sábado, 19 de maio de 2012

Guiné 63/74 - P9924: O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande (54): Mesmo com um atraso de 4 anos, farei chegar a vossa mensagem a meu pai, Joseph Turpin (Iracema Turpin)



Guiné-Bissau > Bissau > Hotel Palace > 7 dde Março de 2008 > Último dia do Simpósio Internacional de Guileje (1-7 de Março de 2008) > Mensagem do Joseph Turpin, um histórico do PAIGC, para  o nosso camarada da FAP, hoje major piloto reformado, António Lobato, que esteve prisioneiro em Conacri, sete anos, de 1963 a 1970.

Vídeo (melhorado) (1' 36''): © Luís Graça (2008). Direitos reservados. Vídeo alojado em: You Tube >Nhabijoes.



Imagem à esquerda: capa do livro do António Lobato, Liberdade ou Evasão. Amadora. Erasmos, 1995


1. Mensagem da nossa leitora Iracema Turpin, da Guiné-Bissau:

De: Iracema Turpin
Data: 17 de Maio de 2012 15:02
Assunto: Joseph Turpin

Boa tarde:

Antes de mais agradeço a sua publicação que veio elucidar um pouco mais sobre o PAIGC de hoje comparado com o tempo de luta.


Apesar de já terem passado alguns anos desde a publicação do video referente aqui disponível:

27 de setembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3246: Simpósio Internacional de Guileje: Joseph Turpin, um histórico do PAIGC, saúda António Lobato, ex-prisioneiro (Luís Graça) (*)

 Farei chegar ao meu pai a sua mensagem.

Mais uma vez obrigado pelo gesto e vontade que demonstrou em que fosse do conhecimento dele que "a carta chegou a Garcia". (**)

Sem mais agradeço desde já a sua atenção.
Cumprimentos
Iracema Turpin
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Notas do editor:

(*) Trata-se de um pequeno vídeo (1' 36''), gravado por mim em Bissau, no Hotel Palace, no último dia do Simpósio Internacional de Guileje, em 7 de Março de 2008. 
As condições de luz eram más e a máquina era uma digital, de fotografia e não de vídeo.

Joseph Turpin, um dos históricos do PAIGC, pediu-me para mandar uma mensagem para o nosso camarada António Lobato, o antigo sargento piloto aviador portuguesa, cujo T 6 faz uma aterragem de emergência em 1963, na Ilha do Como.

Feito prisioneiro pelo PAIGC, o Lobato foi levado para Conacri, onde permaneceu sete longos anos de cativeiro, até à sua libertação em 22 de Novembro de 1970, no decurso da Op Mar Verde.

"Ó Lobato, depois da tempestade, depois de tantos anos, não sei se te vais lembrar de mim..." - são as primeiras palavras deste representant do PAIGC, na altura a viver em Conacri, sendo então membro do Conselho Superior da Luta.

Turpin recorda a seguir os momentos em que, por diversas vezes, visitou o nosso camarada na prisão. Não esconde que foram momentos difíceis, para ambos, mas ao mesmo tempo emocionantes: dois inimigos que revelaram o melhor da nossa humanidade...

"Eu compreendia, estavas desmoralizado...Havia animosidade"... Joseph Turpin agradece ao Lobato as palavras de apreço com ele se referiu à sua pessoa, ao evocar há tempos atrás, em entrevista à rádio, a sua experiência de cativeiro. Agradece o exemplar do livro que o Lobato lhe mandou e que ele leu, com interesse. Diz que ficou sensibilizado com as palavras e o gesto do Lobato. "Mas tudo isso hoje faz parte da história...Seria bom que viesses a Bissau" - são as últimas palavras, deste homem afável, dirigidas ao teu antigo prisioneiro português que ele trata por camarada...

O Joseph Turpin insistiu comigo para entregar pessoalmente ao António Lobato esta mensagem. Infelizmente só em setembro de 2008, seis meses depois é que tive oportunidade de divulgar o vídeo no nosso blogue esperando que ele acabasse por chegar ao conhecimento do seu destinatário.

Não tinha, ma altura, como continuo a não ter, nenhum contacto pessoal com o António Lobato, nem sei se ele nos lê, pelo que não posso garantir ao Joseph Turpin que "a carta chegou a Garcia".

Na altura, enviei, para o António Lobato, da minha parte, e da parte dos demais editores, bem como de toda a nossa Tabanca Grande, uma palavra de respeito, camaradagem, solidariedade e apreço. Quanto ao Joseph Turpin, também nunca mais tive notícias dele... Da conversa havida em Bissau, recordo-me de ele me ter dito o seguinte:

(i) O Élisée Turpin era seu tio e foi um dos fundadores do PAIGC;

(ii) O Amílcar Cabral, em Conacri, ficava originalmente em casa do pai do Joseph;

(iii) Os Turpin eram uma família de comerciantes;

(iv) Não falavam português, mas francês - o próprio Joseph aprenderia  o português mais tarde...

Na minha simples qualidade de mensageiro, espero que "a carta tenha chegado a Garcia", neste caso, ao conhecimento do Lobato. Por outro lado, é gratificante saber que a filha do Turpin localizou-nos, viu o vídeo e vai transmitir a notícia ao pai... Mesmo que se tenham passado quatro anos, o que é muito na nossa nova galáxia ...

Posso entretanto concluir: (i) que o Joseph Turpin está vivo (Mantenhas para ele, votos de boa saúde e longa vida!); (ii) que somos lidos/vistos na Guiné-Bissau e em toda a parte; e (iii) que o Mundo é Pequeno e a nossaTabanca... é Grande!... 

Obrigado, Iracema. E viva o povo irmão da Guiné-Bissau!


Guiné 63/74 - P9923: Parabéns a você (421): Francisco (Xico) Allen, ex-1.º Cabo da CCAÇ 3566 (Guiné, 1972/74)

Para aceder aos postes do nosso camarada Xico Allen clicar aqui
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 16 de Maio de 2012 > Guiné 63/74 - P9907: Parabéns a você (420): Vasco da Gama, ex-Cap Mil, CMDT da CCAV 8351 (Guiné, 1972/74)

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Guiné 63/74 - P9922: (In)citações (39): Integrar o Suleimane na Tabanca Grande foi de um grande significado simbólico e de homenagem a todos os guineenes que serviram na guerra da Guiné (Cherno Baldé)

1. Comentário do nosso amigo tertuliano Cherno Baldé*, com data de 16 de Maio de 2012, deixado no Poste 9903**:

Caro Luís Graça,
A tua decisão de integrar o Suleimane na nossa Tabanca Grande terá, certamente, pouco efeito prático, mas reveste-se de um grande significado simbólico e de homenagem a todos os ex-milícias e soldados africanos que serviram na guerra da Guiné que, como costumo referir, foram voluntários da sua própria desgraça.

A desgraça das pessoas como o soldado José Carlos Suleimane não é só o facto de ter ou não ter descontado para a aposentação porque, nas circunstancias em que tudo aconteceu, duvido eu que houvesse alguém que tivesse a plena consciência da sua importância, mesmo entre os metropolitanos. Mas no fim, estes homens que serviram de forma abnegada foram esquecidos, abandonados e o valor do seu esforço, a causa por que lutaram e viram seus irmãos morrer foi reduzido a nada. As suas vidas foram reduzidas a nada e entregues as mãos dos seus inimigos de ontem, a máquina criminosa dos comissários do PAIGC. O sinal escuro, bem visível na testa do Suleimane mostra o ardor com que ele se dirige(ia) ao todo poderoso, na solidão do seu (auto)isolamento, quando não lhe restava nenhuma outra forma segura de proteção.

 José Carlos Suleimane Baldé


Esta marca de profunda devoção e quiçá de desespero humano acompanha todos os antigos combatentes fulas que eu conheci.
A primeira vez que a vi, por volta de 1975/76 foi na cara de Mamadu Baldé, aliás Tenente Mama que fazia parte da 2.ª (?) Companhia de Comandos Africanos que, no entanto, acabou por conseguir chegar a Portugal e viver os seus últimos anos em paz e reunir parte da sua família. Nunca mais voltaria a Guiné.

Quero com isso dizer que o valor do reconhecimento é muito superior ao valor do dinheiro, porque quem arrisca a sua vida numa causa fá-lo com convencimento do seu valor intrínseco, seja ele politico, social, religioso etc. e não pelo valor monetário que lhe é pago para o fazer.
É importante que as pessoas, em especial aqueles que foram seus camaradas de armas, percebam isso.

Obrigado por este teu imenso gesto humano.

Um grande abraço,
Cherno Baldé
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 27 de Abril de 2012 > Guiné 63/74 - P9817: Tabanca Grande: oito anos a blogar (15): Mensagem do Cherno Baldé, num momento de dor mas também de esperança para o povo guineense

(**) Vd. poste de 15 de Maio de 2012 > Guiné 63/74 - P9903: Tabanca Grande (338): José Carlos Suleimane Baldé, ex-1º cabo at inf, CCAÇ 12 (Contuboel, Bambadinca e Xime, 1969/74)

Vd. último poste da série de 20 de Março de 2012 > Guiné 63/74 - P9631: (In)citações (38): Para uma leitura não-etnocêntrica dos nossos usos e costumes: o caso do casamento tradicional entre os guineenses (Cherno Baldé)

Guiné 63/74 - P9921: Agenda cultural (203): "Confidencial / Desclassificado", uma exposição do artista Manuel Botelho, até 7 de Julho de 2012 no Espaço Fundação PLMJ, em Lisboa (Mário Beja Santos)

1. Mensagem de Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, Comandante do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70) com data de 10 de Abril de 2012:

Queridos amigos,
Para quem vive na área de Lisboa ir a esta exposição é uma proposta irrecusável.
Botelho sabe manejar a comunicação para dosear o sofrimento ou os saltos da memória. Visitar estas fotografias prodigiosas é ficar de posse de uma dimensão fulcral do projeto que ele leva a cabo há cerca de 5 anos, ao que parece sem desfalecimento.
Temos aqui armas a que só falta falar, o militar e o seu duplo (será a sua consciência?), aquartelamentos transformados em pandemónio, há por ali muitas facas, sexo em segredo, militares incompreendidos do lado de cá, como aliás fomos.

Um abraço do
Mário


Confidencial / Desclassificado, por Manuel Botelho 

Beja Santos 

Esta exposição de Manuel Botelho está patente até 7 de Julho, de 4.ª feira a Sábado, das 15 às 19 horas, no espaço Fundação PLMJ, na Rua Rodrigues Sampaio, 29, em Lisboa. O curador da exposição, Miguel Amado, refere na introdução a que intitulou “Imagens de Guerra” que “A guerra constitui um dos principais assuntos da cultura visual moderna. Tanto no presente como no passado, a imagética bélica marca significativamente os modos de ver o mundo no plano cultural”. E refere o quadro de Goya, “O 3 de Maio de 1808 em Madrid”, as reportagens de Robert Capa, o Apocalypse Now, de Copolla, os diretos televisivos da Guerra do Golfo Pérsico da CNN. Anota que nas artes plásticas estas imagens acabam por emergir como uma das áreas de trabalho mais prementes, há uma atração e uma recusa no espetáculo do aparato militar, o artista tem outra lógica de tratamento, distancia-se do universo noticioso, a sua imaginação pode socorrer-se de um conflito particular que acabe por assegurar a sua problematização à guerra em geral.

