segunda-feira, 11 de novembro de 2024

Guiné 61/74 - P26139: Roteiro dos museus e outros lugares de memória e cultura, abertos (ou a abrir) ao "antigo combatente" (3): Com a medida "Acesso 52", já podemos levar a família, incluindo filhos e netos, a visitar gratuitamente os museus, monumentos e palácios nacionais, pelo menos uma vez por semana ao longo de todo o ano








Peniche > 15 de agosto de 2024 > Fortaleza de Peniche, hoje Museu Nacional da Resistêrncia e Liberdade... Um dos museus, monumentos e palácios tutelados pelo Ministério da Cultura,  abrangido pela medida "Acesso 52", e a  cuja entrada gratuito passou a beneficiar o antigo combatente e a sua família.


Fotos (e legenda): © Luís Graça (2024). Todos os direitos reservados [Edição : Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


I. A partir do passado dia 1 de agosto, os antigos combatentes jã podem levar a família, incluindo filhos e netos, a visitar gratuitamente os museus, monumentos e palácios nacionais, pelo menos uma vez por semana ao longo de todo o ano... 

Infelizmente há mais semanas por ano (=52) do que museus e monumentos nacionais (sob tutela do Ministério da Cultura)  a visitar "à borla" (=37). Mas aproveitemos, até para melhorar as nossas estatísticas de consumos culturais que, no conjunto da União Europeia, não são famosas...

Com a devida vénia, do Portal República Portuguesa > XXIV Governo, destacamos:

Notícias > 2024-08-01 às 11h13 > Novo regime de gratuitidade em museus e monumentos

Os portugueses e residentes em Portugal passam a poder visitar;

(i) 37 museus, monumentos e palácios do Ministério da Cultura no Continente, 

(ii) gratuitamente;

(iii) 52 dias por ano;

(iv) a qualquer dia da semana. 

Até agora a gratuitidade estava limitada aos domingos e feriados.

A decisão da Ministra da Cultura, Dalila Rodrigues, que entrou em vigor a 1 de agosto de 2024, permite também que cada pessoa visite mais de um museu ou monumento num dos 52 dias de gratuitidade.

O processo é simples: 

(v) à entrada em cada museu ou monumento, cada visitante deve apresentar numa das bilheteiras – uma primeira vez para registo – o seu Cartão de Cidadão e indicar o seu número de contribuinte;

(vi) quando entrar novamente num museu ou monumento, deverá dirigir-se à bilheteira e voltar a apresentar o seu Cartão de Cidadão para lhe ser descontado o dia no cômputo dos 52 dias de acesso gratuito.

Garantir o acesso à cultura é uma medida estruturante do Programa da Cultura do Governo.

II. Ainda segundo a mesma fonte (o portal do Governo), os portugueses e residentes em território nacional podem visitar em qualquer dia da semana, gratuitamente, os museus, monumentos e palácios que se seguem:

  • Convento de Cristo, em Tomar.
  • Fortaleza de Sagres, em Vila do Bispo.
  • Mosteiro de Alcobaça, em Alcobaça.
  • Mosteiro de Santa Maria da Vitória, na Batalha.
  • Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa.
  • Museu de Alberto Sampaio e extensão no Palacete de Santiago, em Guimarães.
  • Museu de Arte Popular, em Lisboa.
  • Museu de Lamego, em Lamego.
  • Museu José Malhoa, nas Caldas da Rainha.
  • Museu Nacional da Música, em Mafra.
  • Museu Nacional da Resistência e da Liberdade, em Peniche.
  • Museu Nacional de Arqueologia, em Lisboa.
  • Museu Nacional de Arte Antiga, em Lisboa.
  • Museu Nacional de Arte Contemporânea — Museu do Chiado, em Lisboa.
  • Museu Nacional de Conímbriga, em Condeixa -a -Nova.
  • Museu Nacional de Etnologia, em Lisboa.
  • Museu Nacional de Machado de Castro, em Coimbra.
  • Museu Nacional de Soares dos Reis e Casa-Museu Fernando de Castro, no Porto.
  • Museu Nacional do Azulejo, em Lisboa.
  • Museu Nacional do Teatro e da Dança, em Lisboa.
  • Museu Nacional do Traje, em Lisboa.
  • Museu Nacional dos Coches e Picadeiro Real, em Lisboa.
  • Museu Nacional Frei Manuel do Cenáculo e Igreja das Mercês, em Évora.
  • Museu Nacional Grão Vasco, em Viseu.
  • Museu Rainha D. Leonor e extensão na Igreja de Santo Amaro, em Beja.
  • Paço dos Duques, Castelo de Guimarães e Igreja de São Miguel do Castelo, em Guimarães.
  • Palácio Nacional da Ajuda, em Lisboa.
  • Palácio Nacional de Mafra, em Mafra.
  • Panteão Nacional, em Lisboa.
  • Torre de Belém, em Lisboa.
  • Museu D. Diogo de Sousa, em Braga.
  • Museu dos Biscainhos, em Braga.
  • Museu da Terra de Miranda, em Miranda do Douro.
  • Museu do Abade de Baçal, em Bragança.
  • Museu Dr. Joaquim Manso, na Nazaré.
  • Museu da Cerâmica, em Caldas da Rainha.
  • Casa-Museu Dr. Anastácio Gonçalves, em Lisboa.

III. Quais destes museus e monumentos nacionais são mais visitados ?

Com a pandemia, perdemos naturalmente visitantes:

De cerca de 5,1 milhões  de visitantes (em 2017) passámos para de 1,3 milhões (em 2020 2 2021), uma quebra brutal de  mais de 70%.

Em 2023, já se atingiu quase os 3,7 milhões. Os cinco equipamentos culturais mais visitados (nenhum deles museu) foram (em números redondos, em milhares; entreparêntesis, a localização):

1º Mosteiro dos Jerónimos (Lisboa) > 965,5
2º Fortaleza de Sagres (Sagres, Vila do Bispo)> 427,8
3º Castelo de Guimarães (Guimarães)> 387,6 
4º Paço dos Duques de Bragança (Guimarães) > 387,2
5º Mosteiro da Batalha (Batalha) > 366,8


Dos museus nacionais (MN) e outros museus (M), os mais cinco mais visitados foram (em números redondos, em milhares):

1º MN Azulejo (Lisboa) > 276,2
2º MN Coches  (Lisboa )> 226,2
3º MN Arte Antiga  (Lisboa) > 107,2
4º MN Conímbriga (Condeixa-A-Velha) > 97,1
5º M Alberto Sampaio (Guimarães) > 85,5


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Nota do editor:


Vd. também postes de:


domingo, 10 de novembro de 2024

Guiné 61/74 - P26138: As nossas geografias emocionais (33): Oslo, Noruega (António Graça de Abreu)





Noruega > Oslo > 2023

Fotos (e legenda): © António Graça de Abreu (2023). Todos os direitos reservados [Edição e lendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]




O escritor, sinólogo, 
tradutor e "globe-trotter"  
António Graça de Abreu
com a esposa, médica,
Hai Yuan
1. Mensagem do nosso amigo e camarada António Graça de Abreu ( ex-alf mil, CAOP1, Teixeira Pinto, Mansoa e Cufar, 1972/74), ainda no rescaldo de mais um cruzeiro que efetuou, com a esposa, em agosto de 2023, desta vez à Gronelândia e à Islândia (*):

Data - terça, 29/10/2024, 16:00
Assunto - Oslo


Oslo, Noruega

Na essência de nós, questionar o que pretendemos ser, dar as mãos abertas, não fechar o punho, abrir o entendimento e a alegria, esconder as lágrimas, 
segurar o cajado e o vento. No caminho por 
múltiplas paisagens, deslumbramentos 
breves, os desvairos, a sacanagem das 
gentes, buscar a harmonia do mundo

Nostálgico, meio triste, chego a Oslo, por mar, pelo fiorde que conduz à cidade. Nas encostas, casinhas 
de campo e outras, subindo, descendo por reentrâncias do mar, enseadas, marinas, abraçando a terra. No silêncio das águas, uns tantos barcos à vela e lanchas a motor, reentrâncias pelas terras nórdicas, tudo organizado, disciplinado, sob um sol de Verão claro e limpo. Estou numa terra de excelência e paz, mas não alheia à loucura e à insensatez dos homens.

Aqui, ao lado de Oslo, fica a ilha Utoya onde algumas centenas de jovens, gozando férias no Verão de 2011, foram brutalmente atacadas, em ritual de morte, por um celerado norueguês chamado Anders Breivik, e setenta e sete deles mortos a tiro e á bomba. Aconteceu nesta pacata Noruega, um dos países mais ricos e civilizados do mundo.

Oslo é uma cidade onde impera a liberdade, o objectivo dos políticos desta terra será organizar, disciplinar, pôr ainda mais ordem numa sociedade já de si tão pacífica e próspera.

Passeio-me nos jardins com centenas de pessoas deitadas na relva, descansando ao sol estival, os parques polvilhados de flores e originais esculturas, os imponentes edifícios do governo, entro no palácio onde todos os anos é entregue o Prémio Nobel da Paz. O porto de mar, o centro do burgo, os lagos, as pontes, a cidade estendendo-se, para norte, crescendo. Serenidade e paz.

© António Graça de Abreu (2023)

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Nota do editor:

Guiné 61/74 - P26137: O nosso livro de visitas (225): Jaime Portugal, ex-alf mil, CART 6251/72 (Catió e Cabedu, 1972/74)




Guião da CART 6251/72, Os Galos (Catió e Cabedú), 1972/74) 

(Cortesia de Jaime Alberto Portugal Peixoto Lopes, mais conhecido no CTIG como alf mil Peixoto




1. Através do Formulário de Contacto do Blogger, recebemos a seguinte mensagem do nosso camarada Jaime Portugal (ou Peixoto), que quer integrar a Tabanca Grande:

Data - sábado, 9/11/2024, 18:37

Caros camaradas:

É com grande prazer que vos descobri há minutos, quando pesquisava sobre a Guiné. Isto porque estive lá como alferes miliciano de 72 a 74. 

A partir das memórias que tenho, estou a escrever um livro sobre a minha experiência, como comandante do destacamento de Cabedú, no sul da Guiné, entre o rio Cumbidjã e o rio Cacine. 

Terei todo o prazer em participar no vosso blogue, bem como apresentá-lo a outros camaradas da nossa companhia, a CART 6251, de 1971. 

Já vi que têm um trabalho extraordinário. Tenho algumas fotos que poderei partilhar,mas tenho que digitalizar, primeiro.

Abraço. Jaime Portugal

Cumprimentos,
Jaime Alberto Portugal Peixoto Lopes  |  (segue endereço de email...)

2. Resposta do nosso editor LG:

Jaime: és recebido de braços abertos, como antigo camarada de armas no CTIG. Acontece que não temos nenhum representante da tua CART 6251/72, os "Gaios". 

Existimos há 20 anos na Net, enquantio blogue (Luís Graça & Canaradas da Guiné) e o nosso propósito é o de juntar "amigos e camaradas da Guiné", com destaque, naturalmente, para os antigos combatentes, que têm histórias,fotos e outras memórias para partilhar.

Somos já 894,  entre vivos (=745) e falecidos (=149). Tu, Jaime, poderás ser o nº 895. Usamos, simbolicamente, a imagem do poilão para representar a nossa tertúlia.

Traz mais um ou mais camaradas da tua companhia para se sentar ao teu lado, à sombra do nosso poilão. Há uns anos atrás encontrámos  uma foto e uma mensagem do Fernando Gomes,  ex. 1º cabo cripto da tua CART 6251/72,   em nensagem, com data de em   21 de junho de 2017, no blogue do nosso histórico tabanqueiro, Sousa de Castro, CART 3494 e Camaradas da Guiné.

Manda-nos, pelo menos, 2 duas fotos tuas, tipo passe, uma mais ou menos atual e outra do teu tempo da Guiné, oara a gente te poder apresentar ao resto do pessoal da Tabanca Grande.



Guiné > Região de Tombali > s/l > s/d > CART 6251/72 (Catió e Cabedu, 1 > O 1º cabo cripto Fernando Gomes, ao centro; à esquerda, o J. Romão (?); e à direita, o alf mil Meles.

Foto: cortesia da página do Facebook do Fernando Gomes (natural de Leça do Balio, Matosinhos; a residir na Maia).


3. Ficha de unidade > CART 6251/72:

Companhia de Artilharia nº 6251/72
Identificação CArt 6251/72
Unidade Mob: RAP 2 - Vila Nova de Gaia
Cmdt: Cap Mil Art Virgílio Augusto da Silva Ferreira Martins
Divisa: -
Partida: Embarque em 22jun72; desembarque em 22jun72 | Regresso: Embarque em 9ago74


Síntese da Actividade Operacional

(i) efectuou a IAO, no Cumeré, de 23jun72 a 22jul72, no CMI;

(ii) seguiu para o subsector de Catió, em 23jul72,  a fim de efectuar o treino operacional e a sobreposição com a CCaç 2792;

(iii) em 21ago72, assumiu a responsabilidade do referido subsector de Catió, com dois pelotões no destacamento de Cabedú, ficando integrada no dispositivo e manobra do BCaç 4510/72.

(iv) em 12dez72, a zona de acção do destacamento de Cabedú passou a constituir um novo subsector, ficando então na dependência do COP 4, criado na referida data, e depois do BCaç 4514/72;

(v) em 1mar74, foi substituída no subector de Catió pela 3ª Comp / BCav 8320/72, ali colocada do antecedente em reforço, tendo então assumido a responsabilidade do subsector de Cabedú em 3mar74 e ficando na dependência do BCaç 4514/72 e depois do BArt 6520/72.

(vi) entretanto, passou a ter dois pelotões destacados em Catió, em reforço da guarnição local e dar colaboração na segurança e protecção dos trabalhos da estrada Catió-Cufar, na dependência do BCaç 4510/72 e depois do BCaç 4510/73.

(vi) em finais de jul74, foi substituída no subsector de Cabedú pela CArt 6552/72 e recolheu a Bissau, a fim de aguardar o embarque de regresso.

(vii) tem História da Unidade (Caixa nº 105 - 2ª Div/4ª Sec, do AHM - Arquivo Histórico-Militar.

Fonte: Excertos de Portugal. Estado-Maior do Exército. Comissão para o Estudo das Campanhas de África, 1961-1974 [CECA] - Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974). 7.º volume: fichas das unidades. Tomo II: Guiné. Lisboa: 2002, pág. 484.

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Nota do editor:

Último poste da série > 28 de outubro de 2024 > Guiné 61/74 - P26087: O nosso livro de visitas (224): Gonçalo Silva, bisneto do Comandante Jerónimo, que comandou a Canhoeira Salvador, gostaria de obter ainda mais informações acerca do seu bisavô, que combateu na batalha de Negomano onde Teixeira Pinto perdeu a vida

Guiné 61/74 - P26136: Agenda cultural (866): Convite para o lançamento do livro "Viagem de um Capitão de Abril", da autoria de Aniceto Afonso, a levar a efeito no próximo dia 12 de Novembro de 2024, pelas 18h00, na Associação 25 de Abril, Rua da Misericórdia, 95 - Lisboa. Apresentação a cargo de Lídia Jorge


Caros amigos (as),
Só para tomarem nota na vossa agenda. Quero dar-vos um abraço de muita amizade no dia 12 de novembro pelas 18h00 na Associação 25 de Abril, Rua da Misericórdia, 95, Lisboa, quando fizermos o lançamento do meu livro “Viagem de um Capitão de Abril”, da Colibri. O Prefácio é do meu amigo e camarada Carlos de Matos Gomes e a apresentação será feita pela amiga Lídia Jorge. O convite será enviado a seu tempo, mas não é necessário, a entrada é livre.
Aproveitarei também para apresentar um outro livro de poemas e desenhos “Este Eu que Eu Sou, Não Sou Eu”, com prólogo da Dulce Afonso.
Espero muito que possam estar presentes, pois será um dia muito especial para mim.
Ainda não há capas para vos mostrar.

Abraço amigo,
Aniceto Afonso

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Nota do editor

Último post da série de 8 de novembro de 2024 > Guiné 61/74 - P26125: Agenda cultural (865): Convite para o lançamento do livro "Lavar dos Cestos - Liturgia de Vinhas e de Guerra", da autoria de José Brás, a levar a efeito no próximo dia 1 de Dezembro, pelas 15h00, na Casa do Alentejo, Rua das Portas de S. Antão, 58 - Lisboa. Com a participação do Coronel Carlos Matos Gomes, representante da Câmara Municipal de Montemor-o-Novo e do Grupo Coral Fora D'Oras (Cante)

Guiné 61/74 - P26135: As nossas geografias emocionais (32): Bafatá, 1959, ano de cheias, fazendo jus ao nome da vila ("o rio vai cheio") (Leopoldo Correia, ex-fur mil, CART 564, Nhacra, Quinhamel, Binar, Teixeira Pinto, Encheia e Mansoa, 1963/65)

 

Foto nº 1 > Guiné > Região de Bafatá > Bafatá > 1959 > O jardim local, na margem direita do rio Geba Estreito. Ao centro, a estátua de Oliveira Muzanty.


Foto nº 2 > Guiné > Região de Bafatá > Bafatá > 1959 > Cheias (1): Uma das ruas da zona ribeirinha inundadas; à esquerda, o comerciante Carlos Marques da Silva


Foto nº 3 > Guiné > Região de Bafatá > Bafatá > 1959 > Cheias (2):  uma loja com um passadiço improvisado


Foto nº 4 > Guiné > Região de Bafatá > Bafatá > 1959 > Cheias (3):  o mercado que já existia nos 30, de arquitetura revivalista



1. Ainda não se falava de "alterações climáticas", mas já o rio Geba Estreito (ou Xaianga) transbordava, periodicamente, as suas margens, inundando a baixa da vila de Bafatá (próspera, a partir dos anos 30/40, graças ao "ciclo da mancarra")...


As fotos chegaram, há uns largos anos atrás, ao nosso blogue, pela mão do nosso tabanqueiro Leopoldo Correia (ex-fur mil, CART 564, Nhacra, Quinhamel, Binar, Teixeira Pinto, Encheia e Mansoa, 1963/65) (foto à esquerda).

Estas e outras fotos de Bafatá, de 1959, foram tiradas por um familiar seu, ligado ao comércio local (Casa Marques Silva), casado com uma senhora libanesa, filha do senhor Faraha Henen.

Mais tarde, falando com o Leopoldo Correia, ao telefone, vim a descobrir que afinal o Mundo é Pequeno e a Nossa Tabanca... é Grande!...

De facto:

(i) era um homem das sete partidas: depois da "peluda", viveu em Angola, trabalhou na Diamang;

(ii) voltou para o "Puto', trabalhou na EDP, por exemplo na Central Termoelétrica do Barreiro onde fez amizade com amigos e conterrâneos meus, o Carlos e o Hugo Furtado (que andou comigo na escola primária);

(iii) na Guiné, também conheceu, entre outros, o Fernando Rendeiro, comerciante de Bambadinca a cuja casa fui algumas vezes almoçar, no tempo em que lá estive (julho de 69/março de 71)...

(iv) falou-me da viúva do Rendeiro, mandinga, Auá Seid (entretanto já falecida) e dos filhos (que  o comerciante de Bambadinca, natural da Murtosa,  nunca nos mostrava mas de quem falava com tanto carinho e orgulho: tinha uma filha a tirar direito, em Coimbra)...

(v) vivia em Águas Santas, Maia;

(vi) não tenho, há muito, notícias dele.

As fotos revelam um drama que se tem agravado com o tempo: as cheias do rio Geba (ou Xaianga).

A antiga cidade colonial de Bafatá (topónimo que vem do mandinga, "baa faata", "o rio vai cheio), infelizmente ainda não conseguiu ultrapassar a decadência urbana,demográfica e económica, que tem a idade da independència do país. (**)

O fim do "ciclo da mancarra", " a semente do diabo" (imposta pelos "colonialistas", e de queo grupo CUF, através da Casa Gouveia, foi o grande beneficiário)  foi também, material e  simbolicamente, o fim da "princesa do Geba". Em contrapartida, o "ciclo do caju", imposto pela nova economia planificada de Luís Cabral, não produziu a riqueza que se esperava, para a grande maioria dos guineenses, em geral, e os bafatenses, em particular, que criaram novas tabancas  ao longo do eixo rodoviário do leste, que liga Bambadinca a Nova Lamego. 

No nosso tempo havia as tabancas da Rocha,da Ponte Nova, da Nema... Há muitas mais... Mas continua a haver inundações no Vale de Bafatá, como este ano, provocando grandes estragos, em culturas (arroz de bolanhas de água doce) e em habitações, ao longo do curso do rio até Bambadinca,
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Notas do editor:

Guiné 61/74 - P26134: Parabéns a você (2326): Jorge Araújo, ex-Fur Mil Operações Especiais da CART 3494/BART 3873 (Xime e Mansambo, 1972/74)

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Nota do editor

Último post da série de 9 de Novembro de 2024 > Guiné 61/74 - P26130: Parabéns a você (2325): António da Costa Maria, ex-Fur Mil Cav do ERec 2640 (Bafatá, 1969/71); António João Sampaio, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 15 e ex-Cap Mil Inf, CMDT da CCAÇ 4942/72 (Mansoa, Barro e Bigene, 1973/74) e João Alves Martins do BAC-1 (Piche, Bedanda e Guileje, 1967/70)

sábado, 9 de novembro de 2024

Guiné 61/74 - P26133: As nossas geografias emocionais (31): Nova Lamego, região de Gabu, em jan / fev 1967 (Manuel Coelho, ex-fur mil trms, CCAÇ 1589 / BCAÇ 1894, Bissau, Fá Mandinga, Nova Lamego, Beli e Madina do Boé, 1966-68)



Foto nº 1 > Guiné > Região de Gabu > Nova Lamego > c. jan / fev 1967 > A rua principal de Nova Lamego... Do lado esquerdo vê-se a Casa Caeiro e o edifício que era o comando dos batalhões que passaram  por aqui ao longo da guerra (já era protegido por bidões cheios de terra).

No outro lado da rua, no lado direito da foto, um edifício não identificado (parece-nos ser o Cine-Clube local) e depois a estação dos CTT (Correios, Telégrafos e Telefones)...



Foto nº 2 > Guiné > Região de Gabu > Nova Lamego > c. jan / fev 1967 > Outra das artérias  da vila, com a estação dos CTT à esquerda, e o Cine-Clube (?) à direita, do outro lado (vd. foto nº 9, em que este edifício não aparece).



Foto nº 3 > Guiné > Região de Gabu > Nova Lamego > c. jan / fev 1967 > Um DC-3 em na pista de aviação


Foto nº 4 > Guiné > Região de Gabu > Nova Lamego > c. jan / fev 1967 > Um a rua em rebuliço, a do comando do batalhão, com a colocação de bidões cheios de arame como proteção em caso de ataque ou flagelação do IN


Foto nº 5 > Guiné > Região de Gabu > Nova Lamego > c. jan / fev 1967 > > Vista aérea da tabanca


Foto nº 6 > Guiné > Região de Gabu > Nova Lamego > c. jan / fev 1967 >  Tabanca


Guiné > Região de Gabu > Nova Lamego > c. jan / fev 1967 > > Tabanca (a avaliar pelos animais, porcos, à direita da foto, seria um tabanca de gente não-muçulmana)


Foto nº 7 > Guiné > Região de Gabu > Nova Lamego > c. jan / fev 1967 > > O ferreiro


Foto nº 8 > Guiné > Região de Gabu > Nova Lamego > c. jan / fev 1967 > Tecelão

Fotos do álbum de Manuel Caldeira Coelho (ex- fur mil trms, CCAÇ 1589 / BCAÇ 1894,
"Os Tufas") (Bissau, Fá Mandinga, Nova Lamego, Beli e Madina do Boé, 1966-68) (*)


Fotos (e legendas): © Manuel Caldeira Coelho (2011). Todos os direitos reservados, [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné ]



Foto nº  9 > Guiné > Região do Gabu > Nova Lamego > s/d > Foto aérea  (pormenor) > Povoação e quartel velho de Nova Lamego (hoje Gabu). Alguns edifícios civis de referência, Compare-se com as fotos acima, nºs 1 e 2.

Legenda: (1) Loja dos irmãos Libaneses (depois ocupada pelos comandos dos batalhões que passaram por esta vila); 
(2) Casas civis (para alugar) | Casa Caeiro (eata seria rua principal);
(3) Estação dos CTT (civil) (e a seguir deveria ser o Cine-Clube, no prolongamento da rua, que ia dar ao edifício da administração, mais tarde, com a independèncai,  sede do Governo Regional); 
(4) Parque de jogos.... (Do lado esquerdo da foto original, aparecia uma parte da tabanca, que cortámos, tal como a parte superior, ao fundo da vila, redimensionando a foto).

Foto (e legendas): © Roseira Coelho / Tino Neves (2007). Todos os direitos reservados. [Edição: e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]




Guiné > Região de Gabu > Nova Lamego > Carta (1957) (Escala 1/50 mil) > A vila de Nova Lamego tinha uma malha urbana ortogonal. A noroeste ficava o aeródromo e a(s) tabanca(s) (Gabu-Sara) mais a norte. De Nova Lamego partia-se para: (i) Bafatá (a oeste); (ii) Sonaco (a noroeste); (iii) Bajocunda, Pirada, Senegal (a nor-nordeste); (iv) Piche, Buruntuma, Guiné-Conacri (a és-nordeste); (v) Canjadude, Cheche, Madina do Boé, Guine-Conacri (a sul); (vi) Cabuca (a sudeste).


Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2024)




1. São fotos de Nova Lamego e seus arredores (tabancas e pista de aviação). 

O Manuel Coelho (ou Manuel Caldeira Coelho) é o nosso melhor fotógrafo de Madina do Boé. 

Quando entrou para o o nosso blogue, em 12/7/2011, disponibilizou cerca de 90 fotos do seu álbum. A maioria relativa (c.40) são dos sítios onde a CCAÇ 1589 passou mais tempo, ou seja, na região do Boé.(**)

Alentejano de Reguengos de Monsaraz, com 45 dezenas de referências no nosso blogue, vive em Paço d' Arcos, Oeiras.

2. Sobre a CCAÇ 1589, recorde-se aqui 
sumariamente a o seu percurso pelo CTIG:

(i) chegada em 4/8/1966, foi inicialmente colocada em serviço na guarnição de Bissau na dependência do BCaç 1876, em substituição da CCaç 728, com vista a garantir a segurança das instalações e das populações da área;

(ii) em 16dez66, passou a ser subunidade de intervenção e reserva à disposição do Comando-Chefe orientada para a zona Leste, instalando-se em Fá Mandinga e tendo tomado parte em diversas operações realizadas nas regiões de Xime, Sarauol, Nova Lamego, Madina do Boé e Enxalé.

(iii) de 28jan67 a 7fev67, esteve colocada em Nova Lamego como subunidade de reserva do Agr24, colmatando a saída da CCaç 1625 até à chegada da CCav 1662;

(iv) voltou para Fá Mandinga, onde assegurou a responsabilidade do respectivo subsector durante a adaptação operacional da CArt 1661;

(v) após a marcha de um pelotão em 25mar67 para Béli, foi deslocada em 7abr67 para Madina do Boé, a fim de substituir a CCaç 1416,

(vi) em 10abr67, assumiu a responsabilidade do respectivo subsector, com o pelotão já instalado em Béli, ficando então integrada no dispositivo e manobra do BCaç 1856 e depois sucessivamente do BCav 1915 e do BCaç 1933;

(vii) em 20jan68, foi rendida em Madina do Boé pela CCaç 1790 e em 12Fev68 no destacamento de Béli, tendo ambos os aquartelamentos sofrido fortes flagelações no periodo de jun a dez67;

(viii) em 31jan68, foi colocada em Bissau na dependência do BCaç 2834, para serviço de guarnição até ao seu embarque de regresso (em 9/5/1968), colmatando anterior saída da CCaç 1547 e sendo depois substituída em Bissau pela CCav 1617;

(ix) Cmdt: Cap Inf Henrique Vitor Guimarães Peres Brandão.

Guiné 61/74 - P26132: Convívios (1009): Centésimo Encontro da tertúlia da Tabanca do Centro, a levar a efeito no próximo dia 29 de Novembro de 2024, em Ortigosa

Com a devida vénia à Tabanca do Centro, na pessoa do nosso camarada Joaquim Mexia Alves, transcrevemos o texto ali publicado a propósito do 100.º Encontro daquela tertúlia, a realizar já no próximo dia 29 de Novembro.
Desde já felicitamos o Joaquim e o Miguel, pela dedicação à organização destes convívios, o primeiro no terreno e o segundo no apoio.
A tertúlia da Tabanca do Centro está de parabéns, esperando nós que se continuem a encontrar regularmente como até aqui.



100.º ENCONTRO DA TABANCA DO CENTRO

Pois é, meus camarigos, o tempo passa a voar e em Janeiro a Tabanca do Centro faz 15 anos!

Mas antes disso e já no dia 29 de Novembro, vamos ter o nosso 100º Encontro, o que é uma marca digna de ser comemorada.

Com efeito, tirando o tempo da pandemia, a Tabanca do Centro reuniu uma média de 8 vezes por ano. De fora ficaram por norma os meses de Julho e Agosto (com a dispersão do pessoal no período de férias de verão), Dezembro (devido à sobreposição com os tradicionais festejos de Natal) e o mês em que a Tabanca Grande realizava o seu Encontro Nacional (evento que não teve continuidade nestes últimos anos).

Já vão longe os encontros em que éramos sempre mais de 60 camarigos e, se bem me lembro, chegámos a ter um encontro com quase 100 camarigos.

Mudámos quatro vezes de local, pois começámos na Pensão Montanha em Monte Real, com o cozido à portuguesa, daí fomos para o salão paroquial de Monte Real, ainda com o excelente cozido à portuguesa da D. Preciosa, de quem temos muitas saudades, depois fizemos uma única experiência na “Tertúlia do Manel” e finalmente assentámos arraiais no Saloon, com o seu buffet, onde nos mantemos, pelo menos por agora.

Vêm camarigos de todo o lado, desde Lisboa até ao Porto, passando por Aveiro e outras paragens deste nosso Portugal.

Desde a primeira hora que no momento do pagamento cada um, segundo as suas possibilidades, dá mais qualquer coisa para podermos ajudar os Combatentes em dificuldades, o que tem acontecido periodicamente.

Vamos envelhecendo, mas vamos mantendo acesa a chama da amizade que une sempre aqueles que, como nós, estiveram numa guerra e foram colocando as suas vidas nas mãos daqueles que estavam ao seu lado.

Cá vos esperamos a todos, a todas as Tabancas que se vão juntando por Portugal afora, para comemorarmos condignamente e em alegria este 100º encontro da Tabanca do Centro.

Monte Real, 8 de Novembro de 2024
Joaquim Mexia Alves

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Nota do editor

Último post da série de 10 de outubro de 2024 > Guiné 61/74 - P26030: Convívios (1008): XXIX Encontro/Convívio dos Antigos Combatentes da Vila de Guifões, levado a efeito no passado dia 5 de Outubro de 2024, em Vila Boa de Quires

Guiné 61/74 - P26131: Os nossos seres, saberes e lazeres (653): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (178): Regresso aos Açores, às ilhas do grupo oriental (7) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 29 de Julho de 2024:

Queridos amigos,
Foi uma chegada a Vila do Porto, com pompa e circunstância. Faz-se uma boa caminhada entre casario e lavoura, segue-se uma longa descida até dar com um largo e um belo convento, na Rua do Cotovelo, pergunta-se pela biblioteca, sugere-se que vá à Casa dos Fósseis, é aí que se dá o milagre da ressurreição dos vivos, quando me sentar no Museu Municipal, umas centenas de metros mais abaixo, a começar e ler um livro ali comprado A Ilha de Gonçalo Velho há uma chamada telefónica do sr. João a dizer que o pai descobriu o sr. José Braga Chaves, este pede contacto imediato, do imediato se chega à fala, e estes dois amigos, um que foi aspirante oficial miliciano e o outro seu soldado recruta, se vão abraçar e encontrar frequentemente durante aquela curta estadia, cada um tem uma história para contar, mas o mais importante foi o que se passou nos Arrifes e em Ponta Delgada, onde firmaram amizade, onde este mariense, conhecido como o mestre do karaté consertou um dedo repuxado na clínica do dr. Furtado Lima, intervenção cirúrgica que paguei em prestações suaves, e onde amigos queridos acolheram o convalescente, todos já partiram para as estrelinhas, nós ainda cá ficámos a luzir. E a viagem por Sta. Maria continua.

Um abraço do
Mário



Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (178):
Regresso aos Açores, às ilhas do grupo oriental – 7


Mário Beja Santos

Recordo que durante a viagem até ao aeroporto de Sta. Maria me senti enfurecido por não ter devidamente tratado a questão do ciclo da laranja, uma riqueza que brindou ilhas açorianas particularmente nos séculos XVIII e XIX, e que uma sucessão de pragas extinguiu. No ponto mais alto do Museu Municipal de Vila Franca do Campo falou-se exatamente da laranja, que se deu muito bem nestes solos de origem vulcânica, formados por basaltos, tufos, traquites, lavas e pedra pomes. A chamada laranja doce foi cultivada especialmente em S. Miguel, mas também na Terceira, Faial e Pico. Gaspar Frutuoso fala deste citrino em quase todas as ilhas do arquipélago, com exceção da Graciosa, Flores e Corvo, o principal mercado para onde se exportava laranja era o Reino Unido. Paciência, voltarei à questão quando aqui voltar, juro a mim próprio.
Busco alguma documentação para me orientar, é uma brochura intitulada Sta. Maria para pessoas curiosas: nesta ilha encontram-se fósseis marinhos raros com milhões de anos e as suas jazidas fossilíferas, com relevância internacional, são um verdadeiro laboratório ao ar livre; a extração do barro foi durante muitos anos uma atividade económica de relevo na ilha e a intensidade das trocas comerciais entre Vila do Porto e Vila Franca do Campo levou a que fossem geminadas; Sta. Maria serve de habitat à ave mais pequena da Europa: a Estrelinha de Sta. Maria. Arrumados os tarecos no hotel, faz-se uma longa caminhada até se chegar a Vila do Porto, pergunta-se onde é o Museu Municipal, uma solicita senhora manda seguir em frente, olhe, depois daquela igreja, siga pelo passeio da direita, passa pelo convento e a Câmara, mais adiante tem a Casa dos Fósseis, aí lhe dizem como vai chegar rapidamente ao museu.
E assim foi, dá-se com o largo, ainda todo engalanado, uma ermida aberta com a imagem do Senhor Santo Cristo, uma bela talha, uma réplica da imagem guardada no Convento de S. Francisco em Ponta Delgada.

Senhor Santo Cristo dos Milagres, da capelinha junto ao Convento de S. Francisco
Convento de S. Francisco e a entrada para a Câmara da Vila do Porto à esquerda
A Estrelinha de Sta. Maria, obra de Bordalo II, no largo do Convento de S. Francisco
Casa dos Fósseis ou Centro de Interpretação Ambiental Dalberto Pombo, Vila do Porto

O sr. João é um jovem muito amável, vejo-o empolgado em mostrar-me o acervo legado de Dalberto Pombo, é nos explicada a riqueza dos fósseis e aquela particularidade que distingue Sta. Maria das demais ilhas, submergiu alguns milhões de anos, veio depois à superfície, assim se explica como uma parte da ilha é bastante plena (foi aí que se construiu o aeroporto de Sta. Maria, durante a Segunda Guerra Mundial) outra parte com bastante relevo e muito declivosa. Perguntou ao sr. João onde é a conservatória, ele questiona se venho comprar, não venho comprar nem vender, meu caro senhor, pretendo saber se está vivo e aqui reside José Braga Chaves, dei-lhe a recruta nos Arrifes, em S. Miguel, ficámos grandes amigos, por vicissitudes da vida há muitas décadas que não sabemos um do outro, tenho por ele uma profunda estima. O sr. João responde que ele deve ser parente do pai, o pai tem apelido Braga, dê-me o seu telemóvel, vou conversar com o meu pai, a ver se lhe vou dar uma boa resposta. Quanto ao Museu Municipal é só descer esta rua, do lado esquerdo.
Aqui arribei, tenho os pés moídos, a curiosidade pelos livros está sempre desperta, compro Ilha de Gonçalo Velho, por Jaime Figueiredo, instalo-me num cadeirão estofado, fico a saber que a ilha mede cerca de 17 km e tem uma superfície de 97 km2, dista 780 milhas de Lisboa e 2285 de Nova Iorque. Há as costas de arribas e alcantis, furnas e grutas, cheias de sedução e mistério, é o caso da furna de Santana e a do Romeiro. Estou nesta leitura da origem vulcânica, nos filões sedimentares de calcário miocénico quando toca o telefone, o senhor está cheio de sorte, o meu pai sabe muito bem de quem o senhor está a falar, esse senhor é o mestre do karaté, telefonou-lhe logo, o senhor Chaves está em pulgas, pediu para lhe dar o número de telefone, agradeço-lhe tudo sr. João, não agradeça, volte sempre, já que gostou do museu, ligo para o Zé Braga Chaves, são duas vozes exaltadas, taramelas, soluços, estou no Museu Municipal, pois eu dentro de minutos vou aí, tal como aconteceu, os dois velhos correm um para o outro, o rececionista do museu, sabiamente, mesmo cheiinho de curiosidade, afasta-se de uma cena íntima, temos a sábia prudência de voltar a 1967, aos marienses que não puderam passar o Natal na sua terra, a festa que se pôde organizar, as prendas para os soldados do pelotão, as senhoras de Ponta Delgada até foram buscar o comandante militar e a mulher para a festa que decorreu numa garagem toda forrada de criptomérias, o Botas a fazer de Pai Natal e a dar embrulhinhos às crianças, até houve missa cantada e depois um repasto especial. Fomos a um café onde pedi uma Kimba de maracujá, falámos depois das nossas guerras e é nisto que o Zé me pergunta por quanto tempo venho, qual o meu programa, só tenho programa amanhã de manhã, então vamos já buscar o carro e começar a conhecer a ilha, assentámos que eu sou o Mário e ele o Zé, então fica assim, a emoção é de tal ordem que me escusam de perguntar qual foi exatamente o itinerário percorrido, o que recordo é que saímos de Vila do Porto por uma estrada que levava a Praia Formosa, casario aqui, casario acolá, muito oceano à vista, na minha inocência perguntei-lhe se aquela enseada de Praia Formosa tinha a ver com São Lourenço, naquele outubro de 1967 o Carvalho Araújo aportou em frente a São Lourenço, ali se descarregou mercadoria, tivemos oportunidade de vir a terra num barquinho, ficara agradado. O Zé respondeu-me que amanhã o passeio seria até à baía de São Lourenço, mas olhe que há grandes diferenças, pronto lhe respondi que ainda bem, a minha grande alegria é ver como toda esta região medra e se dignifica. É pá, explica-me lá porque te chamam mestre do karaté. E ele explicou.

Museu Municipal de Vila do Porto, no centro da vila
Pormenor das janelas do Museu Municipal
Vista panorâmica da Praia Formosa
Ocasião acertada para fotografar o José Braga Chaves
Outro pormenor da Praia Formosa
Acertei com o Zé programa para a tarde de amanhã, ele insiste que quer fazer em sua casa um jantar para mim, agradeço-lhe muito. A manhã do dia seguinte, tanto quanto em recordo, já que atingiu o cúmulo do desleixo e nem me lembro de meter no bolso o caderninho viajante, é um itinerário que passa por Praia Formosa, segue para a Maia, estamos na Costa Norte, fico maravilhado com os vinhedos em terreno tão penhascoso, mal comparado lembra a organização do terreno na ilha do Pico, onde se produz o seu vinho, mas a imaginação puxou mais longe, até parecia uma construção maia, que beleza de terraços, ver a vida a nascer entre aquelas barreiras de pedra. O pessoal da Câmara de Vila do Porto é atencioso e gentil, o senhor esteja à vontade, pergunte o que quiser, como eu já conhecia a brochura, perguntei se já era tempo da meloa de Sta. Maria, onde seria possível comer uma sopa de Espírito Santo ou caldo de nabos, como eram os vinhos, e vieram explicações de quem gosta de satisfazer o perguntador.
Pormenor da vinha de Sta. Maria
A cascata do Aveiro, uma das atrações turísticas a que ninguém se quer furtar, tivesse eu vindo pela invernia que a água seguramente escorripichava em cachão, agora são aqueles fiozinhos de água, mas não deixa de ser impressionante.
Um belo pormenor da Costa Norte, o casario lá no sopé do rochedo. Pouco dei pelas ribeiras, parece que no verão desaparecem, pelo que li há duas em direção a Vila do Porto; a ribeira de Aveiro despenha-se sob a forma de cascata, há uma outra, a do Salto que lança as suas águas por detrás da Ponta Negra, e também Sta. Bárbara que desemboca nas Lagoinhas. Há também ilhéus, irei ver o do Romeiro, a tal baía gigante na entrada de São Lourenço.
Fica-me a impressão que não longe do Farol da Maia se desce até esta vista impressionante do que foi uma fábrica de aproveitamento do óleo do cachalote, o que mais me impressionou foram os tons da cor da água, aquele impressionante enrugado da corrente e contracorrente, olha-se de cima para baixo e até dá para imaginar um mundo desaparecido mergulhado em águas tão cristalinas.

(continua)

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Nota do editor

Último post da série de 2 de novembro de 2024 > Guiné 61/74 - P26107: Os nossos seres, saberes e lazeres (652): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (177): Regresso aos Açores, às ilhas do grupo oriental (6) (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P26130: Parabéns a você (2325): António da Costa Maria, ex-Fur Mil Cav do ERec 2640 (Bafatá, 1969/71); António João Sampaio, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 15 e ex-Cap Mil Inf, CMDT da CCAÇ 4942/72 (Mansoa, Barro e Bigene, 1973/74) e João Alves Martins do BAC-1 (Piche, Bedanda e Guileje, 1967/70)



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Nota do editor

Último post da série de 3 de novembro de 2024 > Guiné 61/74 - P26110: Parabéns a você (2324): Tenente-General PilAv Ref António Martins de Matos, ex-Tenente PilAv da BA 12 (Bissau, 1972/74)