1. Mensagem do nosso camarada Alberto Branquinho (ex-Alf Mil de Op Esp da CART 1689, Fá, Catió, Cabedu, Gandembel e Canquelifá, 1967/69), com data de 15 de Maio de 2011:
Caro Carlos
Este 8º. Acto, que aqui segue, está, afinal, na sequência do anterior ("Prótese), mas, nestes casos, não houve (ou, infelizmente, não pôde haver prótese?).
Recebe um abraço do
Alberto Branquinho
CONTRAPONTO (33)
TEATRO DO REGRESSO
(Peça em vários actos)
8º. Acto – Foi outra guerra qualquer
Cenário
Primavera de 1990.
Uma janela grande, com luz intensa exterior.
A janela situa-se sobre a Avenida Rainha D. Leonor, no Lumiar, em Lisboa, quase em frente às instalações da Associação de Deficientes das Forças Armadas.
Personagens
Duas mulheres, conversando junto da referida janela.
Acção
- Pois, Eunice, gosto muito da tua casa nova. Estas janelas… Este sol, esta luz.
- Foi por isso que a comprámos. Mas tivemos que fazer obras.
- Tenho estado a olhar lá para fora, enquanto estava à tua espera. Quem são esses homens em cadeiras de rodas que vão ali no passeio… Sem as pernas e… alguns são pretos?
- Acho que são mutilados da Segunda Grande Guerra.
- Credo, filha! Os homens têm lá idade para ter andado na Segunda Grande Guerra. E Portugal nem sequer entrou nessa guerra.
- Então, não sei. Foi outra guerra qualquer.
(CAI O PANO)
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Nota de CV:
Vd. último poste da série de 10 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8254: Contraponto (Alberto Branquinho) (32): Teatro do Regresso - 7.º Acto - Prótese
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
terça-feira, 17 de maio de 2011
Guiné 63/74 - P8287: As mulheres que, afinal, também foram à guerra (5): Filme "Quem Vai à Guerra", de Marta Pessoa, no circuito comercial, em Lisboa, Porto e Aveiro, a partir de 16 de Junho
Rosa Serra, ex-enfermeira pára-quedista e membro da nossa Tabanca Grande
Giselda Pessoa, ex-enfermeira pára-quedista e membro da nossa Tabanca Grande
Cristina Silva, ex-enfermeira pára-quedista (ferida em combate emm Moçambique)
Anabela Oliveira, casada com um ex-militar vítima de stresse pós-traumático de guerra e hoje viúva (se a memória me não falha)
Isilda Alves, professora, casada com um ex-militar vítima de stresse pós-traumático de guerra, e hoje viúva
Lucília Costa, casada com um ex-militar vítima de stresse pós-traumático de guerra, ainda vivo (segundo informação do nosso camarigo Silvério Lobo, de Matosinhos, que é amigo do casal)
Manuela Castelo, viúva de um oficial pilav, morto em combate (Julgo tratar-se do Cap Pilav Fernando José dos Santos Castelo, piloto do AL III, morto em M oçambique, em 7 de Março de 1974, segundo informação recolhida pelos nossos camaradas do Portal Ultramar Terraweb, relativos ao militares da FAP, mortos em serviço entre 12 de Abril de 1959 e 14 de Novembro de 1975)
Manuela Mendes, esposa que acompanhou o marido, médico (miliciano, se não me engano)
Maria Lurdes Costa, casada, que acompanhou o marido em África (Angola, se não me engano; é irmã do nosso camarada José Martins)
Maria Alice Carneiro, irmã de 2 militares em África (Moçambique e Angola), e correspondente de outros militares nos três TO
Estas são algumas das 21 mulheres que entram no filme, e que ficam aqui listadas por ordem alfabética (na próxima publicaremos mais fotos):
Ana Maria Gomes, Anabela Oliveira, Aura Teles, Beatriz Neto, Clementina Rebanda, Conceição Cristino, Conceição Silva, Cristina Silva, Ercília Pedro, Fernanda Cota, Giselda Pessoa, Isilda Alves, Júlia Lemos, Lucília Costa, Manuela Castelo, Manuela Mendes, Margarida Simão, Maria Alice Carneiro, Maria Arminda Santos, Maria Augusta Filipe, Maria De Lourdes Costa
Fotos da rodagem do filme Quem Vai à Guerra, disponíveis no mural da respectiva página no Facebook (Aqui reproduzidas com a devida vénia...)
Uma das mulheres da nossa Tabanca Grande que também foi à guerra é a Maria Dulcineia Rocha, esposa do Henrique Cerqueira... Fica aqui lançado, não o repto, mas o convite, para ela partilhar connosco, em primeira mão, as suas recordações de Bissorã... Já conhecemos a versão do Henrique, mas não a da Ni (seu "nickname" ou nome de guerra)...
3. E, já agora, fica aqui a notícia para todos os nossos leitores: não percam o filme (documentário) da Marta Pessoa, Quem Vai à Guerra, que vai entrar no circuito comercial, no dia 16 de Junho próximo:
Lisboa, Cinema Cirty Classic Alvalade
Porto, Zone Lusomundo Mar Shoping
Aveiro, Zon Lusomundo Fórum Aveiro
FICHA TÉCNICA
Realização > Marta Pessoa
Direcção de Fotografia > Inês Carvalho
Cenografia > Rui Francisco
Montagem > Rita Palma
Direcção de Som > Paulo Abelho, João Eleutério e Rodolfo Correia
Maquilhagem > Eva Silva Graça
Marketing e Comunicação > Fátima Santos Filipe
Direcção de Produção > Jacinta Barros
Produtor > Rui Simões
Produção > Real Ficção
Recorde-se aqui a sinopse do filme, que tem duas horas e 10 minutos de duração:
« Entre 1961 e 1974, milhares de homens foram mobilizados e enviados para Angola, Moçambique e Guiné-Bissau para combater numa longa e mal assumida guerra colonial. Passados 50 anos desde o seu início a guerra é, ainda hoje, um assunto delicado e hermético, apoiado por um discurso exclusivamente masculino, como se a guerra só aos ex-combatentes pertencesse e só a eles afectasse. No entanto, quando um país está em guerra, será que fica alguém de fora? 'Quem vai à Guerra' é um filme de guerra de uma geração, contada por quem ficou à espera, por quem quis voluntariamente ir ao lado e por quem foi socorrer os soldados às frentes de batalha. Um discurso feminino sobre a guerra.»
Fica também aqui um excerto da nota do crítico de cinema o Semanário Expresso / Suplemento Atual, Jorge Leitão Ramos (com a devida vénia...)
(...) "As mulheres dos soldados portugueses estiveram na guerra, viveram-na, em forma de receios e palavras escritas em aerogramas censurados, ou na descoberta de terras e modos de vida diferentes, com a urgência e o medo a marcar-lhes o quotidiano.
"Para o grupo de 46 enfermeiras pára-quedistas, únicas mulheres militares, a realidade era a da experiência directa da guerra, dos ataques, das evacuações, das mutilações e mortes dos soldados que ao longo desses 13 anos de guerra socorreram.Há nestas mulheres uma história da guerra colonial portuguesa. Quem Vai à Guerra recria em estúdio, a partir dos objectos, fotografias e ambientes mais marcantes destas memórias femininas, um espaço de apresentação de testemunhos, onde as mulheres partilham as suas histórias de guerra. Em cenários de assumida teatralidade, vão sendo construídas as imagens femininas da guerra, onde os universos doméstico e bélico se cruzam. Cenário feito também de violência e da desolação de uma guerra, contrariando um olhar romântico, que tão rapidamente se pode tornar nostálgico.Se há algo que sobressai do discurso feminino sobre a guerra é a ideia de que esta é sempre iníqua e devastadora. Afinal, é de guerra que se fala.
“A guerra colonial é olhada aqui pelo lado feminino: esposas, noivas, correspondentes, enfermeiras de guerra, companheiras na retaguarda... Experimentam a dor de ver morrer combatentes ou de suportar as sequelas longos anos, testemunhando uma vívida e diferente perspectiva” (,,,)
Jorge Leitão Ramos in ATUAL / Jornal EXPRESSO
Reproduzido, com a devida vénia, do blogue da Real Ficção, o produtor do filme, que também reproduziu algumas das nossas fotos da ante-estreia, no Grande Auditório da Culturgest
4. Conforme peça da Lusa, de 13 do corrente, reproduzido no portal Sapo Notícias, "as mulheres, Marta Pessoa descobriu-as em todo o lado. E achou que havia uma história de guerra para ser contada. Na internet, há 'uma espiral que nunca mais acaba' de coisas sobre a guerra, mas tudo 'muito cerrado no ponto de vista masculino (...) 'As mulheres portuguesas não falam. Não há registos femininos. O Estado Novo pior ainda, não houve pior momento para a mulher do que o período da ditadura', afirmou a realizadora em entrevista à Lusa.
"Marta Pessoa criou um teatro de guerra - com o cenógrafo Rui Francisco e a fotógrafa Inês Carvalho - e cada uma das mulheres conta a sua história no cenário que lhe corresponde. Foi tudo filmado no espaço A Capital, onde antes estavam os Artistas Unidos. A ideia foi 'fazê-las sair da casa, deslocá-las da zona de conforto, tirá-las das distracções domésticas', explicou a realizadora. 'Tinha curiosidade em ver como é que o discurso, sendo deslocado do espaço habitual, seria transmitido', reconheceu Marta Pessoa que com este filme quis 'espelhar um bocado a realidade da guerra - os soldados iam para a guerra de todo o lado, não era só no Interior, não era só no Litoral, não era só no Norte, não era só no Sul.
"A realizadora não esconde a ligação pessoal. Nascida em 1974, é filha de um militar de carreira, que esteve na Guerra Colonial, na Guiné-Bissau, e estudou num colégio interno, onde tinha amigas órfãs de guerra. 'Se a minha mãe não tivesse ficado à espera [do meu pai] eu teria feito este filme? Não sei, mas também é muito difícil encontrar pessoas da minha geração que não tenham alguém na família que não tenha tido alguma relação com a guerra. A guerra não afectou só as pessoas que foram, afetou os que decidiram não ir', mulheres e homens' "(...)
Vd. também o nosso blogue
9 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8249: Agenda cultural (122): Sexta feira, 13, estreia, em Lisboa, do documentário Quem vai à guerra, de Marta Pessoa: as histórias do heroísmo (invisível, no feminino) que ficaram por contar
11 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8259: As mulheres que, afinal, também foram à guerra (3): O(s) discurso(s) feminino(s) (Luís Graça)
14 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8274: As mulheres que, afinal, também foram à guerra (4): As primeiras fotos da estreia do filme "Quem Vai à Guerra", de Marta Pessoa (Luís Graça)
Guiné 63/74 - P8286: Notas de leitura (239): O Meu Testemunho, uma luta, um partido, dois países, por Aristides Pereira (4) (Mário Beja Santos)
1. Mensagem de Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, Comandante do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 28 de Abril de 2011:
Queridos amigos,
Prossegue a saga de procurar sintetizar o que de mais relevante se pode encontrar nas centenas de páginas de entrevistas incorporadas no livro “O Meu Testemunho”, de Aristides Pereira.
É uma rara oportunidade de ouvir dirigentes e combatentes da primeira linha, habitualmente silenciosos ou remetidos discretamente na sombra. Discorde-se, ou não, de Ana Maria Cabral, o seu olhar sobre aqueles tempos de Conacri e o complô em marcha não pode ser iludido. Como mais tarde iremos ouvir Rafael Barbosa, aquele que eu considero a personagem mais fascinante depois de Amílcar Cabral, nada conheço de tão intrigante, com tal aura de mistério, muito provavelmente não teremos possibilidade de esclarecer os envolvimentos em que andou metido, as conspirações que patrocinou.
Um abraço do
Mário
O testemunho de Aristides Pereira* (4):
Ana Maria Cabral na primeira pessoa
Beja Santos
O aspecto mais extravagante de “O Meu Testemunho”, de Aristides Pereira, é que o elenco de entrevistas possui mais relevância que as lembranças do autor até ao fim da luta armada e a chegada da independência da Guiné-Bissau e Cabo Verde. Honra lhe seja feita, o seu documento esclarece de uma vez por todas a luminosidade e o papel fulcral desempenhado por Cabral: não há um só documento, não há uma só entrevista, não há um só discurso, não há uma só tomada de posição política onde Amílcar Cabral não esteja presente, desde a concepção à acção. O PAIGC é a sua emanação, nenhum dos outros dirigentes revelou dotes de inteligência, finura de espírito, concepção estratégica que se aproximasse minimamente da teoria e da prática de Cabral. E Aristides Pereira, do cimo da sua modéstia, nunca ilude essa realidade.
Muitos são os entrevistados que acompanham o seu testemunho, mulheres e homens por vezes altamente motivados e, por esta ou aquela razão, pesaram na história do PAIGC: É caso de Adriano Brito, o comandante Agnelo Dantas (que combateu na Frente Leste, assistiu à retirada de Madina do Boé), Alpha Abdoulay e Djallo, que foi Ministro dos Negócios Estrangeiros de Sékou Touré, Amélia Araújo (animadora e locutora da Rádio Libertação), Ana Maria Cabral (segunda mulher de Amílcar Cabral e que presenciou o seu assassínio) e Aristides Pereira. Neste apontamento, não se pode ir mais longe.
Ana Maria Cabral nasceu Canchungo, em 1941. Começa por referir o espírito unitário de Cabral em torno da luta dos movimentos de libertação de Angola, Guiné e Moçambique. Em 1966, Ana Maria chega a Conacri e vai trabalhar na Escola Piloto. Questionada sobre o ritmo frenético em que vivia Cabral, ela responde: “Acho que ele sabia que era um elemento estranho ou insuportável para o equilíbrio de África. As grandes potências que mandam no mundo não podiam suportar que alguém, um preto, tentasse sair desses esquemas e ser verdadeiramente independente. Não podiam aceitar que Cabral fosse sério, inteligente e muito honesto”. E elogia igualmente a sua capacidade metódica de corredor de fundo: “Ele quis que primeiramente se fizesse a mobilização durante três anos par que a população soubesse e percebesse bem o que era a colonização. Recordo-me do primeiro jornalista ou cineasta francês que esteve nas áreas libertadas. Em Conacri ele contou-me que ao chegar a uma tabanca as pessoas, e principalmente as crianças fugiam porque nunca tinham visto um branco. Isto nos anos 60!”.
Sobre o ambiente de mal-estar que se vivia em Conacri antes do assassinato de Cabral, Ana Maria observa: “O ambiente já estava minado, todos nós sentíamos isso. Cabral teve muito pouca ajuda de todos nós. Cabral mandou construir uma cantina para todos, onde todos pudessem tomar as suas refeições, exactamente porque se apercebeu de que ali, em Conacri, o grosso eram camponeses e lumpens de Bissau e uma minoria pequeno-burguesa. Havia a tendência de se formarem grupos consoante as classes existentes. Os da pequena burguesia não se sentiam bem na mesma cantina com os outros e por isso cada vez se afastavam mais… Fomos nós da pequena burguesia que contribuímos para que os agentes de Spínola encontrassem terreno apropriado para a conspiração. Por isso mesmo é que após o assassínio de Cabral muita dessa gente foi afastada para outros sítios. Para limpar Conacri de tantas intriguinhas e desmobilização”. Leopoldo Amado pergunta-lhe sobre a existência de uma clivagem entre guineenses e cabo-verdianos, ao que a entrevistada responde afirmativamente, responsabilizando certos cabo-verdianos ou guineenses por estarem dominados pela consciência de classe: “Foi esta classe de guineenses e de cabo-verdianos que não soube compreender as ideias de Cabral e que ajudou a preparar o caminho para os agentes de Spínola”.
Depois descreve minuciosamente os acontecimentos da noite de 20 de Janeiro de 1973, ela estava ao lado do marido quando se deu o assassinato. Interrogada sobre o número de conspiradores, ela observa: “Ouvi todas as cassetes, porque a comissão de inquérito do PAIGC gravou tudo e o camarada Aristides deu ordem para que eu ficasse com elas. Fiz a transcrição de todas elas e, realmente, o único grupo que tentou apurar a verdade foi o do Fidélis Almada… Depois da independência é que eu devolvi essas cassetes todas ao Buscardini. Hoje, alguns de nós dizem que se desfizeram rapidamente e de propósito dos conspiradores! Pode ser que em relação a alguns, sim. A verdade é que, com os combatentes e a população a pressionar a comissão de inquérito não havia condições para se fazer bons julgamentos”.
A entrevista que Leopoldo Amado faz a Aristides Pereira é também bastante importante, não dá para entender como certas observações são escamoteadas do testemunho e aparecem aqui isoladas. As reminiscências da infância e da juventude são úteis para entender aquele espaço e aquele tempo. As malhas da rede que se formou, por vezes inconscientemente, em torno dos grupos independentistas que foram emergindo em Bissau, ainda nos anos 50. O mesmo Aristides que protesta contra os caluniadores e maldizentes em torno da unidade Guiné-Cabo Verde é o mesmo que após a morte de Amílcar Cabral e quando se punha a questão sensível da liderança diz textualmente a propósito de uma pergunta em que se refere que Fidélis Almada fizera a proposta para que Nino Viera viesse a ser o secretário-geral do PAIGC: “Quando discutimos a sucessão de Cabral, muitos guineenses não foram apenas movidos pelo anti-caboverdianismo. O Fidélis foi o porta-voz de toda uma corrente de dirigentes guineenses que estavam com receio que com a continuação de um fulano, ao mais alto nível, de origem cabo-verdiana ou cabo-verdiano, na direcção, significasse a destruição do partido ou desse num outro assassinato”.
É uma entrevista incontornável, pelos elementos aduzidos, para se entender o desempenho da direcção do PAIGC em Conacri, para se perceber as inúmeras dificuldades que impediram a organização da luta armada nas ilhas de Cabo Verde. A interpretação que Aristides dá sobre o assassinato de Cabral tem a ver com o anúncio e os preparativos da independência unilateral. Aristides deplora que em 1972 não se tivesse feito a reunião do Conselho Superior de Luta que era a oportunidade para denunciar os conspiradores. Descreve a ira de Sékou Touré quando soube das negociações entre o PAIGC e o I Governo Provisório.
Retomaremos este conjunto de entrevistas começando por Gérard Challiand (entrevista conduzida por Iva Cabral), Indrissa Sow, que foi embaixador da Guiné-Bissau em Conacri, Manuel dos Santos (Manecas, que depois de 1973 dirigiu o grupo de artilharia de mísseis, segue-se uma carta de Oscar Oramas a Aristides Pereira e, por último, ouve-se o depoimento de Osvaldo Lopes da Silva que foi comandante da artilharia na frente Leste e Sul da Guiné, tendo participado no assalto a Guileje.
(Continua)
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Notas de CV:
(*) Vd. poste de 3 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8209: Notas de leitura (235): O Meu Testemunho, uma luta, um partido, dois países, por Aristides Pereira (3) (Mário Beja Santos)
Vd. último poste da série de 13 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8266: Notas de leitura (238): Estudos, Ensaios e Documentos - Contribuição para o Estudo do Problema Florestal da Guiné Portuguesa (Mário Beja Santos)
Queridos amigos,
Prossegue a saga de procurar sintetizar o que de mais relevante se pode encontrar nas centenas de páginas de entrevistas incorporadas no livro “O Meu Testemunho”, de Aristides Pereira.
É uma rara oportunidade de ouvir dirigentes e combatentes da primeira linha, habitualmente silenciosos ou remetidos discretamente na sombra. Discorde-se, ou não, de Ana Maria Cabral, o seu olhar sobre aqueles tempos de Conacri e o complô em marcha não pode ser iludido. Como mais tarde iremos ouvir Rafael Barbosa, aquele que eu considero a personagem mais fascinante depois de Amílcar Cabral, nada conheço de tão intrigante, com tal aura de mistério, muito provavelmente não teremos possibilidade de esclarecer os envolvimentos em que andou metido, as conspirações que patrocinou.
Um abraço do
Mário
O testemunho de Aristides Pereira* (4):
Ana Maria Cabral na primeira pessoa
Beja Santos
O aspecto mais extravagante de “O Meu Testemunho”, de Aristides Pereira, é que o elenco de entrevistas possui mais relevância que as lembranças do autor até ao fim da luta armada e a chegada da independência da Guiné-Bissau e Cabo Verde. Honra lhe seja feita, o seu documento esclarece de uma vez por todas a luminosidade e o papel fulcral desempenhado por Cabral: não há um só documento, não há uma só entrevista, não há um só discurso, não há uma só tomada de posição política onde Amílcar Cabral não esteja presente, desde a concepção à acção. O PAIGC é a sua emanação, nenhum dos outros dirigentes revelou dotes de inteligência, finura de espírito, concepção estratégica que se aproximasse minimamente da teoria e da prática de Cabral. E Aristides Pereira, do cimo da sua modéstia, nunca ilude essa realidade.
Muitos são os entrevistados que acompanham o seu testemunho, mulheres e homens por vezes altamente motivados e, por esta ou aquela razão, pesaram na história do PAIGC: É caso de Adriano Brito, o comandante Agnelo Dantas (que combateu na Frente Leste, assistiu à retirada de Madina do Boé), Alpha Abdoulay e Djallo, que foi Ministro dos Negócios Estrangeiros de Sékou Touré, Amélia Araújo (animadora e locutora da Rádio Libertação), Ana Maria Cabral (segunda mulher de Amílcar Cabral e que presenciou o seu assassínio) e Aristides Pereira. Neste apontamento, não se pode ir mais longe.
Ana Maria Cabral nasceu Canchungo, em 1941. Começa por referir o espírito unitário de Cabral em torno da luta dos movimentos de libertação de Angola, Guiné e Moçambique. Em 1966, Ana Maria chega a Conacri e vai trabalhar na Escola Piloto. Questionada sobre o ritmo frenético em que vivia Cabral, ela responde: “Acho que ele sabia que era um elemento estranho ou insuportável para o equilíbrio de África. As grandes potências que mandam no mundo não podiam suportar que alguém, um preto, tentasse sair desses esquemas e ser verdadeiramente independente. Não podiam aceitar que Cabral fosse sério, inteligente e muito honesto”. E elogia igualmente a sua capacidade metódica de corredor de fundo: “Ele quis que primeiramente se fizesse a mobilização durante três anos par que a população soubesse e percebesse bem o que era a colonização. Recordo-me do primeiro jornalista ou cineasta francês que esteve nas áreas libertadas. Em Conacri ele contou-me que ao chegar a uma tabanca as pessoas, e principalmente as crianças fugiam porque nunca tinham visto um branco. Isto nos anos 60!”.
Sobre o ambiente de mal-estar que se vivia em Conacri antes do assassinato de Cabral, Ana Maria observa: “O ambiente já estava minado, todos nós sentíamos isso. Cabral teve muito pouca ajuda de todos nós. Cabral mandou construir uma cantina para todos, onde todos pudessem tomar as suas refeições, exactamente porque se apercebeu de que ali, em Conacri, o grosso eram camponeses e lumpens de Bissau e uma minoria pequeno-burguesa. Havia a tendência de se formarem grupos consoante as classes existentes. Os da pequena burguesia não se sentiam bem na mesma cantina com os outros e por isso cada vez se afastavam mais… Fomos nós da pequena burguesia que contribuímos para que os agentes de Spínola encontrassem terreno apropriado para a conspiração. Por isso mesmo é que após o assassínio de Cabral muita dessa gente foi afastada para outros sítios. Para limpar Conacri de tantas intriguinhas e desmobilização”. Leopoldo Amado pergunta-lhe sobre a existência de uma clivagem entre guineenses e cabo-verdianos, ao que a entrevistada responde afirmativamente, responsabilizando certos cabo-verdianos ou guineenses por estarem dominados pela consciência de classe: “Foi esta classe de guineenses e de cabo-verdianos que não soube compreender as ideias de Cabral e que ajudou a preparar o caminho para os agentes de Spínola”.
Depois descreve minuciosamente os acontecimentos da noite de 20 de Janeiro de 1973, ela estava ao lado do marido quando se deu o assassinato. Interrogada sobre o número de conspiradores, ela observa: “Ouvi todas as cassetes, porque a comissão de inquérito do PAIGC gravou tudo e o camarada Aristides deu ordem para que eu ficasse com elas. Fiz a transcrição de todas elas e, realmente, o único grupo que tentou apurar a verdade foi o do Fidélis Almada… Depois da independência é que eu devolvi essas cassetes todas ao Buscardini. Hoje, alguns de nós dizem que se desfizeram rapidamente e de propósito dos conspiradores! Pode ser que em relação a alguns, sim. A verdade é que, com os combatentes e a população a pressionar a comissão de inquérito não havia condições para se fazer bons julgamentos”.
A entrevista que Leopoldo Amado faz a Aristides Pereira é também bastante importante, não dá para entender como certas observações são escamoteadas do testemunho e aparecem aqui isoladas. As reminiscências da infância e da juventude são úteis para entender aquele espaço e aquele tempo. As malhas da rede que se formou, por vezes inconscientemente, em torno dos grupos independentistas que foram emergindo em Bissau, ainda nos anos 50. O mesmo Aristides que protesta contra os caluniadores e maldizentes em torno da unidade Guiné-Cabo Verde é o mesmo que após a morte de Amílcar Cabral e quando se punha a questão sensível da liderança diz textualmente a propósito de uma pergunta em que se refere que Fidélis Almada fizera a proposta para que Nino Viera viesse a ser o secretário-geral do PAIGC: “Quando discutimos a sucessão de Cabral, muitos guineenses não foram apenas movidos pelo anti-caboverdianismo. O Fidélis foi o porta-voz de toda uma corrente de dirigentes guineenses que estavam com receio que com a continuação de um fulano, ao mais alto nível, de origem cabo-verdiana ou cabo-verdiano, na direcção, significasse a destruição do partido ou desse num outro assassinato”.
É uma entrevista incontornável, pelos elementos aduzidos, para se entender o desempenho da direcção do PAIGC em Conacri, para se perceber as inúmeras dificuldades que impediram a organização da luta armada nas ilhas de Cabo Verde. A interpretação que Aristides dá sobre o assassinato de Cabral tem a ver com o anúncio e os preparativos da independência unilateral. Aristides deplora que em 1972 não se tivesse feito a reunião do Conselho Superior de Luta que era a oportunidade para denunciar os conspiradores. Descreve a ira de Sékou Touré quando soube das negociações entre o PAIGC e o I Governo Provisório.
Retomaremos este conjunto de entrevistas começando por Gérard Challiand (entrevista conduzida por Iva Cabral), Indrissa Sow, que foi embaixador da Guiné-Bissau em Conacri, Manuel dos Santos (Manecas, que depois de 1973 dirigiu o grupo de artilharia de mísseis, segue-se uma carta de Oscar Oramas a Aristides Pereira e, por último, ouve-se o depoimento de Osvaldo Lopes da Silva que foi comandante da artilharia na frente Leste e Sul da Guiné, tendo participado no assalto a Guileje.
(Continua)
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Notas de CV:
(*) Vd. poste de 3 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8209: Notas de leitura (235): O Meu Testemunho, uma luta, um partido, dois países, por Aristides Pereira (3) (Mário Beja Santos)
Vd. último poste da série de 13 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8266: Notas de leitura (238): Estudos, Ensaios e Documentos - Contribuição para o Estudo do Problema Florestal da Guiné Portuguesa (Mário Beja Santos)
Guiné 63/74 - P8285: Tabanca Grande (284): Manuel José Moreira de Castro, Soldado da CCAÇ 2315/BCAÇ 2835 (Guiné, 1968/69)
1. Mensagem, com data de 13 de Maio de 2011, da nossa amiga Arminda Castro, filha do nosso camarada Manuel José Moreira de Castro, Soldado da CCAÇ 2315/BCAÇ 2835 que esteve em Bula, Binar, Mansoa, Bissorã e Mansabá nos anos de 1968/69:
Boa tarde,
Sou filha do ex-combatente da Guiné, Manuel José Moreira de Castro.
Meu pai relata muitas vezes acontecimentos vividos na Guiné aos quais nunca fiquei indiferente pois sei que foi a realidade desse tempo. Hoje em dia, a minha geração (79) poderá ter uma pequena noção do que se passou, apenas por relatos dos nossos pais ou através de informação na internete pois começa haver alguma "procura" de perceber o que realmente foi a guerra de ultramar.
Sinto que quando o meu pai fala desse tempo parece ficar um pouco mais "aliviado", chamamos nós um aliviar de memórias pois perder camaradas como foi o caso, mesmo ao lado dele, não é fácil para ninguém!
No Verão passado ele falou-me de uns camaradas do qual perdeu o rasto e que gostaria de encontrar. Comecei a pesquisar na net e encontrei um site: http://ultramar.terraweb.biz/index.htm onde coloquei um anúncio dos camaradas que meu pai gostaria de reencontrar. Passo a referir pois até agora ainda não tivemos noticias de António Dias de Almeida, de Moimenta da Beira, e José Figueiredo Oliva, ambos da Companhia de Caçadores 2315, e também Evaristo Pinto, de Vila Nova de Gaia, da Companhia de Caçadores 2316.
Foi através deste site que descobri o vosso endereço e tenho vindo acompanhar diariamente o vosso blogue, pelo qual vos felicito por esta oportunidade de divulgaçao dos camaradas.
Falei com o meu pai se gostaria de entrar para a Tabanca Grande (pois estas novas tecnologias não são muito com ele), e que para isso teria de "relatar" um acontecimento e enviar algumas fotos desse tempo e também atuais.
Ele contou um, dos muitos acontecimentos vividos e também deu-me algumas fotos desse tempo para enviar para o sr. Luis Graça, mas ainda falta a foto dele atual, prometo que em breve lhe envio.
Em anexo envio então o respectivo acontecimento e as fotos.
Respeitosos cumprimentos,
Arminda Castro
**********
2. Um bem-haja a todos os camaradas deste blogue e também a todos os que seguem estas recordações através deste meio de comunicação.
- Assentámos praça no GACA 3, em Espinho, depois seguimos para o RI 15, em Tomar, onde fomos mobilizados para servir no Comando Territorial Independente da Guiné, em 1967, integrados no 4.º Pelotão da Companhia de Caçadores 2315 do Batalhão de Caçadores 2835.
- A 17 Janeiro de 1968 chegamos à Guiné. Fizemos várias Operações em Bula, Binar, Mansoa, Bissorã, Mansabá.
Vou contar um acontecimento que ocorreu em 30 de Setembro de 1968.
Quando íamos para Cutia para manter segurança no destacamento, fomos atacados por um grupo IN numa emboscada montada das duas partes. Nessa altura sofremos uma baixa, o camarada Daniel Ferreira da Costa e vários feridos entre os quais o alferes Monteiro, o Gravoa (que já faz parte da Tabanca Grande) e outros mais camaradas.
Regressámos a Cutia, onde mantivemos a segurança ao destacamento.
Ao longo do tempo, um camarada nosso padeiro da Companhia, por motivo de doença teve que baixar ao hospital e nessa altura o Comandante do Pelotão perguntou se havia alguém que soubesse fazer pão. Não hesitei e respondi que sabia (por acaso já tinha uma pequena experiência) e assim fui para padeiro juntamente com o meu camarada António Neto. Durante um mês lá fui fazendo o pão, pequenos, grandes mas bem cozidos! Entretanto regressamos a Mansoa.
Mais acontecimentos se passaram bons e maus, mas todos nós sabemos que foram alturas muito difíceis.
[Fotos e texto de Manuel Moreira de Castro]
3. Comentário de CV:
Cara amiga Arminda
Muito obrigado por ajudar o seu pai a entrar em contacto connosco. Temos muito prazer em que ele faça parte da nossa Tabanca, e que por seu intermédio nos conte as suas memórias de um tempo muito complicado.
Contamos consigo como elo de ligação entre o seu pai e nós.
Para si um abraço destes velhotes que a consideram como filha.
Caro camarada Manuel
Repito o que disse à tua filha, muito obrigado por te juntares a nós. Continua a mandar as tuas fotos e as tuas memórias que ficarão aqui publicadas.
Conheci muito bem Mansabá onde estive 22 meses. A Mansoa íamos duas vezes por semana buscar o nosso precioso correio e era local de passagem quando íamos a Bissau. A Bissorã só fui uma vez.
Na verdade aquela estrada Mansoa/Cutia/Mansabá deixou más recordações a muitas Companhias, porque ali foram ceifadas muitas vítimas em emboscadas às colunas auto, principalmente. A minha Companhia perdeu em Mamboncó dois militares.
Já pedi à tua filha para ser o teu apoio já que na informática estarás menos à vontade.
Procurei na página do nosso camarada Jorge Santos em: http://guerracolonial.home.sapo.pt/ e encontrei lá três pedidos de contactos do teu Batalhão que podes explorar como início de busca dos teus camaradas. Toma nota:
- Sérgio Monteiro da CCS - Telem 926 707 779
- Santos da CCAÇ 2316 - 962 554 192
- Joaquim Soares da CCAÇ 2317 - 225 361 952 e 222 000 200
Caro Manuel, deixo-te um abraço de boas vindas em nome da tertúlia.
Carlos Vinhal
OBS:- Só para efeito de registo, confirma se o teu posto foi Soldado.
____________
Nota de CV:
Vd. último poste da série de 16 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8281: Tabanca Grande (283): NI (Maria Dulcineia Rocha), esposa do nosso camarada Henrique Cerqueira, que com o filhote de ambos se pôs a caminho de Bissorã onde fez companhia ao marido nos anos de 1973 e 1974
Boa tarde,
Sou filha do ex-combatente da Guiné, Manuel José Moreira de Castro.
Meu pai relata muitas vezes acontecimentos vividos na Guiné aos quais nunca fiquei indiferente pois sei que foi a realidade desse tempo. Hoje em dia, a minha geração (79) poderá ter uma pequena noção do que se passou, apenas por relatos dos nossos pais ou através de informação na internete pois começa haver alguma "procura" de perceber o que realmente foi a guerra de ultramar.
Sinto que quando o meu pai fala desse tempo parece ficar um pouco mais "aliviado", chamamos nós um aliviar de memórias pois perder camaradas como foi o caso, mesmo ao lado dele, não é fácil para ninguém!
No Verão passado ele falou-me de uns camaradas do qual perdeu o rasto e que gostaria de encontrar. Comecei a pesquisar na net e encontrei um site: http://ultramar.terraweb.biz/index.htm onde coloquei um anúncio dos camaradas que meu pai gostaria de reencontrar. Passo a referir pois até agora ainda não tivemos noticias de António Dias de Almeida, de Moimenta da Beira, e José Figueiredo Oliva, ambos da Companhia de Caçadores 2315, e também Evaristo Pinto, de Vila Nova de Gaia, da Companhia de Caçadores 2316.
Foi através deste site que descobri o vosso endereço e tenho vindo acompanhar diariamente o vosso blogue, pelo qual vos felicito por esta oportunidade de divulgaçao dos camaradas.
Falei com o meu pai se gostaria de entrar para a Tabanca Grande (pois estas novas tecnologias não são muito com ele), e que para isso teria de "relatar" um acontecimento e enviar algumas fotos desse tempo e também atuais.
Ele contou um, dos muitos acontecimentos vividos e também deu-me algumas fotos desse tempo para enviar para o sr. Luis Graça, mas ainda falta a foto dele atual, prometo que em breve lhe envio.
Em anexo envio então o respectivo acontecimento e as fotos.
Respeitosos cumprimentos,
Arminda Castro
**********
2. Um bem-haja a todos os camaradas deste blogue e também a todos os que seguem estas recordações através deste meio de comunicação.
- Assentámos praça no GACA 3, em Espinho, depois seguimos para o RI 15, em Tomar, onde fomos mobilizados para servir no Comando Territorial Independente da Guiné, em 1967, integrados no 4.º Pelotão da Companhia de Caçadores 2315 do Batalhão de Caçadores 2835.
- A 17 Janeiro de 1968 chegamos à Guiné. Fizemos várias Operações em Bula, Binar, Mansoa, Bissorã, Mansabá.
Vou contar um acontecimento que ocorreu em 30 de Setembro de 1968.
Quando íamos para Cutia para manter segurança no destacamento, fomos atacados por um grupo IN numa emboscada montada das duas partes. Nessa altura sofremos uma baixa, o camarada Daniel Ferreira da Costa e vários feridos entre os quais o alferes Monteiro, o Gravoa (que já faz parte da Tabanca Grande) e outros mais camaradas.
Regressámos a Cutia, onde mantivemos a segurança ao destacamento.
Ao longo do tempo, um camarada nosso padeiro da Companhia, por motivo de doença teve que baixar ao hospital e nessa altura o Comandante do Pelotão perguntou se havia alguém que soubesse fazer pão. Não hesitei e respondi que sabia (por acaso já tinha uma pequena experiência) e assim fui para padeiro juntamente com o meu camarada António Neto. Durante um mês lá fui fazendo o pão, pequenos, grandes mas bem cozidos! Entretanto regressamos a Mansoa.
Mais acontecimentos se passaram bons e maus, mas todos nós sabemos que foram alturas muito difíceis.
Navio "Quanza" onde seguiu a CCaç 2315 para a Guiné
Foi no navio "Uíge" que a CCaç 2315 regressou a Portugal
Um cartão de Boas Festas
Armamento apreendido ao inimigo
Manuel Castro, com uma bazuca
Manuel Castro, com uma metralhadora Dryse
Manuel Castro e o seu camarada Gomes
Abrigo subterrâneo em Buruntuma
[Fotos e texto de Manuel Moreira de Castro]
3. Comentário de CV:
Cara amiga Arminda
Muito obrigado por ajudar o seu pai a entrar em contacto connosco. Temos muito prazer em que ele faça parte da nossa Tabanca, e que por seu intermédio nos conte as suas memórias de um tempo muito complicado.
Contamos consigo como elo de ligação entre o seu pai e nós.
Para si um abraço destes velhotes que a consideram como filha.
Caro camarada Manuel
Repito o que disse à tua filha, muito obrigado por te juntares a nós. Continua a mandar as tuas fotos e as tuas memórias que ficarão aqui publicadas.
Conheci muito bem Mansabá onde estive 22 meses. A Mansoa íamos duas vezes por semana buscar o nosso precioso correio e era local de passagem quando íamos a Bissau. A Bissorã só fui uma vez.
Na verdade aquela estrada Mansoa/Cutia/Mansabá deixou más recordações a muitas Companhias, porque ali foram ceifadas muitas vítimas em emboscadas às colunas auto, principalmente. A minha Companhia perdeu em Mamboncó dois militares.
Já pedi à tua filha para ser o teu apoio já que na informática estarás menos à vontade.
Procurei na página do nosso camarada Jorge Santos em: http://guerracolonial.home.sapo.pt/ e encontrei lá três pedidos de contactos do teu Batalhão que podes explorar como início de busca dos teus camaradas. Toma nota:
- Sérgio Monteiro da CCS - Telem 926 707 779
- Santos da CCAÇ 2316 - 962 554 192
- Joaquim Soares da CCAÇ 2317 - 225 361 952 e 222 000 200
Caro Manuel, deixo-te um abraço de boas vindas em nome da tertúlia.
Carlos Vinhal
OBS:- Só para efeito de registo, confirma se o teu posto foi Soldado.
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Nota de CV:
Vd. último poste da série de 16 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8281: Tabanca Grande (283): NI (Maria Dulcineia Rocha), esposa do nosso camarada Henrique Cerqueira, que com o filhote de ambos se pôs a caminho de Bissorã onde fez companhia ao marido nos anos de 1973 e 1974
segunda-feira, 16 de maio de 2011
Guiné 63/74 - P8284: História da CCAÇ 2403 (Hilário Peixeiro) (2): Actividade da CCAÇ 2403 e participação na Operação Mabecos Bravios
1. Segunda parte da publicação da História (resumida) da CCAÇ 2403/BCAÇ 2851, Nova Lamego, Piche, Fá Mandinga, Olossato e Mansabá, 1968/70), envida pelo seu Comandante, ex-Cap Mil Hilário Peixeiro*, actualmente Coronel na situação de Reforma.
História (resumida) da CCaç 2403 – Guiné 1968/70 (2)
Actividade da CCAÇ 2403 e participação na Operação Mabecos Bravios
Na sua missão de intervenção a Companhia foi ocupar o quartel de Canjadude para libertar as Companhias locais para uma Operação na respectiva zona de acção. Imediatamente a seguir ao regresso marchou para Piche para, juntamente com a CCav local, efectuar uma Operação junto ao rio Corubal, que ali fazia a fronteira com a República da Guiné, onde dias antes 2 GComb dessa Companhia tinham sido fortemente atacados e forçados a retroceder para o quartel.
A CCav participava com 3 GComb e a CCaç 2403 com os seus 4. Em termos de Oficiais deviam estar presentes 4 da CCav e 5 da CCaç: 2 Capitães e 7 Alferes. Ia ser, quase de certeza, o baptismo de fogo da CCaç. A CCav não tinha o Capitão por problemas de saúde e só levava 2 Alferes, o Tiago Mouzinho e o Ramos; a CCaç tinha o Capitão e o Alferes Tavares porque ainda não tinha recebido os substitutos dos que faltaram ao embarque e o Alferes Brandão manifestou-se psicologicamente incapaz de comandar o seu GComb.
Ao atingir o local, onde dias antes tinha sido o contacto com o IN, a CCav sofreu uma emboscada que lhe provocou 1 morto no primeiro tiro disparado com RPG. Imediatamente a seguir entraram em acção os morteiros 82, cujas saídas das granadas eram perfeitamente audíveis. A CCaç 2403, que pela primeira e última vez se fez acompanhar de um morteiro 81, abriu fogo sobre a posição bem referenciada dos do IN, o que, segundo informação do Aferes Mouzinho, acabou com o ataque dos morteiros IN. No entanto o combate com armas ligeiras ainda se manteve por bastante tempo. Apesar da utilidade do morteiro 81 nesta acção, revelou-se impraticável sobrecarregar o pessoal com esta arma quando já estava bem carregado com a sua arma, mais munições, água, ração de combate e as granadas para as bazucas e morteiro 60. Foi o maior contacto da Companhia com o IN.
O Comando-Chefe resolveu repetir novamente a Operação no mesmo local, uma semana depois, com a CCaç 2403, a CCaç 2401, a CCaç de Cabuca e a CCav (esta em protecção do Pel Artª de Piche instalado a distância apropriada para apoiar a Operação. Para comandante da Operação ( “Relâmpago”) foi nomeado o Major Fabião, de todos conhecido, que se deslocou junto da 2403.
A CCaç 2401 foi atacada por armas pesadas localizadas na República da Guiné sofrendo 2 mortos. A aviação (T6) atacou a zona de actuação do IN e a Artilharia disparou dezenas de granadas de apoio às Companhias e sobre as posições do IN no outro lado da fronteira, causando, segundo informações posteriores da população, grande numero de baixas quer de guerrilheiros quer de civis da Guiné Conacry. A Companhia participou com os mesmos 2 oficiais, pelos mesmos motivos.
O Cmdt da Companhia com três Alferes, da direita para a esquerda: Amaral e Caria (acabados de chegar) e Tavares
Após regresso a Nova Lamego apresentaram-se os 2 Alferes em falta, o Amaral e o Caria, o primeiro muito alto e o segundo baixote. Mais tarde, o Fur Mil Enfº Viriato, requisitado para o Hospital Militar de Bissau, foi substituído pelo Fur Mil Enfº Diamantino, natural da Guiné.
O Capitão recebeu ordem para se deslocar para Piche para coordenar a actividade operacional da CCav, mantendo-se a 2403 em Nova Lamego. Nessa situação, apesar de ter sido promovido apenas 4 meses antes e estar na sua primeira comissão, ficou com cerca de 600 homens sob o seu comando: as 2 Companhias, 1 Pel Art, 1 Pel Rec Fox, 1 Sec de Mort Med, 1 Sec Can S/R e dois Pelotões de Milicias.
Como estava em Piche e a Companhia estava em Nova Lamego, tinha que se deslocar 2/3 vezes por semana entre as duas localidades. Num dos regressos a Piche a coluna, composta por uma dúzia de viaturas, escoltada pelo Pel Fox (1 Auto Met Daimler (Fur Mil Caldas), 1 GMC com 1 Sec de Atir e 1 Auto Metr Fox) comandado pelo Alf Mil Gordo, sofreu a primeira emboscada montada naquele itinerário. A Fox que seguia na frente, foi incendiada por uma granada de RPG7 morrendo os dois elementos da guarnição que iam no seu interior. O Alf Mil Gordo que ia na torre, no exterior, caiu no capim que lhe deu cobertura para não ser encontrado pelos guerrilheiros.
Dias depois o Cap. e alguns Furriéis entraram de licença e quando regressaram, nas vésperas de Natal, já a CCav de Piche tinha sido rendida por um BArt, recém-chegado. O Natal foi passado em Nova Lamego com toda a Companhia reunida. No dia 25 um grupo de “homens grandes” das tabancas vizinhas, foi desejar um bom Natal à Companhia, tocando o Hino Nacional com os seus instrumentos, em que se destacava a Cora.
Natal de 1968 em Nova Lamego (Gabú)
Durante o mês de Janeiro tiveram lugar os preparativos e reconhecimentos na zona do Boé, com vista à Operação de evacuação de Madina do Boé, denominada “Mabecos Bravios”. Para além da CCaç 1790, local, comandada pelo Cap Aparício participaram na operação outras 6 Companhias. A 2 de Fevereiro a CCaç 2403, com 3 GComb (o do Alf Mil Brandão não participou por decisão do Cmdt do Batalhão de Nova Lamego a quem pediu para não interromper os trabalhos de reordenamento em que estava empenhado), deslocou-se para Canjadude e depois para o Cheche onde chegou já no final do dia, transportada nas viaturas destinadas ao transporte, no regresso, dos materiais da CCaç 1790 e da população de Madina. Desta vez todos os GComb eram comandados pelos respectivos Alferes.
Em Canjadude onde as tropas se reuniram para o início, propriamente dito, da Operação. À esquerda os pilotos da FAP Cap. Nico (filmando) e o Sarg. Honório e o Cmdt da Operação Cor Felgas.
Juntamente com a CCaç 2405, do Cap Jerónimo, atravessou o Corubal numa das jangadas, recém-construídas para o efeito, indo cada uma ocupar as colinas que flanqueavam a estrada para Madina, á esquerda e á direita. Quando as Companhias se separaram, já noite fechada, o IN lançou 2 granadas de morteiro sobre a estrada, sem consequências o que, 15/20 minutos antes, poderia ter tido resultados bem diferentes. Na manhã seguinte as Companhias seguiram, apeadas, rumo a Madina, sempre sobrevoadas por 1 T6 ou 1 DO até ao final do dia.
Com o Sarg. Honório (cabo-verdiano) sempre presente
A meio da manhã houve um reabastecimento de água, planeado e, mais à frente, não planeado, um fortíssimo ataque de abelhas à CCaç 2405 que deu origem à evacuação de alguns homens no heli do Comandante da Operação, Cor Felgas, que aterrara entretanto.
A evacuação com protecção do Heli-canhão
Este contratempo provocou grande atraso na coluna e a certa altura o efeito do calor e das abelhas fez-se sentir mais acentuadamente sobre a CCaç 2405, tendo a CCaç 2403, que ia na retaguarda, passado para a frente com o intuito de pedir a Madina reabastecimento de água para o pessoal mais atrasado que estivesse em dificuldades. Quando, cerca de 10 minutos depois, um GComb se preparava para sair do quartel, chegou a outra Companhia.
Reparação de GMC (rebocada) e sem paragem da coluna
Viaturas destruídas por minas ou em emboscadas, encontradas durante o deslocamento
Enquanto o pessoal foi instalado os Capitães receberam do Comandante a missão para o dia seguinte que consistia na ocupação dos morros que se estendiam a sul de Madina entre esta e a República da Guiné.
Quando se fez dia o pessoal ficou surpreendido com o cabeço a que Madina estava encostada e os que a rodeavam. Eram autênticas “montanhas” na Guiné, onde tudo era plano. As Companhias ocuparam as elevações que lhes foram indicadas e aí permaneceram nesse dia enquanto as viaturas chegaram e no dia seguinte enquanto se procedeu ao seu carregamento com os materiais da guarnição e da população civil que ia ser deslocada para Nova Lamego. No dia 6, logo que se fez dia, deslocaram-se para a coluna que já se encontrava em movimento a caminho do Cheche, assumindo a segurança dos flancos e retaguarda. Antes de atingir o rio Corubal a coluna ainda foi alvo de mais um feroz ataque de abelhas que só provocou, como vítimas, a morte de dois cães da população.
As viaturas e pessoal foram atravessando o rio até só restarem as 2 Companhias e parte da CCaç 1790 de Madina. Comandava a Operação de carregamento da jangada o Cap. Aparício. Na penúltima travessia foram transportadas a CCaç 2403 e parte da CCaç 2405, tendo a primeira recebido imediatamente ordem do Cor Felgas para montar a segurança do flanco esquerdo da coluna que partiria, logo que pronta, rumo a Canjadude.
Imagens das jangadas com a CCaç 2403 a embarcar para a última travessia antes da tragédia
Para a última travessia, seria embarcado o pessoal que restava das CCaç 2405 e CCaç 1790, muito menos de 100 homens. Enquanto se aguardava a chegada do pessoal que faltava para a coluna se pôr em marcha foram disparadas 1 ou 2 granadas das armas pesadas do Destacamento do Cheche. Pouco depois surgiu um soldado a correr em direcção ao rio, a chorar, dizendo que a jangada se havia virado e que muita gente tinha caído à água no meio do rio. Através do rádio do Capitão foi ouvido o Cor Felgas em comunicação com o General Spínola, que não esteve no local, dizendo que havia muitos homens desaparecidos no rio. Com grande atraso em relação à hora prevista, a coluna iniciou o deslocamento para Canjadude onde pernoitou.
No dia seguinte chegou a Nova Lamego, onde o Comandante-Chefe falou às tropas participantes na Operação.
(Continua)
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Nota de CV:
Vd. primeiro poste da série de 14 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8273: História da CCAÇ 2403 (Hilário Peixeiro) (1): Deslocação para a Guiné e chegada a Nova Lamego
Guiné 63/74 - P8283: (In)citações (30): Humberto, é hora de sofreres, uma vez mais, mas é hora também de olhares em frente e pensares que a tua Teresa há-de gostar, no além, se existe, que não esmoreças (Paulo Salgado)
1. Mensagem Paulo Salgado, nosso camarada e amigo, a trabalhar e a viver neste momento em Angola, com a sua São, e também ele um homem Op Esp, tal como o Humberto, tendo sido Alf Mil na CCAV 2721,Olossato e Nhacra, 1970/72) [, foto à direita,]... Fez questão de me pedir expressamente que eu a fizesse chegar ao Humberto, do dia do funeral da Teresa (*):
Enviada: segunda-feira, 16 de Maio de 2011 07:46
Assunto: Vida-morte
Estimados Camaradas deste Blogue
Quantas mulheres choraram, quantas, na espera silenciosa do regresso dos seus queridos, oraram pelo regresso dos seus "heróis"…Não conheci – pena a minha! – esta Mulher, a Teresa. Mas sei imaginar o quanto representará para o Humberto! Muitos de nós sabem reconhecer o quanto representaram essas queridas mulheres, para os que já haviam casado, para os que namoravam, mesmo para aqueles que apenas tinham uma "madrinha de guerra" ou uma simples correspondente – elas ajudaram, tanto, a sonhar com o regresso. Eu sei o que isso representa.
Para ti, Humberto, um abraço de camaradagem e de carinho. É hora de sofreres, uma vez mais, mas é hora também de olhares em frente e pensares que a tua Teresa há-de gostar, no além, se existe, que não esmoreças.
Paulo Salgado
(**)
Lisboa > Casa do Alentejo > 26 de Maio de 2007 > Encontro do pessoal de Bambadinca 1968/71 > O madeirense José Luís Vieira de Sousa, ex-Fur Mil At Inf, CCAÇ 12, com a esposa e com a saudosa Teresa, esposa do Humberto Reis (dessa vez ausente na Suécia, em viagem de negócios; de facto, o Humberto Reis falhou nesse ano, pela primeira vez, o encontro do pessoal de Bambadinca 1968/71, que já se vinha realizando desde 1994; mas todos/as os/as participantes logo concordaram que ele esteve impecavelmente bem representado pela esposa, Teresa, que, além de grande senhora, era uma santa (todos/as concordando que, em Portugal ou na diáspora, não era/não é fácil ser companheira... de um camarada da Guiné).
Foto (e legenda): © Luís Graça (2007). Todos os direitos reservados.
15 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8279: In Memoriam (78): Teresa Reis (1947-2011), companheira de uma vida do nosso querido Humberto Reis: vamos dizer-lhe adeus, 2ª feira, 16, às 13h30 (na casa mortuária da Igreja Paroquial da Buraca) e às 14h30 no cemitério municipal da Amadora
Enviada: segunda-feira, 16 de Maio de 2011 07:46
Assunto: Vida-morte
Estimados Camaradas deste Blogue
Quantas mulheres choraram, quantas, na espera silenciosa do regresso dos seus queridos, oraram pelo regresso dos seus "heróis"…Não conheci – pena a minha! – esta Mulher, a Teresa. Mas sei imaginar o quanto representará para o Humberto! Muitos de nós sabem reconhecer o quanto representaram essas queridas mulheres, para os que já haviam casado, para os que namoravam, mesmo para aqueles que apenas tinham uma "madrinha de guerra" ou uma simples correspondente – elas ajudaram, tanto, a sonhar com o regresso. Eu sei o que isso representa.
Para ti, Humberto, um abraço de camaradagem e de carinho. É hora de sofreres, uma vez mais, mas é hora também de olhares em frente e pensares que a tua Teresa há-de gostar, no além, se existe, que não esmoreças.
Paulo Salgado
(**)
Lisboa > Casa do Alentejo > 26 de Maio de 2007 > Encontro do pessoal de Bambadinca 1968/71 > O madeirense José Luís Vieira de Sousa, ex-Fur Mil At Inf, CCAÇ 12, com a esposa e com a saudosa Teresa, esposa do Humberto Reis (dessa vez ausente na Suécia, em viagem de negócios; de facto, o Humberto Reis falhou nesse ano, pela primeira vez, o encontro do pessoal de Bambadinca 1968/71, que já se vinha realizando desde 1994; mas todos/as os/as participantes logo concordaram que ele esteve impecavelmente bem representado pela esposa, Teresa, que, além de grande senhora, era uma santa (todos/as concordando que, em Portugal ou na diáspora, não era/não é fácil ser companheira... de um camarada da Guiné).
Foto (e legenda): © Luís Graça (2007). Todos os direitos reservados.
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Notas de L.G.:
(*) Vd. poste de
(**) Último poste da série > 25 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7998: (In)citações (32): Rádio Sol Mansi, com sede em Mansoa, ligada à Igreja Católica (diocese de Bissau e Bafatá), quer entrevistar antigos combatentes, portugueses e do PAIGC
Guiné 63/74 - P8282: Em Busca de ... (162): Dois camaradas do 15º Pel Art (Guileje e Gadamael, 1972/74): Alf Mil Fortes, e 1º Cabo Neto, naturais de Lisboa e Santo Tirso, respectivamente (Luís Paiva)
1.Mensagem, de 13 do corrente, enviada pelo nosso camarada Luis Paiva (ex-Fur Mil Art, 15.º Pel Art, Guileje e Gadamael, 1972/73):
Caro Luís Graça:
Muito grato ficaria se alguém pudesse prestar colaboração no sentido de descobrir o paradeiro de dois ex-elementos do 15º Pelart (Pelotão de Artilharia), afecto aos Gringos e/ou Piratas de Guileje (estes foram depois para Gadamael), companhias que ali estiveram estacionadas entre 1972 e 1974.
Os elementos que procuro são um ex-alferes, de nome Fortes, salvo erro, e um cabo de nome Neto. Não tenho a certeza do nome de ambos e parece que o ex-alferes era de Lisboa e o ex-cabo de Santo Tirso.
A Companhia dos Piratas de Guileje [, a CCAV 8350,] tem uma homenagem marcada, para o próximo 4 de Junho, ao furriel Faustino, falecido em combate em Gadamael em 1973, seguida de almoço, e eu gostaria de poder contactar os elementos acima referidos (a quem perdi o rasto há 38 anos) para os convidar para essa homenagem e almoço. A referida homenagem e almoço terão lugar em Amiais de Baixo, Santarém.
Toda a colaboração com vista a conseguirem-se informações dos ex-camaradas referidos, agradece-se.
Saudações cordiais.
Luís Paiva [, foto actual, à esquerda]
PS - Como não vou com frequência ao blogue, agradeço que as eventuais informações me sejam prestadas para o meu mail: nop45376@sapo.pt.
_____________
Nota do editor:
Último poste da série > 11 de Maio de 2011 >Guiné 63/74 - P8260: Em busca de... (160): Procuro Camaradas do BART 6522/72 - S. Domingos -, 1973/74 (Cláudia Colaço/José Marcelino Martins)
Caro Luís Graça:
Muito grato ficaria se alguém pudesse prestar colaboração no sentido de descobrir o paradeiro de dois ex-elementos do 15º Pelart (Pelotão de Artilharia), afecto aos Gringos e/ou Piratas de Guileje (estes foram depois para Gadamael), companhias que ali estiveram estacionadas entre 1972 e 1974.
Os elementos que procuro são um ex-alferes, de nome Fortes, salvo erro, e um cabo de nome Neto. Não tenho a certeza do nome de ambos e parece que o ex-alferes era de Lisboa e o ex-cabo de Santo Tirso.
A Companhia dos Piratas de Guileje [, a CCAV 8350,] tem uma homenagem marcada, para o próximo 4 de Junho, ao furriel Faustino, falecido em combate em Gadamael em 1973, seguida de almoço, e eu gostaria de poder contactar os elementos acima referidos (a quem perdi o rasto há 38 anos) para os convidar para essa homenagem e almoço. A referida homenagem e almoço terão lugar em Amiais de Baixo, Santarém.
Toda a colaboração com vista a conseguirem-se informações dos ex-camaradas referidos, agradece-se.
Saudações cordiais.
Luís Paiva [, foto actual, à esquerda]
PS - Como não vou com frequência ao blogue, agradeço que as eventuais informações me sejam prestadas para o meu mail: nop45376@sapo.pt.
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Nota do editor:
Último poste da série > 11 de Maio de 2011 >Guiné 63/74 - P8260: Em busca de... (160): Procuro Camaradas do BART 6522/72 - S. Domingos -, 1973/74 (Cláudia Colaço/José Marcelino Martins)
Guiné 63/74 - P8281: Tabanca Grande (283): Maria Dulcinea Rocha (NI), esposa do nosso camarada Henrique Cerqueira, que com o filhote de ambos se pôs a caminho de Bissorã onde fez companhia ao marido nos anos de 1973 e 1974
1. Recordemos parte do poste P3779* onde o nosso camarada Henrique Cerqueira (ex-Fur Mil do 4.º GCOMB/3.ª CCAÇ/BCAÇ 4610/72, Biambe e Bissorã, 1972/74) conta o modo como sua esposa, corajosamente, acompanhada do pequeno filho de ambos, meteu pés ao caminho e foi para Bissorã viver a guerra com o seu marido.
Ni, Mansoa, 1973/74
Aproveitando o desafio do nosso camarada Carlos Vinhal, vou então fazer aqui a descrição possível de como foi a vida da minha mulher (com e) na Guerra. Para além disso aproveito assim para lhe fazer uma merecida homenagem, porque foi necessário que ela tivesse muita coragem, abnegação, amor e também uma boa dose de aventureirismo, para tomar a atitude que tomou, ao se juntar a mim na Guiné, em pleno período de guerra e até na altura em que tudo começava a parecer caminhar para o abismo.
Quando informei o meu Comando da minha pretensão de chamar para junto de mim a minha mulher e meu filho Miguel de dois anos, fui desaconselhado.
Eu era um pouco rebelde e em todo aquele cenário de guerra a coisa que mais me custava era o afastamento da família, já que todas as outras dificuldades, bem conhecidas de todos nós, eram como de costume superadas, ora com umas pielas, ora com umas chatices com os superiores hieráticos, etc.
Para a falta da mulher e filho é que não havia nada que apaziguasse.
Ultrapassadas as desmotivações, há que passar à acção para concretizar o nosso desejo (meu e da minha mulher). Após as combinações telefónicas e escritas, marca-se a data para o encontro que virá a acontecer em finais de Setembro de 1973.
Há aqui que acrescentar, que esta decisão envolve um camarada e amigo meu que foi o Alferes Santos que estava também na CCAÇ 13 em Bissorã, e que já tinha estado comigo no Biambe, porque ambos pertencíamos ao BCAÇ 4610/72. De certo modo tínhamos em comum a maluqueira instalada nos nossos cérebros e pelos vistos ele foi mais maluco que eu, porque veio de férias à Metrópole, de propósito, para casar e como Núpcias ofereceu à sua novíssima esposa uma bela estadia em Bissorã, recheada de aventuras, tais como paludismo, mosquitos, osgas e até Guerra ao Vivo, mais à frente eu explico.
Mas voltando à minha Mulher de Guerra. Antes de historiar, vou começar por apresentá-la, pois que se publicares esta história, acho justo que conste o seu nome assim como o de meu filho. É que queira ou não, a minha MULHER DE GUERRA para além de todo o apoio sentimental que me proporcionou, fez história comigo porque passou por ter de enfrentar penosas viagens, instalações precárias, alimentação deficiente, mosquitos e dois ataques directos à nossa povoação, um dos quais com mísseis.
Ficou no entanto altamente enriquecida com o contacto que teve com as populações da Guiné e suas etnias, como libaneses e caboverdianos. Formámos uma amizade razoável com uma família libanesa e com o casal Administrador de Bissorã que eram de Cabo Verde.
O que mais me marcou tem a ver com os factos por mim já narrados no nosso Blogue, quando nos foi pedido que contássemos uma História de Natal e nessa eu tive o apoio incondicional da minha Mulher de Guerra. Quando tomei a decisão já narrada eu esperava que fosse enviado (recambiado) para a fronteira de castigo pelo atrevimento que tive de enfrentar o poder instalado, mas vá lá que os rapazes não foram mauzinhos e perdoaram cá o menino que nunca teve o espírito militar de que o meu respeitável Comandante me acusou, em direito de resposta, ao dito artigo de Natal.
A minha mulher manteve-se junto de mim, e mais uma vez faz história, ao sofrer um ataque no dia 31 de Dezembro de 1973 enquanto eu estava de prevenção, já que tínhamos ameaça de porrada o que veio a acontecer e ela cumpriu integralmente com as instruções por mim administradas. Enfiou-se no abrigo com o nosso filho mais o casal Santos e Zinha, enquanto eu andava como uma barata tonta a tentar organizar uma saída com o meu Grupo de Combate. Não esquecer da história de Natal, é que nesta altura cá o rapaz estava mal visto, só que continuava sendo um dos graduados daquele grupo que por acaso até estava de prevenção para um possível ataque. Enfim coisas que vida arranja, não é?
Mas íamos na barata tonta, ou seja baratas tontas, pois que passado o susto inicial era ver heróis a correr até ao arame, até Panhares foram ao arame. No entanto o meu Grupo saiu para o mato se bem que reforçado por mais pessoal da CCAÇ 13. Isto foi só um parêntesis, não resisti a uma provocaçãozinha, é que ainda dói.
A minha MULHER DE GUERRA ainda viveu mais umas histórias giras, tais como mais um ataque de mísseis e uma guerrita entre mim e o Comandante de Batalhão, por causa de um Furriel Guinéu que tinha o mau gosto de ser racista, isto já depois do 25 de Abril. A verdade é que ela também viveu lá essa data histórica e até teve o previlégio de, no dia em que eu tive o primeiro encontro com o PAIGC, durante uma picagem para o Olossato, em dia de reabastecimento, assistir a este encontro. Mais uma vez era cá o rapaz o protagonista e único graduado no primeiro contacto, após Abril e fim da guerra, teria mesmo de ser o menino mal visto. Está sempre em todas, olha se tivesse espírito militar!!!!)
A minha mulher foi depois comigo até ao ponto de encontro para confraternizar com o pessoal do PAIGC nesse memorável dia. Semanas mais tarde foi comigo passar um Domingo ao Biambe com os meus antigos Camaradas, mas isso dará outra história.
Bom, isto está mesmo a ficar longo e ainda não apresentei a minha MULHER DE GUERRA por tanto lá vai:
Nome de Guerra - NI
Nome próprio - MARIA DULCINEA ROCHA
Filho - MIGUEL NUNO, que tinha dois anos na altura
Embarcaram na TAP em finais de Setembro de 1973 até Bissau, de seguida seguiram comigo no interior de uma ambulância do Exército até Bissorã. Regressaram à Metrópole em 29 de Junho de 1974 tendo eu regressado em finais de Julho de 1974.
Carlos Vinhal tiveste um pouco de culpa por lançares este desafio, é que vieste lembrar algo que recordo com muito agrado e até dá vontade de escrever tintim por tintim, daí tanta escrita.
Envio algumas fotos da minha MULHER DE GUERRA em acção no Teatro de Guerra em Bissorã, Guiné, ano de 1973/1974.
Um abraço Carlos e restantes Tertulianos
Henrique Cerqueira
2. Comentário de CV:
É com grande alegria que hoje fazemos justiça ao integrarmos como nossa tertuliana uma mulher que deixou o conforto de sua casa, e acompanhada pelo seu rebento de 2 anos, se meteu a caminho da desconhecida Bissorã, algures no interior da Guiné, em guerra, para se juntar ao marido.
Estamos a falar da NI, a partir de hoje com direito a figurar na listagem do lado esquerdo da nossa página, entre os ex-combatentes e amigos do Blogue, onde se encontra a nossa amiga Regina que também visitou e viveu com o seu marido, Fernando Gouveia, em Bafatá.
Não podemos deixar de salientar o modo como o Henrique trata a sua esposa, a minha mulher de guerra.
Sendo assim, cara NI, bem-vinda à nossa caserna virtual e ao nosso Blogue que está disponível para receber a narrativa das suas aventuras passadas em Bissorã e Biambe, ali bem pertinho do Morés, famosa estância de férias da Guiné dos anos 60 e 70. Também andei por lá, sei do falo.
Cara amiga NI, a tertúlia recebe-a com um abraço.
Carlos Vinhal
____________
Notas de CV:
(*) Vd. poste de 23 de Janeiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3779: As nossas mulheres (7): Ni, uma combatente em Bissorã (1973/74) (Henrique Cerqueira)
Vd. último poste da série de 14 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8275: Tabanca Grande (282): Joaquim Rodero, ex-Fur Mil TRMS (STM/QG, 1970/72)
Ni, Mansoa, 1973/74
Aproveitando o desafio do nosso camarada Carlos Vinhal, vou então fazer aqui a descrição possível de como foi a vida da minha mulher (com e) na Guerra. Para além disso aproveito assim para lhe fazer uma merecida homenagem, porque foi necessário que ela tivesse muita coragem, abnegação, amor e também uma boa dose de aventureirismo, para tomar a atitude que tomou, ao se juntar a mim na Guiné, em pleno período de guerra e até na altura em que tudo começava a parecer caminhar para o abismo.
Quando informei o meu Comando da minha pretensão de chamar para junto de mim a minha mulher e meu filho Miguel de dois anos, fui desaconselhado.
Eu era um pouco rebelde e em todo aquele cenário de guerra a coisa que mais me custava era o afastamento da família, já que todas as outras dificuldades, bem conhecidas de todos nós, eram como de costume superadas, ora com umas pielas, ora com umas chatices com os superiores hieráticos, etc.
Para a falta da mulher e filho é que não havia nada que apaziguasse.
Ultrapassadas as desmotivações, há que passar à acção para concretizar o nosso desejo (meu e da minha mulher). Após as combinações telefónicas e escritas, marca-se a data para o encontro que virá a acontecer em finais de Setembro de 1973.
A família de Henrique Cerqueira, durante a "Operação ao Biambe"
Há aqui que acrescentar, que esta decisão envolve um camarada e amigo meu que foi o Alferes Santos que estava também na CCAÇ 13 em Bissorã, e que já tinha estado comigo no Biambe, porque ambos pertencíamos ao BCAÇ 4610/72. De certo modo tínhamos em comum a maluqueira instalada nos nossos cérebros e pelos vistos ele foi mais maluco que eu, porque veio de férias à Metrópole, de propósito, para casar e como Núpcias ofereceu à sua novíssima esposa uma bela estadia em Bissorã, recheada de aventuras, tais como paludismo, mosquitos, osgas e até Guerra ao Vivo, mais à frente eu explico.
O "operacional" Nuno Miguel no intervalo da "Operação ao Biambe"
Mas voltando à minha Mulher de Guerra. Antes de historiar, vou começar por apresentá-la, pois que se publicares esta história, acho justo que conste o seu nome assim como o de meu filho. É que queira ou não, a minha MULHER DE GUERRA para além de todo o apoio sentimental que me proporcionou, fez história comigo porque passou por ter de enfrentar penosas viagens, instalações precárias, alimentação deficiente, mosquitos e dois ataques directos à nossa povoação, um dos quais com mísseis.
Ficou no entanto altamente enriquecida com o contacto que teve com as populações da Guiné e suas etnias, como libaneses e caboverdianos. Formámos uma amizade razoável com uma família libanesa e com o casal Administrador de Bissorã que eram de Cabo Verde.
NI e Nuno Miguel confraternizam com tropas do Biambe
O que mais me marcou tem a ver com os factos por mim já narrados no nosso Blogue, quando nos foi pedido que contássemos uma História de Natal e nessa eu tive o apoio incondicional da minha Mulher de Guerra. Quando tomei a decisão já narrada eu esperava que fosse enviado (recambiado) para a fronteira de castigo pelo atrevimento que tive de enfrentar o poder instalado, mas vá lá que os rapazes não foram mauzinhos e perdoaram cá o menino que nunca teve o espírito militar de que o meu respeitável Comandante me acusou, em direito de resposta, ao dito artigo de Natal.
A minha mulher manteve-se junto de mim, e mais uma vez faz história, ao sofrer um ataque no dia 31 de Dezembro de 1973 enquanto eu estava de prevenção, já que tínhamos ameaça de porrada o que veio a acontecer e ela cumpriu integralmente com as instruções por mim administradas. Enfiou-se no abrigo com o nosso filho mais o casal Santos e Zinha, enquanto eu andava como uma barata tonta a tentar organizar uma saída com o meu Grupo de Combate. Não esquecer da história de Natal, é que nesta altura cá o rapaz estava mal visto, só que continuava sendo um dos graduados daquele grupo que por acaso até estava de prevenção para um possível ataque. Enfim coisas que vida arranja, não é?
Mas íamos na barata tonta, ou seja baratas tontas, pois que passado o susto inicial era ver heróis a correr até ao arame, até Panhares foram ao arame. No entanto o meu Grupo saiu para o mato se bem que reforçado por mais pessoal da CCAÇ 13. Isto foi só um parêntesis, não resisti a uma provocaçãozinha, é que ainda dói.
A Ni na ponte da outra banda em Bissorã
A minha MULHER DE GUERRA ainda viveu mais umas histórias giras, tais como mais um ataque de mísseis e uma guerrita entre mim e o Comandante de Batalhão, por causa de um Furriel Guinéu que tinha o mau gosto de ser racista, isto já depois do 25 de Abril. A verdade é que ela também viveu lá essa data histórica e até teve o previlégio de, no dia em que eu tive o primeiro encontro com o PAIGC, durante uma picagem para o Olossato, em dia de reabastecimento, assistir a este encontro. Mais uma vez era cá o rapaz o protagonista e único graduado no primeiro contacto, após Abril e fim da guerra, teria mesmo de ser o menino mal visto. Está sempre em todas, olha se tivesse espírito militar!!!!)
A minha mulher foi depois comigo até ao ponto de encontro para confraternizar com o pessoal do PAIGC nesse memorável dia. Semanas mais tarde foi comigo passar um Domingo ao Biambe com os meus antigos Camaradas, mas isso dará outra história.
Bom, isto está mesmo a ficar longo e ainda não apresentei a minha MULHER DE GUERRA por tanto lá vai:
Nome de Guerra - NI
Nome próprio - MARIA DULCINEA ROCHA
Filho - MIGUEL NUNO, que tinha dois anos na altura
Embarcaram na TAP em finais de Setembro de 1973 até Bissau, de seguida seguiram comigo no interior de uma ambulância do Exército até Bissorã. Regressaram à Metrópole em 29 de Junho de 1974 tendo eu regressado em finais de Julho de 1974.
Carlos Vinhal tiveste um pouco de culpa por lançares este desafio, é que vieste lembrar algo que recordo com muito agrado e até dá vontade de escrever tintim por tintim, daí tanta escrita.
Envio algumas fotos da minha MULHER DE GUERRA em acção no Teatro de Guerra em Bissorã, Guiné, ano de 1973/1974.
Um abraço Carlos e restantes Tertulianos
Henrique Cerqueira
2. Comentário de CV:
É com grande alegria que hoje fazemos justiça ao integrarmos como nossa tertuliana uma mulher que deixou o conforto de sua casa, e acompanhada pelo seu rebento de 2 anos, se meteu a caminho da desconhecida Bissorã, algures no interior da Guiné, em guerra, para se juntar ao marido.
Estamos a falar da NI, a partir de hoje com direito a figurar na listagem do lado esquerdo da nossa página, entre os ex-combatentes e amigos do Blogue, onde se encontra a nossa amiga Regina que também visitou e viveu com o seu marido, Fernando Gouveia, em Bafatá.
Não podemos deixar de salientar o modo como o Henrique trata a sua esposa, a minha mulher de guerra.
Sendo assim, cara NI, bem-vinda à nossa caserna virtual e ao nosso Blogue que está disponível para receber a narrativa das suas aventuras passadas em Bissorã e Biambe, ali bem pertinho do Morés, famosa estância de férias da Guiné dos anos 60 e 70. Também andei por lá, sei do falo.
Cara amiga NI, a tertúlia recebe-a com um abraço.
Carlos Vinhal
____________
Notas de CV:
(*) Vd. poste de 23 de Janeiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3779: As nossas mulheres (7): Ni, uma combatente em Bissorã (1973/74) (Henrique Cerqueira)
Vd. último poste da série de 14 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8275: Tabanca Grande (282): Joaquim Rodero, ex-Fur Mil TRMS (STM/QG, 1970/72)
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