sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Guiné 63/74 - P7375: A última missão, de José Moura Calheiros, antigo comandante pára-quedista: apresentação do livro (3): Sítio promocional

Visite a página do livro «A Última Missão»


1. Duas mensagens que recebemos hoje, do autor de A Última Missão, José Moura Calheiros:




(i) Caro Amigo Luís: Informaram-me que esteve no lançamento do meu livro. No meio da balbúrdia que aquilo foi para mim,  por causa dos autógrafos, não sei se chegamos a falar.


Muito obrigado pela sua presença.


Penso que a leitura do meu livro vai ajudar a esclarecer algumas discussões travadas untre os membros da Tabanca Grande. Espero não vir a turvar as águas...


Não sei se é possível e se está de acordo com oos regulamentos do blogue, mas, caso seja, agradecia a divulgação deste meu site àcerca do livro.


Com um grande abraço, felicitações e boa sorte para o blogue.


Moura Calheiros


(ii) Caro Amigo Luís:  Vi o blogue e, pelas razões que já lhe referi, não poderei nunca intervir. A senhora que está na mesa é a Prof Doutora Eugénia Cunha, antropóloga, que foi a Coordenadora da Equipa Técnica da Missão a Guidage. 


Talvez tenha interese para o blogue, segue em anexo a intervenção de António-Pedro Vasconcelos, que é uma brilhante peça literária (*)

Com um abraço
Moura Calheiros

2. Visite a página do livro «A Última Missão»


Já à venda nas livrarias
Preço de capa: 27 €


Uma edição
CAMINHOS ROMANOS, Editora
Rua Pedro Escobar, 90 - R/C
4150 - 596 PORTO
Tel./Fax 220 110 532
Telemóvel 936 364 150
e-mail ac.azeredo@hotmail.


3. Comentário de L.G.:

Meu caro José: OK! Obrigado, tive pena de não ter estado consigo... Vi-o sempre muito atarefado, rodeado de amigos e camaradas... Fica para a próxima. Foi uma bela sessão. Cheguei um pouco tarde. Fiz alguns vídeos.  Sinta-se sempre à vontade para utilizar este mail para comunicarmos um com o outro. Tenho pena que não possa juntar-se a este grupo de camaradas e amigos da Guiné, mas entendo as suas razões.
Vou naturalmente divulgar o seu site, como faço com todos os blogues e sítios sobre a guerra da Guiné (1961/74)...  Vou também ler o seu livro com apreço e atenção.

Um Alfa Bravo. Luís Graça

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Nota de L.G.:

Guiné 63/74 - P7374: Blogpoesia (91): Peregrinação (Manuel Maia) (3): Cabo Miliciano, o eterno explorado


1. Mensagem de Manuel Maia* (ex-Fur Mil da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4610, Bissum Naga, Cafal Balanta e Cafine, 1972/74), com data de  2 de Dezembro de 2010:

Carlos,
Aqui vão mais umas quantas na sequência do título acima referenciado.

abraço.
manuelmaia


PEREGRINAÇÃO - 3

A peregrinação foi nacional
da Cava Viriato à capital,
do Alentejo, Évora tão bela...
Quartel que foi convento em tempos idos,
formou um Batalhão de destemidos,
bem dentro da antiga cidadela...


José Pinheiro, à altura, Coronel,
pugnava p`lo acesso a Furriel
do Cabo Mil, eterno explorado...
E deste Comandante de Unidade,
histárias mil se contam, em verdade,
um militar à antiga, algo alquebrado...


Recordo em certo dia, reunião,
dos graduados, todo o Batalhão,
a quem na entrada é imposta a hierarquia...
Por ordem decrescente, fora claro,
e acabaria por fazer reparo
a Sargento que entrou, hora tardia...


- Que tempo tens de tropa ó moleza?
- De forma aproximada, ou com certeza?
responde com pergunta, alvo visado...
- Já mais de trinta levo de missão!
- Os postos conhecer, é obrigação!
Perdeste a alocução, ó atrasado!!!


A alocução ( leitura de uma carta...)
das muitas que ele envia, "que se farta",
para a tutela sobre os cabos mil...
Divisas amarelas, vencimento
de acordo com o curso de sargento,
chefias o rotulam de senil...


Dos cabos mil, amigo, ao que constava,
por genro que as vermelhas "ostentava"
ter curto p`ra família, o vencimento...
Bem cedo nos concede a promoção,
um mês, talvez, `ind`antes d`avião,
nos conduzir p`ra guerra/sofrimento...


D`injustiçados chama a si defesa,
talvez por ter sentado à sua mesa,
o genro, cabo mil, lá se dizia...
O posto, era uma lusa "inventona",
"colhão de galo ao preço de mijona"
(com uvas faço aqui a analogia...)

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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 28 de Novembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7353: Blogpoesia (90): Peregrinação (Manuel Maia) (2): Regimento das Beiras, Montes Hermínios, RI 14 de Viseu

Guiné 63/74 – P7373: Estórias do Zé Teixeira (39): O medo do terrífico telegrama (José Teixeira, ex-1.º Cabo Aux Enf)

1. Mensagem do nosso camarada José Teixeira* (ex-1.º Cabo Auxiliar Enfermeiro da CCAÇ 2381, Buba, Quebo, Mampatá e Empada, 1968/70), com data de 2 de Dezembro de 2010:

Caríssimos editores
Junto mais um pequeno artigo com uma história verdadeira

Abraço
Zé Teixeira




Estórias do Zé Teixeira (39)

O medo do terrífico telegrama

Naquele dia 8 de Fevereiro de 1970, uma mãe esquecida do quadragésimo oitavo aniversário, preparava o almoço para os três filhos. Um quarto estava ausente na Guiné. Este, tinha feito 23 anos dois dias antes.

Era comum juntar-se a família no dia oito e cantarem-se os parabéns em duplicado. Apenas se mudavam as velas no bolo que aquela mãe, analfabeta, cozinhava com todo o carinho.

Seriam umas onze da manhã, quando o carteiro bateu à porta. Trazia um pequeno papel rectangular dobrado em quatro e tinha como destinatário o nome daquela mulher.

- D. Rita assine aqui em como recebeu.

- Mas… eu não sei assinar - retorquiu aquela mãe, com o coração já em sobressalto.

Uma vizinha prontificou-se a assinar a rogo. O carteiro foi-se embora e aquela mãe tremia de medo, com a mensagem que supunha vir dentro do malfadado papel.

- Ai que o meu filho morreu. Foi o seu primeiro pensamento.

Largou os chinelos. Com o papel junto ao coração desata a correr descalça, rua acima até ao emprego da filha, a cerca de dois quilómetros.

Chega ao destino esbaforida e sem forças, as lágrimas correm-lhe pela face.

Pede para lhe chamarem a filha. Queria ser ela a primeira a saber da sorte do seu filho.

Ao ver a filha ao longe grita:

- Ai Lai que o teu irmão morreu!

- Morreu nada, minha mãe.

- Morreu, morreu. Chegou agora o telegrama.

A filha abre o terrífico papel.

PARABÉNS PELO SEU ANIVERSÁRIO
Assina - Armanda

- Oh minha mãe, então você não se lembra que faz hoje anos?! É um telegrama da Armanda (a namorada do filho) a dar-lhe os parabéns.

- É isso que diz aí?

- É minha mãe. É o que está aqui escrito.

- GRAÇAS A DEUS.

Aquela mãe, era a minha mãe.

E eu dou Graças a Deus por poder contar, hoje, esta pequena, mas verdadeira história.

Zé Teixeira
__________

Notas de CV:

(*) Vd. poste de 15 de Novembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7287: Ser solidário (95): Com a abertura do poço em Amindara, todos ficam a ganhar (José Teixeira)

Vd. último poste da série de 14 de agosto de 2009 > Guiné 63/74 – P4819: Estórias do Zé Teixeira (38): Mataram o futuro (José Teixeira, ex-1.º Cabo Aux Enf)

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Guiné 63/74 - P7372: (De) Caras (6): Convidado por Moura Calheiros para o lançamento do seu livro, A Última Missão, Manecas dos Santos, veterano do PAIGC, diz que "cada um de nós estava a cumprir o que era o seu dever" (Diário de Notícias, de 30/11/2010)


Manecas dos Santos, antigo comandante do PAIGC, o homem dos Strela... Diário de Notícias, 30 de Novembro de 2010. Recorte que nos foi enviado por José Moura Calheiros, o autor de A Última Missão (Porto, Editora Caminhos Romanos, 2010) (*) (**).


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Notas de L.G.:

(*) Vd. poste de 2 de Dezembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7371: A última missão, de José Moura Calheiros, antigo comandante pára-quedista: apresentação do livro (2): Excerto de Discurso do autor

(**)  Último poste da série > 21 de Outubro de 2010 > Guiné 63/74 - P7154: (De) Caras (5): Silate Indjai, um dos primeiros guerrilheiros do PAIGC a entrar em Guileje, dirige agora os trabalhos de detecção e limpeza de UXO (Pepito)

Guiné 63/74 - P7371: A última missão, de José Moura Calheiros, antigo comandante pára-quedista: apresentação do livro (2): Excerto de Discurso do autor



Amadora > Aquartelamento da Academia Militar > Grande Auditório > 29 de Novembro de 2010 > Intervenção, em último lugar, do autor do livro, A Última Missão, José Moura Calheiros, Cor Pára Ref, depois da apresentação a cargo do realizador de cinema António-Pedro de Vasconcelos (*). Editora: Caminhos Romanos, Porto.


 O título do livro é inspirado na missão, que o coronel chefiou, em Março de 2008, de recuperação dos restos mortais de três soldados pára-quedistas mortos em combate e inumados, em Guidaje, em 23 de Maio de 1973, no perímetro do aquartelamento... Recorde-se aqui os seus nomes: o Manuel da Silva Peixoto, de 22 anos, natural de Vila do Conde; o José de Jesus Lourenço, de 19 anos, natural de Cantanhede; e o António das Neves Vitoriano, de 21 anos, natural de Castro Verde. Um quarto militar da CCP 121, gravemente ferido, acabou por morrer em Bissau.  Os restos mortais de outros camaradas nossos, do exército, em nº de sete, também foram exumados nessa ocasião, em Março de 2008. A missão foi igualmente apoiada pela Liga dos Combatentes, e contou com uma equipa técnico-científica de 3 antropólogos forenses, 1 geofísico e 1 arqueóloga (Conceição Maia, irmão do sold pára Vitoriano)

Essa missão acabou por levar o antigo oficial pára-quedista, José Moura Calheiros, oriundo da Academia Militar, a rever os seus anos de guerra em África, em três teatros diferentes (Angola, Moçambique e Guiné), por ele duramente vividos , com o todo o seu cortejo de boas e más memórias.

Video (13'  32''): © Luís Graça (2010). Alojado em You Tube Nabijoes. Todos os direitos reservados.



«(…) Não se arrisca nada se se disser que A ÚLTIMA MISSÃO, com a sua boa escrita, amplo desenho, factos fortes e consistência, é a melhor peça memorialística sobre a nossa última guerra. Assim, com este seu livro inaugural sobre a guerra que levou ao Fechamento, José de Moura Calheiros, rematando um arco de séculos, ajuda a fechar bem o trabalho iniciado pelos cronistas da Expansão. Mas o valor desta obra não se esgota no reforço da nossa debilitada tradição memorialística, reside também no facto de ser uma resposta da realidade real à altura da melhor realidade imaginada – Nó Cego, de Vale Ferraz, A Costa dos Murmúrios, de Lídia, e Jornada de África, de Alegre – sobre a Guerra Colonial, como a Esquerda lhe chama, ou Guerra do Ultramar, como a Direita prefere.» (...)  (Rui de Azevedo Teixeira, prefaciador da obra)




1. Sinopse da obra (da responsabilidade da Editora Caminhos Romanos-Unipessoal, Lda., com sede no Porto; contacto do editor,  António Carlos Azeredo, na ausência de sítio na Internet:ac.azeredo@hotmail.com)


(i) Em 1973 o autor prestava serviço no Batalhão de Caçadores Pára-quedistas 12 (abreviadamente, BCP 12), com sede na BA 12,  Bissalanca (Guiné)


(ii) Em 23 de Maio desse ano, numa operação por si comandada e tendo como missão atingir e reforçar a guarnição de Guidaje, cercada pelo PAIGC, a Companhia de Pára-quedistas 121 (abreviadamente, CCP 121) sofreu quatro mortos, dos quais três tiveram que ser inumados num cemitério localizado na cerca do aquartelamento daquela localidade;


(iii) Trinta e cinco anos depois, em Março de 2008, o autor regressa à Guiné integrado numa Missão da Liga dos Combatentes destinada a exumar, em Guidaje, os cadáveres daqueles três militares pára-quedistas e de outros sete do Exército;


(iv) O autor conta-nos toda a problemática relacionada com a expedição: os antecedentes, a preparação e o seu desenrolar;


(v) Simultaneamente descreve o ambiente da Guiné de hoje comparando-o com o do tempo da guerra; os usos, costumes e religiões da região de Farim e Guidaje; o sentimento da população em relação ao antigo colonizador; as mágoas dos guineenses antigos militares portugueses por Portugal os ter enganado e abandonado; conversas com velhos guerrilheiros do PAIGC, etc.;


(vi) Ao longo da missão ocorrem situações que lhe fazem recordar o passado, o tempo da guerra; nestes momentos de rebuscar das memórias “assistimos” à evolução da guerra, bem como à do pensamento do autor e do sentimento da população portuguesa em relação a ela;


(vii) Pela ordem temporal das sucessivas comissões, descreve e caracteriza os três Teatros de Operações, sempre como pára-quedista:


(viii) Angola, primeiro, para onde vai cheio de entusiasmo, ideais e utopias, certo de que a guerra seria ganha depressa; os cuidados com a família, o choque com o clima, a grandiosidade de África; a ambientação ao capim e à mata; o encontro com a guerra, ainda mais horrível do que imaginara; a surpresa com as condições de vida das populações refugiadas nas matas; a progressiva perda das ilusões e do entusiasmo com que partira da Metrópole;


(ix) A segunda comissão,   Moçambique; o título do capítulo é sugestivo: “Moçambique, o sacrifício maior”;  drandes distâncias, operações muito prolongadas, falta de meios de apoio; a sede, uma tortura, o maior flagelo; as minas, outro flagelo; a tragédia que foram os Postos Avançados de Combate, instalados como se de uma guerra clássica se tratasse; a operação Zeta, um sucesso que esteve prestes a ser uma grande tragédia;


(x) Por fim, a Guiné, a terceira comissão; a aparente abundância de meios, para quem viera de Moçambique; as primeiras impressões, muito favoráveis, do ambiente social e militar; a degradação progressiva da situação militar a partir da morte de Amílcar Cabral;


(xi) Mais: a “caça” à delegação que a ONU enviara à Guiné; a operação "louca" de protecção ao Comandante-Chefe nas conversações de Cap Skirring; a reocupação do Cantanhez, no sul (Operação Grande Empresa, uma grande, delicada e muito bem sucedida operação); 


(xii) E ainda: os mísseis terra-ar Strela, a procura de aviões abatidos e de restos de mísseis para identificar o utilizado pelo PAIGC; a crise nas fronteiras da Guiné (Maio - Junho de 1973), os dias mais críticos de toda a guerra; a Norte, o prolongado cerco de Guidaje e as sangrentas batalhas travadas em seu redor; a Sul, o terrível assédio a Gadamael, um inferno, ocorrido após a retirada de Guileje (em 22 de Maio de 1973);


(xiii) Os sentimentos dos combatentes nas diversas fases dos com bates e nas pausas da guerra...


