quinta-feira, 16 de junho de 2011

Guiné 63/74 – P8428: Armamento (5): Morteiros e canhões em recuo (Luís Dias)



1. O nosso Camarada Luís Dias*, ex-Alf Mil At Inf da CCAÇ 3491/BCAÇ 3872, Dulombi e Galomaro, 1971/74, enviou-nos mais uma mensagem desta série:

ARMAMENTO E EQUIPAMENTO DAS FORÇAS PORTUGUESAS E DAS FORÇAS DO PAIGC NA GUERRA COLONIAL
Guiné 1971 – 1974

IIª PARTE (Continuação)

1.2.OS MORTEIROS MÉDIOS E PESADOS

A palavra morteiro advém da palavra inglesa “mortar”, que quer dizer almofariz e que, segundo a lenda, terá sido nele que se inventou a pólvora. Os primeiros morteiros terão surgido no século XIV, mas como tinham ainda um tiro muito impreciso era a bombarda que reinava. Os morteiros actuais desenvolveram-se daqueles que foram utilizados no 1º conflito mundial, onde foram especialmente concebidos para as guerras de trincheira (“trench mortars”) e como arma de apoio da infantaria, embora os morteiros pesados são, em alguns casos e para alguns autores, usados como arma de artilharia.

Os morteiros foram o terror das trincheiras durante a Iª GM, uma vez que eram muito mais eficientes do que canhões na devastação de posições defensivas, por causa da trajectória em parábola do projéctil. O seu uso foi consagrado pelos alemães, que tiraram lições da guerra russo-japonesa de 1904, em Port Arthur.

O morteiro é uma boca-de-fogo, de carregar pela boca, destinado a lançar granadas, normalmente em tiro curvo, capaz de alcançar alvos em áreas denominadas “zonas mortas” (desenfiados ou em contra-encosta). Pode fazê-lo nas modalidades de tiro seguintes: directo, mascarado ou indirecto.

Os morteiros podem ser classificados da seguinte forma:

LIGEIROS

Com Peso até cerca de 18 Kg, com calibre até 60mm e alcance máximo até 1900m.

Executam, normalmente, tiro directo.

MÉDIOS

Com peso até 70 Kg, com calibre entre 60 e 100mm e alcance máximo até 6000m.

Particularmente vocacionado para o tiro mascarado. O seu peso e dimensões não aconselham a sua utilização em posições muito avançadas.

PESADOS

Peso até 300 Kg, com calibre superior a 100mm e alcance máximo até 9000m.

Vocacionado para o tiro indirecto. O seu peso e dimensões aconselham a sua utilização em posições muito afastadas da frente.

São armas robustas, de funcionamento simples, de entrada em posição morosa (médios e pesados especialmente), que podem atirar diverso tipo de granadas (instrução, fumos, incendiárias, explosivas, iluminação, etc.) e que podem ser colocadas em reparos apropriados para defesa de instalações, em reparos com rodas e em viaturas.

O funcionamento é feito por ante carga, com percutor fixo (o disparo é obtido pela queda do projéctil sobre o percutor) ou móvel (accionado por um mecanismo de disparo manual, após a queda do projéctil no interior do cano).

1.2.1. AS FORÇAS PORTUGUESAS

Os soldados portugueses terão um jeito muito especial para o uso de morteiros, conforme relatos existentes da Iª GM (“Livro de Ouro da Infantaria Portuguesa”), sendo neste conflito que maior desenvolvimento teve este tipo de arma. Os portugueses possuíam, então, morteiros ligeiros de 75mm, médios de 152mm e pesados de 236mm.

O emprego eficaz dos morteiros (aliás também da artilharia) pressupõe um bom suporte cartográfico e a observação do tiro. Durante todo o tempo da guerra colonial, nem sempre este ideal foi alcançado, pelo que o apoio próximo das tropas não foi eficientemente conseguido. Assim, os morteiros de maiores calibres (81 mm, 107mm e, mais tarde, 120mm) foram essencialmente empregues em flagelações e reacções aos ataques a aquartelamentos. Pelo contrário, os morteiros de 60 mm seriam largamente utilizados, sobretudo no apoio imediato das tropas, colmatando assim a falta já referenciada de um lança-granadas eficaz.

1.2.2. O MORTEIRO MÉDIO BRANDT M/931 DE 81mm

O principal morteiro médio utilizado na guerra colonial foi o Brandt m/931, desenvolvido por esta firma em França, no final dos anos 20 (1927), (ainda que baseado no desenho do morteiro Stokes, de origem inglesa) e conhecido como o Brandt 81 mm mle/27/31 (por ter sido redesenhado em 1931). Foi o morteiro das forças francesas na IIª Guerra Mundial. Depois da ocupação nazi foi utilizado pelas forças alemãs a contento e deu origem a um morteiro do mesmo tipo norte-americano e muitas cópias pelo mundo fora.

  • MORTEIRO MÉDIO BRANDT m/931 de 81mm
    Características desta arma
    TIPO: Morteiro médio
    ORIGEM: França
    CALIBRE: 81, 4 mm
    COMPRIMENTO DO CANO: 126 cm
    PESO DO CANO: 20, 7 Kg
    PESO DO BIPÉ: 18, 5 Kg
    PESO DO PRATO BASE: 20, 5 Kg
    PESO DO APARELHO DE PONTARIA: 1,3 Kg
    PESO TOTAL EM POSIÇÃO DE FOGO: 61 Kg
    ALCANCE: 4 000 m
    ALINHAMENTO DE TIRO: Recurso a aparelho de pontaria apropriado
    CAPACIDADE DE FOGO: Variável (15 a 30 gpm)
    FUNCIONAMENTO: Ante carga, com percutor fixo e de tubo de alma lisa. O disparo dá-se por queda da granada sobre o percutor e o lançamento por acção dos gases da carga propulsora e das cargas suplementares, se as houver.
    MUNIÇÃO: Variada (granada explosiva normal (3, 2 Kg), explosiva de grande potência (6, 9 Kg), de fumos, iluminação e de treino). As granadas podiam levar cargas suplementares presas nas alhetas que lhe davam um maior alcance. Havia granadas que armavam por inércia e só depois disso é que rebentavam ao contacto e outras que rebentavam pelo contacto da mola do nariz.
1.2.3. O MORTEIRO PESADO M2 M/951

O primeiro morteiro pesado M2 entrou ao serviço das forças dos EUA, em 1943, embora o primeiro morteiro de 107mm, o M1, tenha sido introduzido em 1928. O M2 entrou em serviço na Campanha da Sicília e com grande êxito, seguindo o acompanhamento da evolução da IIª Guerra Mundial até ao seu término. Fez ainda a Guerra da Coreia e a partir de 1951 foi, gradualmente, sendo substituído pelo morteiro M30, também de 107mm. No exército português foi nesta data que entrou ao serviço e acompanhou toda a campanha de África da guerra colonial.

  • MORTEIRO PESADO M2 M/951
  • Características desta arma
  • TIPO: Morteiro pesado
    ORIGEM: EUA
    CALIBRE: 107 mm
    COMPRIMENTO DO CANO: 121,92 cm
    PESO DO CANO:
    PESO DO BIPÉ:
    PESO DO PRATO BASE:
    PESO TOTAL EM POSIÇÃO DE FOGO: 151 Kg
    ALCANCE MÁXIMO: 4 000 m
    ALCANCE MÍNIMO: 515 m
    ALINHAMENTO DE TIRO: Recurso a aparelho de pontaria apropriado
    CAPACIDADE DE FOGO: 5 gpm por 20 minutos.
    FUNCIONAMENTO: Ante carga, com percutor fixo
    MUNIÇÃO: Granada explosiva (3,6 Kg) e de fumos.
1.2.4. AS FORÇAS DO PAIGC

As forças dos guerrilheiros utilizavam morteiros médios e pesados de origem soviética, da china ou dos países satélites.
Enquanto o mundo ocidental utilizava como morteiro médio padrão o calibre 81mm, de origem francesa, os soviéticos e seus satélites enveredavam pelo modelo de 82mm. O primeiro morteiro médio soviético conhecido e difundido, mesmo após a II Guerra Mundial foi o M1937, seguindo-se o M1941, o M1941/42 e o M1943. De todos estes modelos os que tiveram maior expansão nos países comunistas foram o M1937 (Novo Modelo/Tipo) e o M1941 (82-PM-41). Por exemplo a China produzia o M1937 com o nome de Type 53.

1.2.5. O MORTEIRO MÉDIO M1937 (NOVO TIPO/MODELO)

O morteiro médio M1937 (New Type) tem origem na União Soviética, produzido nas fábricas estatais, em 1937. Fez a segunda guerra mundial, o conflito com a Finlândia e apoiou os movimentos comunistas na guerra da Coreia, em paralelo, especialmente, com o morteiro médio 82-PM-41.
  • MORTEIRO MÉDIO M1937, CALIBRE 82mm

    Características desta arma:

    TIPO: Morteiro médio
    ORIGEM: URSS
    CALIBRE: 82 mm
    COMPRIMENTO DO CANO: 122 cm
    PESO DO CANO: 19,6Kg
    TAMANHO DO PRATO BASE: 50cm
    PESO DO BIPÉ: 20Kg
    PESO DO PRATO BASE: 21,3Kg
    PESO TOTAL EM POSIÇÃO DE FOGO: 60 Kg
    ALCANCE MÁXIMO: 3040 m
    ALCANCE MÍNIMO:
    ALINHAMENTO DE TIRO: Recurso a aparelho de pontaria apropriado (MPM-44)
    CAPACIDADE DE FOGO: 15/20 gpm.
    FUNCIONAMENTO: Ante carga, com percutor fixo
    MUNIÇÃO: Granada explosiva (3,05 Kg) e de fumos.
Capa do Manual de Instruções do morteiro médio de 82mm M1943, em russo.
Em primeiro lugar, do lado esquerdo, granada de morteiro 82mm HE soviética ao lado de granadas do morteiro 50mm, do mesmo país.

