quarta-feira, 9 de janeiro de 2019

Guiné 61/74 - P19385: Guerra colonial - cronologia(s) - Parte I: 1961, Angola







Diário de Lisboa, 18 de março de 1961

[Fundação Mário Soares > Portal Casa Comum > Pasta: 06541.079.17211 > Título: Diário de Lisboa > Número: 13743 > Ano: 40 > Data: Sábado, 18 de Março de 1961 >  Directores: Director: Norberto Lopes; Director Adjunto: Mário Neves > Edição: 2ª edição > Observações: Inclui supl. "Diário de Lisboa Magazine", "Diário de Lisboa Juvenil" > .Fundo: DRR - Documentos Ruella Ramos. (Com a devida vénia...)

Citação:
(1961), "Diário de Lisboa", nº 13743, Ano 40, Sábado, 18 de Março de 1961, CasaComum.org, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_16336 (2019-1-9)


Guerra Colonial > Cronologia > Angola > 1961

Camaradas: muitos de nós éramos adolescentes quando começou a guerra colonial.  Eu tinha 14 anos, e os terríveis acontecimentos do Norte de Angola, meio percebidos nos títulos e entrelinhas dos jornais, e nas lacónicas notícias da Rádio e da Televisão,  perturbaram-me profundamente. Senti que "aquela guerra" ia sobrar para mim e para toda a minha geração... (Outros eram ainda muito mais novos: 13, 12, 11, 10, 9 anos..., não tinham consciência da gravidade do momento, até à altura dos seus irmãos mais velhos serem mobilizados para Angola, respondendo à célebre ordem, tardia, de Salazar, de 14 de abril de 1961: "Para Angola, rapidamente e em força"...; na véspera, tinha havido a tentativa de golpe de Estado palaciano do gen Botelho Moniz, ministro da defesa... Salazar antecipou-se, remodelou o Governo, autonomeou-se ministro da Defesa e "decapitou" as chefias das forças armadas; estava traçado o destino da "guerra do ultramar", que se iria prolongar por 13  dolorosos e inúteis anos até 25 de Abril de 1974.)

Em 31 de maio de 1969, oito depois, com 22 anos, eu estou a desembarcar em Bissau e vou integrar uma das companhias da "nova força africana" do general Spínola... Muitos de nós  (para não falar dos nossos filhos e entos, e da generalidade dos portugueses) ainda hoje sabemos pouco do que se passou em Angola, em 1961... Daí a a oportunidade desta síntese cronológica. Não será a única, é a que estava mais à mão... Mas temos alguns camaradas, mais velhos, que são contemporâneos dos acontecimentos, e que têm o privilégio de poder falar na primeira pessoa do singular... Eles que nos contem as suas histórias. LG



1961-02-04

Revolta em Luanda, com ataques à Casa de Reclusão, ao quartel da PSP e à Emissora Nacional, acção considerada como o início da luta armada em Angola, de iniciativa de (, ou atribuída a ou, mais tarde, reivindicada por) o MPLA - Movimento Para a Libertação de Angola.

1961-02-07

Primeira aterragem na pistam construção, do Negaje, em Angola. Esta data passou a ser o Dia da Unidade do AB3 - Aeródromo Base 3.

1961-03-15

Partida de Lisboa de quatro companhias de caçadores para reforço da guarnição de Angola: CCAÇ 66 / 5ª CCE, R 10, Aveiro; CCAÇ 67 / 6ª CCE, RI 10, Aveiro; CCAÇ 78 / 7ª CCE, BC 5, Lisboa; CCAÇ 82 / 9ª CCEm RI 14, Faro.

1961-03-15

["O Dia do Terror".] Início de uma rebelião, planeada e/ou coordenada pela UPA - União dos Povos de Angola, de Holden Roberto (1923-2007), no Norte de Angola, na região dos Dembos, que levou ao massacre indiscriminado de colonos portugueses e de populações negras, causando centenas de vítimas (em termos de vítimas mortais desta barbárie, fala-se em 800 europeus e 6000 africanos, mas os números ainda hoje são controversos). Dias antes, a 7 de março, os EUA tinham informado o Ministério da Defesa sobre a decisão da UPA em desencadear o terror na noite de 15 de março, instrumentalizando as populações locais,   informação que o comando militar de Angola terá menosprezado. Holden Roberto (1923-2007), o histórico dirigente da UPA, tinha na altura o apoio público e notório da administração Kennedy.


1961-03-16

Ataques dos elementos sublevados do Norte de Angola a algumas povoações, como Carmona, Aldeia Viçosa e Bessa Monteiro


1961-03-16

Chegada a Luanda da primeira companhia de pára-quedistas

1961-03-17

Primeiro comunicado oficial sobre os acontecimentos do Norte de Angola. Versão "soft"... Em 15 de março Salazar tinha decidido o "blackout" noticioso, mas acabou por ser completamente ultrapassado pelos acontecimentos: os jornais e as rádios de Angola não paravam de dar grande cobertura aos acontecimentos que dilaceravam o território...

1961-03-18

Início da actuação da Força Aérea, que dispunha poucos meios,  no Norte de Angola

1961-03-21

Chegada, a Luanda, do almirante Lopes Alves, ministro do Ultramar

1961-03-21

Evacuação de mais de 3500 portugueses residentes no Norte de Angola para Luanda, através de ponte aérea


1961-03-28

Constituição, em Angola, do primeiro corpo de voluntários civis armados, para actuação no Norte de Angola, dando origem mais tarde à OPVDCA - Organização Provincial de Voluntários de Defesa Civil de Angola.
  

1961-04-02

Emboscada, na sanzala de  Cólua, Aldeia Vicosa,  Uíge, a uma coluna militar portuguesa, sendo mortos nove militares, dos quais dois oficiais, capitão de infantaria Abílio Eurico Castelo da Silva (1925-1961) e tenente de infantaria Jofre Ferreira Prazeres (1932-1961), ambos naturais de Chaves. (*)


1961-04-10

Ataque à povoação de Úcua, na estrada Luanda-Carmona, com o massacre de 13 brancos

1961-04-10

Primeiro ataque a trabalhadores bailundos de uma fazenda na área do Quitexe

1961-04-11

Ataque a uma patrulha portuguesa próximo de Tando Zinge, Cabinda


1961-04-12

Ataque à povoação de Lucunga, com massacre da maior parte dos seus habitantes brancos


1961-04-13

Ataque de guerrilheiros provenientes do Congo-Brazzaville a Bucanzau, em Cabinda


1961-04-15

Reunião do primeiro Conselho Superior Militar, presidido por Salazar, para tratar do envio de reforços militares para Angola


1961-04-16

Partida dos primeiros contingentes militares, para Angola, formados por pára-quedistas, por via aérea: a 1ª CCP, seguindo-se em abril, a 2ª CCP, e em maio a 3ª CCP [futuro BCP nº 21, criado em 8 de maio]


1961-04-21

Partida dos primeiros contingentes militares para Angola (via marítima)


1961-04-23

Partida de uma companhia de legionários para Angola [A Legião Portuguesa acabou por se limitar à defesa de instalações de uma empresa...]