 A ÚLTIMA MISSÃO é um livro de sentimentos, os dos soldados e os dos Comandantes, estes nas suas angústias, dúvidas e responsabilidades, enquanto chefes e homens.


Toda esta história real é contada a par da descrição da juventude e da preparação militar dos três Páras inumados em Guidaje e da sua actividade na CCP 121,  a que pertenciam.O livro dá-nos uma noção muito real da forma como os Pára-quedistas actuavam em operações, dos seus sentimentos em cada circunstância e de como era a vida numa Unidade de Intervenção de excelência – o BCP 12. E, também, da idiossincrasia dos Páras portugueses, dos seus valores, ideais e princípios.


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Nota de L.G.:


(*) Vd. poste de 29 de Novembro de 2010  > Guiné 63/74 - P7359: A última missão, de José Moura Calheiros, antigo comandante pára-quedista: apresentação do livro (1): Intervenção do cineasta António-Pedro Vasconcelos


Guiné 63/74 - P7370: Operação Tangomau (Mário Beja Santos) (1): Primeiras notícias da Guiné-Bissau

1. Mensagem de Mário Beja Santos* (ex-Alf Mil, Comandante do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 2 de Dezembro de 2010:

Malta,
Por favor, peguem na carta de Bambadinca. Acima de Missirá, na confluência com os regulados de Mansomine e Joladu temos o rio Gambiel. Aqui vim pela primeira vez na primeira semana de Agosto de 1968. Fiquei deslumbrado com tanta beleza: palmares imponentes, palmeiras de Samatra, nas margens de um rio que fertiliza as bolanhas, na altura abandonadas do lado do Cuor e discretamente cultivadas na outra margem, como vim a perceber, quando levei com uma carga de morteiro, meses depois.
O Gambiel era para mim, tal como Chicri, um dos panoramas assombrosos, que eu queria rever nesta viagem. Lá fui de motocicleta, na companhia de Lânsana Sori, um jovem da Guiné Conacri. Depois da guerra ali apareceu uma nova tabanca, Madina de Gambiel. Chegados ao local, pedi para falar com o chefe da tabanca. Levantou-se um homem, quando ouviu a minha voz. Chegou ao pé de mim e disse-me:

- Reconheci-te pela maneira de andar e pela voz, sou o Ieró Baldé, do pelotão de milícias de Missirá.

E caímos nos braços, um no outro, não me coibi de soluçar por alguém que me reconheceu, mais de 40 anos depois. E de mão dada fomos até ao Gambiel.

Estou de regresso, acho que vocês têm todo o direito de receber as primeiras notícias. Muito provavelmente, volto lá em breve.
Se aqui se vai instalar a recessão, quero informar-vos que cortei o cabelo na barbearia Chiado, no Bissau Velho, por 2€. Então vou até à Guiné para dar um pontapé na crise.
Trago toneladas de fotografias. Se houvesse aí uma alma caridosa em Lisboa que me ajudasse a abrir este ficheiro, fico antecipadamente grato. É assunto sério e urgente.
Venho de boa saúde, comi canja de ostra, muita papaia, banana-maçã, bifes de sereia e cachupa de milho.

Um abraço do
Mário


Operação Tangomau (1)

Primeiras notícias da Guiné

Beja Santos

1. Na concepção logística, a operação começa a tremelicar em pleno check in, três horas antes do voo para Bissau, no fim do dia 17 de Novembro. O Tangomau leva mais de 40kg de carga, é fácil supor porquê: as inevitáveis mudas de roupa, artigos de higiene e asseio, enfim, dois pares de sapatos e umas chinelas, tudo aquilo que parece ser imprescindível para um conforto básico no início da época seca. Não são os bacalhaus, chouriços e azeite que fazem mossa, a culpa é dos livros, cartonados. A menina do check in é intransigente: ou paga o excesso a 9 euros por quilograma ou a bagagem não é expedida.

É aí que intervém o providencial Abudu, experiente nestas coisas da carga em excesso. Alivia-se da mala que vai no porão e sobrecarrega-se na carga que vai nas espáduas do Tangomau, é ele que decide quando as malas já estão no tapete rolante. O Tangomau protesta, a proposta do Abudu é inadmissível, há uma pasta que vai ajoujada com papéis e os livros do costume, endereços, cadernos e canetas, na mão esquerda, qual Lusíadas, sobraça a prenda mais preciosa que segue para a Guiné, as cartas da Guiné portuguesa em 1:50.000, a prenda que Humberto Reis depositou nas mãos do Tangomau e que vai ser transferida para o INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa, o verdadeiro arquivo nacional da Guiné-Bissau que foi profundamente vandalizado durante o conflito político-militar de 1998-1999.

Não querendo adiantar os factos, foi nas instalações do INEP que ficaram as tropas senegalesas, as baterias da Junta Militar despejaram algumas canhonadas sobre o edifício e os garbosos senegaleses aqueceram-se com fogueiras em que a matéria-prima era documentos de inegável valor histórico… pois bem, o saco que vai na outra espádua tem já peso exorbitante. É aí que Abudurramane Serifo Soncó dá uma lição admirável a quem protesta, furtando-se a ser burro de carga:

- Aquela menina é uma malvada, tu até lhe mostraste a capa dos livros, se ela tivesse bom coração nem ameaçava com multas. Tu vais levar os livros todos, há uma grande expectativa a rodear a tua viagem, arrastas os sacos até entrar no avião, pensa nas alegrias que vais dar aos outros.

A advertência sortiu efeito, o Tangomau rilhou os dentes, comeu umas coisas para enganar a fome, foi apresentando o passaporte aqui e acolá, atirou o corpo para uma cadeira e começou a ler “O Nosso Jogo”, de John Le Carré. Sim, leva dois livros de John Le Carré, este e o que acaba de sair, de título “Um Traidor dos Nossos”. “O Nosso Jogo” é uma obra-prima. Há muito que o autor do clássico “O espião que veio do frio” reciclou as temáticas da Guerra Fria, agora os problemas são do mundo confuso e turbulento e multipolar: vamos ser confrontados com conflitos étnicos acirrados por potências que pretendem debilitar a Mãe Rússia; vamos ficar chocados com os actos criminosos de certa indústria farmacêutica que não olha a meios para testar novos medicamentos usando populações em abuso de fraqueza para chegar a novas combinações; vamos acompanhar a manipulação dos serviços secretos que preparam uma cilada envolvendo velhos espiões para agitar o papão do terrorismo talibã… Em “O Nosso Jogo”, dois espiões reformados vão aparecer no barril de pólvora do Cáucaso, é a luta do povo inguche contra a Rússia e a Ossétia.
Até Bissalanca, o Tangomau vai saboreando a trama urdida por Larry Pettifer que arrasta o seu amigo Timbo até ao sacrifício supremo. Na pasta, leva outras preciosidades. Por exemplo, “O Poder e o Povo”, de Vasco Pulido Valente.

O avião acaba de poisar, o hangar de Bissalanca está iluminado e vai acolher quem chega.


2. Os trâmites da viagem passaram pelos seguintes procedimentos: encontrar um agitador encartado que convoque todos os antigos soldados caçadores e milícias: o Fodé Dahaba aceitou a incumbência, melhor trombeteiro não há; encontrar uma alma caridosa que desse cama e mesa na região de Bambadinca: o embaixador Inácio Semedo e o Eng.º Fernando Semedo embarcaram na aventura, o Tangomau vai aboletar-se no Bairro Joli, premonitoriamente em frente da bolanha de Finete e com vistas desafogadas até Chicri e Mato de Cão; até o embaixador de Portugal na Guiné-Bissau promete apoios, o Tangomau tem pela frente viagens por bairros ínvios, esconsos, labirínticos: Bairro Militar, Bairro Bissaque, Bairro Missirá, Bairro Quelélé…; camaradas da Guiné fazem pedidos desordeiros: entregar envelopes às antigas lavadeiras; um senhor de Mansambo, Lorde Torcato, pede informações sobre gente no eixo Bambadinca-Xitole; um anarca, de nome Jorge Cabral, quer estimativas na compra de uma morança em Finete, obra asseada, chapa de zinco com forro de cibes, duas janelas à frente e duas atrás, cozinha e casa de banho, de preferência com vista para a bolanha, o Tangomau é mandatado para descobrir um construtor e negociar o terreno com o chefe da tabanca local; anarca assumido e poeta dissimulado, esse tal Jorge Cabral demanda que vá a Fá e mais tarde proceda a um relato… mas há mais pedidos, alguns aparentemente inocentes que o Tangomau pagará com língua de palmo: por exemplo, o Humberto Reis, a quem chamam o cartógrafo-mor, manda uma carta para um tal Zeca Braima Sama, o dito Zeca depois quer entrevistas, ele faz agit-prop em Bafatá, este Tangomau veio mesmo a calhar, um encontro de sexagenários que foram combatentes não é notícia que se dê todos os dias, depois o rumorejar vai até à RTP África. Não vale a pena dissecar a torrente de acontecimentos, eles irão ser perfilados, de acordo com a calendarização prevista e as inúmeras situações imprevistas. Fiquemos por aqui, já estamos na madrugada do dia 18, o senhor Sabino, da embaixada de Portugal, majestoso no porte e dotado de um português bem cadenciado, ajuda-o a pôr os cerca de 40kg dentro de um Land Rover e vai encaminhá-lo para a Pensão Lobato na Pansao N’Isla, que no passado era a estrada que unia o Bissau Velho a Santa Luzia, o Quartel-General.


3. O que é que há a destacar e que começa a gravar-se na memória perdurável? A lufada de um vento quente com os seus aromas peculiares: as acácias floridas, os odores putrefactos devido aos gafanhotos mortos, deve também haver umas gomas e resinas que rescendem odores acres, e tudo misturado é aquele calor de estufa nocturna, o Land Rover afoita-se pelas dezenas de milhares de buracos dessa estrada só iluminada pelos faróis das viaturas, já perto de Bissau há o movimento das discotecas, passa-se pelo espectro do HM 241, chega-se à Chapa Bissau, para o lado esquerdo temos o Bairro Caracol, por aqui pode descer-se até ao Quartel-General, para a direita temos o mercado de Bandim, a Mãe de Água no alto do Crim, àquela hora está tudo adormecido, com tudo é permanente a zanguizarra dos grilos. E depois de muitas sacudidelas e fintas dentre o alcatrão esburacado chega-se à Pensão Lobato. O Tangomau é recebido por algumas baratas, uma ventoinha ruidosa que lembra a do filme Apocalypse Now. São três da manhã, a pele já está empapada de suor, põe-se o despertador para as 8, não há leituras para adormecer, a pituitária acomoda-se aos cheiros e o Tangomau lembra aquela primeira noite de Missirá, já lá vão 42 anos, em que tudo estranhou e até sorriu antes de adormecer a pensar como aquela comissão militar passou depressa, mas não fugazmente. Fez uma jura a si próprio: o primeiro dia em Bissau irá ter parecenças com a experiência vivida em 29 de Julho de 1968, o dia da descoberta da cidade. Puro engano, como se vai ver a seguir, com a máquina digital na mão vai percorrer os escombros do palácio presidencial, passará bem próximo do que foi o museu da Guiné (agora chamado Primatura ou escritório do Primeiro Ministro), também na Praça dos Heróis Nacionais, segue-se a descida da Avenida Amílcar Cabral, a UDIB, o Hotel Portugal e a primeira grande, grande comoção: a Pensão Central onde a D. Berta o vai acolher de braços abertos.
(Continua)

Comentário: Meu querido Jorge Cabral, ao percorrer o mercado de Bambadinca (no antigo Bambadincazinho ), fui abordado por Dungo Queta, que perguntou por ti. Sei que vais ficar muito magoado com o obituário. Entreguei uma folha ao Dungo e pedi-lhe para fazer uma lista da malta do 63. Aqui tens. O original será para ti. O que não te posso entregar é a dor de alguns dos teus antigos soldados, desfizeram-se em confissões, pedidos, o mais que sabes. Já tenho o orçamento da tua casa. O “passeio” a Fá não foi fácil. Vou dar notícias, mais adiante.

Estas eram as minhas obrigações para com o Abudu. Acabaram por se multiplicar: o Tumblo, por telemóvel, mandou-me ao bairro Missirá, eu tinha que ir visitar a família, um Soncó tem que partir mantenha logo que chega. Mamadu Soncó estava enlutado, acabara de morrer o seu irmão Quecuta, que conheci em criança. Só o voltei a ver em 1 de Dezembro, pediu-me para trazer um dos filhos para jogar futebol em Portugal.
__________

Notas de CV:

(*) Vd. postes de:

27 de Novembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7347: Notas de leitura (177): Marcelino Marques de Barros, um sábio guineense (Mário Beja Santos)
e
12 de Novembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7269: Operação Saudade 2010 (Mário Beja Santos) (5): Páginas de um diário quase improvável, antes de viajar para a Guiné (3) 1 de Novembro

Guiné 63/74 - P7369: As minhas memórias da guerra (Arménio Estorninho) (19): Factos mais importantes da CCAÇ 2381 no Subsector de Aldeia Formosa




1. Em mensagem de 29 de Novembro de 2010, Arménio Estorninho* (ex-1.º Cabo Mec Auto Rodas, CCAÇ 2381,Ingoré, Aldeia Formosa, Buba e Empada, 1968/70), enviou-nos este trabalho baseado na História da sua Unidade:






AS MINHAS MEMÓRIAS DA GUERRA (19)


Foto 1 - Desenho extraído da capa do Livro da História da Unidade.

ALDEIA FORMOSA

Factos mais importantes relacionados com as actividades desenvolvidas pela CCaç 2381 no Subsector de Aldeia Formosa e a actividade do IN, no período que mediou de 18 de Julho de 1968 a 21 de Janeiro de 1969.

Após efectuar o treino operacional em Ingoré, manteve-se como Companhia de Intervenção ao Comando Chefe, até 18 de Julho de 1968, data em que seguiu para Aldeia Formosa, via Buba, com missão de fazer escoltas às colunas auto entre Aldeia Formosa-Buba e Aldeia Formosa-Gandembel, e auto-defesa de Aldeia Formosa.
- Dois Grupos de Combate foram empenhados na defesa das Tabancas e dos Destacamentos da Chamarra e Mampatá.
- Foi também atribuída à Unidade, a missão de defesa das Tabancas de Áfia e Bacardado através de emboscadas consecutivas.

A Companhia ficou, pois, articulada conforme o seguinte dispositivo:

Aldeia Formosa:
- Comando da CCaç 2381
- 02 GRCOMB CCaç 2381
- CCaç 1792
- Pel Fox 2022
- Pel Art 14
- Pel Mort 1242 (02 Esq)
- 03 Pel Caç Nat

Chamarra:
- 01 GRCOMB/CCaç 2381
- 01 Pel Caç Nat

Mampatá:
- 01 GRCOMB/C.Caç.2381
- 01 Pel Mil 137


Ano de 1968
Julho
Dias 25/26

– 02 GRCOMB seguiram em coluna auto de Buba para Aldeia Formosa, a fim de assumirem imediatamente o Comando dos Destacamentos da Chamarra e Mampatá.

