Memorial aos mortos na tragédia de 2 de Dezembro de 1947 e aos matosinhenses caídos em campanha na Guerra do Ultramar
A juventude matosinhense em África, uma das várias figuras pictóricas, de autoria do Prof Alfredo Barros, que se podem admirar no Memorial imaginado pelo Arq Abreu Pessegueiro.
Força Militar presente na cerimónia, composta por elementos da Fanfarra do Regimento da Artilharia 5 e por um Pelotão (-) da Escola Prática de Transmissões, comandada pelo Alferes Hélder Leão
As cerimónias tiveram início com o Alferes Hélder Leão apresentando a formatura ao Ten Cor Armando José Ribeiro da Costa
As alocuções iniciaram-se com a intervenção do Mestre José Brandão, Presidente da Associação de Pescadores Aposentados de Matosinhos.
Momento em que o senhor Ten Cor Armando Costa, na qualidade de Comandante das Forças em presença e na de Presidente da Comissão instaladora do Núcleo da Liga dos Combatentes em Matosinhos, tomou a palavra.
O Presidente da Câmara Municipal de Matosinhos, Dr. Guilherme Pinto fala aos presentes
Manuel Tavares de Sousa, ex-combatente na Guiné ao serviço da Armada Portuguesa, no momento em que declamava os poemas.
O Coro da Associação dos Pescadores Aposentados de Matosinhos que com a sua actuação encerrou a cerimónia de homenagem aos Pescadores e aos combatentes falecidos.
Francisco Oliveira, o Porta-bandeira durante a cerimónia, acompanhado pelo nosso camarada e tertuliano António Maria.
MATOSINHOS HOMENAGEIA OS PESCADORES MORTOS NO NAUFRÁGIO DE 2 DE DEZEMBRO DE 1947 E OS COMBATENTES CAÍDOS EM CAMPANHA NA GUERRA DO ULTRAMAR
No
Dia do Combatente, 9 de Abril de 2011, a cidade de Matosinhos prestou homenagem conjunta aos seus heróis do mar, os pescadores mortos no naufrágio de 2 de Dezembro de 1947, e aos seus heróis da Guerra do Ultramar, os combatentes caídos em campanha naquela guerra de África*.
A iniciativa partiu de um pequeno grupo de ex-combatentes da Guiné (António Maria, Carlos Vinhal, Francisco Oliveira e Ribeiro Agostinho) e da Câmara Municipal de Matosinhos na pessoa do seu Presidente, Dr. Guilherme Pinto, e a colaboração do Núcleo de Matosinhos da Liga dos Combatentes, na pessoa do senhor Ten Cor Armando Costa coadjuvado pelos senhores Sargentos Ajudantes Carlos Osório e Joaquim Oliveira, que organizou todo o programa de homenagem.
Assim, pelas 10 horas da manhã, a Igreja Matriz encheu-se de fiéis para assistirem à Missa de sufrágio pelos pescadores e militares que iriam ser homenageados dali a pouco no Cemitério de Sendim. Esta cerimónia religiosa foi presidida pelo Capelão Militar, coadjuvado pelo Pároco de Matosinhos.
Seguidamente houve deslocação para o Cemitério. Apesar do calor que se fazia sentir, os matosinhenses não deixaram de marcar presença assim como as autoridades civis e religiosas do Concelho que se associaram deste modo aos familiares dos pescadores e dos combatentes homenageados.
Com a chegada ao local do Presidente da Câmara Municipal de Matosinhos, Dr. Guilherme Pinto, iniciou-se a cerimónia de homenagem com apresentação da Força Militar presente, pelo seu Comandante Hélder Leão, ao senhor Ten Cor Armando José Ribeiro da Costa, da Liga dos Combatentes.
Iniciaram-se as alocuções com a intervenção do Mestre José Brandão, Presidente da Associação dos Pescadores Aposentados de Matosinhos, que relembrou desastre do dia 2 de Dezembro de 1947 e a desgraça que se abateu principalmente sobre a classe piscatória, onde pereceram mais de 150 pescadores, a maioria de Matosinhos, mas também alguns naturais de Aguda e da Póvoa de Varzim, todos justamente aqui lembrados, porque todos contribuíam para o engrandecimento desta (então) Vila, na altura detentora do maior Porto de Pesca de Portugal.
