sexta-feira, 8 de março de 2019

Guiné 61/74 - P19562: Notas de leitura (1156): Os Cronistas Desconhecidos do Canal do Geba: O BNU da Guiné (76) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 18 de Junho de 2018:

Queridos amigos,
É certo e seguro que virá o dia em que se procederá a um estudo minucioso sobre a Casa Gouveia e a Sociedade Comercial Ultramarina, as duas grandes empresas funcionarão nas últimas décadas da Guiné colonial.
O BNU foi gradualmente interessado em fazer crescer o seu capital na Sociedade, atenda-se ao importante relatório elaborado em 1957 por Castro Fernandes, sem ambiguidades defendia que o BNU devia entrar numa concorrência mais agressiva com a Casa Gouveia, e preconizava negócios. O que a documentação permite registar são perdas sucessivas até anteriores ao início da luta armada, depois desta gerara-se uma situação artificial que eram as importações para os contingentes militares, mas não havia ilusão que os objetivos fundamentais à volta do descasque de arroz, do coconote, da mancarra, das experiências com o caju, o fabrico de óleo, tudo aparecia ameaçado. E a documentação também permite verificar que os últimos negócios em companhias de pesca e de cervejas não iriam ter um futuro lisonjeiro, tudo se esbarrondou e no caso da CICER com muitas culpas para a governação da Guiné-Bissau.

Um abraço do
Mário


Os Cronistas Desconhecidos do Canal do Geba: O BNU da Guiné (76)

Beja Santos

É chegado o momento de apreciar no acervo da documentação avulsa do Arquivo Histórico do BNU o que nele consta da Sociedade Comercial Ultramarina.

Importa esclarecer que esta Sociedade se constituiu em 19 de fevereiro de 1923, o seu capital social foi engrossando ao longo do tempo e se inicialmente era de 2 mil contos em 8 de janeiro de 1968, por incorporação de créditos do BNU e da Sociedade Nacional de Sabões, em partes iguais, o capital social foi elevado para 46.500 contos. A participação do BNU correspondia, à data de 1968, a aproximadamente 44% do total.

A Sociedade dedicou-se ao comércio em geral e à exportação, teve uma existência atribulada, com prejuízos sucessivos que chegaram a totalizar, no termo do exercício de 1967, a uma verba aproximada de 40 mil contos, além de ter o ativo deteriorado, por ausência das devidas amortizações e provisões.

Chegou a ser prevista a liquidação da Sociedade, mas a partir de 1968 passou a apresentar alguns lucros e assim foi reduzindo o prejuízo acumulado para cerca de 32 mil contos em 1972. Houvera recuperação. Em janeiro de 1973, o Conselho do BNU autorizou novos financiamentos, sob a forma de novo crédito destinado a determinados investimentos ou para adiantamentos sobre vendas, desdobramento de crédito para compra de mancarra, etc.

Terá talvez interesse vermos o relatório de 1963, ano em que eclodiu a luta armada. Começa por se dizer que os acontecimentos político-militares que afetaram o Sul da Província tiveram graves repercussões na cultura do arroz, nas transações comerciais, nos transportes, nos encargos e no sossego das populações. O total dos prejuízos verificados em consequência das pilhagens e destruições feitas pelos agitadores atingiu os 3.777.369$60. A estes prejuízos diretos haveria que adicionar o decréscimo de receitas resultante da paralisação e redução de certas atividades. Haveria também a contar com o agravamento da tributação fiscal. A campanha de arroz processara-se normalmente. Relativamente ao coconote, as fracas cotações dos mercados internacionais tinham-se repercutido no preço de compra ao produtor. Houve decréscimo em relação às compras de anos anteriores e no que respeita ao arroz também a baixa foi substancial, o Governo fora forçado a proceder à importação para ocorrer às necessidades da população. Registava-se um aspeto positivo, e assim se escreveu: “Se por um lado se reduziu a actividade de descasque de arroz em virtude da baixa de produção verificada, podemos anunciar, após a conclusão das morosas e indispensáveis obras na central de vapor a reentrada em funcionamento da nossa fábrica de óleos, estando a aumentar consideravelmente a colocação no mercado interno do óleo de amendoim e do sabão produzidos nas nossas instalações”. Propunham-se medidas cautelares, no contexto da subversão: “As especiais circunstâncias em que actualmente vive a Província, criando à empresa dificuldades de várias ordens que se não pode prever quando terminarão, parecem justificar a utilização, embora discutível do ponto de vista técnico, dos saldos de todas as contas Amortizações e Provisões na redução do saldo dos prejuízos do exercício de 1960”.

Em 28 de abril de 1966 apresenta-se aos acionistas o balanço do ano anterior, assim se inicia o texto:
“Apesar do esforço militar desenvolvido na Província no ano de 1965, vários factores em que sobressaem o auxílio efectivo dado aos rebeldes pelos Estados vizinhos, o apoio internacional de carácter político e financeiro de que beneficiam e a vulnerabilidade das nossas fronteiras impediram uma melhoria da situação com reflexos sensíveis na vida económica da Província. Pelo contrário, os reflexos da agitação e da repressão nos anos anteriores fizeram-se sentir profundamente na cultura e comercialização dos produtos agrícolas que se situou em 50% do volume normal. Infelizmente, no seu conjunto, prevê-se um agravamento para o ano em curso do qual, nesta data, já estamos a sofrer as incidências de ordem financeira”.
Dava-se conta da compressão de despesas, do afastamento de alguns empregados, do atraso nas reparações nos barcos, na privação de transportes em meios terrestres. O afluxo crescente de tropas trouxeram aspeto de prosperidade comercial em Bissau, era facto que o comércio florescia graças à importação de bens de consumo destinados aos europeus. A Sociedade Comercial Ultramarina procurava reduzir o saldo negativo e informava-se que a cerveja Sagres ocupava o primeiro lugar nas importações. Decrescera a campanha da mancarra em 1965, felizmente que o preço internacional do coconote já era mais favorável, importava-se maciçamente arroz mas as dificuldades saltavam à vista, como se redigiu: 
“As nossas instalações fabris, dada a falta de matéria-prima, trabalharam durante uns curtos períodos ao longo de todo o ano, bem se podendo dizer que o fizeram com o duplo intuito de não dispensar pessoal e de não encerrar uma das duas instalações fabris com significado na vida da Província. A necessidade de mantermos as oficinas em funcionamento para prestação de serviços às nossas frotas de transportes e reparação urgente de edifícios, assim como a utilização de armazéns de produtos ultramarinos impediriam, em qualquer caso, o encerramento do Bloco Industrial e a completa supressão dos encargos com a sua administração, guarda e conservação”.

A situação da Sociedade degradara-se e muito, explicava-se porquê:
“Três anos de guerra na Província causaram até agora a esta empresa avultados prejuízos que atingem a dezena de milhares de contos, sendo 4 mil de prejuízos directos resultando de actos de terrorismo e das operações militares de repressão. Em consequência de se terem agravado ultimamente os reflexos da situação política e militar na vida económica da Província e na actividade da empresa, agravou-se a situação de tesouraria desta Sociedade, em condições que causam estrangulamento na sua actividade comercial.
Nestas condições, considerando que o BNU é o principal e mais directo interessado nos resultados desta empresa, pelo que eles significam como possibilidade de amortização de passivo e pagamento normal de juros, foram iniciadas diligências junto da respectiva Administração com vista a ser encontrada uma solução que alivie a empresa temporária ou definitivamente de alguns dos seus encargos financeiros.”