Durante a coluna, feita pela antiga estrada Buba – Sinchã Cherno – Bolola – Missirã –Ieroiel – Mampatá – Aldeia Formosa, há vários meses não patrulhada nem utilizada pelas NT, foram detectadas e levantadas 09 minas A/C, e, sofreram as NT 02 emboscadas, que causaram 03 feridos às nossas forças. Foi deflagrada uma mina A/C por uma viatura causando a sua parcial destruição, 01 morto e três feridos ligeiros às NT.

Saliente-se o esforço despendido nesta coluna pelas nossas forças, que durou 36 horas para se vencerem escassos 30Kms. Foram encontrados todos os pontões destruídos (07 pontões!!!), tendo que se montar por todas as vezes o pontão – móvel que seguia na coluna. 04 das minas detectadas como se apresentavam com dispositivo de anti-levantamento tiveram que ser destruídas. Numa estrada estreita que permitia a custo a passagem de uma viatura pesada, piorou com os buracos resultantes das minas deflagradas, tendo-se que se abrir passagem através da mata com o consequente esforço e dispêndio de energias. Salienta-se também o facto de na coluna seguirem 03 obuses de 14cm com aproximadamente 07 toneladas cada, que atascaram diversas vezes, atrasando bastante a coluna. Apesar de tudo, a distância foi vencida sem nunca o moral das NT ter decrescido, nem aquando do rebentamento de 01 mina ter causado um morto e privado de comunicações, pois a viatura destruída era precisamente a das Transmissões.



Foto 2 – Guiné> Região de Tombali> Aldeia Formosa> 1968; Arménui Estorninho na margem com campo minado da Pista de Aviação de A. Formosa.

































Agosto
- 13 emboscadas
- 04 escoltas
- 11 patrulhamentos

Dias 12 a 14
- Realizou-se coluna auto a Aldeia Formosa – Buba, e volta, trazendo no regresso os restantes elementos da CCaç 2381 que haviam ficado em Buba. Não houve incidentes.

-18 - Grupo IN flagelou com tiros de canhão S/R, durante 10 minutos o Destacamento de Mampatá, destruindo uma palhota sem causarem baixas.

-20 - Durante a coluna Aldeia Formosa – Gandembel - Aldeia Formosa, forças da C.Caç.2381 detectaram 02 fornilhos e 05 minas A/P, tendo-se procedido ao seu rebentamento por não darem condições de segurança no seu levantamento. Foi accionada 01 mina A/P por um elemento das NT, causando um ferido ligeiro.

-22 - No decorrer da coluna Aldeia Formosa – Gandembel – Aldeia Formosa, foram detectadas 27 minas AP, das quais 15 foram rebentadas por não oferecerem condições de segurança. Tropas Pára-quedistas que coadjuvavam as nossas forças de segurança à coluna, detectaram e levantaram no mesmo local mais 37 minas AP.
No regresso, entre Chamarra e Mampatá, grupo IN estimado em 70 elementos emboscou as NT com fogo de RPG-2, metralhadoras pesadas e armas automáticas, causando 05 feridos graves (01 Caç Nat) e 02 ligeiros às NT, e, estragos ligeiros numa viatura. Efectuada batida foi encontrado 01 elemento IN morto, variadíssimos rastos de sangue e material diverso.

-27 a 01Set – Durante uma coluna Aldeia Formosa – Buba/Buba – Aldeia Formosa, foi accionada por uma viatura uma mina AC destruindo a mesma e provocando 01 ferido às NT. Quando se procedia à reparação do pontão de Uane, foi deflagrada 01 mina AP por um elemento das nossas forças provocando um ferido grave. Foram detectadas e levantadas posteriormente no mesmo local mais 03 minas AP.




Foto 3 – Guiné> Região de Tombali> Aldeia Formosa> 1968 > Viatura destruída por mina AC. A partir da esquerda: 1.ºs Cabos Mec Auto Rodas José Luís Moreira e Arménio Estorninho, da CCaç 2381, 1.º Cabo Cond Auto e Mec Auto Rodas (na condução), Soldado Condutor e Soldado Atirador, pertencentes à CCaç 1792.

Setembro
- 15 emboscadas
- 01 Escolta
- 14 Patrulhamentos

Dias
- 10 – Grupo IN flagelou com tiros de canhão S/R, morteiro 82mm, morteiro 60mm, RPG-2, metralhadoras pesadas e várias armas automáticas, durante 25 minutos, o Destacamento da Chamarra, causando 03 mortos e 05 feridos graves à população civil.

- 14 – Grupo IN flagelou o Destacamento da Chamarra, durante 10 minutos, com canhão S/R, morteiro 82mm e armas ligeiras. Sem consequências.

- 26 – Coluna auto Aldeia Formosa – Gandembel – Aldeia Formosa. Sem consequências.

Outubro
- 19 Emboscadas
- 02 Escoltas
- 13 Patrulhamentos

Dias
- 08 – Durante a escolta à coluna Aldeia Formosa – Gandembel – Aldeia Formosa, foi detectada e levantada por forças desta CCaç 01 mina AP. Foram encontrados vestígios IN, assim como rastos de sangue deixados por elementos que ao aproximarem-se do Destacamento da Chamarra caíram numa armadilha montada pelas NT accionando-a. Coluna sem consequências.

- 23 – Durante a coluna Aldeia Formosa – Gandembel – Aldeia Formosa, foram detectadas e levantadas 02 minas AP. Sem incidentes.

- 31 – O IN estimado em 80 elementos, utilizando canhões S/R, morteiros 82mm, metralhadoras pesadas, bazucas e RPG-2, flagelou o Destacamento de Mampatá. Sem consequências.




Foto 4 > Guiné> Região de Tombali> Mampatá> 1968; Paragem de uma coluna auto. Os camaradas que estão na foto são todos da minha Unidade. A partir da esquerda,  em baixo: os Soldados Adelino Nora e o Albino Rodrigues, a este paz à sua alma; ao centro o Soldado Isaac das TRMS; em cima sou eu e o Soldado Cond Auto Vítor “O Lisboa.”



Novembro
- 23 Emboscadas
- 02 Escoltas
- 06 Patrulhamentos

Dias
- 03 – Grupo IN estimado em 40 elementos e utilizando armas automáticas, RPG-2 e bazucas, flagelou o Destacamento de Mampatá incendiando 11 moranças. Imediatamente se preparou uma força devidamente comandada que pôs o IN em fuga.

- 14 – Grupo IN flagelou com canhão S/R, morteiro 82mm, RPG-2 e armas automáticas o Destacamento da Chamarra durante 15 minutos. Sem consequências.

- 22 – Durante a coluna auto de Aldeia Formosa – Gandembel – Aldeia Formosa, quando uma viatura GMC atravessava a ponte sobre o Rio Balana, os suportes desta cederam tendo abatido o tabuleiro e arrastando na sua queda a viatura provocando às NT 07 feridos graves.

- 28 – Realizou-se coluna auto Aldeia Formosa – Gandembel – Aldeia Formosa. Sem consequências.

Dezembro
- 20 Emboscadas
- 01 Escolta
- 07 Patrulhamentos

Dias
- 05 a 07 – Realizou-se coluna auto Aldeia Formosa – Buba - Aldeia Formosa. Sem incidentes.
De assinalar apenas o mau estado da estrada devido à época das chuvas que terminava, com o consequente atraso e esforço do pessoal e viaturas.




Foto 5 > Guiné> Região de Tombali> Aldeia Formosa> 1968 > Jantar de Natal (23DEZ68), de grande polémica devido ao grande atraso na preparação do churrasco de vaca. Tendo o meu amigo e Comandante da Companhia, me agraciado com simpatia e por tabela, brindando-me com 5 dias de detenção.
De costas, ao centro, sou eu, e a meu lado são dois soldados da minha Unidade. De frente são todos do Pelotão FOX 2022, estando à direita o Soldado Condutor Carlos Chapa, de Portimão.


Ano de 1969

Janeiro
- 02 Emboscadas
- 02 Escoltas
- 01 Patrulhamento

Dias
- 04 – Coluna auto Aldeia Formosa – Buba, sem incidentes.
A Unidade deslocou-se incorporada na coluna de Aldeia Formosa para Buba, tendo-lhe sido atribuída a missão de dar segurança aos trabalhos de abertura da nova estrada entre Buba e Aldeia Formosa; Colaborar nas escoltas às colunas realizadas entre estas duas localidades; Operações e emboscadas de contra penetração.
Permaneceu 01 GRCOMB na defesa do Destacamento de Chamarra.

- 08 – Grupo IN flagelou o Destacamento da Chamarra, utilizando armas automáticas, RPG-2, morteiros 82mm e ligeiros, causando o incêndio de uma palhota.

- 21 – Deslocação em coluna do GRCOMB da CCAÇ 2381, que tinha permanecido na defesa do Destacamento de Chamarra a fim de se juntar ao Comando da Unidade.

Durante a coluna a Aldeia Formosa – Buba, grupo IN emboscou as NT durante 10 minutos utilizando armas ligeiras, RPG-2, granadas de mão e morteiros ligeiros, causando 07 feridos às NT e 02 civis. Quando a coluna retomava a marcha foi accionada, por uma viatura, 01 mina AC reforçada, causando a destruição parcial da viatura. As NT reagiram pelo fogo e manobra efectuando uma batida à zona, tendo verificado que o IN tinha intenções de montar 01 fornilho, pois foi encontrado um fio eléctrico, que vindo da mata, acabava num buraco aberto junto à berma da estrada. Não conseguiu o seu intento devido, talvez, à aproximação imediata da coluna. Deduz-se que o IN pretendia, simultaneamente ao rebentamento da mina, abrir a emboscada e deflagrar o fornilho, com grandes possibilidades de êxito.
Devem-se ter precipitado ao verificarem a passagem de 04 viaturas, sem terem accionado a mina, pois esta só rebentou à quinta, que vinha a reboque (matador) e já depois da emboscada.




Foto 6 > Guiné> Região de Tombali> Algures no Sector de Buba> 1969 > Em primeiro plano, o Soldado “O Lourinhã”. Na cabine, à esquerda, o ex-1.º Cabo Atirador “O Peniche”, ao meio o ex-Fur Mil Tareco e à direita o ex-Cond Auto Raul Braz. Na carroçaria, de pé, o ex-1.º Cabo Enfº Jorge Catarino; o seguinte não identifico pelo nome. Sentado está o Sold. “O Galhordas”. Os restantes camaradas não consigo identificar pelos seus nomes.
O ex-1.º Cabo Enfº José Teixeira, CCaç 2381, é exímio nas identificações. Vamos lá dar uma ajuda.


PS – Eu, quando em actividade profissional na preparação, entre outros, dos relatórios e pareceres, a fim de atenuar algo que pudesse dificultar as interpretações, era de todo conveniente efectuar a leitura dos mesmos e tomando também a posição do receptor. Condição que ainda me assiste nos meus textos, embora por vezes existam falhas de sintaxe gramatical e “pontapés” no vocabulário Português, mas sempre respeitando o semelhante, “porque quando vou à praia sei onde deixar a roupa.

Com um Abraço do tamanho do Rio Grande de Buba.
Arménio Estorninho
CCaç 2381 “Os Maiorais”

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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 15 de Novembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7286: Notas de leitura (171): A Malta das Trincheiras, de André Brun (Arménio Estorninho)

Vd. último poste da série de 2 de Setembro de 2010 > Guiné 63/74 - P6918: As minhas memórias da guerra (Arménio Estorninho) (18): Encerramento do mês do Ramadão

Guiné 63/74 - P7368: Agenda Cultural (92): Lançamento do livro Pelo sistema solar vamos todos viajar, de Regina Gouveia, dia 9 de Dezembro de 2010, no Porto


1. Mensagem da nossa tertuliana Regina Gouveia com data de 1 de Dezembro de 2010:

Caros amigos
Junto envio convite para o lançamento do meu novo livro para público infanto/juvenil.
Desde já agradeço a presença dos que puderem ir.

Um abraço
Regina Gouveia



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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 28 de Dezembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5556: Blogues da Nossa Blogosfera (30): Do caos ao cosmos, extensão de Reflexos e interferências (Regina Gouveia)

Vd. último poste da série de 25 de Novembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7332: Agenda Cultural (91): Lançamento do livro Os Anos da Guerra Colonial, de Aniceto Afonso e Carlos Matos Gomes, dia 30 de Novembro de 2010 na Bertrand Picoas Plaza, Lisboa (Carlos Matos Gomes)

Guiné 63/74 – P7367: Parabéns a você (181): Herlânder Simões, ex-Fur Mil At Inf CART 2771 e CCAÇ 3477 (Nova Sintra/Nhacra/Guileje-1972/74) (Editores)




1. Completa hoje o seu 60º aniversário, o nosso Camarada Herlander Simões, ex-Fur Mil At Inf (MAI1972 a JAN1974), que foi destinado à CCAÇ 16 sem chegar a ser colocado, seguindo para a CART 2771 os "Duros" de Nova Sintra e, posteriormente, para os "Gringos" de Guileje (CCAÇ 3477 - 1971/73), que inicialmente se encontrava sedeada em Nhacra.






2. O Herlander foi apresentado à nossa Tabanca Grande em 10 de Maio de 2007 no poste P1747, tendo-nos enviado algumas das suas fotos, de que juntamos uma do seu tempo de tropa e outra em pose operacional com uma das famosas metralhadoras HK 21:




Guiné > Nhacra > O Fur Mil Herlander Simões em patrulha nas imediações



3. Ao Herlander, em nome do Luís Graça, Carlos Vinhal, Virgínio Briote, Magalhães Ribeiro e demais tertulianos, aqui endereçamos as maiores felicidades, melhores níveis de saúde e alegria, junto dos teus queridos familiares e amigos, neste seu dia de aniversário, desejando que o mesmo se prolongue por muitos, prósperos e felizes anos.
__________
Nota de M.R.:

Vd. último poste da série em:

1 de Dezembro de 2010 >
Guiné 63/74 - P7364: Parabéns a você (180): Eng Agr Carlos Schwarz, Pepito para os amigos, fundador e director executivo da AD - Acção para o Desenvolvimento (Luís Graça, co-editores e restantes tabanqueiros / Miguel Pessoa / Zé Teixeira / Gilda Brás / António Estácio)

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Guiné 63/74 – P7366: FAP (56): MIGs, MIRAGEs e miragens (António Martins de Matos)



1. O nosso Camarada António Martins de Matos (ex-Ten Pilav, BA12, Bissalanca, 1972/74, hoje Ten Gen Pilav Res), enviou-nos hoje, dia 1 de Dezembro, a seguinte mensagem:



MIGs, MIRAGEs e miragens

Quando o pessoal da Tabanca se encontra à volta de uma mesa. logo as histórias e recordações brotam de imediato... a emboscada, a mina, os periquitos, as bajudas, as noites de confraternização, a G-3, a Kalash... e por aí fora.
E volta não volta vem à baila o tema dos MIGs.

Que tinham sido vistos aqui e acolá, certamente pilotados por cubanos, por pilotos da Guiné Conacri ou mesmo do PAIGC, treinados na Rússia, na Líbia ou em Paio Pires, blá, blá, blá...

Falou-se muito de hipotéticos voos sobre o nosso território e até houve quem os tivesse visto a sobrevoar Bissau.

