Blogue coletivo, criado e editado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra col0onial, em geral, e da Guiné, em particular (1961/74). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que sáo, tratam-se por tu, e gostam de dizer: O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande. Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
quarta-feira, 24 de junho de 2009
Guiné 63/74 - P4572: Convívios (150): 7º Encontro da CART 3521 - Piche, Bafatá e Safim (1971/74), em Santo Tirso (Henrique Castro)
Guiné 63/74 - P4571: Dando a mão à palmatória (21): Irra é “AB” de Abraços, ou de Alfa Bravo e não de Almeida Bruno (Jorge Teixeira/Portojo)
Guiné 63/74 - P4570: IV Encontro Nacional do Nosso Blogue (13): Operação Ortigosa!... Obrigado Camaradas, Familiares e Amigos! (Magalhães Ribeiro)
Guiné 63/74 - P4569: IV Encontro Nacional do Nosso Blogue (12): Há fotos que valem por mil palavras... (Luís Graça)
Do outro lado, a serenidade, a sabedoria e a graciosidade dos quase 98 anos, da Sra. Dona Irene Fleming, um presença constante nos nossos encontros anuais... (Tomem boa nota: faz 98 no próximo dia 4 de Novembro de 2009, o que quer dizer que nasceu em 1911, um ano depois da implantação da República). O Virgínio Briote trata-a, com a delicadeza e a nobreza com que ele trata toda a gente, por Mãe... Não é a sogra, mas a Mãe, a mãe da Maria Irene, outras das nossas companheiras que, segundo creio, ainda não falhou nenhum dos nossos encontros anuais... (Como sabem desta vez, a família engrossou, além dos três, veio mais um, o Amadu Djaló)...
À Dona Irene Fleming, de origem escocesa (os seus antepassados vieram para o Porto trabalhar, na 1ª metade do Séc. XIX no sector dos seguros, um ramo de actividade que então nascia, sob o liberalismo, com o desenvolvimento do capitalismo industrial), a Tabanca Grande deseja continuação de boa saúde e longa vida com a graça e a qualidade de vida que ela orgulhosamente ostenta...
Coincidência ou não, tanto o Valentim como o Virgínio têm outras coincidências: além de começarem por V (que é o V da Vitória, da Valentia, da Virtude e da Vida), têm um coração grande (que às vezes nem cabe bem lá no sítio...) e pertenceram originalmente à mesma unidade (um Soldado Condutor, o Valentim; o outro, o Virgínio, Alferes Miliciano): refiro-me à CCav 489/BCav 490 (1963/65).
Foto (e legenda): © Luís Graça (2009). Direitos reservados
Guiné 63/74 - P4568: IV Encontro Nacional do Nosso Blogue (11): Um modelo de gestão de conflitos: Vasco da Gama, Luis Rainha, Rui Ferreira...
Quinta do Paul, Ortigosa, Monte Real, Leiria > IV Encontro Nacional do nosso blogue > 20 de Junho de 2009 >Da esquerda para a direita: António Carvalho, Rui Ferreira, Luís Rainha e Vasco da Gama... Ao fundo, do lado direito, o Francisco Godinho (que mora no Seixal) , ex-Fur Mil, CCAÇ 2753, Madina Fula, Bironque, K3 e Mansabá... (Julgo que não se deu conta desta animada negociação de paz, da iniciativa do Vasco).
Quinta do Paul, Ortigosa, Monte Real, Leiria > IV Encontro Nacional do nosso blogue > 20 de Junho de 2009 >Da esquerda para a direita: Luís Rainha, Vasco da Gama, Rui Ferreia e António Carvalho...
Quinta do Paul, Ortigosa, Monte Real, Leiria > IV Encontro Nacional do nosso blogue > 20 de Junho de 2009 > Da esquerda para a direita: Luís Rainha, Vasco da Gama, Rui Ferreia e António Carvalho > Diz o provérbio popular: "Os homens conhecem-se pelas palavras e os bois pelos cornos"...
Quinta do Paul, Ortigosa, Monte Real, Leiria > IV Encontro Nacional do nosso blogue > 20 de Junho de 2009 >Da esquerda para a direita: Luís Rainha, Vasco da Gama, Rui Ferreia e António Carvalho > Fnalmente, o bacalhau da reconciliação e da paz, acarinhado pelo Vasco, testemunhado pelo Carvalho e fotografado pelo Luís Graça...
Quinta do Paul, Ortigosa, Monte Real, Leiria > IV Encontro Nacional do nosso blogue > 20 de Junho de 2009 > (*) Julgo que foi aqui, pela primeira vez, que se encontraram, face a face, o Luís Rainha e o Rui Ferreira, em tempos protagonistas de um conflito, que teve por origem uma troca de nomes no livro do último, Rumo a Fulacunda (2ª edição, Viseu, Palinage, 2003, pp. 106/107). O Luís publicou no nosso blogue uma carta de protesto, o Rui por sua vez reconheceu e procurou reparar o erro (*)... Conversaram então os dois, inclusive, ao telefone.
Isto passou-se em Agosto de 2008. O Carlos Vinhal, que estava nesse mês de serviço, como editor, lidou de maneira impecável e exemplar com esta situação difícil e potencialmente explosiva... O assunto ficou encerrado. Faltava, no entanto, o tête à tête, e o abraço de reconciliação...
O nosso IV Encontro Nacional foi o pretexto para o Vasco, amigo de infância do Luís, pôr os dois a falar e a esclarecer o que ainda havia a esclarecer e dar, por fim, o abraço (ou pelo menos o bacalhau) da paz...
Admirei, aplaudi e registei não só o gesto do Vasco da Gama, como a postura dos dois protagonistas, Luís Rainha e Rui Ferreira... (Na utilíssima presença, diga-se de passagem, do António Carvalho, ex-Fur Mil Enf da CART 6250, Os Unidos de Mampatá, Mampatá, 1972/74, hoje autarca em Gondomar, e habituado também ele a lidar com conflitos e suas sequelas).
Não é fácil, na vida real, gerir conflitos, não fácil a negociação, não é fácil arbitrar conflitos... Fica aqui o exemplo, vivo e didáctico, de que na nossa Tabanca Grande nós fomos capazes, quase sempre, de resolver de maneira construtiva e sem mágoas as nossas pequenas guerras, pessoais ou grupais...
Falo em bacalhau da paz por que tanto o Vasco como o Luís são da Figueira da Foz, cidade com gloriosas tradições na pesca e na conservação do bacalhau. Aém disso, o pai do Vasco era muito amigo do pai do Luís, o Dr. Rainha, médico de saúde pública e autoridade de saúde na Figueira... A amizade entre os dois estava muito para laém das suas posições públicas e políticas. O pai do Vasco era um homem da oposição democrática e republicana. O pai do Luís era um homem do sistema vigente.
É agora a boa altura para convidar o Luís Rainha a formalizar a sua entrada na nossa Tabanca Grande. Segundo elementos apurados pelo Carlos Vinhal que na altura lidou, com sabedoria, lisura e isençã, esta história, o ex-Alf Mil Luís Rainha teve o seguinte percurso militar:
(i) Além do Curso de Oficiais Milicianos, fez um estágio de Educação Física Militar e frequentou também com aproveitamento o Curso de Operações Especiais, em Lamego;
(ii) Foi colocado no Regimento de Cavalaria 7, em Lisboa;
(iii) Incorporado no BCAV 705/CCAV 704, foi mobilizado para a Guiné (1963/66);
(iv) Os primeiros meses passou-os na CCAV 704 e os restantes nos Comandos do CTIG, em Brá;
(v) Foi formado pelos então Major Monteiro Dinis, Cap Nuno Rubim, Alf Mil Justino Godinho, Pombo dos Santos e Maurício Saraiva, Sargento Mário Dias e Furriel Miranda (participantes na mítica Op Tridente, Ilha do Como, Jan/Mar 1964, com excepção dos dois primeiros);
(vi) Foi Comandante do Grupo de Comandos Centuriões, de que fez parte o nosso Amadu Djaló;
(vii) foi contemporâneo dos Alf Mil Cmd António Vilaça, Neves da Silva, Vítor Caldeira, Virgínio Briote e do então Cap Comd Garcia Leandro (hoje Maj Gen, reformado);
(viii) foram-lhe atribuídos dois louvores, um ao serviço do BCAV 705 e outro ao serviço dos Comandos do CTIG atribuído pelo Comandante Militar da Guiné;
(ix) mais tarde foi condecorado com a Cruz de Guerra de 2.ª Classe, por feitos em combate.
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Nota de L.G.:
(*) Vd. postes de:
29 de Agosto de 2008 > Guiné 63/74 - P3155: Ainda o "Rumo a Fulacunda" e o ex-Alf Mil Luís Rainha (Carlos Vinhal/Luís Rainha/Rui Ferreira)
22 de Agosto de 2008 > Guiné 63/74 - P3144: Dando a mão à palmatória (15): Alf Mil Rainha era comandante do Gr Cmds Centuriões (Rui A. Ferreira)
Vd. também:
17 de Novembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1285: Bibliografia de uma guerra (14): Rumo a Fulacunda, um best seller, de Rui Alexandrino Ferreira (Luís Graça)
1 de Maio de 2007 > Guiné 63/74 - P1718: Lendo de um fôlego o livro do Rui Ferreira, Rumo a Fulacunda (Virgínio Briote)
Guine 63/74 - P4567: Memórias do Chico, menino e moço (Cherno Baldé) (2): Cambajú, uma janela para mundo
A placa rodoviária assinala alguns das povoações, mais importantes, mais próximas, a norte: Ginani (17 km), Talicó (22 km), Canhamina (27 km), Fajonquito (30 km), Saré Bacar (39 km), Farim (96 km)...
Foto: © Renato Monteiro (2007). Direitos reservados.
1. Publicação da segunda de cinco pequenas histórias que o Cherno Baldé, novo membro da nossa Tabanca Grande, nos enviou, com memórias da sua infância e adolescência (*):
Em Cambajú, pequeno centro comercial, começou o despertar da minha infância, altura em que, saído da pequeníssima aldeia de Sintchã Samagaya, fundada por meus pais, aterrei-me numa aldeia de muito maior concentração de moranças e de gente.
Cambaju estava situada mesmo na linha da fronteira com o Senegal, o que lhe emprestava um certo ar cosmopolita onde se cruzavam pessoas de várias origens e destinos e um certo movimento de vaivém de pessoas e mercadorias com as suas três ou quatro casas comerciais, algumas pequenas boutiques e o contrabando pra cá e pra lá das duas fronteiras.
O meu pai era encarregado de uma das casas de comércio, e aquele movimento a que não estava habituado, fascinava-me e me prendia a atenção ao lado do meu pai ocupado a atender as pessoas que vinham comprar mercadoria diversa. Ele nunca tinha tempo para mim e as minhas inúmeras perguntas.
Junto ao balcão, havia um velho aparelho de rádio que ora passava músicas do Mali em língua Bambara ora transmitia discursos intermináveis em Surua (Olof). Eu não gostava nem de uma nem de outra, todavia queria saber como é que aquelas pessoas tinham conseguido entrar lá dentro daquela caixa pequena e ficar por lá durante todos esses dias a falar e a cantar sem precisar de água ou comida, era a questão que me intrigava.
Todavia o meu pai não respondia às minhas questões ou porque não tinha tempo a perder comigo ou porque também tinha lá as suas dúvidas não esclarecidas, normais, na altura, para um aldeão iletrado como ele, mesmo trabalhando para gente da cidade. Quando não negociava com os comerciantes ambulantes que traficavam para o Senegal, atendia as mulheres que pediam conselhos sobre a escolha de tecidos para as próximas festas, no meio de risos e galanteios banais.
Ele tinha um jeito especial de atender as mulheres e via-se mesmo que o fazia com muito prazer. As mulheres, também, ao que parece, não eram indiferentes à simpatia do meu pai que todos consideravam um homem bem parecido. Ele raras vezes ficava irritado o que só acontecia quando alguém, de forma inesperada, mudava a sintonia do rádio e sobretudo se calhava que fosse a rádio da Guiné-Conakri onde de repente explodia a voz imponente de Sékou Turé.
Não era segredo para ninguém que as autoridades coloniais portuguesas não apreciavam aqueles que ouviam esta rádio e o meu pai, certamente, fazia parte das pessoas de bom senso. Ele tinha consciência clara da importância da formação escolar, numa altura em que o analfabetismo e o obscurantismo eram dominantes e se fazia sentir a entrada em força da religião islâmica na sua forma mais primitiva e intolerante importada por homens semi-letrados de Futa Toro e Futa Djalon.
Uma vez, ouvi-o lamentar, numa conversa com a minha mãe, a sua condição de analfabeto, pois este facto aprofundava a sua dependência e impotência 'vis a vis' dos seus patrões que vinham executar balanços regulares e que, não raras vezes, elogiavam seu desempenho financeiro, sem qualquer contrapartida, certamente, devido aos enormes lucros acumulados, numa zona de fronteira aberta ao tráfico e contrabando de mercadorias e de câmbio de divisas dos dois lados.
Esta constatação não será alheia ao facto de o nosso pai, insistir mais tarde, apesar da adversidade do ambiente reinante, na nossa educação escolar, já em Fajonquito, para onde o meu pai foi transferido, precisamente para trabalhar numa loja ainda mais importante, em jeito de prenda pela sua dedicação, mas também porque o acesso à localidade de Cambaju estava cada vez mais perigosa devido aos ataques e minas colocadas pelos guerrilheiros na estrada que ligava Fajonquito a Cambajú.
Cherno Abdulai Baldé, Chico
Natural de Fajonquito,
Sector de Contuboel, Região de Bafatá
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Nota de L.G.:
(*) Vd. postes anteriores:
19 de Junho de 2009 >Guiné 63/74 - P4553: Memórias do Chico, menino e moço (Cherno Baldé) (1): A primeira visão, aterradora, de um helicanhão
18 de Junho de 2009 >Guiné 63/74 - P4550: Tabanca Grande (153): Cherno Baldé (n. 1960), rafeiro de Fajonquito, hoje engenheiro em Bissau...
terça-feira, 23 de junho de 2009
Guiné 63/74 - P4566: IV Encontro Nacional do Nosso Blogue (10): Obrigado, camarigos!... Obrigado, António Bonito! (Joaquim Mexia Alves)
Quinta do Paul, Ortigosa, Monte Real, Leiria > IV Encontro Nacional do nosso blogue > 20 de Junho de 2009 > (*) O grito do ranger... No grupo, reconheço, da esquerda para a direita, o Luís Raínha, o Casimiro Carvalho, o J. Mexia Alves, o José Pedro Neves, o António Pimentel (de que só se vê a cabeça, entre o Mexia Alves e o Pedro Neves), o Santos Oliveira (de boina), o Benjamim Durães e o Eduardo Magalhães Ribeiro. Cada um da sua época e sítio: o mais antigo é o Santos Oliveira, e o mais pira dos piras, o Eduardo, o nosso pira de Mansoa (embarcou para a Guiné já depois do 25 de Abril de 1974)...
Vídeo (12''), fotos e legendas: © Luís Graça (2009). Direitos reservados
Quinta do Paul, Ortigosa, Monte Real, Leiria > IV Encontro Nacional do nosso blogue > 20 de Junho de 2009 > O homem da massa, graveto, grana, carcanhol, guita, patacão, milho, maçaroca, cheta, caroço, arame, arjã, cacau, pastel, vil metal, tusto, cobres, prata, lecas, nota preta, papel, aquilo-com-que-compram-os-melões (como é rica, ao menos, a língua da gente!)... Na hora da dolorosa, passaram-lhe pelas mãos, dele Joaquim e dos seus ajudantes, cerca de 4 mil aéreos... Não faltou um cêntimo...
O Nelson Domingues (Monte Real / Leiria), membro da nossa Tabanca Grande e hoje advogado estagiário, fez questão de se inscrever no nosso IV Encontro Nacional, homenagenando mais uma vez a memória do seu tio, Manuel Sobreiro, Alf Mil de Minas e Armadilhas, CART 1612 (1967/69), morto numa acidente com um granada defensiva, em Mampatá, em Fevereiro de 1968... Ele é um exemplo extraordinário de dedicação a uma causa, a da preservação da memória do seu tio, o Sobreirito, natural de Leiria.
O Joaquim Mexia Alves, recebendo o patacão de um Homem Grande, António J. Pereira da Costa, que mais uma vez veio ao nosso encontro, com a sua amável esposa, Isabel (esteve na Guiné, entre 1972/74, e nomeadamente em Mansoa: também já a desafiei a escrever sobre esse tempo e lugar...).
O meu querido amigo e camarada da CCAÇ 12 (Contuboel e Bambadinca, 1969/71), o ex-Fur Mil Trms, José Fernando Almeida que veio com a sua Suzel (vivem em Óbidos e vão organizar para o ano o convívio da malta de Bambadinca 1968/71, CCS/BCAÇ 2852, CCAÇ 12 e outras subunidades).
O ex-Fur Mil António Sousa Bonito, do Pel Caç N 52, que esteve no Mato Cão, com o Joaquim Mexia Alves...(Aqui à conversa com o Jaime Machado, ex-Alf Mil Cav do Pel Rec Daimler 2046, Bambadinca, 1968/70, que o J. L. Vacas de Carvalho foi substituir...
O Bonito pertenceu originalmente à CART 3494/BART 3873, Xime e Mansambo (1971/74), companhia a que pertenceu ao nosso tertuliano nº 2, o Sousa de Castro, que infelizmente não pôde vir este ano ao nosso Encontro... O Bonito, que vive em Montemor-O-Velho, veio de propósito fazer uma surpresa ao Joaquim... Também falei com ele sobre a CCAÇ 12 do seu tempo... Gostaria de o convidar para ingressar no nosso blogue.
O sempre bem disposto J. Casimiro Carvalho, ex-Pirata de Guileje (CCAV 88350, 1972/74), com outro ranger de Lamego, o nosso Joaquim...
1. Mensagem do Joaquim Mexias, elemento da Comissão Organizadora do Nosso IV Encontro Nacional:
Meus caros camarigos
Já agradeci via mail, ao Carlos Vinhal, ao Miguel Pessoa e ao Luís Graça, a festa linda que tivemos no Sábado dia 20.
Dizia-lhes eu que recebi alguns elogios, mas que todos lhes eram devidos.
Vós, meus camarigos, não fazem ideia do trabalho que o Carlos Vinhal teve na organização e acerto das inscrições, dos nomes das dormidas! Quantos telefonemas e mails a marcar e desmarcar, a dar nomes só com nome próprio e por aí fora!
Vós não sabeis também da dedicação e trabalho do Miguel Pessoa, em não querer que nem um só ficasse sem cartão de identificação e preocupando-se se os nomes dos camarigos, mas também das camarigas, estavam certos!
E ainda foi fazer mais uns cartões para colocar nas portas da Pensão de modo a que cada um “não se enganasse” no seu quarto!
Vós não sabeis que o Luís Graça andou nestes últimos dias por esse Portugal fora, mas sempre deixando uma mensagem, uma lembrança, uma palavra, um estímulo, um elogio!
Sempre com uma calma impressionante, uma sensatez cativante, um apoio permanente!
Por isso lhes enviei a minha mensagem de agradecimento, mas quero, (se eles me permitirem), deixá-la aqui publicamente.
E a vós todos camarigos que responderam á chamada, com o vosso empenho, com a vossa boa vontade em achar tudo muito bem, com as vossas histórias, fazendo história, o meu obrigado também!
E às vossas camarigas, que arrostaram com o sol, que arrostaram com as histórias intermináveis e tantas vezes repetidas, mas que emprestaram a graça e a beleza ao nosso almoço, o meu agradecimento profundo!
E a vós também camarigos, que ficaram por lá, porque não puderam vir certamente, com grande pena vossa e nossa também, o meu obrigado porque estivestes connosco no pensamento, no coração, nas histórias contadas!
Pois é, estes encontros, têm muito de tudo, e sobretudo têm muito de emoção.
O Carlos Vinhal pregou-me uma surpresa como poucas vezes tenho tido! Escondeu-me sempre, colocando apenas parte do nome, a presença no almoço do meu Furriel António Bonito! Ia-me matando do coração!!!
Disse-o então e digo-o agora: Se alguma sanidade mental conseguia manter, devo-o à presença do Bonito, e à sua companhia no Mato Cão!
Não preciso de estar com ele muitas vezes, nem ele comigo, para ambos sabermos que em cada uma das nossas vidas há um quarto, há um espaço, que tem o nome de ambos gravado.
A guerra tem destas coisas, constrói amizades, que vão para além do tempo, do espaço, do encontro.
Obrigado Carlos Vinhal, obrigado António Bonito!
Como a Tabanca não deve ter outra fotografia do Fur Bonito aqui deixo esta no Mato Cão, ao fim da tarde, quando o sol se punha e a melancolia atacava... (Foto à esquerda, do JMA).
Já sei que devem estar a dizer ao lerem isto:
- E o gajo, que não lhe desse para o sentimento!!!
Abraço camarigo do tamanho do sentimento que nutrimos uns pelos outros, por Portugal e pela Guiné.
Joaquim Mexia Alves
__________
Nota de L.G.:
(*) Vd. último poste da série > 23 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4565: IV Encontro Nacional do Nosso Blogue (9): Em busca de letras de fado, perdidas no restaurante da Quinta do Paúl (José Brás)
Guiné 63/74 - P4565: IV Encontro Nacional do Nosso Blogue (9): Em busca de letras de fado, perdidas no restaurante da Quinta do Paúl (José Brás)
Tive muito gosto em reencontrar o José Rocha, ex-Alf Mil, CART 2410, Os Dráculas (unidade que esteve em Guileje, entre Junho de 1969 e Março de 1970). Conheci-o no Simpósio Internacional de Guiledje (Bissau, 1-7 de Março de 2008). É um homem do norte (Penafiel, creio eu). Presumo que se tenha inscrito no nosso IV Encontro à última hora, uma vez que não tinha visto o seu nome na lista dos participantes.
O Vasco da Gama (que veio da Figueira da Foz, que tem estado adoentado, e que perdeu entretanto ums bons 14 quilinhos) em amena conversa com o José Brás, autor da nova série Vindimas e Vindimados. Recorde-se que o José Brás, ex-Fur Mil da CCAÇ 1622, Aldeia Formosa e Mejo, 1966/68, é autor de um premiado romance, de 1986, Vindimas no Capim (Lisboa, Europa-América). Pertenceu aos quadros da TAP, tal como outros camaradas nossos (por exemplo, Mário Fitas e Alberto Branquinho, dois outros escritores (autores com livros publicados...) que honram a nossa Tabanca Grande, a par do Beja Santos, do António Graça de Abreu, o Abel Rei, o Manuel Traquina, o Jorge Cabral, o Rui Ferreira, o Coutinho e Lima, o Manuel Basto, etc. - cito de cor, estou de certo a omitir alguém).
Fotos (e legendas): © Luís Graça (2009). Direitos reservados
1. Mensagem de ontem enviada pelo correio interno da nossa Tabanca Grande, pelo Carlos Vinhal:
Caros Camaradas e amigos que estiveram no IV Encontro (*)
Atentem por favor ao mail do nosso camarada José Brás e, se alguém tiver em sua posse os textos referidos, por favor façam-nos chegar a ele, pois são importantes.
Agradecemos a pois a vossa atenção.
Um abraço
Carlos Vinhal
2. Apelo, do José Brás
Carlos:
Anteontem em Ortigosa ofereci ao Vasco da Gama um grupo de textos em A4 sob o título genérico “Fado Contraditado”.
Ontem ele informou-me que haviam desaparecido no restaurante, julgando ele que alguém os terá guardado.
Desses 10 textos, 2 farão parte do próximo disco do Carlos do Carmo e outros (não todos) ficarão com uma fadista jovem.
Naturalmente que não tem qualquer problema o desaparecimento e, se foi alguém que gostou, até é bom. Eu mesmo terei muito gosto em oferecer exemplares a quem os pedir. Necessito é de ter a certeza de que não serão mal utilizados uma vez que envolvem terceiros por quem tenho enorme estima.
A esperança é que alguém diga que os tem e que, portanto, estão em boas mãos. Por isso te peço a gentileza de fazer sair isto, dentro das disponibilidades, o mais rápido possível.
Um abraço
José Brás
Nota de L.G.:
(*) Vd. último poste desta série > 23 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4564: IV Encontro Nacional do Nosso Blogue (8): Gente de Norte a Sul (Luís Graça)
Guiné 63/74 - P4564: IV Encontro Nacional do Nosso Blogue (8): Gente de Norte a Sul (Luís Graça)
O António Baptista (o eterno morto-vivo do Quirafo) veio de Matosinhos... O Valentim Oliveira e a sua linda neta, de 16 anos, vieram de Viseu...( O Valentim estava felicíssimo, agora que recuperou do seu problema de saúde).
O Jorge Picado (Ílhavo) e o Idálio Reis (Cantanhede)... Dois engenheiros agrónomos, de profissão...
O Amadu Djaló (Lisboa), o Coutinho e Lima (Lisboa), o Virgínio Briote (Lisboa) e, de costas, o António Carvalho (que veio de Gondomar, com a sua Maria de Fátima.
O Álvaro Basto (Leça do Balio / Matosinhos) que veio de férias, do Algarve com a sua Fernanda, aqui à conversa com o Artur Soares (Figueira da Foz)... Ambos pertenceram à mesma companhia (CART 3492, Xitole, 1972/74)... O Álvaro é, além disso, o régulo da Tabanca de Matosinhos e, nas horas vagas, toca viola.
O Fernando Gouveia (ex-arquitecto na Câmara Municipal do Porto) e a esposa, Regina (Porto)... Desafiei a Regina, que viveu em Bafatá (1968/70) a escrever, para o nosso blogue, histórias desse tempo... O Fernando foi Alf Mil Pel Rec Inf, em Bafatá (1968/70).
O João Seabra (advogado em Lisboa, ex-Pirata de Guileje, 1972/74) em briefing com o tenente general na reserva António Martins de Matos (Lisboa)... (Se não erro, o António é algarvio, e esteve na mesma altura, na Guiné, Bisslanca, BA 12, 1972/74; prometeu voltar para o ano).
Dois homens do mesmo curso da Academia Militar, o Miguel Pessoa (Lisboa) e o Pereira da Costa (Mem Martins / Sintra)... Um foi para a Força Aérea, outro foi para o Exército... O Perereira da Costa, amigo do meu amigo Tony Levezinho, tem-se interessado pelo caso do nosso António Baptista, cujo processo de pensionista está encalhado agora no Ministério das Finanças, ao que me diz o Álvaro Basto, "pai e mãe do Baptista" (sic).
O António Dâmaso, o único representante, no nosso convívio, do prestigiado Batalhão de Caçadores Pára-quedistas, BCP 12... É um alentejano de Odemira... Infelizmente, mal tive tempo de falar com ele... Aproveito para o convidar a aderir, formalmente, ao nosso blogue, com o envio de uma foto de antigamente + 1 história, como mandam as regras...
Fotos (e legendas): © Luís Graça (2009). Direitos reservados
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Nota de L.G.:
(*) Vd. último poste da série > 22 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4562: IV Encontro Nacional do Nosso Blogue (7): Tocámos certinho e dobrámos o Bojador...(David Guimarães)
segunda-feira, 22 de junho de 2009
Guiné 63/74 – P4563: Agenda Cultural (19): 2º Ciclo de Conferências “Memórias Literárias da Guerra Colonial”, 25 Junho (Amílcar Morais, António Brito)
Guiné 63/74 - P4562: IV Encontro Nacional do Nosso Blogue (7): Tocámos certinho e dobrámos o Bojador...(David Guimarães)
Quinta do Paul, Ortigosa, Monte Real, Leiria > IV Encontro Nacional do nosso blogue > 20 de Junho de 2009 > Na hora da partida: o David Guimarães e a esposa, a Lígia (Espinho), o António Pimentel (Porto) e o Hernâni Acácio Figueiredo (Ovar) ...
Fotos: © Luís Graça (2009). Direitos reservados.
Imagem do Saara Ocidental, a caminho da Guiné-Bissau, depois de passar o Cabo Bojador e o Trópico de Câncer... (*)
Foto: © José Manuel Lopes (2009). Direitos reservados.
1. Mensagem do membro nº 3 da nossa Tabanca Grande, David Guimarães, tão antigo como o Luís Graça, o Sousa de Castro, o A. Marques Lopes...
Mais um sinal forte vindo da nossa Tabanca – a unidade na amizade e a quadra que eu lia bem e ouvia bem (mas era diferente) … Ler estava errado, ouvir estava.
Quando as coisas correm bem como que se diz – que bom, e basta, e vamos partir para outra…
É evidente que me quero hoje referir ao último Sábado onde a festa foi maior ainda – efectivamente a Tabanca está cada vez mais cheia e sempre bonita e de porta aberta – que para o ano aquele espaço que se abriu onde mais convivemos com as rações de reserva (Tipo L – L de luxo) seja ocupado por mais tertulianos e acredito mesmo que vai ser...
Foi um dia, como se costuma dizer, em cheio em que, terminada a operação, cada combatente chegou a casa feliz com a missão cumprida – parabéns à Organização que como sempre esteve impecável…
Quer dizer o ex-Furriel tal tal tal que sou eu – estou feliz por Sábado e a todos por aqui quero mandar aquele abraço, um abraço.
E agora…
Bem coube-me a mim a sorte, e ao Álvaro Basto, de ter a honra de acompanhar o fado Guiné – o Fado que é nosso já e que o Mexia Alves fez o favor de o escrever, e bem, a nosso contento. E, se melhor o escreveu, melhor o diz a cantar, ao ritmo do fado Primavera, claro – é o fado da Tabanca…
E agora: quando lá atrás estávamos a ensaiar, a escolher tons, fazer transposições, a acertar com a voz… aí mesmo eu ouvia o que não está aqui escrito no fado nem deveria estar…
Dobrado o Equador,
Ficou para trás o amor
Que então em ti vivia.