E estamos chegados à guerra colonial, temática incómoda ou que deixou durante décadas o artista indiferente. Manuel Botelho está a investir muito num projeto singular que ele intitula “Confidencial/Desclassificado”, desde 2007, quase que abruptamente, o artista que aparecia dominado por uma linha expressionista, muito agarrado às figuras retocadas, dispostas quase numa sequência narrativa, lançou-se num projeto experimental sobre os conflitos da guerra, manejando o vídeo, a fotografia, a montagem e aguarela. Depois escolhe temas: as aguarelas têm legenda que ele vai buscar a aerogramas, temos quartéis, partidas de barcos, madrinhas de guerra, viaturas explodidas por minas; a sua série de fotografias tiradas a espingardas provoca agitação interior, o banal de uma arma dentro da fotografia ganha, graças ao recurso da iluminação, aspetos letais, proporções descomunais; autorretrata-se em fardamento de guerra, explora o grotesco na dicotomia civil/militar, numa aceção de que o civil permanece como uma intranquilidade no tempo militar; e esgota-se fisicamente na imagem, toda aquela exaustão de um certo militar ser fotografado num estado de abatimento e indiferença leva o espetador a afastar-se, tal o contágio da inquietação; o artista monta cenas de guerra com tabaco e cinza, garrafas empoeiradas, copos com bebidas, dinheiro espalhado, cartas de jogar, um garrafão, um gira-discos e ilumina de tal modo que a imagem se torna sufocante, incómoda. Um prato com sardinhas em tomate, em cima de um imaginário mapa é suficientemente nojento para ter que se admitir que aqueles alimentos, dignos de uma ração de combate, são expostos propositadamente com facas de mato para nos causar náusea; há códigos subtis como um Estado-Maior ser representado como um baralho de cartas montadas em castelo, também sob um mapa, apoiadas em copos e tendo por baixo pratos cheios de restos, seguramente que o código é que de tudo é periclitante nas decisões tomadas à porta fechada; há maços de cartas presos por atilhos como se clamassem por segredos a serem desvendados, gritos guardados, sofrimentos quase pessoais e intransmissíveis; e há o autêntico arrebol das montagens, fala-se do sexo interdito, imagem de derrisão; montagens barrocas, com copos, material de campanha, baldes, um militar à espreita debaixo de panos de tenda, como se estivesse a descobrir qual é a lógica da guerra; há a ilusão de um mundo caótico onde coabitam bombas de inseticida, troféus, chapa ondulada, catanas, serrotes, vestígios de material de construção civil; há os seus vídeos intermináveis, imagens do Natal do Soldado, tudo sem som como se competisse ao espetador impor uma forma de comunicação dentro de um cerimonial onde o espetador não cabe.

O que se acaba de referir é muito pouco para as linhas criativas de um artista que anda à procura de aerogramas, que reconstitui numa instalação as conversas do Nando, a militar no Bachile, com a sua namorada em Lisboa, gera o horror da incomunicação, ela expõe a sua vivência quotidiana, o soldado das transmissões descreve permanentemente que se encontra no deserto.

Questiono muitas vezes o que levou um artista consagrado, com carreira universitária, a entregar-se a um quase exorcismo que mete flagelações, olhares paranoicos, aproveitamentos de aerogramas, a tornar fotograficamente uma arma com elemento consagrado à morte, em estado expectante, criando simulações de ambientes em aquartelamentos de guerra, em possíveis fantasias eróticas, explorando novas dimensões do corpo como até então nunca praticara, misturando sonho com fantasmas, onde é permanente um diálogo silencioso entre ele e o seu duplo. Haveria um tempo, digo eu, em que as artes plásticas tivessem de pôr a nu a tal indiferença, a tal incomodidade que a guerra colonial causou em gente que só era sobressaltada quando o membro da família embarcava para aquelas regiões do Equador. Aos 60 anos, Botelho lançou-se impetuosamente na recriação de bastidores, na reificação de armas, no emudecimento do Natal do Soldado, numa certa paródia de códigos, numa viagem desassossegada a todos os meandros da guerra. Usando fantasmas, parece que os quer exorcizar. O que era confidencial, fingidamente atirado para trás das costas, ele desclassifica, brutaliza ou enternece.

Temos aqui Manuel Botelho para durar. Felizmente que alguém procura ir ao fundo dos diferentes poços fundos e das muitas linhas de água por onde se forjou a guerra colonial.
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 18 de Maio de 2012 > Guiné 63/74 - P9920: Agenda Cultural (202): No Dia Internacional dos Museus, inauguração e animação do Museu da Guerra Colonial, V. N. Famalicão

Guiné 63/74 - P9920: Agenda Cultural (202): No Dia Internacional dos Museus, inauguração e animação do Museu da Guerra Colonial, V. N. Famalicão





Página do portal do Município de Vila Nova de Famalicão




1. Segundo informação que nos mandou o camarada Carlos Pinheiro, através de notícia da Agência Lusa, o concelho de Vila Nova de Famalicão vai inaugurar hoje - Dia Internacional dos Museus -  os museus do Automóvel e da Guerra Colonial.


(...) "O Museu do Automóvel, resultado da parceria entre a Câmara de Famalicão, o Clube do Automóvel Antigo e Clássico daquele concelho e o Lago Discount, contará com cerca de meia centena de veículos, entre clássicos e modernos.  Alguns modelos, como o Fiat 500 e o Carocha, serão apresentados nas suas versões mais antiga e mais recente, com o objetivo de mostrar a evolução do design na indústria automóvel". (...)

Quanto ao  Museu da Guerra Colonial, "com uma área de 1.500 metros quadrados, contará com um auditório e três módulos principais.  Numa primeira fase, apenas abrirão ao público 500 metros quadrados com uma exposição de painéis que relatam a história da Guerra do Ultramar, abordando a cronologia, as operações militares, os horrores e ferimentos de guerra e a correspondência, entre outros temas (...). Numa fase inicial, o centro museológico abrirá mediante marcação prévia para receber visitas de grupo de escolas e outras associações. Posteriormente, abrirá em dias específicos, sempre com entrada livre.(VCP / Lusa)...



2. No portal da Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão, pode ler-se o seguinte:

"A história do Museu da Guerra Colonial começou a desenhar-se durante o ano lectivo de 1989/90, quando trinta alunos oriundos de várias freguesias dos concelhos de Vila Nova de Famalicão, Barcelos e Braga participaram num projecto pedagógico-didático conjunto a que chamaram 'Guerra Colonial, uma história por contar'.


"Através da metodologia da história contada oralmente, os alunos recolheram o espólio dos combatentes das suas áreas de residência. Surgiram então vários documentos como processos de morte e de ferido, correspondência, diários de companhia, diários pessoais, diários de acção social e psicológica, relatos e processos confidenciais, objectos de arte, fotografias, bibliografias, objectos religiosos, fardamento e armamento, enfim um manancial de fontes que permitiu, entre outras coisas, organizar uma exposição e nela reconstruir o "itinerário" do combatente português na guerra colonial.



