segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Guiné 63/74 - P3626: A retirada de Guileje, por Coutinho e Lima (3): Tardia a nossa percepção do nosso próprio Vietname (Eduardo Dâmaso)

Academia Militar > Aquartelamento da Amadora > Auditório > 13 de Dezembro de 2008 > Sessão de apresentação do livro do Cor Art Ref, Coutinho e Lima, A Retirada de Guileje: A Verdade dos Factos (Linda-A-Velha: DG Editor, 2008, 469 pp, € 20) >

Excerto da apresentação do livro (*) pelo jornalista Eduardo Dâmaso (**).

Vídeo: © Luís Graça (2008). Direitos reservados.

Vídeo (9' 16'') alojado em: You Tube >Nhabijoes.

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Notas de L.G.:

(*) Vd. último poste da série > 14 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3618: A retirada de Guileje, por Coutinho e Lima (2): A festa ... e a solidão de há 35 anos (Luís Graça) e da série >

(**) Vd. trabalho de investigação do jornalista Eduardo Dâmaso (Público, 26 de Junho de 2005)

15 de Junho de 2006 > Guiné 63/74 - P878: Antologia (42): Os heróis desconhecidos de Gadamael (Parte I)

15 de Junho de 2006 > Guiné 63/74 - P879: Antologia (43): Os heróis desconhecidos de Gadamael (II Parte)

Vd. também poste de 27 de Setembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2137: Antologia (62): Guileje, 22 de Maio de 1973: Coutinho e Lima, herói ou traidor ? (Eduardo Dâmaso / Luís Graça)

Guiné 63/74 - P3625: História da CCAÇ 2679 (10): Um Natal atribulado (José Manuel Dinis)

1. Mensagem do nosso camarada José Manuel Dinis, ex-Fur Mil da CCAÇ 2679, Bajocunda, 1970/71, com data de 11 de Dezembro de 2008

Companheiros,
Antecipo este episódio, porque se enquadra na época natalícia e num assunto da moda, a ganância.

Para todos, vai aquele abraço
José Dinis

Um Natal atribulado

Corria o mês de Dezembro de mil novecentos e setenta. As picadas que levavam a Bajocunda apresentavam-se enrijecidas por via da seca e o capim amarelo, já aguardava pelas queimadas que antecediam o tempo das chuvas. A natureza não era desoladora, apesar disso, mas o aquartelamento local, esse sim, apresentava características desoladoras, com o material a monte, quer junto à enfermaria, aos quartos dos sargentos, em volta da oficina macânica e a cerca de arame um bocado desmantelada. As pinturas das construções também se apresentavam carcomidas pelo decorrer do tempo.

Algo revelava à chegada ao aquartelamento que ali não morava um bom ambiente. O pessoal deslocava-se com lassidão, troncos nús, curvados sob o peso do calor, sempre poucos à vista, a deslocarem-se como autómatos, sem se perceber bem uma motivação ou interesse. Era a pasmaceira. Animava-se pelas horas de refeição, quando, dos abrigos periféricos, afluiam os militares ao chamamento do rancho, mas sem entusiasmo, sem corresponder à vivacidade dos vinte anos. E compreendia-se, já que a ementa de arroz com estilhaços era quase servida em exclusivo. Dizia-se que era do gamanço e da falta de géneros. E da falta de interesse, pois iniciei uma horta e quando as ervas floresciam, comecei a ter problemas operacionais, e os dois militares a terem que integrar o pelotão, sem que da parte dos restantes houvesse qualquer compensação. Era o sistema.

Um dia surgiu a notícia: fora determinado um reforço de verba para o dia de Natal. A notícia em si, não causou muitas espectativas, pois logo começaram os dichotes sobre a medida, que não podia ser, pois se não havia géneros... e também para evitar a criação de maus hábitos. Alguns ainda acreditaram num bifinho, mas onde preparar os bifes, se apenas havia uma sertã para os oficiais e sargentos. Esperava-se qualquer coisa e teria sido tão fácil. O sistema, porém, não parecia contemplar alterações ao quotidiano.

A messe de oficiais e sargentos funcionava em parte da varanda da casa colonial que era ocupada pelos sargentos e pela enfermaria. Era um canto com mesas e bancos de correr, sem mais. Quando chovia, todos queriam ficar do lado da parede, pois do outro, caía água. Mas no dia de Natal, sobre a toalha de plástico colorida, colocaram umas latas vazias de refrescante, adornadas com flores. Manifestação naif de uma decoração possível e generosa. Sem custos.

O refeitório ficava a cerca de setenta metros, por detrás dos edificios do comando e das transmissões. Não passei por lá. Eu também não atribuía significado àquele Natal.

Pela hora de abancarmos, fiquei numa das extremidades. Servi-me do bife e do arroz. Acompanhei com a tradicional cervejola. Estávamos nestas tarefas, com conversas de circunstância com os mais próximos, quando me chamaram do exterior. Três militares. Que tinha que ser já. Levantei-me e fui inteirar-me das razões da urgência. Queixaram-se de que o rancho era a mesma coisa, arroz com estilhaços. Que ia um grande descontentamento. Não acredito, respondi.

Prometi-lhes chatice se a conversa não fosse verdadeira.
Lá fui. À chegada tive que me impor para que o barulho não nos tolhesse as ideias.
E o que eu vi foi uma companhia condenada às galés, pessoal com péssima apresentação, indignados com o que lhes davam a comer, reflexo da desconsideração. Não era uma questão de vida ou de morte. Era a dignidade, ou a falta dela, e o tratamento sobranceiro a que estavam sugeitos, Filhos da puta! A chicalhada não perdia pitada.

Considerei que podiam fazer levantamento de rancho ou que comessem o que ali estava, pois já sabiam o que era. Em qualquer dos casos gritei pelo Jesus, o cantineiro. Dei-lhe ordem para abrir a cantina e que todos se servissem do que houvesse.

No regresso à messe censurei a chicalhada, referi o que decidira, desafiei o capitão a dar-me uma porrada, depois, a título simbólico, peguei no meu prato e fui acabar de comer no quarto.

A ganância desta chicalhada, do mais vil e ordinário que me foi dado conhecer, indivíduos sem escrupulos, mereciam que se desse publicidade aos seus nomes, todavia, não me parece do âmbito do blogue estar a indicá-los. Como é que foi possível, juntar numa companhia, três aventesmas de tais quilates?
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 10 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3593: História da CCAÇ 2679 (9): Boas recordações da PIDE (José Manuel Dinis)

Guiné 63/74 - P3624: A história dos Tigres de Cumbijã, contada pelo ex-Cap Mil Vasco da Gama (2): Natal de 1972 em Aldeia Formosa

1. Mensagem do nosso camarada Vasco da Gama, ex-Cap Mil da CCAV 8351, Cumbijã, 1972/74, com data de 10 de Dezembro de 2008, com mais um pouco da história de Os Tigres

Natal de 1972 em Aldeia Formosa

Terminada a instrução, eis que os TIGRES organizados em coluna auto se dirigem para o porto de Bissau, onde embarcados que foram numa LDG, seguem com destino a Aldeia Formosa (Quebo) com paragem obrigatória e óbvio desembarque em Buba.

Chegámos a Buba por volta das sete horas da manhã do dia 19 de Novembro de 1972. Curiosas as modificações na fisionomia das pessoas ao longo do percurso; o ar chocalheiro dos mais baldas e despreocupados começou a desaparecer à medida que nos aproximávamos do nosso destino e verifiquei que sobre mim recaíam cada vez mais olhares. Tanto eu como todos os restantes oficiais e sargentos fizemos a viagem juntamente com os soldados e alguns civis nativos no convés da lancha, apesar do convite amável do comandante da embarcação para irmos de camarote. Penso que aceitei, por educação, um café bebido no camarote e aproveitei para colher algumas, poucas, informações sobre Aldeia Formosa.

Desembarcados em Buba, organizámos a Companhia e, pelas onze horas, ao som afinado do coro da malta de Buba que cantava a plenos pulmões “periquito vai pró mato oh, lé ,lé, lé que a velhice vai pra Bissau, oh la, ré lé, lé… partimos em coluna auto para Aldeia Formosa onde chegámos por volta das duas e meia.

Recebidos pelo BCaç 3852, mais uma vez ao som do estribilho anterior, mas aqui entoado com muito mais força e durante muito mais tempo, lá foram os Tigres soldados para uma caserna, os Tigres sargentos para outras instalações e os cinco oficiais para uma camarata com cinco camas separadas por um pano de tenda. Manifestei, ainda a medo, a estranheza por esta separação, mas a força dos galões fez-me calar, limitando-me neste primeiro embate a resmungar… Se me recordar, e se chegar à história do Cumbijã, o segundo embate numa questão semelhante já correu a meu favor e aí perdeu a força bruta dos galões…

A Aldeia Formosa militar era um quartel enorme, onde para além de um Batalhão, o BCaç 3852, se aquartelava uma Companhia composta por elementos nativos da Guiné, a CCaç 18, comandada por oficiais e sargentos brancos, com quem a nossa CCav 8351 começou a aprender os rudimentos do saber fazer, pois foi em conjugação com eles que fizemos os primeiros patrulhamentos e as primeiras emboscadas nocturnas, a protecção à estrada que pouco havia passado Mampatá, bem como a segurança às colunas auto entre Aldeia e Buba.

Por esta altura duas coisas me intrigavam: o porquê de uns barcos (dois ou três) que tinham vindo desde Bissau e que a fama de navegador que o meu nome encerra era manifestamente insuficiente para os pôr a navegar, pois faltava-lhes a água para serem operacionais e a falta de informação sobre o destino final da Companhia.

Aldeia Formosa, tinha a certeza de que não era, pois os militares já se atropelavam uns aos outros. Instado quem de direito, a resposta era sempre a mesma: a CCav 8351 não tem uma Zona de Acção definida, pois é uma Companhia às ordens do Comando Chefe.

Procurava no mapa locais para onde os barcos pudessem arrastar os Tigres, mas chegava sempre à mesma conclusão: não pode ser! Julgo não ter comentado esta preocupação com ninguém, nem mesmo com o meu camarada Alferes Florivaldo dos Santos Abundâncio, único oficial, dos originais, que ficou na Companhia até ao final da comissão. Meu bom amigo, meu braço direito e com um coração e uma dedicação grandes como o seu nome parece querer indicar. Um abraço amigo e respeitoso te envio. Ser-te-á apenas entregue quando visitares a Tabanca.

Apenas um parênteses para dizer que o turnover entre os alferes também era grande, mas os meus três alferes que não vieram com a companhia, não o fizeram, por motivos diferentes: um, foi destacado para a Chamarra, outro foi ferido em combate e evacuado para Portugal e o outro, foi transferido para o Quartel General/Com-Chefe em Bissau…

Aldeia Formosa era uma fortaleza imensa que para além de um número enorme de soldados tinha uma pista de aviação e estava, em termos de armamento bem equipada, com morteiros destes e daqueles, obuses grandes e menos grandes, eu sei lá, uma panóplia de metralhadoras e outras armas que um ignorante como eu não sabe, nem lhe interessa identificar. A população era estimada em cerca de quatro mil e quinhentas almas e vivia agrupada fora do aquartelamento, sendo a sua esmagadora maioria da etnia Fula.

As companhias aí aquarteladas tinham óptimas instalações, os capitães com quartos individuais, uma belíssima messe de oficiais, outra de sargentos, casernas amplas para os soldados, cantinas bem equipadas onde abundava a bela cerveja fresca, o bom whisky. Mesmo de frente ao aquartelamento uma bela horta onde se cultivavam alfaces, tomates, bananas, ananases, mangas e sobretudo papaias que eram o petisco preferido do sr. Comandante que diariamente as consumia com uma, como dizer, sofreguidão exagerada, que lhe provocava um escorrimento do sumo do fruto pelos cantos da boca, mas que ele não deixava escapar, pois o seu treino permitia-lhe sorver o que escorria com tal perícia e ruído que provocava risos disfarçados nos oficiais assistentes…

Recordo-me que o sr. Comandante adorava também cebola, que devorava antes das refeições e que lhe provocavam arrotos de tal calibre que o desgraçado que tivesse a infelicidade de se sentar frente a ele, aliás o último lugar a ser ocupado, tinha de se desviar para não ser atingido por qualquer estilhaço de cebola ou pelo perfume forte e picante emanado pelo bolbo carnudo.
Era, no fundo, bom homem e tinha como petit nom Baga-Baga, dada a sua volumetria, ansiando pela reforma pois era a última comissão que fazia, sendo que os problemas da guerra eram mais da conta de um major de operações e dos oficiais mais novos.

Chegados a 19 de Novembro a Aldeia Formosa, a CCav 8351 tem o seu baptismo de fogo no dia 23 do mesmo mês, portanto com quatro dias de Aldeia. Procuro os apontamentos oficiais e cito ipsis verbis: um grupo IN estimado em trinta a quarenta elementos atacou o aquartelamento de Aldeia Formosa com armas ligeiras e automáticas RPG-2 e RPG-7 durante 05 minutos reagindo ainda nos 10 minutos seguintes, causando 02 feridos às nossas tropas”.

Juntamente com a grande maioria dos oficiais de todas as companhias, também eu me encontrava na messe, e a minha reacção foi a de imitação: atirar-me para o chão para debaixo das mesas. Ninguém, ou se quiserem, nenhum oficial presente incluindo o Comandante se levantou enquanto o tiroteio durou. Quando acabou a fogachada fui em direcção à caserna dos Tigres que se encontravam todos bem e com uma sensação igual à minha: o ataque, dada a dimensão do aquartelamento, não tinha sido connosco. Comecei a ficar preocupado…

Até ao Natal, aguardado com ansiedade por todos, Aldeia Formosa foi flagelada a 27 de Novembro com cerca de (cito) quarenta granadas de Canhão S/R 85 e alguns foguetões; a 1 de Dezembro dez foguetões; a 8 de Dezembro novamente cerca de quarenta granadas de Canhão sem recuo. As consequências destes últimos ataques foram nulas pois nenhum dos engenhos caiu dentro do perímetro do aquartelamento.

Continuei preocupado, pois os meus comandados pensavam que as consequências dos ataques serviam só de aperitivo para beberem mais umas cervejas. Insisti com eles para não baixarem guarda, mas vi que o medo inicial havia dado lugar a uma demasiada descompressão. Tentei fazer-lhes ver que iríamos sair de Aldeia muito em breve e que a nossa vida seria muito difícil, exagerei, pensava eu, nos perigos que nos esperavam, mas o amolecimento também provocado pelo chegar do Natal era evidente. Continuávamos periquitos mas dois meses de Guiné e não sei quantos embrulhanços faziam da maior parte de nós velhinhos pois já se gabavam de ter sofrido mais ataques do que outras companhias que estavam há já alguns meses na Guiné sem ainda terem ouvido um tiro.

Natal de 1972

Foi o primeiro Natal passado sem a companhia dos pais, das mulheres, dos filhos, enfim da família, para a esmagadora maioria de nós. Reuni a companhia e nesse dia jantámos todos juntos. O Comandante, repito, bom homem, foi ter connosco. Lembro-me de ter feito um discurso longo, tendo aproveitado para lhes dizer que a nossa família agora eram todos os Tigres, e que me ajudassem a cumprir a minha maior ambição: Regressar a Portugal com todos os que tinham embarcado e que a todos cabia trabalhar nesse sentido. Comeu-se bem, bebeu-se melhor, e mesmo os, inicialmente mais tristonhos, rapidamente e pelo menos por alguns instantes, se juntaram aos cânticos que entoávamos em conjunto, aos vivas ao que quer que fosse, até que os vapores etílicos começaram a fazer efeito levando-nos à cama e a descansar até tarde do dia seguinte…


Aldeia Formosa > Discurso dia Natal (Vê-se o sr. comandante e o seu oficial de operações)

Aldeia Formosa > Dia de Natal de 1972 > Da esquerda para a direita: Portilho,?, Machado, Beires, Gama, Abundâncio, Aleixo, Matos Lopes,Peniche e Setúbal

Aldeia Formosa > Dia de Natal de 1972 > CCav 8351

Aldeia Formosa > Dia de Natal de 1972 > CCav 8351

Aldeia Formosa > Natal de 1972 > Fim de Festa


A visita do Gen Spínola no último dia de 1972

Até ao final de 1972, continuávamos na protecção à estrada e nada de registo me ocorre, a não ser a visita do General Spínola no dia 31 de Dezembro a Aldeia Formosa, onde se deslocou para se inteirar do grau de preparação da CCav 8351. Lá vestimos a nossa farda de festa, tendo o Chefe máximo discursado para a Companhia, colocando-me após o destroçar duas ou três questões e tendo de seguida regressado ao seu destino.

Continuava sem conhecer em definitivo o destino da Companhia, mas dadas as sucessivas idas a Colibuia, onde protegíamos o avanço da estrada, onde montávamos emboscadas nocturnas, pensei que esse seria o nosso destino. Como estava enganado…..

Aldeia Formosa > 31 de Dezembro de 1972 > Visita do Gen Spínola

Aldeia Formosa > 31 de Dezembro de 1972 > Visita do Gen Spínola

Texto e fotos © Vasco da Gama (2008). Direitos reservados.
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Nota de CV

Vd. primeiro poste da série de 7 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3581: A História dos Tigres de Cumbijã, contada pelo ex-Cap Mil Vasco da Gama (1): Apresentação e Chegada a Bissau

domingo, 14 de dezembro de 2008

Guiné 63/74 - P3623: Recortes de imprensa (11): A guerra do J. Casimiro Carvalho, pirata de Guileje e herói de Gadamael (Correio da Manhã)



Guiné > Bissau > 1974 > O repouso do guerreiro , herói de Gadamael> O Fur Mil Op Esp José Casimiro Carvalho, talvez o pirata de Guileje mais conhecido (seguramente o mais fotografado, o mais fotogénico e o mais divulgado no nosso blogue; a razão é simples: é o único exemplar da espécie). A sua companhia, a CCAV 8350, era a unidade de quadrícula de Guileje, quando o comandante do COP 5, o major de artilharia de Coutinho e Lima, tomou a dramática decisão de retirar, para Gadamael, em 22 de Maio de 1973, as nossas tropas (c. 200) e a população civil (c. 500) face ao cerco do PAIGC, iniciado cinco dias antes, em 18 de Maio (Op Amílcar Cabral).

Na segunda foto, a contar de cima, vemos o J. Casimiro Carvalho Orion, no cais do Pidjiguiti, em frente das LFG Orion, Lira e Argos...

Fotos: © José Casimiro Carvalho / Luís Graça & Camaradas da Guiné (2008). Direitos reservados

1. A revista Domingo do Correio da Manhã, na sua edição de hoje, 14 Dezembro 2008, traz uma reportagem sobre o nosso camarada J. Casimiro Carvalho, na secção A Minha Guerra. Com a devida vénia, publicam-se o texto, com algumas adaptações (Revisão do texto e subtítulos: L.G.).


A Minha Guerra - José Pereira de Carvalho - Guiné 1972/1974 > "Combati no inferno verdadeiro"


"Alombei com camaradas mortos, vi outros serem abatidos, socorri alguns em Guileje e Gadamael e evitei que dois soldados mais novos fossem para a matança.

"Fiz a recruta em Leiria, no Regimento de Infantaria 7, e de seguida fui escolhido para frequentar o Curso de Sargentos Milicianos nas Caldas da Rainha. Depois fui nomeado para Tavira, mas não cheguei a ir porque fui escolhido para tirar o Curso de Operações Especiais nos Rangers de Lamego, que terminei com 15,28 valores".
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Férias em Guileje


O relato, em jeito de narrativa autobiográfica continua assim:

"Mais tarde, em Estremoz, como cabo miliciano, dei instrução num pelotão da Companhia de Cavalaria 8351 (Os Tigres de Cumbijã). Fui nomeado para servir no Comando Territorial Independente da Guiné e transferido para a Companhia de Cavalaria 8350 (Os Piratas de Guileje).

"Embarcámos em Outubro de 1972 e, já em Bissau, seguimos para Cumeré, e duas semanas mais tarde embarcámos numa lancha de desembarque para Gadamael, donde seguimos para Guileje. Aqui, em sobreposição com Os Gringos, tivemos um período de muito trabalho em patrulhas. Mas passámos uns meses descansados. Andei a caçar pássaros com uma caçadeira que o chefe da tabanca me emprestava (só pagava os cartuchos). Apanhava aos 50 pardais com cada tiro e os jubis (miúdos) agarravam os que ficavam feridos. Era cada arrozada!"...


O inferno de Guileje

Os bons tempos de Guileje, dos primeiros meses, de finais de 1972 a princípios de 1973, vão rapidamente acabar, quando a direcção do PAIGC, na seqùência do assassinato do seu líder histórico, em 21 de Janeiro de 1973, decidiu lançar uma grande ofensiva contra Guidaje, a norte Guileje e Gadamael, a sul (Op Amílcar Cabral):

"Mas os tempos iriam piorar. Um dia, o alferes Lourenço, ao manusear uma granada duma armadilha, rodeado de militares - eu estava emboscado com o meu grupo -, ela explodiu-lhe na mão e matou-o instantaneamente. Já no quartel, ao ajudar a pegar no cadáver, este quase se partiu em dois. Que dor senti, chorei como nunca.

"Era o prenúncio do que nos esperava. Um dia fomos atacados pelo inimigo com canhões sem recuo, e um Fiat G91 da Força Aérea Portuguesa foi contactado pelo comandante capitão Abel Quintas, que lhe indicou o rumo das saídas (zona de explosão dos projécteis a saírem das bocas de fogo) e ele seguiu. Mais tarde soube que tinha sido abatido por um míssil Strella terra-ar. Intervieram os pára-quedistas e o grupo do Marcelino (‘Os Vingadores’ das Operações Especiais), numa confusão de tropas como nunca tinha visto. Pedi ao Marcelino para me levar na operação de resgate do piloto tenente Pessoa, que aceitou, mas o meu comandante não foi na conversa, não obstante o Marcelino ter dito que me trazia de regresso, nem que fosse às costas".


A retirada de Guileje e um outro inferno chamado Gadamael

Em 22 de Maio de 1973, o Fur Mil Op Esp Casimiro, da CCAV 8350, não estava em Guileje. Eis a razão por que isso aconteceu:

"Entretanto, fui nomeado para comandar os reabastecimentos, antes do isolamento, entre Cacine e Gadamael. Andava eu a curtir o Sol em lanchas de desembarque, quando Guileje, no Sul da Guiné, foi abandonada, por ordem do então major Coutinho e Lima – que por isso foi mandado prender pelo general Spínola -, seguindo as nossas tropas e a população para Gadamael Porto, a 18 km de distância, onde passados uns dias começou a matança no verdadeiro inferno.

"Foi um horror que a minha cabeça ainda hoje se recusa a qualificar e quantificar. Em Gadamael não havia casamatas (abrigos subterrâneos) como em Guileje, só valas. Os bombardeamentos eram tão intensos que nem dava para acreditar e, depois de ouvirmos as saídas, passavam apenas 22 ou 23 segundos até as granadas caírem em cima de nós. Num dos voos para uma vala, onde nos escondíamos, senti as nádegas húmidas e ao pôr a mão ficou encharcada em sangue. Gritei que estava ferido e fui evacuado num barco patrulha da Marinha para Cacine, onde verificaram que tinha um estilhaço de um morteiro de 122 mm. Como não havia necessidade de ser transferido para Bissau, fui nomeado chefe de limpeza.

"Quando começaram a chegar as vítimas deste holocausto, e como ouvia os meus camaradas a embrulhadar (bombardeados), deu-me um clique na cabeça, peguei numa Kalashnikov, virei-me para um oficial e disse: ‘ou me mandam já para Gadamael onde morrem os meus homens ou varro já esta m...’

"Não me lembro dos momentos seguintes, mas sei que depois me vi num Sintex (barco em forma de banheira de fibra de vidro), a caminho de Gadamael. Aqui, num dos bombardeamentos, já no fim, vi um soldado a cair e, ainda com o fumo no ar e o eco das explosões nos ouvidos, saí em correria louca, alombei com ele às costas e corri para a enfermaria. Ao colocá-lo no chão, vi que não tinha metade do crânio e os miolos escorriam pelas minhas costas.

"Nessa enfermaria jazia um militar morto por bombardeamentos em Guileje e que mais tarde foi enfiado em dois bidões soldados juntos, tal o estado do cadáver. Na enfermaria, os cadáveres eram tantos e o cheiro tão nauseabundo que era constantemente regada com creolina.

"Num dos ataques, o capitão Quintas (comandante de ‘Os Piratas de Guileje’, cujo nome e emblema foram criados por mim) foi ferido muito gravemente. Ajudei-o a chegar ao cais, debaixo de fogo, arranjei um Sintex e, como não tinha depósito, corri, debaixo dum bombardeamento terrível, a arranjar um. O barco seguiu então para Cacine levando mais feridos.

"Noutra altura, um oficial chamou meia dúzia de homens e mandou-os fazer uma patrulha ao longo de um rio e emboscarem-se numa zona de uma antiga pista de aviação. Eu, ao sair com o alferes Branco, reparei em dois soldados que estavam para ir e ordenei-lhes que ficassem porque ainda eram muito novos para morrer.

"Quando o alferes nos mandou emboscar, ouvi um barulho estranho vindo do mato, atirei-me ao chão e gritei que estávamos a ser atacados. Ainda vi a cara do alferes a ser atingida por uma rajada. Foi um tiroteio terrível. Um grupo de pára-quedistas foi em nosso socorro e quando chegou encontrou quatro corpos: o alferes Branco, o cabo Neves e os soldados Serafim e Anselmo.

"A minha companhia foi evacuada e esteve para regressar à Metrópole, mas foi decidido que devíamos fazer outra Instrução de Actividade Operacional. Eu fui para Prabis com 12 homens, outros para Quinhamel ou Bijemita, depois fomos para Colibuia-Cumbijã. Eu fui destacado para render o furriel Cláudio Moreira das Operações Especiais. Entretanto, aconteceu o 25 de Abril e fui para Paúnca para a Companhia de Caçadores 11 (‘Os Lacraus’), até ao fim da comissão".

O culto dos rangers

A reportagem do Correio da Manhã termina com uma nota biográfica sobre o nosso amigo e camarada, enquanto paisano:

"José Casimiro Pereira de Carvalho mora em Vermoim, na Maia, e é casado há 33 anos. Tem duas filhas, a Kika, de 31 anos (administrativa) e a Sofia, de 26 (economista). Tem uma neta, da primeira filha, com dois meses (Beatriz).

"Nasceu em Cedofeita, Porto. Completou o ciclo preparatório, trabalhou em hotelaria e quando foi para a tropa estava no Hotel Castor, no Porto. Quando regressou, era furriel miliciano de Operações Especiais (Ranger). Convidado para seguir a vida militar, não aceitou e foi trabalhar como empregado de mesa no restaurante Barcarola.

"Entretanto, foi para a BT-GNR, onde esteve durante 26 anos, até à reforma, em 2003. Agora, passa o tempo a ajudar um amigo que trabalha em aço inox para mobiliário. Todos os anos a família vai a Lamego, aos Rangers, porque adora a instituição".


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Nota de L.G.:

(*) Vd. poste anterior desta série:

8 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3584: Recortes de Imprensa (10): Os ficheiros secretos de Coutinho e Lima, no Correio da Manhã, de 7/12/08

Guiné 63/74 - P3622: Brasões, guiões ou crachás (6): BART 2917 e 2924, BCAÇ 507 e 512, CCAV 1484, Pel Caç Nat 52 e Pel Mort 4574 (José Martins)

BATALHÃO DE ARTILHARIA N.º 2917

BART 2917 - Guiné 1970/72 - Divisa: P'la Guiné e suas gentes

Mobilizado no Regimento de Artilharia Pesada n.º 2 – Vila Nova de Gaia

Embarque em 17Mai70
Desembarque em 25Mai70

Regresso em 24Mar72

Divisa – P´la Guiné e suas gentes

Segue para Bambadinca em 29Mai70 assumindo a responsabilidade do Sector L1, que abrangia os subsectores de Xime, Xitole, Mansabá e Bambadinca. A sua actividade desenvolveu-se na coordenação e realização patrulhamentos, emboscadas e segurança de itinerários, assim como protecção de trabalhos de reordenamento dos aldeamentos. Implementou e organizou o funcionamento do Centro de Instrução de Milícias. Deslocou-se para Bissau a fim de aguardar embarque em 15Mar72.

Tem como subunidades orgânicas as CArt 1714, 1715 e 1716, que se mantiveram sempre na área do seu sector.

Imagem: Benjamim Durães/ultramar.terraweb
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BATALHÃO DE ARTILHARIA N.º 2924

BART 2924 - Guiné 1970/72 - Divisa: Porfiamos o Céu, a Terra e as Ondas, Atroando

Mobilizado no Grupo de Artilharia Contra Aeronaves n.º 2 – Torres Novas

Embarque em 23Set70
Desembarque em 29Set70

Regresso em 21Set72

Divisa – Porfiamos o Céu, a Terra e as Ondas atroando

Entre 05 e 31Out70 realizou no Centro de Instrução Militar, em Bolama, a Instrução de Aperfeiçoamento Operacional, em conjunto com as suas companhias orgânicas. Segue em 28Nov70 para o sector de Tite, para treino operacional e assume o Sector S1 em 15Dez70, que incluía os subsectores de Nova Sintra, Jabadá, Fulacunda e Tite. A área de Ganjauará é retirada a este sector em 24Nov71. Desenvolveu intensa actividade efectuando e coordenando patrulhamentos, emboscadas, reconhecimentos ofensivos e reacção a flagelações de aquartelamentos e povoações em autodefesa. Coordenou e orientou o reordenamento de aldeamentos e trabalhos de asfaltagem, na sua área de acção. Foi rendido em 20Ago72, seguindo para Bissau a aguardar embarque.

Tem como subunidades orgânicas, que estiveram sempre integradas no seu sector, as CArt 2771, 2772 e 2773.

Imagem: José Sobral/ultramar.terraweb
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BATALHÃO DE CAÇADORES N.º 507

BCAÇ 507 - Guiné 1963/65

Mobilizado no Regimento de Infantaria n.º 2 - Abrantes

Embarque em 14Jul63
Desembarque em 20Jul63

Regresso em 29Abr65

Divisa –

Constituído apenas por Comando e CCS (Companhia de Comando e Serviços), não dispondo, portanto de subunidades orgânicas, recebeu os elementos de recompletamento, que ainda não tinham terminado a sua comissão de serviço, e que estavam integrados no BCAÇ 239, a que sucedeu. Em20Jul63 assume a responsabilidade do sector B, com sede em Bula, enquadrando as companhias instaladas em Teixeira Pinto, Mansoa, S. Domingos e Farim. O sector foi aumentado com os subsectores de Mansabá e Ingoré (28Jul63) e Bissorã (01Ago63). Em 01Set63 a sua zona de acção foi reduzida dos subsectores de Mansoa, Farim, Mansabá e Bissorã, e aumentado dos subsectores de Binar (08Mai64) e Có (02Mar65). Desenvolveu a sua actividade operacional em patrulhamentos, reconhecimentos, batidas e emboscadas, com o objectivo de travar o alastramento da subsversão na zona Oeste, assim como a segurança e protecção das populações. Em 28Abr65, deixou a sector de Bula, já designado sector O1, seguindo para Bissau para aguardar embarque.

Imagem: Carlos Coutinho/ultramar.terraweb
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BATALHÃO DE CAÇADORES N.º 512

BCAÇ 512 - Guiné 1963/65 - Divisa: Honra e Glória

Mobilizado no Regimento de Infantaria n.º 7 - Leiria

Embarque em 17Jul63
Desembarque em 22Jul63

Regresso em 12Ago65

Divisa – Honra e Glória

Constituído apenas por Comando e CCS (Companhia de Comando e Serviços), não dispondo, portanto de subunidades orgânicas. A fim de instalar e organizar a sua zona de acção, segue para Mansoa em 20Ago63. Em 01Set63, assume a responsabilidade do recém criado sector C, englobando nele as companhias que se encontravam instaladas em Mansoa, Mansabá, Bissorã e Farim, assim como os seus destacamentos. Foram acrescentados os subsectores de Enxalé (08Dez63) e Bigene (23Dez63). O sector é reduzido, por entrada em sector de outros batalhões, sendo retirados os subsectores de Farim e Bigene (23Mai64) e Mansabá e Bissorã (31Mai64). Desenvolveu a sua actividade em especial nas zonas de Óio-Morés, Biambifoi e Enxalé, efectuando patrulhamentos, reconhecimentos, batidas, emboscadas e golpes de mão, nomeadamente sobre as linhas de infiltração inimigas. Em 22Jul64 a sua zona de acção foi integrado no sector atribuído ao BArt 645 e foi deslocada para Bissau, onde assumiu a segurança do aquartelamento do Centro de Instrução de Comandos, em Brá. A 29Dez64, desloca-se para Nova Lamego, para proceder à instalação do novo sector L3, cuja responsabilidade assume em 11Jan65, tendo sido criados os subsectores de Canquelifá (25Fev65), Bajocunda (11Mar65), Madina do Boé e Buruntuma (23Mai65), tendo recorrido a subunidades de intervenção às ordens do Comando Chefe. Neste sector organizou operações para travar a penetração de forças inimigas e travar relacionamento com as populações. A 01Jun65 foi para Bissau a fim de aguardar embarque de regresso.

Imagem: Carlos Coutinho/ultramar.terraweb
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COMPANHIA DE CAVALARIA N.º 1484

CCAV 1484 - Guiné 1965/67 - Divisa: Vontade e Audácia

Mobilizada no Regimento de Cavalaria n.º 7 - Lisboa

Embarque 20/Out/65
Desembarque em Bissau em 26/Out/65

Regresso em 02/Ago/67

Comandante: Cap Cav Rui Manuel Soares Pessoa e Amorim

Companhia independente ficou instalada em Nhacra, onde rendeu a CArt 565, ficando adida ao BArt 1857, aquartelado em Santa Luzia - Bissau.

Fez treino operacional em Mansoa durante o mês de Nov/65, que culminou com uma operação na área de Cobonge.

O efectivo da Companhia tomou o seguinte dispositivo:

Em Nhacra: Comando da Companhia, 2 GComb e 1 Pel da Comp Mil 10 em reforço

Em Safim: 1 GComb reforçado com 2 Pel da Comp Mil 10, com 1 Secção destacada em Ensalmá e outra em João Landim.

Em 08Jun66 a CCav 1484 foi rendida em Nhacra pela CCaç 797 e seguiu para Catió, onde ficou em intervenção ao Sector, adida ao BCaç 1858 e, após a rendição deste, ao BArt 1913.

Durante o período de permanência em Catió deu cobertura, em Cufar, à rendição da CCaç 763 pela CCaç 1621 e, no Cachil (Como) à rendição da CCaç 728 pela CCaç 1587.

De 12Jun66 a 28Jun67 efectuou 40 operações no Sector, sofreu 2 mortos e 22 feridos em combate, registando ainda 1 morto por acidente.

Em 20Jul67 segue para Bissau, embarcando no Uíge em 26Jul67 e chegado a Lisboa em 02Ago67.

(Imagens e texto de Benito Neves)
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PELOTÃO DE CAÇADORES NATIVOS N.º 52

PEL CAÇ NAT 52 - Guiné 1966/74 - Divisa: Matar ou Morrer / Os Gaviões

Mobilizado no Comando Territorial Independente da Guiné

Criado em Setembro de 1966

Desactivado em Agosto de 1974

Divisa – Matar ou Morrer / Os Gaviões

Colocado inicialmente em Porto Gole, foi transferido, sucessivamente, para Enxalé (Mai69), Missirá (Jun69), Bambadinca (Set69), Fá Mandinga (Jul71), Fá Mandinga (Abr72), Ponte do Rio Udunduma (Jul72) e Mato de Cão (Out72), onde se manteve até ser extinto.

Pequena unidade da guarnição normal.
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PELOTÃO DE MORTEIROS N.º 4574/72

PEL MORT 4574/72 - Guiné 1972/74

Mobilizado no Regimento de Infantaria n.º 15 - Tomar

Embarque em Jul/72

Regresso Após Abr74

Foi colocado junto do Batalhão instalado no sector L3 em Nova Lamego, destacando forças a nível de Secção ou Esquadra para as subunidades instaladas naquela área de acção.
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Notas de CV:

Vd. postes anteriores da série de:

10 de Novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3429: Brasões, guiões ou crachás (1): CCAÇ 2797, Pel Caç Nat 51 e Pel Caç Nat 67, Cufar, 1970/72 (Luís de Sousa)

14 de Novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3453: Brasões, guiões ou crachás (2): CCAV 678, 1964/66 (Manuel Bastos)

22 de Novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3501: Brasões, guiões ou crachás (3): CAOP 1: BCAÇ 2885; CART 2732 e CCAÇ 5 (Jorge Picado/Carlos Vinhal/José Martins)

1 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3551: Brasões, Guiões ou Crachás (4): CCAÇ 728; CCAÇ 2617; CCAÇ 3566; PEL CAÇ NAT 63; CCAV 677 e CCAÇ 2402 (José Martins)

7 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3580: Brasões, guiões ou crachás (5): BCAÇ 2893, CART 730 e 23339, CCAÇ 726, 1426, 2406, 2636, 2701 e 3477 (José Martins)

Guiné 63/74 - P3621: Em busca de... (57): Ex-combatentes do BCaç 2928 (Bula...1970/72) (António Matos)

BCaç 2928/CCaç 2790

À procura de Camaradas

Mensagem do António Matos, com data de 14 de Dezembro de 2008

Gostaria imenso de usufruir do sistema de procura de camaradas a quem perdi o rasto desde 1972 !!!
Como se faz isto ?

Os dados são:

Batalhão de Caçadores 2928
Companhia 2790
Capitão Sucena
Pelotão do alferes Matos e dos furrieis Tavares e Guedes Vaz
Ida para a Guiné em 1970
Regresso em 1972
Soldados açoreanos provavelmente imigrados no Canadá ou, eventualmente, já regressados a S.Miguel.

António Matos

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Nota de vb:

Último poste da série de 13 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3617: Em busca de... (55): Ex-combatentes da CCAÇ 594 (Guiné, 1963/65) (Júlio Pinto/Artur da Costa Rodrigues)

Guiné 63/74 - P3620: Album fotográfico de Santos Oliveira (7): Bissau

1. Damos por finda a mostra de fotografias de Santos Oliveira, ex-2.º Sarg Mil Armas Pesadas Inf do Pel Mort 912, Como, Cufar e Tite, 1964/66, desta vez dedicada à sua estada em Bissau.

Bissau > Pintando

Bissau > Dezembro de 1965 > Lendo junto ao quarto

Bissau > Dezembro de 1965 > Amura

Bissau > Dezembro de 1965 > Ao fundo o Porto e a Ilha do Rei

Bissau > Julho de 1966 > Estátua de Teixeira Pinto

Bissau > Julho de 1966

Bissau > Julho de 1966 > Estátua de Honório Barreto

Medalha das Campanhas da Guiné

Diploma do CTIG - 1964/1966
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 6 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3577: Album fotográfico de Santos Oliveira (6): Tite e Enxudé

Guiné 63/74 - P3619: Em busca de... (56): Ex-combatentes da CCAÇ 2312 (Có, 1968/69) (Silvie/António Ferreira)

1. Mensagem com data de 30 de Novembro de 2008, da nossa leitora Silvie, nascida e residente em França, filha de um camarada nosso, procurando companheiros de seu pai:

Olá,

Ando à procura de associações de combatentes das forças armadas, portugueses que combateram na Guiné. O meu pai foi um desses soldados e queria fazer-lhe uma surpresa.

Encontrei o seu mail na net e queria saber se me podia indicar como posso entrar em contacto com essas pessoas ou se há convívios que se organizam em Portugal.

Muito obrigada.
Silvie


2. Mensagem enviada à nossa amiga Silvie em 5 de Dezembro

Cara Silvie
Veja se o seu pai lhe diz qual foi a Companhia e ou Batalhão onde foi integrado para a Guiné. Já agora as datas de ida e regresso assim como os locais onde esteve na Guiné. Indique também o nome de seu pai.
Em posse desses elementos, poderemos dar informações mais precisas.

Há por cá convívios a nível nacional, mas se pudermos encontrar camaradas de seu pai, ainda será melhor.

Os nossos cumprimentos e um abraço especial ao seu pai, nosso camarada.

Carlos Vinhal
Co-editor do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné


3. Mensagem da filha do nosso camarada, com data de 6 de Dezembro:

Bom dia Sr Carlos,

Agradeço por ter respondido e peço já desculpas por eu dar muitos erros em português (é que sou filha de emigrantes e infelizemente não tive aulas de português).

Aqui vão as informações que me pediu:

Nome: António FERREIRA

Data de ida: Janeiro de 1966
Datas de volta: Junho 1969 (ferido grave)

Batalhão: 2834
Companhia: 2312

Primeiro Pelotão
Caçadores

Fico à espero e agradeço muito.
Cumprimentos.
Silvie


4. No mesmo dia foi enviada a seguinte reposta à filha do nosso camarada António Ferreira:

Cara Silvie, cara filha.

Utilizei o termo cara filha para que fique a saber que os filhos nos nossos camaradas, nossos filhos consideramos. Quem combateu na Guiné, ficou possuído de uma mística tal que nos tornamos verdadeiros camaradas, amigos e porque não irmãos. Se quiser considere-se nossa sobrinha de coração.

Aproveito para mandar ao meu camarada António Ferreira um grande abraço solidário, fazendo votos de que o ferimento que recebeu na Guiné lhe não tenha deixado nenhuma sequela para a vida.

Posto isto, vamos ao mais importante.
O seu pai esteve no Batalhão de Caçadores 2834 que tinha 4 Companhias, a saber: CCS, CCAÇ 2312 (a dele), CCAÇ 2313 e CCAÇ 2314. A Companhia dele deve ter estado em Có e a sede de Batalhão em Buba.

Arranjei um contacto telefónico de um companheiro dele, da CCAÇ 2312, que é o Mário Neves, cujo telemóvel é: 936 242 703 (*)

Tenho mais dois contactos da CCAÇ 2313 que poderão conhecer outros camaradas da Companhia do seu pai, que são:

José Ferreira - telemóvel - 936 699 301, telefone fixo - 234 666 413 (*)
Luciano Castro - telemóvel - 968 831 065, telefone fixo - 234 742 46 (*)

Faltam como é lógico os indicativos de Portugal que conhecerão melhor do que eu.

Vou entretanto publicar o vosso pedido no nosso Blogue e do que conseguirmos, lhes será dada notícia.

Creia-nos ao vosso inteiro dispôr.
Deixo ao António Ferreira um abraço e à Silvie e restante família as nossas melhores saudações.

Se não houver outros contactos entretanto entre nós, ficam desde já os nossos Votos de Bom e Santo Natal para todos e um Bom Ano 2009.

Carlos Vinhal
Co-editor


5. Em 13 de Dezembro recebemos esta mensagem da nossa amiga Silvie:

Senhor Carlos,

Daqui a uns dias, se tudo correr, bem vou para Portugal passar as festas e assim vou poder transmitir as suas saudações e as informações que me deu ao meu pai. Ele concerteza vai ficar muito contente, sobretudo com os contactos dos companheiros.

Muito obrigada pela sua ajuda e desejo-lhe também umas boas festas e um feliz Ano 2009.

Silvie


6. Comentário de CV:

Foram prestadas estas informações ao nosso amigo António Ferreira, através da sua filha Silvie, elementos estes (*) recolhidos na página do nosso camarada Jorge Santos a quem agradecemos a existência da sua secção Ponto de Encontro, a que recorremos frequentemente.

Se entre os nossos camaradas e leitores houver quem tenha mais elementos a acrescentar aos já fornecidos a estes nossos amigos, por favor contactem-nos.

Ao António Ferreira, desejamos que consiga encontrar os amigos há tanto tempo desencontrados.
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Nota de CV;

Vd. último poste da série de 13 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3617: Em busca de... (55): Ex-combatentes da CCAÇ 594 (Guiné, 1963/65) (Júlio Pinto/Artur da Costa Rodrigues)

Guiné 63/74 - P3618: A retirada de Guileje, por Coutinho e Lima (2): A festa ... e a solidão de há 35 anos (Luís Graça)

Academia Militar > Aquartelamento da Amadora > Auditório > 13 de Dezembro de 2008 > Sessão de apresentação do livro do Cor Art Ref, Coutinho e Lima, A Retirada de Guileje: A Verdade dos Factos (Linda-A-Velha: DG Editor, 2008, 469 pp, € 20) > Na mesa, da esquerda para a direita, o autor, o Gen Loureiro dos Santos, o Director da Academia Militar, o jornalista Eduardo Dâmaso e o editor. A apresentação do livro esteve a cargo do jornalista Eduardo Dâmaso e do General Loureiro dos Santos, este último camarada de curso na Academia Militar (o de 1953, de artilharia) do Coutinho e Lima. Esytiveram presentes mais de 400 pessoas entre camaradas de armas, combatentes da Guiné, jornalistas, familiares e amigos. Entre os presentes, contavam-se o Gen Ramalho Eanes e o embaixador da Guiné, Constantino Lopes que veio acompanhado da sua filha, que faz juz à beleza das guineenses. Também esteve representada a Casa da Guiné em Coimbra, através da pessoa do Doutor Julião Soares Sousa, seu presidente. Dos membros da nossa Tabanca Grande, há a destacar uma fortíssima representação da Tabanca de Matosinhos: recordo-me de ter encontrado diversos: Xico Allen, António Pimentel, João Rocha, J. Casimiro Carvalho, Eduardo Magalhães Ribeiro, o José Manuel Lopes... Do centro (Figueira da Foz), o periquito d0 Vasco da Gama. De Lisboa e arredores, o Zé Carioca e o Sérgio Sousa (Gringos de Guileje), o Pedro Lauret, o José Martins, o José Colaço, o António Santos, o Carlos Silva (e a esposa), o Beja Santos, eu próprio e a Alice... E obviamente o artista principal, o Coutinho e Lima, que teve um apoio excepcional da família (a esposa Isabel, a filha, os netos...). Fotos (e legendas): © Luís Graça & Camaradas da Guiné (2008). Direitos reservados

Academia Militar > Aquartelamento da Amadora > Auditório > 13 de Dezembro de 2008 > Sessão de apresentação do livro do Cor Art Ref Coutinho e Lima , A Retirada de Guileje: A Verdade dos Factos > O autor, no final, autografando exemplares do seu livro (editado pela DG - Editor, Linda-A-Velha, 2008, 469 pp., € 20). A sessão só terminiu por volta das 20h30, o que dá ideia da afluência de público... O auditório da Academia Militar term uma lotação de 600 lugares, dois terços dos quais estavam preenchidos. Academia Militar > Aquartelamento da Amadora > Auditório > 13 de Dezembro de 2008 > Sessão de apresentação do livro do Cor Art Ref Coutinho e Lima, A Retirada de Guileje: A Verdade dos Factos (Linda-A-Velha: DG Editor, 2008, 469 pp, € 20) > Em primeiro plano, a direita, o nosso camarada e amigo, advogado, régulo de Farim, residente em Massamá, Carlos Silva, acompanhado pela esposa.

Academia Militar > Aquartelamento da Amadora > Auditório > 13 de Dezembro de 2008 > Sessão de apresentação do livro do Cor Art Ref Coutinho e Lima, A Retirada de Guileje: A Verdade dos Factos (Linda-A-Velha: DG Editor, 2008, 469 pp, € 20) > Outro aspecto da sessão de autógrafos. Em segundo plano, o José Colaço e o António Santos, da nossa Tabanca Grande, à direita do Carlos Silva e esposa.
Academia Militar > Aquartelamento da Amadora > Auditório > 13 de Dezembro de 2008 > Sessão de apresentação do livro do Cor Art Ref, Coutinho e Lima, A Retirada de Guileje: A Verdade dos Factos (Linda-A-Velha: DG Editor, 2008, 469 pp, € 20) > O antigo instrutor, em Mafra, em 1971, Beja Santos, à esquerda, e o antigo cadete Vasco da Gama, futuro Cap Mil, comandante dos Tigres de Cumbijã (CCAV 8351, 1972/74). O Vasco vive na Figueira da Foz. Fomos encontrá-lo também em amena conversa com o António Pimentel que vive entre o Porto e a Figueira
. Academia Militar > Aquartelamento da Amadora > Auditório > 13 de Dezembro de 2008 > Sessão de apresentação do livro do Cor Art Ref , Coutinho e Lima, A Retirada de Guileje: A Verdade dos Fac (Linda-A-Velha: DG Editor, 2008, 469 pp, € 20) > Mais um grupo de membros da nossa Tabanca: José Colaç0, António Santos e Zé Carioca, em conversa com a Maria Alice Carneiro, de costas. Um Pirata de Guileje muito especial: o nosso ranger José Casimiro Carvalho que veio expressamente do Porto, acompanhado do Pira de Mansoa, o nosso Eduardo Magalhães Ribeiro... Fez-me um pedido especial: "Não te esquecças de avisar a malta que hoje sai a minha história militar na revista de domingo do Correio da Manhã!"...

No final da apresentação do livro do Coutinho e Lima foi servido um Alvarinho de Honra, oferta da Câmara Municpal de Melgaço, e uns salgadinhos de... Guileje.

  Aquartelamento da Amadora > Auditório > 13 de Dezembro de 2008 > Sessão de apresentação do livro do Cor Art Ref "A Retirada de Guileje: A Verdade dos Factos" (Linda-A-Velha: DG Editor, 2008, 469 pp, € 20) > Da esquerda para a direita: Vasco da Gama, António Pimentel, o José Manuel e o José Martins.

Aquartelamento da Amadora > Auditório > 13 de Dezembro de 2008 > Sessão de apresentação do livro do Cor Art Ref, Coutinho e Lima, A Retirada de Guileje: A Verdade dos Factos (Linda-A-Velha: DG Editor, 2008, 469 pp, € 20) > Um pequeno excerto da intervenção do Gen Loureiro onde se fala da terrível da solidão de quem tem de decidir, sozinho, em situações-limite. Mas o dia foi de festa para o Cor Art Ref Coutinho e Lima: finalmente, 35 anos depois, pôde contar a sua história (*)...

Vídeo: © Luís Graça (2008). Direitos reservados. Vídeo (4' 27') alojado em: You Tube >Nhabijoes. (No caso de teres dificuldade em visionar o vídeo, clica em assistir em alta qualidade ). 

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 Nota de L.G.: (*) 

sábado, 13 de dezembro de 2008

Guiné 63/74 - P3617: Em busca de... (55): Ex-combatentes da CCAÇ 594 (Guiné, 1963/65) (Júlio Pinto/Artur da Costa Rodrigues)

1. Mensagem de Júlio Pinto, ex-2.º Sarg Mil da CART 769, (Angola, 1967/69), que nos acompanha através do nosso Blogue.

Olá pessoal da Tabanca Grande,

Eu sou o antigo combatente de Angola que procurou e graças a vós fiquei a saber como desapareceu o meu amigo Júlio Lemos da Ccaç 797 (*).

Mas hoje o que me traz outra vez a entrar em contacto com a Tabanca é o facto de um colega e amigo meu aqui de Braga, a quem dei conhecimento do vosso Blogue, ter manifestado o interesse de através de vós tentar descobrir o paradeiro do pessoal da Ccaç 594, do Capitão Rocha e que esteve na Guiné de 1963 a 1965. Era uma companhia de intervenção e por isso não tinha poiso certo.

Portanto se alguém souber de pessoal da Ccaç 594, podem entrar em contacto comigo que eu transmito-lhe. O seu nome é Artur da Costa Rodrigues e é de Braga.

Vamos lá pessoal da 594 que é feito de vós?

Um abraço e para todos o membros da Tabanca Grande o desejo de um bom Natal e um Ano Novo cheio de venturas.

2. Comentário de Carlos Vinhal

Caro Júlio Pinto, obrigado pelo teu contacto e pela ajuda que estás a dar ao nosso camarada Artur Rodrigues. Fica aqui tornado público o seu desejo de encontar antigos companheiros da CCAÇ 594.

Aos nossos tertulianos, pede-se a colaboração do costume. Se souberem algo que possa ajudar este nosso camarada, informem-nos ou liguem directamente com o Júlio Pinto.
Será enviada uma mensagem à tertúlia com o contacto deste nosso camarada.

Ao Júlio e ao Artur Rodrigues os votos de bom Natal e de um 2009 sem marcas da crise.
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Notas de CV:

(*) Vd. postes de:

18 de Setembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2115: Em busca de...(12): Notícias do desaparecimento de Júlio Lemos, ex-Fur Mil da CCAÇ 797, Tite, 1965/67 (Júlio Pinto)

e

Guiné 63/74 - P2116: Fur Mil Júlio Lemos, da CCAÇ 797, morto em Rio Louvado, por ferimentos em combate (A. Marques Lopes)

17 de Setembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3213: O Nosso Livro de Visitas (28): Homenagem aos ex-combatentes da Guiné (Júlio Pinto)

Vd. último poste da série de 25 de Novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3516: Em busca de... (54): Companheiros da CCAV 677/BCAÇ 599 (Resultados) (Santos Oliveira)

Guiné 63/74 - P3616: Convívios (91): Encontro da CCaç 2790 em 20 de Dezembro. (António Matos)


Melancólica recordação

Uma deslocação a Bissau, contrariamente ao que poderia pensar-se, não estava isenta de preocupações, que se prendiam com questões de segurança.
Isto porque, embora em território em guerra declarada, havia destas incongruências traduzidas na proibição de se andar armado.
Ora, para se chegar a Bissau desarmado, seria necessário deixar a "amante" no quartel ou seja, a uns 30 kms de distância!

A viagem começava em Bula e quando a "boleia" era num Unimog 404 a coisa era agradável pois eram umas máquinas espectaculares a andar.
Quando era nos 411, meu Deus, aquilo dava pelos peitos a um macho! O incómodo e a falta de segurança perante qualquer solavanco eram terríveis. Hoje fazem-me lembrar aquelas bóias compridas ( lagartas ) que vemos nas praias, rebocadas por uma lancha e que levam 1/2 dúzia de "artistas" que vão sendo lançados borda-fora à medida que as pequenas ondas aparecem ...
A 1ª etapa era até João Landim onde se apanhava a LDM para o outro lado.
Enquanto vinha e não vinha a lancha, por ali nos ficávamos, de farda nº 2, bota engraxada mas já cheia de terra, e com a ansiedade natural de chegar à cidade. Mesmo que fosse ao hospital!
A entrada no hospital, se bem que reflectisse um ambiente próprio de guerra com helicópteros a pousar e a levantar, com enfermarias cheias de amputados, e de corredores a feder a desespero, proporcionava ao operacional uma sensação de estar fora do conflito e olhar para aqueles "inquilinos" como os azarados que não conseguiram passar incólumes à desgraça.
Acabada a consulta, havia tempo para uma saltada à cidade, à "5ª repartição" para se tomar uma verdadeira coca-cola e uma sande.
Ainda dava para lançar um olhar lânguido a um ou outro par de coxas roliças e respectivas bundas que por ali passassem...

O ambiente citadino do diz-que-disse, do boato, do stress de quem só sentia a guerra através dos rebentamentos lá ao loooonggeeeee mas que era a sua guerra e não se fazia rogado na reinvindicação do estatuto de combatente, era incómodo.
No regresso à base ( Bula ) ficava sempre mais tranquilo ao juntar-me ao meu grupo de combate.
Presunção ? Falsa modéstia ? Estupidez natural ?
Chame-se-lhe o que se quiser na certeza porém, que é a mais pura das verdades.
Gratificante, ainda que contribuísse para o aumento da carga emocional, era a notória satisfação que se estampava nas caras dos soldados como se com a nossa presença lhes déssemos um incremento de confiança.
Não me é fácil fazer elogios em causa própria mas reconheço que investi inquestionavelmente nesse pormenor (confiança) mesmo que por vezes fosse necessário fazer das tripas coração!
Por aí passou, recorrentemente, a minha formação moral, intelectual e humana.
Já em posts anteriores referi que perdi alguns homens em combate.
Não lhes referenciei os nomes por respeito aos familiares que possam ler estas linhas e não o farei por convicção.
Deixo a todos uma recordação de momentos anteriores àquele período tenebroso das nossas vidas, ainda nos Açores, com os ainda aspirantes a alferes e os cabos milicianos que completavam os quadros da CCaç 2790 (à excepção do grupo de combate comandado pelo futuro furriel Cardoso coadjuvado pelo também futuro furriel Barros Leite).


Passadas que estão estas dezenas de anos de permeio, os poucos elementos continentais que constituíam aquela companhia vão reencontrar-se no próximo dia 20 deste mês para um dos habituais jantares de confraternização e terei o cuidado de registar em foto essa "concentração" para aqui vos vir prendar com os aspectos destes jovens.
Até lá.
António Matos
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Notas de vb:
1. Último artigo do António Matos em
2. Da série Convívios último artigo publicado em

Guiné 63/74 - P3615: Histórias de um condutor do HM 241 (António Paiva) (1): Corrida com triste fim

1. Mensagem do nosso camarada António Paiva, ex-Sold Cond no HM 241 de Bissau, 1968/70, com data de 30 de Novembro de 2008, contando uma história que esperamos seja a primeira de muitas.

2. Corrida com triste fim
António Paiva

Rompe a manhã, como tantas outras, daquele domingo de 26 de Abril de 1970.
Muitos acordam, só com uma ideia em mente… ver o jogo. Soltar de dentro de si, naquele dia, um grito de alegria e felicidade, que o tempo de comissão lhes ia comprimindo.
Às 15 horas, ia realizar-se o jogo entre Clube Ténis de Bissau e o Sporting Clube de Braga a contar para a Taça de Portugal, era a final, no campo do UDIB sito em Benfica.
Eu não ia, mas um condutor que fazia serviço à Base, das 13 às 19 horas, pediu-me na véspera para eu lhe fazer o serviço, ele queria ir ver o jogo, não lhe tirei esse prazer, só lhe disse:

- Vai descansado, à volta pagas uma cerveja.

Depois de almoço, pelas 12,30, pego na ambulância e sigo para a Base a render o outro condutor que lá se encontrava desde as 7 da manhã. Na Base faziam-se 2 turnos todos os dias, das 7 às 13 e das 13 às 19. Lá chegado, estacionei a ambulância no sitio habitual e fui até ao bar, não sei se beber uma bica ou uma cerveja. Podíamos lá estar, porque assim que viesse uma evacuação éramos informados pelo altifalante.

Quando lá cheguei, reparei que faltavam 3 avionetas de alerta, se a memória não me atraiçoa era assim que se dizia, logo concluí que ia ter trabalho.

Por volta das 14,30, mais ou menos, sou alertado para a chegada de uma avioneta com evacuação. Dirigi-me ao local onde ela tinha parado, e é-me entregue uma menina de 7 anos. Quem a vinha a acompanhar diz-me:

- Condutor, o tempo é pouco, já sabe o que tem a fazer.

Arranquei, levando comigo uma criança em sofrimento que tinha sido atropelada. Rolei o mais rápido que pude para o Hospital Civil. Ao chegar a Teixeira Pinto, 1.ª rotunda com esse nome, e vejo a multidão que se encontrava em Benfica, junto ao campo do UDIB, a tapar a rua toda, eu respirei fundo… ó Deus. O sinaleiro, que estava no seu pelourinho, penso que saltou…, a multidão abriu alas, lembrou-me quando o mar se abriu nos 10 Mandamentos, sempre em frente, praça do Império, Santa Luzia e Hospital Civil.

Começa o inesperado. Estaciono onde devia para levar a menina para dentro, mas que tristeza, não se encontrava ali ninguém que me desse uma ajuda para levar a maca e sozinho era impossível. Entre 5 a 10 minutos depois, aparece uma rapariga que me ajudou a levar a maca com a menina.
Azar a mais, o médico não estava. Perguntei por ele e dizem-me que deve estar no 1.º andar. Subo a escada de 2 em 2, passado algum tempo lá o encontro. Viemos para baixo directos ao posto de socorros, entramos… O Anjo tinha subido ao Céu.

Senti uma pancada no peito, lágrimas nos olhos, como era linda a menina.
Revoltei-me, não sei se comigo próprio ou com o sistema, minha missão não tinha sido perfeita. Onde errei?

Ao chegar cá fora, o que não estava à espera, para me prestarem homenagem tinha 2 cálices de sangue venoso transportados na bandeja que se encontrava estacionada atrás da ambulância, um alferes e um soldado da PM. Diz o alferes para mim:

- Então condutor, vem doido ou quê? Depois da porrada que vai apanhar nunca mais corre.

Só lhe disse:

- Corri para salvar uma criança, acabou por morrer.

Ligou pouca importância, mas depois de tirar os apontamentos necessários para me oferecer a medalha, deixou-me ir embora.

Voltei para a Base. No fim do serviço voltei para o Hospital, fui ter com o médico de dia e contei-lhe o ocorrido.

No dia seguinte, o Director, Dr. Felino de Almeida, mandou-me chamar, contei-lhe o sucedido e ele mesmo tratou do assunto, não levando castigo.

Agora dirijo-me aos Gloriosos Malucos das Máquinas Voadoras

Os pilotos, nunca chegam a saber como os evacuados acabam, mas este recorrendo-se da sua caderneta de serviços, saberá o triste fim duma evacuação que ele começou.
Será que chego a saber quem foi esse piloto?

Um abraço a todos
António Paiva
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Notas de CV:

(*) Vd. postes de:

20 de Novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3486: Tabanca Grande (98): António Paiva, ex-Soldado Condutor no HM 241 de Bissau, 1968/70

24 de Novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3511: O meu baptismo de fogo (23): Uma vacina para o enjoo... (António Paiva)

Guiné 63/74 - P3614: Convívios (90): 1.º Encontro da CCAÇ 3, em 14 de Maio de 2005 em Alvados - Porto de Mós (João M. Félix Dias)

1. Mensagem do nosso camarada João Manuel Félix Dias, ex-Fur Mil SAM, CCAV 2539/CCAV 2540/BCAV 2876 e CCAÇ 3, Guiné, 1869/71, com data de 8 de Dezembro de 2008:

O 1.º Convívio da CCAÇ 3 realizou-se a 14 de Maio de 2005 em Alvados - Porto de Mós no Restaurante Rosa. Estiveram presentes 26 ex-militares e alguns familiares.

O encontro foi organizado pelo ex-Alf Mil José Manuel S. Gonçalves, falecido no passado mês de Julho.

Também prestou grande colaboração, o ex-Alf Mil Francisco M. Branco Frutuoso.

Além de colaborar na organização, deu valioso contributo o nosso camarada Virgílio Alves Silva, no que concerne ao registo fotográfico e elaboração de vídeo do acontecimento e são de sua autoria as fotografias deste evento.

Foi celebrada missa pelos camaradas já falecidos.

Estiveram presentes:

O Sr. Coronel na Reforma Carlos A. Marques Abreu; igualmente, os ex-Capitães
João Galamarra Curado e Carlos Ricardo, que comandaram a Companhia nos anos de 1970 a 1972 em Binta, Guidaje e K3.

Também estiveram presentes:

João Ramex
João Torrinha
João Francisco Claudino Antunes
Fernando Alberto Barrios
António Manuel Godinho Pinto Ribeiro
José Cândido Barros Pereira
Henrique M. Madeira Neves
Manuel Fernando Alheira
Américo Formiga da Silva
Manuel Cabinas
Idalécio Castro
Artur J. Sousa Fernandes
José Espinheira
Luís Mendes Costa
António Fialho
Valentim Luz Pedro
Carlos Oliveira
Artur Pombinho
Vítor Domingues
Rui C. Branco Sena
Domingos Ribeiro













Nesta foto, pode-ver-se, de pé: Formiga Silva, Sena, Pedro, Neves, Ribeiro "balanta", Ribeiro "mecânico, Barrios; em baixo: Pereira, Cabinas, Alheira, Ramex e Pombinho.

Fotos: © Virgílio Silva (2008). Direitos reservados.