Aqui está escrito uma coisa que não foi escrita pelo Mexia Alves e que urge corrigir – e eu lá nos pormenores… É que nenhum de nós para a Guiné teve de fazer esse percurso – o Equador ficava bem mais abaixo, não muito mas um pedaço mesmo – e lendo dá a impressão que o Mexia foi dar essa volta toda – quando ele diz e muito bem e que além de certo é bem diferente claro.
Dobrado o Bojador,
E assim é que fica o Fado Guiné tal qual o autor o fez – é que do Bojador ao Equador vai então mais um pedaço que da Guiné lá mesmo também… E o que tenho receio é que alguém se acredite que passámos mesmo o Equador.
Vamos lá emendar a letrinha que o Mexia escreveu bem e cantou sempre bem, e quem o transcreve continua a passar mal o dito verso Dobrado o Equador que deve ser Dobrado o Bojador.
Desta vez estive mesmo atento – é que por norma quando tocamos queremos saber o tom e a música e estar com atenção ao andamento e aquele momento em que o fadista faz sinal que vai acabar….
E desculpem qualquer coisinha mas duas violas afinadas, uma em si e outra em lá (Álvaro Basto e eu) a acompanhar o Mexia que se tentava fazer ouvir e o coral das vozes à mistura – até esteve tudo muito certinho e acabou certo…
E quando é o Quinto Encontro?
Um abraço
David Guimarães
2. Comentário de L.G.:
Meu caro David:
Também dei conta do erro (de palmatória), mas não o corrigi logo... Não há dúvida que o J. Mexia Alves diz taxativamente BOJADOR, mas na letra do Fado da Guiné consta, de facto erradamente, o termo EQUADOR...
É um erro grosseiro, sistemático, resultante destas facilidades do Copy & Paste... Obrigado por estares atento, obrigado pela tua prestação musical (tua e do Álvaro), obrigado pelos teus comentários, obrigado pelo teu optimismo...
Perguntas-me pelo V Encontro... Ainda não fizemos o balanço do IV, mas posso dar-te a minha opinião: o mês de Abril é provavelmente o mais indicado para a realização do nosso evento... A partir de Maio, há inúmeros convívios do pessoal de unidades que passaram pela Guiné... De qualquer modo, ainda é cedo para tomar uma decisão... Vamos consultar a Tabanca Grande. Espero que para o ano tenhamos já a dimensão de um batalhão (500/600)...e possamos atingir a cifra dos dois milhões de páginas visitadas... Megalomania ? Não, estamos só a criar resiliência contra a crise...
Até lá, muita saúde e longa vida, mesmo se Deus não nos dá tudo...LG
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Notas de L.G.:
(*) Vd. postes de:
15 de Março de 2009 > Guiné 63/74 - P4033: De regresso a Mampatá (Zé Manel Lopes) (1): Da Tabanca de Matosinhos ao Cabo Bojador
15 de Março de 2009 > Guiné 63/74 - P4034: De regresso a Mampatá (Zé Manel Lopes) (2): Do Trópico de Câncer à Mauritânia
(...) Continuação da publicação do diário de bordo do nosso camarada e amigo José Manuel Lopes, ex- Fur Mil, CART 6250, > CART 6250 , Os Unidos de Mampatá (Mampatá 1972/74)
(...) 23 de Fevereiro de 2009, domingo:
Partida pela manhã, após visita ao Cabo Bojador, pois quem o quiser passar terá de o fazer para além da dor. Não foi o caso e a viagem prosseguia com agrado de todos. E lá seguimos numa estrada paralela ao Atlântico, do outro lado o deserto, aqui e ali com muitos camelos. Uma vegetação muito pobre, que comem as cabras e bois que vimos pelo caminho? Um aspecto muito negativo, a quantidade de lixo que se encontra nas bermas da estrada.Passamos Dakla e em seguida cruzamos o Trópico de Câncer, justamente quando passavamos ao lado de Elargoub. Por aí o almoço, atum, enchidos e queijo. (...)
O Cabo Bojador, no Saara Ocidental, foi dobrado, pela primeira vez, pelo navegador português, em 1434, e por um grupo de 15 valentes marinheiros portugueses que assim desfizeram o mito do Cabo Não ou do Medo.
A Guiné-Bissau fica no hemisfério norte, portanto a norte da linha do equador...
(**) Vd. último poste de 22 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4560: IV Encontro Nacional do Nosso Blogue (6): De São Miguel, Açores, com emoção e amizade (Tomás Carneiro, CCAÇ 4745, 1973/74)