"Em 1992, iniciou-se um trabalho de colaboração com a Delegação da Associação dos Deficientes das Forças Armadas de Vila Nova de Famalicão, em que foram efectuados novos estudos regionais com base nos arquivos e membros desta instituição, bem como foi ampliada a exposição com a integração de novos estudos e materiais. Como resultado desta colaboração, a exposição percorreu vários eventos culturais e várias localidades.


"Finalmente, em Maio de 1998, foi celebrado um protocolo de colaboração entre a Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão, Delegação da ADFA de Famalicão e Externato D. Henrique de Ruilhe de Braga, que serviu de acto solene e formal para a criação do Museu da Guerra Colonial.


"O Museu rege-se pela recolha, preservação e divulgação de fontes e estudos, reformulação técnica da exposição permanente, constituição de um centro documental e o alargamento de novos estudos na região".


Fonte: Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão > Museu da Guerra Colonial


Contactos > Centro Coordenador de Transportes, Sala 1
Rua Henriques Nogueira
4760-038 Vila Nova de Famalicão

Espaço Museológico > Parque Lago Discount
Rua do Xisto
4760-727 Ribeirão

Telefone: 252 322 848 / 252 376 323 | Fax: 252376324
E-mail: info@adfa-famalicao.rcts.pt

Horário > Segunda a Sexta-feira: 09h30 - 12h00 e 14h00 - 19h00
Sábados: com marcação prévia.

Ingresso > Entrada Livre

Entidade Gestora >  Associação do Museu da Guerra Colonial



3. Programa do Dia Internacional dos Museus > Museu da Guerra Colonial, V.N. Famalicão


Museu da Guerra Colonial

Dia 18 Maio:

Início da Campanha - “Memória Viva de um Passado Recente”- Recolha de espólio relativo à Guerra Colonial para exposição no museu
Destinatários: Público em geral
Local: Museu da Guerra Colonial
Entrada gratuita

Dia 20 Maio:
38º Aniversário Delegação da ADFA de Vila Nova de Famalicão
- Encontro Nacional de Ex-Combatentes e Deficientes das Forças Armadas

Abertura do Museu ao público 
Destinatários: Público em geral
Hora: 10h30
Local: Museu da Guerra Colonial
Entrada gratuita

Visita ao Museu e homenagem aos ex- combatentes falecidos
Destinatários: Público em geral
Hora: 11h00
Local: Museu da Guerra Colonial
Entrada gratuita
.
Debate sobre o tema “O papel do Museu da Guerra Colonial e as suas perspetivas de futuro.”
Destinatários: Público em geral
Hora: 11h30
Local: Museu da Guerra Colonial
Entrada gratuita
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Nota do editor:

Último poste da série > 17 de maio de 2012 > Guiné 63/74 - P9916: Agenda cultural (201): Conversas com Veteranos da Guerra Colonial. Sessões com o tema "Um objeto, um testemunho" (Museu Militar do Porto)

Guiné 63/74 - P9919: Memórias da minha comissão (João Martins, ex-alf mil art, BAC 1, Bissum, Piche, Bedanda e Guileje, 1967/69): Parte V : Depois de Piche: de novo em Bissau e Mansoa, a dar instrução a artilheiros, antes de ir para o sul (Bedanda, Gadamael e Guileje)





Guiné > Região de Tombali >  Picada de Gadamael / Guileje >  1969 > Foto do álbum fotográfico de João Martins, Guiné 1967/69, disponível na sua página do Facebook >  Foto nº 188/199 >  "Na picada a caminho de Guileje onde os contactos eram frequentes e muito pesados"...


 [Depois de ter estado em Piche, desde setembro de 1968 (com férias em agosto, na Metrópole, na sua amada praia de São Martinho do Porto), e de ter regressado a Bissau, para dar instrução, no BAC 1, o nosso camarada João Martins é colocado no sul, na região de Tombali, passando sucessivamente por Bedanda, Gadamael e Guileje, antes de ir de novo de férias a Portugal, em agosto de 1969... Esta foto, uma coluna de Gadamael até Guileje, deve ter sido tirada nos primeiros meses de 1960, na época seca... Parte das legendas foram recuperadas da página do Facebook.]



Guiné > Região do Oio >  Farim > 1969 (?) > Foto º 79/199 > "Uma Dornier e um T6 na pista de Farim" [, Quando o João Martins regressou, de Piche a Bissau, de Dakota, em finais de 1968 ou princípios de 1969]



Guiné > Região de Tombali >  Catió > 1969 (?) >  Foto do álbum do João Martins > Foto º 119/199 >"Quartel de Catió" [, De passagem para Bedanda, na época seca, princípios de 1969] 



Guiné > Região de Tombali >  Catió (?) > 1969 (?) > Foto nº 16/199> [O autor diz que esta foto é de Catió, quando por lá passou a caminho de Bedanda... A mim, parece ser o campo de futebol de Mansoa, por onde o João Martins andou quando voltou de Piche, para dar instrução do GA 7, em Bissau]


Guiné > Região do Oio >  Mansoa> 1969 (?) > Foto º 54/199 > "Habitações tradicionais"...



Guiné > Região do Oio >  Mansoa (?) > 1969 (?) > Foto º 48/199 > [Vivenda colonial]


Guiné > Região do Oio >  Mansoa (?) > 1969 (?) > Foto º 52/199 > [Rua com candeeiros de iluminação pública]


Guiné > Região do Oio >  Mansoa (?) > 1969 (?) > Foto º 53/199 > [Rua, com vivenda e mulheres a caminho da pesca (?)...]


Guiné > Região do Oio >  Mansoa (?) > 1969 (?) > Foto º 49/199 > [Rua,  edifício público (?) e agente da polícia administrativa]




Guiné > Região do Oio >  Mansoa> 1969 (?) > Foto º 47/199 >  " Monumento Nacional e escola primária atrás" [de 1951?].



