1. Mensagem do nosso camarada José Martins (ex-Fur Mil Trms da CCAÇ 5, Gatos Pretos, Canjadude, 1968/70), com data de 19 de Abril de 2013:
Caríssimos amigos
Em anexo podem encontrar um trabalho sobre quem dirigiu os destinos da Guiné.
Inicialmente eram os Governadores de Cabo Verde e, posteriormente com a separação dos dois territórios, passaram a ser Governadores da Guiné.
O trabalho tem, em estilo de introito, uma passagem da carta de Gomos Eanes de Azurara. Depois um resumo sobre o descobrimento da Guiné e de Cabo Verde, seguida da lista dos governadores, resultante do cruzamento de várias fontes que, apesar de abreviada, tenta narrar factos ocorridos na governação de cada um deles.
Sempre que algum facto alterasse a forma de governação, é introduzido um texto sobre esse facto,datando e especificando o que se pretendia com esse facto, terminando com o Acordo de Argel, documento que estabelece o fim da dominação portuguesa naquelas paragens.
Quanto a imagens, seria o ideal colocar a gravura ou foto de cada uma das personalidades referidas, mas a tal não nos abalançamos.
Juntamos um outro anexo, em que são reproduzidas gravuras de mapas de diversas épocas, dando assim liberdade ao editor, não só de dividir o texto de forma a adapta-lo ao blogue, assim como introduzir, não só gravuras que agora enviamos, mas também a utilizar outras que ache mais oportuno para ilustrar o texto.
Como sempre, a opção de publicação, pertence aos editores.
Um abraço
Zé Martins
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"Mas, Senhor. Depois que o tive, conheci que errara em me entremeter no que bem não sabia, porque a fracos membros ligeira carga parece grande. Porém, senhor, esforçando-me com aquela vontade que aos bons servidores as coisas graves faz parecer ligeiras e boas de acabar, trabalhei-me de lhe dar fim o melhor que pude – ainda que eu vos confesso que em não o fazer não pus tamanha diligência como devera, por outras ocupações que, no prosseguimento da obra, se me recrescerem."
Extracto da “Carta [escrita em Lisboa em 23 de Fevereiro de 1453] que Gomes Eanes de Azurara, Comendador da Ordem de Cristo, escreveu ao Senhor Rei, quando lhe enviou este livro.”
In “Crónica dos Feitos da Guiné”
Mapa antigo da Guiné e Bijagós
© Capa do livro “História da Guiné” de João Barreto
QUEM DIRIGIU OS DESTINOS DA GUINÉ
A DESCOBERTA DA GUINÉ E DE CABO VERDE
Acerca da descoberta da Guiné, dos textos consultados, apesar das datas se reportarem ao ano de 1446, encontramos duas personalidades a quem pode ser atribuída a sua descoberta:
• Álvaro [ou António] Fernandes, era sobrinho de João Gonçalves Zarco. Na expedição que partiu, sob o comando de Zarco para a África Ocidental em 1445, Fernandes teve o comando de uma caravela, tendo chegado, pelo menos, ao rio Senegal. Voltou aquelas paragens, no ano de 1446, chegando às vizinhanças de Conacri. Em 1461, perto da Serra Leoa, teve um ferimento, causado por uma seta envenenada, obrigando-o a regressar a Portugal.
• Nuno Tristão, Cavaleiro da Casa do Infante, em cuja Câmara foi criado desde menino, foi, nas palavras de Gomes Eanes de Azurara,
“o primeiro fidalgo que viu terra de negros”. Chegou a cerca de 320 Kms do cabo Verde, ao rio do Ouro, onde foi morto pelos gentios, tendo esse rio passado a chamar-se Rio do Tristão.
Sobre a descoberta do arquipélago de Cabo Verde, existem várias versões mas, dado tratar-se de um arquipélago, poderá haver alguma base que as sustente. No entanto qualquer das versões regista que, as ilhas, se encontravam desabitadas:
• Uma das fontes aponta para que a descoberta das ilhas tivessem começado em 1445, entre 1 e 3 de Maio, pelas ilhas de Boa Vista, Sal, Santiago e Fogo. A mesma fonte refere que, não é de desprezar a hipótese o ano de 1460, apontando a data de 1 de Maio desse ano, com a descoberta das ilhas de Maio, Santiago e Fogo, começando o seu povoamento em 1462, com casais de gentios trazidos da Guiné. Não indica quem fez a descoberta.
• Outra fonte indica que Diogo Gomes, que foi moço na Câmara do Infante D. Henrique, no ano de 1456, navegava pela costa da Guiné na busca de informações sobre o negócio do ouro, poderá no regresso ter encontrado uma ou mais ilhas do arquipélago, reclamando o feito para si e para António da Noli, não indicando as ilhas encontradas,
• Também António da Noli, provavelmente originário da cidade italiana de Noli, com treino em náutica, adquirido na Republica de Génova e exilado em Portugal, teria sido contratado como Capitão pelo Infante D. Henrique para trabalhos de exploração na costa africana. Terá descoberto algumas ilhas do arquipélago, durante essas viagens exploratórias, que estão referidas em cartas de doação datadas de 3 de Dezembro de 1460 e outra de 19 de Setembro de 1462. Foi Capitão Donatário entre 1460 e 1496 na Vila de Ribeira Grande, na Ilha de Santiago. Há fontes que referem António da Noli como António Usodimare.
• Outra fonte refere que Alvise Cadamosto, também mencionado como Alvide de Cá da Mosto ou Luís Cadamosto, acompanhado por Usodimare (António da Noli) voltou à costa de África, com a intenção de explorar a região do rio da Gâmbia. Refere a fonte consultada que Cadamosto, que capitaneava a expedição terá sido o primeiro europeu a entrar em contacto com aquelas ilhas, assim como os nomes das ilhas de Boavista e Santiago, foram por si atribuídos. Dali dirigiu-se para a costa africana, atingindo a foz do Rio Grande e o arquipélago dos Bijagós. Subiu o Rio Gâmbia para explorar o seu curso, mas dada a hostilidade do gentio, teve que retirar.
Com o início do povoamento do arquipélago de Cabo Verde, a jurisdição sobre a Guiné, passou a pertencer ao Capitão Donatário que, assim, inicia uma série de novos governadores, de nomeação régia, passando a parte continental a ser conhecida como Guiné de Cabo Verde, na dependência do governador de Cabo Verde.
Inicio dos descobrimentos em África
© Atlas Histórico, edição em fascículos do Diário de Noticias
GOVERNADORES DE CABO VERDE
Capitães donatários
ANTÓNIO DA NOLA – Genovês, também conhecido como António Usodimare, foi um dos capitães que avistou a ilha de Santiago. Não é conhecida a data da carta de doação da capitania, que terá ocorrido por volta de 1460.
JORGE CORRÊA (DE SOUSA) – Era casado com D. Branca Aguiar, herdeira da capitania, filha de António da Nola. Nomeado por carta Régia de 8 de Abril de 1497.
BELCHIOR CORRÊA DE SOUSA – Filho do antecessor e casado com D. Isabel Botelho, não deixando descendência.
AFONSO DE ALBUQUERQUE – De 1526 a 1533, por transferência dos direitos do donatário, com assentimento real, em 27 de Outubro de 1526.
BELCHIOR CORRÊA DE SOUSA – De 1533 a 1536, readquirindo os seus antigos direitos em 22 de Dezembro de 1533. Falecendo sem filhos varões, a capitania passou para o irmão.
JOÃO CORRÊA DE SOUSA – Irmão do antecessor, filho segundo de D. Branca Aguiar, por carta de 16 de Agosto de 1536.
JORGE CORRÊA DE SOUSA – filho de João Corrêa, faleceu em 3 de Janeiro de 1564 sem deixar filhos varões, pelo que se extinguiu o privilégio da capitania.
Ouvidores gerais, acumulando as funções de capitão-mor
JORGE PIMENTEL - Foi nomeado em 20 de Março de 1550 por D, João III, ainda em vida do último donatário: Foi suspenso após um inquérito.
Dr. MANUEL DE ANDRADE – Era desembargador da Casa de Suplicação (Supremo Tribunal do Reino Português, até ao fim do século XVI), foi nomeado, em 15 de Novembro de 1555, corregedor, inspector e substituto de Jorge Pimentel. Tinha direito a uma guarda pessoal de 12 elementos, com vencimento de 15$000 reis, cada.
LUIS MARTINS DE EVANGELHO – Foi nomeado corregedor (magistrado administrativo e judicial) em 27 de Fevereiro de 1558, exercendo cumulativamente o cargo de capitão-mor, devido à suspensão do donatário Jorge Corrêa de Sousa.
BERNARDO DE ALPOIM – Licenciado em leis, foi nomeado corregedor em 17 de Julho de 1562.
Dr. MANUEL DE ANDRADE – Novamente nomeado em 1565.
ANTÓNIO VELHO TINOCO – Nomeado corregedor em 14 de Outubro de 1569, cumulativamente com o cargo de capitão-mor.
GASPAR DE ANDRADE – Nomeado corregedor e capitão em 30 de Janeiro de 1578.
DIOGO DIAS MAGRO - Nomeado em 13 de Março de 1583.
Mapa da Guiné, já rectificado depois da delimitação das fronteiras
© Gravura do livro “História da Guiné” de João Barreto.
CAPITÃES-MORES E GOVERNADORES
Autonomia dos serviços de administração geral e militar e a sua entrega a governadores de nomeação régia. Separação dos serviços judiciais.
DUARTE LOBO DA GAMA – Fidalgo da Casa Real, é nomeado em 7 de Agosto de 1587 capitão geral de todas as ilhas, podendo acumular todos os cargos de justiça e de finanças que estivessem vagos, com um ordenado de 300$000 reis.
BRAZ SOARES DE MELO – Nomeado em 25 de Março de 1591 capitão geral, mantendo o vencimento de 300$00 reis. Tomou posse na Câmara de Ribeira Grande.
AMADOR GOMES RAPOSO - Sendo corregedor na ilha de Santiago, acumulou com o cargo de capitão geral, em 1595 com a retirado de Braz Soares de Melo.
FRANCISCO LOBO DA GAMA – Foi nomeado por carta de 15 de Maio de 1596. As atribuições, do capitão geral, foram alargadas por carta régia de 7 de Maio de 1596, sendo-lhe facultado prover os cargos vagos.
FERNANDO MESQUITA DE BRITO – Com o título de capitão governador, foi nomeado em 1 de Agosto de 1600, com o ordenado de 600$000 reis, mas só chegou à ilha de Santiago em 1603.
FRANCISCO CORRÊA DA SILVA - Nomeado em 4 de Abril de 1604, tomou posse em 12 de Janeiro de 1606.
FRANCISCO MARTINS SEQUEIRA – Só tomou posse em 1611, apesar de ter sido nomeado em 10 de Janeiro de 1609. Teve diversos conflitos com o ouvidor e a câmara de Ribeira Grande. Em 1612 foi interdito aos governadores coloniais levarem os seus filhos para as colónias para que foram nomeados.
NICOLAU DE CASTILHO – Foi nomeado em 6 de Outubro de 1613 mas só veio a tomar posse em Junho do ano de 1614. Assim como o seu antecessor, foi acusado de monopolizar o comércio da Guiné, com prejuízo para os moradores do arquipélago.
D. FRANCISCO DE MOURA – Nomeado por carta de 20 de Fevereiro de 1618, tendo sido considerado um dos governadores mais honestos e patriotas que serviram a colónia.
D. FRANCISCO ROLLIM – Foi nomeado a 22 de Janeiro de 1621, tomando posse a 3 de Abril do ano seguinte, mas por cerca de cinco meses, já que faleceu e 12 de Setembro de 1622.
Frei MANUEL AFONSO DE GUERRA – Sendo Bispo de Santiago, foi eleito pela Câmara para assumir o governo interinamente. Faleceu em 8 de Março de 1624, pelo que o governo esteve entregue à Câmara de Ribeira Grande durante 32 dias.
FRANCISCO VASCONCELOS DA CUNHA – Foi nomeado, com honras de conselheiro, a 3 de Junho de 1623, tendo tomado posse a 10 de Abril do ano de 1624.
JOÃO PEREIRA CORTE-REAL – Almirante, foi nomeado em 3 de Outubro de 1626, mas só tomou posse em 1628. Foi o primeiro governador a sair do arquipélago, tendo ida à Guiné e Serra Leoa, aprisionando navios que comerciavam irregularmente, Também expulsou os holandeses que se haviam instalado na ilha de Bezeguiche na Gorêa desde 1617.
Frei CRISTOVÃO DE CABRAL – Tomou posse em 1632, mas tinha sido nomeado em 19 de Novembro de 1630. Para tentar firmar a soberania portuguesa na Costa da Guiné, mandou construir um forte na embocadura do rio de Gâmbia.
JORGE DE CASTILHO – Foi nomeado em 5 de Janeiro de 1635, tomando posse no ano seguinte.
JERÓNOMO DE CAVALCANTE E ALBUQUERQUE – Nomeado em 24 de Abril de 1638 governador e capitão-mor, toma posse no ano seguinte.
JOÃO SERRÃO DA CUNHA – Como recompensa de empréstimos efectuados à família real de Castela, ainda estávamos sob domínio dos Filipes, foi nomeado por carta de 5 de Junho de 1640, vindo a falecer em 1645. Porém, por comércio abusivo de escravos e prática de arbitrariedades, foi substituído em Julho de 1644 por Rodrigo Miranda Henriques, que renunciou e, posteriormente por António de Sousa Meneses, que não tomou posse.
Representação da Costa da Guiné.
© Gravura do livro “As Viagens do Bispo D. Frei Vitoriano Portuense” de Avelino Teixeira da Mota.
CAPITANIA-MOR DE CACHEU
Foi só após a restauração da independência de Portugal, face aos Espanhóis da Dinastia Filipina ou de Habsburgo, que foi criada a Capitania-mor de Cacheu. Foi nomeado, em 16 de Julho de 1641 o seu primeiro capitão-mor, Gonçalo de Gamboa Ayalla, a que se seguiram mais quarenta e duas nomeações, até que Honório Pereira Barreto, tendo estudado no reino, que foi nomeado em 1852, sendo o último capitão-mor desta praça.
Bispo Frei LOURENÇO GARRO – Eleito interinamente pela Câmara de Ribeira Grande. Em Abril de 1646 foi nomeado Gonçalo Barros da Silva e autorizado a levar 80 soldados para Cabo Verde, mas exigiu 400 que, não sendo aceite, renunciou ao cargo e foi alistar-se no exército espanhol. O Bispo, eleito interinamente, veio a falecer em 1 de Novembro de 1646, pelo que o governo foi entregue, provisoriamente, à Câmara e, mais tarde a Jorge de Araújo, que governou até 1648.
GONÇALO DE GAMBÔA AYALA – Depois de antigo capitão-mor do Cacheu, foi nomeado para Cabo Verde em 12 de Junho de 1649, vindo a tomar posse a 29 de Junho de 1650, não chegando a governar quatro meses, já que faleceu em 9 de Outubro desse mesmo ano.
PEDRO SEMEDO CARDOSO – Natural do arquipélago e desfrutando de grande prestigio local, foi nomeado governador interino em 15 de Outubro de 1650.
JORGE DE MESQUITA CASTELO BRANCO – Nomeado em 26 de Agosto de 1651, tomou posse a 24 de Dezembro desse ano. A 10 de Dezembro de 1651, antes da tomada de posse, foi regulamentada a administração da província, fixando as atribuições das diversas entidades oficiais. Porém, todos os esforços do governo do rei D. João IV para acudir a situação anormal de Cabo Verde, saiu frustrada, levando a que o governador não terminasse o mandato de três anos, tendo sido substituído. A 6 de Fevereiro de 1651 foi determinado que, alternadamente e por períodos de seis meses, o governador e o bispo fossem residir para a vila da Praia, com o objectivo de desenvolver aquela vila.
