sábado, 18 de junho de 2011

Guiné 63/74 - P8443: Agenda cultural (136): Colóquio/Debate OS FILHOS DA GUERRA COLONIAL - Pós-memória e Representações, ocorrido nos dias 14 e 15 de Junho de 2011 no Auditório do CIUL; CES - Lisboa (José Brás)



1. Mensagem do nosso camarada José Brás* (ex-Fur Mil, CCAÇ 1622, Aldeia Formosa e Mejo, 1966/68), com data de 16 de Junho de 2011:

Caríssimo Luís
Aqui estou, dando cumprimento à tua solicitação para que escrevesse alguma coisa sobre o Colóquio/Debate OS FILHOS DA GUERRA COLONIAL - Pós-memória e Representações**, organizado pelo CES -Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, sob a direcção da investigadora Dr.ª Margarida Calafate Ribeiro e que decorreu a 14 e 15 deste mês em instalações no Fórum Picoas-Plaza, e encerrou com a apresentação de uma Antologia da Memória Poética da Guerra Colonial -Afrontamento.

Esclareço, entretanto, que apenas poderei falar sobre o decurso do programa nas duas tardes, em virtude de impossibilidades pessoais na participação nas manhãs desses dois dias, e, ainda assim, muito genericamente porque, não tendo sido a Tabanca Grande vista nem achada na previsão e nos convites para a participação, não me ficaria muito bem, acho, alongar-me em considerações sobre as intervenções que aconteceram nas várias "mesas" em que se dividiu o debate, correndo sempre o risco de alguma parcialidade naquilo que direi, como participante, individualmente e em última análise convidado.

Assim, no início da tarde de 14, decorreu na sessão 2, um debate sob o título Pós-memória da Guerra Colonial, tendo como moderador António Sousa Ribeiro (CES), Paula Ribeiro Lobo (Universidade Nova de Lisboa), Hélia Santos (CES) e Margarida Calafate Ribeiro (CES).

Desta parte destaco a intervenção de Hélia Santos que sintetizou a abordagem ao tema pela tentativa de uma dupla visão, por um lado a dos filhos dos que fizeram a guerra, e por outro lado, a dos filhos dos que a recusaram.

Evidentemente, tal tema seria só por si o carro mestre de um comboio de ideias, de emoções e de palavras, tal é a fractura que para o bem e para o mal, está ainda presente em quem aceitou o embarque e quem, por acaso ou por fuga, faltou no Cais da Rocha.

E foi isso mesmo que, na hora de passar a palavra à assistência, eu próprio tentei dizer, tendo como quase certo que, se da parte dos que recusaram a guerra poderemos encontrar muitos e variados motivos, desde a sua recusa, pura e simples, por imperativo de consciência moral e recusa de qualquer tipo de violência, ou por discordância completa com o regime que tinha aceitado a guerra, até ao oportunismo puro dos que apenas temiam pela sua vida, concordando ou não e apoiando ou não o regime, também da parte dos que a fizeram, a aceitaram por motivos igualmente numerosos, muito diferenciados e até opostos.

Na verdade, a grande maioria dos militares de baixa patente que embarcaram, o fez numa situação psicológica e moral muito esbatida na ideia de Pátria trazida da escola primária e da catequese, do trabalho duro e cedo na idade, de uma vida difícil e sem esperanças, de uma postura social velha de séculos de aquiescência humilde ao poder. Outros houve que embarcaram com uma consciência construída na ideia de Pátria, de história, de dever social contra agressões tidas do exterior. Muitos embarcaram e aceitaram correr um risco duplo que era o de ser contrários à guerra e de entenderem a luta dos movimentos independentistas, mas dispararem balas iguais, contra um inimigo, afinal, igualmente assumido, e perderem a vida ou matarem do mesmo modo.

E se o que se queria era distinguir entre a abordagem dos filhos dos que "emigraram" e dos que embarcaram, seria necessário ter tudo isto em conta, mesmo não entrando com a diferença de olhares individuais de tais filhos, uns que aceitam e se revêem e outros que repudiam os pais e a sociedade que viveu aquela realidade, quer num caso, quer no outro.

Claro que não poderá caber num debate como este, e muito menos no olhar de quem constrói e apresenta "tese", todo este mundo, temendo-se que tal tarefa não venha nunca a realizar-se.

Na segunda tarde, após a passagem de um curto excerto de "Quem vai à Guerra" de Marta Pessoa (filha de militar do quadro), e "Poeticamente Exausto, Verticalmente Só", da jornalista Luísa Marinho sobre José Luís Bação, poeta morto em Moçambique, o painel, sob o título "Representações da Pós-memória da Guerra", sob a moderação de Margarida Calafate Ribeiro, teve como intervenientes, além da duas autoras dos filmes referidos, Ana Vidigal, artista plástica filha de combatente, Pedro Branco (músico e sem ligação directa ao conflito), Norberto Vale Cardoso (filho de combatente) e Rui Vieira (sem ligações ao conflito, escritores, e ainda Susana Gaspar, actriz directamente ligada à peça teatral de que se leram excertos no dia anterior, "Ignara Guerra Colonial".

Digo aqui, que me agradou muito o filme de Luísa Marinho, não apenas pelo seu riquíssimo conteúdo, mas também pela forma, pelo estilo e pelo ritmo com que o construiu e pelo grito que com ele nos choca ainda hoje.

Naturalmente que os olhares diferentemente construídos pelos indivíduos que compunham a mesa, serão muito importantes como depositários de hipóteses de abordagens condicionadas pelas formas em que cada um cresceu no caldo cultural respectivo e que, afinal, são parte significativa da sociedade que vive o esquece a experiência da guerra colonial, nem que seja porque, se a abordaram, dela têm ecos particulares.

Com referência na intervenção de Marta Pessoa e da sua recolha de depoimentos junto de mulheres que viveram a guerra, ou ficando aqui sofrendo as ausências e aguardando a volta, ou aceitaram fazê-la directamente no campo da luta, e na sua afirmação de que é muito importante por ainda hoje a falar a vozes que teimam em se calar, dei uma pequena nota de um episódio real vivido por mim duas horas antes, a partir de conversa com uma mulher, culta, social e culturalmente de esquerda (ainda que resguardando tal significado), que, respondendo a pergunta sua eu tinha informado que estaria num Colóquio sobre a Guerra Colonial, de imediato tinha recebido dessa mulher uma declaração azeda "ainda andam a falar disso?", "mas não chega já de conversa sobre tal cansativo assunto?" . Tal resposta tinha-me surpreendido como emboscada e deixara-me com pouca reacção, perguntando apenas se ela não achava que tal guerra que tinha matado mais de oito mil jovens, danificado de corpo mais de quinze mil, ferido mais de trinta mil, envolvido directamente mais de oitocentos mil e respectivas famílias e, ao fim de contas, determinado fortemente o fim do antigo regime, a actual situação da democracia e o desenvolvimento das situações vividas nas ex-colónias, se tal guerra, achava ela, que teria já acabado, ou que teria sido já debatida em excesso.

Na sequência, Sá Flores, ex-combatente mutilado na guerra colonial colocou a questão da constituição da mesa que tinha apenas gente que não fizera a guerra, alguns que nem haviam vivido essa realidade através de familiares, não estando nela nem um dos que escrevem, pintam, fazem música a partir do seu próprio sofrimento por nela ter participado, sinal este de que, doutro modo, o que se vai é escondendo e adocicando a sua visão, no fundo, num mesmo resultado que levou o regime a proibir-lhe um livro antes do 25 de Abril e os actuais editores a recusarem as suas propostas actuais. Nisto foi secundado por um outro participante ex-combatente.

Naturalmente que se entende a importância da abordagem metódica feita por investigadores cientificamente preparados, sociólogos e historiadores, para organizarem e arrumarem analisados os testemunhos recolhidos, ainda que por e de gente que não viveu directamente o conflito.

Naturalmente que se entende que a comunidade científica, cujos membros têm também um olhar importante sobre o fenómeno, além de objectivos de carreira, curriculuns e ambições pessoais legítimas, temam que a sua análise organizada se misture com as intervenções emocionadas de quem viveu a guerra e, por isso, decida evitar protagonismo a tais actores.

Entende-se menos que, de todo, organizações presentes no terreno nesta área e com gente também armada de saber e de experiência, nem sequer seja convidada para a iniciativa.

Coisa que a mim, pelo menos a mim, não passou despercebida, é o uso constante e continuado das mesmas referências quando se fala de literatura sobre a guerra colonial, sempre Lobo Antunes, sempre Lídia Jorge (de quem gosto particularmente, sempre João de Melo (de quem gosto também e tenho a honra da sua amizade), a Manuel Alegre, quando uma ou duas centenas de autores andam por aí mais ou menos esquecidos, alguns com excelentes trabalhos muito pouco ou nada divulgados. Nesta área merece destaque a vénia que os autores das teses presentes, de modo geral, dedicam aos novíssimos autores como José Rodrigues dos Santos e Rodrigo Guedes de Carvalho.

Pensando bem, também se entende que pouco crédito acrescentaria uma referência a Carmo Vicente, a Sá Flores ou a tantos outros conhecidos apenas no círculo restrito dos directa e activamente interessados no tema.

José Brás numa sessão de autógrafos, na Feira do Livro de Lisboa, do seu último livro "Lugares de Passagem"
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Notas de CV:

(*)Vd. poste 11 de Junho de 2011 > Guiné 63/74 - P8406: Agenda Cultural (131): Lançamento do livro Antologia da Memória Poética da Guerra Colonial, dia 15 de Junho de 2011, pelas 19 horas, no Auditório CIUL / Forum Picoas Plaza, Lisboa (José Brás)

(**) Vd. poste de 11 de Junho de 2011 > Guiné 63/74 - P8407: Agenda Cultural (132): Colóquio/Debate - Os Filhos da Guerra Colonial: pós-memória e representações, dias 14 e 15 de Junho de 2011, no Auditório do CIUL; CES-Lisboa (Forum Picoas-Plaza) (José Barros)

Vd. último poste da série de 15 de Junho de 2011 > Guiné 63/74 - P8423: Agenda cultural (135): Lançamento da Antologia da Memória Poética da Guerra Colonial, hoje, às 19h00, em Lisboa, Fórum Picoas Plaza

Guiné 63/74 - P8442: Em Busca de... (165): Malta do BCAV 757 “Sete de Espadas”, BCAÇ 4514/72 e Pelotão de Caçadores Nativo 64, Bafatá (Mário Fitas)


1. O nosso camarada Mário Fitas, ex-Fur Mil Op Esp/RANGER da CCAÇ 763, “Os Lassas” - Cufar -, 1965/66, enviou-nos uma mensagem contendo um apelo de um ex-militar africano.

Camaradas,

Nunca é tarde para ajudarmos camaradas que lutaram ao nosso lado.


Nas cerimónias do dia 10 de Junho, em Belém, encontrava-se um Camarada-de-armas africano – o Samba Baldé de Bafatá -, que está actualmente a viver em Portugal, exibindo um cartaz onde demonstrava o seu interesse em descobrir contactos do pessoal que integrou o BCAV 757 “Sete de Espadas”, o BCAÇ 4514/72 e Pelotão de Caçadores Nativo 64.

Os nomes que ele mais recorda são os do Fur Mil Leal, que vive no Porto, e o M. Zé Reguila.

Os camaradas Colaço e Chapouto tiraram algumas referências do Zé Reguila, para tentarem ajudar este nosso camarada.

Qualquer informação útil sobre malta destas Unidades citadas no pedido, dirijam-na para um dos seguintes e-mails:

Mario Fitas: mariofitas@netcabo.pt;
José Colaço:
josebcolaco@gmail.com;
Ou Fernando Chapouto:
fchapouto@netvisao.pt
Um abraço,

Guiné 63/74 - P8441: Efemérides (72): A nossa malta no 10 de Junho, em Belém (2) (Arménio Estorninho)


O nosso Camarada Arménio Estorninho (ex-1.º Cabo Mec Auto Rodas, CCAÇ 2381, Ingoré, Aldeia Formosa, Buba e Empada, 1968/70), enviou-nos mais uma reportagem sobre o encontro de malta da nossa tertúlia no último 10 de Junho.

Camarigos.

Em Belém, Lisboa, no dia 10 de Junho e junto ao Monumento aos Combatentes do Ultramar, deu-se a Cerimónia do XVIII Encontro Nacional de Combatentes.

A Comissão Executiva do Encontro Nacional de Combatentes 2011, teve o objetivo de reunir o maior número de Portugueses de qualquer idade, credo raça ou ideologia política que, amantes da sua Pátria, quisessem celebrar Portugal e prestarem homenagem, sem deixar esquecer, quantos, ao longo da sua História, chamados um dia a Servir, tombaram no campo da honra em qualquer época ou ponto do globo.

Dessa cerimónia apresento uma foto – reportagem, extraída do álbum fotográfico de Arménio Estorninho/Mário G. Pinto e tomando a liberdade de comprometer o Co-editor Magalhães Ribeiro, na correção e complemento se possível das identificações de alguns Camaradas de Op. Especiais, porque também é um profundo conhecedor dos mesmos.


Belém > Lisboa > Grupo de Camarigos, da esq.: António Santos, José Colaço, José Nunes, Miguel Pessoa, Mário G. Pinto e Mário Fitas

Belém > Lisboa > Em animada leitura de um livro. Da esq., de costas: José Nunes, António Brandão, Miguel Pessoa, Mário G. Pinto, Mário Fitas, eu e um intruso
Belém > Lisboa > Grupo de Camaradas de Operações Especiais. Da esq. em 1º plano: o Corticinho e o António Brandão. Em 2º plano: Mário Fitas, António Inverno, Delgado, Magalhães Ribeiro e António Barbosa
Belém > Lisboa > Grupo de tertulianos e amigos. Da esq.: Virgínio Briote, António Santos, Vítor Caseiro, Magalhães Ribeiro, Luís Dias e esposa

Belém > Lisboa > Aquando na Parada se Tocou a Silêncio
Belém > Lisboa > O público assistente concentrado nos acontecimentos


Belém > Lisboa > Os Boinas Vermelhas – Comandos -, com o seu porta-estandarte "O Bigodes”, em desfile frente ao monumento e às Lápides com os nomes dos nossos Camaradas mortos na guerra

Belém > Lisboa > Divertida conversa entre o António Brandão, José Júlio Nascimento, Mário G. Pinto e o Duarte Azevedo

Belém > Lisboa > Vista das Lápides dos nossos irmãos Tombados no ex-Ultramar Português

Belém > Lisboa > Frontaria do edifício do Museu da Marinha, que foi visitado neste dia por um grupo de Camaradas do Núcleo de Lagoa - Algarve -, da Liga dos Combatentes
Com cordiais cumprimentos,
Arménio Estorninho
1º Cabo Mec Auto da C.Caç.2381 “Os Maiorais” de Empada
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Nota de M.R.:

Vd. também sobre esta matéria o poste de 12 de Junho de 2011 > Guine 63/74 - P8410: Efemérides (50): A nossa malta no 10 de Junho, em Belém (Miguel Pessoa)

Vd. o último poste desta série de 17 de Junho de 2011 Guiné 63/74 - P8432: Efemérides (51): 42ª Aniversário da morte em combate do Sold At Vítor Manuel Parreira Caetano, CART 2519 (Mário Pinto)

Guiné 63/74 - P8440: Controvérsias (125): As feridas da guerra (José Firmino)


1. O nosso Camarada José Firmino (ex-Soldado Atirador da CCAÇ 2585/BCAÇ 2884, Jolmete, 1969/71), enviou-nos a seguinte mensagem:


AS FERIDAS DA GUERRA


No programa “Linha da Frente” transmitido pela RTP1, em 2011-06-15, ficamos nós, ex-Combatentes e os telespectadores em geral, a saber um pouco mais sobre o que foi a Guerra no Ultramar Português, (Angola, Guiné e Moçambique) e suas sequelas, que alguns, ainda teimam em fazer esquecer e outros nem sequer ousam falar.



Senti em mim uma enorme revolta ao ver aqueles Homens ex-Combatentes que, lado a lado, combateram junto de nós e sofreram as mesmas angústias!



As marcas dos renhidos e mortíferos combates são bem visíveis nos seus corpos.


Nunca pensei que, passado quase meio século, fosse capaz de ver o drama destes nossos Camaradas-de-armas e, muito mais, o esquecimento a que estão sujeitos.


É que já lá vão dez anos a viver em quartéis, longe das suas terras e dos seus familiares, sem que o Estado Português reconheça aquilo a que têm direito.


Mas as injustiças não se ficam por aqui, pois todos sabemos que ficaram por lá, em terras de África, muitos restos mortais de militares do Exército Português que tombaram em combate e que, até hoje, não descansam em paz nas suas terras natais, junto de seus familiares.

Isto envergonha-me, profundamente, enquanto Português e ex-Combatente.

Em grito de revolta digo: “Façam algo por estes Homens, eles merecem!”

Que amanhã pode ser tarde de mais!

É revoltante e triste constatar que eles não recebem aquilo a que têm direito e que receberão um destes dias, por certo muito mais prático e bem mais barato, o subsídio de funeral.

José Rodrigues Firmino,
Sold At da CCAÇ 2585 (Mais Alto)
Ex-Combatente em Jolmete, 1969/71
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Nota de M.R.:

Vd. o último poste desta série em:


Guiné 63/74 - P8439: Convívios (354): Encontro/Convívio dos ex-Combatentes do Ultramar em Barroselas/Viana do Castelo, 25 de Junho (Sousa de Castro)


1. O nosso Camarada Sousa de Castro, que foi 1º Cabo Radiotelegrafista da CART 3494/BART 3873, Xime e Mansambo, 1971/74, enviou-nos o seguinte convite.
ENCONTRO/CONVÍVIO DOS EX. COMBATENTES DO ULTRAMAR EM BARROSELAS, VIANA DO CASTELO, NO DIA 25 DE JUNHO DE 2011
Caro Companheiro,

Como vem sendo hábito e para manter a tradição, irá ser realizado mais um convívio no dia 25 de Junho de 2011, em Barroselas, Viana do Castelo, simultaneamente com a comemoração do 10º aniversário da inauguração do Monumento aos Combatentes do Ultramar, sito na Rua da Estação, Barroselas, actos que serão motivo para recordar a nossa passagem, em missão militar por terras do Ultramar, homenageando, não só, os nossos companheiros que tombaram em combate como todos aqueles que partiram para a eternidade por variadas razões e também os vivos que teimam em se manterem por cá.

PROGRAMA
11H00: Cerimónia do hastear da Bandeira Nacional. Seguindo-se de missa campal, junto à Capela de São Sebastião na mesma Localidade, concelebrada por vários sacerdotes sendo alguns deles antigos capelães militares. A missa será harmonizada pelo Coral do Agrupamento 85, dos Escuteiros de Barroselas.

No final da missa, junto ao Monumento: Homenagem aos combatentes falecidos e vivos, com deposição de uma coroa de flores.

A guarda de honra e os toques apropriados, serão executados por uma secção de militares da “Escola Prática dos Serviços da Póvoa de Varzim”.

No final da cerimónia iremos em caravana confraternizar no restaurante “SOL DOCE”, em Carvoeiro.

Para que este evento tenha o sucesso dos anos anteriores e porque acharmos que a tua presença é fundamental, contamos contigo.

Confirma até ao dia 23 de Junho de 2011.

O preço? Só 18,00€!

Marcações para:

Combatentes do Ultramar
Rua da Feira, Escola da Igreja, r/c – Dtº.
4905 – 328 BARROSELAS

TL.: 258 773 620 – Manuel da Costa Pereira

TM: 925 022 412 – Sebastião Gonçalves

EMENTA

Entradas servidas na mesa:

Rissóis de carne, Bolinhos de bacalhau, Croquetes, Caprichos, Ananás natural c/presunto, Mexilhão de m/casca, Camarão, Polvo com molho verde, Presunto laminado, Azeitonas com alho, Pão e Broa, Moelinhas e Rojõezinhos
Sopa: Canja ou creme de legumes
Prato: Bacalhau à “Sol Doce” ou Vitela assada
Sobremesa: Salada de Frutas e Leite-creme, Bolo comemorativo acompanhado de Champanhe Raposeira.
Vinho verde: “Ponte da Barca” Doc
Vinho maduro: “Grão Vasco” Doc.
Refrigerantes, café e digestivos

VEM VIVER CONNOSCO ESTES MOMENTOS DE AMIZADE E SAUDADE

O Presidente

MANUEL MACIEL BARBOSA
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Nota de M.R.:

Vd. último poste desta série em:



Guiné 63/74 - P8438: (Ex)citações (141): Hospital Militar Principal: Sofri as piores atribulações naquelas miseráveis e desumanas instalações, principalmente o anexo, o Texas (Carlos Rios, ex-Fur Mil, CCAÇ 1420, Fulacunda, 1965/67)

1. Comentário, com data de 16 do corrente,  do nosso leitor (e ex-camarada de armas no TO da Guiné) Carlos Rios, ao poste P3496 (*) [Não temos nenhuma foto deste camarada, que não pertence, mas poderá vir a pertencer, se ele assim o desejar, à nossa Tabanca Grande; em contrapartida publicamos, á direita, a foto de um camarada dele, e ao que parece, seu amigo, da CCAÇ 1420, o nosso querido camarigo Rui Alexandrino Ferreira, a quem saudamos e de quem não temos tido notícias boas da sua saúde; infelizmente, ele falhou este ano o nosso VI Encontro]:

Caro Camarada! [, Referência ao António Santos, autor do poste]:


É gratificante poder ir ao encontro das preocupações que demonstras. Aqui deixo o meu testemunho: fui dos que passou pelas instalações e sofri as piores atribulações que aquelas miseráveis e desumanas instalações, principalmente o anexo (Texas),  tinham. 


Ali passei seis anos com imensas operações, vindo a ficar estropiado de 66 a 72. O director era um déspota bem como a maioria do pessoal ligado àquilo que deveria ser o lenitivo para as miséris que nos atingiam mas que afinal se vinha a transformar como que um castigo por termos sido feridos. De tal maneira que já no Depósito de Indisponíveis, onde se encontrava o pessoal em tratamentos ambulatórios,  termos sido metidos nas escalas de serviço, como se os doentes em tratamento estivessem numa Unidade. 


Imagina um Oficial de dia quase maneta e eu próprio, já coxo,  a fazer o içar da bandeira na porta de armas, vindo ao exterior a comandar a guarda e dar ordens militares para o caso. Fui  um espectáculo macabro, eu só consigo andar com uma bengala. Calcula o ridículo. 


No decrépito anexo não havia um espaço onde pudessemos ter um bocadinho de lazer, havendo apenas uma horrorosa cantina pequena para largas centenas de todo o tipo de doentes, cegos, amputados, loucos, etc...tudo á mistura. Não podiamos estar nas camas depois das nove horas nem sair para o exterior antes das catorze, exceptuando os acamados. Era-nos sugerido, quase obrigado,  que não andássemos fardados. Enfim atribulações e peripécias dos pobres que eram arrancados às familias para servir alguém.


Carlos Rios (**)
Ex-Furriel Mil 
CCAÇ 1420
(Fulacunda, 1965/67)

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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 21 de Novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3496: Hospital Militar Principal: Fazendo mini-caixões antes de ser mobilizado (António Santos)

(**) O nosso querido camarigo Manuel Joaquim refere-se ao Carlos Rios neste comentário ao poste de 26 de Abril de 2011  > Guiné 63/74 - P8166: 7º aniversário do nosso blogue: 23 de Abril de 2011 (21): Saúdo o núcleo permanente de colaboradores que vem mantendo absolutamente impecável este grande projecto (Rui Ferreira)


(...) Apoiado! Um grande abraço, Rui A. Ferreira, o "verdadeiro" comandante da CCaç 1420 no dizer de um seu ex-fur mil, o meu amigo (e teu) Carlos Rios, já que o comandante nominal não seria mais que isso, nominal. Força,camarada! Manuel Joaquim ( ex-fur mil CCaç 1419)  (...) 
Também no portal Ultramar Terraweb há uma referência ao Carlos [Luís Martins] Rios, Fur Mil Inf, da CCAÇ 1420 / BCAÇ 1857, "Cruz de Guerra, 1.ª Classe,  OE  12/IIIª/67, tomo IV, pág. 260".

(***) Último poste da série > 15 de Junho de 2011 > Guiné 63/74 - P8426: (Ex)citações (140): Vejo que os jovens estão atentos, pelo menos são mais jovens do que eu (António Dâmaso)

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Guiné 63/74 - P8437: Contraponto (Alberto Branquinho) (36): A construção e a desconstrução de um Padre

1. Mensagem do nosso camarada Alberto Branquinho (ex-Alf Mil de Op Esp da CART 1689, , Catió, Cabedu, Gandembel e Canquelifá, 1967/69), com data de 13 de Junho de 2011:

Caro Carlos Vinhal
Afogado na ausência de Monte Real e na visualização das respectivas e diversas fotos (incluida a novidade de arranjos PICASA)... sobrevivi.
A prova é que trago, agora, aquilo que, para mim, foi um outro regresso... o do padre capelão do meu Batalhão, que, como óbvio, não é já capelão, mas, também, não é já padre franciscano. Portanto, este escrito é sobre um livro que ele escreveu e cuja leitura desperta muito, muito interesse.

Um abraço
Alberto Branquinho


CONTRAPONTO (36)

"A construção e a desconstrução de um Padre"

O título, assim entre aspas, é mesmo o título de um livro. Da autoria de Horácio Neto Fernandes.

Mas o que tem o livro a ver com o “core business” deste blogue? – perguntarão os críticos, que se vêm já interrogando sobre a existência no blogue de matéria que extravasa a temática do mesmo.
É que, meus senhores e camaradas, o autor do livro é o ex-capelão do meu Batalhão, na Guiné – o BART 1913. Além disso, a sua requisição e mobilização para a Guiné se não foi causa, foi, pelo menos, o CATALISADOR da crise de consciência que levou este ex-padre franciscano a abandonar a vida eclesiástica.

Fui encontrar o Doutor Horácio Fernandes no passado dia 29 de Maio no encontro anual da CCS do BART 1913 em Alfeizerão/Alcobaça. Escusado será dizer que nunca mais o vira desde a minha saída de Bissau, portanto, há quarenta e tantos anos. Se não nos tivessem “re-apresentado”, não nos teríamos reconhecido.

Recordei-lhe que nos conhecemos em Bissau, antes de embarcar para Catió.
Preparava-me para regressar a Catió no Dornier do correio, quando, junto ao avião, o piloto me disse:

- Mandaram-me mais um cliente. É o padre capelão para Catió e tenho indicação de urgência. Vê lá isso. - E afastou-se, com uns papéis na mão.