A nós, pilotos, o assunto não nos podia deixar indiferentes. Não podíamos ser apanhados de surpresa, tínhamos que estudar as características do inimigo, ver onde eventualmente poderíamos ser mais fortes e colmatar os pontos mais fracos.

Lá concluímos que, a existirem, os aviões adversários deveriam ser uma das inúmeras variantes do MIG-17, de fabrico russo, de características semelhantes aos nossos F-86 e utilizados por praticamente todos os países sob influência da então URSS.

Na Base de Monte Real já tínhamos ensaiado combates ar-ar entre o F-86 (simulando o MIG) e o G-91, e rapidamente chegámos à conclusão que, a baixa altitude, um F-86 (de melhor manobrabilidade) facilmente abateria um G-91. A única maneira do G-91 sobreviver era furtar-se ao confronto.

Verificámos igualmente que os MIGs-17 ainda estavam a ser utilizados no Vietname e que tinham obtido algumas vitórias sobre caças americanos F-105, aeronaves muito mais modernas e sofisticadas.

O assunto era de tal modo sério que acabou por ser levado às instâncias superiores.

Como solução, a FAP propunha a compra imediata de novos aviões que substituíssem os G-91, a escolha recaía numa aeronave de fabrico francês, os MIRAGE, não por serem superiores aos aviões americanos da altura, mas porque a França era um dos poucos países que ainda nos vendia armamento (no caso dos AL-III até já não se comprava à unidade, era mais ao quilo).

Cabe aqui um parêntesis para esclarecer que uma “compra imediata de aviões” levaria no mínimo uns dois a três anos a ser concretizada. Como estávamos em 1970, teríamos MIRAGEs lá para o início de 1973.

No meio deste desconforto de nos podermos encontrar cara a cara com um MIG-17, o que nos tranquilizava era não haver qualquer confirmação fidedigna de que o país vizinho dispusesse de aviões daquele tipo.

Cá pela minha parte várias vezes fui incumbido de ir voar junto à fronteira, a ver se via algum, nunca os enxerguei.

E deixem-me dizer-vos “ainda bem”, porque tendo o péssimo hábito de fazer perguntas, uma vez calhei a perguntar aos meus superiores, o que deveria fazer caso os avistasse: abatê-los, assustá-los, pirar-me, assobiar para o lado, eventualmente cumprimentá-los ?

Resposta do meu superior, “depois logo se vê”, como se tal fosse possível, num minuto tudo estaria iniciado e concluído.

Se, por um lado, nunca tinha encontrado nenhum MIG, nem por isso as minhas buscas tinham sido sempre em vão, uma das vezes encontrei um avião grande à vertical de Bissorã, um DC-7, seguia de sul para norte, lá fiz a fatídica pergunta aos meus superiores “que fazer?”, quando a resposta chegou já o tipo tinha deixado a Guiné e entrado pelo Senegal adentro.

Era assim a guerra da altura, sem radar que nos indicasse os intrusos, qualquer avião, avioneta, helicóptero ou similar podia atravessar o espaço aéreo da Guiné sem que dele tivéssemos conhecimento, só um olhar ocasional poderia dar algum alerta…

E com a época seca então era um descanso, ninguém via nada, à excepção do pessoal de Aldeia Formosa, esses estavam sempre a ver OVNIs. Ao princípio ainda os tivemos em conta mas depois foi como a história do “Pedro e o Lobo”, fartos de lá ir e nada encontrar, deixámos de os ouvir.

Em conclusão, 500 missões pelos céus da Guiné, para cima e para baixo, para a esquerda e para a direita e nunca vi nenhum MIG!!!

Passados todos estes anos e ao recordar o tema, penso que a história da ameaça dos MIGs foi demasiado empolada e resultou de um erro de julgamento por parte do Estado Maior (EM), erro iniciado a quando do caso do sobrevoo de Bissau, mal interpretado pelos analistas da altura. Senão vejamos:

Para situar o assunto, diz o Carlos Matos Gomes e Aniceto Afonso que o sobrevoo a Bissau dos MIG-17 se deu a 13 Fevereiro 1970, e que estes sobrevoaram igualmente a Base de Bissalanca. De acordo com os nossos estrategas, o significado da aparição deste avião era claro: “A FAP estava em inferioridade, pelo que foi decidido comprar em França uma bateria de mísseis Crotale e que um dos objectivos da missão Mar Verde fosse a destruição dos MIG-17”.

Dito e feito.

Interessante o raciocínio do EM de então, a FAP em inferioridade, em vez de se ir comprar o tal novo avião que a FAP já tinha pedido, que pudesse enfrentar os MIG, e/ou um radar que cobrisse o espaço aéreo da Guiné, resolverem antes comprar um brinquedo para o Exército.

Até porque, sem o dito radar, a identificação dos alvos continuava a ter que ser feita “a olho”, a ameaça com que os pilotos se debatiam, em vez de diminuir, aumentava...

Não só tínhamos que nos haver com as antiaéreas do IN como ainda passávamos a estar sujeitos a uma CROTALADA amiga, o nosso slogan de guerra estava cada vez mais actual: “Deus nos livre da antiaérea amiga, que da inimiga livramo-nos nós”! ... O meu amigo Pereira da Costa, artilheiro convicto, que me perdoe a “boca”.

Os Crotale foram efectivamente comprados mas só chegaram a Portugal já depois do fim da guerra.

Quanto aos MIRAGE, com um raio de acção capaz de facilmente atingir Conacri, ficámos a vê-los tipo miragem, lindos que eles eram, já me estava a ver no meio das aventuras do “Michel Tanguy e do Laverdure”.

No que respeita à busca e destruição dos MIGs, essas aeronaves necessitavam de uma pista com um comprimento relativamente grande (2,5 km), asfaltada, coisa que na vizinha Guiné apenas existia na capital, tudo o resto era curto e em terra batida.

A existirem eles teriam que estar estacionados em Conacri. No entanto, a quando da Operação Mar Verde, a busca pelo aeroporto acabou por se revelar um fracasso, nem rasto deles.

Constatava-se assim “in loco” que, ao contrário do que tinha sido assegurado pelo EM, na Guiné Conacri não havia MIGs.

Como explicar então o facto de terem sido vistos em Bissau?

No meu entender o caso tinha sido mal analisado pelos estrategas de serviço, antes de tirarem tão importantes conclusões deviam ter ido mais fundo, fazer mais perguntas: Eram MIGs os aviões que sobrevoaram Bissau? Quem os identificou como MIGs? A Guiné do Sekou Touré dispunha de aviões MIG-17?
Para perguntas simples, respostas simples... não... não dispunham!

Então a quem pertenciam aqueles 2 belos e gordos MIGs que, vindos do nada, tinham sobrevoado Bissau e desaparecido igualmente no meio do nada?

O mal dos nossos analistas era estarem sempre a olhar para o umbigo, leia-se Bula, Binar, Biambe... sem levantarem os olhos e verem o que se passava no mundo.

A guerra entre a Nigéria e o Biafra terminara há apenas uns dias, a Nigéria vencedora, mais de 1 milhão de mortos (não, não me enganei, 1.000.000).

Nas forças que apoiavam a Nigéria existiam cerca de 24 MIGs-17, de dono indefinido, pilotados por mercenários de vários países, Alemanha de Leste, Rússia, Reino Unido...

Duas hipóteses eram possíveis:

Como primeira hipótese a Nigéria poderia estar a querer oferecer os seus serviços, pouco provável naquele momento, o próprio Sekou Touré não se sentia muito seguro com os seus vizinhos.
Como segunda hipótese, a guerra terminada e pagamentos recebidos, os mercenários tinham de regressar aos seus locais de origem, o sobrevoo da nossa Guiné ficava nas suas rotas, porque em África e dado que os GPSs ainda não tinham sido inventados, uma maneira fácil de navegar era ao longo da costa.

Combustível a escassear, a vontade de aterrar em Bissalanca deve ter sido enorme, só que Portugal tinha apoiado o Biafra, se aterrassem ficavam com os aviões apreendidos, era preferível continuar até Dakar onde, por um punhado de dólares, podiam reabastecer e seguir viagem, eventualmente para Marrocos ou Argélia, países com aviões semelhantes.

Acham estranho? Eu não acho, ainda que me possam acusar de especulação.

Durante a guerra os aviões para a Nigéria passavam em Dakar, os que se destinavam ao Biafra aterravam em Bissau.

Até tínhamos na Base uma prova deste intercâmbio de aviões, um Gloster Meteor que um piloto a caminho do Biafra e por razões desconhecidas resolveu abandonar na BA-12.

E quantos T-6 tinham passado pela Bissalanca? 5? 10? 50? Não foi Portugal um dos principais apoiantes do Biafra?

Não posso terminar esta história sem voltar a falar dos MIRAGE.

E dar o braço a torcer, sempre a dizer mal dos nossos estrategas e afinal eles sempre acabaram por dizer que nós, os Aéreos, precisávamos dos tais aviões.

Aconteceu quando a Guiné ficou infestada de STRELAs. Só que aqui as coisas passaram-se de um modo um pouco diferente.

Para os MIGs, que acabaram por não aparecer, andámo-nos a preparar ao longo de inúmeros meses, sabíamos como enfrentá-los!! Para os STRELAs... nem sabíamos o que aquilo era... ninguém nos avisou!!!

E foi assim que, de surpresa em surpresa, em poucos dias perdemos cinco aeronaves e quatro pilotos!!!

Passado o choque inicial e identificado finalmente o tipo de arma que nos atacava, o nosso pedido era simples, só queríamos que substituíssem as 4 obsoletas metralhadoras do G-91 por 2 canhões de tipo semelhante ao do AL-III, bastava mudar os painéis laterais do armamento.

E até havia um modelo de G-91, o R-3 (o nosso era modelo R-4), que tinha os ditos
painéis.

Que não senhor, MIRAGEs é que era!!!

Imaginem só, nós a pedirmos um pãozito e eles a quererem dar-nos lagosta e caviar.
No final ficámos sem comer nada.

OK, sem nada também não é verdade, lá estou eu a ser torcido, no final lá conseguimos receber os tais G-91 R-3 com os painéis e os canhões em vez das metralhadoras...
Só que entretanto já estávamos em 1976!!!

Hoje em dia tudo é diferente. Na área operacional a tecnologia actual permite que um avião à vertical de Bissau possa facilmente abater um outro que esteja a passar por Bafatá, nem precisa de o ver, o radar faz todo o trabalho.

No que refere a ataques ao solo, lá dos seus 7.000 metros de altitude um piloto consegue ver o “mau da fita” a fazer pipi atrás de uma árvore, uma bomba largada da aeronave irá cair exactamente aos seus pés, ainda o apanha de calças na mão.

E é por causa de toda esta tecnologia que nenhum piloto vai para o ar sem conhecer as suas ROEs (Rules of Engagement), saber exactamente o que pode e não pode fazer.

Já na área do planeamento estratégico os problemas complexos continuam, como antigamente, a ter quatro tipos de soluções: A boa, a má, a que não lembra ao... e a de Estado Maior.

Um abraço,
António Martins de Matos
Ten Pilav da BA12
__________

Nota de M.R.:
Vd. último poste desta série em:

7 de Outubro de 2010 >
Guiné 63/74 – P7097: FAP (55): Fuzileiro por um dia (António Martins de Matos)

Guiné 63/74 - P7365: Convívios (285): Novo Encontro da Tabanca da Linha (José Manuel Matos Dinis)



1. O nosso Camarada José Manuel Matos Dinis (ex-Fur Mil At Inf da CCAÇ 2679,
Bajocunda, 1970/71), enviou-nos, em 30 de Novembro de 2010, a seguinte mensagem:
Novo Encontro da Tabanca da Linha
Camaradas,


Não venho com estórias, nem com polémicas sobre a crise, nem com ideias prosélitas para que votem em mim, antes, trago ao conhecimento geral a notícia sobre o próximo convívio da Magnífica Tabanca da Linha. E desta vez, vingativamente, em local a estrear, mais central, mais aconchegado, a ver se mais melhor. Trata-se do restaurante O INFANTE, na rua João Chagas, 53 - E, entre Algés e Linda-a-Velha, na antiga estrada para Carnaxide. Subindo de Algés, apresenta-se do lado esquerdo. Descendo (oh caraças, atrapalho-me sempre nas descidas...), o melhor é perguntarem.
Identificado o local, passo a pormenorizar o que se combinou com o Senhor Manuel, ex-pára, que atirou o presidente da câmara pela porta do avião, mas equipado de eficaz pára-quedas. Assim, de entradas foi proposto queijo (de ignorada proveniência), presunto (de Vinhais, para que não voltem de lá aos ais), alheira do mesmo sítio (que despertam a gula ao colesterol), e pataniscas (feitas a partir de bacalhau). Quem quiser, para não ser surpreendido, pode levar de casa uma ou mais marmitas, convenientemente llenas de boa petisqueira, que até pode proporcionar-se um concurso de paladares.
Activados com semelhante motor de arranque, passar-se-á aos pratos fortes, e cada um deverá indicar a sua preferência no acto de inscrição (não sejam melgas, têm que indicar a escolha):
1 - arroz de cabidela de galinha ou galo (se não for de aviário, será de Vinhais). Mas adianto, que o Sr. Miguel Pessoa já me gabou essa experiência.
2 - leitão feito no estabelecimento, e espero que alguém se pronuncie.
3 - posta, que não será mirandesa, tendo em conta o patente orgulho dos de Vinhais. Digo eu.
4 - entrecosto de vitela, talvez grelhado, talvez assado no forno, que a tanto não chegou a explicação.
5 - posta, a célebre posta, que enche a pança a todos quantos passam pela região transmontana.
Aqui chegados, espero que bem dispostos e com vontade de passar aos doces, é costume haver meia-dúzia de variedades, todos confeccionados lá, no local. Já não estou seguro, mas se alguém preferir fruta, pode ser que haja. Nesta parte, pedimos como qualquer outro cliente, e em concorrência directa.
Hoje, dia não-sei-quantos de Novembro, três esforçados voluntários, com destaque para o Comandante da Magnífica, deslocaram-se ao Infante, como quem não quer a coisa, no intuito óbvio de avaliar, quer a sala, quer as iguarias, quer o ambiente. O ambiente é que ficou na história, pois o nosso Comandante foi reconhecido por uma linda criatura natural do Cazembe, radiosa de simpatia, e que presta serviço às mesas. Linda a garota. Os outros dois voluntários, o Marques e eu, estupefactos e ciumentos, perguntávamos aos nossos botões onde é isso do Cazembe, que céu na terra ali tão bem representado?
Era já a parte do café que, com o vinho, ficam incluídos no preço estimado, até 20 aéreos.
Quanto à data, decidi democraticamente, e por delegação de poderes, será já no próximo dia dez - 10 de Dezembro, sexta-feira, pelas 12H00. As inscrições devem ser feitas até ao dia 7 anterior, não vá alguém espalhar-se até ao ano novo. Quanto às inscrições, podem fazê-las para mim (913 673 067) ou para o Marques (933 599 115). Por favor, não incomodem o Senhor Comandante.
Prontos, estamos de braços abertos à vossa espera, principalmente, esse homem do mundo que criou o blogue.
Abraços fraternos
JD
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Nota de M.R.:
Vd. último poste desta série em:
26 de Novembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7344: Convívios (201): 7º Encontro da Tabanca do Centro (Joaquim Mexia Alves/Juvenal Amado)