Bem elucidativa é a ata do Conselho de Administração da Sociedade com a data de 20 de março de 1970. O administrador fez uma larga e pormenorizada exposição da sua recente visita à Guiné, assistira à inauguração do descasque de Bafatá. Era crescente a importação de mercadorias, caso das importações de cerveja e combustíveis. Mas não era eludível a situação bastante crítica em que se encontrava a Sociedade, com o elevado dispêndio de gastos gerais, o equipamento estava decrépito, afora alguns bacos e o descasque de arroz, o resto era um amontoado velhíssimo de máquinas e motores, totalmente arruinados. O quadro geral era assumidamente lastimável: a fábrica de óleo não estava operacional e não era competitiva; a fábrica de sabão, além de primitiva, não tinha condições de subsistência; os descasques de mancarra, todos com mais de dez anos, estavam quase arruinados; a estrutura humana dos serviços que funcionava na Província era um dos males maiores da Sociedade, com uma única exceção para o gerente, experiente e probo, com invulgares qualidades de trabalho. Enfim, impunha-se repensar o funcionamento da empresa em novas linhas mestras e propunha-se que no futuro imediato as operações da empresa tivessem as seguintes direções: compra de mancarra, descasque e venda de ginguba; importação de cerveja; importação de combustíveis; fornecimento direto às Forças Armadas; comercialização de mercadorias cujo prazo de crédito exceda o da venda e liquidação; e fretes fluviais.

Em 1972, apresenta-se uma súmula da situação económica e financeira da Sociedade, começando por se dizer que havia uma baixa margem de lucro nas mercadorias, uma deterioração da margem de lucro nos produtos ultramarinos, não se dera a recuperação financeira que se esperava a partir de 1967, eram solicitados mais apoios ao BNU. A Sociedade Comercial Ultramarina entrara na Sociedade Vinícola da Guiné, auguravam-se grandes vantagens, registavam-se atrasos de pagamentos das Forças Armadas, pediam-se mais créditos em conta-corrente.

Estamos com a documentação avulsa praticamente esgotada. Iremos no derradeiro texto referir o que consta no acervo sobre a CICER – Companhia Industrial de Cervejas e Refrigerantes da Guiné, uma participação do BNU para a edificação de um monumento aos mártires do colonialismo, ainda existe um dossiê com data de outubro de 1974 acerca do novo edifício para a delegação de Bafatá, as negociações do Governo da Guiné-Bissau para a nacionalização da Sociedade Comercial Ultramarina e os impostos a pagar pelo BNU referentes ao ano de 1974. Seguir-se-ão as conversações entre o Governo da Guiné-Bissau e a Administração do BNU para a transferência do BNU de Bissau para o novo Estado da Guiné-Bissau.

(Continua)

Fotografia da década de 1920. 
Imagem retirada da Wikimedia Commons, com a devida vénia.


Imagem extraída do livro Guiné – Alvorada do Império, 1953, trata-se de uma homenagem ao Governador Raimundo Serrão.
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Nota do editor

Poste anterior de1 de março de 2019 > Guiné 61/74 - P19543: Notas de leitura (1154): Os Cronistas Desconhecidos do Canal do Geba: O BNU da Guiné (75) (Mário Beja Santos)

Último poste da série de 4 de março de 2019 > Guiné 61/74 - P19548: Notas de leitura (1155): Guinea-Bissau, Micro-State to ‘Narco-State’, por Patrick Chabal e Toby Green; Hurst & Company, London, 2016 (3) (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P19561: XIV Encontro Nacional da Tabanca Grande, Palace Hotel de Monte Real, 25 de Maio de 2019 (2): Duas baixas de vulto, o David Guimarães (ex-fur mil MA, CART 2716, Xitole, 1970 / 72) e a sua esposa Lígia, um casal histórico de grã-tabanqueiros, residente em Espinho, que, pela primeira vez, desde 2006, falha à chamada!... Mas já temos as primeiras 18 inscrições...



Montemor-o-Novo > Ameira > I Encontro Nacional da Tabanca Grande > 14 de outubro de 2006 >  Dois históricos da nossa tertúlia, assinalados a amarelos,o David Guimarães e a esposa Lígia, que vivem em Espinho. (*)

Fotos (e legenda): © Luís Graça (2006) . Todos os direitos reservados. (Edição: Blogue Luís Graça &  Camaradas da Guiné).


Leiria > Monte Real > XIII Encontro Nacional da Tabanca Grande > 5 de maio de 2018 > Os nossos 'totalistas' David e Lígia Guimarães (**)... Eram, até então, o único casal que tinha ido a todos os nossos 13 encontros, a começar pela Ameira, em Montemor-O-Novo (2006)... Por isso, a Lígia passou a  figurar, com todo o mérito, na lista dos membros da Tabanca Grande, com o nº 643 (***)

Foto (e legenda): © Luís Graça (2018). Todos os direitos reservados [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Comentário de David Guimarães (ex-fur mil, MA, CART 2716, Xitole, 1970/72), ao poste P 19492 (****):

Azar!!!!...

Dentro dos convívios da querida Tabanca Grande (, para mim é!), nunca faltei a nenhum deles, desde a Ameira [, em 2006,]  e por aí fora. Dei as voltas todas,  fiz todas as ginásticas e lá estive eu, em todos [os 13 encontros nacionais d Tabaanca Grande realizados até a 2018]... Não me achava eu assim tão importante, achava que a causa é que era importantíssima.

Havia no entanto sempre uma data em que me era impossível ir, o último sábado de Maio,  por uma razão bem simples: aqueles que comigo lutaram, da CART 2716 a que pertenci, e alguns por aí a conheceram e bem, combatentes que, como por exemplo os da CCAÇ 12,  nos iam levar os comes & bebes ao Xitole. 

Toda esta companhia, a CART 2716, resolveu junto comigo, há muitos anos, ter sempre o convívio no último sábado de Maio (*****). Que justificação daria eu a quem lutou ao meu lado alinhar noutra companhia ou trocá-los ?!

"Lixei-me e bem lixado", eu que queria nunca faltar, desta vez foi isto que calhou. E fica já marcado como lá consta e pronto, quem quiser vem, quem não puder não vem, o  que é que  se há-de fazer?!...

Tive azar, o primeiro azar dentro dessa magnífica Tabanca!... Afinal o factor presença é importante de facto. Sei que seremos todos iguais, ou não ?!. Fiquei triste, muito triste, e agora?!...

"David,  é para aprenderes mas conscientemente não podes faltar àqueles que combateram contigo, isso nunca...."

Azar, dos 365 dias do ano de 2019,  foram logo acertar no único em que eu não posso ir de todo!...  Enfim como que saio derrotado na minha teimosia em ir a todos, agora não vais, disse-me a consciência, e a razão é... o dia apontado,  vinte e cinco de Maio.

David,  que pela 1ª vez assina a falta e diz porquê! 


2. Nota dos editores:

Lígia e David, estamos desolados.... mas não é nenhum tragédia!... Vocês estão vivos e recomendam-se!... Em contrapartida,  não são deuses, não têm o dom da ubiquidade, não podem estar em dois sítios ao mesmo tempo!...

Há, de facto, um conflito de agenda, todos os anos, e alguns dos nossos grã-tabanqueiros têm que fazer a dolorosa opção: estar em Monte Real ou no local do convívio anual da sua unidade ou subunidade...

De qualquer modo, o vosso recorde é histórico e imbatível, enquanto "casal totalista" dos nossos 13 primeiros encontros... Obrigados pela vossa fidelidade, amizade e camaradagem... Oxalá possamos para o ano voltar a reunir-nos, e desta vez em data compatível com a vossa agenda. Iremos brindar à vossa saúde, no nosso próximo encontro em Monte Real, marcado para o dia 25 de maio de 2019, sábado.

Aproveitamos para publicar a lista das 18 primeiras inscrições. 

Recorde-se que as inscrições no encontro e os pedidos de reserva no Palace Hotel Monte Real devem ser dirigidas ao nosso coeditor e membro da comissão orgnizadora Carlos Vinhal (Leça da Palmeira / Matosinhos):

carlos.vinhal@gmail.com



AS 18 INSCRIÇÕES NO XIV ENCONTRO NACIONAL DA TABANCA GRANDE

António João Sampaio e Maria Clara - Leça da Palmeira / Matosinhos
António José Pereira da Costa e Maria Isabel - Mem Martins / Sintra
António Martins de Matos - Lisboa
Carlos Vinhal e Dina - Leça da Palmeira / Matosinhos
Joaquim Mexia Alves - Monte Real / Leiria
Lucinda Aranha e José António - Torres Vedras
Luís Graça e Maria Alice Carneiro - Lourinhã
Luís Paulino e Maria da Cruz - Lisboa
Manuel José Ribeiro Agostinho e Elisabete - Leça da Palmeira / Matosinhos
Miguel e Giselda Pessoa - Lisboa
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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 15 de outubro de  2006 > Guiné 63/74 - P1177: Encontro da Ameira, Montemor-o-Novo, em 14/10/2006 : foi bonita a festa, pá!... A próxima será em Pombal (Luís Graça)

(**) Vd. poste de 6 de maio de 2018 > Guiné 61/74 - P18610: XIII Encontro Nacional da Tabanca Grande (20): Monte Real, sábado, 5 de maio de 2018: mais caras, "novas" e "velhas"... É uma alegria ver gente desta geração que faz 100, 200, 300, 400, 500 quilómetros ou mais (ida e volta) para se encontrar e "matar saudades"... Outros vêm pela primeira vez à procura dos camaradas da Guiné...

(***) Vd. poste de 23 de abril de 2015 > Guiné 63/74 - P14511: X Encontro Nacional da Tabanca Grande, Palace Hotel de Monte Real, 18 de abril de 2015 (17): Distribuição de Certificados aos tertulianos totalistas dos 10 Encontros nacionais e admissão de duas novas tertulianas: Graciela Santos (hnº 682) e Lígia Guimarães (nº 683)

(****) Último poste da série > 12 de fevereiro de 2019 > Guiné 61/74 - P19492: XIV Encontro Nacional da Tabanca Grande, Palace Hotel de Monte Real, 25 de Maio de 2019 (1): Primeiras informações e abertura das inscrições (A Comissão Organizadora)

(*****) Vd. poste de 5 de jullho de 2007 > Guiné 63/74 - P1924: Convívios (20): CART 2716 (Xitole, 1970/72), em Fátima, no dia 26 de Maio último (David Guimarães)

Guiné 61/74 - P19560: Parabéns a você (1583): Cor Art Ref DFA António Marques Lopes, ex-Alf Mil da CCÇ 1690 (Guiné, 1967-69)

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Nota do editor

Último poste da série de 28 de Fevereiro de 2019 > Guiné 61/74 - P19538: Parabéns a você (1582): José Rodrigues, ex-Fur Mil TRMS da CCAÇ 1419 (Guiné, 1965/67)

quinta-feira, 7 de março de 2019

Guiné 61/74 - P19559: Pelotões Independentes em Gadamael: A Memória (Manuel Vaz, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 798) (7): 4 - Os Pelotões de Canhão S/Recuo que estiveram em Gadamael




1. Conclusão da publicação do trabalho sobre os Pelotões Independentes que estacionaram em Gadamael, da autoria do nosso camarada Manuel Vaz (ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 798, Gadamael Porto, 1965/67).










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Nota do editor

Vd. postes da série de:

6 de dezembro de 2018 > Guiné 61/74 - P19261: Pelotões Independentes em Gadamael: A Memória (Manuel Vaz, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 798) (1): 1 - O contexto operacional e 2 - Os Pelotões de Reconhecimento que estiveram em Gadamael

20 de dezembro de 2018 > Guiné 61/74 - P19309: Pelotões Independentes em Gadamael: A Memória (Manuel Vaz, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 798) (2): 2 - Os Pelotões de Reconhecimento que estiveram em Gadamael (continuação)

10 de janeiro de 2019 > Guiné 61/74 - P19388: Pelotões Independentes em Gadamael: A Memória (Manuel Vaz, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 798) (3): 3 - Os Pelotões de Artilharia que estiveram em Gadamael

24 de janeiro de 2019 > Guiné 61/74 - P19432: Pelotões Independentes em Gadamael: A Memória (Manuel Vaz, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 798) (4): 3 - Os Pelotões de Artilharia que estiveram em Gadamael (Continuação)

7 de fevereiro de 2019 > Guiné 61/74 - P19477: Pelotões Independentes em Gadamael: A Memória (Manuel Vaz, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 798) (5): 3 - Os Pelotões de Artilharia que estiveram em Gadamael (Continuação)
e
21 de fevereiro de 2019 > Guiné 61/74 - P19515: Pelotões Independentes em Gadamael: A Memória (Manuel Vaz, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 798) (6): 3 - Os Pelotões de Artilharia que estiveram em Gadamael (Continuação)

Guiné 61/74 - P19558: Tabanca Grande (473): António C. Morais da Silva, cor art ref, ex-cap art, instrutor da 1ª CCmds Africanos, em Fá Mandinga e adjunto do COP 6 em Mansabá (em 1970) e cmdt da CCAÇ 2796 (Gadamael e Quinhamel, 1971/72)


Foto nº 1> Guiné > Região de Tombali > Gadamael > CCAÇ 2796 > 1971 > Chegada da coluna a Guileje > Ao centro, o cap art Morais da Silva, empunhando a sua Kalash; à sua esquerda, que o  o alf mil  Esteves;  à direita, o furriel vaguemestre Oliveira...  Das flagelações e ataques do PAIGC estão  há fortes vestígios nas paredes do edifício do Comando.


Foto nº 1 > > Guiné > Região de Tombali > Gadamael > CCAÇ 2796 > 1971 > Chegada da coluna a Guileje > À esquerda, o  cap art Morais da Silva, empunhando a sua Kalash; à direita, o alf mil  Esteves.


Foto nº 2 > O cor art ref António C. Morais da Silva, que vive na Amadora, e que foi também professor na Academia Militar, e é especialista em investigação operacional

Fotos (e legendas): © António C. Morais da Silva  (2019). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

1. Mensagem do nosso novo grã-tabanqueiro, cor art ref António Carlos Morais da Silva,  que vem na sequência do convite formulado pelo editor Luís Graça (*)

Data: quarta, 6/03/2019 à(s) 16:08

 Meu caro camarada Luís Graça

Já devia ter respondido à mensagem anterior mas deve ter havido uma gatilhada e … lá foi ela. Felizmente surgiu agora nova oportunidade…

Não sei como lhe "pagar" a gentileza, paciência e tempo que tem gasto comigo, que não seja anuir ao seu convite e pedir-lhe a bênção para ser aceite nesse alfobre, que admiro e estimo, dos "amigos e camaradas da Guiné".

Estou umbilicalmente ligado ao TO da Guiné onde nunca voltei por me saber incapaz de "sobreviver fisicamente" ao deslocamento até Gadamael onde ficou uma parte de mim.

Nas 3 linhas curriculares que sugere, gravo o seguinte:

Cadete aluno nº 45/63,
Morais da Silva
(i) Nascido em Lamego,  descendente de centenários lamecenses, cresci no liceu Latino Coelho rodeado de gente a que me ligam laços de grande fraternidade;

(ii) ingressei na Academia Militar em 1963  [, sendo o cadete-aluno nº 45/63,  e]  cumprindo o sonho da infância;

(iii) terminado o curso,  demandei Angola como Alferes, pisei as terras do Leste no Lucusse e posteriormente em Ninda nas CArt 1452 e 1701;

Galhardete da CCAÇ 2796, os "Gaviões"
(Gadamael e Quinhamel, 1970/72).
Cortesia de Adolfo Cruz.
(iv) ainda continuei a comer "o pão que o diabo amassou" no CIC [, Centro de Instrução de Comandos], onde frequentei, com sucesso, o curso de Comandos.

(v) regressado a Lamego, casei, fui bafejado com um filho e por lá andei como instrutor nos cursos de Comandos;

(vi) em Setembro de 1970 fui "escolhido = empurrado" para zarpar para a Guiné onde fui andarilho: Instrutor dos Comandos Africanos do João Bacar Jaló, adjunto do COP 6 em Mansabá e em Janeiro de 1971 "escolhido=empurrado" para voar para Gadamael e assumir o comando da CCaç 2796  [, Gadamael e Quinhamel, 1970-1972],  que tinha perdido em combate o seu comandante, Cap Assunção Silva, meu amigo e camarada de curso;

(vii) uma vez mais repeti a toma do "pão que o diabo amassou" mas logrei conduzir a minha tropa a "terra firme", parafraseando o meu amigo artilheiro Alferes Vasco Pires, que Deus tem;

(viii) de volta ao chão natal, andei cerca de duas dezenas de anos a comandar e ensinar "coisas artilheiras" e da matemática na Academia Militar, onde cabe referir a participação no pronunciamento do 25 de Abril; ainda, deslocamentos para a EPA, GAC/Brigada Mecanizada Independente, RALIS, IAEM e Fort Sill (EUA);

(ix)  como sempre me dei bem com os números e com a racionalidade da matemática, dediquei-me à Investigação Operacional de que sou um dos pioneiros cá do burgo quer na AM [Academia Militar,] quer na universidade;

(x) um dia "vasculharam" a minha coluna quatro vezes sem sucesso o que coincidiu com o fim do SMO [Serviço Militar Obrigatório]; alquebrado e incapaz de acompanhar a mudança no Exército, considerei terminado o meu sonho de prosseguir na carreira,  reformando-me com o posto de Coronel.

Afinal, falhei ao prometido das 3 linhas e deslizei para 4 (longas). Como "Papa do blogue",  fará o favor de extrair o que entender conveniente.

António C. Morais da Silva,
 hoje
A foto [nº 1, acima] que envio foi obtida em Gadamael quando da chegada de mais uma longa coluna a Guilege. Empunhando uma AK, aguardo que o pessoal se apronte para controlo estando à minha esquerda o meu Alferes Esteves, à direita, recostado, o meu vaguemestre Furriel Oliveira e rodeado pelo PAIGC sempre presente nas mazelas das paredes do edifício do Comando.

Na outra foto brindo à nossa saúde [, foto n.º 2, acima].

Com um abraço e o meu obrigado,

Morais Silva
Amadora


2. Comentário do editor Luís Graça:

Temos já mais de quatro  dezenas de referências ao cor Morais da Silva [ou Morais Silva, como ele assina as suas mensagens].  O nosso camarada de armas (e meu colega do ensino superior universitário] passa a sentar-se  no lugar nº 784, à sombra do poilão da Tabanca Grande. (**)

É uma pessoa que muito prezo, pela sua independência, frontalidade e exigência intelectual e moral. Nas "3 linhas curriculares" que lhe pedi, ele não mencionou, certamente por modéstia, a atribuição que lhe foi feita da Medalha de Prata de Serviços Distintos com Palma, pela sua brilhante e corajosa atuação no TO da Guiné, nomeadamente à frente da CCAÇ 2796, em Gadamael.

Temos vindo a publicar, da sua autoria, a série  "In Memoriam: Os 47 oficiais oriundos da Escola do Exército e da Academia Militar mortos na guerra do ultramar (1961-75) (cor art ref António Carlos Morais da Silva)" (***).

O Morais da Silva acompanha de há muito o blogue e conhece as nossas regras de convívio. Resta-nos agradecer-lhe, em nome de toda a Tabanca Grande, a honra que nos dá, e sobretudo pela partilha do seu labor e do seu saber. 
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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 6 de março de 2019 > Guiné 61/74 - P19553: Dando a mão à palmatória (30): o cap inf Cirilo de Bismarck Freitas Soares, natural de Matosinhos, morreu em 26/5/1965, quando atingido por fogo inimigo numa emboscada na zona de Piri, norte de Angola (Morais Silva, cor art ref)

(**) Último poste da série >19 de dezembro de 2018 > Guiné 61/74 - P19305: Tabanca Grande (472): Carlos Silvério, natural de Ribamar, Lourinhã, ex-fur mil at cav, CCAV 3378 (Olossato e Brá, 1971/73)... Senta-se finalmente à sombra do nosso poilão no lugar nº 783, o número (azarento) do seu tempo de recruta na EPC, em Santarém...

(***) Vd. último poste da série > 1 de março de 2019 > Guiné 61/74 - P19542: In Memoriam: Os 47 oficiais oriundos da Escola do Exército e da Academia Militar mortos na guerra do ultramar (1961-75) (cor art ref António Carlos Morais da Silva) - Parte XVI: Cirilo Bismarck Freitas Soares (Matosinhos, 1918 - Piri, Angola, 1965)

quarta-feira, 6 de março de 2019

Guiné 61/74 - P19557: (Ex)citações (351): Manel Pereira, amigo e camarada. Reencontro em Monte Real. (José Saúde)

1. O nosso Camarada José Saúde, ex-Fur Mil Op Esp/RANGER da CCS do BART 6523 (Nova Lamego, Gabu) - 1973/74, enviou-nos a seguinte mensagem. 


Manel Pereira, amigo e camarada 

Reencontro em Monte Real 

As díspares situações individuais pelas quais passamos ao longo das nossas vidas, leva o homem a cruzar destinos diferentes quebrando-se laços de amizades que dantes foram férteis em convívios ocorridos no nosso dia a dia. 

O Manel Pereira é um amigo e camarada de armas em solo guineense com o qual travei conhecimento em princípios de vidas quando abraçávamos as nossas carreiras profissionais, ou seja, quando entrámos para a antiga Caixa de Previdência e Abono de Família dos Serviços Médicos Sociais do Distrito de Lisboa, Avenida dos Estados Unidos nº 39, no dia 25 de junho de 1975. 

Quis o destino que partilhássemos a mesma Secção laboral e que, naturalmente, nos tornássemos amigos próximos. No ano de 1976 compartilhámos o mesmo prédio no Bairro Comendador Joaquim Matias nº 39, em Paço de Arcos, eu no 1º A, ele no 8º F. 

No meu Morris 1000, de cor branca, viajámos pelas ruas de Lisboa, convivemos, traçámos planos futuros, colocámos como meta a continuação dos estudos e fomos curiosos assistentes em efémeras reuniões de jovens onde a finalidade passava pelos exames “ADOC”, tendo estes como intuito principal uma entrada na faculdade. 

Assistimos, também, a momentos revolucionários onde a afirmação do povo reclamava direitos. Lisboa, nesses tempos, apresentava-se como o ponto fulcral de imensas reivindicações. Lembro-me das noites de manifestações e dos estridentes bramidos oriundos de uma multidão que não cansava os pulmões entoando um cântico que simplesmente afirmava: “O povo é quem mais ordena”, como cantava o saudoso Zeca Afonso. 

Ou, de uma noitada passada às portas do quartel de os “RALIS” reclamando porventura uma chamada às armas que visava defender um povo que reclamava somente justiça. Enfim, devaneios de uma época onde o clamor da juventude se enquadrava com a revolta de antigos combatentes que sentiam na pele o quão difícil fora a luta armada travada no interior das matas em terras de além-mar. 

O tempo, nesse tempo, impunha pausas e sempre que possível lá caminhávamos por outros trilhos. Recordo, com uma inquestionável saudade, noites em que nós jovens, acompanhados pelas esposas ou companheiras, curtíamos as noitadas com idas às casas de fado, por exemplo. Numa noite calma, agora já não o é, marchámos, a pé, rumo ao Bairro Alto e desembocámos no “Faia” onde ao sabor de linguiça assada acompanhada com jarros de vinho tinto, ouvimos o grande fadista Carlos do Carmo. 

Nesta panóplia de recordações viajo por aquela “Lisboa menina e moça menina… Cidade mulher da vida”, onde proliferava “o homem das castanhas”, ou as vendedeiras ambulantes que vendiam fruta por toda a cidade, ou as varinas que transportavam canastras com peixe fresco à cabeça apregoando o pescado, sendo a capital lusitana, nessa época, um polo de atração que mexia com a irrequieta mocidade. Era o tempo das calças à “boca de sino”, dos cabelos compridos e das camisas ajustadas ao corpo. 

Do nosso relacionamento de amizade, que durou cerca de três anos, jamais trocámos conversa detalhada sobre a nossa estadia na Guiné. Aliás, falámos do tema pela rama e não em profundidade. Mas, como proclama o povão no seu provérbio popular “não há bela sem senão”, daí que passados mais de 40 anos concluíssemos que afinal o Manel passou, esporadicamente, pela Companhia sediada em Madina Mandinga e pertencente ao meu BART 6523, localizado em Gabu. 

O Manel Pereira, limiano de gema, natural de Ponte de Lima, integrou a CCAÇ 3547 e pertenceu ao grupo “Os Répteis de Contuboel”. 

Guardo do Manel a sua extrema sensibilidade aquando se deslocou, de propósito, de Ponte Lima a Lisboa para marcar presença na apresentação do meu último livro – AVC Recuperação do Guerreiro da Liberdade – um evento que teve lugar na Casa do Alentejo no dia 21 de outubro de 2017. 

Foi o reencontro de dois velhos camaradas de armas que cruzaram destinos diferentes, seguindo-se Monte Real por altura do nosso convívio anual (2018) do blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. 

Nessa manhã em que o sol brilhava intensamente, dissecámos pormenores das nossas comissões na Guiné e dos muitos pormenores que a guerra nos proporcionou. Claro que o Manel confirmou a sua passagem por Madina Mandinga, falou de “Os Répteis de Contuboel”, da sua atividade operacional, de momentos em que as dificuldades impunham a máxima prudência de entre outras saídas para o mato com o seu pessoal. 

Ah, meu amigo Manel, somos, afinal, as tais pequeníssimas partículas de orvalho que, mesmo em dispersão, lá vão marcando vidas de antigos combatentes de uma Guiné onde conhecemos o teor dos flagelos, sendo a nossa mente, por enquanto, portadora de armamento pesado onde os sinos um dia tocarão a rebate para anunciarem uma fatídica emboscada que nos enviará para a tal viagem sem regresso. 


Um abraço, camaradas 
José Saúde 
Fur Mil Op Esp/RANGER da CCS do BART 6523 

Mini-guião de colecção particular: © Carlos Coutinho (2011). Direitos reservados. 
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Nota de M.R.: 

Vd. último poste desta série em: 

Guiné 61/74 - P19556: Historiografia da presença portuguesa em África (153): Relatório do Delegado de Saúde da vila de Bissau, o médico de 2.ª classe Damasceno Isaac da Costa, referente a 1884 (5) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 4 de Julho de 2018:

Queridos amigos,
Ficamos com uma grande dívida de gratidão com o Dr. Damasceno Isaac da Costa, ofereceu-nos um detalhado relato sobre a presença portuguesa, talvez tenha sido o primeiro funcionário colonial a referir com minúcia a vila de Geba, vê-se claramente que lutou junto das autoridades para que se desse uma reviravolta no deplorável estado da salubridade pública, sem titubeios, frontal, dirige-se ao Presidente da Câmara Municipal de Bissau e pede-lhe providências, não deixando de notar que quem ganhou foi a inércia, o deixa andar.

Um abraço do
Mário


Relatório do Delegado de Saúde da vila de Bissau, o médico de 2.ª classe Damasceno Isaac da Costa, referente a 1884 (5)

Beja Santos

Este relatório consta dos Reservados da Sociedade de Geografia de Lisboa e foi oferecido pelo seu filho Pedro Isaac da Costa ao antigo administrador de Bissau, António Pereira Cardoso, autor de um conjunto apreciável de documentos, muitos deles de leitura indispensável para conhecer a vida administrativa da Guiné, sobretudo entre as décadas de 1930 e 1950.

Este relatório, como se verifica pelo seu fecho, foi copiado pelo filho do autor. E diz-se que é de estranhar que tendo sido escrito em 1884 se refere a factos de 1888.

Atenda-se ao tempo: a Guiné é há pouco província autónoma, a presença portuguesa é muito mitigada, no fundamental está circunscrita a Bolama, capital da Província, Bissau, Cacheu e escassos presídios; o Dr. Damasceno produziu um documento ímpar, desvela a vida em Bissau, não esconde as condições degradantes da habitação e alojamento das tropas, dá-nos um curioso registo da vida no presídio de Geba e escalpeliza os aspetos dominantes da higiene e salubridade públicas.

Vejamos o que ele diz sobre a alimentação:
“Os habitantes da vila intramuros (está a falar de Bissau) não apresentam diferença de alimentação dos europeus; não acontece porém o mesmo com os indígenas cuja alimentação é especial. A base da alimentação dos indígenas é o arroz fervido em água e misturado com o caldo de baguiche, leite de vaca ou carne de porco corrupta, azeite de palma ou memberem (caldo de arroz) temperado com sumo de limão e malagueta. Alimentam-se também de milho, feijão, mandioca, batata, peixe seco e corrupto. O indígena conforma-se com os reveses da fortuna, mas o que se lhe torna sensível muitas vezes durante o dia é a ausência de bebidas alcoólicas. Os indígenas, pela sua natural indolência, têm pouca propensão para o trabalho; há, todavia, alguns que exercem profissões de ferreiros, sapateiros, carpinteiros, tecelões, marinheiros, oleiros e pedreiros.
As mulheres ocupam-se em pilar o arroz e em outros trabalhos e afazeres domésticos, aos quais se entregam quotidiana e incansavelmente para sustentar os vícios do homem em cuja companhia vivem. O indígena não é ambicioso, contenta-se com o que ganha e não se sujeita ao trabalho enquanto tiver com que alimentar-se”.

Mudando o rumo das suas observações, dá-nos um quadro bastante negativo da limpeza das ruas e das habitações, bem como dos cemitérios:
“Sobre o estado higiénico da povoação e cemitério, dirigi à Câmara Municipal e aos administradores do concelho o seguinte ofício:
A salubridade de uma povoação depende em grande parte das condições higiénicas em que a mesma se acha. A vila de Bissau é considerada insalubre mais que nenhum outro ponto da Guiné, o que é devido não somente às más condições climatéricas como às más condições higiénicas […] sou a indicar a V. Ex.ª. algumas medidas que convém sejam adoptadas com a máxima urgência. Existem dispersos na vila muitos pardieiros que além de imprimirem uma má aparência e ameaçarem o seu desabamento sobre os prédios vizinhos, são altamente prejudiciais à salubridade pública, pois que servindo eles de depósito de imundícies de toda a espécie aos indolentes constituem outros tantos focos de insalubridade. Além dos mencionados pardieiros, existem na vila muitos lugares públicos que, pelo mau estado em que se acham, contribuem igualmente como aqueles para a insalubridade.

O cemitério municipal acha-se num deplorável estado, aquele lugar onde repousam as venerandas cinzas dos nossos semelhantes está cheio de pedras e ervas daninhas, o seu solo em vez de plano é desigual; as sepulturas não se distinguem do resto do terreno, à excepção de oito, por se acharem cobertas irregularmente com alguma porção de terra; elas não possuem cruzes ou marcas funerárias que assinalem a época do enterramento, circunstância esta gravíssima, sobretudo quando se trata de proceder às exumações.
Atrás do cemitério, e junto à povoação dos Grumetes, existe uma pequena extensão de terreno, onde se nota um grande número de sepulturas, das quais doze são recentes, sendo naquele lugar, segundo me consta particularmente, inumados cadáveres de indivíduos falecidos extramuros. Fora deste sítio, existem dispersas várias sepulturas de indivíduos falecidos intra e extramuros, segundo me consta.
O cemitério, e a vasta campada que o circunda, representa, pois, um outro foco de insalubridade. 

Do que fica exposto, resultam as seguintes indicações que convém que sejam adoptadas com urgência: destruir os pardieiros; destruir por meio de incineração os monturos e proceder à limpeza dos lugares públicos; expurgar o cemitério de ervas e pedras, nivelá-lo, colocar cruzes sobre as sepulturas, inscrevendo nelas a época do falecimento; proceder aos precisos arruamentos e à cultura de plantas apropriadas enquanto não esteja concluindo o regulamento que estou confeccionando para os cemitérios; proibir expressamente que os cadáveres dos cristãos falecidos nesta vila, quer intra quer extramuros, sejam enterrados fora do cemitério municipal; construir um outro cemitério ao lado do actual e onde deverão ser inumados os cadáveres dos indivíduos não-cristãos.

Convém notar-se que a Câmara Municipal para a execução das medidas higiénicas possui um orçamento e um código de posturas, aquele aprovado pelo Conselho de Província e este pelo de Cabo Verde, em 1872. No código de posturas a que me refiro deparam-se as seguintes importantes disposições: é proibido ter nas ruas couros podres ou outro qualquer objecto que exale mau cheiro; é proibido criar porcos ou leitões dentro de cada habitação, nos quintais ou pátios ou em edifícios ali existentes; é igualmente proibido ter ou conservar porcos ou leitões amarrados ou presos na rua ou à porta da casa de morada ou de qualquer estabelecimento.
Infelizmente, nenhuma providência se vê tomada pelas respectivas autoridades para dar cabal cumprimento a estas importantes mas triviais disposições da higiene.”

De seguida, centra a sua atenção na vida hospitalar, é igualmente crítico, não esconde o estado desolador das instalações:
“Existe na vila, descrito no orçamento da Província com a denominação de enfermaria e funciona numa casa particular arrendada pelo Governo. Possui duas enfermarias com nove metros de comprimento e seis de largura, um quarto para os enfermeiros, um dito para a secretaria, um dito para os doentes particulares, um dito para a farmácia, dois ditos para a arrecadação de roupas e utensílios de farmácia e um dito para a cozinha. Todo o edifício é circundado pelo lado interno por uma varanda e está limitado por um muro de dois metros. O pavimento inferior deste edifício serve para armazenar diversas mercadorias que dão entrada na Alfândega. Todos os higienistas são unanimemente concordes que sendo os hospitais estabelecimentos insalubres de primeira ordem devem ser situados pelo menos a 200 metros de distância da povoação mas o de Bissau acha-se situado no centro da povoação. A povoação fundada em terreno mais baixo, que o circunda, e estando demais o hospital, como fica dito, no centro da povoação, a ventilação é insuficiente. O facto de servir o pavimento inferior do edifício para armazenar as mercadorias dá margem a que as enfermarias não possam ser lavadas como devem. Os soldados de guarda de Alfândega apresentam-se repetidas vezes embriagados, passando toda a noite a gritar e a cantar e esta circunstância lamentável tem dado lugar a que os doentes não tenham o sossego que o seu estado de saúde reclama.
Julgo conveniente que o hospital seja removido para um local afastado da povoação e que o edifício possua todos os requisitos exigidos pela lei higiénica”.

Veremos como, no termo do seu importantíssimo documento, o Dr. Damasceno apresenta uma lista de plantas medicinais e tece considerações gerais, seguramente uma das peças mais importantes do seu relato.

(Continua)



Imagens retiradas do livro “Guiné Portuguesa”, Luís António de Carvalho Viegas, 1936.
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Nota do editor

Último poste da série de 27 de fevereiro de 2019 > Guiné 61/74 - P19535: Historiografia da presença portuguesa em África (151): Relatório do Delegado de Saúde da vila de Bissau, o médico de 2.ª classe Damasceno Isaac da Costa, referente a 1884 (4) (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P19555: In Memoriam (341): Falecimento, no passado dia 3 de Março, do 1.º Sargento João da Costa Rita da CART 2732 (Carlos Vinhal, ex-Fur Mil Art MA)

Acabou de chegar ao meu conhecimento, via José da Câmara, também este um amigo e camarada de armas dos Açores, combatente na Guiné, a triste notícia do falecimento, no passado dia 3, do "nosso" Primeiro Rita, com quem partilhei imensas horas enquanto estive "impedido" na Secretaria da Companhia e mesmo como Furriel Miliciano.

Apesar de mais velho, e pertencente ao "Quadro Permanente das FA", era um camarada que tudo fazia para nos integrar, respeitando-nos e fazendo-se respeitar. São inúmeros os episódios em que demonstrou estar sempre do lado dos milicianos. 
A sua experiência foi muito importante principalmente para os Furriéis especialistas da Companhia, ajudando-os na parte burocrática, muito mais complexa, por vezes, que a operacional.
Se bem se lembram, a CART 2732 esteve muitas vezes sem Comandante, sendo nestes intervalos os nossos alferes milicianos a assumir o seu comando. Nestas alturas sempre tiveram da parte do 1.º Rita a melhor colaboração e lealdade.

Mansabá, dia de aniversário do Cap Mil Jorge Picado. O 1.º Rita é o primeiro à direita
Foto: Jorge Picado


Com a devida vénia ao jornal Correio dos Açores

Mantive desde sempre contacto com o Chefe Rita, como lhe chamávamos, tendo-o visitado, inclusive, quando em 2006 estive nos Açores. Ainda falei com ele neste Natal de 2018, nada me levando a acreditar que era a última vez que o ouvia dizer: - Então senhor Carlos?

Tinha um sentido de humor apurado. Entre muitas "tiradas", retenho algumas como por exemplo ele ser o único branco nos Açores (era natural da ilha do Faial mas vivia na Terceira), e falar da árvore do macarrão, existente unicamente naquelas ilhas, em contraponto aos imensos arrozais da Guiné. Quando desaparecia algum papel na secretaria, dizia sempre que alguma vaca o tinha comido. Tendo prestado serviço na então Índia Portuguesa, onde foi prisioneiro de guerra, dizia-nos que lá as vacas andavam por tudo quanto era sítio e que ninguém as podia maltratar. Comiam tudo que apanhavam, tal era a fome, incluindo papel.

Ponta Delgada, 21JUL2006. Eu e o 1.º Rita

À sua esposa, filhos, netos e demais familiares, quero deixar, em meu nome pessoal e dos elementos da CART 2732, principalmente dos que mais de perto lidaram com ele, as mais sentidas condolências.

Foi um bom Homem. 
Que descanse em Paz

Carlos Vinhal
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Nota do editor

Último poste da série de 22 de fevereiro de 2019 > Guiné 61/74 - P19517: In Memoriam (340): Até sempre, 'comandante' Jorge Rosales (1939-2019)

Guiné 61/74 - P19554: Voluntário em Bissau, na Escola Privada Humberto Braima Sambu - Crónicas de Luís Oliveira (1): a ansiedade da partida e o calor humano da chegada, em 2 de março de 2019

Luís Oliveira
1. Texto do Luís Mourato Oliveira, nosso grã-tabanqueiro nº 730, que foi alf mil inf, de rendição individual, na açoriana CCAÇ 4740 (Cufar, 1973, até agosto) e, no resto da comissão, o último comandante do Pel Caç Nat 52 (Setor L1 , Bambadinca, Mato Cão e Missirá, 1973/74): é bancário reformado, foi praticante e treinador de andebol; vai estar 3 meses como voluntário na Guiné-Bissau, na Escola Privada Humberto Braima Sambuno âmbito de um projeto da associação sem fins lucrativos ParaOnde, que promove o voluntariado em Portugal e no resto do Mundo. (*)

Esta é a primeira crónica que ele nos prometeu escrever para o blogue da Tabanca Grande, e que nos acaba de chegar... 


2. Voluntário em Bissau, na Escola Privada Humberto Braima Sambu - Crónicas de Luís Oliveira (1): a ansiedade da partida e o calor humano da chegada, em 2 de março de 2019


A partida para Bissau, marcada desde Dezembro, parecia nunca mais chegar. Detesto as longas esperas, sobretudo quando a caminhada é uma incógnita e fértil em surpresas que até poderão não ser as melhores.

Depois as conversas com os amigos:

­‑ Tás é tótó, agora o velhadas quer ir para a Guiné! Pensas que tens vinte anos...isso era dantes, agora estás lixado, vais levar com os mosquitos, com a lagartada, pensas que tens a EPAL, estás f…! Tem mas é juizo e passa o bilhete a outro, os guineenses já nem falam português, nem te percebem!

E os dias foram passando lentamente, a ansiedade aumentando até que, tal como há quarenta e cinco anos atrás, chegou aquela tranquilidade que me protege nas alturas mais complicadas, passei a dormir melhor, a obsessão do embarque ficou distante e a partida, e tudo o que surgiu a seguir, passou a ser uma data de calendário com uma nota em agenda: “!Voo TAP TP1479, 17.40 do dia 2 de Março”.

E lá estava eu no aeroporto, convencido a ficar fechado naquele contentor voador durante quatro horas, sem direito a soltura, sujeito ao ar forçado e à simpatia das hospedeiras. Nem quero falar do que chamaram “jantar”, porque por sinal tratou-se apenas de um pormenor. O “pormaior” foi o assalto que a companhia de bandeira nacional fez a todos os passageiros cujas malas de cabine não cabiam na reduzida forma que criaram com o fim sacar cento e cinco Euros a todos os desprevenidos.

A minha mala de cabine que voou para Londres, Barcelona, Madrid, Roma, Milão nunca pagou um Euro e apresentava a medida certa, desta vez ou dilatou com o calor ou a TAP temia a sua dilatação no espaço aéreo Guineense e cobrou a quem podia e a quem não o podia fazer. Passageiros houve que deixaram a bagagem para que a mala apresentasse a elegância exigida pela bitola TAP.


Escola Privada Humberto Braima Sambu >  O novo uniforme dos alunos. 
Cortesia da Página do Facebook da Escola.  21 de novembro de 2018


Chegados a Bissau, digo chegados porque a Silvia Barny, voluntária do ParaOnde, também viajou neste voo e, após recolhidas as bagagens, tivemos a emotiva surpresa da recepção. Além do director da escola, o professor Humberto Braima Sambu e alguns professores, um numeroso grupo de alunos com o uniforme da escola cantaram as boas vindas e proporcionaram um acolhimento extraordinário.

Estava na Guiné das minhas memórias, o mesmo povo, a mesma simpatia daqueles que nunca deixarão de ser irmãos.

Bissau, 5 de Março 2019


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Nota do editor;

(*) Vd. poste de 8 de fevereiro de 2019 > Guiné 61/74 - P19482: Ser solidário (222): O nosso camarada Luís Mourato Oliveira parte dia 2 de março para Bissau, para fazer voluntariado durante 3 meses, através da organização sem fins lucrativos "ParaOnde"... E qualquer ajuda humanitária adicional pode ser encaminhada para (e seguir por conta de) a loja "Paris em Lisboa", no Chiado

Guiné 61/74 - P19553: Dando a mão à palmatória (30): o cap inf Cirilo de Bismarck Freitas Soares, natural de Matosinhos, morreu em 26/5/1965, quando atingido por fogo inimigo numa emboscada na zona de Piri, norte de Angola (Morais Silva, cor art ref)

1. Mensagem do nosso camarada António Carlos Morais da Silva, cor art ref [, foto à esquerda, quando cadete-aluno nº 45/63, do corpo de alunos da Academia Militar; no TO da Guiné, foi instrutor da 1ª CCmds Africanos, em Fá, adjunto do COP 6, em Mansabá, e comandante da CCAÇ 2796, em Gadamael, entre 1970 e 1972; estamos a aguardar que ele aceite o nosso convite para se sentar à sombra do poilão da Tabanca Grande, no lugar nº 784]

Data: 2 de março de 2019 00:19
Assunto: Correcção


Caro Dr Luís Graça

No texto biográfico enviado, o Cap Inf Cirilo de Bismarck Freitas Soares é dado como tendo falecido pela deflagração de uma mina A/C. (*)

Dos contactos tidos com o filho do senhor capitão Bismarck e com o ex-capitão da CCaç 464/BCaç 467, Coronel Joaquim Leão Repolho, concluí que a morte ocorreu por ter sido atingido por fogos IN que emboscaram a viatura em que ele se deslocava.

Assim sendo, reenvio a ficha biográfica corrigida pedindo a sua republicação no site que dirige.

Lamento o erro cometido (**) mas a falta de informação no processo individual levou-me a adoptar o texto que encontrei em

http://ultramar.terraweb.biz/Memoriais_concelhos_Matosinhos_Matosinhos_CiriloBismarckFreitasSoares.htm.

Os meus cumprimentos e a minha disponibilidade

Morais Silva

www.moraissilva.pt
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Notas do editor:


terça-feira, 5 de março de 2019

Guiné 61/74 - P19552: Agenda cultural (675): Inauguração da Exposição de Pintura e Poesia "...Como um dia de Primavera nos olhos de um prisioneiro", de Adão Cruz, dia 8 de Março de 2019, pelas 18h00, na Biblioteca Municipal Dr. Renato Araújo, em S. João da Madeira

C O N V I T E




INAUGURAÇÃO DA EXPOSIÇÃO DE PINTURA E POESIA  
“…COMO UM DIA DE PRIMAVERA NOS OLHOS DE UM PRISIONEIRO”, DE ADÃO CRUZ

Caro(a)s Amigo(a)s, 
No âmbito da Campanha da Poesia à Mesa 2019, é com imenso gosto que enviamos um convite para a inauguração da exposição de Pintura e Poesia “…Como um dia de primavera nos olhos de um prisioneiro” de Adão Cruz, no próximo dia 8 de março, sexta-feira, pelas 18h00, na Biblioteca Municipal. 

Contamos com a sua presença.

Biblioteca Municipal Dr. Renato Araújo
Rua Alão de Morais, 36
3700-021 S. João da Madeira
Blog: http://bibliotecasjmadeira.blogspot.pt
Facebook: https://www.facebook.com/biblioteca.sjm

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1 - O Dr. Adão Cruz, foi Alf Mil Médico da CCAÇ 1547/BCAÇ 1887, (Canquelifá e Bigene, 1966/68),

2 - Adão Pinho da Cruz nasceu no lugar de Figueiras, freguesia de Castelões, concelho de Vale de Cambra, em 1937. 
- Licenciado em Medicina e Cirurgia pela Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, especializado em Cardiologia e sub-especializado em ecocardiografia. 
- Prestou serviço militar na Guiné, entre 1966 e 1967, como alferes médico. 
Usando palavras suas: a profunda vivência da guerra e o profundo contacto com uma população miserável, constituíram uma das mais ricas e marcantes experiências da sua vida
- Apanhado pela explosão do 25 de Abril, não fugiu ao novos deveres de cidadania criados pela Revolução e, nomeado pelo Governador Civil de Aveiro, exerceu durante um ano as funções de Presidente da Comissão Administrativa da Câmara Municipal de Vale de Cambra. 
- É membro da Sociedade Portuguesa de Cardiologia, da Sociedade Europeia de Cardiologia, da Sociedade Portuguesa de Escritores e Artistas Médicos e foi também membro da Sociedade Portuguesa de Cuidados Intensivos. 
- Para além da sua actividade como médico, é escritor e pintor, com diversos livros publicados, de contos, poemas e pinturas. 
- Fez várias exposições, individuais e colectivas, realizadas em Portugal e no estrangeiro. 
- Principais obras publicadas: 
Esta Água Que Aqui Vem Dar (poemas e pinturas-1993), Vem Comigo Comer Amendoim (contos, ilustrados por Manuel Cruz-1994), Palavras e Cores (prosa poética e álbum de pinturas-1995), Adão Cruz – Tempo, Sonho e Razão (álbum de pinturas e textos de Albano Martins e César Príncipe-2003), Nova Ponte Sobre um Velho Rio (conjunto de três pequenos volumes de poesia, com capas sobre pinturas do autor-2006), Adão Cruz – Hora a hora rente ao tempo (álbum de pinturas e texto do autor-2007), Adão Cruz – Um gesto de silêncio (álbum de pinturas e poemas, com texto do autor -2010), VAI O RIO NO ESTUÁRIO, poemas de braços abertos (poesia e textos) e VAI O RIO NO ESTUÁRIO, cores de braços abertos (pintura e texto do autor).

(Com a devida vénia a "A Viagem dos Argonautas")
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Nota do editor

Último poste da série de 5 de Março de 2019 > Guiné 61/74 - P19550: Agenda cultural (674): Convite para a apresentação do livro "Orando em verso II", de Joaquim Mexia Alves, dia 30 de Março de 2019, pelas 15h00, no Mosteiro de Santa Clara - Monte Real (Joaqim Mexia Alves)

Guiné 61/74 - P19551: Convívios (887): XXXVI Encontro Nacional dos ex-Oficiais, Sargentos e Praças do BENG 447 - Brá, 1964-1974, a levar a efeito no dia 11 de Maio de 2019, na Tornada, Caldas da Rainha (Lima Ferreira, ex-Fur Mil do BENG 447)

XXXVI ENCONTRO NACIONAL DOS EX-OFICIAIS, SARGENTOS E PRAÇAS DO BENG 447, BRÁ, 1964-1974

DIA 11 DE MAIO DE 2019

TORNADA - CALDAS DA RAINHA


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Nota do editor

Último poste da série de 23 de fevereiro de 2019 > Guiné 61/74 - P19520: Convívios (886): Encontro do pessoal do BCAV 3846, a levar a efeito no próximo dia 17 de Março de 2019, no Cartaxo (Delfim Rodrigues, ex-1.º Cabo Aux Enf.º)

Guiné 61/74 - P19550: Agenda cultural (674): Convite para a apresentação do livro "Orando em verso II", de Joaquim Mexia Alves, dia 30 de Março de 2019, pelas 15h00, no Mosteiro de Santa Clara - Monte Real (Joaqim Mexia Alves)

C O N V I T E



1. Mensagem do nosso camarigo Joaquim Mexia Alves (ex-Alf Mil Op Especiais da CART 3492/BART 3873, Xitole/Ponte dos Fulas; Pel Caç Nat 52, Ponte Rio Udunduma, Mato Cão e CCAÇ 15, Mansoa, 1971/73) com data de 4 de Março de 2019:

Meus amigos
O meu segundo livro está editado e até já começou a ser vendido. No entanto a apresentação do mesmo só será feita no dia 30 de Março.

Estão todos convidados para a apresentação do meu livro "Orando em Verso II".

A receita da venda deste livro, (depois de deduzidas as despesas de edição), será inteiramente entregue às Irmãs Clarissas de Monte Real, para ajudar as obras do Mosteiro que recentemente construíram em Timor.

O livro pode ser adquirido também enviando um mail para orandoemverso@gmail.com e na resposta serão dadas todas as indicações para o poder receber em casa.
Ainda restam alguns, poucos, exemplares do primeiro livro, "Orando em Verso", cuja receita de venda foi e é entregue à Paróquia da Marinha Grande para a construção do Centro Pastoral de imensa necessidade para a paróquia. Pode ser adquirido também com envio de mail para o mesmo endereço electrónico acima referido.

Muito obrigado a todos pelo vosso apoio e colaboração.

Envio também convite e poster feitos pela Paulus para o evento.
Se quiserem colocar nos blogues respectivos agradeço e as Irmãs Clarissas também.

Abraços amigos e gratos do
Joaquim Mexia Alves
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Nota do editor

Último poste da série de1 de março de 2019 > Guiné 61/74 - P19541: Agenda cultural (673): Entrudo Chocalheiro, Podence, Macedo de Cavaleiros, 2-5 de março de 2019... Porque A Vida São Dois Dias, e o Carnaval São Três... E Portugal Não é Só Lisboa ... E Eu Vou Lá Estar!... (Luís Graça)