sábado, 12 de junho de 2010

Guiné 63/74 – P6581: Fichas de unidade (7): Companhia de Artilharia 2673 - CART 2673 (José Martins)

1. Quando é necessário sabermos o historial de uma Unidade, recorremos aos bons préstimos do nosso Camarada José Marcelino Martins (ex-Fur Mil de Transmissões da CCaç 5 - Os Gatos Pretos -, Canjadude, 1968 a 1970), que se tem prontificado eficaz e prestavelmente, através da sua melhor e mais exaustiva pesquisa, a colaborar na prestação, às pessoas interessadas, deste tipo de dados.

Agradecendo, desde já, a sua amigável e prestável colaboração, apresentamos a seguir, a pedido do nosso Camarada Hélder de Sousa, os resultados do seu melhor estudo, devidamente adaptado e condensado da CART 2673, elaborado em 08 de Junho de 2010:


CART 2673

Camaradas,

De um e-mail do nosso camarada e amigo Hélder Sousa, recebido em 27 de Maio de 2010, respigamos algumas frases, para nos colocarmos em sintonia (ou não fossemos de transmissões), num dos assuntos que me levou, ao Arquivo Histórico Militar:

“Bom dia, caro amigo e camarada...

Como vai essa 'luta' aí com as contas? Calculo que 'durinho', como sempre.

Olha, estou a comunicar-te para te solicitar algum trabalho mas, desde já te digo que não precisas correr...

Acontece, é que depois ele me pede para ver se consigo saber alguma coisa sobre as circunstâncias do falecimento de um camarada Furriel, chamado Fernando Pacheco dos Santos, ao que parece nado e criado em Setúbal (por eu agora viver cá ele pensou que eu poderia conhecer mas a verdade é que só vim para cá trabalhar 2 meses antes do 25 de Abril de 74 e passei a viver em permanência só a partir de Julho/Agosto de 75) e que pertenceu à CART 2673.

Diz que já procurou e não encontrou nada de pormenorizado, diz que morreu em combate, salvo erro em 7 de Julho de 1970, pois é isso que parece estar no portal dos combatentes em que se refere ter essa Companhia tido 4 mortos nesse dia, entre os quais o tal Fernando que esteve com ele em Vendas Novas.

(…)

Por mim vou tentar ver junto de alguns, poucos, conhecidos, aqui de Setúbal que possam ter sido contemporâneos e/ou possam saber algo mais.

Abraço,
Hélder Sousa”

2. A resposta do José Martins ao Hélder Sousa:

Caro Hélder,

Aqui vai a resposta que consegui obter para a tua questão. Foi finalizado há pouco, já que hoje estive na Liga dos Combatentes para obter alguns elementos.

Felizmente temos lá a nossa amiga Teresinha, que faz o favor de me facultar o que lhe peço e sempre a correr, pois não há estacionamento e deixo o carro em transgressão.

O texto segue com conhecimento ao blogue e ao António Pires. Penso que, pelo seu interesse, esta história não deve ser privada.

CART 2673


Brasão retirado de

http://guerracolonial.home.sapo.pt/
© Jorge Santos, com a devida vénia.

Antes de entrar na transcrição, do que localizei na AHM, refiro que a Companhia de Artilharia nº 2673, teve, como unidade mobilizadora, o Grupo de Artilharia Contra Aeronaves nº 2, aquartelada em Torres Novas, de onde partiu para a Guiné e onde chegou em 6 de Fevereiro de 1970 (tinha embarcado em Lisboa em 31 de Janeiro anterior), tendo regressado em 2 de Dezembro de 1971.

Foi comandada pelo Capitão de Artilharia Adolfo Pereira Marques, que foi substituído pelo Capitão Miliciano José Vieira Pedro.

Usou como Divisa “Leões de Empada” e a história da unidade encontra-se arquivada na caixa 91, na 2ª Divisão/4ª Secção do AHM.

Do seu percurso no CTIG, refere-se que seguiu para Empada em 4 de Fevereiro de 1970, para substituir a Companhia de Caçadores nº 2381 e assumir a responsabilidade do subsector em 26 desse mesmo mês.

Desde 9 de Abril, cedeu pelotões para reforço de Nhacra e Buba até 12 de Julho de 1970, data em que regressaram a Empada. O subsector de Empada tinha sido alargado com as zonas de acção das áreas das penínsulas de Cubisseca e Pobreza.

Foram obtidos excelentes resultados nas operações realizadas pela subunidade nas operações realizadas nas regiões de Caúr, Buduco, Cancumba e Satecuta, entre outras.

Foi rendida no subsector de Empada pela Companhia de Caçadores nº 3373, em 28 de Maio de 1971, seguindo para Bissau onde substitui a Companhia de Caçadores nº 2571, na guarnição e defesa dos pontos sensíveis da área.

A 30 de Maio de 1971 assumiu o subsector de Brá, integrando o COMBIS [Comando de Bissau], destacando efectivos para Safim e João Landim, subsector de Nhacra, e para Cumeré, em reforço das guarnições locais, até ser rendida pela Companhia de Artilharia nº 2672, para embarcar para a metrópole.

[7º Volume - Tomo II – Guiné – Fichas das Unidades, da Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961 – 1974), página 472]

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Em 2 de Junho de 2010, no Arquivo Histórico Militar, com o processo à minha frente, fui desfolhando, página a página, tentando encontrar algo que me levasse ao facto que estava em análise, retirando do mesmo o seguinte:

CAP II / HU / PAG. 17 e 18
FASCICULO IV
(Período de 01JUL70 – 31JUL70)

SITUAÇÃO GERAL

Com as primeiras chuvas, o terreno tornou-se mais propício aos deslocamentos do IN [inimigo]. Na época seca, após as queimadas, grandes extensões de terreno são visíveis, dificultando-lhes a entrada na nossa ZA [zona de acção], já que as NT [nossas tropas] batem diariamente toda a zona. A partir desta altura, o capim cresceu, permitindo-lhes a aproximação diurna, com maior facilidade. Tomando partido dessa vantagem, o IN pretendeu, no período em referência, efectuar um ataque em força e um possível assalto ao quartel e tabanca. Apoiado por um grupo de foguetões, instalado em CÃ BALANTA, deslocou efectivos da ordem de 200 combatentes que se aproximaram por IANGUÉ-CAUR DE BAIXO BEAFADA. No mesmo conjunto vinham integrados grupos de artilharia e infantaria.

Levariam adiante os seus intentos, se não fosse um reduzido GCOMB [grupo de combate] reforçado com Milícia, perfazendo um efectivo de 30 homens, emboscados no cruzamento de CAUR, que lhe fez frente, causando-lhes inúmeras baixas.

Entretanto, devido à enorme superioridade do IN em efectivos e material, também as NT tiveram baixas e sofreram a captura de algum material. Só um punhado de combatentes voluntariosos, bem conduzidos pelo seu chefe, conseguiu que o contacto IN não redundasse em tragédia total. Para o insucesso parcial das NT, muito contribuiu a falta de efectivos de que então se dispunha, devida a 2 GCOMB continuarem em diligência na CCAÇ 2616.

Por informações posteriores, soube-se que o IN tinha conhecimento da falta de efectivos em Empada, motivo por que foi planeada tal operação.

Este facto baixou um pouco o moral das NT, tendo o comando da Companhia envidado todos os esforços para que tal não acontecesse. Também a visita de Sua Exª o Comandante-Chefe, teve como fim principal estimular as NT aproveitando para recordar as críticas elogiosas que sempre fizera à CART. Igualmente deu ordem para os 2 GCOMB regressarem de novo à CART, voltando a ficar toda reunida.

Todas as actividades do período anterior foram mantidas, renovando a segurança aos trabalhos da bolanha da UALADA, no início da nova época agrícola. Foram dadas à população todas as facilidades de transporte.

ACTIVIDADES DIÁRIAS

01JUL - À tarde, 1 GCOM com Milícia patrulharam CANCHUMA, CANTORÁ e emboscaram no cruzamento de CANTORÁ.

02JUL - 1 GCOMB com Milícia patrulharam MISSIRÁ BIAFADA, FARANCUNDA BALANTA, emboscando no trilho, seguindo depois por BUNHADO, FARANCUNDA BEAFADA, MISSIRÁ BEAFADA e BUDUCO.

03JUL - 1 GCOMB com Milícia patrulharam UALADA e MISSIRÁ BALANTA, montando uma emboscada em BADUCO.

04JUL - 1 GCOMB com Milícia patrulharam MISSIRÁ BEAFADA, FARACUNDA BEAFADA, MADINA DE CIMA BEAFADA, BUNHADO, DANDO e MISSIRÁ BEAFADA.

05JUL - Ao entardecer 1 GCOMB com Milícia patrulharam MISSIRÁ BALANTA e UALADA e montaram uma emboscada nocturna em CANCUMBA BALANTA.

06JUL - À tarde, 1 GCOMB com Milícia patrulharam CANCHUMA, CANCUMBA BEAFADA, onde foi montada uma emboscada nocturna.

07JUL - Às 15H30, 2 secções do 1º GCOMB reforçadas com Milícia, seguiram para o cruzamento de CAUR, onde emboscaram, À 17H30, progredindo obliquamente à instalação das NT e na direcção deles, apareceu um numeroso grupo IN. Quase simultaneamente as NT abriram fogo, abatendo dois elementos do IN, que abriu um intenso e ajustado fogo de PRG e armas automáticas sobre as NT, matando os apontadores e municiadores de armas pesadas. Alguns Milícias assustados com o potencial IN, retiraram para o quartel, ficando as NT reduzidas a 7 homens válidos, a fazerem face ao IN. Foi pedido apoio aéreo que não se efectivou, devido às péssimas condições atmosféricas. O reforço do quartel tardou a ir e chegou minguado, embora com ele se pusesse o IN em debandada. Veio segundo reforço do quartel que ajudou a transportar os mortos e os feridos. Nesta acção as NT sofreram 4 mortos e sete feridos, e a Milícia 3 mortos e 4 feridos. O IN sofreu 5 mortos confirmados e mais prováveis. Cerca das 19H00 o IN flagelou, pela 1ª vez, com foguetões 122mm, sem consequências.

08JUL - Cerca das 04H00 da madrugada, regressaram as forças a que se refere a acção do dia anterior. Sua Exª o Comandante-chefe, visitou EMPADA, para se inteirar de todos os acontecimentos da véspera. Em formatura da CART e Compª de Milícia, S. Exª procurou moralizar o pessoal em face dos últimos acontecimentos. Aos milícias que fugiram, expulsou-os da Companhia. Aos que enfrentaram o IN, elogiou-os pela sua coragem. Perante os mortos, perfilou-se em continência, mantendo alguns momentos de silêncio.

09JUL - 1 GCOMB com Milícia patrulharam UALADA, MISSIRÁ BALANTA, MISSIRÁ BEAFADA e BUDUCO.

10JUL - 1 GCOMB com Milícia patrulharam UALALA, CANCUMBA BALANTA e CANCUMBA BEAFADA.

11JUL - 1 sec COM MILÍCIA montaram segurança aos trabalhadores da bolanha de UALADA.

12JUL - 1 GCOMB com Milícia, saíram à tarde para patrulhar a zona de UALADA, CANCUMBA BALANTA e CANCAUMBA BEAFADA, onde montaram uma emboscada nocturna. Regressaram de BUBA o 2º e 3º GCOMBS, que ali se haviam mantido em diligência na CCAÇ 2616.

CAP III / HU / PAG. 4
FASCICULO IV
(Período de 01JUL70 – 31JUL70)

A – BAIXAS SOFRIDAS

a) Em combate no dia 7 de Julho de 1970

Mortos

  • * 1º Cabo Miliciano Atirador de Artilharia, NM 08198469 – FERNANDO PACHECO SANTOS
  • * 1º Cabo Atirador de Artilharia, NM 09773669 – AGOSTINHO VALE ALMEIDA
  • * Soldado Atirador de Artilharia, NM 09002769 – JOSÉ CONSTANTINO GONÇALO
  • * Soldado Atirador de Artilharia, NM 09327569 – ERCILIO SILVA MEDEIROS
  • * Comandante Secção de Milícias nº 40464 – MALAN CASSAMÁ
  • * Soldado Milícia, nº 44264 – ANSUMANE JALÓ
  • * Soldado Milícia, nº 50864 – ANSUMANE MANÉ
    Feridos Graves
  • * 1º Cabo Atirador de Artilharia, NM 12538769 – ANTÓNIO SILVA
  • * Soldado Atirador de Artilharia, NM 09327569 – VALDEMAR C. FERREIRA
  • * Soldado Atirador de Artilharia, NM 09115569 – ANTÓNIO HERMINIO DINIS
  • * Soldado Atirador de Artilharia, NM 09154669 – VITOR SANTOS TEIXEIRA
  • * Soldado Milícia, nº 42064 – MUSSA BALDÉ
  • * Soldado Milícia, nº 44564 – SIRO MANÉ
  • * Soldado Milícia, nº 50464 – CHERIFO INJAI
  • * Soldado Milícia, nº 44364 – CHERIFO JAURA
    Feridos Ligeiros
  • * Aspirante a Oficial Miliciano, NM 14055369 – AGOSTINHO CORREIA SILVA
  • * 2º Sargento de Artilharia, NM 52023911 – MANUEL ADELINO CORREIA TEIGAO
  • * 1º Cabo Atirador de Artilharia, NM 19782569 – ANTÓNIO J. F. FERREIRA

b) Por outras causas
Nada

B – PUNIÇÕES
Nada

C – LOUVORES E CONDECORAÇÕES

a) Apreciação da actividade operacional por S. Exª o General Comandante-chefe ao BCAÇ 2892, destacando-se a parte que interessa à CART:

- Período de 12 a 19 de Julho de 1970

“Boa e bem orientada actividade geral, salientando-se a actividade da Guarnição de EMPADA” (CART 2673)

-Período de 26 de Julho a 2 de Agosto de 1970

“Boa e bem orientada actividade geral, continuando a verificar-se boa actividade da Guarnição de EMPADA” (CART 2673)

CAP III / HU / PAG. 5
FASCICULO V
(Período de 01AGO70 – 31AGO70)

A – BAIXAS SOFRIDAS

a) Em combate
Nada

b) Por outras causas
Nada

B – PUNIÇÕES
Nada

C – LOUVORES E CONDECORAÇÕES

a) Apreciação da actividade operacional por S. Exª o General Comandante-Chefe ao BCAÇ 2892, destacando-se a parte que interessa à CART:

- Período de 09 a 16 de Agosto de 1970

“Boa e bem orientada actividade geral, salientando-se a actividade da Guarnição de EMPADA” (CART 2673)

b) Louvores individuais

Pelo Exmº Comandante do BCAÇ 2892, foram louvados os seguintes militares da Companhia de Artilharia nº 2673 e da Companhia de Milícias nº 6:

  • * 1º Cabo Miliciano Atirador de Artilharia, NM 08198469 – FERNANDO PACHECO SANTOS (A Título Póstumo)
  • * Soldado Atirador de Artilharia, NM 09308669 – ANTÓNIO CARVALHO COUTO
  • * Soldado Radiotelegrafista, NM 09097669 – JOSÉ MOTA BRITES
  • * Comandante de Pelotão de Milícias nº 21864 – BUBACAR BARÓ

Começaram a elaborar-se processos de averiguações para atribuição de Medalha Militar, aos seguintes militares:

  • * Aspirante a Oficial Miliciano, NM 14055369 – AGOSTINHO CORREIA SILVA
  • * 2º Sargento de Artilharia, NM 52023911 – MANUEL ADELINO CORREIA TEIGAO

CAP III / HU / PAG. 10
FASCICULO X

Desde 23JAN71 está-se a proceder à organização de processo de averiguações para atribuição de Medalha Militar, aos seguintes militares:

  • * 1º Cabo Miliciano Atirador de Artilharia, NM 08198469 – FERNANDO PACHECO SANTOS
  • * 1º Cabo Atirador de Artilharia, NM 09773669 – AGOSTINHO VALE ALMEIDA
  • * Soldado Atirador de Artilharia, NM 09002769 – JOSÉ CONSTANTINO GONÇALO
  • * Soldado Atirador de Artilharia, NM 09327569 – ERCILIO SILVA MEDEIROS

CAP III / HU / PAG. 17
FASCICULO XVI
……………………

C – LOUVORES E CONDECORAÇÕES

a) Condecorações

  • 1º Cabo Miliciano Atirador de Artilharia, NM 08198469 – FERNANDO PACHECO SANTOS, condecorado com a Cruz de Guerra 4ª Classe, a título póstumo, por despacho de de Sua Exª o General Comandante-Chefe.

CAP III / HU / PAG. 19
FASCICULO XVIII
……………………

C – LOUVORES E CONDECORAÇÕES

b) Condecorações

Concedida a Medalha das Campanhas da Guiné, com a legenda “GUINÉ 1970 – 1971” por despacho de S. Exª o Brigadeiro Comandante Militar, aos militares da CArt 2673, a seguir mencionados
………………………

Pessoal que faleceu por ferimentos em combate:

  • * 1º Cabo Miliciano Atirador de Artilharia, NM 08198469 – FERNANDO PACHECO SANTOS
  • * 1º Cabo Atirador de Artilharia, NM 09773669 – AGOSTINHO VALE ALMEIDA
  • * Soldado Atirador de Artilharia, NM 09002769 – JOSÉ CONSTANTINO GONÇALO
  • * Soldado Atirador de Artilharia, NM 09327569 – ERCILIO SILVA MEDEIROS

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Elementos retirados do 8º Volume - Mortos em Campanha – Resenha Histórico.Militar das Campanhas de África (1961 -1974)].

Tomo II – Livro 1, pagina 532 e 533

Pertencentes à Companhia de Artilharia nº 2673, mobilizada no Grupo de Artilharia Contra Aeronaves nº 2, em Torres Novas, e falecidos em combate em Empada, depois do cruzamento de Caur, no dia 7 de Julho de 1970:

  • AGOSTINHO VALE ALMEIDA, 1º Cabo Atirador de Artilharia, NM 09773669,Solteiro,filho de Agostinho Torres de Almeida e Maria da Conceição Vale, natural da freguesia de Santa Marinha e concelho de Seia. Foi inumado no Cemitério Paroquial de Santa Marinha.
  • ERCILIO SILVA MEDEIROS, Soldado Atirador de Artilharia, NM 09327569, solteiro, filho de Feliciano Medeiros e Maria da Silva, natural do lugar da Charca de Medriz, freguesia de Relíquias e concelho de Odemira. Foi inumado no Cemitério Paroquial de Relíquias.
  • FERNANDO PACHECO SANTOS, 1º Cabo Miliciano Atirador de Artilharia, NM 08198469, Solteiro, filho de Januário dos Santos e Maria Jacinta Pacheco dos Santos, natural da freguesia de Anunciada e concelho de Setúbal. Foi inumado no Cemitério de Nossa Senhora da Piedade em Setúbal.
  • JOSÉ CONSTANTINO GONÇALO, Soldado Atirador de Artilharia, NM 09002769, Solteiro, filho de José Gonçalo e Maria Felicidade, natural da freguesia de Nadadouro e concelho de Caldas da Rainha. Foi inumado no Cemitério de Nadadouro.

Tomo II – Livro 2, pagina 512

Mobilizados no Comando Territorial Independente da Guiné, para servirem em unidades do exército como Caçadores Nativos, Soldados Milícias, Policias administrativos, Guias e Outros, Adidos à Companhia de Artilharia nº 2673, mobilizada no Grupo de Artilharia Contra Aeronaves nº 2, em Torres Novas, e falecidos em combate em Empada, depois do cruzamento de Caur, no dia 7 de Julho de 1970, e foram todos inumados no Cemitério de Empada, na Guiné:

  • ANSUMANE JALÓ, Soldado Milícia, nº 44264, casado com Djanque Vermelho, filho de Pasim e Carinom, natural do lugar Pelundo da freguesia de Nossa Senhora da Natividade e concelho de Cacheu.
  • ANSUMANE MANÉ, Soldado Milícia, nº 50864, casado com Fati Sambu, filho de Infali Mané e Mansata Camará, natural da freguesia de Cancundo e concelho de São Benedito.
  • MALAN CASSAMÁ, Comandante Secção de Milícias nº 40464, casado com Binta Mané, filho de Ansumane Cassamá e Mariana Injai, natural do lugar de Batambali, freguesia de São Benedito e concelho de Fulacunda

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Elementos retirados do 5º Volume - Condecorações Militares Atribuídas – Cruz de Guerra, Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961 -1974)].

Tomo VI – Cruz de Guerra 1970-1971, pagina 500

  • 1º Cabo Miliciano Atirador de Artilharia nº 08198469
    FERNANDO PACHECO DOS SANTOS
    CArt 2673/BCaç 2892/GACA 2
    Guiné
    4ª Classe (Título Póstumo)
    Transcrição do Despacho publicado na OE nº 22 - 3ª série, de 1971
    Agraciado com a Cruz de Guerra de 4ª classe, nos termos do artigo 12º do Regulamento da Medalha Militar, promulgado pelo Decreto nº 35 667, de 28 de Maio de 1946, por despacho do Comandante-Chefe das Forças Armadas da Guiné, de 4 de Junho findo, o 1º Cabo Miliciano nº 08198469 Fernando Pacheco dos Santos, da Companhia de Artilharia nº 2673/Batalhão de Caçadores nº 2892 – Grupo de Artilharia Contra Aeronaves nº 2, a título póstumo.
    Transcrição do louvor a que deu origem a condecoração
    (Publicado na OS nº 54, de 31 de Dezembro de 1970 do QG/CTIG)
    Que, por seu despacho de 23Dez70, considera-se como dado por si, o louvor, a título póstumo, constante do Artº 3º, nº 1, da OS nº 191, de 1oAGO70,do BCaç 2892, conferido ao 1º Cabo Miliciano nº 08198469 Fernando Pacheco dos Santos, com o mesmo teor:
    “Porque, no dia 07Jul70, durante uma emboscada montada pelo seu Grupo de Combate, quando um forte e bem armado grupo In reagia com grande impetuosidade desde o inicio do desenrolar da acção, manteve-se de pé, lançando dilagramas e incentivando os homens da sua Secção, só deixando de o fazer quando foi mortalmente atingido.
    O 1º Cabo Miliciano Pacheco, pela grande coragem, desprezo pelo perigo e pela própria vida, evidenciou as qualidades que caracterizam um verdadeiro combatente.”

Tomo VII – Cruz de Guerra 1972-1973, pagina 87

  • Aspirante a Oficial Miliciano de Artilharia
    AGOSTINHO CORREIA DA SILVA
    CArt 2673/GACA 2
    Guiné
    3ª Classe
    Transcrição Da portaria publicada na OE nº 7 - 2ª série, de 1972
    Manda o Governo da Republica Portuguesa, pelo Ministro da Defesa Nacional, condecorar, por proposta do Comandante-Chefe das Forças Armadas da Guiné, o Aspirante a Oficial Miliciano, Agostinho Correia da Silva, da Companhia de Artilharia nº 2673, do GACA nº 2, com a medalha da Cruz de Guerra de 3ª classe, ao abrigo dos artigos 14ª, 15ª 16ª e 63º do Regulamento da Medalha Militar, de 20 de Dezembro de 1971.
    Transcrição do louvor a que deu origem a condecoração
    (Publicado na OS nº 29, de 19 de Novembro de 1971, Do CCFAG e nº 123, de 24 de Maio de 1972, do GACA 2):
    Louvado o Aspirante a Oficial Miliciano, Agostinho Correia da Silva, da CArt 2673 -GACA 2, por Sua Excelência o General Comandante-chefe das Forças Armadas da Guiné, por despacho de 12Nov71, pelas qualidades de coragem, decisão e sangue frio e serena energia debaixo de fogo demonstradas no comando do seu Grupo de Combate no decorrer de uma emboscada montada pelas nossas tropas, perante um inimigo forte bem armado e que reagiu com invulgar potencial de fogo.
    Com verdadeiro desprezo pelo perigo e só depois de haver sofrido algumas baixas, conseguiu com o seu reduzido número de elementos que lhe restavam, aguentar a impetuosidade das arremetidas do IN durante cerca de duas horas. Por meio de lanços e protegendo-se com o fogo da sua arma, manobrou no terreno conseguindo retirar os seus subordinados da zona mais fortemente batida.
    Deste modo, com a sua valorosa actuação, aguentou o fogo IN e causou várias baixas ao adversário até ao momento em que, com os reforços recebidos, obrigou o inimigo a retirar em fuga desordenada.
    Pela sua atitude, reveladora da mais alta compreensão do dever, o Aspirante Correia da Silva é um militar que muito honra a Arma a que pertence e o Exército que tão abnegadamente serve.

Tomo VII – Cruz de Guerra 1972-1973, pagina 44

  • 2º Sargento de Artilharia
    MANUEL ADELINO CORREIA TEIGÃO
    CArt 2673/GACA 2
    Guiné
    4ª Classe
    Transcrição Da portaria publicada na OE nº 3 - 3ª série, de 1972
    Agraciado com a Cruz de Guerra de 4ª classe, nos termos do artigo 12º do Regulamento da Medalha Militar, promulgado pelo Decreto nº 35 667, de 28 de Maio de 1946, por despacho do Comandante-Chefe das Forças Armadas da Guiné, de 10 de Novembro último, o 2º Sargento de Artilharia Manuel Adelino Correia Teigão, da Companhia de Artilharia nº 2673/Batalhão de Artilharia nº 2892 – Grupo de Artilharia Contra Aeronaves nº 2.
    Transcrição do louvor a que deu origem a condecoração
    (Publicado nas OS nº 28, de 08 de Novembro de 1971, do CCFAG e nº 46, de 18 do mesmo mês e ano do QG/CTIG):
    Sua Excelência o General Comandante-Chefe das Forças Armadas da Guiné, por seu despacho de 01Nov71, louvou o 2º Sargento de Artilharia Manuel Adelino Correia Teigão, da Companhia de Artilharia nº 2673 – GACA 2 pelas extraordinárias qualidades de coragem, decisão, sangue-frio e serena energia debaixo de fogo evidenciadas no Teatro de Operações da Guiné.
    De realçar, a sua actuação no decurso de uma emboscada levada a efeito pelo seu Grupo de Combate, em que, fortemente atacado por numeroso grupo inimigo, se manteve firme, incitando os homens da sua Secção, dos quais alguns se encontravam gravemente feridos, conseguindo aguentar o impacto do adversário durante cerca de duas horas.
    Quando já se encontrava sem munições, não hesitou, indiferente ao perigo, em rastejar até junto dos camaradas feridos para utilizar os seus carregadores em tiros espaçados, protegendo-os das arremetidas do inimigo que tentava a todo o custo o assalto à posição onde se encontravam.
    Por tudo o que fica expresso, demonstrou, o 2º Sargento Teigão, excelentes qualidades militares, ganhando jus a ser apontado ao respeito e consideração pública.

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Nada de extraordinário brota das páginas, já carcomidas pelo tempo que já passou, depositadas nas prateleiras à espera de serem analisadas.

São histórias da história de muitos jovens, nos quais nos incluíamos, tentando cumprir uma missão que nos tinha sido colocada, para rapidamente, tão rapidamente quanto possível, regressarmos, voltar à vida antiga, àquela que, anos antes, havíamos deixado.

Mas aqui sobressai um facto estranho:

Sendo todos os Aspirantes a Oficial Miliciano e os 1ºs Cabos Milicianos promovidos ao posto imediato, à data de embarque, porque será que nesta Companhia havia dois elementos, um que morreu e outro que ficou ferido em combate, não foram promovidos?

Nem mesmo depois de louvados e condecorados, por actos de bravura?

  • As teias que o Império tece, ou teceu!

08 de Julho de 2010
Saudações a todos,
José Marcelino Martins
Fur Mil de Transmissões da CCaç 5

__________

Nota de MR:

Vd. último poste da série em:

5 de Janeiro de 2010 >

Guiné 63/74 – P5595: Fichas de Unidades (6): COP 4 - Comando Operacional nº 4 (José Martins)

2 comentários:

Anónimo disse...

Caro José Martins

És imbatível em rigor Histórico…
Parabéns.

Um abraço

José Corceiro

Nau disse...

Fui furriel miliciano da CCS do Batalhão Caç. 2892 (sede em Aldeia Formosa - outubro de 1969 - setembro de 1971).
Estudei com o Fernando Pacheco dos Santos na Escola Industrial e Comercial de Setúbal. Fui encontrá-lo em Nhala, em maio-junho de 1970, onde estive a instalar uma nova rede de arame farpado, com cinco rapazes do meu pelotão.
O pelotão do Pacheco fora reforçar a companhia de Nhala, que tinha a seu cargo o patrulhamento da difícil zona do Carreiro de Uane. Quando nos encontrámos, nós que não tínhamos muita lidação um com o outro, foi uma grande alegria, por nos conhecermos da Escola. Nas nossas conversas, o Fernando confidenciou-me que estava desejando de regressar a Empada, onde nunca tinha tido problemas, porque receava Nhala e o Carreiro. No dia em que regressou à sua unidade, despedimo-nos, desejámos sorte um ao outro, e o Pacheco, meio a brincar meio a sério, disse-me para eu acabar a rede depressa e para me raspar dali, que aquilo não era sítio para se estar.
Daí a uns dias soube que tinha havido problemas em Empada com um pelotão que fora dizimado, e desejei que não tivesse acontecido nada ao meu amigo Pacheco. Enganei-me, infelizmente, e ele era um dos mortos.
Regressei a Aldeia Formosa duas semanas depois. Entretanto, chegou o dia de partir para Bissau, para vir de licença à Metrópole. Na avioneta que parou em Aldeia Formosa vinha o comandante do pelotão do Pacheco, que me contou como o meu amigo morreu. O pelotão emboscou uma força considerável do In que, logo nas primeiras rajadas, provocou vários mortos e outros tantos feridos, entre os nossos. Ilesos, apenas meia dúzia deles. O Pacheco era um dos feridos. O aspirante (também não percebo como é que o oficial era aspirante e o Pacheco era cabo miliciano - a única explicação que vejo é terem sido castigados na Metrópole ou já na Guiné) pediu ao enfermeiro que tratasse do Fernando, mas ele rejeitou, dizendo que aguentava, e que havia outros feridos a precisar mais de tratamento do que ele. Daí a pouco, porém, o Pacheco mandou chamar o aspirante e começou a repetir que ia morrer, que ia morrer. O oficial ficou surpreendido, mas só então se apercebeu do ferimento do companheiro, que tinha a mão sobre uma virilha, da qual brotava muito sangue - a artéria fora cortada por estilhaço ou bala. Não tardava, o meu amigo Pacheco, (nado e criado no Bairro da Fonte Nova, freguesia de Nossa Sª da Anunciada, em Setúbal) morria-lhe nos braços, ao cair da tarde do dia 7 de julho de 1970.
Quando soube da morte do Pacheco (ele que ao despedir-se de mim em Nhala me dissera que deixava o inferno para voltar ao «céu de Empada») fiquei, naturalmente muito abalado.
Na antiga Escola Industrial e Comercial de Setúbal, hoje Escola Secundária Sebastião da Gama, lá está o memorial com os nomes, os postos, a colónia e a data da morte dos nove antigos alunos que perderam a vida na Guerra Colonial, entre eles o Fernando Pacheco dos Santos.

Juvenal José Cordeiro Danado, furriel miliciano, sapador de infantaria.