Guiné > Bissau ou Mansoa > 1969 (?) > Foto nº 18/199 > "Mercado"


Fotos (e legendas): © João José Alves Martins (2012) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados. [Fotos editadas e parcialmente legendadas por L.G.; no que diz respeito às legendas, o editor  correu deliberadamente o risco de ter cometido algum erro grosseiro, pelo que todas as ajudas serão bem vindas para posteriores correções]



ÍNDICE

1. Curso de Oficiais Milicianos
1.1. Mafra – Escola Prática de Infantaria
1.2. Vendas Novas – Escola Prática de Artilharia – Especialidade: PCT (Posto de Controlo de Tiro)
2. Figueira da Foz – RAP 3 - Instrução a recrutas do CICA 2
3. Viagem para a Guiné (10 de Dezembro de 1967)
4. Chegada à Bateria de Artilharia de Campanha Nº. 1 (BAC 1) e partida para Bissum
5. Bissum-Naga
6. Regresso a Bissau para gozar férias na Metrópole (Julho de 1968)
7. Piche
8.  Bissau, BAC 1
9. Bedanda
10. Gadamael-Porto
11. Guilege
12. Bigene e Ingoré
13. Em anexo, artigos do jornal Defesa da Beira de Esmeralda Antas e de Pinheiro Salvado




Memórias da minha comissão na Província Ultramarina da Guiné - Parte V (*)

por João Martins (ex-Alf Mil Art, BAC1, Bissum, Piche, Bedanda e Guileje, 1967/69)

(Continuação)




8. Bissau, BAC 1


[Depois uma temporada em Piche, para onde fui em setembro de 1968, recebi ] uma guia de marcha para me apresentar em Bissau. Lembro-me de ter regressado [, por Farim,]  num Dakota, que parecia ser da última grande guerra tal era a vibração da fuselagem e o barulho que fazia o motor.

Chegado a Bissau, nova tarefa me esperava, dar instrução de manuseamento de obuses a duas secções de instruendos. Depois de umas explicações sobre as partes constituintes, expus o seu funcionamento, e entrámos na parte prática com base no manual de instruções.

Não me foi difícil perceber que o que estava no manual não era o mais eficaz, pelo que alterei a manobra de alguns dos instruendos de modo que passaram a executá-las com mais rapidez como se veio a verificar nas marchas finais, em Mansoa, onde fizemos tiro e pude tirar algumas fotografias.

Dei-me muito bem com estes instruendos, de tal modo que, se ao princípio os obrigava a fazer muitas flexões porque não estavam habituados a estar com atenção ao que se lhes dizia porque não tinham treinado a concentração; para o fim, isso já não acontecia. Estavam de tal modo à vontade comigo que me perguntaram se podiam falar abertamente sem risco de quaisquer represálias, é claro que lhes disse que sim, e expliquei-lhes o meu ponto de vista sobre as causas desta guerra de terrorismo que os nossos “inimigos”, dentro e fora do país, chamavam de “libertação”.

Alguns não sabiam de que lado se haviam de colocar, não tanto por razões do passado, até porque viam nos portugueses da Metrópole pessoas amigas, que lhes queriam bem, mas porque, no futuro, se os portugueses se retirassem, ficariam à mercê do inimigo que provavelmente não lhes “perdoaria”.


Guiné > Zona leste > Piche (?) > s/d > Foto nº 120/199 > [Criancinha, mulata, com a mãe...] "Suponho que era filho de um capitão que por lá passou"…


Expliquei-lhes que o que eles sofriam era idêntico ao que os portugueses da Metrópole também sentiam, um fraco desenvolvimento económico em consequência de uma apropriação de rendimentos do trabalho exagerada por parte do Estado em termos de impostos, e também, regra geral, por parte das empresas que prosseguiam políticas de baixos salários, e ainda pelo facto dos custos energéticos e financeiros serem demasiado elevados. Em consequência, criavam-se poucos postos de trabalho.  

Expliquei-lhes que era frequente as empresas enfrentarem tribunais pouco céleres pelo que, em caso de conflito com clientes com dívidas de cobrança duvidosa, podiam correr o risco de ir à falência; também os intermediários apostados em importar bens sucedâneos e em praticar margens de comercialização elevadas contribuíam para a asfixia económica e financeira dos seus fornecedores nacionais, o que os impedia de aumentar os vencimentos, e, desse modo, contribuir para um poder de compra mais elevado, o que, se tal acontecesse, permitiria um desenvolvimento económico em que todos ganhariam.


 Guiné > Zona leste > Piche > 1968 >  Foto nº 107/199 > [ Gazela, a prisioneira....]  


Dei então o exemplo dos USA, em que a realidade era a inversa, e tendo como consequência um significativo desenvolvimento económico. Expliquei-lhes que Henry Ford II dizia que era um industrial do ramo automóvel que tinha consciência de que, para poder produzir e comercializar os seus automóveis, tinha que ter clientes com poder de compra suficiente para os adquirir, pelo que, em consequência, era importante aumentar os ordenados da generalidade dos trabalhadores; pelo contrário, em Portugal, como nos países do Leste Europeu, a filosofia era a oposta, daí a elevada emigração para países que praticavam políticas salariais mais favoráveis e em que era evidente a preocupação do aumento do poder de compra das populações.

Relativamente à Guiné, disseram-me que, uma das razões que a propaganda do IN apontava.  para justificar a retirada dos portugueses da Metrópole, era que se tal acontecesse as suas casas ficariam para eles.

Expliquei-lhes que não haveria casas para todos, mas só para os “políticos” afetos ao PAIGC, e que, mesmo que ficassem com alguma,  não teriam comida para alimentar mulheres e filhos pelo que teriam que arranjar trabalho, e para isso os portugueses da Metrópole tinham mais conhecimentos e capacidade para criarem empresas que lhes proporcionassem empregos. Caso contrário, teriam que cultivar os campos e voltar à agricultura tradicional ou dedicarem-se à pesca, tarefas a que já não estavam propriamente habituados.

No último dia da instrução, perguntaram-me se não lhes dava mais castigos, que eram por norma dez flexões por distração ou por mau comportamento, respondi-lhes que os castigos que lhes dava eram uma consequência do comportamento deles e que, por isso, eram eles que dariam a resposta, perguntaram-me mais uma vez se podiam falar abertamente, disse-lhes que sempre o tinham podido fazer, perguntaram-me se podiam emitir uma qualquer opinião ou um qualquer pedido, disse-lhes que sim e que o atenderia se me fosse possível.