Quando o capelão se aproximou do avião, gorducho, pouco à-vontade na farda militar, com pele de “periquito”, de olhos esbugalhados, eu disse-lhe que não havia problema – ele iria à frente, ao lado do piloto e eu atrás, sentado em cima dos sacos de correio. Fiquei com a impressão de que não entendeu nada. Entrou no Dornier quando o piloto regressou e lhe disse para entrar.
Agora, ao ler o livro, vejo que não faz qualquer referência ao “passageiro” que viajou na retaguarda…

O livro, que ele me ofereceu, consta de três partes:

Parte I - O contexto onde nasceu um padre
Parte II - A construção de um Padre
Parte III- Como se desconstroi um Padre

É nesta última Parte III que surgem a sua requisição para a Guiné e as experiências que o marcaram fora da actividade religiosa.
Esteve em Catió até Maio de 1969 e completou a comissão em Bambadinca, depois do nosso regresso.

O livro é uma análise longa, arrastada e sofrida do percurso de uma vida, um grito d’alma de quem se questionou por muito tempo. Uma transição causada por uma lenta e sofrida tomada de consciência de ruptura (pág. 125):

"Contudo é mais fácil rasgar cortinas de ferro do que de incenso. O ferro enferruja e perde coesão e o incenso continua a pairar no ar, mesmo depois de queimado".

As últimas páginas do Capítulo 4 da Parte III são, por outro lado, consequência da necessidade de se explicar, embora reconheça, na penúltima página do livro (pág.184), que hoje "Já poucos estranham o facto de um padre sair e casar".

É minha convicção (e parece resultar da leitura do livro) que foi a experiência resultante da requisição do Autor para capelão militar, a sua mobilização e colocação no BART 1913, em Catió, a vivência do clima de guerra, as realidades sociais, políticas e económicas existentes num interior da Guiné, que catalisaram a tomada de consciência de um diferente modo de “olhar” a sociedade e o homem, e, de uma forma lenta, continuada e sofrida, o fizeram percorrer o caminho da ruptura.
Transcrevo da pág. 175 as seguintes passagens (o Autor fala pela boca da personagem Fernando Caboz – ele próprio):

"Reflectindo, agora, chega à conclusão que a sua desconstrução de padre franciscano começou com o abrupto ingresso como capelão militar, começando por deslaçar os vínculos que o prendiam à comunidade.
(…)
Depois do ingresso no exército, esta erosão acentuou-se a cada passo que dava. Francisco pressentia-o, mas não tinha ninguém com quem desabafar."

Para terminar, esclareço que o padre capelão Horácio foi um de dois padres que conheci na Guiné que, recordando-os e fundindo-os, os escrevi no mini-conto “O Padre Aurélio”, incluído no meu livro “Cambança”, já citado aqui no blogue.

Alberto Branquinho

- “Francisco Caboz – A construção e a desconstrução de um Padre”
- Autor – Horácio Neto Fernandes
- Papiro Editora – Porto/Lisboa (Novº. 2009)
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 2 de Junho de 2011 > Guiné 63/74 - P8363: Contraponto (Alberto Branquinho) (35): Teatro do Regresso - 10.º e último Acto - Estou velho com'ó caraças! - ...mas não cai o pano

Guiné 63/74 - P8436: Da Suécia com saudade (30): O Gen Spínola enquanto Presidente da República não terá assinado a Lei 7/74, de 27 de Julho de 1974, que veio reconhecer o direito à autodeterminação dos territórios ultramarinos (José Belo)

1. Mensagem do nosso camarada José Belo:


De: Joseph Belo [ joseph.USA@telia.com ]
Data: 16 de Junho de 2011 13:28
Assunto: URGENTE!!!... Pedido de auxílio histórico-legal.




Caros Camaradas e Amigos. Estando a preparar intervenção em conferência sobre o colonialismo europeu, ao procurar entre documentos, artigos e livros, verifiquei que a Lei publicada em Diário do Governo relativa à autonomia e futura independência das colónias portuguesas..."misteriosamente"...não  teria sido assinada por NINGUÉM.


 A referida lei será datada de 27 de julho de 1974,quando o General Spínola era Presidente da República e a não assinou. O então Ministro da Coordenação Interterritorial, doutor Almeida Santos, disse não saber quem assinou a Lei. Refere que, tendo ficado muito admirado com a publicação da Lei, terá perguntado ao General Spínola se tinha sido ele a assiná-la. Ele terá respondido que não ,e mandando vir o Diário da República (o então Diário do Governo) verificaram que a Lei não estava assinada.


Uma Lei não assinada por quem de direito... não é válida! Uma Lei da importância, alcance Histórico ,e consequências nacionais como esta não assinada POR NINGUÉM?! 


Diz o Marechal Costa Gomes: "Se assim foi,  não seria válida, mas, no fundo, 'foi tornada válida'(!?) pelos acontecimentos,e ainda pelo célebre discurso de Spínola no dia 27 de julho de 1974". E diz mais: "Não tenho resposta para isso, ainda que me custe a crer que o responsável pelo Diário do Governo não tenha detectado a falha e não tentasse corrigi-la. De qualquer modo a responsabilidade foi assumida pelo General Spínola, através de um discurso que estava de acordo com a Lei Publicada". (Quereria com isto dizer o Sr.Marechal que "discursos em praça pública" validam Leis?). Num Estado de Direito ? 


Algum dos Camaradas ou Leitor do blogue, tendo acesso a documentação,ou conhecimento pessoal de factos relacionados com o "mistério", pode ajudar ao seu esclarecimento ? E,também, se a referida Lei acabou por ser assinada "posteriormente"(!),e, por quem? (Só se espera que não tenha sido um Terceiro Escriturário da Presidência da República de então.). 


Um abraco do J.Belo.  
 Estocolmo/16 Jun/11.


2. Comentrário de L.G.:



Mandámos, pelo correio interno da Tabanca Grande, a seguinte mensagem, por volta das 13h30: "Camaradas: Quem pode AJUDAR, no prazo máximo de 24 horas (!), um luso-lapão... à rasca ? Sejam admiráveis, insuperáveis, criativos,imaginativos, liberalíssimos, generosos... e sobretudo DESENRASCADOS que, dizem, é um dos nossos melhores predicados nacionais... José, sei que a malta da Tabanca Grande não te vai decepcionar... Boa comunicação... Luís Graça"...



3. Resposta do José Belo, na volta do correio:


 Como se diz por estas paragens bárbaras........TACK SÅ VÄLDIGT MYCKET!......Ou seja.....Muitíssimo OBRIGADO!   Um grande abraço.


4. Alguns respostas que já recebemos em relação a este pedido:



(i) Carlos Pinheiro, 14h55

Luis Graça: Consultei o Centro de Documentação 25 de Abril da Universidade de Coimbra, constato que, no que se refere ao mês de Julho/74,  de entre muitas outras informações importantes, o seguinte:

Lei 7/74 de 27 de Julho de 1974, publlicada no Suplemento ao DG nº 174, I Série:  "estabelece o reconhecimento do direito à autodeterminação, com todas as consequências, inclui a aceitação da independência dos territórios ultramarinos e a derrogação da parte correspondente do artº. 1º da Constituição Politica de 1933";  foi promulgada em 26 de Julho de 1974 pelo Presidente da República António de Spínola depois de Visto e aprovado pelo Conselho de Estado.

Se a mesma foi assinada ou não, isso já não sei, e também não sei quem é que levantou essa questão e com que fundamentos. Se assim foi, acho isso muito estranho apesar de na altura já se estar a viver o chamado PREC.

Nada mais posso adiantar para ajudar. Aliás esta informação está acessivel a toda a gente.

Um abraço

Carlos Pinheiro

(ii) Torcato Mendonça, 16h43

Não estão a brincar pois não?
Aqui estou quase sem Net
Abraços T


(iii) José Martins, 17h05

Caro Belo & Companhia, daquém e de além circulo polar.

A existir assinatura é, como dizes no texto, "tão só o nome de quem promulga a lei". A haver assinatura será em documento a enviar a lei para publicação e, portanto, destinado a arquivo.

Quanto ao "tema",  desconheço o que se passou. Sei que as noticias sobre este período  e o conteúdo das resoluções era tanto apresentada como válida e, muitas vezes, a seguir era desmentida. Recordo-me que "a promessa" da autodeterminação e independência dos povos explorados e colonizados por Portugal, não era, na altura que se refere, Julho de 74, um dado adquirido e, pela primeira vez que se voltou a falar disso após a proclamação da Junta de Salvação Nacional em 25A74, foi no discurso que recordas.

Pode ter-se tratado de lapso (todos eram maçaricos em política) ou foi premeditada, para fazer cumprir que o que "não tem remédio, remediado está".

Nessa altura, pelos relatos que nos chegam, na nossa Guiné, já toda a malta "negociava" com o PAIGC, enquanto ainda decorriam contactos formais e informais com o mesmo,  a Alto Nivel.

O Acordo de Argel, que confirmava a independência da Guiné, foi assinado em 26 de Agosto e marcava a independência para 10 de Setembro (15 dias de intervalo) o que não permitia acautelar, ainda que em pensamento, o que veio a acontecer com os Comandos Africanos e muita da malta das CCAÇ indígenas.

Da literatura que já li sobre a descolonização/fim do regime (ou vice-versa) não me recordo de qualquer referência a este assunto.

Não ajudei nada, mas não quis deixar de dar umas dicas e poder enviar-te um grande abraço,

José Martins

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Nota do editor:

Último poste da série > 25 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8326: Da Suécia com saudade (29): O nosso blogue e o risco do pensamento de grupo (groupthink) e do politicamente correcto (José Belo)

Guiné 63/74 - P8435: Convívios (353): Almoço/Convívio dos ex-combatentes de Fão, no dia 10 de Junho de 2011 (Albino Silva)


1. Mensagem do nosso camarada Albino Silva* (ex-Soldado Maqueiro da CCS/BCAÇ 2845, Teixeira Pinto, 1968/70), com data de  15 de Junho de 2011:

Boa tarde Carlos Vinhal
Depois de algum tempo sem contactar a nossa Tabanca, embora a visite no dia a dia, cá estou de volta a dar mais trabalho, este referente ao passado Dia 10 de Junho, Dia de Portugal, e já Dia do Ex-Combatente.

Uma vez que felizmente já se comemora um pouco por todo o País, aqui em Fão realizou-se pelo segundo ano consecutivo, com a promessa do Sr. Presidente de Junta, de que para o ano seja maior e melhor, esperando ainda mais Ex-Combatentes, e na verdade todos cabemos lá.

Lembro que nestes dois anos, os Ex-Combatentes pagaram para o almoço/convívio 7,00€, sendo grátis para as esposas, sendo a festa foi total.

Eu mesmo empenhado na ajuda à Organização, lanço desde já o convite a todos os Ex-Combatentes da nossa Tabanca, mas para o ano, próximo ao dia, cá estarei para lembrar.

No Blogue "Nós fomos combatentes" os interessados podem ver as 130 fotos refentes ao acontecimento.

Sem mais de momento, deixo aqui abraços para todos os Tertulianos, em especial para os Chefes de Tabanca e a ti, Carlos.
Albino Silva



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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 17 de Junho de 2011 > Guiné 63/74 - P8433: Convívios (346): Encontro de alguns elementos da CCAÇ 6, (Bedanda, 1971/73), no Almoço de Quarta-feira, dia 8 de Junho de 2011 da Tabanca de Matosinhos (Vasco Santos)

Guiné 63/74 - P8434: Notas de leitura (248): Eis a Guiné! Breve notícia da sua terra e da sua gente, de Fernando Rogado Quintino (Mário Beja Santos)

1. Mensagem de Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, Comandante do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 6 de Junho de 2011:

Queridos amigos,
O ilustre estudioso da Guiné, Fernando Rogado Quintino, entra no nosso blogue pela porta alta, esta “breve notícia” da Guiné é um primor da escrita, denota paixão pelo objecto da escrita.
É tempo de se proceder a um inventário de algumas gemas literárias que correm o risco de ficar no olvido.

Um abraço do
Mário


Um belo cartão-de-visita na semana das colónias de 1946

Beja Santos

“Eis a Guiné! Breve notícia da sua terra e da sua gente” foi o título escolhido por Fernando Rogado Quintino para uma admirável monografia que ele escreveu no âmbito da semana das colónias de 1946 dedicada ao V Centenário do descobrimento da Guiné. Rogado Quintino foi administrador colonial e um dos mais laboriosos investigadores da Guiné, dos anos 40 aos anos 70. Deixou uma bibliografia impressionante, abrangendo a gramática balanta, o estudo das religiosidades guineenses e da antroponímia, escreveu sobre pintura e escultura, artefactos e totemismo, lutas corpo a corpo e arte popular. O seu nome pode ombrear com os de António Carreira, Fernando Galhano e Teixeira da Mota.

Considera Rogado Quintino haver 4 períodos na história da Guiné: desde a descoberta até à criação da primeira Capitania-mor (1446 a 1641); desde a criação desta capitania até ao estabelecimento da primeira Comarca (entre 1641 a 1835); os tempos da ocupação militar (1835 a 1915); e desde a pacificação a 1946.

Descreve o período esclavagista, as façanhas dos “lançados”, a concorrência com os ingleses e os franceses, os problemas postos pela Capitania-mor de Cacheu, a criação das companhias majestáticas, os tempos de Honório Pereira Barreto e as operações de pacificação. Descreve a situação geográfica, a orografia e a hidrografia, observa cuidadosamente o mosaico étnico e aborda, sem concessões exóticas, o clima da região. Vale a pena ouvi-lo: “A Guiné, sem grandes altitudes, com as suas inúmeras lalas e bolanhas, colocada a meia zona tropical, não pode desfrutar de um clima ameno. Neste particular, em relação às outras colónias, encontra-se numa posição de manifesta inferioridade. Um ou outro local, menos povoado de mosquitos, com limpezas e pequenas obras de saneamento, apresenta já melhores condições de salubridade (…) As derrubas de arvoredo, para culturas, em anos sucessivos, e as queimadas periódicas podiam também ter reduzido o número de insectos transmissores de doenças infecciosas; mas também isso pouco contribuiu para modificar o aspecto geral do clima.

Mais do que as derrubas e queimadas, o uso diário e metódico do quinino fez diminuir os escassos fatais de biliosas e perniciosas, no período que procedeu à guerra, logo, porém, que o quinino faltou essas perigosas doenças voltaram a ter o carácter maligno dos primeiros tempos. Os pântanos são muitos e sem a sua eliminação total não é possível transformar a colónia num território de fixação ou povoamento.

Duas estações, cada uma com as suas características distintas, se observam na Guiné: a seca, que vai de Dezembro a Maio e a chuvosa, que vai de Junho a Novembro.

A primeira principia com as grandes cacimbas e com um vento que sopra do leste, frio e desagradável. O termómetro desce a 15º em certos pontos do interior, como no Boé.

A partir de Fevereiro, a temperatura vai gradualmente subindo e o vento, embora soprando do mesmo lado, é cada vez mais seco e mais quente.

Em Abril e Maio, o sol e o vento tornam a atmosfera quase irrespirável: são os meses dos grandes calores, em que o termómetro chega a marcar 45º à sombra!

A zona pluviosa é anunciada por relâmpagos que nas noites abafadas de Maio se observam no horizonte.

Vem então os dias encobertos e às vezes no quadrante SE ressoam longe os trovões. O primeiro tornado, violento e chuvoso, coincide com uma das fases da lua. A terra endurecida e sedenta absorve, sôfrega, os aguaceiros caídos. Passado o tornado, espalha-se no ar o odor característico do oxigénio electrizado. O fim da época é caracterizado pelos chamados tornados secos, isto é, tornados sem chuva.”. Falando da instrução, Rogado Quintino observa que o ensino primário elementar é destinado às crianças europeias e assimiladas que, em elevado número, se concentram nas duas cidades de Bolama e Bissau. No interior, em alguns centros urbanos, funcionam escolas rudimentares regidas por professores menos habilitados, cuja função consiste apenas em dar às crianças as primeiras luzes sobre leitura, escritura e aritmética. E vai mais longe na sua análise: “A criança indígena precisa ser preparada para a vida – e a sua vida está ligada à terra, que lhe dá o pão. A aprendizagem literária não lhe traz benefício imediato e é, até, em certos casos, prejudicial. Indígena literariamente habilitado é, em geral, indígena roubado à actividade agrícola.

Também é um erro dar preferência ao ensino das artes e ofícios, em detrimento do ensino agrícola. Sendo a Guiné uma colónia essencialmente agrícola, parece aconselhável um procedimento diametralmente oposto. De resto, sem necessidade de abertura de escolas oficiais, os artífices formam-se com relativa facilidade nos centros de actividade particular: aprendizes de carpinteiro, de pedreiro, de ferreiro, etc, trabalham por toda a parte com os seus mestres. Escolas agrícolas, essas sim, são sem dúvida de uma importância capital para o desenvolvimento da economia geral da colónia”.

O registo que faz da flora e agricultura, bem como da fauna, é de uma grande beleza. Basta ver esta passagem relativa à fauna: “Todo o território é um sumptuoso jardim zoológico. O cientista minucioso, o naturalista beato e o desportista caçador encontram ali fortes emoções. As perdizes, as galinhas de mato, as chocas (codornizes), as rolas, levantam voo a cada instante. A onça, o búfalo, o sin-sin, gazela, a boca-branca, constituem para os espíritos mais exigentes um atractivo deveras fascinante. Os elefantes são em pequena quantidade e estão localizados na conhecida mata de Cantanhez, parte da qual forma hoje o chamado Parque Dr. Vieira Machado”. E não se cansa nos adjectivos sobre os símios, a hiena, a onça, os búfalos, os hipopótamos e os morcegos. Falando do comércio, refere como as firmas mais importantes: António Silva Gouveia, Lda., subsidiária da Companhia União Fabril; Eduardo Guedes, Lda., Sociedade Comercial Ultramarina, Barbosas e Comandita, Companhie Française de l’Afrique Occidentale d’Oeste Africaine e Aly Souleimane & Companhia.

E termina assim a monografia: “A Guiné, até há uma vintena de anos, jazia improdutiva, num atraso deveras constrangedor. Os cincos séculos decorridos, desde que Nuno Tristão e os seus companheiros ali perderam a vida, foram, na sua quase totalidade, consumidos em lutas constantes, para vencer a inospitalidade do meio, da sua exótica e aguerrida gente e da gente que àquelas plagas aportara, em aberta e desleal competição connosco. Foram cinco séculos de duros e pesados sacrifícios: vidas tombadas, lágrimas choradas, lares esfacelados, temores, aflições, trabalhos, apreensões – tudo para defender, conservar e alargar o património nacional. Aberto o caminho, resta agora elevar a colónia ao nível em que se encontram outras, como Angola e Moçambique”.

É um texto colorido, primorosamente elaborado, sensível, saído de um plumitivo culto, arguto e amante daqueles lugares. São páginas grandiloquentes sentidas, dignas de constar em qualquer antologia da literatura colonial.
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 14 de Junho de 2011 > Guiné 63/74 - P8418: Notas de leitura (247): O Império Colonial Português, Secretariado da Propaganda Nacional (Mário Beja Santos)

Guiné 63/74 - P8433: Convívios (352): Encontro de alguns elementos da CCAÇ 6, (Bedanda, 1971/73), no Almoço de Quarta-feira, dia 8 de Junho de 2011 da Tabanca de Matosinhos (Vasco Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Vasco Santos (ex-1º Cabo Op Cripto da CCAÇ 6 (Onças Negras), Bedanda, 1972/73), com data de 14 de Junho de 2011:

Caro Amigo Carlos,
Como te tinha informado, conseguimos reunir alguns amigos, que estiveram em Bedanda/Guiné, nos anos de 1971/1973.

Pena só agora estar a entrar em contacto contigo mas, acontece que tive a minha "geringonça" inoperacional.

Impossível será descrever as emoções sentidas, ao fim de 40 anos passados mas, foi um dia inolvidável.

Caso te seja possível publicar esta pequena missiva, gostaríamos de informar todos os Camaradas que estiveram em Bedanda, independentemente do ano que lá estiveram que, ficou "decretado" que nos iremos reunir, em Outubro, no centro do Pais, em data e hora a combinar. Todos os interessados poderão entrar em contacto, quer através de mim (vascosan@vodafone.pt ou vasco_lin@hotmail.com) ou através do nosso querido ex-Alf Mil Teixeira (toniteixeira@gmail.com).

Aproveito a oportunidade para enviar um abraço a todos os camaradas que estiveram presentes na Tabanca de Matosinhos, no passado dia 8 de Junho.