1961-04-30

Fim do cerco à povoação de Mucaba, depois da intervenção da Força Aérea, que utilizou bombas de napalme de 90 kg.


1961-05-01

Chegada a Luanda dos primeiros contingentes transportados por via marítima [BCAÇ 88, BCAÇ 92, CART 85, CART 86, CART 87, CART 100].


1961-05-02

Ataque a Sanza Pombo e novos ataques a Mucaba e à Damba, no Norte de Angola


1961-05-04

Ataque ao Songo, a norte de Carmona


1961-05-08

Ataques a Sanza Pombo, Úcua, Santa Cruz, Macocola e Bungo, com utilização de novas armas


1961-05-21

Ataque frustrado ao nó de comunicações do Toto, a sul de Bembe


1961-05-24

Ataque a Quimbele durante treze horas consecutivas


1961-05-24

Ataque ao posto de Porto Rico, próximo de Santo António do Zaire, com utilização de armas automáticas

1961-05-26

Ataque a Quimbele, durante 13 horas consecutivas, um dos mais violentos na altura.

1961-05-31

Chegada do Batalhão de Caçadores 88 à Damba. Em 14 de maio, o BCAÇ 96 já tinha seguido para Úcua e o BCAÇ 109 para Ambrizete.


1961-06-02

Ataques a várias fazendas em torno de Carmona, Negaje e Ambriz


1961-06-08

Primeiro avião da Força Aérea, um PV-2,  desaparecido em Angola, com três tripulantes a bordo


1961-06-14

Reocupação do Tomboco por uma força da Marinha


1961-06-19

Ataque dos guerrilheiros da UPA à vila de Ambriz, com utilização de armas automáticas

1961-06-24

Reocupação de Cuimba, a este de São Salvador do Congo


1961-06-30

Primeiro comunicado oficial das Forças Armadas, referindo a morte de 50 militares entre 4 de Fevereiro e 30 de Junho em Angola


1961-07-01

Operações do Exército e Força Aérea na serra da Canda, para reabertura da chamada 'estrada do café'


1961-07-07

Comunicado das Forças Armadas sobre as actividades dos meses de Maio e Junho, no Norte de Angola

1961-07-15

Morte de seis militares em Quicabo, na sequência da operação de reocupação de Nambuangongo.


1961-07-18

Início da operação, pelo BCAÇ 96,  de cerco a Nambuangongo, ocupada pelos rebeldes desde o início da sublevação em Angola. Prolonga-se até 9 de agosto (Operação Viriato, uma das mais emblemáticas da guerra do Ultramar.)


1961-08-04

Ocupação de Zala e Quicunzo pelas forças portuguesas, que progridem para Nambuangongo


1961-08-07

Declaração do ministro do Exército à emissora oficial de Angola, onde afirma que aos 'terroristas' se colocava apenas um dilema: 'Rendição incondicional ou aniquilamento total'


1961-08-11

Primeira operação militar com lançamento de pára-quedistas, efectuado sobre a região de Quipedro, em Angola


1961-08-17

Primeira utilização operacional dos aviões caças-bombardeiros F84, a partir da Base Aérea de Luanda


1961-08-24

Início de uma operação conjunta, com aviação, pára-quedistas e forças terrestres, na serra da Canda


1961-09-10

Início da operação militar conjunta que conduz à reocupação da 'Pedra Verde'


1961-09-16

Desordem entre militares pára-quedistas e elementos da polícia, em Luanda, de que resultou um morto e vários feridos, e que ficou conhecido como 'Incidente da Versalhes'


1961-09-16

Entrada das tropas portuguesas na Pedra Verde


1961-10-07

Discurso de Venâncio Deslandes, a dar por findas as operações militares no Norte de Angola, passando-se à fase das operações de polícia


1961-11-10

Desastre de aviação do Chitado, em que morreu o general Silva Freire, comandante da Região Militar de Angola, e mais 14 militares do Exército e da Força Aérea


1961-11-14

Partida do primeiro destacamento de fuzileiros especiais para Angola


1961-11-27

Anúncio, pelo governador-geral de Angola, de 'nova actividade terrorista' no Norte do território

1961-12-02

Expulsão de Portugal de quatro missionários norte-americanos, acusados de apoio aos movimentos angolanos

1961-12-31

No final do ano de 1961, havia cerca de 33 mil homens no território, enquanto se reforçavam também as guarnições militares da Guiné e de Moçambique.


Fonte: Excerto de  Guerra Colonial 1961-1974 > Cronologia, com a devida vénia...

Para mais detalhe e cronologia nacional, vd. Carlos Matos Gomes e Aniceto Afonso - Os Anos da Guerra Colonial, vol. 2 - 1961: o princípio do fim do império. Lisboa: Quidnovi, 2009.

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Nota do editor:

(*) Vd. postes de:

8 de janeiro de 2019 > Guiné 61/74 - P19381: In Memoriam: Os 47 oficiais oriundos da Escola do Exército e da Academia Militar mortos na guerra do ultramar (1961-75) (cor art ref António Carlos Morais da Silva) - Parte II: Abílio Eurico Castelo da Silva, cap inf (Chaves, 1925 - Cólua, Angola, 1961)

Guiné 61/74 - P19384: In Memoriam: Os 47 oficiais oriundos da Escola do Exército e da Academia Militar mortos na guerra do ultramar (1961-75) (cor art ref António Carlos Morais da Silva) - Parte III: Jofre Ferreira Prazeres, ten inf (Vidago, Chaves, 1932 - Cólua, Angola, 1961)






1. Continuação da publicação série respeitante biografia (breve) de cada um dos 47 Oficiais oriundos da Escola do Exército e da Academia Militar que morreram em combate no período 1961-1975..


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Nota do editor:

Postes anteriores da série > 


8 de janeiro de 2019 > Guiné 61/74 - P19381: In Memoriam: Os 47 oficiais oriundos da Escola do Exército e da Academia Militar mortos na guerra do ultramar (1961-75) (cor art ref António Carlos Morais da Silva) - Parte II: Abílio Eurico Castelo da Silva, cap inf (Chaves, 1925 - Cólua, Angola, 1961)

Guiné 61/74 - P19383: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (64): história da faca de sobrevivência / combate dos Fuzileiros na Guiné... (Luís 'Saci' Pereira, filho de um camarada da CCAV 1662, Nova Lamego e Piche, 1967/68)






Faca de sobrevivência / combate dos Fuzileiros na Guiné


Fotos (e legendas): © Luís Pereira (2018). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem do nosso leitor Luís Pereira, filho de um camarada da CCAV 1662 (Nova Lamego e Piche, 1967/68), que se reproduz a seguir, esperando que alguém possa responder à sua pergunta:


Date: terça, 11/12/2018 à(s) 11:05

Subject: Faca de sobrevivência/combate dos Fuzileiros na Guiné


Bom dia,


Sou um pequeno coleccionador de militaria do tempo da nossa guerra colonial (talvez por ter sido
privado do meu pai durante uma boa parte da minha infância, enquanto ele esteve na Guiné, na zona de Nova Lamego, com a CCav 1662, "Os Piriquitos", Nova Lamego e Piche, 1967/68.)

Durante o meu serviço militar, por meados de 1984, vi pela primeira vez no cinto do um SAJU  [srgt ajudante] Fuzileiro uma faca de combate com o cabo em alumínio, que me deixou completamente encantado.

Após muito procurar, nunca consegui encontrar qualquer referência aquela faca em lado nenhum, tendo visto somente uma no Museu dos Fuzileiros, em Vale de Zebro, mas mesmo aí, a única coisa que me souberam dizer é que era designada por "faca de combate" ou "faca de sobrevivência", e que eventualmente teria sido uma aquisição local na Guiné para suprir uma eventual falta das facas de mato da Icel.

Na semana passada, ao fim de mais de 34 anos, consegui realizar o sonho e comprar a das fotografias que junto, mas continuo sem saber nada sobre ela, excepto o que disse e que tem gravado no punho a palavra "SALDANHA"...

Têm alguma ideia da história desta faca? Como e quando é que entrou para os Fuzileiros? Onde é que foram compradas ?

Muito obrigado

Luís

Luís "Saci" Pereira

"Para onde quer que vá, estarei na minha terra; nenhuma terra será para mim exílio ou país estrangeiro, pois o bem estar pertence ao homem e não ao lugar" (Brunetto Latini in Li Livres dou Tresor)

"Se um dia te encontrares numa luta justa, é porque não te preparaste convenientemente" (Gary F. Bradburn)

"Quem viaja acrescenta à vida" (Provérbio árabe)

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Guiné 61/74 - P19382: Parabéns a você (1557): Manuel Vaz, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 798 (Guiné, 1965/67)

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Nota do editor

Último poste da série de 8 de Janeiro de 2019 > Guiné 61/74 - P19379: Parabéns a você (1556): António Murta, ex-Alf Mil Inf MA do BCAÇ 4513 (Guiné, 1973/74)

terça-feira, 8 de janeiro de 2019

Guiné 61/74 - P19381: In Memoriam: Os 47 oficiais oriundos da Escola do Exército e da Academia Militar mortos na guerra do ultramar (1961-75) (cor art ref António Carlos Morais da Silva) - Parte II: Abílio Eurico Castelo da Silva, cap inf (Chaves, 1925 - Cólua, Angola, 1961)




1. Continuação da publicação série respeitante biografia (breve) de cada um dos 47 Oficiais oriundos da Escola do Exército e da Academia Militar que morreram em combate no período 1961-1975. Trabalho de pesquisa do cor art ref António Carlos Morais da Silva, instrutor da 1ª CCmds Africanos, em Fá, adjunto do COP 6, em Mansabá, e comandante da CCAÇ 2796, em Gadamael, entre 1970 e 1972. 

Sobre o "massacre de Cólua", de 2 de abril de 1961, no norte de Angola,  vd. aqui mais informação. Sobre a posição atual de Cólua, na província do Uíge,  vd. aqui.

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Nota do editor:

Último poste da série  >  7 de janeiro de  2019 > Guiné 61/74 - P19378: In Memoriam: Os 47 oficiais oriundos da Escola do Exército e da Academia Militar mortos na guerra do ultramar (1961-75) (cor art ref António Carlos Morais da Silva) - Parte I: Apresentação

Guiné 61/74 - P19380: Em busca de... (292): Rui Manuel Soares de Campos Pessoa de Amorim, nascido em 1939, na Beira, Sofala, Moçambique, e jogagdor dos Juniores da AA Coimbra nas épocas de 1956 / 1958... Vamos realizar um próximo convivio, em data e local a marcar, de ex-jogadores da AA Coimbra (Fernando Natividade, Coimbra)

1. Mensagem do nosso leitor Fernando Natividade, a viver em Coimbra:


Date: domingo, 23/12/2018 à(s) 22:38

Subject: Convívio de ex-jogadores da A A Coimbra


Boa noite, caro Prof. Luís Graça.

As minhas desculpas por tomar a liberdade de utilizar o seu e-mail e tempo, mas faço-o porque tento localizar um colega futebolista que jogou também nas camadas jovens da Académica de Coimbra.

Esse "craque " chama-se Rui Manuel Soares de Campos Pessoa de Amorim, nascido em 18-03-1939 e natural de Beira, Sofala, Moçambique e jogou nos Juniores nas épocas de 1956 / 1958.

Assim e se lhe fôr possível, agradecia imenso que lhe fizesse chegar esta situação, já que vamos realizar um convívio com todos os " sobreviventes " em 2019 em local e data a marcar oportunamente.

Sou Fernando Natividade
Telem 912216783
f-natividad@hotmail.com

Coimbra

Obrigado

Boas Festas

Um abraço    

2. Comentário do editor LG:

Meu caro Fernando: não sei se é a  mesma pessoa que procura, mas encontrei na Net um a referência a Rui Manuel Soares de Campos Pessoa Amorim, e ao louvor que lhe foi atribuído pelo Ministro das Finanças... É uma pista, espero que seja útil. Bom encontro, bom convíviio em 2019.

Louvor 205/2007, de 15 de maio

O Dr. Rui Manuel Soares de Campos Pessoa Amorim deixou de exercer as funções de inspector-geral da Administração Pública por ter passado à situação de aposentação.

Assim, cessou funções na Administração Pública um dos mais brilhantes, dedicados e marcantes funcionários públicos das últimas décadas.

O seu contributo para a evolução da Administração Pública portuguesa é dificilmente igualável.

Exerceu funções dirigentes ininterruptamente desde 1971, sempre em departamentos relacionados com a definição e execução das políticas de administração e emprego públicos.

Foi director-geral do Serviço Central de Pessoal, num período em que liderou, com assinalável êxito, o processo de integração de funcionários regressados das ex-colónias, director-geral do Recrutamento e Formação da Administração Pública, do Emprego e da Formação e finalmente director-geral da Administração Pública. Foi secretário-geral do conselho superior da administração e da função pública e do conselho superior da reforma do Estado e da Administração Pública. Foi membro do conselho de administração do Instituto Europeu de Administração Pública.

Interveio activamente em inúmeros processos de reforma da Administração Pública, no plano legislativo e no executivo, em domínios relacionados com o regime jurídico dos funcionários e agentes da Administração Pública, a organização e dinâmica de quadros e carreiras de pessoal e a política e medidas de emprego público. Destacou-se nomeadamente a sua participação na concepção do novo sistema remuneratório, no desenvolvimento das técnicas de recrutamento e na formação dos funcionários públicos.

Por este brilhantíssimo percurso profissional e pelos relevantíssimos serviços prestados às administrações públicas, quase sempre com prejuízo da sua vida pessoal e, em alguns momentos, pondo em causa a sua própria saúde, é de justiça prestar-lhe este público louvor.

16 de Fevereiro de 2007. - O Ministro de Estado e das Finanças, Fernando Teixeira dos Santos.

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Nota do editor:

Último poste da série > 14 de novembro de 2018 > Guiné 61/74 - P19194: Em busca de... (291): Fotocines que tenham feito a guerra do ultramar,,,Contactos, precisam-se, de António Heleno (Lisboa) e Vicente Batalha (Pernes, Santarém) (Marisa Marinho, telem 969 321 386)

Guiné 61/74 - P19379: Parabéns a você (1556): António Murta, ex-Alf Mil Inf MA do BCAÇ 4513 (Guiné, 1973/74)

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Nota do editor

Último poste da série de 7 de Janeiro de 2019 > Guiné 61/74 - P19375: Parabéns a você (1555): Mário Lourenço, ex-1.º Cabo Radiotelegrafista da CCAV 2639 (Guiné, 1969/71)

segunda-feira, 7 de janeiro de 2019

Guiné 61/74 - P19378: In Memoriam: Os 47 oficiais oriundos da Escola do Exército e da Academia Militar mortos na guerra do ultramar (1961-75) (cor art ref António Carlos Morais da Silva) - Parte I: Apresentação



1. Mensagem do cor inf ref Morais [da] Silva

Data: 16 de dezembro de 2018 11:59

Assunto: Biografia (breve) de cada um dos 47 Oficiais oriundos da Escola do Exército e da Academia Militar que morreram em combate no período 1961-1975.

Caro Dr. Luís Graça

Anexo um documento que, finalmente, deu à luz em Novembro de 2018.

Trata-se da biografia (breve) de cada um dos 47 Oficiais oriundos da Escola do Exército e da Academia Militar que morreram em combate no período 1961-1975.

Se entender de interesse dá-lo a conhecer no seu blog (que continuo a acompanhar) faça o favor de o publicar.

Os meus cumprimentos

Morais Silva

Coronel António Carlos Morais da Silva
Amadora
www.moraissilva.pt


2. Comentário do editor Luís Graça:

Meu caro camarada, professor e vizinho:

Folgo em saber de si. Estou-lhe grato pelo seu trabalho de pesquisa, sobre os oficiais, oriundos da Escola do Exército e da Academia Militar, que morreram nos TO de Angola, Guiné e Moçambique, durante a guerra do ultramar, ou guerra colonial ou guerra de África, 1961/75...

Todos temos um dever de memória. enquanto militares ou ex-militares que serviram a sua Pátria. Muito me honra a sua distinção, oferecendo o seu trabalho para publicação no nosso blogue. Fico feliz por saber que, ao fim destes anos todos, ainda cointinua a "visitar-nos".

E,  já agora,  fica a saber que tem no nosso blogue 24 (!) referências com o descritor ou marcador cor Morais da Silva. E, no entanto, não integra a lista dos 783 membros da Tabanca Grande... 

Não é preciso lembrar que o ex-cap art António Carlos Morais da Silva tem um brilhante currículo militar no TO da Guiné, como  instrutor da 1ª CCmds Africanos, em Fá, adjunto do COP 6, em Mansabá, e comandante da CCAÇ 2796, em Gadamael, entre 1970 e 1972. 

Por todas estas razões e mais algumas, seria imperdoável não o convidar para integrar, de pleno direito, o blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné... Temos tudo para o apresentar, formalmente, ao resto da Tabanca Grande: só nos falta o seu consentimento (informado...) e uma foto... mais recente!...

A partir de hoje, damos início à publicação,  na integra, do seu valioso trabalho.  Para que os nosso bravos não fiquem na "vala comum do esquecimento"... LG
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Nota do editor:

(*) Vd. poste de 8 de julho de  2010 > Guiné 63/74 - P6690: O Nosso Livro de Visitas (93): Morais da Silva, de Fá a Gadamael (1970/72): Instrutor da 1ª CCmds Africanos, em Fá, adjunto do COP 6, em Mansabá, comandante da CCAÇ 2796, em Gadamael

(...) (i) Combati em Angola como Alferes (Lucusse e Ninda) e onde frequentei o curso de Comandos;

(ii) Regressei a Lamego onde fui instrutor de tropas Comando;

(iii) Parti para a Guiné em Setembro de 1970;

(iv) Fui instrutor da 1ª Comp Cmds Africana sobre combate de rua (Fá, Setembro/Outubro de 1970;

(v) Fui adjunto do COP 6 em Mansabá (estrada Mansabá-Farim) em Nov/Dez 70 e Janeiro de 71;

(vi) Avancei no fim de Janeiro de 1971 para o comando da CCaç 2796, em Gadamael, quando da morte em combate do seu comandante, meu camarada de curso e amigo Capitão de Infantaria Assunção Silva;

(vii) Fiquei, a meu pedido, no comando desta companhia até ao final da comissão em Outubro de 72.

Regressado à Metrópole...

(viii) Fui Comandante da 1ª Companhia de Alunos da AM [, Academia Militar];

(ix) A partir de 1978, com interrupções para fazer tempo de comando, tempo de guarnição e cursos (no IAEM e EUA), fui professor, na AM, de Tiro de Artilharia, Táctica de Artilharia, Geometria Descritiva e Investigação Operacional.

(x) A partir de 1991 mantive a cadeira de Investigação  Operacional  na AM e passei a colaborar com o Instituto Superior de Gestão onde regi a disciplina até 2005;

(xi) Por algum tempo, regi esta disciplina na Universidade Moderna e na UAL.


(xii) (...) divirto-me a manter o meu site de Investigação Operacional, em www.moraissilva.com (...)

Guiné 61/74 - P19377: Notas de leitura (1139): “Entardecer nos Rios da Guiné”, por Manuel Fialho; Narrativa, 2018 (Mário Beja Santos)


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 16 de Dezembro de 2018:

Queridos amigos,
É o terceiro romance de Manuel Fialho, um novo retorno à Guiné, a Farim e ao mundo Mandinga. Envelheceu, ex-franciscano, despojou-se de todos os seus bens, entregou o seu património ao filho Francisco, fruto da sua relação com uma Mandinga. Como a ficção permite ir muito mais longe do que a nossa pobre lógica consente, Miguel Lúcio vai reencontrar uma paixão proibida, vivida em Assis, antes de ser capelão na Guiné. O desfecho é imprevisível, é segredo guardado para o leitor. Viajam pela região, percorrem a bolanha de Cufeu, vão até Guidage, ele conta à freira os dramas que aqui se viveram, algures em maio de 1973. É o entardecer da vida nesta literatura de regressos, em que estamos todos comprometidos.

Um abraço do
Mário


Entardecer nos rios da Guiné, por Manuel Fialho

Beja Santos

Manuel Fialho é, em termos da literatura da guerra da Guiné, um reincidente. Estreou-se com “Além do Bojador”, de que já se fez menção no blogue, seguiu-se “O Malinké”, do qual em breve se falará e foi publicado em abril de 2018 pela Editora Narrativa este “Entardecer nos Rios da Guiné”. Há um fio condutor, Miguel Lúcio combateu na Guiné na região de Farim, decorrido meio século, este ex-franciscano e ex-capelão que viveu em Farim, agora aposentado pela Universidade de São Paulo, recém-viúvo, regressa à Guiné, escolheu viver os seus últimos anos em território Mandinga, Binta, junto ao rio Cacheu, na casa da sua mulher, foi amor de capelão militar com Binta, como se descreveu em “Além do Bojador”.

Vive na austeridade o seu entardecer da vida, ouve cassetes, tem preferência pelos solos de oboé, e num certo entardecer aguarda a vinda do seu filho, de nome Francisco, vem na companhia de um grande amigo e camarada de armas da guerra da Guiné, também chamado Miguel, assim se inicia o romance contado na primeira pessoa do singular. Do seu amor por Binta, uma Mandinga, nasceu Francisco, bem-sucedido nos estudos e na profissão.

Miguel é um homem cheio de recordações. Estudou Teologia e História em Roma, aí conheceu Geneviève, uma freira, que muito amou numa discrição total. E eis que encostou ao velho cais uma lancha que traz Miguel e o filho do ex-capelão. Porque Miguel Lúcio escolheu aquele local? Ele responde que a preferência deve-se na procura de compreender o seu último percurso e por haver maior proximidade à memória da mulher que ele tanto amou. “Estava convicto que seria na observação dos comportamentos dos nativos onde eu poderia encontrar as razões mais remotas que me ajudariam a compreender a natureza humana. Dissimulava o vagar do tempo ouvindo algumas preferências musicais num velho gravador e leitor de cassetes a pilhas”. Miguel e a sua mulher Mandinga conheceram a felicidade por mais de quarenta anos. Estudou a velha África, a África dos grandes impérios do Gana e do Mali. É com alegria que recebe o filho e o seu maior amigo e combinam partir cedo na manhã seguinte para Farim. Na viagem lembram-se episódios da guerra que eles viveram e em Farim o passado de meio século reaviva-se: “Pisámos o chão vermelho batido pelo tempo. Miguel procurava sinais da época em que por ali andáramos. À direita, o conjunto da enfermaria e intendência militares e da velha piscina, todos em ruínas. Em frente, do outro lado, a central elétrica, cujo total abandono testemunhava o apagão generalizado a todo o território da Guiné. Levei-o à casa do médico, ali perto, a mesma casa em que ficavam os médicos de todos os batalhões que tinham passado por Farim. Mantinha-se cuidada, embora com a exígua mobília reduzida ao indispensável. O médico era um cubano, era de poucas falas. O português parecia já perdido por ali, falado por muito poucos e nem era ensinado nas escolas”. A visita prossegue, lembram-se mortos e feridos, a ponte de Lamel, os ataques a Farim, assim chegam à antiga administração onde são reconhecidos por velhos guineenses.

Os dias passam, viaja-se de jipe a Genico, Cufeu, Ujeque e Guidage, por ali os dois ex-combatentes de nome Miguel andaram meio século antes, recorda-se o fatídico mês de maio de 1973, sobretudo os acontecimentos sanguinolentos na bolanha de Cufeu, aqui nascera uma nova tabanca depois da guerra, havia mesmo uma mesquita. Visitam Guidage, assaltam recordações daqueles tempos horríveis de maio de 1973.

O amigo Miguel regressa a Lisboa, o ex-franciscano ainda trava com ele uma longa conversa de caráter filosófico, volta a ficar só, vai visitar o sogro, de nome Malan, este recomenda-lhe que volte a casar. Depois visita a missão católica, descobre que existe uma irmã recém-chegada, de nome Geneviève, acicata-lhe a curiosidade, afloram-lhe lembranças de Roma, começa a buscá-la pela região de tabanca em tabanca, entretanto adoece com malária, recupera e é visitado pela irmã Geneviève, afinal ela era a jovem clarissa que todas as manhãs vinha à porta do Convento S. Damião. É uma bonita história de amor de dois velhotes, paixão assolapada, a irmã Geneviève tudo fizera para chegar à Guiné quando soube pelo padre da missão que ali vivia o ex-franciscano Miguel Lúcio, ainda por cima viúvo. A freira declara-se. Tudo irá acabar numa tragédia, aqui não se conta o como e porquê, é um direito que assiste ao leitor.

Está dito e redito que esta literatura da guerra é um regresso permanente. A linha preponderante da narrativa atual é das memórias, muito menos a do romance. Causa surpresa ver Manuel Fialho a regressar com uma certa regularidade a Farim, tudo começou com um romance de amor e aqui temos um desfecho à volta da redescoberta do seu primeiro amor, o reencontro totalmente imprevisto com a clarissa que ele conhecera em Assis antes de vir para a Guiné, fora uma paixão proibida. É um evidente pretexto, o que é verdadeiramente importante é o regresso, como ele confessa:
“Optei pela nossa primeira casa, à beira do Cacheu e do magnífico terreiro onde as sombras das grandes árvores suavizam o bafejar quente e húmido das longas tardes, acolhendo a pequena tabanca Mandinga de crença islâmica. Preferi este lugar, na convicção de encontrar aqui a melhor escolha para compreender o meu último percurso e também pela maior proximidade à memória da minha mulher. Vivia junto dos nativos, onde eu queria encontrar as origens que as razões mais autênticas para refletir com mais liberdade sobre a condição humana”.

É também um outro modo de explicar como a memória tantas vezes fala mais forte e os antigos combatentes, sequiosos daquela laterite e daquela atmosfera onde se fizeram homens e tantas vezes ali viveram o acontecimento supremo das suas vidas, partem em romagem, como em romagem anda este Miguel Lúcio, embevecido com o entardecer nos rios da Guiné.
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Nota do editor

Último poste da série de 6 de janeiro de 2019 > Guiné 61/74 - P19373: Notas de leitura (1138): "Voando sobre um ninho de Strelas": o autor dá-nos a dimensão do esforço dos bravos da Força Aérea, desde o piloto ao cabo mais simples, passando pelas enfermeiras paraquedistas, mostrando-nos toda a sua disponibilidade e entrega, mau grado as condições adversas em que viviam e, obviamente, o enorme risco de vida que corriam (Joaquim Mexia Alves, régulo da Tabanca do Centro)

Guiné 61/74 - P19376: O nosso blogue em números (58): em 2018, tivemos 3900 comentários, uma média de 3,3 comentários por poste... Voto para 2019: recuperar a média de 2015, de 4 comentários por poste...



Fonte: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2019)


1.  Relativamente ao ano anterior  estamos com dificuldade em apurar o número exato de comentários que forem feitos aos 1189 postes publicados. O nosso servidor só nos permite listar os últimos mil, o que corresponde aos postes publicados deste 17 de outubro último até hoje, Há um problema técnico que que ainda conseguimos resolver... 

Podíamos somar os comentários um a um, o que seria trabalhoso. Utilizámos uma amostra dos 400 primeiros postes, a que correspondem 1177 comentários, e dos 243 últimos (de 17/10 a 31/12/2018), a correspondem  935 comentários...

O número de comentários, em 2018, não terá diferido do ano passado: aplicando a regra de três simples, deu-nos um total de 3923 comentários. A dividir por 1189 postes, temos uma média de 3,3 comentários por poste.

No final de 2017, o número de comentários tinha  atingido, no final do ano de 2017 um total de 70700. Com mais 3900 em 2018, teremos um total de 74600.  O número de comentários (, tal como o número de postes)  tem vindo a decrescer desde 2010 (Gráfico 6).

O número médio de comentários por poste, em 2017, foi o mesmo (3,2) do ano de 2009 (Gráfico 7). O recorde é 6 comentários, em média, por poste, nos anos de 2011 e 2012 em que publicámos um total de 1756 e 1604 postes, com 11 mil e 10,5 mil comentários, respetivamente... Em 2018 terá uma ligeira melhoria, com um número médio de 3,3 comentários por poste.

Os 74600 comentários registados no nosso blogue estão "limpos" de SPAM (mensagens não desejadas, publicitárias e outras), que é uma das pragas com que tivemos de lidar no passado. O nosso servidor, o Blogger, tem um sistema muito eficiente de filtragem de mensagens não desejadas, na caixa de comentários, se bem que isso possa inibir ou desmotivar alguns leitores, menos familiarizados com este procedimento.

2. Qualquer leitor, mesmo não registado no Blogger ou sem conta no Google, pode comentar como "anónimo"... As nossas regras exigem, no entanto, que no final da mensagem deixe o seu nome. Como "anónimo", o leitor terá sempre que "clicar" na caixa que diz "Nâo sou um robô"... (Ver exemplo abaixo.)

O ideal é usar a conta do Google: toda a gente um endereço de @gmail... Os comentários dão mais vida ao nosso blogue!...

Recorde-se que uma parte desses comentários pode dar (e tem dado) origem a postes, por iniciativa em geral dos editores mas também, nalguns casos, por sugestão dos autores. Por outro lado, alguns leitores queixam-se de terem perdido extensos comentários, certamente por terem tocado numa tecla errada... Nestes casos, é preferível escrever o texto em word, à parte  e no fim, fazerr "copy & paste"... É mais seguro...

Em 2019, para comemorar os 15 anos de existência do blogue,  vamos aumentar a atividade dos comentadores... Esperemos que se atinja pelo menos a média de 2015, de 4 comentários por poste... Camarada, não te inibas: escreve, na caixa de comentários, só para dizer que concordas ou discordas em relação ao que foi dito... No Facebook, sabemos que é mais fácil: gostas, não gostas, é tudo instantâneo como o pudim flã...

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Notas do editor:

Guiné 61/74 - P19375: Parabéns a você (1555): Mário Lourenço, ex-1.º Cabo Radiotelegrafista da CCAV 2639 (Guiné, 1969/71)

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Nota do editor

Último poste da série de 6 de Janeiro de 2019 > Guiné 61/74 - P19369: Parabéns a você (1554): Paulo Santiago, ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 53 (Guiné, 1970/72)

domingo, 6 de janeiro de 2019

Guiné 61/74 - P19374: Estou vivo, camaradas, e desejo-vos festas felizes de Natal e Ano Novo (16): Prometo dar mais uma volta ao meu baú... (António Ramalho, ex-fur mil at cav, CCAV 2639, Binar, Bula e Capunga, 1969/71)





Lisboa > MNAA - Museu Nacional de Arte Antiga > 6 de janeiro de 2019 > Detalhes do "Presépio dos Marqueses de Belas" > Sala do Presépio Português, que dá acesso à  famosa Capela das Albertas. A peça central é o "Presépio dos Marqueses de Belas", com cerca de 3 centenas de figuras, um dos maiores presépios portugueses a seguir ao da Basílica da Estrela.

Aqui não faltam os Reis Magos, incluindo o Baltasar, o negro que passou a representar a África, para mostrar a "universalidade" do cristianismo... Neste presépio,  ele aparece dentro de uma tenda, "a espreitar", montado num elefante!... Deliciosa iconografia!... Dizem que foi Machado de Castro (1731-1822) o primeiro escultor a fazer um rei mago negro, uma ousadia para a época...

O "Presépio dos Marqueses de Belas" é uma  encomenda  de finais do século XVIII,  feita pelo colecionador José Joaquim de Castro ao escultor e presepista Barros Laborão (1762-1820). Foi acabada em inícios do séc. XIX sob a direção deste. Sofreu recentemente um complexo trabalho de restauro de cerca de 6 meses. envolvendo uma meia dúzia de técnicos. Assisti hoje, embevecido a uma visita guiada orientada para crianças... E fiquei rendido ao nosso presépio português barroco (sec. XVII e XVIII) e grato à dedicação e competência dos trabalhadores do MNAA, agora renovado mas sempre a lutar com inúmers dificuldades (a começar pela falta de recursos humanos e financeiros)... Enfim, uma boa notícia,  em dia de Reis, a (re)abertuda sala do Presépio Português e da Capela das Albertas... Tive igualmente o privilégio de ver "ao vivo"  o célebre quadro a óleo, "Adoração dos Magos", de Domingos Sequeira (1768-1837), recentemente adquirido pelo MNAA por "crowdfunding"... Trata-se de uma obra-prima da pintura portuguesa que estava nas mãos de privados...

Enfim, amigos e camaradas, o MNAA é um espaço nobre da cidade que merece ser melhor e conhecido e acarinhado por todos nós!...E tem um ótimo restaurante com esplanada e um belo jardim  com vista para o Tejo e para o nosso "saudoso" Cais da Rocha Conde de Ódibos... Tomem boa nota, camaradas e amigos, partilhem a informação... e deem mais corda aos sapatos em 2019!

È também uma forma do nosso blogue agradecer a todos os amigos e camaradas da Guiné que nesta longa quadra festiva quiseram honrar-nos com os seus votos de Bom Natal e Feliz Ano Novo... Não vamos citá-los a todos, porque corríamos o risco de deixar sempre alguém de fora. De grande parte parte publicámos as suas mensagens em duas séries (vd. marcador Boas Festas 2018/19). O último texto a ser publicado, em princípio, será o do António Ramalho.

Fotos de Luís Graça (2018), com a devida vénia ao MNNA, detentor da obra e dos seus direitos de imagem...

1. Mensagem de António Ramalho, ex-fur mil at cav, CCAV 2639 (Binar, Bula e Capunga, 1969/71), natural da Vila de Fernando, Elvas, membro da Tabanca Grande, com o nº 757:


Date: sábado, 5/01/2019 à(s) 15:57

Subject: Um excelente 2019 para todos!

Caro Luís, boa tarde.

Consulto diariamente o nosso blogue, todavia não tinha a noção que tinham decrescido os "postes". (*)

Presumo haver imenso material interessante nos baús, irei dar mais uma volta ao meu! Presumo que algum desapareceu ou foi destruído.

Acho interessantíssimos os textos publicados, cada um em seu estilo, leio-os todos.

Também noto que da minha Companhia [, a CCAV 2639,]  além de mim, do Mário [Lourenço] e do Vitor Garcia não aparece mais ninguém, mas há Net em todo o país!

O meu tempo continua escasso pelos compromissos assumidos e com a chegada de mais uma neta, contudo conto estar presente num próximo almoço da Tabanca da Linha.

Não sei se por lapso ou esquecimento deveria ter informado da data do meu nascimento - 3 de Janeiro de 1948 - o mesmo dia de Michael Schumacher, sou um fã da F1.

A foto com que me identificam com o ontem e hoje tem uma história, no próximo almoço eu conto-te.

Façam favor de continuar e progredir pois há por aí gente muito capaz!


Renovo os meus votos de um Bom Ano Novo para todos.

Um forte abraço

António Fernando Rouqueiro Ramalho (membro da Tabanca Grande nº 757)
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Guiné 61/74 - P19373: Notas de leitura (1138): "Voando sobre um ninho de Strelas": o autor dá-nos a dimensão do esforço dos bravos da Força Aérea, desde o piloto ao cabo mais simples, passando pelas enfermeiras paraquedistas, mostrando-nos toda a sua disponibilidade e entrega, mau grado as condições adversas em que viviam e, obviamente, o enorme risco de vida que corriam (Joaquim Mexia Alves, régulo da Tabanca do Centro)


Lisboa > Hotel Travel Park > 11 de dezembro de 2018 > Sessão de apresentação do livro "Voando sobre um ninho de Strelas" > O autor, António Martins de Matos, à esquerda, tendo a seu lado o Joaquim Mexia Alves, "régulo" da Tabanca do Centro e um dos três apresentadores do livro... Os outros dois foram   os editores dos blogues Especialistas da B12 Guiné 65/74,  e  Luís Graça & Camaradas da Guiné, respetivamente Victor Barata e Luís Graça (*).

Foto: © Miguel Pessoa (2018). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem; Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Por amável cortesia do autor, Joaquim Mexia Alves, reproduz-se a seguir o texto (ou "nota de leitura") que o nosso camarada e amigo leu na sessão de apresentação do livro do António Martins de Matos, no passado dia 11 de dezembro (*):

Escuso-me de fazer cumprimentos formais.
Capa do livro do António Martins
de Matos, "Voando sobre um ninho
de Strelas"  (Lisboa, BookFactory, 2018,
 375 pp.) 
Pode ser omprado online.
  através da loja "Pássaro de Ferro":
preço de capa com portes incluidos: 20 €;
  para saber  mais, carregar aqui
Uma palavra apenas de cumprimentos aos meus colegas de mesa, muito especialmente ao António Martins Matos, autor do livro e meu amigo, o que com orgulho afirmo.

O António Martins Matos é um homem desassombrado, frontal, sincero, honesto, consigo próprio e com os outros, (especialmente com os seus amigos), e que não se preocupa, nem tem receio do “politicamente correcto”, dizendo sempre aquilo que são os factos e a sua opinião sobre eles, sem medo de que possa “ficar mal”.

Por isso mesmo, este é um livro que apresenta todas essas qualidades, quanto a mim, claro, pois é um livro desassombrado, sincero, frontal, onde o autor não se coíbe de apresentar factos, emitir opiniões e, como se costuma dizer em português corrente, “chamar os bois pelo nome”, sejam eles do passado ou do presente.

E é um livro que se lê num só folego, porque o António não escreve, fala connosco e conta-nos a sua história, as suas histórias, no tom coloquial directo que quem o conhece, lhe reconhece.

Mas não se pense no entanto que, por causa do atrás afirmado, o António não se deixa levar pelos sentimentos, pela emoção, pela delicadeza, o que está bem presente no episódio que conta sobre a enfermeira paraquedista Maria Celeste Costa, que ele termina com uma frase cheia de significado: «O hélice continuava a rodar…»

Para além de tudo o que esta frase significa de sentimento e delicadeza, tem também um ensinamento, que a nós vulgarmente chamados “tropa do chão”, não nos deve passar desapercebido e que é a referência ao hélice no masculino.

Com efeito o António ao longo do livro vai-nos ensinando os termos da Força Aérea e não só, que a alguns de nós, “tropa do chão”, são desconhecidos e por isso mesmo por vezes causam pequenas irritações nos Pilotos da Força Aérea, o modo como nos expressamos em relação aos aviões, avionetes e outros mimos como estes.

Eu por acaso até tenho alguma formação na coisa, dados os muitos fins de tarde passados na Esquadra dos Falcões em Monte Real, em alegres convívios, (para não dizer mais), em que volta e meia lá me diziam que eu já devia ter aprendido tais nomenclaturas.

Esses fins de tarde até deram origem a um vôo de A7P, pilotado pelo “Fininho”, não o citado no livro, mas outro que também esteve na Guiné, e que é uma das coisas da minha vida que nunca esquecerei.
Mas continuemos no livro.

Se esperam de mim uma recenção literária de fino recorte e saber, desiludam-se, porque para tal não tenho engenho nem arte e este livro é, pelo menos para mim, demasiado terra-a-terra, no bom sentido, claro, e como tal merece muito mais que fale do coração do que do intelecto. (**)

Uma das muitas coisas que retiro deste livro é a forma como o mesmo se vai desenvolvendo, a mobilização, a chegada, o ajustamento às circunstâncias, o tirar partido do pouco ou muito que se tem à disposição, a experiência que o vai tornando veterano e a partida e chegada ao ponto de origem.

É que ao lê-lo também eu fui sendo conduzido pelo mesmo caminho e a atravessar memórias que estavam guardadas há muito cá dentro, na cachimónia.

E o António vai-nos brindando com expressões de humor, do melhor humor português, aquele que se faz de subentendidos, de tiradas maliciosas sem o serem verdadeiramente, aquele humor tão bem identificado nos velhos filmes portugueses, e que hoje se perdeu, para se transformar em rebaixaria e outras coisas que tais.

Claro que o António nos fala da guerra, não só da sua, mas da de todos nós, e não se coíbe de apresentar factos e deles tirar ilações lógicas, opiniões fundamentadas, não tendo receio de afirmar o que muitos sabem, mas têm medo de afirmar porque não estão em consonância com o pensamento uniformizador que hoje em dia, (e já do anterior tempo), se pretende instalar nas cabeças entorpecidas pela apatia e o comodismo individualista.

Por causa da minha ligação à Força Aérea atrás referida, (até tenho um irmão que foi Piloto no tempo da famosa Base de Sintra), sempre tive por aquela gente uma grande admiração e sempre soube e percebi da sua generosidade e disponibilidade para os outros, mas a verdade é que ainda hoje em dia, (e naqueles tempos também), para muitos a Força Aérea pouco ou nada fazia, não chegava quando era precisa e, mais ainda, protegiam-se, não se colocando em risco demasiado.

Neste livro o António dá-nos a dimensão do esforço dessa gente da Força Aérea, desde o Piloto ao Cabo mais simples, passando pelas enfermeiras paraquedistas, mostrando-nos toda a sua disponibilidade e entrega, mau grado tantas condições adversas que viviam, e, obviamente o enorme risco de vida que corriam.

Nós, “tropa do chão”, temos que reconhecer todo o trabalho que esta gente do ar nos prestou na Guiné, e não só, e percebermos que muitos de nós, provavelmente estamos vivos, porque alguém da altura dos céus da Guiné nos protegeu e ajudou.

Fala-nos também do Ten Cor José Almeida Brito, primeiro Piloto a falecer por causa do míssil Strela, com a voz repassada de orgulho, mas também de indignação, pelo modo como foi tratado todo aquele processo, para não lhe chamar outra coisa.

E mais à frente volta ao tema, (que quem me conhece sabe que piso e repiso, infelizmente sem grande sucesso), do abandono dos corpos dos militares falecidos por terras de África, e também ao abandono dos militares africanos que juraram a mesma Bandeira Portuguesa, como nós e foram abandonados à sua sorte madrasta, que culminou para uma grande parte deles no fuzilamento pelos novos senhores dos novos países.

E depois leva-nos a pensar nesta coisa de sermos combatentes, do tal Dia dos Combatentes, permanentemente enxovalhados por uns sujeitos que fazem uns discursos, (tipo palmadinha nas costas), para nos adormecer e manter caladinhos, até porque já faltam poucos anos para todos desaparecermos da história dos vivos e assim tudo fica resolvido: “Tudo como dantes, quartel general em Abrantes”!

Chama a sua filha para nos falar dos medos, das ansiedades, das recordações da guerra e nos lembrar que ainda há tantos que sofrem na pele, no seu dia-a-dia todos esses problemas, abandonados a maior parte das vezes por um Estado que nem quer ouvir falar deles, mas que tem recursos, pelos vistos, bastos e disponíveis para aqueles que, perdoem-me a nota humorística, dele se servem, perdão, queria dizer, ou talvez não, o servem.

A sua filha diz mesmo que um “dos factores determinantes para a capacidade de resiliência mental do ser humano é sentir-se amado".

Se aqueles que sofrem ainda a guerra poderão ser amados pelos seus familiares, não o são com certeza pelo Estado que serviram, aliás, não só não são amados como nem sequer reconhecidos.

Mais uma vez peço perdão pelas minhas palavras, mas quando nos recordam a guerra e os nossos camaradas de armas como tão bem o António nos faz neste livro, também eu parto para a frontalidade e não me consigo calar.

Por isso, obrigado, António!

Para finalizar uma nota de humor!
Ao chegar ao fim do livro e perante os anexos não pode deixar de sorrir ao ver nos documentos ali retratados o carimbo de Muito Secreto!!!

E eu que pensava que secreto era secreto, mas pelos vistos, também há o muito secreto!

Termino contando-vos um segredo, mas este classificado como pouco secreto:

O António Martins Matos tem neste livro uma obra acabada, mas que não acaba, porque continua viva dentro de nós combatentes.

Por isso mais uma vez: Obrigado, António!