Para espanto meu o pedido consistia em que eu fizesse dez flexões. Não estava à espera de tal pedido, pensei duas vezes, e rapidamente tomei a decisão de as fazer, recordando “a cena do lava-pés de Jesus Cristo afirmando que tinha vindo à terra para servir e não para ser servido”.  

 Esta minha ação comoveu uns tantos que resolveram também fazer dez flexões. No final da instrução, vieram-me abraçar com o sentimento de amizade que, de facto, nos unia, nos bons e nos maus momentos.

Terminada esta instrução fui colocado em Bedanda onde já se encontrava um pelotão com três obuses 14 cm. Tive que fazer novamente as malas e apanhar uma Dornier (DO) que,  passando por Catió,  onde tirei algumas fotografias que já não sei identificar, acabou por aterrar em Bedanda.


Bedanda foi, sem dúvida um dos locais da Guiné que me deixou mais saudades. Fazia a sua defesa a Companhia de Caçadores 6, do recrutamento da Província, uma milícia, e o pelotão de artilharia. A população era particularmente simpática e notava-se que tinha tido muito contacto com portugueses da metrópole. Aliás, a casa colonial existente era imponente.

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Guiné 63/74 - P9918: O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande (53): Acácio Conde, ex-combatente em Angola, encontra no nosso Blogue os amigos Manuel Reis, Paulo Santiago e Vasco Pires

1. Comentário do dia 14 de Maio do nosso camarada, e leitor do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné, Acácio Conde, que cumpriu serviço militar em Angola, deixado no Poste 9461:

Malhas que o acaso tece...

Viajando pelas páginas da internete um pouco ao Deus dará, acabo de descobrir contactos de três amigos contemporâneos de juventude que a vida se encarregou de separar. A marca comum que nos juntou no Colégio Nacional em Anadia e vos juntou na guerra colonial da Guiné-Bissau sem saberem uns dos outros, a mim mandou-me para Angola...

Tenho-vos encontrado esporadicamente mas desconhecendo no concreto esse elo de ligação das vossas vidas. Afinal o mundo continua pequeno e redondo: o Vasco Pires, o Paulo Santiago e o Manuel Reis são os amigos a que me refiro e de quem guardo memórias de juventude.

Este blog que por vezes tenho visitado pela sua qualidade e capacidade de mobilização que consegue junto de muitos dos ex-militares que nas décadas de 60 e 70 estiveram em África e que continuam a partilhar entre si memórias e momentos de vida em comum...

A estes amigos em particular envio um forte abraço, com desejo de boa saúde, esperando que nos possamos juntar um dia aqui por Aveiro, onde vivo vai para 40 anos.
Seria uma grande alegria que se concretizasse esse encontro.

Cordialmente
Acácio Conde


2. Comentários de CV:

- Tudo começa no poste de 8 de Fevereiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9461: Camaradas da diáspora (10): Vasco Pires, ex-comandante do 23º Pel Art (Gadamael, 1970/72): saiu de Portugal em 1972 onde os nossos camaradas Paulo Santiago (em 9 de Fevereiro) e o Manuel Reis (em 10 de Fevereiro) deixaram os seus comentários por reconhecerem, pelo seu nome, o velho companheiro de escola, Colégio Nacional de Anadia, o Vasco Pires, a viver no Brasil, também ele ex-combatente na Guiné.

- Por sua vez, o comentário do Paulo deu origem ao poste de 10 de Fevereiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9469: O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande (51): Dois amigos, Paulo Santiago, aguedense, e Vasco Pires, anadiense​, reencontra​m-se, no blogue, ao fim de 50 anos!

- Finalmente, no dia 14 do corrente mês aparece um amigo dos três, o camarada Acácio Conde, ex-combatente em Angola, que deixou também no P9461 o comentário que ora se publica.

- Não há dúvida que "O Mundo é Pequeno... ...e a Nossa Tabanca é Grande!

- Vd. último poste da série de 14 de Maio de 2012 > Guiné 63/74 - P9897: O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande (52): Encontro o Leopoldo Amado na Feira do Livro de Lisboa, 4 anos depois de Bissau: está agora no Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, como investigador no programa de pós-doutoramento (Luís Graça)

Guiné 63/74 – P9917: Convívios (437): Almoço/Convívio do Batalhão de Cavalaria 8323, dia 2 de Junho de 2012, em Coimbra (António Rodrigues)


1.     O nosso Camarada António Rodrigues, ex-Soldado Condutor Auto do BCAV 8323, Copá, 1973/74, solicita-nos a divulgação da próxima festa da sua companhia. 


Almoço/Convívio do Batalhão de Cavalaria 8323

2 de Junho de 2012

Ançã - Coimbra 




Camaradas, 

Agradeço a publicação, no nosso Blogue, da notícia do almoço/convívio do Batalhão de Cavalaria 8323, que prestou serviço na Guiné 1973-1974, em Pirada, Bajocunda, Copá, Paunca, Sissaucunda e Buruntuma. 

Realiza-se no próximo dia 2 de Junho no Restaurante Quinta do Pingão junto à estrada Nacional, em Ançã - Coimbra. 

Para mais informações, os interessados (que espero sejam muitos ) devem contactar o nosso Camarada e Amigo: 

José Tomás Fernandes 
Telefones: 253 672 374 (das 09h00 às 18h00 horas) 
Telemóvel: 964 241 854 
Ou, 
Paula: 253 673 929 (a partir das 21h00 horas) 

As inscrições devem ser feitas até ao próximo dia 25 deste mês de Maio. 

Um abraço, 
António Rodrigues 
Sold Cond Auto da 1ª CCAV do BCAV 8323. 


Mini-guião: © Colecção de Carlos Coutinho (2012). Direitos reservados. 
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Nota de M.R.:

Vd. último poste desta série em:

16 DE MAIO DE 2012 > Guiné 63/74 – P9912: Convívios (254): Encontro da Magnífica Tabanca da Linha, dia 31 de Maio de 2012 em Alcabideche (José Manuel M. Dinis) 


Guiné 63/74 - P9916: Agenda cultural (201): No Dia Internacio​nal dos Museus. Conversas com Veteranos da Guerra Colonial. Sessões com o tema "Um objeto, um testemunho" (Museu Militar do Porto)



1. Camaradas a Dra. Alexandra Anjos, do Museu Militar do Porto, enviou-me o convite infra-anexo, extensível a todos os que de vós possam estar interessados.

No Dia Internacio​nal dos Museus 
Conversas com Veteranos da Guerra Colonial 
"Um objeto, um testemunho" 
Museu Militar do Porto 


Caro Eduardo, 


Este fim-de-semana (18, 19 e 20 de maio) o Museu Militar do Porto vai participar numa série de atividades, a par de cerca de 30 museus da cidade do Porto, no âmbito do Dia Internacional dos Museus e Noite dos Museus (para mais informações: http://dim.portodigital.pt/)

Em particular no dia 19 (sábado) o Museu Militar do Porto tem programadas 2 sessões com conversas com Veteranos da Guerra Colonial, pois julgamos de todo interesse, cumpridos já 50 anos do seu início, conhecer o testemunho de quem, não sendo militar de carreira, cumpriu o seu dever e seguiu depois a sua vida assumindo um papel diferente na sociedade. Estas sessões com o tema "Um objeto, um testemunho" terão lugar às 15h30 e às 17h30. 

Teríamos todo o gosto em que aparecesse e agradeço, se puder, fazer a divulgação junto dos seus contatos, ou entre quem possa ter interesse, pelo que anexo o cartaz em pdf que pode ser enviado via mail. 

Obrigada.
Um abraço
Alexandra Anjos
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Nota de M.R.:

Vd. último poste desta série em:

10 DE MAIO DE 2012 > Guiné 63/74 - P9878: Agenda cultural (200): O António Batista, o nosso "morto-vivo do Quirafo", e os projetos solidários da Tabanca de Matosinhos, hoje, 5ª feira, dia 10, às 10h, no programa Praça da Alegria, RTP1 


Guiné 63/74 - P9915: Lições de artilharia para os infantes (5): Quando o oficial de dia fez um levantamento de rancho... (C. Martins, Cmdt do Pel Art, Gadamael, 1973/74)


[Foto à esquerda, de Lázaro Ferreira, nosso próximo grã-tabanqueiro: malta de Gadamael, 1974].


1.  O C. Martins - nosso leitor e camarada, mais conhecido por ter sido o "último artilheiro de Gadamael" , comandante do Pel Art 23, que acabará por (con)fundir-se com o 15, mas também médico, hoje, no Portugal profundo, -  não faz parte formalmente da nossa Tabanca Grande (TG), por razões alegadamente deontológicas, éticas  e profissionais que eu entendo e respeito. Isto quer dizer que: (i) nunca pediu para aderir à TG; (ii) nunca aceitou o meu convite para ingressar na TG; (iii) nunca se apresentou ao "pessoal da caserna", como mandam as NEP do blogue; (iv) nem nunca enviou as duas fotos da praxe... 

Em contrapartida, é leitor assíduo, fã do nosso blogue, comentador diário dos nossos postes, frequentador dos nossos encontros nacionais, e profundo conhecer da Guiné, amigo das suas gentes... Tem, além disso - e excecionalmente - uma série feita com os seus comentários neste blogue... Ele é um bom contador de histórias, tem sentido de humor, e muitas memórias da tropa, da guerra e da paz, por partilhar... Seria uma pena que esta, que a seguir (re)publicamos, ficasse  escondida (e perdida) na montra traseira (que é a caixa de comentários) do nosso blogue... 

Sem sequer lhe pedir autorização (já foi dada tacitamente), aproveitei esta história, que considero exemplar, para mais um poste da série Lições de artilharia para os infantes... Pode perguntar-se: Foi a tropa uma escola de virtudes ? Quero eu dizer, a tropa do nosso tempo... Aprendia-se lá só coisas de artilharia, infantaria, cavalaria, transmissões ? Mas também valores ?... 

A pergunta não tem uma resposta dicotómica: como de resto tudo na vida, nada  pode ser visto a preto e branco... Depois da história do J.L. Mendes Gomes, a do C. Martins: são duas histórias que têm direito a "mural ao fundo"... Não confundir com "moral"... São histórias que se prestam a que a gente, os grã-tabanqueiros e demais leitores deste blogue, escrevem os seus grafitos na parede (mural), ao fundo... Eu diria que são "contos morais"... Mas ao leitor é que é reservada a última palavra. 

O C. Martins que me perdoe a partida, mas achei que este seu comentário era um pequeno diamante em bruto, que merecia ser lapidado... Podia tentar adivinhar quando e com quem se passou... Seguramente, gente da artilharia, mas para o caso não interessa. Os "contos morais" não têm historicidade, isto é, a espessura e a ganga do tempo e do espaço... (Quanto a mim, limitei-me a fazer o papel do escriba de serviço, neste turno, que foi o de fazer a fixação do texto; os méritos vão inteirinhos para o C. Martins).

Para o J.L. Mendes Gomes vai também o meu apreço pela coragem e frontalidade com que ele partilha, connosco (e com os netos...), uma história que alguns poderiam/poderão achar "politicamente pouco correta"... (LG).


 2. Lições de artilharia para os infantes > Quando o oficial de dia fez uma levantamento de rancho...


por C. Martins

Este tema é muito interessante: Relação entre comandantes e comandados e vice-versa (*).

Atitudes, justiça, injustiça, abuso de poder, capacidade de liderança ou não, coesão ou espírito de corpo.
Todos nós tivemos casos, independentemente da categoria ou posto hierárquico.

A propósito de rancho... Lembro-me de um caso passado num regimento de uma cidade alentejana. O oficial de dia fez um levantamento de rancho !!!!.

Este tinha por hábito não se limitar a provar a comidinha da bandeja, mas verificar as pesagens dos géneros segundo as NEP. Era vitela à jardineira: tanto de ervilhas, cenouras, batatas e a carne da dita.