1.2.6. O MORTEIRO PESADO M1938
O morteiro pesado M1938 de 120mm, com origem na antiga União Soviética, foi produzido com base no sistema do excelente morteiro pesado Brandt francês, de 120mm, de 1935. O M1938 generalizou-se pelas forças do Exército Vermelho, da China e dos seus satélites. Para se movimentar entre pequenas distâncias o morteiro era dividido rapidamente em três partes (cano, prato e bipé), para facilitar o seu transporte e recolocação. Para viagens mais longas todo o sistema fechava-se em si próprio e era colocado num reboque com rodas. A arma foi considerada tão boa que os alemães a copiaram (Granatwerfer 42), embora o modelo alemão tivesse um alcance maior. A arma foi usada em outros conflitos nomeadamente a guerra da Coreia e profusamente no Vietname.
Outro modelo de morteiro pesado foi o de 120mm M1943, que é semelhante ao modelo anterior, embora este último seja um pouco mais sofisticado. Foi também distribuído pelas forças do Pacto de Varsóvia, pela China e por outros países satélites.
Devemos também referir, a título de curiosidade, outros modelos de morteiros pesados na antiga União Soviética que foram o morteiro de 107mm M1938, semelhante ao de 120mm, mas destinado às tropas de montanha, mas sem ter a profusão de distribuição e a fama dos já mencionados e o morteiro de 160mm de 1943.
Em 1953 surgiu o morteiro de 240mm M-240, que necessita de uma equipa de nove elementos para operar e disparar uma granada por minuto.
MORTEIRO PESADO M1938 de 120mm

  • MORTEIRO PESADO 120mm M1943, no atrelado apropriado

    Características desta arma:

    TIPO: Morteiro pesado
    ORIGEM: URSS
    CALIBRE: 120 mm
    COMPRIMENTO DO CANO: 185 cm
    PESO DO CANO:
    TAMANHO DO PRATO BASE: 100cm
    PESO DO BIPÉ: 20Kg
    PESO DO PRATO BASE:
    PESO TOTAL EM POSIÇÃO DE FOGO: 170 Kg
    ALCANCE MÁXIMO: 5700 m
    ALCANCE MÍNIMO: 400m
    ALINHAMENTO DE TIRO: Recurso a aparelho de pontaria apropriado (MPM-41/MP42)
    CAPACIDADE DE FOGO: 12/15 gpm.
    FUNCIONAMENTO: Ante carga, com percutor fixo/ou manual
    MUNIÇÃO: Granada explosiva (15,4 Kg) e de fumos (16Kg) e Incendiária (16,7Kg).
1.2.7. OBSERVAÇÕES

Em termos técnicos de morteiros médios as forças equivaliam-se, embora me pareça que o Exército português tivesse mais morteiros 81mm no terreno do que as forças do PAIGC os morteiros 82mm. O morteiro 81mm era a arma preferencial de defesa dos aquartelamentos e era usado com grande à vontade, dado o denominado “jeito” natural que o soldado português tem pelo morteiro. De facto, embora houvesse nos aquartelamentos apontadores para esta arma, na maior parte das vezes muitos outros elementos eram ensinados a apontar com o morteiro, de forma a poderem dar uma resposta rápida em caso de ataque às instalações. Ou seja, o primeiro homem a chegar ao espaldão da arma, nem sempre era o seu apontador e, enquanto este não chegava, o outro ou outros iniciavam a reacção. Esta reacção era por vezes tão rápida que acontecia casos imprevistos, como o que relato a seguir.
Em 1 de Dezembro de 1972, o IN aproximou-se do quartel de Galomaro, sede do Batalhão de Caçadores 3872, pelo início da noite e a coberto de uma manada de animais que pastava um pouco para lá do arame. No entanto, por sorte e também atenção de uma das sentinelas, que desconfiada reagiu, atirando diversos tiros para a área onde estaria parte do dispositivo de ataque do IN, o que até provocou a ira do comandante, mas também o alerta do resto da companhia (CCS) e quando, logo em seguida, os guerrilheiros deram início à flagelação, a maioria já não foi apanhada tão desprevenida. Isto para falar da eficácia de elementos da enfermagem, que tendo saído do seu abrigo “caíram” no espaldão do morteiro 81 e iniciaram a reacção ao ataque. Ou seja, quem lançou as primeiras granadas do 81 foi um 1º cabo enfermeiro (André António), que depois foi auxiliado por outro 1º cabo enfermeiro (Augusto Catroga). A sua pronta reacção e o acerto da sua pontaria fizeram travar o ataque inimigo, que retirou com baixas confirmadas pelos rastos de sangue encontrados e por um guerrilheiro morto que enterraram já a alguma distância do aquartelamento.
No entanto, há algumas situações curiosas nesta reacção. O 1º cabo auxiliar enfermeiro que iniciou a resposta com o morteiro 81mm, saiu do seu abrigo passando por um buraco que, mais tarde, já não conseguiu atravessar (dedução: os ataques emagrecem ou a reacção engorda?). Depois, já no espaldão, foi tal a rapidez e a ânsia de ripostar que a primeira granada que lançou com o morteiro foi com cavilha e tudo (deve ter partido algumas cabeças no IN!), mas teve em seguida a calma para atirar certeiramente com a ajuda de outro camarada, pondo os guerrilheiros em rápida retirada. O outro pormenor interessante é que o guerrilheiro morto e por nós encontrado enterrado, era o enfermeiro do grupo atacante (tinha com ele a bolsa de enfermagem. Ironias do destino!).
Na verdade, pelo que observei também, os nossos apontadores não são lá muito de usar os aparelhos de pontaria, pelo menos nos morteiros 60 e 81, eram mais de usar o método do “olhómetro” e, muitas vezes, com bons resultados. Quase em todos os quartéis e nos espaldões dos morteiros, o pessoal colocava um sistema (estacas de madeira, ou simples anotações nos bidons que formavam o espaldão) que indicavam distâncias e nomeavam zonas a atingir em caso de ataque ao quartel e para onde viravam o morteiro, com a devida e já pré estudada inclinação. É claro que estes cálculos eram previamente testados.
No aquartelamento do Dulombi (CCAÇ3491), após os ataques do IN e consequentes respostas com os morteiros 81, deixávamos passar uma meia hora, ¾ de hora e lançávamos uma ou duas granadas com as cargas todas para as zonas que muitas das vezes o IN usava para proceder à retirada, para sentirem que não obstante estarem a uma distância do quartel que pudessem pensar estar a salvo, ainda lhes “mordíamos” os calcanhares. Ainda no Dulombi, durante uma das várias flagelações do IN, este atacou do lado onde ficava a tabanca da população (lado contrário ao seu uso e costume), o que obrigou a uma rotação dos morteiros de 180º. Na reacção, uma das primeiras granadas que foram lançadas em resposta, ainda com pessoal a correr para as valas, saiu, por defeito, meio em parafuso, em voo baixo e caiu no meio da parada, perto do monumento aos mortos da companhia dos “velhinhos” (CCAÇ2700), não rebentando. Isto deveu-se a ser uma granada de armar por inércia, não tendo conseguido projectar-se o suficiente para armar a percussão. Se fosse das outras, das de mola….!
O morteiro 81mm era, como já disse, mais usado em defesa dos aquartelamentos, mas também em algumas situações ofensivas e de protecção a operações de certa envergadura. (Explo: “Ao atingir o local, onde dias antes tinha sido o contacto com o IN, a CCav sofreu uma emboscada que lhe provocou 1 morto no primeiro tiro disparado com RPG. Imediatamente a seguir entraram em acção os morteiros 82, cujas saídas das granadas eram perfeitamente audíveis. A CCaç 2403, que pela primeira e última vez se fez acompanhar de um morteiro 81, abriu fogo sobre a posição bem referenciada dos do IN, o que, segundo informação do Aferes Mouzinho, acabou com o ataque dos morteiros IN. Apesar da utilidade do morteiro 81 nesta acção, revelou-se impraticável sobrecarregar o pessoal com esta arma quando já estava bem carregado com a sua arma, mais munições, água, ração de combate e as granadas para as bazucas e morteiro 60. Foi o maior contacto da Companhia com o IN”. Actividades da CCAÇ2403, na zona Leste/Rio Corubalo, relatada pelo seu então Capitão Hilário Peixeiro P8284, do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné, com a devida vénia).
O IN usava o morteiro 82mm em situações de defesa das suas áreas de implantação e transportava os morteiros para flagelar os nossos quartéis, mas nem sempre com muita eficácia. Infelizmente numa das vezes que foram eficazes foi contra o quartel de Cancolim, em Março de 1972, onde estava a CCAÇ3489, do meu Batalhão (BCAÇ3872), que tinha chegado à Guiné em 24 de Dezembro de 1971 – éramos ainda muito “periquitos” - em que uma granada de morteiro 82mm acertou num cruzamento de valas, matando três camaradas, o que não era muito usual, mas aconteceu.
Os morteiros pesados eram mais usados em defesa de aquartelamentos, isto no caso dos portugueses, porque os elementos do PAIGC, para além de flagelações com eles colocados em bases quer no Senegal, quer na República da Guiné-Conacri, conseguiram introduzir em território da Guiné morteiros 120mm para os apoiar em ataques e flagelações aos nossos aquartelamentos, sendo que, alguns deles, foram apreendidos pelas nossas forças. Sabe-se que, usualmente, os morteiros 120mm eram dos modelos referenciados M1938 ou ainda M1943.
As forças portuguesas chegaram a usar em seu proveito morteiros 82mm e 120mm apreendidos, aliás como o IN também chegou a usar morteiros nossos, (mais as nossas granadas). Havia até a ideia, que os soviéticos tinham calibrado o seu morteiro médio para 82mm a fim de usar as granadas inimigas e ocidentais que eram de 81mm. Com certeza que os morteiros 82 podiam usar as nossas granadas, com uma pequena diferença no seu diâmetro, só que essa pequena diferença, era suficiente para deixar alguns gases escaparem pelo pequeno intervalo, entre o projéctil e o cano, alterando a estabilidade do projéctil e consequentemente a sua direcção e mesmo o seu alcance.
A força de impacto de um projéctil de um morteiro pesado deve ser aterrorizante para quem está debaixo desse intenso fogo. As guarnições de Guidage, Gadamael, Guileje em 1973 e Canquelifá em 1974 (entre outras), conheceram bem o poder das granadas do morteiro 120mm usado pelo IN.
O Exército português recebeu em 1974 morteiros calibre 120mm Tampella B M/74, de origem finlandesa - desconheço se ainda foram colocados em África e já em 1986, entrou ao serviço o morteiro médio 81mm da Royal Ordnance (actual BAE Systems) L16A2 M/86, de origem inglesa.

