63/74 - P8166: 7º aniversário do nosso blogue: 23 de Abril de 2011 (21): Saúdo o núcleo permanente de colaboradores que vem mantendo absolutamente impecável este grande projecto (Rui Ferreira)

1. Mensagem do nosso querido amigo e camara Rui Alexandrino Ferreira ou Rui Ferreira ( Cor Ref, que cumpriu uma comissão de serviço na Guiné como Alf Mil na CCAÇ 1420, Fulacunda, 1965/67 e outra como Cap Mil na CCAÇ 18, Aldeia Formosa, 1970/72):

Data: 24 de Abril de 2011 15:27
Assunto: 7º aniversário do blogue (*)


Meu caro Luís,

Na tua pessoa saúdo o núcleo permanente de colaboradores que vem mantendo absolutamente impecável esse grande projecto em que se tornou o nosso blogue.

De igual forma saúdo todos que,  pondo de lado o comodismo, a preguiça e  até algum pudor, nos contam as suas vivências no evento que passou  à história com a designação de guerra colonial, de África, do ultramar, de libertação ou como lhe queiram chamar, mas que, tendo constituído o marco que influenciou a vida colectiva dos portugueses na segunda metade do século XX, constituiu a maior epopeia contemporânea de Portugal.

E por um lado é com um misto de gratidão e admiração que me refiro a quem troca horas de merecido repouso pelo trabalho, que se me afigura bastante mais complicado que possa parecer, por outro, em nome do que sinto ser opinião generalizada, aqui lhes peço que permaneçam firmes nos seus postos.

A necessidade de transmitir às novas gerações o que foi para a nossa a guerra colonial, a forma como a vivemos, como sobrevivemos,  o muito que penámos e sofremos, torna a vossa acção absolutamente fundamental.


Aos antigos combatentes da Guiné que hoje sentem na alma a frustração, o desencanto e a ingratidão duma pátria que não lhes reconhece os méritos, os sacrifícios, o muito que fizeram por aquelas terras e aquelas gentes, que continuem com o mesmo orgulho e com a mesma simplicidade e emoção a contar quanto por lá sofreram.

Não há do que ter vergonha, nem mesmo quando a ingratidão duma pátria que desses mesmos combatentes tem mais medo e vergonha que respeito e admiração, nem mesmo quando sentem nos corpos precocemente envelhecidos pela canícula que tudo queimava, pelas oscilações da temperatura nas noites passadas ao relento, debaixo de chuva, nem mesmo quando a tudo isso se juntava a má alimentação, a falta de água potável, a falta de instalações condignas, a desadaptação da hierarquia, a falta de armamento moderno em contraste com o que era usado pela guerrilha.

Durante treze sacrificados, penosos, duros e difíceis anos em que se arrastou, suportou o povo português, contra tudo e contra todos, uma guerra com meios que hoje poucos acreditam ter sido possível e muitos mais se recusam a admitir deixando incrédulo, estupefacto e contrafeito aquela parte do mundo que contra nós estava.

A minha homenagem ao soldado português que,  num misto de desembaraço, adaptação e desenrascanso.  mostrou na sua grandeza de alma todo o valor dum povo anónimo e humilde donde provinha, que deu provas duma imensa solidariedade, camaradagem e amor pelo próximo.

Que consigam continuar a contar o quanto por lá passaram duma forma autêntica pois todos os testemunhos nunca serão demais para contar a verdade.

Verdade que muitos teimam em não ver!

Parabéns a todos.

Um grande abraço,

Rui Ferreira
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Nota do editor:

Último poste da série > 25 de Abril de 2011 > Guiné 63/74 P8165: 7º aniversário do nosso blogue: 23 de Abril de 2011 (20): O nosso Blogue serviu para colar partes da vida separadas pela guerra e que através dele se reencontraram (Pepito, AD- Acção para o Desenvolvimento, Bissau)