Iniciado o repasto, que a bem da verdade o pessoal comia com sofreguidão, o dito oficial, olhando de soslaio para pratos e travessas repara que havia ervilhas, cenouras, grande quantidade de batatas e, surpresa,  a carne praticamente tinha-se evaporado!. 
-  NINGUÉM COME MAIS, CAR...!!! - berra o gajo com um galãozito transversal no ombro, e enceta uma corrida frenética até à cozinha onde se depara com grandes nacos de carne sobre a bancada.

Transtornado, enfia uma cabeçada no 1º sargento vago-mestre ou lá o que era:
- Você está preso,  seu f... da p...!. E estão todos presos, seus cabr...f...das p..., bandidos, gatunos! ...

Mais calmo, tenta contactar o comandante que não estava, o 2.º também não... Bem, a alternativa era o contacto com o QG da região militar. Atende o oficial de dia da respectiva:
- ... Fez o quê ?!! Você já desgraçou a sua vida!

Nesse dia almoçou-se só às cinco da tarde. 

O sorja f... da p... tinha por hábito gamar a carne e outros géneros que vendia a talhos e estabelecimentos civis,  com a conivência dum cabo RD... Os outros elementos da cozinha eram ameaçados para se calarem. A justiça militar atuou com penas exemplares... O aspiranteco teve um elogio verbal e foi mobilizado para o CTIG.

Qualquer coincidência com a realidade não foi mera ficção.

C.Martins (**)
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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 16 de maio de 2012 > Guiné 63/74 - P9910: Cartas do meu avô (4): Segunda Carta: Em Catió (Parte III) (J.L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil, CCAÇ 728, Bissau, Cachil e Catió, 1964/66).



(**) Último poste da série > 4 de maio de 2012 > Guiné 63/74 - P9852: Lições de artilharia para os infantes (4): O que era uma bateria (ou bataria)... (C. Martins, Cmdt do Pel Art, Gadamael, 1973/74)

Guiné 63/74 - P9914: História da CCAÇ 2679 (50): Uma motivação imprevista (José Manuel M. Dinis)

1. Em mensagem do dia 13 de Maio de 2012, o nosso camarada José Manuel Matos Dinis (ex-Fur Mil da CCAÇ 2679, Bajocunda, 1970/71), enviou-nos mais uma memória da história da sua Unidade.


HISTÓRIA DA CCAÇ 2679 (50)

Uma motivação imprevista

Lá longe, depois de cruzado o Geba e o Gabu, na direcção do Senegal e das brisas do deserto, cirandava uma companhia que, desde Piche, praticava muita operacionalidade, e todos os dias mantinha, a par da actividade militar propriamente dita, com picagens, patrulhas, colunas e emboscadas, ainda a actividade interna, normal de cada aquartelamento.

O pessoal, por vezes, manifestava cansaço, até revolta. Sobretudo, quando as horas do rancho suscitavam algum género de contestação. De facto, por ali comia-se mal e porcamente. O "tacho" consistia quase exclusivamente em "bianda com estilhaços", num guisado que sugeria cimento, ou massa com estilhaços.

Quando alguém se lembrava de reclamar, logo degenerava um coro de protestos, no geral inconsequentes. Mas quando, ainda revoltados e estimulados para reclamar, encontravam o capitão, um ou outro mais afoito, dirigia-se-lhe a apresentar protestos, enquanto os restantes paravam à escuta, ou largavam frases acusatórias de que havia quem enriquecesse à custa do pessoal, ou que na messe os senhores comiam bifinhos, enquanto no refeitório a alimentação era quase intragável. E havia quem, mais ou menos encoberto, como quem queria a coisa, referisse que o rebentamento de umas granadas poderia resolver o problema dos ilícitos.

Um dia a localidade foi sobrevoada por um NordAtlas, que do seu bojo soltou uma caixa de frescos. Vieram de pára-quedas, mas com tal força bateram no chão, que o caixote desconjuntou-se, o peixe espalhou-se no solo arenoso numa gemada de ovos, e nada se aproveitou.

Pata que os pôs, gritava-se entre impropérios. Parecia que estavam a gozar. Quem havia de comer aquilo? Porque é que não se fez uma coluna a buscar os géneros?

À porta da secretaria o capitão parecia ouvir os protestos. Por trás, cofiando o bigode, como quem avalia o evoluir da situação, o Primeiro mantinha-se calmo e encorajador do capitão.  

Que um dia haveria ali uma festa com mais puns-puns que a passagem de ano no Funchal, que os "xicos" é que deviam ir para o mato, e outras, directas e indirectas, mobilizavam a rapaziada na curiosidade contestatária.

Alguns dias depois aterrou um DO que trazia o Comandante Operacional. Algum tempo depois mandava-se formar o pessoal da Companhia, um pelotão de operacionais, e uma parte dos especialistas.

Houve um arremedo de formação para o senhor Comandante. O pessoal olhava para os pés, compunha o quico para evitar o sol, diziam-se dixotes baixinho a provocar graças, que talvez não chegassem ao degrau onde estava o orador, outros davam-se empurrões de surpresa a provocar desequilíbrios, enfim, passava-se o tempo, enquanto Sua Excelência discorria sobre o moral, e a capacidade do exército.

A certa altura, a propósito das reclamações sobre a alimentação e o consequente cansaço, teve a seguinte tirada: Eu também ando pela Guiné toda, e não estou cansado. Não foi preciso esperar reacção, porque um espontâneo logo replicou altissonante: de avião!... assim também eu.

Seguiu-se uma precipitação de risos, de início a conterem-se, mas logo em avalanche de bom humor. O pessoal inclinava-se, aproximavam-se alguns para comentar, de onde brotavam mais risos. A formação, deformava-se. Alargava-se. Descompactava-se. Sem ordem, que não se revelou necessária, destroçava-se.

O senhor Major considerou que já tinha falado, e também se retirou com o capitão a segui-lo. Foi uma festa, e durante dias quase não se falou de outra coisa. Mal imaginaria aquele oficial, como um simples "lapsu-linguae" poderia transformar uma tropa apática e mal disposta, num grupo de militares orgulhosos e alegres, capazes de resistirem por mais algum tempo às provações que lhes eram impostas.
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 6 de Abril de 2012 > Guiné 63/74 - P9756: História da CCAÇ 2679 (49): A maneira mais prática de fazer prova de aptidão para conduzir viaturas auto (José Manuel M. Dinis)