Os meus agradecimentos pela tua colaboração e, um abraço de amizade,
Vasco Santos
Ex-Op Crípto
Bedanda
1971/1973

Estandarte da CCAÇ 6 - "Onças Negras"

Da esquerda para direita: Ex-Fur Mil Vermelho, ex-Alf Mil Teixeira, ex-1º. Cabo Azevedo, ex-Alf  Mil Médico Dr. Mário Bravo, ex-Fur Mil Enf Dias, ex-Alf Mil Figueiral, ex-Fur Mil Ferreira, ex-Alf  Mil Médico Dr. Amaral Bernardo, Coronel Ayala Botto (Cmdt Cª. e ex-Ajudante de Campo  do Gen. Spinola) e, finalmente, eu, ex-1.º Cabo Op Crípto Vasco Santos.

Da esquerda para direita: Ex-Fur Mil Enf Dias, ex-1º. Cabo Azevedo e ex-Fur Mil Vermelho.

Da esquerda para direita: Ex-Alf  Mil Teixeira (segundo), ex-Alf Mil Médico Dr. Mário Bravo, Coronel Ayala Botto e Ex-Fur Mil Enf Dias.

Ex-Fur Mil Enf Dias, ex-Alf Mil Figueiral e ex-Alf Mil Médico Dr. Amaral Bernardo.

Coronel Ayala Botto e ex-Alf Mil Médico Dr. Amaral Bernardo.

Coronel Ayala Botto (centro mesa). À direita: ex-Alf Mil Médico Dr Amaral Bernardo, ex-Alf Mil Figueiral, ex-Fur Mil Enf Dias, ex-Fur Mil Art Ferreira e ex-1º.cabo Op Cripto Vasco. À esquerda (segundo plano): ex-Fur Mil Vermelho.

A partir da esquerda: ex-Alf Mil Teixeira, ex-Alf Mil Médico Dr. Mário Bravo. Ao centro: Coronel
Ayala Botto. À direita: ex-Alf Mil Médico Dr. Amaral Bernardo e ex-Alf Mil Figueiral.
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de15 de Junho de 2011 > Guiné 63/74 - P8427: Convívios (345): Pessoal da CCAÇ 16 - Manjacos - Dia 25 de Junho de 2011 em Almeirim (José Romão)

Guiné 63/74 - P8432: Efemérides (71): 42ª Aniversário da morte em combate do Sold At Vítor Manuel Parreira Caetano, CART 2519 (Mário Pinto)


1. O nosso Camarada Mário Gualter Rodrigues Pinto, ex-Fur Mil At Art da CART 2519 - "Os Morcegos de Mampatá" (Buba, Aldeia Formosa e Mampatá - 1969/71), enviou-nos a seguinte mensagem:

Camaradas,

Ao aproximar-se o dia 20 de Junho de 2011, toda a CART 2519 “Os Morcegos de Mampatá” relembra o fatídico dia (jamais esquecido), do falecimento de um camarada nosso, que acompanhava a construção da maldita estrada nova Buba – Aldeia Formosa.


É pois um dia de homenagem (42 anos passaram), ao Soldado Atirador nº 17618068, Vítor Manuel Parreira Caetano, que faleceu em combate.





«Logo ao nascer do sol seguiu na frente da coluna constituída por máquinas da TECIL, capinadores, outros Grupos de Combate e uma força da CART 2519, constituída por 2 Grupos de Combate comandados pelo Alf Mil Frade - 2.º Comandante da Companhia -, em direcção aos trabalhos da estrada nova Buba-Aldeia Formosa.

Enquanto duas Secções picavam a estrada, o 2º. Grupo de Combate flanqueava o lado esquerdo da estrada em direcção a Sare Usso, num cruzamento que dividia a estrada velha da nova, local sempre considerado de grande tensão e perigo iminente, pois era um dos locais mais perigosos e fatídicos da ZO.

Passado o local sem incidentes seguiu a força, com a mesma disposição, em direcção a Sare Dibane onde se iriam começar os trabalhos desse dia.

Antes da nossa chegada à Zona dos trabalhos d
esse dia a mesma iria ser batida por granadas de obus 14 cm, como previamente estava estabelecido tendo nós - os flanqueadores -, recebido ordens para quando chegássemos a um determinado sector comunicar com o quartel, para que se iniciassem os disparos do obus, o que veio acontecer.

Como não houve resposta, progredimos em direcção ao objectivo, atingindo-o pouco depois.

O 2.º Grupo de Combate recebeu ordens para se instalar na periferia e fazer protecção aos trabalhos de estrada, tendo iniciado a capinação do mato.

Os trabalhos foram decorrendo com normalidade e, nesse dia, tudo parecia calmo, sem o IN dar sinal de vida o que era uma raridade.


Assim, o pessoal foi descontraindo e com o decorrer do tempo foi relaxando os nervos e a atenção devida à vida na mata que circundava a abertura da estrada.
Já passava das 14H00, perto de iniciarmos o regresso a Mampatá, quando a tragédia aconteceu. Um grupo do IN, estimado em 20 elementos aproximou-se do local onde se encontrava a força de protecção, sem ser detectado e abriu fogo de RPG 2 e tiro de metralhadora ligeira sobre a NT durante alguns minutos.

Primeiro foi a surpresa e logo depois a nossa reacção ao fogo do IN, que devido a nossa resposta retirou em direcção a Samba Sabali.
Nesta acção, o IN causou as primeiras 3 baixas à CART 2519:

- Sold. At. N.º 17618068 - Vítor Manuel Parreira Caetano - Morto;
- ..."....."....".. 14218368 - José Ferreira Rodrigues Serrano - Ferido;

- ..."....."....".. 19101268 - António Relha Chouriço - Ferido.

Sob a protecção dos T-6, que entretanto levantaram da Pista de Aldeia Formosa, deu-se a evacuação dos feridos e o transporte do nosso camarada morto em combate, para Bissau, num helicóptero solicitado para o efeito.

Nesse dia á noite a consternação foi enorme nas hostes da Companhia, sabendo que no dia a seguir teríamos que voltar ao mesmo local. Felizmente o pessoal recuperou bem e, nos dias seguintes da construção da estrada, a CART 2519 cresceu, amadureceu e deixou de ser “PIRIQUITA”, pois as amarguras da guerra já a tinham marcado.

Os restos mortais do Vítor Manuel Parreira Caetano, estão sepultados no cemitério de Beringel, Distrito de Beja, de onde era natural.

Os seus camaradas nunca o esqueceram e todos os anos por esta altura vários elementos da Companhia da zona de Beja depositam uma coroa de flores na sua campa em nome da CART 2519.»


Descansa em PAZ camarada!

Mário Pinto
Fur Mil At Inf da CART 2519
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Nota de M.R.:

Vd. último poste desta série de 12 de Junho de 2011 >
Guiné 63/74 - P8410: Efemérides (50): A nossa malta no 10 de Junho, em Belém (Miguel Pessoa)