Seguiu-se a intervenção do ex-combatente da Guiné,
Manuel José Ribeiro Agostinho, que falou em nome dos camaradas presentes, realçando o significado deste Memorial que em Matosinhos perpetua os seus filhos caídos na Guerra Colonial. Lembrou que a partir de agora vai ser tempo de pensar em algo que lembre o esforço dos matosinhenses que, não morrendo em campanha, têm também o direito ao reconhecimento do seu esforço naquela guerra. Muitos carregam mazelas irrecuperáveis, principalmente stress pós-traumático e deficiências físicas. Que se espera uma colaboração profícua entre Câmara Municipal, os ex-combatentes e o Núcleo de Matosinhos da Liga dos Combatentes para levar a efeito esta iniciativa, apesar das condicionantes económicas actuais.
Foi ainda lançada a ideia de cada freguesia do Concelho poder homenagear os seus combatentes, assim se queira.
Tomou depois a palavra o senhor Ten Cor Armando Costa, da Liga dos Combatentes, que realçou uma vez mais o esforço e a abnegação dos militares que participaram na guerra colonial, assim como os pescadores, também eles homenageados que de comum tiveram a coragem para enfrentar os perigos com que depararam. Que Matosinhos, a partir de agora passa a figurar entre as autarquias que esculpiu na pedra o reconhecimento a uma geração que não envergonhou a História de Portugal. Lembrou também as actuais participações das Forças Armadas Portuguesas mundo fora, num conceito bem diferente, mas levando, em acções humanitárias, bem longe o nome de Portugal.
Para terminar as alocuções, tomou a palavra o Dr. Guilherme Pinto que salientou o sentido de heroicidade comum aos pescadores e aos militares que enfrentam perigos desconhecidos, sem vacilar, dando a vida no desempenho da sua missão, mesmo sabida de antemão, arriscada. Que neste Memorial ficam para sempre gravados os nomes destes heróis.
Discursos do camarada Ribeiro Agostinho, Ten Cor Armando Costa e Dr. Guilherme Pinto
Com a devida vénia a Mário Rêga
Aconteceram então os momentos mais altos da cerimónia quando a Fanfarra procedeu ao Toque de Sentido, seguido do Toque de Silêncio e o Capelão Militar benzeu o Memorial.
O Edil de Matosinhos procedeu à deposição de duas coroas de flores, acompanhado simbolicamente por um representante dos Pescadores, um representante dos ex-combatentes e pelo Ten Cor Armando Costa.
Seguiu-se o Toque de Homenagem aos Mortos, 1 minuto de silêncio, Toque de Alvorada e Toque de Descansar.
De acordo com o alinhamento da cerimónia, o nosso camarada Manuel Tavares de Sousa, ex-combatente da Guiné como militar da Armada Portuguesa, seguidamente leu dois poemas, um bastante conhecido, do Paco Bandeira, que deu origem a uma canção de grande sucesso e, outro, que se publica, de sua autoria escrito especialmente para este dia.
Finalmente, o Coro da Associação dos Pescadores Aposentados de Matosinhos interpretou dois temas alusivos ao mar e à sua faina.
Como foi sugerido pelo do Dr. Guilherme Pinto, convido a quem visitar Matosinhos a se deslocar ao Cemitério de Sendim para admirar aquela bonita obra imaginada por dois vultos importantes do norte ligados à arte e à arquitectura, o Prof Alfredo Barros e o Arq Abreu Pessegueiro. Verão que não dão o tempo por mal empregue.
Fotos: © Carlos Vinhal e Ribeiro Agostinho (2011). Todos os direitos reservados
Texto e edição de fotos: Carlos Vinhal
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Nota de CV:
(*) Vd. poste da série de 3 de Abril de 2011 >
Guiné 63/74 - P8039: In Memoriam (73): Cerimónia de homenagem aos Combatentes de Matosinhos caídos em Campanha em Angola, Guiné e Moçambique, dia 9 de Abril de 2011 pelas 11H15 no Cemitério de Sendim (Carlos Vinhal)