1.3. OS CANHÕES SEM RECUO

Os canhões sem recuo (CSR) são um tipo particular de canhões, com uma retro-abertura que permite a saída dos gases provocados pelo disparo da sua munição, não tendo, deste modo, o habitual recuo da arma que surge nos canhões convencionais. Os CSR eram, essencialmente, usados como arma anti-carro, contudo, a partir dos anos 70 (segundo alguns autores), foram sendo substituídos nesta tarefa pelos mísseis anti-carro. Posteriormente, os CSR ligeiros passaram a ser utilizados como arma de apoio da infantaria, nos combates contra veículos blindados ligeiros e anti-pessoal.
A primeira arma sem recuo foi desenvolvida pelo Comandante Cleland Davis, da Marinha dos EUA, um pouco antes do 1º conflito mundial. O seu projecto denominou-se “Davis Gun”.
A União Soviética desenvolveu a partir de 1923 o DRP (Dinamo Reaktivna Pushka – Canhão de Reacção Dinâmica). Na década de 30 foram testadas diversas armas, com calibres que variavam entre o 37mm e o 305mm, e os modelos mais ligeiros foram colocados em aeronaves (Grigorovich IZ e Tupolev I-12). O mais conhecido foi o modelo de 1935, de 76mm, desenhado por Leonid Kurchevsky, que num pequeno número foram montados em camiões e usados contra os finlandeses. Estes apreenderam dois deles e ofereceram um aos alemães.
Durante a IIª Guerra Mundial os canhões sem recuo não se desenvolveram por aí além, aperfeiçoaram antes os Lança Granadas Foguete (Alemães, Americanos e depois os russos), no entanto na Guerra da Coreia os CSR apareceram em força no Exército dos EUA, nos calibres 57mm, 75mm (estes já vinham da II GM e foram também usado na Guerra da Coreia) e o M27 de 105mm, que não teve êxito (usado na Guerra da Coreia). Posteriormente surgiu o modelo M40, em 106mm (Vietname) e M67, em 90 mm (Vietname). Os Soviéticos também apostaram nos anos 50 na tecnologia dos canhões sem recuo, surgindo modelos nos calibres 73mm, 82mm e 107mm. Os ingleses também investiram neste tipo de arma (Mobat e Wombat, ambos no calibre 120mm), mas um dos mais conhecidos CSR é o Carl Gustav, de origem sueca, que teve o seu início em 1946 e que foi evoluindo tornando-se uma das armas das forças da NATO (actualmente o Exército português tem ao seu serviço o CG M2-550, no calibre 84mm).

Como funciona o disparo de um CSR:

1º Momento: O projéctil e a arma;
2º Momento: O projéctil é inserido na culatra da arma pela retaguarda;
3º Momento: Dá-se o disparo;
4º Momento: A força dos gases da carga propulsora projecta a granada ao longo do cano, saindo para o exterior. Os gases expelidos saem pelos buracos existentes no invólucro e depois pela parte posterior da arma, criando um cone de fogo.
Imagem recolhida da wikipédia, com a devida vénia
1.3.1 AS FORÇAS PORTUGUESAS

O Exército português possuía os canhões sem recuo (CSR) M18, no calibre 57mm (no EP CSR 5,7cm M/52, de origem EUA, que surgiu em 1945, o M20, no calibre 75mm (no EP 7,5cm M/52), também surgido nos finais da II GM e o M40, surgido em meados dos anos 50, no calibre 106mm (no EP 10,6cm) (embora verdadeiramente fosse do calibre 105mm, mas para não se confundir com o M27, ficou conhecido por 106).
Os canhões sem recuo não terão sido muito usados pelas forças portuguesas, isto em termos ofensivos, mas o CSR Ligeiro 5,7 cm, o CSR 10,6 cm e CSR´s apreendidos às forças IN, mormente o famoso B10, foram usados para defesa de aquartelamentos, ao contrário o PAIGC usava-os com frequência.

1.3.2. O CANHÃO SEM RECUO M40 DE 106mm (10,6 cm)

O canhão sem recuo (CSR) M40 de 106mm fabricado pelos EUA evoluiu do CSR M27, do início dos anos 50, no calibre 105mm, mas que se revelou um flop, pelo que veio a ser substituído pelo M40, já em meados dos anos 50, mantendo-se o mesmo calibre, embora fosse apelidado de 106mm, para não se confundir com o anterior. O CSR M40 foi usado na guerra do Vietname e em conflitos posteriores, embora como arma anti-carro tenha sido substituída nas forças norte-americanas, pelo sistema anti-tank BGM-71 TOW. Hoje em dia, no conflito da Líbia, vêem-se as forças rebeldes com este tipo de CSR, montado em jipes, usando-o quer em tiro directo, quer em fogo indirecto.
O CSR M40 tem colocado no topo uma arma de calibre 12,7mm, denominada M8 e do lado esquerdo do canhão tem uma roda para afinação da elevação da arma, tendo no centro da mesma o gatilho. Quando este é puxado, dispara a M8, quando é empurrado dispara o canhão. A espingarda serve para verificar se o tiro do canhão está centrado no alvo a atingir. A arma está assente num tripé ou pode ser montada em diversos tipos de viatura para uma melhor rapidez de movimentação e utilização (Jeep M151, Land Rover Defenders, M113, Mercedes Benz G Wagen, HMMWVs, Toyota Land Cruisers, AIL Storms, etc. A arma foi adquirida por mais de 50 países, em especial os que tinham ligação aos EUA.
Canhão Sem Recuo M40 de 106 mm (CSR 10,6 cm) * Foto Recolhida do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné, com a devida vénia.
  • Características desta arma:

    TIPO: Canhão Sem Recuo (pesado) CSR 106mm
    ORIGEM: EUA
    ANO: 1954
    CALIBRE: 105 mm
    COMPRIMENTO: 3,040m
    PESO: 209,5 Kg
    ALTURA: 1, 12 m
    ALCANCE MÁXIMO: 6870 m
    ALCANCE PRÁTICO: 1350m
    CAPACIDADE DE FOGO: 1 gpm
    ALINHAMENTO POR APARELHO DE PONTARIA: Colocado do lado esquerdo da arma, ao lado da espingarda M8.
    FUNCIONAMENTO: O projéctil está ligado ao cartucho perfurado, como numa munição de arma ligeira, para um melhor alinhamento, carregamento e extracção do cartucho. O cartucho está perfurado para melhor saída dos gases, após o disparo, evitando o recuo da arma.
    MUNIÇÃO: Granada explosiva HEAT 106X607mm
    VELOCIDADE DE SAÍDA: 503 m por segundo (podendo penetrar 400 mm de blindagem).
Granada Explosiva para CSR M40 10,6 cm
O CSR M40 10,6 cm colocado num Jipe. Buruntuma 1973.
1.3.3. AS FORÇAS DO PAIGC

As forças do PAIGC tinham diversos CSR, oriundos da União Soviética, da China e dos seus países satélites. O mais famoso dos seus canhões sem recuo, muito usado nas matas da Guiné foi o CSR B-10.
O B-10 (Bezotkatnojie orudie-10), também conhecido na antiga Alemanha de Leste por RG82, foi desenvolvido a partir do CSR SPG-82 da União Soviética, da IIª GM, entrando ao serviço em 1954, mantendo-se até meados dos anos 60, quando foi substituído pelo CSR SPG-9, embora se mantivesse ao serviço das forças pára-quedistas, até aos anos 80. Não obstante ser, agora, obsoleto, foi usado por muitos países durante o período da guerra fria.
O princípio da arma é semelhante aos CSR e consiste num cano comprido e largo, com um aparelho de pontaria do tipo PBO-2 (aumento de 5,5X para tiro directo e aumento de 2.5X para tiro indirecto), colocado na lateral esquerda. A arma encontra-se montada numa armação com duas rodas, que podem ser retiradas e possui um tripé integrado e uma pequena roda no extremo do cano, para prevenir que toque o chão, quando está a ser rebocado. Pode ser atrelado a um veículo ou puxado pelos 4 homens necessários para o seu manejo, através das pegas colocadas em cada lado do cano. O disparo dá-se através de um gatilho colocado à direita da arma.
Existem duas versões chinesas para a arma, a Type-65, com um peso de 28,2 Kg, com tripé, mas sem rodas e o Type 65-1, que se pode separar em duas partes para um mais fácil transporte para longas distâncias.
  • CANHÃO SEM RECUO B-10

    Características desta arma:

    TIPO: Canhão Sem Recuo CSR B-10
    ORIGEM: União Soviética
    ANO: 1954
    CALIBRE: 82 mm
    COMPRIMENTO: 1,660m
    PESO: 85,3 Kg (71,7 Kg, sem rodas)
    ALTURA:
    ALCANCE MÁXIMO: 4500 m
    ALCANCE PRÁTICO: 400m
    CAPACIDADE DE FOGO: 5 gpm
    ALINHAMENTO POR APARELHO DE PONTARIA: Colocado do lado esquerdo da arma e a funcionar por sistema óptico.
    FUNCIONAMENTO: Percussão do cartucho, após carregamento por abertura da culatra.
    MUNIÇÃO: Granada explosiva HEAT Bk-881 de 3,6 Kg ou HE de 4,5Kg
    VELOCIDADE DE SAÍDA: (pode penetrar até 240mm de blindagem)
1.3.4. OBSERVAÇÕES

Os canhões sem recuo não foram usados pelas nossas forças da mesma forma que os usados pelo PAIGC. Na verdade, embora conste a formação de pelotões para utilização do CSR 5,7cm, para a Guiné, não sabemos se terão efectivamente actuado na nossa frente de luta. Quanto ao CSR 10,6 cm, esse era usado, no tempo em apreciação, em situação defensiva, montado em jipes, assegurando a defesa de alguns aquartelamentos. Era uma excelente arma e montado no jipe poderia ser deslocado para acorrer a zonas do quartel que estivessem a sofrer um ataque. Poderia também ser usado em escoltas, em situações operacionais que o seu uso fosse ponderado (no entanto, nas zonas por onde andei, nunca vi nenhum ser utilizado desse modo). Sei que em aquartelamentos maiores a arma montada no Jipe era transportada, às vezes debaixo de fogo, para a zona de onde o IN estava a lançar o ataque, por quem era responsável pela arma.
O nosso camarada Luís Borrega referiu no Facebook (Grupo restrito de Galomaro) o seguinte e que manifesta a forma com o nos desenrascávamos na utilização deste meio e que reproduzo com a devida vénia: “Nós em Pitche tínhamos um Canhão S/R, montado num Jeep, mas tínhamos um réplica feita com tronco de árvore, montado igualmente noutro Jeep. Ambos estavam tapados com lonas e os habitantes da Tabanca não sabiam qual era o verdadeiro e o falso. À noite o comandante de um abrigo periférico (Fur.) era chamado e era-lhe comunicado que o CSR seria posicionado nessa noite nesse abrigo. Todos os dias havia um “roulement” para atribuir o CSR”.
Podemos aqui notar, também, da mesma forma que para o morteiro 81mm, havia a necessidade de instruir mais pessoal para utilizar este tipo de arma, de forma a retirar rendimento da mesma.
O PAIGC utilizava essencialmente o CSR para defesa das suas instalações, mas também para flagelações aos nossos aquartelamentos e, por vezes, em emboscadas às nossas tropas, seja a colunas auto, seja a elementos apeados.
Em 14 de Dezembro de 1972, encontrava-me em Bolama, num Curso de Unidades Africanas, dirigido pelo então Major Coutinho e Lima (que viria a ser conhecido, mais tarde, por ter ordenado a retirada das nossas forças de Guileje) e, nesse dia, chegara um Batalhão de “periquitos” para efectuar o IAO. Como parece que era, às vezes hábito, o IN (grupo comandado pelo Nino) resolveu “brindar-nos” com uma flagelação ao princípio da noite, executada, entre outras armas, com canhões sem recuo. Encontrava-me na messe e lá “voei” para debaixo do edifício que era do tipo colonial, a ver se aquilo passava. Nunca tinha sofrido um ataque por meio de CSR e o que me impressionou foi ouvir o estampido de saídas e praticamente logo ouvíamos o rebentamento de uma granada. Enquanto nas saídas de morteiros nós ouvíamos os “blop!” e depois a ansiedade de onde iria cair, até ouvir-se o rebentamento No caso do CSR não dava tempo, era como se dizia: “boom!”, “boom!”. Neste caso, a flagelação sofrida provocou feridos ligeiros, mais por acidentes, entre a malta do batalhão acabado de chegar, mas o pessoal que estava ao rádio referiu que se ouvia as transmissões do IN, em espanhol (presumimos que seriam cubanos). No dia seguinte, numa das palmeiras lá estava o impacto de uma “canhoada”, que até vinha bem dirigida, senão fosse a tal palmeira.
Em 17 de Abril de 1972, os guerrilheiros do PAIGC, comandados por Paulo Malu, emboscaram uma coluna da CCAÇ 3490 (Saltinho), na zona do Quirafo, recorrendo nessa acção à utilização de um CSR e foi o que já muito foi falado, uma das mais duras emboscadas, em termos de perdas de vidas, de toda a guerra na Guiné.
O CSR B-10 era uma excelente arma e relativamente manobrável para aquele tipo de cenário, daí o recurso ao seu uso por parte dos guerrilheiros. As forças portuguesas também utilizaram estes CSR´s (apreendidos) mas sempre no sentido defensivo.
Não esquecer que o uso deste tipo de armamento requeria os cuidados semelhantes aos que se tinham com os LGF, ou seja, aquando do disparo da arma, ninguém podia estar atrás da mesma, por causa do cone de fogo que lançava à retaguarda.

Nota do autor: Na recolha para este trabalho foram coligidos elementos, material e fotos, com a devida vénia, da Wikipédia/Internet; Infantry Weapons of the World, da Brassens, Editor J.L.H. Owen; Guerra Colonial, de Aniceto Afonso e Carlos de Matos Gomes, Edição Diário de Notícias; Modern Firearms & Ammunition Encyclopedie; Gunpédia; Probertencyclopaedia.com; Guerra Colonial.org/gallery.

Um abraço,
Luís Dias
Alf Mil At Inf da CCAÇ 3491/BCAÇ 3872
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Nota de M.R.:
Vd. poste anterior desta série em:
24 de Agosto de 2010 > Guiné 63/74 – P6892: Armamento (4): Metralhadoras Pesadas (Luís Dias)

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Guiné 63/74 - P8427: Convívios (351): Pessoal da CCAÇ 16 - Manjacos - Dia 25 de Junho de 2011 em Almeirim (José Romão)

MANJACOS CCAÇ 16


Jacinto Pimentel Rêgo
EN 367, nº 345 – 2125
Marinhais

Caros Amigos, é com enorme prazer que venho informar que o nosso almoço de confraternização anual, será realizado no dia 25/06/2011 (Sábado), pelas 12h, na Quinta da Feteira (Mapa de Localização em Anexo), Almeirim.

Fico aguardar a V/confirmação até dia 18/06/2011 (Sábado). Pode ser feita através dos meus contactos:

Tlm: +351 967 053 607
Ou
Email: jota.p.rego@gmail.com

Na expectativa de encontramo-nos brevemente, despeço-me com os melhores cumprimentos,

Marinhais, 06 de Junho de 2011



A partir de Lisboa
Para quem vem pela A1, sentido Lisboa - Porto, sai na saída de Santarém e segue até à placa que indica a direcção Almeirim, onde deve sair. Após o atravessamento da Ponte Salgueiro Maia, deve seguir para a direita, na saída de Almeirim. Deve seguir em frente até aos primeiros semáforos da cidade, aí vire à direita, siga em frente, passando pela praça de Touros, até à rotunda. Na rotunda, deve sair à esquerda, ficando com a Adega Cooperativa do lado direito, até chegar ao cruzamento onde deve virar à direita. No cruzamento seguinte encontrará uma placa da Quinta da Feteira e deve virar à esquerda. No cruzamento seguinte, vira de novo à esquerda e segue em frente até ao próximo cruzamento onde deverá virar á direita e chegar à Quinta.

A partir do Porto
Para quem vem pela A1, sentido Porto - Lisboa, sai na saída de Santarém e segue até à placa que indica a direcção Almeirim a partir deste ponto deverá fazer o percurso descrito acima.
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 11 de Junho de 2011 > Guiné 63/74 - P8403: Convívios (344): VI Encontro dos Ex-Combatentes da Companhia de Caçadores 1426, 9 de Julho, em Cuba (Fernando Chapouto)

Guiné 63/74 - P8426: (Ex)citações (140): Vejo que os jovens estão atentos, pelo menos são mais jovens do que eu (António Dâmaso)

1. Mensagem de António Dâmaso, Sargento-Mor da FAP na situação de Reforma Extraordinária, com data de 13 de Junho de 2011:

Para todos os camaradas mais uma vez uma saudação especial.
Espero contribuir para esclarecer as dúvidas pertinentes ao poste em referência. Agradeço aos intervenientes a participação.
Peço ao CV que mais uma vez tenha a gentileza de postar
Um Ab


Operação Nestor

Referência ao P8405*

Vejo que os jovens estão atentos, pelo menos são mais jovens do que eu.

Quando escrevo que participei nesta ou aquela Operação, faço-o com dados dos relatórios resumidos de Operações e com o meu registo de alterações que diz que estive ou marchei em determinada data e me apresentei em Y data.

Quando escrevo, embora seja na primeira pessoa e por norma oculto nomes, não fui só eu que participei mas todos os outros elementos, por vezes muito mais activos do que eu, não me refiro só aos Páras mas aos camaradas de todas as Armas envolvidas.

Começo por responder ao Camarada José Câmara. O que escrevi no Poste em referência, as datas estão correctas, a CCP 121 foi substituída pela CCP 122 no fim de Junho de 1969.

Em 1971 eu não estive lá mas consultei o Livro da História do BCP 12 e posso adiantar que a CCP 121 participou nas:

- Operação «Papagaio A» em 27ABR71 na zona de Salancaur:
- Operação «Vespa A» a 10MAI71 na Zona de Choquemone a 2GCOMB;
- Operação «Relva Cortada» em 13MAI71 na zona de Quinara, juntamente a CCP 122 a 4GCOMB;
- Operação «Tordo Vermelho» 30MAI a 3JUN71, zona do Xime, a 4GCOMB com DFE 12; CCAÇ 12/ BART 2917; CART 2715/BART2917;
- Operação «Pinto Vermelho A» de 09 a 12JUN71, zona de Pelundo, Mansoa, Tite, CCP 121 e 123 a 4GCOMB;
- Operação «Sardão Dourado» de 27 a 29JUN71, zona de Quinara, CCP 121 e CCP 123 a 4GCOMB, CART 2771, 2772, 2773, 1.ª CCMDS Africanos, 27.ª CCMDS, DFE 12, DFE 21, CCAV 2765;
- Operação «Lince Azul» 02JUL a 17AGO71, zona de Teixeira Pinto, Pelundo, Bula, CCP 121 a 4GCOMB.

