A festa do carneirinho é uma tradição única no nosso país. Em Penafiel, o carneirinho é festejado na véspera o dia do Corpo de Deus. Em que consiste ? Nesse dia as crianças do 1º ciclo do ensino básico (antiga 4ª classe) fazem um desfile, ao longo das ruas de Penafiel. À frente seguem os bombos e os divertidos gigantones. Cada turma leva consigo um carneirinho, um anho, enfeitado com flores de papel multicolores, oferenda ao seu(sua) professor(a)... Os miúdos vão vestidos com roupas tradicionais, levam bandeiras de papel e cartazes com frases alusivas aos professores. Desfilam entoando canções feitas por eles sobre o carneirinho, a escola e os professores. E no passado, a palmatória... Como recordam, aqui, os nossos amigos Joaquim e Margarida Peixoto, ambos professores, residentes em Penafiel. Ele, membro da nossa Tabanca Grande.
Esta tradição remonta a 1880, segundo
Teresa Soeiro, autora do livro Penafiel. Nesse ano “um grupo de alunos da Casa Escolar do Sr. Henrique de Carvalho resolveram brindar o seu professor com um carneiro e fizeram-no por modo vistoso (…) indo na frente montado num jerico um aluno tocando corneta, e o carneiro muito enfeitado entre duas alas de pequenos estudantes vestidos a capricho. Todos acharam graça à lembrança.”
A nossa amiga Guida lembra-se, do seu tempo de menina e moça, das quadras que os alunos cantavam durante o desfile, frente à casa da professora:
Viva o Carneirinho, / Viva a Professora, / Morra a palmatória, / Morra!
... No dia 30 de Agosto de 2010, nasceu mais uma Tabanca, a de Guilhomil, nome da quinta do Joaquim, sita na freguesia de Polvoreira, concelho de Guimarães. Fui lá, com familiares, almoçar, em resposta a um convite a este simpatiquíssimo casal
de quem, eu e a Alice, já nos tornámos amigos.
Vídeo (3' 38''): Luís Graça (2010). Alojado em
You Tube > Nhabijoes
Guimarães, berço da nacionalidade, património mundial da humanidade... preparando-se para ser a Capital da Cultura 2012...
Guimarães > Centro histórico > O célebre Largo da Oliveira...
Guimarães > Centro histórica > Cada recanto, um encanto...
Guimarães < Polvoreira > Quinta de Guilamilo, doravante Tabanca de Guilamilo ... A nobreza do granito esconde um antigo convento, de cuja história se sabe pouco... A casa está assombrada por vários fantasmas: o do Zé do Telhado, que a terá assaltado em emados do Séc. XIX; a de um frade que lá foi assassinado, possivelmente depois da extinção dos conventos em 1834... Mas foi lá que o Joaquim conheceu a Guida, numa festa que ele organizou depois do seu regresso da Guiné, creio que na passagem de ano de 1974...
Em casa é em U... Um pormenor do pátrio exterior, visto do 1º piso...
Vista para o pátio de entrada da quinta e da casa...
A belíssima cozinha do convento, que chegou a ter três fornos... Restam agora dois...
O oratório... e alguns dos livros que sobreviveram ao passar dos anos...
Fazendo as honras à casa: o Joaquim é exímio na arte de bem receber... O Joaquim e a Guida fazem, de resto, uma belíssimo par.
Ainda em obras, a casa (o casarão) é um encanto... Da direita para a esquerda, o Joaquim (que a Guida trata por Carlos), a Alice, e os meus cunhados (e sócios de
A Nossa Quinta de Candoz) Gusto e Nitas.
Vamos lá então ao cabritinho... com o estômado já bem composto pelas magníficas entradas confeccionadas pela Guida... Os vinhinhos eram verdes, monocastas, não da quinta (que produziu 40 pipas no tempo do pai do Joauqim) mas da Região Demarcada dos Vinhos Verdes: um azal, outro avesso...À mesa estavam apenas, além dos anfitriões, a minha mulher Alice, e os meus cunhados, Ana Carneiro e Augusto Soares... Foi uma tarde de amena cavaqueira... Ainda iríamos depois à Penha (Guimarães) e ao Santuário de São Bento (Vizela)... Com esta história regressámos, eu e a Alice, a Candoz (e os meus cunhados ao Porto) já no dia seguinte...
A Guida, aliás Margarida... que na infância viveu em Angola.
Depois de uma magnífica refeição, ficámos os dois, eu e o Joaquim, a lembrar as coisas e as loisas da Guiné, com o Old Parr como digestivo...
A chave da nova Tabanca... de Guilamilo
O portal da casa do caseiro...
O velho brasão... A quinta foi herança do Joaquim, por via paterna... O pai foi nado e criado em Penafiel.
O senhor professor
Joaquim Carlos Rocha Peixoto... ainda no activo... A Guida já está reformada...
Recorde-se que era foi Fur Mil, da CCAÇ 3414, Sare Bacar, Cumeré, Brá, tendo estado no CTIG entre Julho de 1971 e Setembro de 1973.
A CCAÇ 3414 era uma companhia açoriana, comandada pelo Cap Inf Manuel José Marques Ribeiro de Faria... Unidade mobilizadora, BII 17. O Joaquim era amigo do Fernando Ribeiro, morto já no final da comissão...Falámos disto, das peripécias da Guiné, das (des)venturas dos nossos camaradas (alguns velhos, gastos, doentes, solitários, e com dificuldades financeiras, garante ele que é um homem atento, observador e sensível). Falámos das nossas Tabancas, a Grande e a Pequena (a de Matosinhos, de que o Joaquim é presença habitual nos almoços de 4ª feira)... O Joaquim fez o antigocurso do magistério primário já depois de regressar da Guiné... A ele e à Guida o meu muito especial
Oscar Bravo (obrigado) pela hospitalidade e a amizade com que me honraram, a mim, à Alice e aos meus cunhados.
Vizela > Santuário de São Bento, a 410 acima do nível do mar, ao pôr do sol... Dois camaradas da Guiné, Joaquim Peixoto e Luís Graça, os
dois primeiros inscritos na Tabanca de Guilamilo (e não Guilhomil...). Obrigado, Joaquim, por esta bela jornada...
Fotos (e legendas): © Luís Graça (2010). Todos os direitos reservados
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Nota de L.G.: