domingo, 4 de junho de 2017

Guiné 61/74 - P17429: Convívios (806): Reencontro de companheiros ex-combatentes da 2.ª Companhia do BCAÇ 4512/72, Jumbembém e Farim, levado a efeito no passado dia 27 de Maio, em Fátima (Manuel Luís R. Sousa)


Reencontro de companheiros ex-combatentes
2.ª Companhia do BCAÇ 4512, 
Jumbembém e Farim
Fátima, 27-05-2017








O nosso companheiro Manuel Sousa no uso da palavra, prestando tributo, em nome dele e de todos, ao anfitrião organizador "vitalício" dos reencontros daquela ex-subunidade, o António Bastos, cujo discurso abaixo se transcreve.

O anfitrião António Bastos, companheiro de armas como enfermeiro

Teixeira, o "Mirandela", com o Manuel Sousa


O nosso amigo Cabrita Lopes, de Faro, a manifestar o desejo que o próximo encontro fosse naquela cidade. E vai ser. Ele e outro companheiro, o Bagarrão, merecem, porque sempre têm comparecido nos encontros, até agora realizados no centro e Norte do país.

Bolo Comemorativo

A menina da cesta dos chocolates, 13 Kg em pequenas tabletes, vindos expressamente da Suíça, com que nos brinda todos os anos, tal como o pai o fazia antes de falecer. Era um dos nossos companheiros que também se chamava Sousa

Fotos: © Manuel de Sousa e Eduardo Silva

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Tributo ao nosso irmão de armas, António Bastos

"...De manhã, bem cedo, cerca das seis horas, ouviu-se o trabalhar dos motores das caterpilares berlietes a aproximarem-se das casernas que nos iriam transportar até ao aeroporto de Bissalanca. Toda a bagagem foi carregada rapidamente e, ao romper da aurora, após todos os militares terem tomado os seus lugares nas viaturas, a coluna seguiu em direcção ao aeroporto, que se situava a cerca de dez quilómetros de Bissau.
Chegados ali cerca de meia hora depois, já com a luz do dia, aguardámos ansiosamente a chegada do avião, visto que ainda não se encontrava na placa do aeroporto, e aproveitámos o momento para, pela última vez, no que respeita a todos os elementos do meu 3.º pelotão, posarmos para uma fotografia.
Pouco depois tomámos o avião que entretanto aterrou, integrados num contingente de cerca de duas companhias, aproximadamente trezentos militares, que completaram a lotação do aparelho.
Cerca das oito horas descolámos em direcção ao Céu.
É indescritível a emoção sentida.
À medida que o avião tomava altura durante duas ou três voltas em espiral, tive oportunidade de ver pela última vez o chão vermelho da Guiné, as palhotas das tabancas, semelhantes a cogumelos, a vegetação, o traçado rectilíneo das picadas.
Pouco depois, avistavam-se as alinhadas avenidas de Bissau a convergirem para a rotunda do palácio do governador na Praça do Império e o salpicado do rio Gêba pelas ilhas do arquipélago dos Bijagós. Rapidamente o avião se envolveu entre o céu e o mar, ficando assim para trás aquela terra de África, pela qual inutilmente lutámos sob sacrifícios inumanos, que nos arrebatou inapeladamente alguns companheiros de armas, cujos lugares naquele avião, mesmo com a lotação esgotada, sentia que estavam de vago..."

Este excerto do meu livro "PRECE DE UM COMBATENTE" descreve a nossa partida da Guiné.
Portanto, se bem vos lembrais, foi em finais de Agosto de 1974 que o Batalhão 4512, a que pertencíamos, sediado em Farim, Guiné, terminava o serviço de campanha militar de dois anos, 1973 e 1974, que coincidiu com a independência daquela ex-província ultramarina.

Todos nós que fazíamos parte daquele contingente militar, e refiro-me particularmente aos que integrávamos a 2.ª Companhia sediada em Jumbembém, física e psicologicamente marcados pelos momentos difíceis da guerra, pondo um ponto final ao convívio de que resultou a nossa amizade cimentada por todas as dificuldades que tivemos em comum durante aquele período, regressámos às nossas origens, de onde, dois anos antes, tínhamos partido.
Retomámos então os projectos de vida interrompidos aquando da nossa partida, que começou, na maior parte dos casos, pela constituição de família após o regresso. Depois, cada um, com o aparecimento dos filhos, no seu quotidiano, foi fazendo pela vida. Uns nas suas terras de origem, outros dispersando-se pelo país e mesmo pelo estrangeiro, comendo, tantas vezes, o "pão que o diabo amassou" para singrarem na vida e, no fundo, para garantirem o sustento dos seus.
Paulatinamente os anos foram-se sucedendo e, porque eles não perdoam, já grisalhos, carecas e entradotes, a saudade desses nossos companheiros de guerra começou a ser a nossa companhia diária, almejando cada um de nós o reencontro, já que não fosse possível com todos, pelo menos com alguns.

Aí por 1995, vinte anos depois do regresso, como comandante do posto da Guarda Nacional Republicana de Vila do Conde, conversava com um soldado do posto de Póvoa de Varzim, ali muito próximo, que veio trazer correspondência trocada entre os dois postos, o Alves, em que este me disse que era natural de Pevidém, Guimarães.
Com alguma ansiedade, confesso, referi-lhe que tinha tido por companheiro de armas na Guiné o Avelino de Abreu Teixeira, o nosso "ovelha", perguntando-lhe se o conhecia e manifestando o desejo de me reencontrar com ele.
Para minha felicidade, ele conhecia-o porque era seu vizinho. Prometeu-me que lhe iria falar de mim, logo que o encontrasse.
Pouco tempo depois, no posto de Vila do Conde, foi-me anunciado pelo pessoal de serviço a chegada do nosso "ovelha".

Finalmente o reencontro dos dois "guerreiros", com um longo, apertado e emocionado abraço, seguido das incontornáveis conversas sobre experiências comuns de guerra, e não só, em Jumbembém que nunca mais tinham fim. Através dele tive conhecimento de que alguns companheiros, em que ele estava incluído, por iniciativa do Bastos, que eu conhecia com um dos enfermeiros da companhia, já se vinham encontrando anualmente desde alguns anos.

Pouco tempo depois, ali estava também o António Bastos, alertado pelo Avelino de Abreu Teixeira, onde selámos esse nosso reencontro também com um afectuoso e prolongado abraço.
Em 1996, na zona de Famalicão, no próximo encontro de muitos dos companheiros, para mim o primeiro, coordenado por ele, já estive presente.

Graças a ti, companheiro António Bastos, e era aqui que eu queria chegar, pela tua persistência em nos "pescar" um a um, pelo teu altruísmo, abnegação, paciência, empenho, e muita "pachorra" até, foi possível reunir toda esta nossa segunda família ano após ano, e pela parte que me toca, já lá vão vinte, mantendo inquebrantáveis os laços de amizade que nos unem desde há tantos anos, e que cada vez são maiores pela proeminência das nossas barriguinhas.
Por tudo isso, meu caro amigo e irmão de armas, és merecedor da minha maior admiração e sincero respeito, que é comum, estou certo disso, a todos os nossos companheiros.

Devíamos-te este singelo tributo.
Seríamos ingratos se o não fizéssemos.
Obrigado Bastos.
Orgulhamo-nos de te ter como o nosso competente e dedicado anfitrião.

Fátima, 27 de Maio de 2017
Manuel Luís Rodrigues Sousa(1)
(Sousa do 3.º pelotão)
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Notas do editor

(1) - Manuel Luís R. Sousa foi Soldado Atirador na 2.ª CCAÇ / BCAÇ 4512/72, (Jumbembem e Farim, 1972/74), é actualmente Sargento-Ajudante da GNR na situação de Reforma.

Último poste da série de 31 de maio de 2017 > Guiné 61/74 - P17414: Convívios (805): Rescaldo dos Encontros do pessoal da CCAÇ 617; Pel Mort 942 e BCAÇ 2885 (João Sacôto / César Dias)

Guiné 61/74 - P17428: Blogpoesia (512): "Hora da sorte"; "Convénio de gansos" e "Renegado...", poemas de J.L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728



1. Do nosso camarada Joaquim Luís Mendes Gomes (ex-Alf Mil da CCAÇ 728, Cachil, Catió e Bissau, 1964/66) três belíssimos poemas, da sua autoria, enviados entre outros, durante a semana, ao nosso blogue, que publicamos com prazer:


Hora da sorte

Nem sempre para o céu.
Também é bom olhar para o chão.
Até para não tropeçar.
Desta vez, foi outra razão.

Ia eu pelo meu caminho.
Vendo as pombas a debicar.
Os passaritos sempre a pular.
Um canito esperto, preso à trela.

Ouvindo o ribombar dum avião.
Olhando as folhas ao alto a baloiçar.
Uma canadiana em cada mão.
Passo a passo, em certeiro toque.

De repente, olhei para o chão.
Dobradinha em duas dormia uma nota.
Era verdinha. De cinco euros.
Reclinei-me a custo.
Perdera o dono...

Já deu para o pequeno-almoço.
Bem saboroso...
Aqui no bar.

Bar do Reicheld, Berlim 3 de Maio de 2017
9h17m
Jlmg

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Convénio dos gansos

Grande barafunda à tona do lago manso,
Quando cheguei pela manhã.
Muito grasnavam os doze gansos.
Irrequietos, descreviam arcos,
Semeavam rastos que se entrecruzavam.
Uma confusão.

Nem deram por mim ao pé.

Peguei numa pedra e joguei ao lago.

Fez-se o silêncio.
Ficaram atónitos.
Nunca tal lhes acontecera.

Se aproximaram ao centro.
Não sei o que disseram.

De repente, levantaram voo
Como aviões.

Formaram em V.
O chefe à frente.
Subindo alto,
Foram sobre o arvoredo,
Na direcção do regato.

Apenas ficou um,
Indiferente a tudo,
Pernas altas,
Um pescoço esguio,
Parecia uma garça.

Apontou o bico
E desfechou um golpe.
Caçada certeira.
Que grande peixe,
Atravessado.

Segui meu caminho.
Quando arribei ao riacho,
Mais a montante,
Ali vinham os gansos,
Bem perfilados,
Em direcção ao lago
Onde são reis...

Bar dos motocas, arredores de Berlim,
31 de Maio de 2017
9h02m Jlmg

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Renegado...

Hoje, o tempo trocou-me o sol por chuva.
Um renegado.
Está de cinza o céu em vez de oiro.
Por isso o cuco chora.
Queria cantar.
Foi-se embora a cor
Que tudo cobria.
O rubro é roxo
E o verde é preto.
Ficou lento o dia.
Nem o vento sopra.
Quem me dera a noite
Para repor o sol.

Bar dos motocas, 4 de Junho de 2017
10h10m
Jlmg
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Nota do editor

Último poste da série de 28 de maio de 2017 > Guiné 61/74 - P17404: Blogpoesia (511): "A força mágica de um sorriso"; "Delírios de pão e paz..." e "Serenas e átonas", poemas de J.L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728

sábado, 3 de junho de 2017

Guiné 61/74 - P17427: Banco do Afecto contra a Solidão (22): Notícias do antigo 1º sargento da CCAÇ 1419 (1965/67) e da CCAÇ 2312 (1968/69), e cofundador da ONG Ajuda Amiga, António Joaquim Lageira: deixou de comparecer aos convívios anuais e estava num lar do exército, em Oeiras, em 2015 (Ana Pacheco / Carlos Fortunato)


Lisboa > 19/4/2008 > Grupo fundador da ONG Ajuda Amiga (*) :

(i) de pé da esquerda para a direita: Manuel Pais e Sousa (CCav 1650), Rogério Marques Freire (CArAntónio Joaquim Lageira (CCaç 1419 e Caç 2312) [, foto à direita],  Adrião Lourenço Mateus (CArt 1525), António Jesus Picado Magalhães (CArt 1525);
t 1525) Eurico Caeiro Lavado (CCaç 1419), Júlio da Silva Esteves (CCaç 816) Carlos Manuel Rodrigues Bernardes (CCav 1650),

(ii) em baixo da esquerda para a direita: Manuel Joaquim (CCaç 1419), Carlos Silva (CCaç 2548),  José Riço  (CCav 1650) e Carlos Fortunato (CCaç 13).

Foto (e legenda): Ajuda Amiga [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradasa da Guiné] 



1. A Ana Pacheco (Anita), filha de um camarada nosso, escreveu-nos no dia 1 a seguinte mensagem;

Boa tarde,

Desculpe estar a incomodar, mas precisava da sua ajuda. 
O meu pai, João Gonçalves Pacheco, esteve na Guiné-Bissau entre 1968  e 1970, na Companhia de Caçadores 2312, onde o sr. António Lageira era 1º Sargento.

Sempre participou nos encontros que se fizerem desde há 30 anos para cá, deixando de aparecer desde há uns 6 a 7 anos, não conseguindo nenhum dos camaradas do meu pai nem o meu pai, contactá-lo pois o telefone chama e ninguém atende.

Gostaríamos de saber se tem alguma informação sobre ele (ví que ele aparece numa fotografia numa publicação do vosso blog a 4 de março de 2010) para lhes poder dar, pois têm grande estima por ele.
Grata pela atenção,

com os melhores cumprimentos
Ana Pacheco

2. Resposta do nosso editor:

Anita:
Boa noite, e obrigado pelo seu contacto.

O camarada Lageira, 1º sargento, pertenceu originalmente à CCAÇ 1419 (Bissau, Bissorã e Mansabá, 1965/67)... Temos no blogue referências ao seu nome.


 Além disso, integrou originalmente os corpos sociais da ONG Ajuda Amiga, mas já não faz parte da lista eleita para o biénio 2016/17:
 
Talvez os nossos camaradas,  e membros da nossa Tabanca Grande, Carlos Fortunato, Carlos Silva e Manuel Joaquim, também cofundadores e atuais dirigentes dessa ONG, lhe possam dar notícias do camarada António Joaquim Lageira.

E espero que essas notícias sejam boas. Disponha sempre e dê um abraço nosso ao seu pai, João Pacheco, da CCAÇ 2312, subunidade da qual temos infelizmente poucas referências,  e que fazia parte do 
BCAÇ 2834 (Buba, Aldeia Formosa, Guileje, Cacine, Gadamael 1968/69). Tem história da unidade disponível aqui, em sítio criado e mantido pelo nosso grã-tabanqueiro Francisco Gomes.

O nosso blogue está aberto ao seu pai e a outras camaradas da CCAÇ 2312 que queiram partilhar connosco memórias e afetos...

Saudações, o editor Luís Graça
3. Mensagem do nosso camarada Carlos Fortunato, presidente da ONG Ajuda Amiga, com data de ontem:


 Bom dia,

A última vez que falei com o António Lageira foi ao telefone, em 2015, na altura ele contou-me que a sua saúde tinha piorado e que estava num lar do Exército que existe em Oeiras, onde cuidavam bem dele e que tinha muita dificuldade em andar.

O ofereci-me para o ir buscar e o levar aos almoços de camaradas da Guiné que organizamos perto de Oeiras, eram pequenas deslocações, recusou disse que os passeios dele eram do quarto para a sala, e apenas por vezes por insistência dos auxiliares dava um pequeno passeio pelo corredor. Também não quis ser visitado, que preferia estar assim sem visitas.

Apesar de achar que lhe faria bem sair e dar dois dedos de conversa com os seus camaradas, respeitei a opção dele de se isolar, se era assim que ele se sentia bem.

Saudações

J. Carlos M. Fortunato

Presidente da Direção
E-mail jcfortunato2010@gmail.com + E-mail jcfortunato@yahoo.com
Telem. +351 935247306
NIF 111853338
Ajuda Amiga – Associação de Solidariedade e de Apoio ao Desenvolvimento

ESCRITÓRIO
Rua do Alecrim, nº 8, 1º dtº
2740-007 Paço de Arcos

SEDE
Rua Mário Lobo, nº 2, 2º Dtº.
2735 - 132 Agualva - Cacém

NIPC 508617910
ONGD – Organização Não Governamental para o Desenvolvimento
Pessoa Coletiva de Utilidade Publica
Site http://www.ajudaamiga.com
E-mail ajudaamiga2008@yahoo.com

Telemóvel +351 937149143

4. Depois de termos dada à Anita, estas últimas notícias sobre o camarada Lageira (e que não eram as mais "encorajantes"), ela respondeu-nos de imediato nestes termos:

Bom dia!


Quero agradecer-vos a atenção e muito obrigado pelas informações.
Agradeço e retribuo os cumprimentos dirigidos ao meu pai.

Tenho muito orgulho nele e em todos os homens que estiveram nesta guerra. Cresci a ouvir falar dela e de há 30 anos para cá tenho conhecido os rostos e as histórias daqueles que durante 2 anos viveram com o meu pai, nas terras de Guiné - Bissau.

Foi, infelizmente, na missão com a companhia do meu pai, que o sr. Lageira se feriu ao pisar uma mina quando ia com dois camaradas apanhar lenha. Um grande homem por quem tenho um profundo respeito. (**)

Obrigado por tudo!
Cumprimentos para todos,
Anita

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Notas do editor:

Guiné 61/74 - P17426: Parabéns a você (1264): António Azevedo Rodrigues, ex-1.º Cabo do CMD AGR 2957 (Guiné, 1968/70)

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Nota do editor

Último poste da série de 2 de Junho de 2017 > Guiné 61/74 - P17422: Parabéns a você (1263): António Barbosa, ex-Alf Mil Op Esp do BART 6523 (Guiné, 1973/74) e Osvaldo Colaço, ex-Fur Mil Art da CCAÇ 3566 (Guiné, 1973/74)

sexta-feira, 2 de junho de 2017

Guiné 61/74 - P17425: Notas de leitura (963): “Guiné, Um rio de memórias”, por Luís Branquinho Crespo, Textiverso, Unipessoal, Lda, 2017 (Mário Beja Santos)



1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 23 de Maio de 2017:

Queridos amigos,
Luís Branquinho Crespo tinha fundadas razões para regressar ao Xitole e ao Saltinho. Não é uma viagem solitária, vem em grupo, concede a este um papel subalterno, a romagem pertence-lhe, encontrar-se-á com gente abandonada, um guineense que combateu do lado português e um português que anda por ali aos tombos, não muito conformado mas resignado à, procura de raízes.
Acima de tudo, o que comove da leitura de um texto despretensioso é a entrega da intimidade, onde os pontos mais altos da chamada literatura dos regressos.

Um abraço do
Mário


Tem mais dores aquele que nunca regressa completamente

Beja Santos

Meu prezado Luís Branquinho Crespo,
Agradeço-lhe do coração o envio que me fez do seu livro que li com natural emoção. Nesse ano de 2010, ambos visitámos a Guiné, o Luís ansiava chegar ao Xitole e ao Saltinho, o meu “chão” era o Cuor e também Xime-Bambadinca, foi neste território que vivi 25 meses a fio; seguramente que nos cruzámos, já que vivemos por ali entre 1968 e 1970, Bambadinca era o nosso posto de abastecimento e quando fui viver para Bambadinca, em Novembro de 1969, pelo menos comandei três colunas ao Xitole, certo e seguro cruzámos as nossas vidas. De tal modo, que em 2010 percorri Bambadinca a Xitole, lendo o que escreveu tudo se reavivou na minha memória. Independentemente do prazer que tive em ler o seu livro, que tomei por um despretensioso bloco de notas de impressões de viagem a um retorno tão desejado, não tenho palavras para lhe agradecer o encontro de memórias que me proporcionou. Vamos agora especificamente ao seu livro “Guiné, Um rio de memórias”, que o nosso blogue tão justamente tem referido(1). Primeiro, fez bem, muito bem mesmo, em arquitetar Braima Bá e António Pouca Sorte, náufragos numa guerra e num país novo, que teve uma alvorada promissora e hoje depende de doadores e de um terrível noticiário que mete drogas e governos que não pode governar. As suas memórias inscrevem-se naquilo que Margarida Calafate Ribeiro crismou de literatura de regressos, e tem razão, o que ali aconteceu foi um dos marcos miliários que fez do menino um homem, e todas aquelas experiências foram decisivas, calejaram antigos combatentes em pessoas preparadas para destrinçar com mais rapidez entre o essencial e o acessório.

Segundo, gosto muito da sua viagem com seres humanos que não ter responsabilidade no seu regresso, fez bem, igualmente, em desenhá-los como turistas ou acompanhantes das alegrias e dores do regresso. E usou da simplicidade recordando a Bissau do seu tempo e a Bissau de 2010. Assim chegamos ao encontro com Braima Bá, ele tem muito para contar, fez muitos anos de guerra, fugiu ao terror das matanças da tropa africana que acreditou em Portugal, a despeito de um ódio velho Braima irá mostrar que está do lado da nação guineense, no conflito político-militar de 1998-1999. O quadro da guerra de guerrilhas e o que se passou depois da independência está resumido, parte-se para o Saltinho, anseia-se pelo Corubal.

Terceiro, tece-se no seu rio de memórias uma ida a Guileje e o encontro com António Pouca Sorte, alguém que tentou triunfar nos negócios em Portugal e na Guiné e que vive agora num rio de esquecimento, é imagem de tanta peregrinação de alguém que já não sabe qual a certeza do lugar em que vive. Quem viaja consigo percorre outros lugares, como Bambadinca, mas é o Xitole e o Saltinho os pontos fulcrais da sua literatura de regressos, aí serão retomadas as dores da guerra, a que chama labaredas lembranças, a invocação dos mortos, como se mobilava a solidão naqueles lugares ermos. A contrastar as emoções, o ver como esse mundo se desmoronou, casas em ruínas, ruínas do quartel do Xitole e ali mesmo a decomposição da autoridade do tempo presente, como anotou: A casa dos sargentos era, agora, o posto de polícia do Xitole, onde vivia um que fazia de polícia e tinha acabado de se levantar.

Fazia de conta que era a autoridade. De manhã e à tarde apresentava os olhos cheios de remela e continuava sem fato apropriado, nem boné, nem relógio que lhe comandasse o início de qualquer serviço. Com a irregularidade de se apresentar ao serviço não tinha nem podia ter alguma autoridade. Vestia calções, tufados, velhos e sujos e calçava sapatilhas desbotas na cor e muito usadas”.

Haverá mais observações sobre estados de ruína. E viaja-se até ao Saltinho, pressente-se que o coração anda alvoratado, são lembranças fortes.

Quarto, finda a romagem, há que fazer conceções ou turismo, viagens a Bafatá e a Buba, mas ainda um regresso ao Saltinho, volta-se a falar de Braima Bá e dos fuzilamentos dos Comandos, das operações que ambos viveram, cabe a Braima Bá o relato do fim da guerra e o desabafo de que não houvera reconciliação entre guineenses, continuam zangados, guardam velhos ajustes de contas, de prepotências e traições. Em dado momento, o bloco de notas faz-se uma enorme reflexão sobre o passado e o presente da Guiné, um belo texto.

Quinto, agora começa a viagem de regresso por terra, ao longo do Senegal, da Mauritânia, atravessasse o território Sarauí, mais à frente Marraquexe, depois de outras paragens chega-se a Portugal, os turistas irradiam para os respetivos poisos. E no termo da viagem o narrador despede-se de si e dos outros escrevendo: “Costuma dizer que tem mais dores aquele que nunca regressa completamente”. Às vezes questiono quais as grandes categorias de motivações para se fazerem estas viagens: ajuda humanitária para um povo amável, a quem apraz a nossa presença e o nosso cuidado; o regresso aos locais onde se cresceu e onde se deixaram fidelidades; o sentido da visitação para encontrar ambientes que para muitos foi uma autêntica descoberta de um continente, com aqueles cursos infindáveis de água, um tempo radicalmente divido em duas estações, os assombros dos tornados, das trombas de água, dos solos lunares… E junta-se o pretexto para encontrar gente que combateu ao nosso lado. Seja qual for a motivação dominante, racha o coração aproximarem-se de nós a pedir pensões, a pedir empregos em Portugal, para trazermos os filhos, para aqui estudarem ou serem futebolistas, estenderem a mão a pedir uma magra ajuda, porque se passa fome. Se somos fracos, se já nos informaram o que nos espera, negamos o propósito do regresso; se ali combatemos verdadeiramente ao lado de quem em nós confiou de pedra e cal, é inevitável o regresso, há quem confie que é uma honra merecida ali chegarmos com um beijo, um afago, o peso etéreo de um abraço que vale milhões de palavras. Também por isso se honra o passado comum lavrando estas memórias.
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Notas do editor

(1) - Vd. poste de 21 de maio de 2017 > Guiné 61/74 - P17383: Notas de leitura (959): Prefácio de António Graça Abreu, ao livro "Guiné: um rio de memórias", de Luís Branquinho Crespo, lançado em Leiria no passado dia 6 com a presena do presidente da Câmara Municipal local, Raul Castro, também ele ex-combatente

Último poste da série de 29 de maio de 2017 > Guiné 61/74 - P17406: Notas de leitura (962): “Arcanjos e Bons Demónios, Crónicas da Guerra de África 1961-75”, por Daniel Gouveia, 4.ª edição, DG Edições, 2011 (3) (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P17424: (De) Caras (67): Almoço-convívio anual de 'Os Lacraus', CART 2479 / CART 11 (Contuboel, Nova Lamego, Piche, Paunca, 1969-1970/71... Em Mem Martins, Sintra, em 27/5/2017... Para o ano será na Nazaré (Valdemar Queiroz)


Sintra > Mem Martins > Restaurante Retiro dos Caçadores > 27 de maio de 2017 > Almoço-convívio 2017 da Cart 2479 / CART 11 >  A.Duarte, Oliveira e Marques




Sintra > Mem Martins > Restaurante Retiro dos Caçadores > 27 de maio de 2017 > Almoço-convívio 2017 da Cart 2479 / CART 11 > Pais de Sousa e Aurélio Duarte




Sintra > Mem Martins > Restaurante Retiro dos Caçadores > 27 de maio de 2017 > Almoço-convívio 2017 da Cart 2479 / CART 11 >



Sintra > Mem Martins > Restaurante Retiro dos Caçadores > 27 de maio de 2017 > Almoço-convívio 2017 da Cart 2479 / CART 11 >  Pais de Sousa e Valdemar Queiroz



Sintra > Mem Martins > Restaurante Retiro dos Caçadores > 27 de maio de 2017 > Almoço-convívio 2017 da Cart 2479 / CART 11 > Canatário e Macias (Alentejo do norte e  do baixo. respetivamente)



Sintra > Mem Martins > Restaurante Retiro dos Caçadores > 27 de maio de 2017 > Almoço-convívio 2017 da Cart 2479 / CART 11 >  Aspeto parcial mesa (1)



Sintra > Mem Martins > Restaurante Retiro dos Caçadores > 27 de maio de 2017 > Almoço-convívio 2017 da Cart 2479 / CART 11 >  Aspeto parcial mesa (2)



Sintra > Mem Martins > Restaurante Retiro dos Caçadores > 27 de maio de 2017 > Almoço-convívio 2017 da Cart 2479 / CART 11 > Fachada do restaurante: Estrada de Mem Martins, 143, Mem Martins, Sintra


Fotos (e legendas): © Valdemar Queiroz  (2017). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem do Valdemar Queiroz [, ex-fur mil, CART 2479 / CART 11, Contuboel, Nova Lamego, Canquelifá, Paunca, Guiro Iero Bocari, 1969/70]



Data - 30/05/2017




Assunto - Convívio 2017 d 'Os Lacraus' da CART 2479-CART11 Guiné 1969-1970/71


Realizou-se, em 27 do corrente,  mais um almoço/encontro/convívio da rapaziada da CArt 2479 / CArt11 e familiares, no Restaurante 'Retiro dos Caçadores', em Mem Martins (Sintra),

Mais uma vez foi organizado pelo Artur Dias.  ex-Sold.Condutor da Companhia.  Foi a 27ª edição.

Foi uma tarde bem passada e voltamos a recordar alguns bons momentos de Nova Lamego, Canquelifá e Paunca.

Apareceu o Oliveira, 1º Cabo da arrecadação, sempre o mesmo 'finório' e antigo 'reguila alfacinha', recebido com grande simpatia. 

Também apareceu um poeta, com um livro de poemas e direito a declamação, que pertenceu ao Pel. Armas Pesadas que esteve connosco em Piche.

Para o ano há mais e vai ser na Nazaré.

Guiné 61/74 - P17423: Agenda Cultural (564): Há Arraial da Mouraria, 10ª edição: atuação da banda musical portuguesa "Melech Mechaya", sexta-feira, dia 2 de junho, às 19h00, no Largo da Rosa, Mouraria, Lisboa


Página do Facebook de Renovar a Mouraria




Sexta feira, dia 2 de junho, às 19h00,
no coração da Lisboa  popular, festiva, 
inclusiva, pluriétnica e pluricultural

Lisboa (metro: Martim Moniz)
Espetáculo: Entrada de borla!...



1. Com a devida vénia à RTP  Notícias, de 29 de maio de 2017 > Nova "Aurora" dos Melech Mechaya passa por Lisboa e Castelo Branco


(...) Os Melech Mechaya já estão na estrada a apresentar o novo álbum "Aurora". O próximo concerto está marcado para dia 2 de junho no Arraial da Mouraria, em Lisboa. No dia seguinte é a vez do Cine-Teatro Avenida, em Castelo Branco. A comemorar 10 anos de carreira, o 4º álbum do quinteto conta com muitos amigos e algumas estrelas.

O disco foi misturado por Tony Harris (que trabalhou com nomes como R.E.M., Sinead O'Conner e Verve), "que lhe emprestou uma sonoridade tão peculiar que primeiro estranhamos, mas que rapidamente se entranhou em nós", revela Miguel Veríssimo. (...)


O quarto álbum de originais dos Melech Mechaya inclui as participações especiais dos portugueses Filipe Melo (piano) e Noiserv que para além de emprestar a voz fez a letra do tema "Boom", e da cantora espanhola Lamari de Chambao que cantou o tema "Un Puente".

"Hoje somos praticamente uma banda Ibérica. Para nós Espanha é quase como uma segunda casa. Nos últimos cinco, seis anos, damos quase tantos concertos lá como em Portugal. A participação de Lamari de Chambao neste disco é para nós algo e muito especial", explica no Jornal 2 Miguel Veríssimo. (...)


2. Vd. ainda Melech Melechaya > 


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Nota do editor:

Último poste da série > 31 de maio de 2017 > Guiné 61/74 - P17416: Agenda Cultural (563): Apresentação das obras literárias: "Revisitar Goa, Damão e Diu", pelo Prof Doutor Valentino Viegas; "Memórias do Oriente", do Coronel Luís Dias Antunes; "De Bragança a Macau", do Superintendente Isaías Teles; e "Radiografia Militar e os 4 DDD", do Dr. Manuel Barão da Cunha, dia 3 de Junho de 2017, na Casa de Goa, Lisboa

Guiné 61/74 - P17422: Parabéns a você (1263): António Barbosa, ex-Alf Mil Op Esp do BART 6523 (Guiné, 1973/74) e Osvaldo Colaço, ex-Fur Mil Art da CCAÇ 3566 (Guiné, 1973/74)


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Nota do editor

Último poste da série de 31 de maio de 2017 > Guiné 61/74 - P17412: Parabéns a você (1262): Mário Beja Santos, ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52 (Guiné, 1968/70)

quinta-feira, 1 de junho de 2017

Guiné 61/74 - P17421: Historiografia da presença portuguesa em África (78): Erros, gralhas e imprecisões na notícia sobre a visita do Subsecretário de Estado das Colónias à Guiné em 1947 (Armando Tavares da Silva)


Foto nº 1


Foto nº 2


Foto nº 3


Fonte: Boletim Cultural da Guiné Portuguesa, vol II - Número Especial, [Comemorativo do V Centenário da Descoberta da Guiné], 1947, 542 pp. [Disponível "on line" aqui]


[O Boletim Cultural da Guiné Portuguesa, "órgão de Informação e Cultura da Colónia", foi criado em 21 de julho de 1945. pelo então governador Sarmento Rodrigues, 

O Centro de Estudos da Guiné Portuguesa publicou durante 28 anos, entre 1946 e 1973, 110 números normais do Boletim e um número especial [, este, em outubro de 1947].

Esta publicação periódica é de excecional interesse para o conhecimento  científico da presença histórica portuguesa na Guiné-Bissau, e portanto para a história do país antes da independência. Não tem paralelo em outras publicações nos outros territórios ultramarinos portugueses. 

Esta colecção de obras foi digitalizada e incorporada na Memória de África Digital com autorização do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa (INEP) da Guiné-Bissau, entidade que sucede ao Centro de Estudos da Guiné Portuguesa e, portanto, a actual detentora dos direitos sobre esta publicação. lê-se no portal das Memórias de África e do Oriente .

"O Portal das Memórias de África e do Oriente é um projecto da Fundação Portugal-África desenvolvido e mantido pela Universidade de Aveiro e pelo Centro de Estudos sobre África e do Desenvolvimento desde 1997. É um instrumento fundamental e pioneiro na tentativa de potenciar a memória histórica dos laços que unem Portugal e a Lusofonia, sendo deste modo uma ponte com o nosso passado comum na construção de um identidade colectiva aos povos de todos esses países."



I. Mensagem do nosso amigo e grã-tabanqueiro Armando Tavares da Silva, autor de “A Presença Portuguesa na Guiné, História Política e Militar (1878-1926)” (Porto: Caminhos Romanos, 2016, 972 pp.)


Caro Luís Graça,


Alguns comentários – já com algum atraso – ao Post 17377 de 19 de Maio (*):


1. O primeiro é que é preciso cuidado com o que aparece escrito nos jornais, pois é vulgar encontrar-se erros, gralhas e imprecisões.

2. A última campanha de Canhabaque é de 1935-36, aparentemente motivada por os indígenas se recusarem à limpeza e abertura de estradas. Possivelmente foi escusada e resultado de falta de tacto e diplomacia…

3. Porto Gole estaria perto do ponto que Diogo Gomes atingiria em 1456 quando percorreu a parte navegável do Geba; daí para a frente os bancos de areia presentes na baixa-mar terão impedido a passagem aos navios. No Geba,  Diogo Gomes observou bem o que era o macaréu!

4. Quanto aos “91 anos de penetração portuguesa” estamos em presença de outra gralha monumental! Em vez de 91 deveria estar escrito 491!

5. A ponte visitada por Sá Carneiro a 7 de Fevereiro, segundo a notícia, foi a “grande ponte do Corubal”,  construída em 1937.

Uma outra ponte em cimento armado sobre o rio Mansoa fora inaugurada em Maio de 1923, pelo governador Vellez Caroço, ponte esta que tomaria o seu nome. 


Nos planos deste governador esteve a construção de uma ponte sobre o Corubal, o que foi abandonado para que as verbas disponíveis permitissem terminar a construção da ponte sobre o Mansoa, e por estar a findar a época seca. 

Em Junho de 1947 seriam iniciados trabalhos para substituir a antiga ponte Vellez Caroço, inutilizada nos seus pilares e tabuleiro. A ponte do Saltinho no Corubal, projectada para permitir a ligação do Norte com o Sul da colónia durante 7 meses no ano, foi iniciada em fins do mesmo ano de 1947.

6. Sobre queda de pontes, lembremo-nos do que sucedeu em 2001 em Entre-os-Rios!

7. A condecoração dos “grandes chefes, companheiros de Teixeira Pinto” terá ocorrido na véspera, 6 de Fevereiro, no Gabú (e não em Bambadinca). Foram condecorados com a medalha de prata de Dedicação e Mérito os régulos Madiu Embaló, Saliu Embaló, Demba Só e Malam Embaló. Dois cipaios foram também condecorados: Uri Jaló e Babá Galé.

Seguem em anexos 3 imagens relativas à recepção dispensada ao subsecretário de estado das colónias por chefes fulas, e a condecoração de um deles.

Anexo ainda uma carta da Guiné (de Teixeira da Mota) com o itinerário percorrido pelo governante, com indicação das obras na altura existente no território e, a sublinhado, as que ele iniciou ou as que estavam em construção.[A publicar, com maior detalhe,  no próximo poste da série.]

Como estará tudo nesta altura?