Quanto ao camarada S/Nogueira, tenho uma ideia dele em Bafatá, Galomaro e Dulombi e lembro-me de termos ido dar uma instrução prática de Morteiro 60 numa encosta depois da ponte de Bafatá, parabéns está sempre interventivo e não lhe ficava mal tirar um pouco da camuflagem.

Para o amigo Carlos Cordeiro e outros historiadores, confesso que cometi um lapso que foi não consultar um amigo Ucraniano e não ter fotografado a outra inscrição que está no lado do garfo que segue junta.


Já agora, preservem e divulguem as vossas memórias porque quando nos formos, os políticos encarregam-se de nos apagar de vez do mapa.

Saudações Aeronáuticas
Um Ab
Dâmaso
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 11 de Junho de 2011 > Guiné 63/74 - P8405: Memórias de Mansabá (14): Recordações de António Dâmaso, Sargento-Mor Pára-quedista - Operação Nestor

Vd. último poste da série de 25 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8321: (Ex)citações (139): Comentário ao Post 8318 - Notas de Leitura - Porque Perdemos a Guerra, de Manuel Pereira Crespo (José Manuel M. Dinis)

Guiné 63/74 - P8425: Em Busca de... (164): António Alves, ex-Cozinheiro da CCAV 8452/72, que esteve em Gadamael nos anos de 1973/74, procura camaradas e quer participar em próximos convívios (António Santos)

1. Mensagem de António Santos (ex-Sold Trms do Pel Mort 4574/72, Nova Lamego, 1972/74), com data de 12 de Junho de 2011:

Camarada Vinhal.
Saúde para todos os teus.

Estou a escrever, para te pedir que logo que possas faças uma mensagem, pode ser Rotina, junto dos nossos camaradas das 3 Companhias, quase Batalhão da nossa Tabanca Grande com o seguinte teor:

O António Santos, (Eu, porque ele não mexe em nestas máquinas), tem um vizinho que também como nós esteve na Guiné, mais propriamente em Gadamael, na CCAV 8452, de seu nome António Alves, que foi Cozinheiro da mesma.

A finalidade deste camarada, é saber dos companheiros para apanhar o comboio dos convívios.

O telemóvel do Alves é o 960 449 497.

Com os meus e dele, agradecimentos antecipados.
Um Grande Alfa Bravo para ti.
ASantos
SPM 2558
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 5 de Abril de 2010 > Guiné 63/74 - P6111: Convívios (207): 6.º Almoço Convívio do Pel Mort 4574 em Penacova, dia 22 de Maio de 2010 (António Santos)

Vd. último poste da série de 19 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8300: Em Busca de... (163): Diamantino Prazeres Colaço procura Camaradas do BART 6522/72 - S. Domingos -, 1973/74 (Cláudia Colaço)

Guiné 63/74 - P8424: Onde já vai o tempo das Rações de Combate tipo E? (José Martins)


1. Em mensagem do dia 11 de Junho de 2011, o nosso camarada José Marcelino Martins* (ex-Fur Mil Trms da CCAÇ 5, Gatos Pretos, Canjadude, 1968/70), mandou-nos este curioso trabalho sobre as rações de combate actuais.


Onde já vai o tempo das Rações de Combate Tipo E?

Quem ainda se lembra, pode comparar!
Aproveitando a ida a Belém, adquiri uma Ração Individual de Combate – NATO APPROVED – e fabricada para a Força Aérea Portuguesa, por uma empresa espanhola, em Alicante.


A caixa deixou de ser castanha, tem novo visual.

Pequeno almoço:
Cacau com açúcar, 18 gramas; leite em pó, 15 gramas; bolacha doce, 125 gramas; geleia de fruta, 2 embalagens de 20 gramas cada.

Almoço:
Jardineira de feijão, 145 gramas; paté de fígado, 65 gramas; doce de maçã, 50 gramas.

Jantar:
Massa Bolonhesa, 400 gramas; sardinhas em óleo, 115 gramas.

Complementos alimentares:
Bolachas de água e sal, 2 embalagens de 120 gramas; sumo de fruta em pó, 2 carteiras de 20 gramas; açúcar, 2 pacotes de 10 gramas; sal, pacotes de um grama; chocolate, 2 barras de 25 gramas; chiclete, 2 unidades; caramelos, 4 rebuçados.

Complementos não alimentares:
Comprimidos purificadores de água, 4 unidades; pastilhas inflamáveis, 6 unidades; dispositivo de aquecimento, uma chapa moldável; carteira de fósforos; talheres de plástico; saco para lixo.

Instruções de montagem do dispositivo de aquecimento, disponível em francês e inglês.
Quem não dominar estas línguas não terá problemas, dado que o português é, por definição, desenrascado.

Curiosidades:

A “tenda” onde adquiri a ração de combate, já de que uma tenda de campanha se tratava, era supervisionada por uma Major. Como caixa tinha uma Capitão, e os/as assistentes, Soldados.

E, já agora, o preço de venda ao publico: 11,00 euros, que, traduzindo para escudos ao valor “cambial” de 1 € = 200$482, dará 2.205$30.

Recuemos ao dia 31 de Outubro de 2008, dia em que o blogue do Luís Graça e o UTW, publicaram um texto sobre os vencimentos dos militares, em campanha, baseado nos elementos recolhidos na página 211, com data de 24 de Julho de 1965, no livro do nosso camarada Inácio Maria Góis “O meu Diário” GUINE – 1964/1965, Soldado da Companhia de Caçadores nº 674.


Utilizando o mesmo coeficiente de desvalorização da moeda (para o ano em questão (1965) o coeficiente é de 60,93), e uma vez que a variação de 2008 para 2010 é irrelevante (0.95%), o custo da Ração de Combate à época, com base no valor actual, seria de € 6,83 € ou seja 1.369$29.

Se a alimentação fosse paga por cada um, tínhamos de pedir dinheiro para casa, para comer!

José Marcelino Martins
Texto e fotos
10 de Junho de 2011.




Capa do livro do nosso camarada Inácio Maria Góis,
O Meu Diário: Guiné 1964/66. Companhia de Caçadores 674.
Edição de autor.
Mineira, Aljustrel.
2006





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Nota de CV:

(*) Vd. poste de 11 de Junho de 2011 > Guine 63/74 - P8404: Efemérides (51): No dia 10 de Abril de 2011, Loures homenageou os seus combatentes (José Martins)

Guiné 63/74 - P8423: Agenda cultural (135): Lançamento da Antologia da Memória Poética da Guerra Colonial, hoje, às 19h00, em Lisboa, Fórum Picoas Plaza





Agenda cultural: Lançamento da Antologia da Memória Poética da Guerra Colonial,  hoje, às 19h00, em Lisboa, no Fórum Picoas Plaza.

Antologia da Memória Poética da Guerra Colonial é hoje apresentada em Lisboa,  pelo jornalista Joaquim Furtado, no âmbito do colóquio/debate "Os Filhos da Guerra Colonial: pós memória e representações", organizado pelo Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra (UC).


Segundo notícia da Agenda Lusa, de ontem, publicada nos jornais, a antologia,  organizada pelos investigadores Margarida Calafate Ribeiro e Roberto Vecchi, é constituída por 600 poemas, de 180 autores.

A obra junta autores consagrados, alguns  inesperados (como Jorge de Sena, Paulo Quintela e até Fernando Pessoa, com "O menino de sua mãe") que se inspiraram no temática da guerra colonial, ou que a viveram (Fernando Assis Pacheco e Manuel Alegre, por exemplo, que estiveram  em Angola, logo no início); e muitos outros, desconhecidos do grande público,  que têm poemas dispersos pela imprensa regional, revistas, publicações militares (como a da Liga dos Combatentes), blogues, etc., ou que os divulgaram nas quase sempre obscuras e limitadas edições de autor.


Na perspetiva da investigadora e co-organizadora da antologia,  Margarida Calafate Ribeiro, em declarações à Lusa, tratar-se-ia de "um grande documento da fragilidade humana", nele sendo “expressos sobretudo sentimentos de dor da guerra, mas também de impossibilidade de partilha, incompreensão, nas mais variadas formas poéticas”.

Editada pelas  Edições Afrontamento (Porto, 2011), a antologia  nasceu  no âmbito de um projecto de investigação do CES/UC.





Página de rosto do Projecto Poesia da Guerra Colonial, CES/UC... Projecto com o qual, de resto, o nosso blogue deu a sua melhor e mais franca colaboração, colaborando nomeadamente com um das assistentes de investigação, a Cristina Néry Monteiro bem bem como na conferência de 30 de Março de 2009, realizada em Coimbra, em que participaram o Vasco da Gama e o Zé Manel Lopes.


Além de  outros poetas consagrados  como Casimiro de Brito (n. 1938) ou Gastão Cruz (n. 1941), é de destacar  ainda a existência de um número significativo de mulheres a escrever sobre um tema predominantemente masculino (e quase diríamos... falocrático), como é o caso das poetisas Fiama Hasse Pais Brandão, Sofia de Melo Breyner Andresen, Luíza Neto Jorge, Olga Gonçalves, Maria Teresa Horta e Rosa Lobato Faria, além de outras  desconhecidas do grande público.

A antologia, com c. 650 pp.,  está organizada por áreas temáticas:


Partidas e regressos (pp. 33-86)
Quotidianos (pp. 87-164)
Morte (pp. 165-222)
Guerra à guerra [poemas contra a guerra] (pp. 223-311)
O Dever da Guerra (pp. 313-337) (onde figuram poetas como António Manuel Couto Viana, Pedro Homem de Mello)
Pensar a  Guerra (pp. 339-378)
Memória da Guerra (pp. 379-424)
Cancioneiro [onde se incluem, por exemplo, as letras de alguns fados, como os do Cancionerio do Niassa, mas também o nosso conhecidíssimo Adeus, Guiné", de Mário Ferreira] (pp. 425-483)
Cancioneiro Popular (pp. 485-545)...

Antologia da Memória Poética da Guerra Colonial será apresentada hoje em Lisboa pelo jornalista Joaquim Furtado, no âmbito do colóquio/debate "Os Filhos da Guerra Colonial: pós memória e representações", organizado pelo CES/UC.

O nosso camarada José Brás comprometeu-se a fazer um apontamento do evento. Da nossa Tabanca é, segundo julgo saber, um dos quatro representantes, juntamente com o Manuel Bastos, autor de Cacimbados (2008), que também é membro da nossa Tabanca Grande, embora tenha feito a guerra no TO de Moçambique onde foi ferido. (Nasceu em Aguim, Anadia, 1950; é dirigente da ADFA, de Coimbra); o Nuno Dempster (que entrou para o nosso blogue em Fevereirossado; é autor do livro de poemas K3; nasceu em Ponta Delgada, 1944); e o Cristóvão de Aguiar (outro açoriano, nascido em 1940).


Também estão representados outros nomes nossos conhecidos como o Armor Pires Mota (que, embora convidado por mim,  não é ainda formalmente membro da nossa Tabanca Grande), o Carmo Vicente (ex-pára-quedista, do BCP 12), o Gustavo Pimenta, o Ruy Cinatti, e outros que reconheci de uma rápida leitura ao índice. Tenho pena que o nosso Joaquim Mexia Alves tenha declinado o convite dos organizadores para figurar na antologia com a letra do seu belíssimo Fado da Guiné...

A selecção (sempre discutível...) dos organizadores baseou-se numa recolha de muitos milhares (sic) de textos poéticos... Pela sua qualidade e autenticidade, alguns dos nossos blogpoetas, ex-combatentes,  como o Josema (José Manuel Lopes) ou o Manuel Maia, podiam e deviam figurar também na antologia... Mas haveremos de fazer... a nossa, a da Tabanca Grande, onde matéria-prima não falta. (LG)
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Nota do editor:

Último poste da série > 15 de Junho de 2011 > Guiné 63/74 - P8420: Agenda Cultural (134): Lançamento do livro Nha Bijagó, de António Júlio Estácio, dia 20 de Junho de 2011, pelas 18 horas no Palácio da Independência (António Estácio)

Guiné 63/74 - P8422: No dia 10 de Junho de 2011, Vila do Conde homenageou os seus ex-Combatentes da Guerra do Ultramar (Vasco Santos)

1. Mensagem do nosso camarada vilacondense Vasco Santos (ex-1º Cabo Op Cripto da CCAÇ 6, Bedanda, 1972/73), com data de 14 de Junho de 2011:

Caro Carlos,
Caso não seja muito incómodo, gostaria que publicasses no blogue, algumas fotos que te anexo, referente à celebração do 10 de Junho em Vila do Conde.

Além da celebração do 10 de Junho, foi tambem comemorado o 1º. aniversário do nosso monumento aos Ex-combatentes de Vila do conde.

Foi aproveitada a oportunidade, para se proceder (tardiamente) à entrega das medalhas de comissâo no Ultramar, àqueles que a solicitaram.

Os meu agradecimentos e, um abraço cordial,
Vasco Santos
Ex-Op Cripto
Ccaç 6 - 1971/1973


Usando da palavra, na Missa presidida pelo Monsenhor Domingos, Pároco das Caxinas, o nosso Presidente, Manuel Nascimento

O Vereador Eng.º António Caetano, tecendo os merecidos elogios aos ex-Combatentes, em nome da Câmara Municipal de Vila do Conde.

O Presidente da Associação dos ex-Combatentes de Vila do Conde, Manuel Nascimento, a ser medalhado pelo Comandante da Capitania de Vila do Conde/Póvoa de Varzim.

O Presidente da Associação dos ex-Combatentes de Vila do Conde, Manuel Nascimento, proferindo o seu discurso.

Momento da deposição de uma coroa de flores no Monumento, levada pelo camarada, ex-Comando, Almeida, acompanhado pelo nosso Presidente Manuel Nascimento.

Os medalhados. Falta o camarada Domingos que se tinha ausentado. Que me perdoem os restantes camaradas, mas só identifico, à direita o nosso Presidente, Manuel Nascimento, e à esquerda eu próprio.

A medalha entregue


[Fotos e legendas de Vasco Santos]
[Revisão e fixação do texto - Carlos Vinhal]

Guiné 63/74 - P8421: Monte Real, 4 de Junho de 2011: O nosso VI Encontro, manga de ronco (9): Os apanhados pela objectiva do Manuel Resende (Parte II)


Monte Real  > Palace Hotel > 4 de Junho de 2011 > VI Encontro Nacional da Tabanca  Grande (*)  > O Senhor Dom Leitão, serviço à hora do lanche, não direi que foi o rei da festa, mas que lá roncou, roncou...


Monte Real  > Palace Hotel > 4 de Junho de 2011 > VI Encontro Nacional da Tabanca  Grande  > 22 quilos desapareceram num ápice, sinal de que o Dom Leitão teve as devidas honras à nossa mesa... (Terá sido golpe de mão ?,  perguntaram os retardatáris)...Felizmente, o fotógrafo estava lá para comprovar a existência e a presença do Dom Leitão (a cabeça e o resto, aos pedacinhos...).

 

Monte Real  > Palace Hotel > 4 de Junho de 2011 > VI Encontro Nacional da Tabanca  Grande  >Em primeiro plano, três camaradas do Xitole, Joaquim Mexia Alves (jogava em casa), Francisco Silva (hoje ilustre cirurguião ortopedista no Hospital Amadora Sintra) e António Barroso (Valadares, Vila Nova de Gaia... Vim a saber que é meu vizinho, quando fico na Madalena...). Estes três camaradas pertenceram originalmente à  CART 3492...



Monte Real  > Palace Hotel > 4 de Junho de 2011 > VI Encontro Nacional da Tabanca  Grande  > Aspecto parcial do grupo de comensais (que este ano chegaram aos 125), na hora dos aperitivos (que, disseram os mais excelentes gourmets, estavam cinco estrelas)...


Monte Real  > Palace Hotel > 4 de Junho de 2011 > VI Encontro Nacional da Tabanca  Grande  > Aspecto parcial do nosso convívio no terraço da Sala Dom Diniz



Monte Real  > Palace Hotel > 4 de Junho de 2011 > VI Encontro Nacional da Tabanca   > Grande  > Da esquerda para a direita, Jorge Picado (Ílhavo), Ernestino Caniço (hoje médico, em Tomar),  Semião Ferreira (médico das Termas de Monte Real, e que não há meio de entrar para o blogue, apesar das nossas insistências, que são sempre amáveis convites; esteve na Guiné como operacional) e António Estácio (Mem Martins / Sinrtra)... Os trêss primeiros conheceram-se na região do Oio (Mansoa, Cutia, Mansabá...).


Monte Real  > Palace Hotel > 4 de Junho de 2011 > VI Encontro Nacional da Tabanca  Grande  >  Da direita para a esquerda Carlos Pinheiro (Torres Novas), Zé Martins (Odivelas) e o António Manuel Sucena Rodrigues, que mora em Oliveira do Bairro, ex-Ful Mil Inf na CCAÇ 12, no período final da guerra (1972/74), tendo estado no Xime e regressado em Agosto...


Monte Real  > Palace Hotel > 4 de Junho de 2011 > VI Encontro Nacional da Tabanca  Grande  > Da direita para a esquerda, dois periquitos da CCAÇA 12, o António Manuel Sucena Rodrigues e o António  Duarte; na ponta, o Manuel Domingos Santos (Leiria)...


Monte Real  > Palace Hotel > 4 de Junho de 2011 > VI Encontro Nacional da Tabanca  Grande  > a Graciela Santos (Caneças / Odivelas) e Manela  Martins (Odivelas), esposas respectivamente do António Santos e do Zé Martins.



Monte Real  > Palace Hotel > 4 de Junho de 2011 > VI Encontro Nacional da Tabanca  Grande  > O Alcídio Marinho (Porto) que vai ser apresentado em breve, formalmente, á Tabanca Grande... É o porta-estandarte da CCAÇ 412 (Bafatá, 1963/65)


Monte Real  > Palace Hotel > 4 de Junho de 2011 > VI Encontro Nacional da Tabanca  Grande  > Felismina Costa (Agualva-Cacém / Sintra), Jaime Machado e Manuela (Senhora da Hora / Matosinhos)...


Fotos: © Manuel Resende  (2011) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados. 

[ Selecção, edição e legendagem das fotos: L.G.] (**)

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Nota do editor

(*) Vd. poste de 9 de Junho de 2011 > Guiné 63/74 - P8392: Monte Real, 4 de Junho de 2011: O nosso VI Encontro,manga de ronco (6): Os apanhados pela objectiva do Manuel Resende (Parte I)

(**) Último poste da série > 13 de Junho de 2011 > Guiné 63/74 - P8415: Monte Real, 4 de Junho: O nosso VI Encontro, manga de ronco (8): Visto pela especial sensibilidade da nossa amiga Margarida Peixoto, esposa do Joaquim Peixoto (CCAÇ 3414, Bafatá e Sare Bacar, 1971/73)

Guiné 63/74 - P8420: Agenda Cultural (134): Lançamento do livro Nha Bijagó, de António Júlio Estácio, dia 20 de Junho de 2011, pelas 18 horas no Palácio da Independência (António Estácio)

1. Mensagem do nosso tertuliano António Estácio com data de 15 de Junho de 2011:

Caro Luís Graça
Continuação de boa saúde, votos extensivos a todos os tabanqueiros.

A 20 do corrente, pelas 18H00 e no Palácio da Independência, no Largo de S. Domingos, em Lisboa, procederei ao lançamento do meu recente trabalho intitulado:

"Nha Bijagó". Respeitada Personalidade da Sociedade Guineense (1871 - 1959).

Trata-se de uma evocação (à semelhança da que fiz ano passado sobre a "Nha Carlota de Nhacra") e nele evoco a maior figura da sociedade guineense da 1ª metade do séc. XX.

De seu nome Leopoldina Ferreira Pontes, natural (1871) e falecida (1959) em Bissau, ficou imortalizada pelo nominho de "Nha Bijagó".

Dado o manifesto e generalizado interesse dos bloquistas da Tabanca Grande por tudo quan-to se relacione com a Guiné;
Considerando a minha limitação em termos de acesso ao Tabanqueiros;
Peço e agradeço o o teu apoio na divulgação do meu próximo livro, estando certo que, tal como sucedeu no ano transacto, não deixarás de inserir a informação pretendida no blogue.

E, por forma a habilitar-te a difundir alguma informação, segue em anexo:

- o Convite;
- a Capa do livro e;
- o Prefácio de autoria do analista de política africana, Dr. Eduardo Fernandes.

Sempre ao dispor, reitero o meu agradecimento no tocante à divulgação do meu livro.
António J. Estácio


CONVITE



CAPA DO LIVRO

(Clicar nas imagens para as ampliar)



PREFÁCIO

Mais um trabalho que António Júlio Estácio dá à estampa, tendo como objecto uma figura marcante da sociedade guineense, desta feita “Nha Bijagó”, nome pelo qual ficou conhecida Leopoldina Ferreira.

Quem foi esta senhora e o que fez ela para merecer figurar em obra impressa? Isso é o que o leitor irá descobrir ao longo de mais de centena e meia de páginas deste livro que o autor intitulou “Nha Bijagó” – Respeitada Personalidade da Sociedade Guineense (1871-1959). A própria escolha do título já é em si reveladora da razão que motivou António Júlio Estácio a biografá-la! “Nha Bijagó” foi de facto, uma respeitada personalidade do seu tempo socialmente bastante influente e uma verdadeira matriarca. Abastada, mas sóbria, mulher de rígidos princípios éticos, foi, de certo modo, um modelo para os seus concidadãos.

Ao ler este livro não podemos deixar de pensar nas grandes figuras femininas, que foram as “sinharas” e que tanta influência tiveram na costa ocidental afri-cana, em particular nos Rios da Guiné, entre o século XVI e finais do século XIX. Essas mulheres que eram na sua maioria crioulas, geriam com enorme maestria os negócios dos seus maridos europeus ou eurodescendentes, resolvendo conflitos, realizando pactos com as autoridades locais, de modo a que as actividades comerciais decorressem sem delongas e fossem coroadas de êxito. A sua condição de crioula, dava à “sinhara” uma capacidade negocial ím-par, pois sendo detentora de uma dupla identidade cultural, era com facilidade que fazia a ponte entre as populações locais e os alógenos, nomeadamente os europeus. Ficaram famosas na Guiné algumas dessas “sinharas”, como a Bibiana Vaz, a Aurélia Correia conhecida por “mamé Aurélia”, a Júlia Silva Cardoso também conhecida como “mamé Júlia” e a Rosa Carvalho Alvarenga, mãe de Honório Pereira Barreto, entre muitas outras. Leopoldina Ferreira, vulgo “Nha Bijagó”, é em meu entender uma das últimas grandes “sinharas” da Guiné, pois o seu perfil enquadra-se na perfeição no papel desempenhado por essas influentes mulheres africanas, referenciadas por diversos autores como foi o caso de André Álvares d’ Almada na sua obra “Tratado Breve dos Rios de Guiné do Cabo Verde” de 1594 ou de George E. Brooks com “Eurafricans in Western Africa” publicado em 2004 ou ainda Philip J. Havik com “Trade in the Guinea-Bissau Region: the role of african and luso-african women in the trade networks from early 16th to the mid 19th century” publicado em 1994, para apenas citar alguns.

“Nha Bijagó” – Respeitada Personalidade da Sociedade Guineense (1871-1959), é o resultado de um longo trabalho de pesquisa que António Júlio Estácio desenvolveu ao longo de vários anos, com uma enorme dedicação e até paixão, mas sempre com rigor e respeito pela verdade dos factos, a que já nos habituou. Compulsou milhares de documentos, não apenas relacionadas com Leopoldina Ferreira, mas também relativos aos principais acontecimentos que tiveram lugar no período coevo da biografada. Registou dezenas de depoimentos e deslocou-se propositadamente à Guiné-Bissau, para “in loco” recolher mais informações, de modo a poder complementar, confirmar ou infirmar os elementos já recolhidos. E o resultado de todo esse esforço, é este livro!

Não estamos perante uma biografia no sentido clássico do termo, isto é, um género literário em que o autor narra a história da vida de uma pessoa ou de várias pessoas de forma mais ou menos objectiva, e muitas vezes romanceada. António Júlio Estácio, preferiu manter-se “neutro” interferindo o mínimo possível na narrativa dos depoentes, limitando-se a clarificar aqui e acolá alguns aspectos contraditórios ou menos precisos e desse modo fornecer ao leitor um retrato tão fiel quanto possível dessa grande senhora que foi a “Nha Bijagó” feito através dos testemunhos daqueles que a conheceram e que com ela privaram, e ainda de documentos oficiais que atestam aspectos relevantes da sua vida.

Um aspecto particularmente interessante nesta obra de A. J. Estácio, é a ligação cronológica que o mesmo faz, entre importantes acontecimentos políticos, adminis-trativos e militares, que tiveram lugar na então Guiné Portuguesa, e as diversas fases etárias da biografada, ainda que esses factos não tenham qualquer ligação directa com a personagem tratada neste livro! O autor quis desse modo, dar-nos a conhecer alguns factos da história da então colonia/província da Guiné, que tiveram lugar entre 1870 e 1959, período que abarca a vida de “Nha Bijagó”. Por esse motivo, este trabalho biográfico, para além de nos dar a conhecer a vida de uma grande mulher guineense que foi a “Nha Bijagó”, fornece-nos importantes informações do mundo em que ela viveu! Através dos diversos depoimentos sobre a “Nha Bijagó” recolhidos pelo autor, ficamos a conhecer não apenas os aspectos essenciais da sua vida, mas também um pouco da vida social na então colónia da Guiné e muito particularmente em Bissau, na primeira metade do século XX.

Com esta publicação, António Júlio Estácio, revela-nos mais uma vez, o seu grande apego e dedicação às coisas e às gentes da terra que o viu nascer!

Eduardo J. R. Fernandes
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Notas de CV:

(*) Vd poste de 19 de Maio de 2010 > Guiné 63/74 - P6432: Tabanca Grande (220): António Estácio, nascido em Bissau, no chão papel, escritor, amigo do Pepito, do Zé Neto, do Mário Dias e do Graça de Abreu, autor de Nha Carlota

Vd. último poste da série de 15 de Junho de 2011 > Guiné 63/74 - P8417: Agenda Cultural (133): Esquecidos pela Pátria, documentário a exibir na RTP1, dia 15 de Junho pelas 21 horas (Manuel Lema Santos)

terça-feira, 14 de junho de 2011

Guiné 63/74 - P8419: Cancioneiro de Mampatá (3): Estrada da morte [ Buba-Aldeia Formosa] ( António Samarra / Mário Pinto)

1. Mensagem do nosso camarigo Mário Gualter Rodrigues Pinto (ou tão só Mário Pinto), inserida como comentário ao poste P8414 (*):

Como diz quem sabe e por lá passou,  Mampatá inspirava os 'Poetas',  talvez por isso vários foram escritos por quem tinha arte e jeito. O Zé Manuel [Lopes],  além de arte e engenho para tal,  teve o condão de nos despertar para as rimas contadas das vivências por todos os que passaram por Mampatá... Aos que naquela estrada Buba-Aldeia Formosa lutaram. Mário Pinto



Cancioneiro de Mampatá (3) (**)

ESTRADA DA MORTE

Naquela maldita estrada,
A morte nos espreita;
Se o IN nos metralha,
A malta logo se deita.

Há minas e fornilhos 
Que fazem muitas mazelas,
As picas vão a caminho
Com a malta à procura delas.

De repente a emboscada,
Na curva de Sare Usso, 
A malta responde à metralha
Com tudo o que tem a uso.

Chamem os bombardeiros
Para os turras desalojar,
Bombas, roquetes e tiroteios,
Tudo para o IN matar.

Na puta da confusão
Abrimos fogo, ao desnorte,
Os turras fugiram em turbilhão
E nós tivemos manga de sorte.

Buba, estamos chegando,
Vindos de Mampatá, 
Com' esta 'strada d'embrulhanço,
De má memória, não há.

Escrito por: 

António Samarra
Sold At Cart 2519 
(Os Morcegos de Mampatá, Mampatá, 1969/71)  

[ Revisão / fixação de texto / título: L.G.]
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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 14 de Junho de 2011 > Guiné 63/74 - P8416: Blogpoesia (151): Gostava de vos falar dos esquecidos... (Josema)

Guiné 63/74 - P8418: Notas de leitura (247): O Império Colonial Português, Secretariado da Propaganda Nacional (Mário Beja Santos)

1. Mensagem de Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, Comandante do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 30 de Maio de 2011:

Queridos amigos,
Reputo do maior interesse ler/conhecer os conceitos ideológicos que o regime de Salazar subscrevia em 1942.

Quem escreveu o documento teve a preocupação de conotar o regime com a restauração do engrandecimento imperial. Há muitas coisas que se podem ler com a frieza que a investigação exige. Outras, temos que reprimir a gargalhada como a Guiné ser encarada como a porta aberta frente ao Brasil (devia ser por causa dos clippers que atravessavam o Atlântico Sul e amaravam na Baía da Bolama).

O mesmo autor que exalta a ocupação que legitimou o Império diz sem rebuço que a ocupação da Guiné era bem recente. Como se sabe, há fendas e interstícios na couraça ideológica que depois se pagam bem caro. A Guiné não foi excepção.

Um abraço do
Mário


O Império Colonial Português e a Guiné, em 1942

Beja Santos

Vários historiadores que têm apreciado a evolução da política colonial portuguesa entre os séculos XIX e XX centram-se, regra geral, nas políticas de ocupação e pacificação, no esforço diplomático e nas diferentes vicissitudes porque passou o conceito de Império Colonial, chegando, nas vésperas da eclosão das diferentes manifestações de independência, à consideração de que o regime presidido por Salazar perdera totalmente a noção dos “ventos da mudança” que passaram a soprar no termo da II Guerra Mundial.

Contudo, o mesmo regime que irá teimosamente fechar todas as portas a qualquer tipo de solução política para as parcelas do Império montara uma arquitectura ideológica que muitas vezes é descurada nas análises contemporâneas. Ora, o regime de Salazar não se coibiu a fazer publicidade institucional do que pretendia com a noção imperial, para uso doméstico. Para a sua compreensão, utiliza-se um documento de propaganda oficial, editado em 1942.

Em primeiro lugar, a publicação critica a postura dos portugueses que acerca da grandeza do passado histórico rebaixam e lamentam o presente. O Império não era encarado como o resto que se salvara da herança imensa do apogeu da expansão, era, isso sim uma continuidade absoluta do que melhor os portugueses tinham criado no passado, era o Império que ditava o destino de Portugal, a Nação não era inteligível enquanto ser vivo sem o seu Império.

Em segundo lugar, a expansão portuguesa não se caracterizava por uma ocupação recente, como era propalada pelos seus críticos. As suas etapas sucessivas marcavam essa continuidade colonizadora, a saber: da Madeira com o Infante D. Henrique; dos Açores com D. Afonso V; das Ilhas dos Atlântico central com D. João II e D. Manuel; do Brasil com D. João III; de Angola com D. Sebastião. O domínio marítimo foi criando os pontos o bases permanentes para uma progressiva ocupação colonizadora, com destaque para as Ilhas Atlânticas, o Brasil, Angola, Moçambique e Goa. Aquilo que se chamava decadência ou declínio imperial ocorrera quando Portugal vivera em União Ibérica e fora arrastado para conflitos que em nada se prendiam com o seu destino histórico, os conflitos europeus dos Áustrias.

Em terceiro lugar, a prova de grandeza imperial podia ser vista ao longo da dinastia de Aviz, um verdadeiro Império de ocupação e não de carácter mercantil. Até no nefasto período liberal, todas as gerações ao longo do século XIX, estiveram conscientes da nossa continuidade histórica e apoiaram-na: Sá da Bandeira e Garrett, Andrade Corvo e António Enes, D. Carlos e Ayres de Ornelas, entre outros. Foi a separação do Brasil que veio pôr em toda a sua magnitude o problema da nossa continuidade histórica através da nossa expansão em África. E tirando o lamentável incidente do Mapa Cor-de-rosa (1890), a obra de expansão colonizadora portuguesa não conheceu qualquer interrupção até ao presente. E assim se releva a grande mensagem: “A Nação que alguns diziam decadente e fraca, a Pátria destinada a findar em catástrofe ou deliquescente abandono, reafirmou-se, como sempre no passado, além do mar e desprezando os erros da sua vida política construiu um vasto Império Colonial. E dessa obra veio afinal o anseio de uma recuperação política nacional que se realizou”.

Em quarto lugar, a geografia do Império não era obra do acaso, todas as parcelas foram alavancas e faróis desse Império marítimo. Uma a uma dessas razões vão sendo enunciadas. Por exemplo, “O arquipélago de Cabo Verde prolonga para o Sul, e na rota do Brasil e de Angola, a posição geográfica, essencial, das Ilhas Atlânticas (…) De não menor importância é, a colónia da Guiné. Base essencial como Cabo Verde das rotas aéreas do Atlântico Sul, é em particular a Guiné a garantia de uma defesa da própria costa brasileira colocado aquém do Atlântico como sentinela vigilante na costa ocidental da África. A sua superfície, embora pequena e bem menor do que deveria ser naquela região do globo descoberta e secularmente explorada por Portugal, é, no entanto, suficiente para permitir o seu desenvolvimento em inteira independência dos territórios que com ela confrontam no continente africano".

Em quinto lugar, no contexto das informações geográficas e da cooperação racial e dalguns indicadores da vida económica e social, a propaganda do regime dá conta de como se via a Guiné pela lupa ideológica. No tocante a informações práticas, fica-se a saber que a Guiné tinha 4 portos principais (Bissau, Bolama, Bubaque e Cacheu), alguns portos fluviais (Bafatá, Farim, Buba, Cacine, S. Domingos, Xitole, Cachungo, Bula e Bissorã; o coconote, a mancarra e o arroz eram os produtos agrícolas mais cultivados, havendo ainda a registar a cana do açúcar para o fabrico da aguardente; nem uma só palavra sobre os recursos piscatórios.

Falando da cooperação racial, e  recordando a acção missionária destinada a propagar a fé católica, fica-se a saber que a população portuguesa absorve outras massas humanas: “Um português difícil e raramente se deixa absorver. E posto em contacto com um núcleo, às vezes bem pequeno, de população portuguesa, qualquer elemento estranho, de raça branca ou de cor, de um grande ou de um pequeno país, será por ele absorvido, as mais das vezes na primeira geração. Os exemplos do Brasil e Cabo Verde vêm à cabeça. Após a exaltação da administração e economias civilizadoras, o autor diz que sobre a Guiné, de ocupação muito recente, ainda não se podem tirar conclusões. O que estava comprovado é que a administração colonial portuguesa não se destinava à exploração das colónias para enriquecimento exclusivo e unilateral da metrópole. E são apresentados dados sobre a Guiné: em ligação com a metrópole através de carreiras da Companhia Colonial de Navegação; os cargueiros da Sociedade Geral de Comércio, Indústria e Transportes Lda. também ligavam Lisboa com Bissau e Bolama. O mais surpreendente vem depois, a propósito das estradas: “Segundo os dados oficiais, em 1937, havia já na Guiné uma rede de estradas com um desenvolvimento de 3.341 quilómetros”. Quanto a indústrias, a Guiné tinha uma fábrica de tijolos e três fábricas de descasque de arroz, sendo ainda de referir uma fábrica de extracção de óleo de palma no arquipélago dos Bijagós. Ao tempo, a Guiné tinha 5 missões religiosas, todas católicas: Missão Central de Santo António de Bula (Bissau), compreendo dois internatos (um masculino outro feminino); Missão Central de Bolama; Missão Sucursal de N.ª S.ª da Natividade de Cacheu; Missão Sucursal de N.ª S.ª da Candelária de Bissau; Missão de N.ª S.ª da Graça de Geba”.

E o livro termina assim: “O Império Colonial Português, com raízes no passado e na epopeia de conquista e ocupação, é já hoje, pela obra do Estado Novo, efectivamente um Império”.

Tratava-se de uma propaganda de engrandecimento do regime, isto quando está inequivocamente demonstrado que o mesmo regime não teve dinheiro para engrandecer o Império, modernizando-o, até ao fim da II Guerra Mundial. E quando começou a modernizá-lo, o regime não teve entendimento para os “ventos da história”. Daí a profunda reflexão que esta obra do Secretariado da Propaganda Nacional pode oferecer aos estudiosos, aos curiosos e àqueles que combateram na Guiné, em particular.
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 10 de Junho de 2011 > Guiné 63/74 - P8399: Notas de leitura (246): Dias de Coragem e de Amizade, Angola, Guiné, Moçambique: 50 Anos de Guerra Colonial, de Nuno Tiago Pinto (Mário Beja Santos)

Guiné 63/74 - P8417: Agenda Cultural (133): Esquecidos pela Pátria, documentário a exibir na RTP1, dia 15 de Junho pelas 21 horas (Manuel Lema Santos)

1. Em mensagem do nosso tertuliano Manuel Lemas Santos, com data de 13 de Junho de 2011, recebemos a informação que reproduzimos sobre a apresentação da reportagem "Esquecidos pela Pátria" a ter lugar no dia 15 de Junho, pelas 21 horas, integrado no programa "Linha da Frente" na RTP1:

De novo na programação:


ESQUECIDOS PELA PÁTRIA

Quarenta anos depois do fim da guerra do Ultramar, ainda existem ex-militares africanos a viver em quartéis portugueses. Alguns estão ilegais, outros perderam a nacionalidade e todos esperam o momento de poder regressar aos seus países. Numa situação de pobreza extrema aguardam pela resolução do moroso processo para obter uma pensão como deficiente das Forças Armadas.

"Esquecidos pela Pátria" é uma Grande Reportagem da autoria do jornalista Jorge Almeida, imagem de Jaime Guilherme, edição de Luís Vilar, pós-produção áudio de Rui Soares e produção de Amélia Gomes Ferreira.

Com os melhores cumprimentos,
Jorge Almeida
Jornalista RTP

RTP
Radio e Televisão de Portugal
Av. Marechal Gomes da Costa, 37
1849-030 Lisboa
Portugal
www.rtp.pt

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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 11 de Junho de 2011 > Guiné 63/74 - P8407: Agenda Cultural (132): Colóquio/Debate - Os Filhos da Guerra Colonial: pós-memória e representações, dias 14 e 15 de Junho de 2011, no Auditório do CIUL; CES-Lisboa (Forum Picoas-Plaza) (José Barros)