Estávamos os dois, lado a lado, na secção do leitinho meio gordo... Foi ele quem me reconheceu... Ou melhor, pusemo-nos a olhar um para o outro, feitos parvos... Demos um abraço e desatámos logo a falar do Xime, de Bambadinca, do blogue, de Penamacor, dos seus médicos, o Martins, o Ribeiro Sanches, e por aí fora...
Quem haveria de ser ? Não o conhecia pessoalmente, só do blogue... Pois tratava-se do Libério Lopes, Libério Candeias Lopes, professor do ensino básico reformado, 2º Srgt Mil,
CCAÇ 526 (Bambadinca e Xime, 1963/65)...
Faz parte da nossa Tabanca Grande desde Fevereiro de 2009. Com 71 anos, está em grande forma... mas não escreve mais coisas, no nosso blogue, porque não se considera um às em informática... Numa pesquisa na Net, encontrámos mais alguns elementos informativos sobre este camarada, que tem uma rica história de vida... e a quem eu desejo muita saúde, longa vida, e boa escrita!
Guiné > Zona leste > Sub-sector do Bambadinca > CCAÇ 526 (1963/65) > Aquartelamento do Xime, onde estava destacado o pelotão do Libério Lopes
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Guiné
> Zona leste > Sub-sector do Bambadinca > CCAÇ 526 (1963/65)
> Aquartelamento do Xime, onde estava destacado o pelotão do Libério
Lopes > "À esquerda a nossa vivenda; á direira o comércio do libanês Amin" (LCL)
Guiné
> Zona leste > Sub-sector do Bambadinca > CCAÇ 526 (1963/65)
> Aquartelamento do Xime, onde estava destacado o pelotão do Libério
Lopes > Da esquerda para a direita, Fur Mil Virgílio e Tibério (falecido), Alf Mil Correia Pinto (falecido) e
Fur Mil Libério.
Guiné
> Zona leste > Sub-sector do Bambadinca > CCAÇ 526 (1963/65)
> Saltinho > O Fur Mil Libério Lopes na ponte do Saltinho
Fotos (e legendas): © Libério Candeias Lopes (2009). Todos os direitos
reservados.
2. Resumo da actividade operacional da CCAÇ 526 (Bambadinca e Xime, 1963/65):
Recorde-se aqui os passos essenciais da vida do Libério Lopes, no TO da Guiné, entre 19634 e 1965:
(i) Mobilizada pelo RI 7, a CCAÇ 526 embarcou, a 2 de Maio de 1963, a bordo do paquete «India», juntamente com o
Comando dos BCAÇ n.º 506, 507, 599, e 600;
(ii) Comandante da subunidade: Cap Inf Luís Francisco Soares de Albergaria Carreiro da Câmara;
(iii) Até 30 de Junho de 1963, a Companhia ficou aquartelada em Brá; ainda neste
período, de a 28/6/63, partiu um pelotão para Catió, tendo tomado parte em
operações que aí se realizavam;
(iv) A 1/7/63, partiu a Companhia para a Zona Leste
ficando a depender do Batalhão de Bafatá;.
(v) Foi-lhe atribuído um sub-sector
com a área aproximada de 1.500km2 constituída pelos Regulados de Badora, Xime, Cossé, Cabomba e Corubal (parte Norte);
(vi) O Comando da Companhia ficou
instalado em Bambadinca, tendo sido destacado um pelotão para Xime, nesse mesmo
dia 1 de Julho;
(vii) A 15/7/63, outro pelotão da Companhia seguiu para o
Xitole, em reforço das tropas ali aquarteladas, donde regressou a
5/8/63;
(viii) Em 26/8/63, assumiu o Comando da Companhia o Capitão Hleder José Franbçois Sarmento;
(ix) No sub-sector, tomou parte nas seguintes operações de conjunto:
«8JUL63 e
12JUL63 na margem direita do Rio CORUBAL»;
«INGLÊS - JAN64»;
«MARTE - FEV64»;
«BALA - MAR64»;
«VAI À TOCA - NOV64»;
«BRINCO - DEZ6»;
e «FAROL -
JAN65».
(x) Fora do sub-sector, actuou nas seguintes operações:
«OPERAÇÃO VERDE - NOV63»;
«ESTRADA DO XITOLE - AGOSTO -OUTUBRO - NOV63»;
«MATO MADEIRA-CHICRI - JAN64»;
«PATON - AGO64».
(xi) No sector à sua responsabilidade, o IN que já actuara a
Oeste e Sul de Xime até ao Rio Corubal, levando para os matos uma parte da
população e fazendo fugir a restante, tentou expandir a sua acção para Leste
para o que atacou tabancas e quartéis, roubou culturas, emboscou as NT e
procurou tornar intransitáveis as estradas;
(xii) A Companhia, por uma permanente actividade operacional à base de pequenas
acções de combate, emboscadas, constantes patrulhamentos de estradas e caminhos
e protecção às populações, permanecendo nas tabancas e locais de trabalho,
conseguiu manter em completa normalidade a zona a Leste de Xime e levar a guerrilha a acantonar-se no mato;
(xiii) Durante os 21 meses de
permanência no sub-sector, a Companhia teve 108 acções de fogo em contactos com
o IN;
(xiv) Em resultado dessas acções, o IN sofreu 48 baixas confirmadas pelas NT,
havendo contudo um número muitíssimo superior de mortos e feridos referido por
prisioneiros;
(xv) Foram apreendidas 5 espingardas, 5 pistolas-metralhadoras, 1
pistola, grande número de granadas de mão de diversos modelos e vários milhares
de cartuchos;
(xvi) Na tentativa de cortar os itinerários, o IN utilizou 15
engenhos A/C e 3 minas A/P. Um fornilho A/C destruiu um jipe e os
restantes 14 engenhos A/C foram detectados e levantados; as 3 minas A/P
funcionaram, causando dois feridos: um às NT e outro à população;
(xvii) A
Companhia só teve duas baixas por acidente e nove feridos em combate, um dos
quais evacuado para a Metrópole. (Para saber mais, clicar aqui).
3. Reproduzido, com a devida vénia, do Jornal do Fundão, edição 'on line' de 29 de Abril de 2009 (Recorde-se que o prestigiado jornal beirão, onde trabalha a nossa mui querida Ana Mendonça, foi fundado pelo António Palouro em 1946) (**)
Medalha de Mérito chegou 43 anos depois > Libério Candeias Lopes [, foto a seguir, do nosso blogue,] teve uma surpresa há dias
quando o informaram da atribuição de uma medalha de mérito
Após regressar da Guiné onde cumpriu serviço militar
como sargento miliciano, Libério Candeias Lopes, [ , foto a seguir, crédito fotográfico do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné,] , volta à actividade na vida
civil, professor do ensino primário.
Decorria o ano 1965, tinha então vinte
cinco anos. Desempenhou a profissão em diversas escolas do distrito de Castelo
Branco, tendo sido posteriormente destacado na Educação de Adultos e Ensino
Recorrente, exercendo nas freguesias de Salvador, Aranhas, Penamacor e
Benquerença, entre outras do concelho. Foi delegado sindical, criou e dirigiu o
Posto da Telescola de Aranhas, proporcionando, então, o acesso ao 2.º ano, aos
jovens de Salvador e Aranhas.
As actividades sociopolíticas são no entanto os
motivos justificativos do nosso trabalho. É que o professor Libério foi, à
data, muito provavelmente, o presidente da Junta de Freguesia mais jovem do
país. Tinha vinte e sete anos quando o presidente da Câmara,
dr. António Moutinho, lhe endereçou o
convite. Recusado inicialmente, a persistência foi tanta que não lhe restou
alternativa. Acabou por encabeçar a única lista concorrente e foi eleito
presidente da Junta de Aranhas, sendo sucessivamente reeleito até 1975.
Cargo de difícil manutenção, pois as autarquias não
dispunham de qualquer tipo de financiamento, como actualmente dispõem. As
receitas provinham de alguns atestados, venda de sepulturas, e do que fosse
conseguido junto do presidente da Câmara Municipal. A persistência do jovem
presidente era de tal ordem que o presidente da Câmara ao vê-lo comentava: “lá
vem o jovem pedinchão”.
Conseguidas algumas centenas de escudos, Libério Lopes
pedia ao pároco da freguesia para anunciar uma reunião com o público na sede da
Junta. O povo comparecia. Era informado das receitas conseguidas e
indicava-lhes dois ou mais caminhos a precisar de arranjo. A população decidia
qual o mais necessitado. Como o dinheiro era pouco, o professor “tocava” o
coração do povo de modo a que cada família com propriedades servidas pela via a
reparar, contribuísse com um dia de trabalho efectivo ou o seu valor monetário.
E o caminho era reparado.
Por este e outros motivos, aquando do 25 de Abril, as
Forças Armadas na sua passagem por Penamacor sugeriram a substituição de todos
os órgãos autárquicos eleitos antes da revolução, o que aconteceu em diversas
localidades. Em Aranhas a população apareceu em massa defendendo a continuidade
do professor Libério à frente da Junta de Freguesia. Só mais tarde, a lei o
destituiria. Mas no decurso da sua vida mais activa, conquistou um palmarés
invejável, no desempenho de várias actividades, tendo dificuldade em definir do
que mais gostou de fazer ou que teve pena de não ter feito.
“O maior prazer foi a criação da Liga dos Amigos de
Aranhas e mais tarde o Centro de Dia. Isto ajudou a resolver inúmeros problemas
a nível cultural, recreativo, desportivo e social dos habitantes de Aranhas”,
refere.
A construção da ponte sobre a ribeira da Baságueda, no
sítio do Freixal, foi uma excelente conquista. O dr. Moutinho opunha-se, mas o
jovem através de amizades e conhecimentos levou a sua àvante. Outra coroa de
glória prende-se com a reactivação do Rancho Folclórico de Aranhas, em 1971,
tendo para além das deslocações, uma semana no Casino Estoril e outra no Hotel
Balaia, no Algarve, conseguindo que o mesmo fosse admitido na Federação
Portuguesa de Folclore em 1983.
Inúmeros episódios dignos de nota fazem parte do seu
historial, porém destacaremos os mais significativos. Numas eleições para o
qual foi nomeado presidente da mesa de votos, – “após encerrar a mesa peço para
contarmos os votos. Os meus colegas de mesa (todos com mais de 60 anos)
dizem-me que era hábito descarregar alguns nomes. Eu opus-me. Um deles, polícia
reformado, disse-me: o sr. professor é
que manda, mas olhe que vai ter chatices. Não liguei. Contámos os votos,
126, e mandei os resultados para a Câmara Municipal. Mal adivinhava a noite que
iria passar. Por volta da meia-noite o dr. Moutinho foi a minha casa pedir
explicações porque não tinha descarregado os votos. Queria saber se o povo de
Aranhas estava descontente e porquê. Passámos a noite a elaborar um relatório,
a explicar o porquê de só aparecer aquele número de votantes. No dia seguinte o
jornal 'O Século' noticiou que Aranhas teve a percentagem de votantes mais
baixa do país. Na verdade no concelho de Penamacor e talvez do país, Aranhas
foi o que apresentou a votação real”.
Na última manifestação “espontânea” dos portugueses a
Marcelo Caetano, foram colocados autocarros gratuitos para a população se
deslocar a Lisboa. Cabia aos presidentes de junta mobilizar o povo. O de
Aranhas não fez caso do assunto. Da terra ninguém foi a Lisboa. Entretanto a
Junta candidatou-se à atribuição de um televisor para a Delegação da Casa do
Povo em Aranhas. Todas as localidades foram contempladas. Menos Aranhas. Quando
inquiriu o presidente da Casa do Povo de Penamacor do porquê da sua exclusão,
foi-lhe respondido que a delegação de Aranhas não a merecia, pois não mandaram
ninguém a Lisboa.
Invulgar e digno de nota, foi a surpresa que Libério
Lopes teve há alguns dias. Um amigo, militar no activo, em conversa sobre a
guerra colonial informou-o que tinha lido por acaso, a atribuição da Medalha de
Mérito Militar de 4.ª classe, com base num louvor, por ter participado em
acções de combate, ao furriel miliciano Libério Candeias Lopes. Ora a data da
condecoração é de 28 de Fevereiro de 1966. O condecorado soube disso,
casualmente 43 anos depois.
Jolon
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Notas do editor:
(**) Do seu sítio institucional, na Net:
(...) "O Jornal do Fundão, fundado em 1946 por António Paulouro, é hoje um marco referencial no panorama da imprensa regional portuguesa. Com uma tiragem semanal de 14.000 exemplares e um universo de audiência que atinge os 53.000 leitores, foi distinguido com a Ordem do Infante D. Henrique e tem no seu historial outros galardões como o Prémio Gazeta, homenagens das Universidades de Salamanca e da Comunidade Portuguesa em França.
"O Jornal do Fundão faz parte da matriz de identificação da Beira Interior e é reconhecidamente um elemento da sua coesão social bem como do desenvolvimento económico e cultural da região.
"O Jornal do Fundão tendo vindo a reforçar a sua influência no eixo geográfico que vai desde a região da Guarda, Covilhã, Fundão e Castelo Branco. É líder destacado de audiência da Imprensa Regional no distrito de Castelo Branco e tem ainda expressiva audiência nacional." (...)