Texto de
Beja Santos
ex-Alf Mil,
Comandante do Pel Caç Nat 52,
Missirá e Bambadinca,
1968/70
Fotos (e legendas): ©
Beja Santos (2008). Direitos reservados.
Operação Macaréu à vista
Episódio XLIII
UM GRANDE ATAQUE A DEMBA TACO
Beja Santos
Dois fantasmas, o regresso de um amigo, a última visita a Missirá
Deitado na minha cama, no quartel de Bambadinca, leio e releio o aerograma de Manuel Maria Pimentel Bastos, o primeiro comandante do BCaç 2852, o inesquecível Pimbas. Tem uma actividade modesta numa repartição do Exército, ali para as Escadinhas do Marquês de Ponte de Lima, junto do Martim Moniz. Está contente com o horário, é só a parte da tarde, voltou a praticar violoncelo, tem ainda recordações em carne viva, parece que ainda está a beber o vitríolo de todas as suas humilhações que o tornaram num militar sem futuro. Faz perguntas genéricas e no final despede-se com cumprimentos e agradece-me a lição de “Os Pastores da Noite”. Pareceu-me um agradecimento enigmático. À noite, enquanto passeava junto à porta de armas que abre para as estradas de Xime e Mansambo, subitamente a recordação reavivou-se, percebi a mensagem em código.
A Livraria Martins Editora, de São Paulo,deu à estampa uma edição de valor excepcional«Obras Ilustradas de Jorge Amado».Tratou-se de uma homenagem ao romancista no momento em ele comemorava 30 anos de actividade literária,tendo colaborado alguns dos maiores artistas brasileiros da época,tais como Carlos Scliar,Di Cavalcanti,Clóvis Graciano ou Darcy Penteado. As ilustrações de «Os Pastores da Noite» foram da responsabilidade de Aldemir Martins.Trata-se de uma obra que exalta o povo de Baía,são estórias para rir e chorar de gente humilde conduzida a feitos sublimes no amor e na amizade.Um dos clássicos inatacáveis de Jorge Amado,escapa à erosão do tempo.
O Pimbas soubera do grande desastre da jangada que se virara no Cheche em 6 de Fevereiro de 1969 (tinha havido quarenta e sete desaparecidos nas águas revoltas do Corubal) quando estava em convalescença de uma pequena cirurgia a uma fístula. No dia seguinte a este episódio dramático, vim a Bambadinca depois de Mato de Cão, ele estava deitado no seu quarto, recebeu-me com “Os Pastores da Noite”, de Jorge Amado, na mão, perguntou-me se conhecia a obra. E falámos da cidade de Salvador da Baía, as suas ladeiras, as rodas de capoeira e um elenco espantoso de personagens retirados do mundo popular: o cabo Martim, elegante, fino, a viver um dos casamentos mais turbulentos do mundo; Jesuíno Galo Doido, com a sua sabedoria de cabelos brancos, vagabundo e mestre da vida; Tibéria, mulata sessentona, dona de bordel afamado; mas falámos também das quatrocentas mulatas de Pé-de-Vento, do negro Massu, de Otália, a prostituta que tinha uma boneca e sonhava com o casamento, de Marialva, de Eduardo Ipicilone, e outros oriundos do fabulário baiano, dos feitiços e feiticeiros e sobretudo do amor que preside à arquitectura deste grande romance. Porém, tudo não passava de um devaneio, uma pura ocupação do tempo, eu vinha de Mato de Cão para comprar comida e levar munições, a notícia infausta de dezassete desaparecidos do nosso batalhão impunha um procedimento excepcional ao comandante de Bambadinca, eu via que ele conversava para ganhar coragem, para ter ânimo e partir para junto daqueles que estavam a viver uma tragédia. Olhei para o relógio, levantei-me e terei dito algo como isto: “O meu comandante tem coisas muito importantes a fazer imediatamente, tem soldados em grande tristeza que precisam de receber o seu estímulo. Sei que vai fazer um sacrifício, penso que está fisicamente incapaz para esta viagem, mas o seu lugar não é aqui. Deixo-o para se vestir, desejo-lhe muita coragem para os momentos que vai viver”. O Pimbas partiu e não esqueceu o empurrão que lhe dei, mais de um ano depois.
No dia seguinte, Cherno vem chamar-me ao meu quarto, o régulo Malã e Mussa Mané, o chefe de tabanca de Missirá, querem falar comigo. Estou a ser convidado a acompanhar o comandante da CCS, capitão Passos Marques, a Missirá, o gerador já está a funcionar. Hesito e depois digo que sim, é impossível recusar. Partiremos amanhã no Sintex até Gã Gémeos, hoje tenho expediente na secretaria, à noite emboscada no Bambadincazinho, a manhã será passada em Madina Bonco. E começo a tratar do expediente. Dauda Bari acaba de ser promovido a primeiro cabo, o pelotão vai receber a notícia com regozijo, é o primeiro cabo de etnia fula. Uma secção acompanha uma equipa de cinema que vai filmar nos Nhabijões; trabalho no processo da condecoração de Mamadu Camará, começo a amaldiçoar os questionários e exposições torrenciais, nisto bate-me à porta o Príncipe Samba, chegou ontem à noite de Bissau, ainda se apoia a uma bengala, tem fractura de calcâneo, cambaleia um pouco, disfarça com o seu andar elegante. Leio o parecer da Junta Médica, é um escândalo, é uma indignidade o que ali vejo escrito: deve permanecer ao serviço como favor do batalhão, já que os milícias não têm direito de passar aos serviços auxiliares. Sinto que me vou envolver numa nova luta, mais um labirinto burocrático, mas o Príncipe Samba merece, pela sua valentia e dedicação às milícias de Missirá que superintende como um dedicado chefe militar.
Da visita a Missirá, retiro de um aerograma as impressões que enviei à Cristina: “Chegámos ao princípio da tarde, e, embora na época das chuvas, estava um dia ensolarado. Ligou-se a moderníssima instalação eléctrica, a tarde tornou-se irreal, até me lembrei do céu transtornado pelos tornados quando ligaram os potentes holofotes nos postos de vigia. Valeu a pena a interminável correspondência para a engenharia de Bissau, durante mais de meio ano. À noite vimos cinema, um filme de Sarita Montiel, “La Violetera”, um sucesso que esteve meses a fio no Odeon, não sei há quantos anos. O régulo Malã, Quebá e Lânsana estavam na primeira fila, mirones gulosos. Nunca imaginei ver Sarita Montiel em Missirá, coleante e de ar fatal. Contive as minhas emoções, de manhã acompanhei o capitão de Bambadinca na visita às instalações do aquartelamento, regressámos logo, eu tinha o pretexto de partir para um patrulhamento entre Samba Silate e Amedalai. Apareceu-me Braima Mané, voltou a levar uma tareia do irmão, tive que ir à feira fazer as pazes entre os dois. No final, Malã, o irmão, coseu-me os calções a troco de uma lata de sardinhas. Não é a primeira vez. Não devia ter voltado a Missirá, já li várias vezes que o criminoso não deve voltar ao local do crime”.
Uma recordação inesquecível de “Literatura dos negros”
Tenho que devolver livros à D. Violete, é uma braçada de obras de valor desigual, apontei tudo no meu caderninho: “Guiné, Alvorada do Império”, 1952, Bolama; “Guiné: apontamento histórico”, por Amadeu Cunha, Lisboa, Litografia Nacional; “Guiné, minha terra”, por Armando de Aguiar, 1964, Agência Geral do Ultramar. Ainda folheei “A Guiné, suas características e alguns problemas”, por Fernando Simões da Cruz Menezes, nada me satisfez. Mas o último livro, “Literatura dos negros, contos, cantigas e parábolas”, pelo padre Marcelino Marques de Barros, publicado em 1900, aguçou-me a curiosidade, devorei e repeti. Li e tomei nota do seguinte extracto do conto “A noiva da serpente”:
“Havia nas terras dos mandingas uma bonita aldeia, a qual com o rumor e o bulício da sua numerosa população animava as clareiras de uma imensa floresta.
É, a diferentes títulos, uma obra de consulta obrigatória para conhecer o que se estava a passar na Guiné, após a implantação da República. Carlos Pereira era o Governador nomeado pela República, 2.º Tenente da Armada, omem entusiasmado e culto. O texto é uma exaltação das potencialidades económicas da colónia, como se quisesse afastar o fantasma de uma região sem qualquer futuro. O acervo fotográfico é insuperável: dinâmica em Bolama, Bissau, Buba, Cacheu, desvela-se as belezas naturais dos Bijagós, ilha após outra. Escolhi este par de Bijagós pela simples razão que me fascina a preocupação do fotógrafo , e que se mantém actual: um pano que funciona como um ecrã que esconde a vegetação circundante,não nos podemos distraír...
Ainda hoje, para as bandas do Sul e não muito longe desse lugar, encontra-se uma praia cujas areias reflectem o sol do meio dia como um grande incêndio: e uma fila de blocos de basalto partidos, tombados, ou suspensos no ar, cinge em hemiciclo essa estância povoada de espíritos encantados, de medos e de fantasmas.
Do outro lado, ao norte, onde os baobás, os cipós e as paudemas terminam com os seus maciços de verdura, desdobram-se, até onde a vista pode alcançar, extensas pradarias mosqueadas de garças brancas, de rebanhos, de mergulhões, de flamingos.
E a uma distância de cinquenta arremessos de lança, destaca-se no horizonte, como um gigantesco ramalhete, um bosque de tamareiras, de fetos arbóreos, e de festões de lianas, a cuja sombra umas nascentes de abundantes águas se ouvem cantarolar no meio de pedregulhos roliços e esverdeados”.
O que mais saboreio desta prosa é a verdadeira aculturação do padre Marcelino. É missionário e nasceu na Guiné, agora sente-se que está receptivo aos floreados literários da época, não sei se estou a ler Trindade Coelho ou Pinheiro Chagas, tenho dúvidas que ele se tenha deixado arrastar pelos odores autênticos da sua terra. Mas gostei muito e guardei regalado o que ele escreveu. É quando vou entregar à D. Violete estas leituras que ela me dá a notícia: “Senhor alferes, já sei mais alguma coisa sobre a Sociedade Agrícola do Gambiel, teve uma triste sorte. Encontrei num Boletim Cultural da Guiné Portuguesa de Outubro de 1948 a seguinte referência, isto num artigo sobre a nossa agricultura. Ora escute: “Ao longo do Geba estabeleceu-se em tempos uma exploração agrícola chamada Gambiel que nunca prosperou devido a erros de técnica na escolha do local para o fim em vista. Quando reconheceram tal erro já era tarde e impossível de remediar... Com esta empresa, da qual restam apenas umas dezenas de ares de cana sacarina, formaram-se núcleos indígenas (mandingas e fulas) que também cultivam cana que vendem à empresa, já próxima do último suspiro”. D. Violete justificava-se: “Não sou assim tão velha, a empresa do Gambiel já deve estar extinta há vinte anos. Mas vou falar com a gente do Cuor. Tenho ainda outras notícias para si...”. Interrompi-a, tinha o pelotão reagrupado, já devia ter partido para o patrulhamento de Samba Silate para Amedalai.
O Ministério das Colónias da 1.ª República pretendeu publicar anualmente um relato de tudo quanto se passava nas possessões do Ultramar. Falhou, mas 1916 teve direito a um bem elaborado anuário. O que tem muito interesse para nós é o mapa da época: os nomes das localidades, o posicionamento das etnias, a designação das diferentes regiões. Olhando o mapa à procura dos sítios onde combati, no Leste, não existe o Cuor, existe Gufie, fala-se em Sambel Nhanta (residência do régulo), mas aparecem em Badora nomes que nos eram familiares, como Fá e Bricama. Geba era muito mais importante que Bafatá. Curiosidades...
Um ataque aterrador a Demba Taco
De Nhabijão Cau a Samba Silate não são só os três quilómetros da carta. Em primeiro lugar, enveredamos pelos velhos arrozais, ora infecundos, vamos até ao tarrafe do Geba, à procura de canoas ou de outros indícios da presença da gente de Madina. Aparentemente, estes locais não estão a ser percorridos, todos os sulcos de ténues picadas estão votados ao abandono. Depois, rumámos para Samba Silate, aqui há indícios, são trilhos desencontrados, não abrem pistas. O sol declina, estugo o passo, incito a caminharmos rapidamente para Amedalai, uma secção da milícia local já terá picado até á ponte de Udunduma, a ver se regressamos a casa já com o lusco-fusco mas em segurança. É nisto que deflagram uns estampidos em cadência, é muito para lá de Amedalai. Chegados à tabanca, o fragor das explosões continua a aumentar, já identificámos dois canhões sem recuo e os morteiros 82 a flagelarem um qualquer aquartelamento. Converso com Mamadu Bari, ele confirma: “Naquela direcção só pode ser Demba Taco (ele acentua o “o” aberto, é capaz de ter razão, na carta escreve-se Demba Tacò), eles vieram com vontade de partir tudo”. Prontamente decido: não vamos regressar a Bambadinca, o Valente das transmissões vai informar o comando que partiremos de madrugada para Demba Taco, agora é impossível, não sei se há minas ou emboscada montada, com a primeira luz do amanhecer iremos ver o que se passou, peço viaturas até Amedalai, e que venha alguém da CCaç 12 ao romper da alva, entretanto, sairemos daqui com os militares e civis de Amedalai. Bambadinca responde afirmativo, estou autorizado a permanecer aqui, amanhã posso patrulhar e devo prontamente dar notícias depois. A mata estremece com as explosões ensurdecedoras, anoiteceu, ardem tabancas em Demba Taco, vê-se o fogo nos céus, daqui a um bocado vai sentir-se o fumo arrastado pela ligeira brisa. Nem parece a época das chuvas, agora está tudo seco, percebe-se a voragem do fogo lançado pelas balas incendiárias das costureirinhas. A hospitalidade de Amedalai surge com comida para todos, Mamadu Bari mandou preparar galinha com chabéu, está uma delícia, é pena ter de a acompanhar com água fresca, os soldados do Pel Caç Nat 52 agradecem oferecendo-se para fazer os turnos da noite, peço uma manta e vou dormitar, derreado, a olhar o céu estrelado, pedindo a Deus que poupe Demba Taco.
E com a primeira luz do dia partimos, ficam duas secções à espera do grupo de combate da CCaç 12. Sempre apreciei todo o itinerário entre a velha tabanca de Colicumbel e o palmar de Taibatá, há amplas lalas que sempre dissuadiram as gentes do Buruntoni, avista-se quem vai e quem vem à distância de vários quilómetros. Vamos velozes, em menos de duas horas, mesmo usando todas as cautelas, chegamos à tabanca em autodefesa de Taibatá onde fomos recebidos efusivamente por Cassamá Baldé, o comandante das milícias. Estão todos apreensivos, aguardavam uma coluna de auxílio, não esteja montada uma cilada à entrada de Demba Taco, aqui o mato é frondoso, ainda não se tinham capinado as bermas da picada. Levamos tudo quanto é padiola, estojo de maqueiro, os apontadores de dilagrama à frente, a flanquear os picadores. O odor a queimado é persistente, não há gente nas vizinhanças de Demba Taco. Já próximos, começamos a gritar a anunciar a chegada. Não somos recebidos em festa mas há contentamento no olhar de todos. Cherno Baldé, o comandante da milícia, é a máscara da exaustão e é com ele que percorremos os escombros do ataque devastador: sete moranças reduzidas a cinzas, caíram algumas fiadas de arame farpado, três adultos e cinco crianças estão estilhaçados com alguma gravidade, embora não haja perigo de vida.
Enquanto percorro esta terra calcinada, interrogo-me sobre a estratégia de terror montada entre povos africanos da Guiné. É verdade que neste regulado do Xime, desde a extinta Moricanhe até Amedalai, pontificam os beafadas que juraram resistir até ao fim, quem foi para o mato já decidiu há bem oito, nove anos, as escolhas estão feitas. Olhando aqueles semblantes cansados, eu tinha de me perguntar qual o perdão dos homens para estes cercos brutais, pilhagens e raptos, destruições imprevisíveis, os anos passam e vivo em agonia com este arremedo de guerra civil sob a caução das autoridades portuguesas. Com as padiolas aos ombros, regressamos a Amedalai onde as viaturas levam os sinistrados para Bambadinca. À tarde trouxemos cunhetes de munições, rolos de arame farpado, tesouras corta-arame, o indispensável para reinstalar alguma segurança. Ainda não sei, mas é a última vez que visito Demba Taco. Quando abraço Cherno Baldé é também pela última vez. Coisas que acontecem na paz e na guerra.
Um pequeno relatório de duas leituras muito importantes
Capa de João da Câmara Leme,Texto integral pela primeira vez publicado em Portugal,tradução de Cabral do Nascimento, Portugália Editora, 1962.Na prisão de Reading,condenado por «actos indecorosos»,Wlilde escreve uma longa carta a Lord Alfred Douglas, de quem fora amante.É um dos documentos mais confessionais e pungentes da melhor literatura.Wilde chamou à carta »In Carcere et Vinculis».É a última obra em prosa de Wilde escrita em inglês.È a história de uma relação que terminou no enxovalho de Wilde.Não falta à narrativa um tom amargo e de reprovação que irá culminar numa profunda reflexão sobre o amor cristão.Transcrevi em Bambadinca o final da carta:«Não temas o passado.Se te observarem que é irrevogável,não acredites.O passado, o presentee o futuro são apenas um instante aos olhos de Deus,perante quem diligenciamos viver.Tempo e espaço, sucessão e extensão:meras condições acidentais do pensamento».
De Profundis” é a última obra literária de Oscar Wilde em língua inglesa. É uma carta confessional dilacerante em torno de um amor impossível. Escrita na prisão Reading, fala dessa relação fatídica que destruiu a reputação de um dos maiores ficcionistas britânicos de todos os tempos. Descrevendo a amargura dessa relação insana que terminou no enxovalho e na condenação de Wilde, a narrativa confessional termina numa apoteose de esperança e sentida humildade “O que está à minha frente é o passado. Tenho de olhar para ele com diferentes olhos, fazer com que o mundo o observe com diferentes olhos e com que Deus o veja com diferentes olhos. Isto não o conseguirei se não o desconhecer, ou o menosprezar, ou enaltecer, ou o desmentir. Devo aceitá-lo todo inteiro, aceitando-o como parte inevitável da evolução da minha vida e do meu carácter; curvando a cabeça a tudo o que padeci”. A tradução de Cabral do Nascimento é insuperável.
Dos anos 50 para os anos 60, as Edições Bestseller, do Brasil, publicaram algum do melhor Simenon.Depois, a Bertrand revelou o humaníssimo Comissário,que fizera a tarimba nas esquadras,nos anos 60.Este Maigret não é bom,é fabuloso: um psicopata percorre o bairro de Montmartre matando mulheres como um verdadeiro serial killer.Após algumas diligências decorrentes de um cilada montada por Maigret,Marcel Moncin é detido.Maigret vai ao fundo de uma tragédia de fracasso e ódio pelas mulheres.A confissão do mulher do psicopata é um das páginas de ouro da literatura policial.
“Maigret arma uma cilada”, de Georges Simenon é também fascinante. Um serial killer aterroriza Montmartre, o comissário mais humano do mundo arma mesmo uma cilada e o resultado é mais digno de um filme de horror do que de um livro policial, é uma descida aos infernos de mentes doentias, duas mulheres que pretendem ter um psicopata nas mãos. O interrogatório final tem dignidade para constar nas páginas de ouro da melhor literatura policial de todos os tempos. Sim, foram boas leituras que me suavizaram os fantasmas e o ataque devastador a Demba Taco.
Agora, vou a correr a Bissau, serei ouvido no julgamento de Quebá Sissé, o nosso inesquecível “Doutor”. Depois volto para a rotina por pouco tempo. Aguarda-me o mês de Julho, todo o mês de Julho, na segurança ao alcatroamento da estrada Xime-Bambadinca. Foi uma nova rotina, mas cheia de surpresas. Como irei contar.
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Nota de CV:
(1) - Vd. último poste da série de 5 de Setembro de 2008 >
Guiné 63/74 - P3172: Operação Macaréu à Vista - II Parte (Beja Santos) (42): Cartas de um militar de além-mar em África... (5)