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em 27 de Abril de 1972: da esquerda para a direita, Alf Mil Dias, Cap Mil Pires e
Pires e
Alf Mil Farinha
Fotos (e legendas): © Luís Dias (2011) / Blogue
Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados.
AS MÚSICAS POP/ROCK ANGLO-AMERICANAS MAIS EM VOGA EM 1972/73 E QUE EU OUVIA NA GUINÉ (Parte I)
por Luís Dias (*)
Todos os que me conhecem sabem do meu amor pela música, em especial pela música rock e que ao longo da vida tenho acompanhado sempre este tipo de música e as suas variantes. Cheguei a dar uma aula sobre as origens do Rock´n´roll, seus principais intérpretes e as implicações sociais que produziram.
Ainda hoje, em que por indicação médica efectuo pelo menos três caminhadas por semana de cerca de 60 minutos, em passo largo (sem olhar para as montras), levo sempre comigo o MP4 que me foi oferecido pelo meu filho com diversas músicas, desde os primórdios do Rock´n´roll até 2011.
Este meu amor musical iniciou-se nos princípios dos anos 60, em resultado do surgimento do twist (ao que me lembro tinha mesmo muito jeito para esta dança) e tinha como ídolo Victor Gomes e os Gatos Negros (que venceu um concurso no Teatro Monumental, em Lisboa, tendo sido apelidado de rei do twist), tendo eu participado num espectáculo por ele dado no Coliseu dos Recreios, onde dei o gosto à perna dançando com muita malta a acompanhar o ritmo imposto pelo Victor.
Fui sempre acompanhando as músicas que se iam fazendo lá fora, em especial a anglo-americana, e frequentava os bailaricos das sociedades lisboetas e as festas de finalistas dos estudantes. Assim lembro-me de ver e ouvir o Quarteto 1111, Quinteto Académico, Plutónicos, Ekos, Sheiks, Fernando Conde, Diamantes Negros, Demónios Negros, Daniel Bacelar e os Gentlemen, Claves, Vodkas, Pop Five Music Incorporated, Objectivo, Sindikato, etc.
Outra fonte muito importante para mim era a rádio. E programas como a 23ª Hora, da Rádio Renascença (Joaquim Pedro, João Martins), a Página Um, também na Rádio Renascença (José Manuel Nunes, Adelino Gomes), "Em Óbitra", do Rádio Clube Português (Pedro Soares Albergaria) e a Rádio Universidade tinham em mim um ouvinte sempre atento.
A música levou-me a conhecer a repressão em Agosto de 1970, aquando de um concerto que iria ter lugar no Colégio dos Salesianos, no Estoril, onde esperávamos, segundo o cartaz do festival: "Quarteto 1111 ", os "Chinchinlas" e os "Sindikato".
José Cid integrava o "1111", Jorge Palma o "Sindikato" e o Filipe "Mendrix" Mendes, os "Chinchilas". Também para este festival estavam anunciados os nomes de Zeca Afonso e Adriano Correia de Oliveira e tinha havido esperança na participação da banda internacional do momento – Chicago (Transit Authority).
No Estoril, uma multidão de jovens aguardavam o inicio do Festival, o que não chegou a acontecer, pois em vez da música surgiu uma violenta carga da polícia de choque com cães sobre uma multidão jovem que, em pânico, fugiu ao longo da marginal do Estoril. Eu e um amigo refugiámo-nos numa loja de venda de óculos, junto da estação de comboios, após ter sido perseguido por ter tirado uma foto aos polícias.
A paixão pela música levou-me a Vilar de Mouros em 1971, estando de licença militar do RI2, para ouvir os ingleses Elton John e Manfred Mann, entre outros grupos portugueses.
Em 2005 o meu filho tocou também com a sua banda (ASIDE) naquele mítico local, com Joss Stone, Joe Cocker, Robert Plant e Peter Murphy.
Quando fui mobilizado para a Guiné [, foto à esquerda], não sabia o que ali me esperava, mas tinha de ir acompanhado de boa música, essencialmente de música rock. Adquiri um gravador de bobines, de quatro pistas, e toca de gravar álbuns diversos (Moody Blues, Yes, Beatles, Jethro Tull, Rolling Stones, Deep Purple, Doors, Led Zeppelin, etc.) e até música de intervenção portuguesa de José Afonso, Luís Cília, Sérgio Godinho, José Mário Branco e Adriano Correia de Oliveira).
Recebia também mensalmente a revista inglesa New Musical Express, através de assinatura feita pelo meu pai na Livraria Bertrand, cassetes com músicas que iam saindo nas nossas rádios e que estavam na "berra" na altura, que me eram enviadas pela namorada e amigos (comprei, já na Guiné, um leitor de cassetes, sem grande qualidade, mas que serviu para ouvir as gravações que me enviavam da metrópole).
Isto era para mim uma forma de me descontrair e de manter o contacto com este tipo de música. Deste modo, para além dos livros que lia, a música constituiu ao longo da comissão uma forma de compensação e de paliativo para o tempo que andava sim, mas de forma lenta, num devagar muito próprio, muito africano.
Antes do regresso livrei-me dos gravadores (vendi-os aos piras), porque necessitava de espaço para trazer outras coisas.
A chegada à Guiné deu-se ainda em 1971, na véspera de Natal, e o regresso já foi em finais de Março de 1974, mas falo, essencialmente, das músicas surgidas nos anos 72 e 73 e que alcançaram os tops e foram importantes e conseguiram também o sucesso comercial.
No entanto, ainda ouvia e muitos dos meus camaradas as fantásticas músicas dos anos 60, em especial aqueles temas mais conhecidos quer:
(i) dos Beatles (um largo leque e muito variável, mas onde pontificavam: Yesterday, Eleanor Rigby, Yellow submarine, Come together, Back in USSR, With a little help from my friends, Lucy in the sky with diamonds, Penny lane, When I´m sixty four, Get back, Across the universe, etc.),
(ii) e dos Rolling Stones (I Can´t get no - satisfaction, Honky tonk women, Jumpin´Jack flash, Lady Jane, Let´s spend the night together),
(iii() mas também dos Animals (The house of rising Sun),
(iv) Beach Boys (Good vibrations, Surfin´USA, I can hear music, Sloop John B, Barbara Ann),
(v) Bee Gees (First of May, I´ve got to get a message to you, Words, I Started a joke, To love somebody),
(vi) Byrds (So you want to be a rock´n´roll star, Mr. Tamborine Man, Turn!Turn!Turn!, Jesus is just allright, the ballad of easy rider), Procol Harum (Whiter shade of pale, Conquistador),
(vii) Bob Dylan (Like a rolling stone, Lay lady lay, The times they are a-changing),
(viii) Creedence Clearwater Revival (Susie Q, Bad moon rising, Down on the corner, Proud Mary, Fortunate son),
(ix) Chicago (25 or 6 to 4, I´m a man, Make me smile), Cream (The sunshine of your love, Crossroads e White room), Doors( Hello I love you, Light my fire, Break on through),
(x) Herman´s Hermit´s (There´s a kind of hush, No milk today), Hollies (Bus stop, He ain´t heavy he´s my brother),
(xi) Manfred Mann (Ha ha said the clown, Mighty Quinn),
(xii) Jimi Hendrix (Purple haze, Hey Joe),
(xiii) Steppenwolf (Born to be wild),
(xiv) Santana (Black magick woman, Samba pa ti) e tantos e tantos outros que seria moroso estar aqui a enumerar.
Nos programas de discos pedidos na Guiné ouviam-se ainda algumas músicas francesas (Adamo, Christophe, Michel Polnareff), italianas (Gianni Morandi) e brasileiras. Uma constante era uma música dos anos 60, dos norte-americanos Rightous Brothers – Unchained melody – que traduziam como a "Melodia do desespero".
Outra que estava na berra e, não sei porquê, me irritava solenemente era um tema brasileiro "Mãe-Ié (O Tonico me bateu), de Sérgio Mallandro, com esta "linda" letra:
Mãe-iê sabe o que me aconteceu?
Mãe-iê o Tonico me bateu
(Ma ma ma ma ma ma ma mãe-iê sabe o que me aconteceu?
Mãe-iê o Tonico me bateu)
Roubou meu saco de pipoca
Meu pirulito e picolé
E ainda por cima mamãezinha
Deu uma pisada no meu pé
Ai, ai, ai.
(Continua)
Capas: Imagens do domínio público, selecionadas por L.D.
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Nota do editor: