In: Armor Pires Mota: Tarrafo: crónica de guerra. Aveiro, 1965, edição de autor (livro retirado do mercado). Início da transcrição da parte 2 [Operação Tridente, Ilha do Como, Janeiro-Março de 1964], pp. 47-51. Cortesia do autor
Fonte: © Armor Pires Mota
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1. Armor Pires Mota já não precisa de apresentação. Embora não pertença formalmente à nossa Tabanca Grande, tem no nosso blogue pelo menos 25 marcadores ou referências (Seguramente mais, se considerarmos a I Série, de Abril de 2004 a Maio de 2006).
Para além de ter sido camarada nosso, é um hoje já um escritor consagrado, com cerca de 3 dezenas de títulos, entre crónica, poesia, romance e ensaio, um parte dos quais sobre a sua experiência humana e operacional no T0 da Guiné, entre Junho de 1963 e Junho de 1965.
Em Tarrafo: crónica de uma guerra, ele relata, na primeira pessoa do singular, o seu quotidiano como alferes miliciano, da CCAV 488/BCAV 489 (1963/65), primeiro na região do Oio (parte 1), depois na Ilha do Como (parte 2) e por fim na região de Farim (parte 3).
Em Tarrafo: crónica de uma guerra, ele relata, na primeira pessoa do singular, o seu quotidiano como alferes miliciano, da CCAV 488/BCAV 489 (1963/65), primeiro na região do Oio (parte 1), depois na Ilha do Como (parte 2) e por fim na região de Farim (parte 3).
Tenho andado, desde as férias de verão, a cotejar as duas edições de Tarrafo (1965 e 1970). o meu coração e a minha razão pendem, inequivocamente para a primeira edição, para a sua escrita espontânea, potente, telúrica, sem autocensura... Na edição de 1970, revista, o autor aceitou - ou foi obrigado a aceitar - os "cortes" impostos pelos censores da época. A 2ª edição (autorizada) perde em vigor, frescura, autenticidade. Uma e outra estão esgotadas. Pelo que eu pensei proporcionar o prazer da leitura destas primeiríssimas crónicas da guerra da Guiné, dos anos de brasa de 1963/65, através da publicação, no nosso blogue, de uma parte de Tarrafo [, imagem da capa, no lado direito; edição de 1965].
2. Em conversa com um amigo e vizinho do Armor Pires Mota, igualmente nosso camarada, o José Marques Ferreira, ativo colaborador do nosso blogue, fiz-lhe o seguinte pedido, a 5 do corrente:
Camarada Ferreira: Já que o Armor Pires Mota [, foto à esquerda, no lançamento, em Lisboa, 2010, da 2ª edição do seu romance 'Estranha Noiva de Guerra,'] é teu vizinho e estás em contacto com ele, transmite-lhe o meu pedido de autorização para publicar, no nosso blogue, as crónicas relativas à Ilha do Como (Op Tridente, Jan/Mar 1964)... Refiro-me à 1ª edição de Tarrafo (1965).
Lembra-lhe igualmente que continua de pé o nosso convite para ele integrar a nossa Tabanca Grande, convite que lhe enderecei pessoalmente na sessão de lançamento, em Lisboa, da 2ª edição da Estranha Noiva de Guerra. Um abraço para os dois bairradinos. Luís Graça
3. A resposta do J.M. Ferreira [, foto atual à esquerdaq,] não se fez esperar, por email, enviado a 6:
Meu caro camarada Luís: Acabei de falar com o Armor Pires Mota. Uma conversa agradável, como sempre. Não se mostrou surpreso nem reticente quanto ao solicitado, que lhe foi lido.
1º - Autorização dada, quer «para a tabanca grande, quer para a tabanca pequena, enfim, para toda a gente», disse.
2º - Anda com a vida um pouco atribulada, por ter muito que fazer na área da especialidade (escritor). E eu até sei disso…
3º - Contei-lhe o belíssimo trabalho que o Luís anda a fazer com o seu (dele) «Tarrafo».
4º - Ele diz que gostaria de ver (ler), mas para ele «navegar» é um grande problema.
5º - Diz que até ao mail ainda vai. Mas daí para a frente, nada feito.
6º - Pede ao Luís que esse trabalho lhe seja enviado por mail para: armor@jb.pt
7º - Só assim é que ele toma conhecimento. Eu gostaria que ele lesse o que tem sido escrito.
8º - Pede-me para transmitir, além da autorização já citada, que pelo Natal vai enviar, para o blogue, um conto desta época.
E envia «mantenhas» para todos…Parece que é tudo da conversa havida. Um Ab. JM Ferreira
6º - Pede ao Luís que esse trabalho lhe seja enviado por mail para: armor@jb.pt
7º - Só assim é que ele toma conhecimento. Eu gostaria que ele lesse o que tem sido escrito.
8º - Pede-me para transmitir, além da autorização já citada, que pelo Natal vai enviar, para o blogue, um conto desta época.
E envia «mantenhas» para todos…Parece que é tudo da conversa havida. Um Ab. JM Ferreira
4. Comentário de L.G.:
Meu caro Ferreira: Mais célere não podias ser tu a levar a "carta a Garcia"... Na volta do correio, transmite ao teu amigo, vizinho e camarada (sei que estiveram os dois na mesma altura no TO da Guiné, tu em Ingoré, com a tua CCAÇ 462, ) o meu agradecimento muito sincero pela sua lhaneza de caráter, e pela sua resposta pronta e amável ao nosso pedido. Ficarei a aguardar, com especial carinho, o prometido conto de Natal. E, por outro lado, cresce a minha esperança de que o nosso Armor Pires Mota um dia destes, vencida a fobia da Internet, se decida a sentar-se, também ele, no bentém da nossa Tabanca Grande, sob o nosso mágico, fraterno, sagrado, inspirador, protetor e secular poilão... Diz-lhe que precisamos de ter, no nosso poilão, irãs bons como ele, além de reforçar o lóbi bairradino...
Começo, a partir de hoje, a publicar as crónicas do Tarrafo, relativas à Ilha do Como (15 de Janeiro a 15 de Março de 1994) utilizando para oi efeito a primeira edição (pp. 47 a 85), incluindo essa sublime Oração (pp. 77/78) que os censores, estupidamente, cortaram de alto a baixo. Pelas minhas contas, 15 crónicas darão origem a 7/8 postes. Irei digitalizar o exemplar, fotocopiado, que tenho em meu poder, e que pertence à Biblioteca da Tabanca Grande. Este exemplar tem a particularidade (e a raridade) de mostrar as muitas páginas com os "cortes" ou "marcas" (traços, sublinhados, exlamações...) da censura. Boa leitura e melhores comentários. LG
PS - O nosso camarada Armor Pires Mota nasceu, em 1939, em Oiã, Oliveira do Bairro, região da Bairrada.
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Nota do editor: