segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

Guiné 61/74 - P18189: O nosso blogue em números (46): postes (1262) e comentários (4100) publicados em 2017






Infografias: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2018)


1.  O número de postes publicados até 31/12/2017, segundo o apuramento feito pelo nosso coeditor Carlos Vinhal,  foi de 18136. Em 2017,  publicaram-se 1262 postes... O número de postes anuais tem vindo a decrescer desde 2010 (Gráfico 1).

Para a produção e divulgação das estatísticas do ano de 2017, o Carlos Vinhal mandou-me os seguintes elementos:

Postes publicados em 2017: 1262, assim distribuídos por editor:

Carlos - 667
Luís - 585
Eduardo - 10

O Gráfico 1A mostra a distribuição dos postes por meses (sendo o melhor o dezembro, com 130 postes, e o pior, como é habitual, o agosto, o "mês das férias", com 77 postes).

 A média foi de 105 postes/mês,  ou seja,  3,45/dia.






Infografias: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2018) 


2. O número de comentários atingiu, no final do ano de 2017, um total de 70700. O número de comentários tem vindo a decrescer desde 2010 (Gráfico 2).

O número médio de comentários por poste, em 2017, é o mesmo (3,2) do ano de 2009 (Gráfico 2A).  O recorde é 6 comentários, em média, por poste, nos anos de 2011 e 2012 em que publicámos um total de 1756 e 1604 postes, com 11 mil e 10,5 mil comentários,  respetivamente..

Os 70700 comentários registados no nosso blogue estão "limpos" de SPAM  (mensagens não desejadas, publicitárias e outras), que é uma das pragas com que tivemos de lidar no passado.  O nosso servidor, o Blogger, tem um sistema muito eficiente de filtragem de mensagens não desejadas, na caixa de comentários, se bem que isso possa inibir ou desmotivar alguns leitores, menos familiarizados com este procedimento.

Recorde-se que uma parte desses comentários pode dar (e tem dado) origem a postes, por iniciativa em geral dos editores mas também, nalguns casos, por sugestão dos autores.

3. Já em tempos o nosso camarada e grã-tabanqueiro António J. Pereira da Costa, comentou nestes termos, com o seu proverbial bom humor,  este aparente desinteresse dos nosso leitores, traduzido pelo redução, em termos relativos e absolutos, do número de comentários (**):

(...) "Parece-me que o período de 2011 - 2013 foi o mais fértil em comentários/participação no blog.
Que se pode concluir daqui?

Por mim diria que começamos a "arrumar a casa". Passado o momento em que todos tínhamos muitas opiniões para dar, entrou-se num período em que vemos claramente e sem ressentimentos ou ódios vesgos o que se passou.

As histórias que vivemos estão contadas e, como são sempre as mesmas por serem verdadeiras, será difícil que surjam novas. Claro que os "periquitos"  que surgirem têm obrigação de se chegar à frente com as suas histórias...

Poderá haver também uma certa falta de temas "fracturantes". Serão bem-vindos desde que não sejam saloios e demagógicos. Por exemplo, aquela coisa dos "filhos do vento".

Não há nada como uma boa discussão alicerçada em factos e interpretações honestas.

A idade poderá pesar mas, para se pensar e escrever na "computadeira", não é necessário ser-se um gandátletista...

Claro que há concorrência "desleal" do Facebook, aquela coisa tonta onde pomos as fotos do nosso prato no Restaurante "O Coelho Zarolho" ou as gracinhas dos nossos netos ou bisnetos, e que não tem piada nenhuma. Mais uma que os americanos nos impingiram (como a pastilha elástica) e que nós consumimos.

A propósito quem é que tem bisnetos? Oh Luís, lança lá um inquérito, mas não vale responder NS/NR!" (...)-

Esperemos que este ano haja mais comentários  a estes números e sugestões de melhoria da qualidade do blogue...que não é meu, é de todos nós, sublinhe-se, mais uma vez 

Afinal,  "a brincar, a brincar", já lá vão 14 anos que andamos a "blogar", 14 anos a celebrar no dia 23/4/2004, ou melhor, no dia 5/5/2014, ´sabado, e que nos voltamos a reunir em Monte Real,  Leiria, no nosso encontro anual, o XIII Encontro Nacionalda Tabanca Grande (, que se realia todos os anos, desde 2006).

Como diria o Jorge Araújo, "14 anos é obra, camaradas"... 14 anos que também fazem parte da nossa vida, no tempo e do espaço que nos calhou em sorte: a vida de "ontem" (no TO da Guiné, repartida por rios, braços de mar, bolanhas, lalas, matos, florestas-galeria, céus, picadas, pontas, tabancas, destacamentos, aquartelamentos...), e a vida de "hoje" (que também não é fácil para os ex-combatentes).______________

Notas do editor:

(*) Último poste da série > 7  de janeiro de 2018 >  Guiné 61/74 - P18186: O nosso blogue em números (45): acabei de registar, às 15h34, a visualização / visita nº 8.300.000 (a contar de julho de 2010)...Num período de 47 dias, desde 21/11 /2017 até hoje, é um acréscimo de cem mil visualizações / visitas (média diária: 2.140)... É obra! (Jorge Araújo)

(**) Vd, poste de 9 de janeiro de 2017 > Guiné 61/74 - P16934: O nosso blogue em números (41): No final de 2016, atingíamos um total de 66 600 comentários (mais 5200 do que em 2015)... O número médio de comentários por poste é ligeiramente inferior a 4... Os nossos leitores continuam a vir ao blogue, a ler-nos e comentar-nos, não obstante o sistema, nada amigável, do Blogger, que filtra o SPAM

Guiné 61/74 - P18188: Notas de leitura (1030): A Guiné-Bissau, os acontecimentos de 14 de Novembro de 1980 e um relatório do CIDAC de Dezembro do mesmo ano (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 15 de Abril de 2016:

Queridos amigos,
Este relatório do CIDAC fala sem complexos de um diagnóstico da doença que estava a vitimar o regime de Luís Cabral. Doença que todos viam e que a todos comprometia. É por vezes radical, excessivo e injusto, quando fala da carga deletéria dos "pides" e "comandos", pondo tudo no mesmo saco, ainda por cima antes e depois da independência da Guiné-Bissau. Vale a pena insistir que não dispomos de nenhum documento válido sobre o alegado comprometimento dos comandos em golpes de Estado.
É um relatório que diagnostica os principais problemas e que, curiosamente, segue de perto a argumentação expendida por um ideólogo do PAIGC ao tempo, Hélder Proença. Documento em que se insiste que continuava por perceber qual o projeto político do Movimento Reajustador, como se iria ver mais tarde não passava de um projeto da tomada do poder, nunca iriam aparecer diretrizes políticas claras para a estafada reconciliação e para a resolução dos problemas prementes do país, que persistem.

Um abraço do
Mário


A Guiné-Bissau, os acontecimentos de 14 de Novembro de 1980 e um relatório do CIDAC de Dezembro do mesmo ano

Beja Santos

O CIDAC tem um longo historial de cooperação com a Guiné-Bissau, antes e depois do 25 de Abril. Após os acontecimentos de 14 de Novembro de 1980, em que um autointitulado Movimento Reajustador apeou Luís Cabral da direção do PAIGC, uma delegação do CIDAC visitou Cabo Verde e a Guiné tendo produzido um detalhado relatório acompanhado de conclusões. Procede-se a seguir, e abreviadamente, ao alinhamento das principais linhas do documento.

Em jeito de diagnóstico, são referidos os seguintes pontos: esvaziamento das estruturas partidárias, com crescente dificuldade na mobilização popular; para compensar a crise na mobilização das massas, a direção do PAIGC teria reforçado as suas posições autoritárias, recorrendo a medidas de forte censura e ao endurecimento da Segurança (esta praticava tortura e prisões indiscriminadas). De igual modo, observava-se condescendência em relação aos crescentes privilégios da camada dirigente, incluindo a acumulação de erros na política económica. Era patente o descontentamento popular, agravado pelas roturas de abastecimento, o que tinha originado uma situação de fome no país que estava a atingir um ponto explosivo. Aristides Pereira alertara há pouco, e severamente, para tais situações no decurso de uma reunião do Conselho Superior de Luta. Também as FARP já escondiam o descontentamento com a nova hierarquização e a perpetuação dos baixos salários, eram visíveis grandes tensões entre os militares. Mas há dois pontos que não se podem ignorar. Em 10 de Novembro a ANP aprovara uma nova Constituição do país, e os debates tinham sido altamente polémicos, sobretudo à volta das seguintes matérias: ausência de uma referência expressa à obrigatoriedade do Presidente ser cidadão guineense, a concentração de poderes no Presidente, a admissão da pena de morte e as discrepâncias, consideradas negativas e inferiorizantes, em relação à Constituição de Cabo Verde. Por outro lado, assistia-se a um cesarismo em que Luís Cabral despachava direta e exclusivamente os assuntos dos Negócios Estrangeiros, os da FARP e da Segurança, que passavam completamente à margem do primeiro-ministro Nino Vieira. Tudo conjugado, tinham-se avolumado pressões à volta o comandante de Nino para que ele assumisse as suas responsabilidades. A fazer fé no relatório, estaria, por parte de Luís Cabral, a ser preparada uma ação para prender Nino, possivelmente a 16 de Novembro, festa de aniversário da FARP.

Passando aos acontecimentos de 14 de Novembro, vejamos a sua sequência. Foram dadas instruções para deter todos os dirigentes como medida de precaução e para libertar os presos políticos, foram interrompidas as comunicações com o exterior. O único foco de resistência efetivo veio da parte do homem forte da segurança, Buscardini que, cercado, provavelmente se suicidou. Entre os factos relevantes do desencadear dos acontecimentos, há a registar a insólita intervenção de Rafael Barbosa na rádio. Este autoproclamou-se líder e desencadeou um movimento de regozijo nos bairros de Bissau. O seu discurso na rádio foi interrompido por ordem do Conselho de Revolução. Três horas depois discursa Nino. Rafael Barbosa gozava manifestamente de grande popularidade. Deu-se também uma dinâmica anti-cabo-verdiana, manifestou-se descontroladamente, porventura por razões que tinham vindo a ser recalcadas desde a independência: ressentimentos que remontam ao período colonial; desigualdades de condições entre cabo-verdianos e guineenses que pertenceram aos quadros do funcionalismo ultramarino no que respeitava a aposentações e reformas. Mais se adianta no relatório que existiam ao tempo na Guiné-Bissau cerca de 200 funcionários cabo-verdianos em postos de responsabilidades no aparelho de Estado, e escreve-se: nem a Guiné-Bissau pode prescindir destes quadros nem Cabo Verde tem a capacidade para os absorver.

Numa segunda fase do golpe, divulga-se a sigla “Movimento Reajustador”, reafirmando sempre a permanência da linha política de Amílcar Cabral e chega-se a convidar Aristides Pereira a vir até Bissau. Com o maior mediatismo possível, fez-se a denúncia dos fuzilamentos dos guineenses e mostraram-se valas comuns, denúncia que terá provocado um autêntico e sincero traumatismo coletivo.

O Movimento Reajustador, à data da elaboração do relatório do CIDAC ainda não tinha revelado claramente qual o projeto político que o corporizava. A expressão reajustador tornou-se rapidamente simpática, incluía nos seus objetivos prioritários o combate às injustiças, a determinação em resolver a crise económica, em satisfazer as necessidades mais prementes do povo, e não deixando de propor a revisão do processo da unidade Guiné-Cabo Verde. A adesão ao movimento foi maciça e espontânea, quer dos poderes regionais (a exceção do presidente do Comité de Estado do Gabu) quer da população quer mesmo da generalidade dos quadros dirigentes. O relator carateriza este movimento como uma revolução nacionalista e populista que não evitou o despoletar de reações racistas contra os mestiços. Para tranquilizar toda a classe política afeta ao PAIGC, foi proclamada uma linha política de continuidade e fidelidade às orientações do PAIGC, particularmente às do III Congresso. Sékou Touré reconheceu o regime escassas horas depois da sua implatanção, enviou a Bissau uma forte delegação governamental e fez uma oferta de mantimentos de primeira necessidade. Podem-se explicar estas atitudes pelas seguintes razões: antigo contencioso pessoal de Sékou Touré contra Luís Cabral, fundado em preconceitos racistas, e um recente conflito fronteiriço tinha azedado as relações entre os dois regimes, à volta de uma zona de águas territoriais onde prosseguiam as prospeções petrolíferas.

A posição oficial cabo-verdiana foi de condenação, trocaram-se cartas ao mais alto nível, o seu conteúdo dava para perceber que a rotura caminhava para o irreversível. O relator não deixa de apontar os aspetos que ele considera negativos: prisão de Luís Cabral, bem como a de alguns membros do Conselho Superior de Luta e de Conselho Executivo de Luta; a indefinição da direção política; a condenação emocional dos fuzilamentos e da descoberta de valas comuns não podia iludir que os “pides” e os “comandos” tinham sido os maiores criminosos ao serviço de opressão colonial, “mesmo depois da independência”; os ataques a Aristides Pereira, envolvendo-o na responsabilização por desvios; a libertação e a intervenção espalhafatosa de Rafael Barbosa; o bloqueamento das estruturas supranacionais do PAIGC.

Mas já na fase das conclusões, comenta-se que a reação nacionalista só terá frutos políticos positivos se for acompanhada pelo combate às forças de orientação política antipopular, comentando-se também que deve ser analisado o frequente apelo ao retorno ao país dos guineenses no estrangeiro, particularmente os quadros técnicos incluindo aqueles que têm estado organizados em movimentos de oposição ao PAIGC como a FLING e a UPANG. A este respeito diz-se que não se pode esquecer que estas organizações representam interesses bem específicos de camadas privilegiadas. O comunicado público do CIDAC apela à libertação dos atuais presos políticos, justificando: “A libertação dos detidos seria um passo fundamental para o diálogo interno e externo, além de não parecer fundamentado que continuem presos os camaradas que, sem prejuízo de erros e desvios, dirigiram as lutas de libertação e de reconstrução nacional, no momento em que são acolhidos e integrados elementos da oposição”.
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Nota do editor

Último poste da série de 5 de janeiro de 2018 > Guiné 61/74 - P18175: Notas de leitura (1029): Os Cronistas Desconhecidos do Canal do Geba: O BNU da Guiné (16) (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P18187: Parabéns a você (1371): António Murta, ex-Alf Mil Inf MA do BCAÇ 4513 (Guiné, 1973/74)

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Nota do editor

Último poste da série de 7 de Janeiro de 2018 > Guiné 61/74 - P18182: Parabéns a você (1370): Mário Lourenço, ex-1.º Cabo Radiotelegrafista da CCAV 2639 (Guiné, 1969/71)

domingo, 7 de janeiro de 2018

Guiné 61/74 - P18186: O nosso blogue em números (45): acabei de registar, às 15h34, a visualização / visita nº 8.300.000 (a contar de julho de 2010)...Num período de 47 dias, desde 21/11 /2017 até hoje, é um acréscimo de cem mil visualizações / visitas (média diária: 2.140)... É obra! (Jorge Araújo)


Infogravura: Jorge Araújo (2018)


1. Mensagem de hoje, às 16h57, do Jorge Araújo, nosso próximo coeditor, a entrar para a equipa em data a anunciar:

Caro Luís,

Boa tarde.

Quis o destino que fosse eu a ser contemplado com mais este número redondo de visualizações / visitas ao nosso blogue - o 8.300.000 (oito milhões e trezentos mil), gravado às 15h34 do dia 7 de janeiro de 2018.

Para o caso de o quereres divulgar, aqui vai ele.

Aproveitei para fazer uma pequena estatística, comparando-o com o anterior. (*)

Assim, o aumento de 100.000 (cem mil) visualizações corresponde a um período de 47 dias, o que dá uma média de 2.140 visitas diárias.

É obra...(**). [Considerando o nosso histórico, temos um total de 10,1 milhões de visualizações / visitas, desde que o blogue foi criado, em 23/4/2004.]

Um abraço. Jorge Araújo.
 PS - Neste período, foram apresentados mais 4 grã-tabanqueiros: em 28/12/2017,  entrou o nº 765; o total de amigos e camaradas da Guiné, membros da nossa Tabanca Grande, é agora de  704 vivos e 61 falecidos.
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Notas do editor

Vd. também os postes:


Guiné 61/74 - P18185: Blogues da nossa blogosfera (89): Jardim das Delícias, blogue do nosso camarada Adão Cruz, ex-Alf Mil Médico da CCAÇ 1547 (8): "Quando vens ao meu encontro"


Do Blogue Jardim das Delícias, do Dr. Adão Cruz, ex-Alf Mil Médico da CCAÇ 1547/BCAÇ 1887, (Canquelifá e Bigene, 1966/68), com a devida vénia, reproduzimos estas duas publicações da sua autoria.


QUANDO VENS AO MEU ENCONTRO

ADÃO CRUZ

© ADÃO CRUZ

Quando vens ao meu encontro para lá da ponte que leva aos restos das paredes onde vivo, quando trazes contigo um resto de lume daquela tarde incendiada da nossa ilusão, fico preso aos ponteiros de um relógio em desacerto, nas horas amargas da solidão.

Ainda há nos teus olhos pequenas estrelas de magia que levam os meus para lá do tempo, de onde regressam cegos como os teus lábios secos.

Não há palavras para me sentir perto do teu rosto, nem são oásis as falésias ou as fendas do deserto, nem são de acerto as horas do sol-posto.

O poema de outrora desnuda-se a si mesmo, dentro dos restos das paredes onde vivo.

Mesmo assim, quando trazes contigo a cinza daquela tarde incendiada, fico a pensar se foi ontem o amanhã… ou se ainda há horas de verdade nas entrelinhas da secura.
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Nota do editor

Último poste da série de 31 de dezembro de 2017 > Guiné 61/74 - P18157: Blogues da nossa blogosfera (88): Jardim das Delícias, blogue do nosso camarada Adão Cruz, ex-Alf Mil Médico da CCAÇ 1547 (7): "A caverna luminosa do poeta" e "Ao fim da tarde"

Guiné 61/74 - P18184: Blogpoesia (547): "O primeiro poema...", "Começou a viagem", e "Despedida do passado", da autoria de J. L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728

1. Do nosso camarada Joaquim Luís Mendes Gomes (ex-Alf Mil da CCAÇ 728, Cachil, Catió e Bissau, 1964/66) três belíssimos poemas, da sua autoria, enviados entre outros, durante a semana, ao nosso blogue, que publicamos com prazer:


O primeiro poema...

Sem casca nem gema, pégo na pena.
Procuro abrir a porta fechada.
Mudo de chave. Ensaio e tento.
E em remoinho me bailam ideias.
De repente, há um vulto que chega.
Uma pomba com uma prenda no bico.
Desato-lhe os laços.
Abro a caixa.
Um papelinho de bordos doirados,
dobrado em quatro.
Sustenho o ar.
O estendo e fico a lê-lo, primeiro para mim:
Medito. Vem do além.
- Não temas. Avança. Confia.
Lança-te à água.
Deixa esta margem.
Pró lado de lá.
De longe, tudo assume a forma
e ganha sentido.
O essencial avulta.
O acessório se esvai e reduz.
A distância e a luz fazem brilhar.
Surgem os tons.
O claro e o escuro.
As cores.
Palpita a vida nos seres.
Uma brisa leve e fresca se solta. O silêncio bafeja.
A alma sobe e medita.
A verdade do ser.
O passado se esquece.
Olha-se além.
Se rasgam caminhos.
Em passadas seguras no chão,
O futuro acontece e se escreve.

Berlim, 1 de Janeiro de 2018
10h39m
Jlmg

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Começou a viagem

Começou a viagem. Sem destino marcado.
Vamos todos, mundo afora.
Um mar de incertezas.
Ronca o motor.
Depósito cheio.
Se sobe e se desce.
Um dia. Uma noite.
Um dia. Uma noite.
Trabalha e descansa.
Viver é fugir com a sorte.
A morte, real ou aparente,
Se esquece que espera.
Sem bagagem. Sem armadura.
O motor acelera ao sabor da luz e do gosto de viver.
A esperança é a brisa. Refresca e consola.
A sede se mata e renasce.
O dia tem cor. A noite só é negra sem sonho.
Às vezes, cair acontece.
Se chora e se ri. E se colhe.
A marcha prossegue. Sem conta nem dúvida.
Se trava e acelera. Conforme o declive.
A mente sadia repara e conduz.
Um veto. Olhar o passado.
O que conta é o passo da hora que vem.
Para todos é assim. É lei…

Berlim, 2 de Janeiro de 2018
7h57m
Jlmg

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Despedida do passado

Foram ínvios os seus caminhos.
Nasceu no sítio ou no tempo errado.
Menino prendado se abalançou ao sonho que despertou na sua mente e foi.
Deixou o seu torrão.
Arrostou de frente como outro qualquer os dissabores da vida.
Afinal, tudo não passava duma quimera.
Eram falsas as pessoas.
Se revelou um palco a vida onde singra só quem é arrogante.
Frustrações atrás de frustrações.
Solidão e desespero foram a calda azeda em que cresceu.
Até que atingiu o seu limite.
E desapareceu do palco.
Abandonou a cena.
Aí errou. Em vez de trocar de campo,
Onde imperasse a natureza,
Em estado mais puro,
Despiu a camisola e lançou-se, sózinho, ao mar do mundo.
Rumo a um objectivo incerto e indefinido.
Insegurança e crueldade.
Sobreviver em cada dia e assegurar o futuro da melhor maneira, foi sua ventura.
Respeitando sempre sua identidade.
E, assim foi.
Hoje, o passado é uma fonte de pesadelos.
Uma tormenta diabólica em cada noite.
Por fim, livrou-se dela, com uma catarse profunda ao seu percurso.
Juntou tudo, fez um monte, chegou-lhe o fogo.
Ao cabo de umas horas, tudo era cinza.
E assim, ficou mais leve para viver a vida, instante a instante.

Ouvindo Sibelius, sinfonia nº 6
Berlim, 6 de Janeiro de 2018
6h25m
Jlmg
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Nota do editor

Último poste da série de 31 de dezembro de 2017 > Guiné 61/74 - P18156: Blogpoesia (546): "Diante duma tela em branco...", "As obreiras do Natal...", "Fábrica da amizade..." e "Último dia...", da autoria de J. L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728

Guiné 61/74 - P18183: Álbum fotográfico de Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) - Parte VIII: Perdidos no rio Cacheu, em maio de 1968 (3)


Foto nº 808 A > Guiné > Região de Cacheu > Varela > Maio de 1968 > Perdidos no rio...  Os homens do sintex, a banhos no mar de Varela (1)


Foto nº 808  > Guiné > Região de Cacheu > Varela > Maio de 1968 > Perdidos no rio...  Os homens do sintex, a banhos o mar de Varela (2)


Foto nº 809 > Guiné > Região de Cacheu > Varela > Maio de 1968 > Perdidos no rio...  Os homens do sintex, a banhos no mar de Varela (3)


Foto nº 25 > Guiné > Região de Cacheu > Varela > Maio de 1968 > Perdidos no rio...  Com um grupo de jovens felupes (1)


 Foto nº 25 A > Guiné > Região de Cacheu > Varela > Maio de 1968 > Perdidos no rio...  Com um grupo de jovens felupes (2)


Foto nº 25 B > Guiné > Região de Cacheu > Varela > Maio de 1968 > Perdidos no rio...  Com um grupo de jovens felupes (3)


Foto nº 806  > Guiné > Região de Cacheu > Varela > Maio de 1968 > Perdidos no rio...   Acesso à praia de Varela (1)


Foto nº 807 > Guiné > Região de Cacheu > Varela > Maio de 1968 > Perdidos no rio...   Acesso à praia de Varela (2)


Foto nº 810 > Guiné > Região de Cacheu > Varela > Maio de 1968 > Perdidos no rio... A extensa praia de Varela (1)


Foto nº 810 A  > Guiné > Região de Cacheu > Varela > Maio de 1968 > Perdidos no rio... A extensa praia de Varela (2)

[... hoje com graves problemas de erosão; em 20 de Setembro de 2009, o nosso saudoso amigo Pepito escrevia-nos a dizer o seguinte, ilustrado por uma foto.  "Varela – o mar está a avançar assustadoramente. Foto tirada em 21 de Junho de 2009. O areal terminal da praia de Varela tem vindo a diminuir anualmente a uma média de perda de costa de 8 metros por ano, provocando a queda das construções inacabadas de uma hipótese de Hotel que nunca chegou a ser e que viu ser 'engolido' pelo mar cerca de 8 milhões de dollars de um estranho investimento. Em certas zonas, o material destruído fica no areal da praia e causa enorme perigo para quem a utiliza, podendo ser ferido por ferros e outro material metálico que se vai gradualmente escondendo debaixo da areia. O mais preocupante é a ausência de alternativas e soluções para minimizar os efeitos da subida da água do mar e da erosão que provoca".]


Foto nº 810 B  > Guiné > Região de Cacheu > Varela > Maio de 1968 > Perdidos no rio... A extensa praia de Varela (3)

Fotos (e legendas): © Virgílio Teixeira (2017). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Continuação da publicação do álbum fotográfico do nosso camarada Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69):

As fotos, de 801 a 817 (bem como a 25),  fazem parte da minha colecção especial e do capítulo ‘perdidos no rio’ [, de que publicamos três postes, sendo este o último] (*)

Foi uma missão que o nosso novo comandante, após a evacuação do meu comandante inicial, tenente coronel Saraiva, ter sido evacuado por ferimentos em combate, não encarou bem comigo, nem eu com ele, e então deu-me como missão ir comandar um sintex até Susana para carregar alguns mantimentos, pois o nosso aquartelamento [, em São Domingos,] estava sem nada, após uma tempestade tropical ter destruído quase tudo o que era perecível.

Até uma vaca viva veio no pequeno barco. Só que no regresso, e após uma visita a Varela, uma praia lindíssima mas abandonada, quando regressamos passados uns dias, o piloto perdeu-se naquele emaranhado de dezenas de rios e braços de rio, e sem rádio – nem telemóvel, naquele tempo... – fomos parar a uma aldeia indígena felupe, muito atrasada, nem sei o nome, e por lá ficamos.

Até ser dada a nossa falta,  por lá ficamos a esperar até de manhã. Veio um heli e localizou-nos e fomos encaminhados para um local onde o piloto já conhecia melhor, e assim chegamos a São Domingos, a salvo, de sermos comidos vivos, pelos felupes ou pelos jacarés…

Este episódio não consta na História da Unidade, pois soube mais tarde que o comandante de batalhão,  tenente coronel Renato Xavier, ficou aflito, por ter dado esta responsabilidade a um oficial não operacional, e assim, apesar de todos tomarem conhecimento, nunca foi divulgado nem escrito, foi um sonho ou pesadelo. Mas não me lembro de ter ficado amedrontado.

Ficaram as várias fotos que tenho desta aventura no Norte da Guiné, e na fronteira com o Senegal até Cabo Roxo, que visitamos também. Não foi tudo mau, mas poderia ser!

Deu tempo para conhecer também o estuário e foz do rio Cacheu, muito maior do que o Tejo. Uma coisa deslumbrante, pois estamos quase em cima do Atlântico e o clima é muito melhor.
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Nota do editor:

(*) Vd. postes anteriores da série:

6 de janeiro de 2018 > Guiné 61/74 - P18180: Álbum fotográfico de Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) - Parte VII: Perdidos no rio Cacheu, em maio de 1968 (2)

5 de janeiro de 2018 > Guiné 61/74 - P18178: Álbum fotográfico de Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) - Parte VI: Perdidos no rio Cacheu, em maio de 1968 (1)

Guiné 61/74 - P18182: Parabéns a você (1370): Mário Lourenço, ex-1.º Cabo Radiotelegrafista da CCAV 2639 (Guiné, 1969/71)

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Nota do editor

Último poste da série de 6 de Janeiro de 2018 > Guiné 61/74 - P18179: Parabéns a você (1369): Paulo Santiago, ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 53 (Guiné, 1970/72)

sábado, 6 de janeiro de 2018

Guiné 61/74 - P18181: Os nossos seres, saberes e lazeres (247): À sombra de um vulcão adormecido (2) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70) com data de 1 de Novembro de 2017:

Queridos amigos,
É chegar, ver e vencer. Muito bom tempo à chegada, um almoço de arromba na Lagoa, um passeio pela região de Vila Franca do Campo, passagem pela Caloura, pelo miradouro do Pisão e a Ermida de Nossa Senhora da Paz. A partir de agora, o viandante tem o Vale das Furnas por conta própria, vale com lagoa, regatos, colinas frondosas, bisbilhotice e hora de muito sossego para pôr a escrita em dia aqui se chegou em 1967 e logo a certeza foi enorme.
Uma noite, jantando o viandante em casa de Armando Cortes Rodrigues, este anfitrião falou de um livro que classificou como importantíssimo "Um Inverno nos Açores e um Verão no Vale das Furnas", logo o viandante o foi adquirir, os manos ingleses que por ali andaram entre 1838 e 1839 renderam-se a esta atmosfera de idílio e ficaram fascinados com as caldeiras ou furnas.
Amanhã o viandante calcorreará a Lagoa das Furnas, é um dos lugares mais românticos do mundo, acreditem.

Um abraço do
Mário


À sombra de um vulcão adormecido (2)

Beja Santos

O Santuário de Nossa Senhora da Paz ocupa um ponto alto sobre o extenso vale de onde se avista Vila Franca do Campo e seus dois ilhéus. O viandante não esconde o frémito de emoção de avistar anfiteatro tão belo, pode haver quem não goste, atendendo à hora, do escurecido que vai por aquele vale extenso, mas a luminosidade oceânica foi tentação mais forte. As minhas desculpas por tanta luz contrastando com Vila Franca do Campo quase às escuras. Mas ainda não é o momento azado para caminhar para o Vale das Furnas, há aqui um detalhe floral mui digno de referência.



O que se avista são novelões, as hidrângeas secaram, estamos em Outubro, serão podadas no início da Primavera, despontarão entre o branco, o róseo e os azuis, porque há azuis, desde o esmaecido até ao intensamente metalizado, como se a hortênsia chupasse os minérios da terra, com tonalidades de joia semipreciosa. Nem tudo morreu, por ora, aqui fica um registo de um fim de vida bem glorioso.


E pronto, chegou-se ao Vale das Furnas, os céus andam bassos, já se falou de erupções vulcânicas, da presença de Jesuítas, a história do vale ganhou uma enorme notoriedade quando um cônsul norte-americano mandou fazer casa com um tanque de água férrea à frente, à volta da casa desenvolveu-se um espantosíssimo jardim e nos anos 1930 os herdeiros do Marquês da Praia venderam esta ampla propriedade à Sociedade Terra Nostra, fez-se estância hoteleira de primeira classe, o hotel Arte Deco foi recentemente sujeito a uma intervenção, felizmente que não perdeu em nada o seu caráter. Mas não vamos falar desse lugar mítico, já o fizemos. Vamos passear em volta, para já na ribeira dos inhames, este tubérculo que vai crescendo cerca de um ano em terreno alagadiço, daí os odores peculiares que deitam. O viandante observa-os, ainda não chegou a hora do almoço, mas deita contas à vida de uma boa pratada de inhames com chouriça e ovo estrelado…


Andar à volta do Parque Terra Nostra não deixa o viandante indiferente a este prodigioso metrosídero, parece um gigante de pelo encrespado, uma quase relíquia de tempos pré-históricos, é imponente e a vista nunca se cansa em frente de porte tão altivo.


Numa de bisbilhotice, o viandante pediu licença para conhecer os espaços onde se exibem o histórico e os triunfos do Futebol Clube Vale Formoso, cores sóbrias, lembram-me as da bandeira de Lisboa, e deve ser bem agradável assistir a uma partida no seu estádio, ali bem perto, há uma vista descomunal de verde, uma linha acentuada pelas cumeeiras, há mesmo um silêncio profundo, só interrompido pela buzinadelas dos autocarros que trazem turistas das europas e américas.


E não se pode ficar indiferente à singeleza desta fonte com três bicas aonde a água fresca se lança em sonoridade, o viandante olhou-a com enlevo, vinha um tanto tristonho, pois andou à volta do cineteatro, que foi remodelado há um par de anos e que parece abandonado, o branco escorre verdete e a humidade é omnipresente. Perguntou-se a alguém que por ali passava o porquê deste abandono, esse furnense deplorou aquela casa fechada que bem merecia estar cheia de vida, recuperou-se o velho cineteatro e não se lhe encontrou função, é esta a insidiosa tragédia dos equipamentos que renascem e depois se negligenciam.


É um belo jardim, tem as portas fechadas, disseram ao viandante que só abre em Agosto, mas possui tal romantismo, os plátanos são tão frondosos, os castanhos são tão intensos que crime seria não lhes dar vida nesta imagem.


O vale possui todos os predicados para saborear em passeios sem prazo ribeiros e ribeiras, caldeiras e lagoas. O viandante, 50 anos atrás, adquiriu um livro que ainda hoje considera uma gema literária, “Um Inverno nos Açores e um Verão nas Termas das Furnas”, escrito pelos irmãos Bullar, Joseph e Henry. Durante cerca de oito meses, com início em 6 de Dezembro de 1838, os manos por aqui andaram, fica bem claro que Joseph, que era médico, com largo apetrecho científico e literário, disserta a propósito sobre geologia botânica e muito mais. Estiveram em S. Miguel e seguiram para outras ilhas. Em finais de Maio de 1839 regressaram a S. Miguel e estadiaram no Vale das Furnas. Aqui vamos vê-lo interessado sobre a qualidade das águas e como se rende às belezas edénicas circundantes. Pois o viandante, enquanto rememorava o escrito soberbo dos irmãos Bullar, deliciava-se com o murmurejar desta ribeira úbere de águas infindáveis.


Nova detença sobre o que está cuidado e bem. O viandante foi visitar o edifício da Junta de Freguesia das Furnas, tanto quanto apurou era casa de inglês abastado antes de chegar a propriedade da autarquia.



Ficamos por aqui, com esta palmeira rodeada de sálvia, no cuidado do jardim das instalações da junta de freguesia. O viandante muda de desejo e saliva por um cozido, depois seguir-se-ão umas horas de leitura e faça sol ou chuvisque em abundância, vai para os banhos em 39 graus na Poça de D. Beija. Que ricas férias!

(Continua)
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Nota do editor

Último poste da série de 27 de dezembro de 2017 > Guiné 61/74 - P18146: Os nossos seres, saberes e lazeres (246): À sombra de um vulcão adormecido (1) (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P18180: Álbum fotográfico de Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) - Parte VII: Perdidos no rio Cacheu, em maio de 1968 (2)


Foto nº 805A > Guiné > Região de Cacheu > Susana > Maio de 1968 > Perdidos no rio... Memorial aos mortos da CCAÇ 1684...  Força comandada pelo alf mil SAM Virgílio Teixeira, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69), aguardando instruções do seu comando, em São Domingos...




Foto nº 805 > Guiné > Região de Cacheu > Susana > Maio de 1968 > Perdidos no rio...  O alf mil SAM, CCS/ BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69), junto ao memorial aos mortos da CCAÇ 1684, tendo ao fundo o edifício do comando da subunidade ali estacionidade.



Foto nº 814 > Guiné > Região de Cacheu > Susana > Maio de 1968 > Perdidos no rio...  Algures numa aldeia felupe... No meio do grupo, o alf mil SAM, CCS/ BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69).


Foto nº 814 A> Guiné > Região de Cacheu > Susana > Maio de 1968 > Perdidos no rio...  Algures numa aldeia felupe... No meio do grupo (, lado esquerdo(, o alf mil SAM, CCS/ BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69).


Foto nº 814 B > Guiné > Região de Cacheu > Susana > Maio de 1968 > Perdidos no rio...  Algures numa aldeia felupe (lado direito)... 



Foto nº 811 > Guiné > Região de Cacheu > Susana > Maio de 1968 > Perdidos no rio...  Algures numa aldeia felupe... Havia um indígena morto (1)


Foto nº 811 A > Guiné > Região de Cacheu > Susana > Maio de 1968 > Perdidos no rio...  Algures numa aldeia felupe... Havia um indígena morto  (2)

o
Foto nº 811 A > Guiné > Região de Cacheu > Susana > Maio de 1968 > Perdidos no rio...  Algures numa aldeia felupe... Havia um indígena morto  (3)




Foto nº 812 > Guiné > Região de Cacheu > Susana > Maio de 1968 > Perdidos no rio...  Algures numa aldeia felupe... Havia um indígena morto  (4)


Foto nº 812A > Guiné > Região de Cacheu > Susana > Maio de 1968 > Perdidos no rio...  Algures numa aldeia felupe... Havia um indígena morto  (5)-



Foto nº 813 > Guiné > Região de Cacheu > Susana > Maio de 1968 > Perdidos no rio...  Algures numa aldeia felupe...

Fotos (e legendas): © Virgílio Teixeira (2017). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Continuação da publicação do álbum fotográfico do nosso camarada Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69):


As fotos, de 801 a 817 fazem parte da minha colecção especial e do capítulo ‘perdidos no rio’ [, de iremos publicar  três postes].

Foi uma missão que o nosso novo comandante, após a evacuação do meu comandante inicial, tenente coronel Saraiva, ter sido evacuado por ferimentos em combate, não encarou bem comigo, nem eu com ele, e então deu-me como missão ir comandar um sintex até Susana para carregar alguns mantimentos, pois o nosso aquartelamento [, em São Domingos,] estava sem nada, após uma tempestade tropical ter destruído quase tudo o que era perecível.

Até uma vaca viva veio no pequeno barco. Só que no regresso, e após uma visita a Varela, uma praia lindíssima mas abandonada, quando regressamos passados uns dias, o piloto perdeu-se naquele emaranhado de dezenas de rios e braços de rio, e sem rádio – nem telemóvel, naquele tempo... – fomos parar a uma aldeia indígena felupe, muito atrasada, nem sei o nome, e por lá ficamos.

Até ser dada a nossa falta por lá ficamos a esperar até de manhã. Veio um heli e localizou-nos e fomos encaminhados para um local onde o piloto já conhecia melhor, e assim chegamos a São Domingos, a salvo, de sermos comidos vivos, pelos felupes ou pelos jacarés…

Este episódio não consta na História da Unidade, pois soube mais tarde que o comandante, coronel Renato Xavier, ficou aflito, por ter dado esta responsabilidade a um oficial não operacional, e assim, apesar de todos tomarem conhecimento, nunca foi divulgado nem escrito, foi um sonho ou pesadelo. Mas não me lembro de ter ficado amedrontado.

Ficaram as várias fotos que tenho desta aventura no Norte da Guiné, e na fronteira com o Senegal até Cabo Roxo, que visitamos também. Não foi tudo mau, mas poderia ser!

Deu tempo para conhecer também o estuário e foz do rio Cacheu, muito maior do que o Tejo. Uma coisa deslumbrante, pois estamos quase em cima do Atlântico e o clima é muito melhor.

(Continua)

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