PEDRO FERRAZ BARRETO – Nomeado por carta de 18 de Outubro de 1652, toma posse no dia 21 de Abril seguinte. Tal como o seu antecessor, foi acusado de monopolizar o comércio e exercer represálias sobre os particulares e sobre as entidades oficiais. Foi enviado para proceder a uma sindicância, ao governador, o Dr. António Pereira da Silva, que concluiu pela confirmação das acusações, que não obstou a ter ficado no cargo até 1658.
FRANCISCO FIGUEIRÔA – Foi nomeado em 1 de Abril de 1656 mas, como tinha interesses em Pernambuco, deixou-se ficar por lá, vindo a tomar posse só em 31 de Julho de 1658. Com a sua governação arranjou vários conflitos, em especial com a Câmara, que o acusou de desonesto e de ter acumulado uma fortuna em pouco tempo, lembrando que quando o governador chegou a Santiago apenas trazia uma trouxa de roupa.
ANTÓNIO GALVÃO – Foi nomeado em 29 de Dezembro de 1661, mas só tomou posse em 16 de Maio de 1663, com o vencimento de 600$00 reis. Foi no seu período de governação que o papel selado foi introduzido em Cabo Verde e na Guiné.
[O papel selado foi instituído no reinado de D. Afonso VI em 1660 e abolido em 1668. Reintroduzido em 1797 durou até 1804. Regressou em 1797 e foi abolido definitivamente em 1986.]
MANUEL DA COSTA PESSOA – Conselheiro e Fidalgo da Casa Real, foi nomeado em 1 de Fevereiro de 1667, tendo tomado posse em 21 de Maio seguinte.
MANUEL PACHECO DE MELO – Foi nomeado por carta de 10 de Julho de 1670, tomando posse em 15 de Maio de 1671. Durante o período que decorreu entre a nomeação e a tomada de posse, a situação de Cabo Verde era tão precária que, tendo este recebido ordens para pagar, prioritariamente, a côngrua de 1.000$000 reis aos Bispo da Diocese, o governador (que recebia 600$000 reis) assim como os outros funcionários, ficaram sem vencimento naquele ano.
JOÃO CARDOSO PISSARRO – O período de governação resume-se ao ano de 1676. Nomeado a 30 de Abril, toma posse a 30 de Junho e morre a 10 de Agosto. Depois de acesa discussão, entre o Bispo e o Ouvidor, acerca da sucessão, ficou encarregada da governação o Senado da Câmara, sob a presidência do Ouvidor.
MANUEL DA COSTA PESSOA – Conselheiro e Fidalgo da Casa Real, foi nomeado a pedido da Câmara em 15 de Março de 1678, pela segunda vez. Apesar de não ter tomado posse, manteve-se nomeado até 1683, sendo Duarte Teixeira Chaves conduzido no cargo como substituto.
[No primeiro mandato foi nomeado em 1 de Fevereiro de 1667, tendo tomado posse em 21 de Maio seguinte].
INÁCIO DA FRANÇA BARBOSA – Foi nomeado governador por carta de 10 de Outubro de 1682, tomando posse no ano seguinte.
VERISSIMO CARVALHO DA COSTA – Nomeado em 5 de Março de 1686, na sua deslocação fez uma paragem em Cacheu, onde prendeu os chefes da revolta Bebiana Vaz, chegando a Cabo Verde no mês de Maio. Apesar de doente de hemiplegia [doença que paralisia toda uma metade do corpo], fez um trabalho notável, durante dez meses, na organização da defesa de Santiago, sendo, nessa altura, aconselhado pelo cirurgião a regressar ao reino, visto na província não haver nem médico nem medicamentos. Chega a Lisboa em 4 de Março de 1688, tendo ficado a governar, interinamente, o Bispo D. Frei Vitoriano da Costa que, com a conivência do ouvidor deram relevo, em relatório enviado ao rei, puseram em causa a honestidade no cargo, o que levou a que fosse mandado deter por D. Pedro II para apuramento da verdade. A comissão de inquérito, dirigida pelo ouvidor Delgarte da Costa, concluiu que o governador estava inocente.
Bispo D. Frei VITORIANO COSTA – Também conhecido como Frei Vitoriano Portuense, era bispo da Diocese de Cabo Verde, que incluía a Guiné, ficou no cargo interinamente, após a saída do governador, em Fevereiro de 1688. Tendo sido acusado de abuso de autoridade e intromissão nos serviços de justiça, em queixa apresentada pela Câmara de Ribeira Grande e pelo ouvidor Delgarte da Costa ao rei, o Concelho Ultramarino tomou a decisão de nomear, rapidamente, um governador para Cabo Verde.
DIOGO RAMIRES ESQUIVEL – Nomeado por carta de 19 de Janeiro de 1690, toma posse no dia 28 de Fevereiro seguinte. Esta nomeação marca alterações e restrições ao desempenho das funções. O vencimento anual de 600$000 reis, passa para 940$000 reis, acrescido de 260$000 reis, destinados ao pagamento da guarda de honra, constituída por um ajudante e doze soldados. Face às denúncias feitas aos governadores anteriores, na carta de nomeação foi consignada a proibição do exercício do comércio pelos titulares deste cargo. Faleceu em 16 de Setembro de 1690, tendo a governação sido entregue à Câmara, coadjuvada pelo ouvidor.
MANUEL ANTÓNIO PINHEIRO DA CÂMARA - Foi nomeado por carta de 9 de Fevereiro de 1691, e tomou posse no ano seguinte em Maio.
Forte de Bissau em 1864.
© Ilustração do 3º volume da Nova História Militar de Portugal.
CAPITANIA-MOR DE BISSAU
Apesar da Capitania ter sido criada por alvará de 15 de Março de 1692, fica subordinada à capitania de Cacheu, que destacava oficiais para o comando da mesma. Só em 1696 foi nomeado, pelo Governo Central, o seu primeiro capitão-mor, tendo recaído a escolha em José Pinheiro da Câmara. Houve novo capitão-mor, que ocupou o cargo até Outubro de 1707, sendo a capitania extinta em 5 de Dezembro desse ano e a fortaleza demolida.
Em 1753, a 9 de Fevereiro, é iniciada a construção de nova fortaleza, em Bissau que é restabelecida em 16 de Novembro de 1753, sendo nomeado seu Capitão-mor Nicolau Pina de Araújo e guarnecida por cinquenta soldados cabo-verdianos. No ano de 1761 já a fortaleza de Bissau se encontra em ruínas, pelo que a 26 de Dezembro de 1765, por ordem do rei de Portugal D. José I, chegam àquela possessão pessoal, mantimentos e materiais para a construção de uma nova fortaleza, que corresponde à actual Fortaleza da Amura.
ANTÓNIO GOMES MENA – Conselheiro, foi nomeado em 20 de Fevereiro de 1695, tomando posse em 21 de Abril do ano seguinte e morreu em 7 de Junho desse ano. No pouco tempo que esteve no lugar, sentindo-se doente, fez um acordo com a Câmara e com o ouvidor, a fim de tomarem conta da governação, afastando, assim, a possibilidade do regresso do Bispo, D. Frei Vitoriano da Costa, à governação.
D. ANTÓNIO SALGADO - Nomeado em 4 de Novembro de 1697, tomou posse em 13 de Abril de 1698. Dado que havia incompatibilidade entre o cargo e a actividade comercial, o governador solicitou ao rei, sob o pretexto de que a Companhia de Cacheu e Cabo Verde não satisfazia as necessidades da província, que fosse autorizado a negociar directamente com a Guiné. Ainda que o Conselho Ultramarino não se tenha oposto, o rei indeferiu o pedido, o que não impediu que o governador fosse um dos mais criteriosos, pondo cuidado na defesa das ilhas, mau grado dificuldades financeiras. Em 1702, quando terminou o seu mandato e regressou a Lisboa, trazia consigo plantas de anil, que se desenvolvia na ilha de Santiago, o que acabou por resultar no fabrico de tintas em Cabo Verde.
GONÇALO DE LEMOS MASCARENHAS – Nomeado em 12 de Abril de 1702, tomou posse em 25 de Maio. Faleceu em 4 de Dezembro de 1707.
RODRIGO DE OLIVEIRA FONSECA – Antigo Capitão-mor de Bissau, foi nomeado governador-geral em 17 de Maio de 1707, tomando posse em 26 de Outubro desse ano. O alvará de 1612, que vedava ao governador a actividade comercial, particular, durante o mandato, foi revogado em 26 de Novembro de 1708. Na realidade esta alteração apenas torna legal uma actividade que já era desenvolvida. Esta incompatibilidade foi reposta em 18 de Abril de 1720.
JOSÉ PINHEIRO DA CÂMARA – Também antigo capitão-mor de Bissau, foi nomeado conselheiro e governador de Cabo Verde em 12 de Fevereiro de 1710. Até ao segundo ano da sua governação, a vila da Praia e a vila de Ribeira Grande, foram alvo de ataques de uma esquadra francesa sob o comando de Jacques Cassard, com cerca de 2000 franceses, a quem as nossas forças não conseguiram fazer frente, acabando por saquear a cidade em 12 de Maio de 1712. Com receio de um contra ataque, os franceses deixaram a cidade, não sem terem incendiado os edifícios, móveis, arquivos e o forte. O ouvidor geral Miguel de Freitas Teixeira, foi nomeado para proceder a um inquérito, daí resultando a prisão do governador José Pinheiro da Câmara. O texto consultado dá a entender que o inquérito tenha sido “imparcial”, uma vez que o ouvidor escreve ao rei, em carta de 27 de Maio que
"esta diligência era tão odiosa e a terra tão acostumada a venenos, que depois de averiguada a verdade corria o perigo de vida". Duas semanas depois o ouvidor sofre morte súbita, havendo suspeita de envenenamento. Em Novembro de 1715 inquérito foi suspenso e arquivada a acusação, por determinação régia. José Pinheiro viria a ser nomeado governador de São Tomé, em 1722.
MANUEL PEREIRA CALLEIROS DE ARAÚJO - Chegou a Santiago no dia 29 de Abril, tendo sido nomeado em 27 de Março de 1715. No mesmo transporte chegou, também, Miguel de Freitas Teixeira, ouvidor nomeado para o inquérito a José Pinheiro da Câmara, que fez embarcar sob prisão o antigo governador. O governador faleceu em 20 de Junho de 1715, dias depois do ouvidor geral, e em circunstâncias idênticas.
SERAFIM TEIXEIRA SARMENTO DE SÁ – Foi nomeado em 16 de Dezembro de 1715, vindo a tomar posse em 6 de Abril seguinte. Governador pouco enérgico, permitiu, involuntariamente, a constituição de bandos armados que criaram grande instabilidade na província, em especial em Santiago, onde se praticavam actos de banditismo. Baltasar de Sousa Coutinho, nomeado para o cargo em 9 de Abril de 1719, como recompensa de serviços prestados ao reino, não chegou a tomar posse.
ANTÓNIO VIEIRA – Nomeado a 11 de Março de 1720, tomou posse a 28 de Setembro seguinte. Foi na altura desta nomeação que foi restaurada a incompatibilidade da acumulação do comércio com o cargo de governador, desta vez extensível aos oficiais do exército e da marinha, assim como a oficiais de justiça e fazenda. A lei que foi publicada em 18 de Abril, aumentava o vencimento anual do governador de 800$000 reis para 1.200$000 e mais tarde, em 1724, para 1.600$000 reis. O governador faleceu a 4 de Janeiro de 1725, depois de ter sido atingido por uma pedrada, atirada por um dos seus inimigos. A governação ficou entregue ao senado, interinamente. Foi durante a governação de António Vieira que esteve em risco a domínio da coroa sobre o arquipélago, já que o donatário da ilha de Santo Antão, o Marquês de Gouveia, vendeu a ilha aos ingleses. O governador teve uma intervenção imediata, expulsando o feitor inglês já instalado e, em Novembro de 1727, organizou uma capitania com as ilhas de Santo Antão, S. Vicente e S. Nicolau.
FRANCISCO MIGUEL DA NÓBREGA VASCONCELOS – Nomeado em 7 de Maio de 1725, toma posse em 24 de Janeiro do ano seguinte. Os conflitos com o ouvidor Bravo Botelho, além de constantes e graves, vieram a ter um epílogo muito lamentável. Em 19 de Março de 1728, mandou uma força de 500 homens cercar a residência do ouvidor para o prender. Os homens, do ouvidor, deram combate as forças do governador, da qual resultaram a morte do ouvidor, do irmão deste, de um tio e de alguns empregados. Nóbrega Vasconcelos fugiu para a Guiné, receando as consequências.
FRANCISCO DE OLIVEIRA GRANS - Nomeado a 10 de Junho de 1728, tomou posse a 23 de Dezembro desse ano. Houve, em Janeiro de 1731, uma epidemia na Ribeira Grande que, dizimando a população, agravou a decadência da cidade. Em 30 de Março de 1733, deixa o governo, entregando-o à Câmara e ao ouvidor. Na apresentação de contas, a considerarem-se correctas, constata-se que o governador era credor da província, dado não ter recebido mais de metade dos seus vencimentos, devido à situação económica e financeira da província. Esta situação só em 1734 teve uma evolução favorável, devido ao rendimento da urzela.
BENTO GOMES COELHO – Nomeado por carta de 26 de Fevereiro de 1733, toma posse a 23 de Março seguinte. Por ter sido censurado asperamente pelo Bispo D. José Santa Maria de Jesus Azevedo Leal (O.F.M.), por viver escandalosamente com uma degradada de nome Maria Moniz, viu-se forçado a mandá-la regressar a Lisboa, sob prisão.
JOSÉ DA FONSECA BARBOSA – Nomeado em 1 de Maio de 1736, só veio a tomar posse no ano imediato a 28 de Fevereiro, vindo a falecer em 7 de Agosto de 1738. O governo foi entregue ao Senado e Câmara até 1741.
JOÃO ZUZARTE DE SANTA MARIA – Foi nomeado por carta régia de 15 de Setembro de 1741, com o vencimento anual de 2.400$000, anuais. Como primeiro objectivo, da sua governação, elegeu a obtenção de rendimentos particulares, pelo que não hesitou em vender patentes de oficiais milicianos, pelo que exonerava uns para nomear outros. Foi de tal forma longe esta prática, que Cabo Verde chegou a haver milicianos com 8 e 9 anos de idade. Para pôr cobro a esta situação, foi nomeado o desembargador Custódio Correia de Matos com a incumbência de inquirir os factos, tendo chegado a Santiago em 21 de Abril de 1752, mas o governador já tinha falecido em Janeiro.
D. ANTÓNIO DE EÇA FARIA – Foi promovido a Tenente-coronel e governador em 6 de Março de 1751, tomou posse a 23 de Abril e morre em 15 de Junho desse mesmo ano. O governo é assegurado pelo Senado da Câmara.
LUIS ANTÓNIO DA CUNHA d’EÇA – Capitão de Infantaria, é nomeado em Junho de 1752. Foi durante o seu governo que, devido à fome e ao temporal de 1755, a decadência de Cabo Verde se agravou significativamente.
ANTÓNIO MARIA DE SOUSA E MENESES – É nomeado a 21 de Junho de 1756, só tomando posse no ano imediato, em 3 de Abril. Foi durante o seu mandato, no ano de 1761, que se deu a erupção do vulcão da ilha do Fogo.
MARCELINO PEREIRA DE ÁVILA – Sendo Alferes de Granadeiros, é promovido a Tenente-coronel e nomeado governador em 5 de Março de 1761. Toma posse do cargo em 11 de Outubro e morre a 3 de Novembro desse ano. A governação é assumida pelo Senado da Câmara.
(Continua)
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