1. Mensagem de Miguel Pessoa (*), ex-Ten Pilav, BA 12, Bissalanca, 1972/74, hoje Coronel Pilav Reformado:
Caros editores
Li com atenção o Poste do Alberto Branquinho e os comentários que se lhe seguiram. Hoje deu-me uma coisa... e saiu isto! Não o pus como comentário ao Poste por ser grande e conter uma foto. Disponham dele como vos aprouver.
A foto vai inserida no texto apenas para verem como gostaria que ficasse.
Abraço.
Miguel
NETOS, KÁ TEM!...
Li com curiosidade o texto apresentado no
Poste 7225 pelo Alberto Branquinho, que termina com a recomendação de "irmos tratar dos nossos netos". Confesso que inicialmente fiquei um pouco baralhado com o conteúdo, mas reconheci-lhe o mérito de me ter obrigado a pensar, isto é, pôr a funcionar os meus neurónios, por vezes um pouco perros devido à estupidificação que nos é proporcionada pela comunicação social, por um lado, e pelos políticos que vamos tendo, por outro.
Esclareço que aquele texto não me causou nenhum mal-estar especial, pois tenho a sensação de que tudo o que tenho feito e escrito no blogue está em conformidade com a minha maneira de estar e de pensar, que se traduz no respeito pelas opiniões dos outros, em evitar dar opiniões sobre aquilo que não sei, em desculpar os pequenos excessos que alguns vão cometendo e, principalmente em dar à minha própria pessoa a importância que ela merece - isto é, pouca...
Talvez por isso achei algo exageradas algumas opiniões de camaradas que têm tido para com o Branquinho e o seu "amigo" atitudes pouco benevolentes. Encaro esta chamada de atenção do Poste como um exercício que cada um deverá fazer para avaliar a sua actuação no blogue e pensar na necessidade de contenção para evitar certos excessos.
Não se trata de alguém nos pôr baias ao nosso comportamento mas sim de exercermos uma certa auto-disciplina na maneira como nos expomos. Considero a nossa participação no blogue como uma viagem de autocarro com uns tantos amigos, durante a qual pomos a conversa em dia, conversa que eles seguem com atenção mas que é ouvida igualmente por muitos dos estranhos que nos rodeiam. E certamente muitos de nós terão nessas circunstâncias observado situações em que estranhos se expõem completamente perante nós, protagonizando situações ridículas, de mau-gosto e por vezes até perigosas para eles. De certo modo é isso que pode suceder no blogue, se não usarmos de alguma contenção.
Bom, isto foi apenas uma introdução (que já vai longa) que me leva ao que me traz aqui. A verdade é que estou ainda a lembrar-me da sugestão que é feita de pensar mais em tratar dos meus netos do que enfronhar-me no blogue e com isso evitar fazer figuras tristes...
É que eu tenho um problema grave que não consegui ultrapassar e que me fez cair em mim - não tenho netos, dada a resistência dos meus filhos em garantirem a descendência - o que me leva a considerar não ser possível, para já, abandonar o blogue e deixar de escrever algumas atoardas quando me apetecer. Como devem compreender, não tendo os tais netos para cuidar, ainda é cedo para mim ir para os jardins dar de comer aos pombos e apanhar sol nos tim-tins.
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Tentando perceber o que estou a perder, tentei pesquisar a nível nacional e internacional como se comportam as pessoas nestas circunstâncias. Assim, comecei por tentar abordar um conceituado médico da nossa praça muito habilitado na arte da guerra, o qual se mostrou afinal indisponível para me receber. Bom, nem percebi se ele afinal tinha netos, tão empenhado ele estava, enquanto corria comigo, em afiar uma série de reluzentes bisturis que, segundo ele, pretendia utilizar numa saída destemida contra um grupo de arruaceiros que lhe rondava a rua. É que, faltando-lhe ainda 247 pontos para atingir a quota necessária para garantir a sua transferência para um hospital de 1.ª linha, encarava esta como uma oportunidade única de atingir rapidamente o seu objectivo...
Descoroçoado com esta primeira tentativa falhada, resolvi contactar um amigo de longa data, o John (Rambo). Azar o meu! - não estava disponível. Pelo telefone consegui saber que tinha aproveitado as férias escolares do neto para o levar num
tour pelo Afeganistão, onde pretendia rever uma série de inimigos dos velhos tempos e pôr umas contas em dia. Infelizmente o John estava agora ocupado a localizar o neto, de quem se tinha separado no decorrer de uma refrega amistosa. Pelo que percebi, embora já tivesse procurado em todos os centros comerciais de Kabul ainda não o tinha encontrado.
Sem vontade de esperar pelo seu regresso - afinal já nem tinha o neto consigo e eu precisava de acabar este texto - resolvi atacar a minha 3.ª e última oportunidade, por isso pus-me em contacto com o Arnold (o Schwarz). Finalmente obtive algum êxito. Confidenciou-me que costumava levar o neto consigo sempre que ia manter as suas qualificações como "Terminator", o que lhes dava bastante gozo, e até me ofereceu uma foto em que estão os dois, depois de uma boa sessão de pancada. Sendo uma tecnologia bastante avançada a foto tem som mas, para aqueles que dispõem de computadores mais antigos resolvi acrescentar-lhe legendas, para que não percam nada.
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Ooops!!! Acabo agora de retomar a consciência e verifico que devo ter adormecido depois do 6.º parágrafo... Chego à conclusão que tudo o que se passou depois foi um sonho e, como tal, não merece qualquer credibilidade!...
Então, voltámos ao princípio... Continuo a não ter netos, não quero fazer figuras tristes nos jardins e não quero largar o blogue, porque até consigo manter um comportamento razoável com os bloguistas em geral.
Assim, lamentavelmente terão que continuar a aturar-me e até a dar uma vista de olhos (ou não...) a algum texto que eu possa vir a escrever. E eu continuarei a ler os textos que forem sendo publicados (incluindo os tais "execráveis", como alguém referiu...) reservando-me sempre o direito de usar as teclas PgUp e PgDn para evitar aqueles que pela sua forma ou pelo seu conteúdo possam provocar-me enxaquecas...
Mesmo correndo o risco de vir a parecer artolas ou até gabarolas em alguma das minhas futuras intervenções, penso que esta minha decisão de continuar a participar é a maneira mais prática de combater a inércia e manter os neurónios a funcionar, mesmo que em três cilindros...
E quanto a netos, já que não os tenho e não me vejo a aturar os dos outros, paciência, fica para mais tarde...
Não quero deixar de agradecer ao Alberto Branquinho, que me espicaçou, tirou da modorra e me levou a escrever esta prosa, por mais parva que seja...
Miguel Pessoa
Ten/PilAv
Esq.121 / GO 1201 / BA12
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Notas de CV:
(*) Vd. poste de 5 de Outubro de 2010 >
Guiné 63/74 – P7082: FAP (53): Estatística das minhas missões em DO-27 e FIAT G-91 (Miguel Pessoa)
Vd. último poste da série de 5 de Novembro de 2010 >
Guiné 63/74 - P7230: (Ex)citações (104): Resposta ao Branquinho (António J. Pereira da Costa)