PS - A fonte desta documentação é o número especial de Outubro de 1947 do "Boletim Cultural da Guiné Portuguesa" (BCGP).

As imagens foram tiradas de uma cópia pessoal do BCGP e digitalizadas por mim. Não as utilizei no meu livro.



A foto [nº 2] com os cavaleiros fulas está na p.359; a foto [nº 1] em que um régulo é condecorado está na p. 358; a foto [nº 3] em que o subsecretário de estado é levado em triunfo está na p.361. 
A carta da Guiné do Teixeira da Mota está entre as ps. 454 e 455.

O artigo do Boletim é do cmdte Avelino Teixeira da Mota (na altura 2ºtenente), dedicado colaborador de Sarmento Rodrigues. Já faleceu, e tanto quanto pude apurar, sem descendência. Tinha, pelo menos, um irmão, mas não creio que, não sendo descendente, tenha direitos sobre os trabalhos do irmão. Assim como não creio que o actual INEP disponha de idênticos direitos. Os guineenses devem simplesmente ter "tomado conta" das instalações e espólio. O Boletim terminara.

Penso que seria bonito publicar estes elementos como uma homenagem ao Teixeira da Mota. Os seus trabalhos são capitais no que respeita à Guiné.




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Nota do editor:

Vd. poste de 19 de maio de 2017 >  Guiné 61/74 - P17377: Historiografia da presença portuguesa em África (76): Subsecretário de Estado das Colónias em visita triunfal à Guiné, de 27/1 a 24/2/1947 - Parte V: De regresso, de Bafatá a Bissau, sexta-feira. 7 de fevereiro, com passagem por Fá (Mandinga), Bambadinca, Xitole e Porto Gole

Último poste da série > 1 de junho de 2017 > Guiné 61/74 - P17419: Historiografia da presença portuguesa em África (77): "Guiné, Alvorada do Império", 1952, um álbum de glórias do Governador Raimundo Serrão (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P17420: (De) Caras (66): Tabanca de Faro reuniu 75 participantes no seu 2º encontro anual, em 20 de maio último (Eduardo Estrela, ex-fur mil, CCAÇ 14, Cuntima, 1969/71)


Foto nº 1 > Faro > Tabanca de Faro > 2º Encontro anual  > 20 de maio de 2017 > Foto parcial do grupo  de participantes cujo total era da ordem dos 75.


Foto nº 2  > Faro > Tabanca de Faro > 2º Encontro anual  > 20 de maio de 2017 >  Junto ao monumento aos combatentes de Faro: da esquerda para a direita, o Zé Luís, o Vila Nova, o Aníbal, o Luis Formiga e eu, [ Não  está identificado o camarada que, em primeiro plano,  segura a coroa das flores]  


Foto nº 3 >  Faro > Tabanca de Faro > 2º Encontro anual  > 20 de maio de 2017 > Almoço de convívio: da esquerda  para a direita,  o Fernando Silva, o Jorge Martins, o Humberto Rosa, o Zé Augusto Vidal, eu   e a minha mulher Antonieta Estrela.


Fotos (e legendas):  © Eduardo Estrela (2017). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem de 30 de maio p.p., enviado pelo Eduardo Estrela [ ex-Fur Mil da CCAÇ 14, Cuntima, 1969/71]

Luis!

Aí vão três fotografias do nosso encontro de Faro (*).

A 1ª, tirada nas escadas do acesso ao jardim do restaurante,  não contempla toda a malta que se reuniu, pois as escadas eram pequenas para os cerca de 75 participantes. 

A 2ª foi tirada junto ao monumento que evoca os companheiros naturais do concelho de Faro, arrancados à vida na flor da idade. Na mesma estão da esquerda para a direita, o Zé Luís, o Vila Nova, o Anibal, o Luis Formiga e eu. Não me recordo do nome do camarada que segura a coroa das flores, enquanto escutávamos a alocução do amigo Dr. João Botelheiro. 

A 3ª. fotografia,  feita na mesa do restaurante, tem da esquerda para a direita  o Fernando Silva, o Jorge Martins, o Humberto Rosa, o Zé Augusto Vidal, eu e a minha mulher Antonieta Estrela.

No passado sábado 27, estive no almoço do BCaç 2879 ao qual a CCaç 14 estava agregada. O encontro aconteceu no Folgosinho, Gouveia, e teve cerca de 200 participantes.

Um abraço meu e da malta da Tabanca de Faro, nome já escolhido como refere o Zé Viegas.

Eduardo Estrela

PS - Diz o Povo e com razão " O que abunda não anula"... Depois de ter enviado as fotografias, visitei o blogue e verifiquei que uma delas já lá está inserida a das escadas (a foto nº 1). Aproveito para identificar a senhora. que está na direita do Zé Luís. Trata-se da sua esposa, dona Isabel Pratas. (**)

2. Comentário do editor LG

Eduardo, obrigado. Aqui tens as tuas fotos e o teu texto... Não tinha reparado na esposa do Zé Luís (*)... O Zé Viegas não me mandou a legenda... Voltaremos a publicar a "foto de família"... 75 participantes, dizes tu ? Ótimo, têm que se reunir mais vezes durante o ano.

PS -  Tens fotos da malta da CCAÇ 14 que foi ao último convívio do BCAÇ 2879 ? Temos falado pouco de vocês, CCAÇ 14...

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Notas do editor: