Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
terça-feira, 29 de setembro de 2009
Guiné 63/74 - P5030: Memórias e histórias minhas (José da Câmara) (7): Servir Bissau: uma contenda inglória onde o pesadelo e o ronco se misturavam
Olá Carlos,
Junto encontrarás mais uma página das minhas memórias.
Como sempre faz aquilo que entenderes por bem.
Um abraço amigo com votos de muita saúde para ti e para toda a tabanca.
José Câmara
Servir Bissau: uma contenda inglória onde o pesadelo e o ronco se misturavam
Acabada a cerimónia de recepção às forças agora chegadas à Guiné, o Comandante da CCaç 3327, Cap Mil Rogério Rebocho Alves, reuniu com todos os graduados. Nessa reunião ficámos a saber que um GCOMB iria de imediato para o destacamento de Dungal, o qual seria rendido de quinzenalmente. Para além do Grupo de Combate, uma Secção foi reforçar o destacamento de Nhacra. O objectivo era adaptar a Companhia ao mato da Guiné. Os outros dois GCOMBS e duas Secções ficariam em Bissau, tendo como principal missão a segurança de algumas instalações militares, o patrulhamento dos bairros de Bissau, das tabancas e zonas limítrofes da cidade, e os serviços próprios de qualquer quartel. A tudo isso se juntava a Guarda de Honra que, semanalmente, se fazia no cemitério na exumação dos nossos camaradas caídos pelos diferentes pedaços da Guiné. Traumatizante demais para os soldados da minha Companhia. Antes da sua guerra já tinham contacto com a morte.
As instalações, cuja segurança militar ficariam à guarda e responsabilidade da CCaç 3327, eram as seguintes:
1 – Palácio do Governador da Guiné
2 – Quartel da Amura
3 – Instalações da Rádio
4 – Hospital Militar 241
5 – O Laboratório
Naquela reunião, o Comandante da Companhia solicitou três voluntários para chefiarem os serviços da Guarda ao Palácio do Governador. Ninguém se ofereceu para este trabalho, aparentemente fácil, mas de uma grande responsabilidade. Assim, a escolha do próprio Comandante recaiu no Fur Mil de Operações Especiais, Carlos Alberto R. P. da Costa, no Fur Mil de Armas Pesadas Manuel Lopes Daniel e em mim. Nós, os indigitados para o serviço ao Palácio do Governador, ficámos ainda com a responsabilidade de fazermos um serviço de Sargento de Dia, na rotação normal, que acontecia de oito em oito dias.
O trabalho em Bissau era intenso, embora não oferecesse os perigos que o mato escondia. Para se ter uma ideia daquela intensidade, ao fim de trinta e sete dias de Guiné ainda foram encontrados três soldados sem um dia de folga. A intensidade do trabalho aliado à disciplina imposta pelo Comandante do AGRBIS transformou esta estadia em Bissau num autêntico pesadelo.
Nesta contenda inglória que foi a nossa guerra em Bissau, os únicos felizardos fomos nós, os Sargentos da Guarda ao Palácio. O nosso trabalho era, comparativamente com o trabalho dos nossos camaradas, bastante mais suave. Mesmo assim, um dos meus camaradas de serviço ao Palácio, não se livrou do castigo à ordem. O furriel viu-se obrigado a participar de um soldado adido à nossa Companhia, na altura sob o seu comando, que se ausentou do seu posto de serviço, sem a devida autorização ou substituição. Na sua primeira e única participação que fez, o furriel não indicou o artigo do RDM infringido e esse lapso foi o suficiente para que fosse castigado com cinco dias de detenção. O soldado foi punido com vinte dias de prisão.
Entrámos de imediato ao serviço (28 de Janeiro de 1971) ao Palácio, embora, os primeiros dias fossem apenas de sobreposição e sem qualquer responsabilidade da nossa parte. Tomámos o primeiro contacto com aquilo que seria a nossa responsabilidade. A nossa missão principal seria, sem dúvida, a segurança diária do Palácio, e, todo o aparato que englobava o içar da bandeira e o render da guarda ao Domingo. Nas tarefas diárias e no Render da Guarda a colaboração dos cabos e dos soldados era fundamental. O seu aprumo, destreza e rapidez em todos os processos envolvidos eram primordiais para o sucesso da missão. Acrescento, com algum orgulho, que os soldados da minha Companhia estiveram à altura da missão.
A guarda ao Palácio englobava as seguintes forças essenciais:
a) - Uma Secção de tropa regular, comandada por um Sargento da Guarda, que tinha a seu cargo os postos de sentinela ao fundo do jardim e ainda um posto de sentinela ao lado direito do jardim. A segurança era feita durante o dia do lado de fora do jardim. Com o render dos postos de sentinela às seis horas da tarde a segurança passava a ser feita do lado de dentro dos muros.
b) - Uma Secção da Polícia Militar, incluindo um sargento e um oficial, que tinha a seu cargo o pórtico principal do Palácio e o portão lateral de serviço geral.
c) - Durante a noite, entre as dezoito e as seis horas, a segurança era reforçada com um elemento da Polícia de Segurança Pública, que ficava encarregado do espaço entre a casa da guarda e do pessoal civil servente do Palácio e o edifício principal.
d) - Também durante a noite, a segurança era ainda reforçada com um cão treinado em segurança e respectivo tratador, na altura um pára-quedista, que tinha a seu cargo o patrulhamento do interior do jardim
Com a devida vénia ao autor da fotografia. Vista aérea de Bissau sendo bem visível o complexo do Palácio. 1 – Casa da Guarda 2 – Casa da Polícia Militar
Toda a responsabilidade da segurança recaía nos ombros do sargento da guarda. Cabia-lhe a implementação das regras estabelecidas. Mantinha em ordem todo o material de guerra à sua disposição: metralhadoras, munições e granadas de mão. Era responsável por encaminhar todas as mensagens chegadas via CTT, conforme o seu grau de segurança. Respondia directamente ao Oficial Ajudante de Campo do Governador sobre qualquer assunto de segurança julgado pertinente. Elaborava e assinava o seu relatório de serviço que era entregue no Comando do AGRBIS logo após a sua chegada a este complexo militar.
Durante cerca de dois meses, essa foi parte do meu trabalho, esta foi a minha Guerra em Bissau. Mantive, sempre, óptimas relações com todas as forças de segurança, incluindo os oficiais da Polícia Militar, que nunca me regatearam a sua compreensão. Encontrei no Ajudante de Campo do Governador, na altura um capitão, muito mais que um militar. Nesse oficial encontrei alguém que compreendia que nós, militares obrigados ao serviço, éramos pessoas que cometíamos erros, que falhávamos, mas que também tínhamos qualidades humanas a respeitar.
Fev71 - O Fur Mil José Câmara, Sargento da Guarda, no interior do jardim do Palácio do Governador da Guiné
Devo confessar que as boas manobras militares sempre me fascinaram. A organização, a ordem, a unidade, a beleza do movimento são, essencialmente, a base desse fascínio. Ainda hoje isso acontece.
Em Bissau, em frente ao Palácio do Governador, iria ter a oportunidade de ver essas manobras ao mais alto nível, e, eventualmente, participar nelas, quiçá a pior parte. A responsabilidade era grande, pois milhares de pessoas observavam, ao pormenor, essas manobras na praça do Império e o desfile das tropas na Avenida da República.
No Domingo de manhã acontecia ronco grande em Bissau
O atavio militar das Praças da Guarda era o fardamento n.º 2, com cordões brancos nas botas, tendo como armamento a G3. O Sargento da Guarda também vestia o fardamento n.º 2, com luvas brancas e cordões das botas da mesma cor. O seu armamento era a FBP. Durante a cerimónia o carregador na arma estava vazio. Em verdade se diga, os carregadores que estavam nas cartucheiras estavam devidamente carregados.
Postal da época da Guerra na Guiné - Aspecto do Render da Guarda
Para além das Praças da Guarda, as Forças em Parada eram, normalmente, as seguintes: dois Grupos de Combate reduzidos, nesta nossa participação, da CCaç 3327, com fardamento n.º 2 e G3, um Pelotão da Polícia Militar em camuflado e G3, e um Grupo do Destacamento de Fuzileiros Navais em fardamento branco e G3. Os Leopardos (se a memória não me falha essa era a sua sigla e sujeito a correcção) de Bissau, com os seus inconfundíveis turbantes vermelhos, eram a Banda Militar que nos acompanhavam nestas cerimónias.
Após o içar da bandeira e o render da Guarda, as forças desfilavam pela Avenida da República indo destroçar junto ao Quartel da Amura.
Postal da época da Guerra na Guiné – A excelente Banda Militar de Bissau
Nunca poderei esquecer a atenção e o respeito que os guineenses demonstravam nestas cerimónias. Novos e velhos, homens e mulheres seguiam com muita atenção todos os pormenores do içar da bandeira e do Render da Guarda. Vi muitos deles saudar com continência a Bandeira que subia no mastro, e senti o calor de milhares de palmas quando as nossas tropas acabavam as manobras em frente ao Palácio e desfilavam pela Avenida da República. Nestas ocasiões, devo confessar, não sentia que os guineenses procuravam a sua independência. Quanto muito desejavam a paz, a mesma paz que nós procurávamos. Nós éramos a sua esperança.
Foi essa atenção, respeito e calor humano que eu senti das populações da Guiné, num simples içar de uma Bandeira Nacional e de um desfile militar, que começaram a despertar em mim o amor por aquela terra mártir e a sua gente que, ainda hoje, perdura e... perturba.
José Câmara
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Nota de CV:
(*) Vd. poste de 10 de Setembro de 2009 > Guiné 63/74 - P4935: Os Nossos Enfermeiros (4): Valioso trabalho desenvolvido pelo Fur Mil Enf Rui Esteves (CCAÇ 3327) e a sua equipa (José da Câmara)
Vd. último poste da série de 6 de Setembro de 2009 > Guiné 63/74 - P4906: Memórias e histórias minhas (José da Câmara) (6): AGRBIS, um inferno no meio da guerra
Guiné 63/74 - P5029: Meu pai, meu velho, meu camarada (16): Expedicionário no Mindelo, S. Vicente,1941/43,1º Cabo Inf Luís Henriques (3) (Luís Graça)
Luís Henriques (n. 1920, Lourinhã) é mobilizado para Cabo Verde durante a II Guerra Mundial. Com 21 anos por completar, era o 1º Cabo Inf, nº 188/41, 1º Pelotão, 3ª Companhia, 1º Batalhão, Regimento de Infantaria nº 5 (Caldas da Rainha). Esteve no Mindelo, S. Vicente, entre Julho de 1941 e Setembro de 1943. Neste episódio, conta como foi de táxi da Lourinhã para Lisboa, em estrada de macadame (70 km), com mais camaradas, chegando atrasado à formatura para o embarque, em 15 ou 16/7/41... Ouve, pela última vez, marchando a caminho do Cais da Rocha Conde de Óbidos, a voz da sua amiguinha Fernandinha que se veio despedir dele e dos demais "soldados que iam para a guerra"...
Vídeo (4' 15''): Luís Graça (2009). Alojado em You Tube > Nhabijoes
Lourinhã > Rua Grande (ou Roão Jpão Luís de Moura)> Praça de táxis > Finais dos anos 40, c. 1950 (?) > Postal da época... Do lado esquerdo, não visível na foto, a Escola do Ensino Primário Conde de Ferreira onde estudei (1954/58), infelizmente já deitada abaixo tal como o coreto, do Largo Coreto, ao lado da Igreja Matriz, antiga igreja do convento dos Franciscanos, coreto de que se vê, na foto, à esquerda, uma nesga da cobertura...
É uma rua bonita, do Séc. XVIII... Para ñós, era a Rua Grande, por onde passva todo o trânsito local, regional e nacional (Felizmente, hoje é uma rua pedonal... A política do bota-abaixismo do presidente da Câmara Municipal deposto com o 25 de Abril de 1974, levou à perda deste belíssimo património edificado, a escola e o coreto... O edifício, nas traseiras da praça de táxis, também já não existe... O resto da praça mantêm-se de pé, em especial os edifícios do lado esquerdo (antigos edifícios da Repartição de Finanças e do Tribunal da Comarca; neste último está instalado o Museu da Lourinhã, onde se pode ver uma das mais valiosas colecções paleontológicas da Europa).
Caldas da Rainha > "15/7/41. A despedida das tropas expedicionárias de Cabo Verde. R.I. 5, Caldas da Rainha. Luís"
Cabo Verde > S. Vicente > Mindelo > S/ legenda nem data. O Serpa Pinto ao largo da Baía do Porto Grande, Mindelo (presume-se). Esteve ao serviço da Companhia Colonial de Navegação desde 1940 a 1954, senão me engano. Foi comprado em 2ª ou 3ª mão...
Cabo Verde >S. Vicente > Mindelo > "23/7/1941. Chegada ao 1º Batalhão Expedicionário do R.I. nº 5 a São Vicente, Cabo Verde. Na fotografia estou eu com alguns camaradas da minha companhia. No porto do Mindelo fomos entusiasticamente recebidos. Luís Henriques". [Partida a 15 (?) ou talvez 16 de Julho de 1941, do Cais da Rocha Conde de Óbidos, Lisboa].
Cabo Verde > S. Vicente > Mindelo > "Luís Henriques em 10 de Maio de 1942. Na praia do Monte Branco, Lazareto, S. Vicente".
"Todas as manhãs depois do trabalho é o banho, a nossa alegria. Nesta altura pouco sabia nadar. Julho de 1942 [, um ano depois de ter chegado à ilha]. Luís Henriques". [ Devido à frequente presença de tubarões, a praia de banhos tinha algumas protecções; o mai pai contava-me histórias dos temíveis tubarões que infestavam a costa de Cabo Verde...]
Cabo Verde > S. Vicente > Mindelo > "Um número de ginástica feito pela 2ª Companhia que deixou uma boa impressão à assistência. Lazareto em festa, aos 23 de Julho de 1942 [, 1º aniversário da chegada à Ilha]. Luís Henriques".
Cabo Verde > Ilha de S. Vicente > Mindelo > "Comemoração de Aljubarrota em S. Vicente. Desfile de todas as tropas e viaturas.. A 1ª e a 3ª Companhias do [1º Batalhão do] R.I. 5. Mindelo, 14/8/43". (*)
Fotos: © Luís Graça (2009). Direitos reservadas
Cabo Verde > Barlavento > Ilha de S. Vicente > Mindelo > Belíssima "vista da cidade de Mindelo na baía do Porto Grande, com o Monte Cara (à esquerda) e Santo Antão (ao fundo, à direita)"...
A cidade "ocupa uma área total de 67 km² a noroeste da ilha, na Baía do Porto Grande, porto natural formado pela cratera submarina de um vulcão com cerca de 4 km de diâmetro. O Ilhéu dos Pássaros com 82 metros de altitude e que hospeda um pequeno farol, sinaliza a outra extremidade da cratera"...
Capital do concelho de S. Vicente, Mindelo, cidade cosmopolita, é a segunda maior do arquipélago (a seguir à Praia, capital política e administrativa do país), tendo cerca de 70 mil habitantes... No seu liceu (o único do Barlavento), estudou Amílcar Cabral (foi para lá aos 17 anos, em 1941). É também o berço da morna, a terra do Bana e da Cesária... Tem um ciclo de fomes, secas e epidemias mas também de contestação social que marcaram as suas gentes...
Para saber mais sobre a sua história (económica, social e cultural) do Mindelo, vd. excelente artigo da Wikipédia (que é omisso, no entanto, sobre o importante contingente de tropas portuguesas expedicionárias durante a II Guerra Mundial).
Foto: Pitt Reitmaier (2005). Imagem copyleft. Fonte: Wikipédia (com a devida vénia...)
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Nota de L.G.:
(*) Vd. poste de
28 de Setembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5022: Meu pai, meu velho, meu camarada (15): Expedicionário no Mindelo, S. Vicente,1941/43,1º Cabo Inf Luís Henriques (2) (Luís Graça)
27 de Setembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5021: Meu pai meu velho, meu camarada (14): Expedicionário no Mindelo, S. Vicente, 1941/43, 1º Cabo Inf Luís Henriques (1) (Luís Graça)
27 de Setembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5019: Meu pai, meu velho, meu camarada (13): Mindelo, ontem e hoje ( Lia Medina / Nelson Herbert / Luís Graça)
20 de Março de 2009 > Guiné 63/74 - P4059: Meu pai, meu velho, meu camarada (1): Memórias de Cabo Verde, São Vicente, Mindelo, 1941/43 (Luís Graça)
Guiné 63/74 - P5028: (Ex)citações (48): Leiam os lábios dos poetas: O Portugal Futuro, de Ruy Belo (Luís Graça)
(...) Caro António Graça de Abreu!
O poeta Ruy Belo [foto à esquerda] (não meu familiar) escreveu:
-O meu país? O meu país é o que o mar não quer! (...)
As palavras são de outro Belo, o José, um camarada da Guiné, um português da diáspora em terra de Vikings, ...
Deixem-me que cite um dos meus poemas preferidos do Ruy, que a Pátria, ingrata, deixou morrrer ou matou precocemente... em 1978. Como tem deixado morrer ou matado, precocemente, alguns dos melhores de nós... Permitam-me também a pequena vaidade de citar a minha dedicatória, à Alice, à Joana e ao João, constante da minha tese de doutoramente em saúde pública, Política(s) de saúde no trabalho: um inquérito sociológico às empresas portugueses (Universidade Nova de Lisboa, 2004). (*)
Dedicatória
À minha mulher Alice e aos meus filhos Joana e João. Eles têm sido os meus grandes companheiros da aventura da vida. E são as únicas pessoas do mundo a quem eu tenho o dever de não decepcionar. Eles foram uma fonte estimulante de inspiração e um ponto fulcral de apoio no decurso da realização deste trabalho. A investigação e a escrita são um longo e às vezes doloroso exercício de solidão. Com eles e por eles consegui vencer a minha atávica síndroma do ponto final. Espero que eles tenham sempre orgulho em mim. Eu tenho orgulho neles. E sobretudo confiança. Porque eles fazem parte da ideia do Portugal futuro, aqui tecida por um homem de palavra(s) como eu, e um dos meus poetas favoritos, Ruy Belo. LG.
___________
É também uma homenagem, a minha homenagem pessoal, aos nossos dois camaradas que hoje fazem anos, o António Bastos e o Manuel Vieira Moreira... Que eles continuem a poder dizer, tal como o poeta: Portugal será e lá serei feliz... (**) L.G.
Ruy Belo:
O Portugal futuro
O portugal futuro é um país
aonde o puro pássaro é possível
e sobre o leito negro do asfalto da estrada
as profundas crianças desenharão a giz
esse peixe da infância que vem na enxurrada
e me parece que se chama sável
Mas desenhem elas o que desenharem
é essa a forma do meu país
e chamem elas o que lhe chamarem
portugal será e lá serei feliz
Poderá ser pequeno como este
ter a oeste o mar e a espanha a leste
tudo nele será novo desde os ramos à raiz
À sombra dos plátanos as crianças dançarão
e na avenida que houver à beira-mar
pode o tempo mudar será verão
Gostaria de ouvir as horas do relógio da matriz
mas isso era o passado e podia ser duro
edificar sobre ele o portugal futuro
In Belo, R. (2000) - Todos os Poemas.
Lisboa: Assírio & Alvim. 366-367.
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Notas de L.G.:
(*) Último poste desta série (Ex)citações:
20 de Setembro de 2009 > Guiné 63/74 - P4983: (Ex)citações (47): Sexo e amor em tempo de guerra (Juvenal Amado / S.N.)
(**) Vd. postes de:
29 de Setembro de 2009 >Guiné 63/74 - P5026: Parabéns a você (30): Manuel Moreira, ex-1.º Cabo Mec Auto da CART 1746, Ponta do Inglês e Xime, 1967/69 (Editores)
29 de Setembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5025: Parabéns a você (29): António Bastos, ex-1.º Cabo do Pel Caç Ind 953, Teixeira Pinto e Farim, 1964/66 (Editores)
Guiné 63/74 – P5027: Estórias do Fernando Chapouto (Fernando Silvério Chapouto) (6): As minhas memórias da Guiné 1965/67 – A morte do Fur. Mil. Tomé!
Guiné 63/74 - P5026: Parabéns a você (30): Manuel Moreira, ex-1.º Cabo Mec Auto da CART 1746, Ponta do Inglês e Xime, 1967/69 (Editores)
Muito a sério, desejamos todos, que esta data festiva seja repetida por muitos e bons anos, com qualidade, junto de quem lhe quer bem..
Manuel Moreira apresentou-se à Tabanca em Novembro de 2008, assim:
Olá, Luis Graça.
Sou Manuel Vieira Moreira, ex-1.º Cabo Mecânico Auto da CART 1746 que esteve em Bissorã de Julho de 1967 a Janeiro de 1968 e Ponta do Inglês, onde fiz a "Canção da Fome" (**), enviada pelo meu grande amigo e conterrâneo Paulo Santiago (somos ambos de Aguada de Cima) e Xime de Janeiro de 1968 a Junho de 1969.
Teria muito gosto em saber o endereço do nosso amigo Sousa de Castro.
Um Grande Abraço.
(**)CANÇÃO DA FOME
Estamos num destacamento,
A favor de sol e vento,
Na Ponta do Inglês .
Não julguem que é enorme
Mas passamos muita fome,
Aos poucos de cada vez.
A melhor refeição
Que nos aquece o coração,
É de manhã o café;
Pão nunca comi pior
Nem café com mau sabor
Na Província da GUINÉ.
Ao almoço atum a rir
E um pouco de piri-piri,
Misturado com Bianda,
E sardinha p´ró jantar
E uma pinga acompanhar
Sempre com a velha manga.
Falando agora na luz
Que de noite nos conduz
As vistas par' ó capim:
Se o gasóleo não vem depressa,
Temos Turras à cabeça,
Não sei que será de mim.
Quando o nosso coração bole,
Passamos tardes ao Sol
Junto ao Rio, a esperar
De cerveja p'ra beber
E batatas p'ra comer
Que na lancha hão-de chegar.
A fome que aqui se passa
Não é bem p'ra nossa raça,
Isto não é brincadeira
E com isto eu termino
E desde já me assino
...MANUEL VIEIRA MOREIRA.
__________
Notas de CV:
(*) Vd. postes de:
31 de Julho de 2006 > Guiné 63/74 - P1009: Cancioneiro do Xime (1): A canção da fome (Manuel Moreira, CART 1746)
24 de Agosto de 2007 > Guiné 63/74 - P2066: Em busca de... (9): Malta da CART 1746, a unidade do Alf Mil Gilberto Madail e do 1º Cabo Manuel Moreira (J. M. OIiveira Pereira)
27 de Novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3526: Tabanca Grande (99): Manuel Moreira, ex-1.º Cabo Mec Auto da CART 1746, Ponta do Inglês e Xime, 1967/69
12 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4177: Tabanca Grande (133): Manuel Vieira Moreira, ex-1.º Cabo Mec Auto da CART 1746, Bissorã, Ponta do Inglês e Xime, 1967/69
Vd. último poste da série de 29 de Setembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5025: Parabéns a você (29): António Bastos, ex-1.º Cabo do Pel Caç Ind 953, Teixeira Pinto e Farim, 1964/66 (Editores)
Guiné 63/74 - P5025: Parabéns a você (29): António Bastos, ex-1.º Cabo do Pel Caç Ind 953, Teixeira Pinto e Farim, 1964/66 (Editores)
Ao António Bastos, vimos através do nosso Blogue, desejar-lhe um dia muito feliz junto dos seus familiares e amigos, e que esta data seja festejada ainda por muitos anos, cheios de saúde e boa disposição
Recordemos um dos seus contactos com o nosso Blogue:
Amigos companheiros da Tabanca Grande, a todos um saudoso Natal e um próspero Ano Novo. Que o novo Ano lhes traga tudo de bom e que os companheiros que ainda não foram à Guiné, vão este Ano.
Amigo Carlos, perguntas-me se não quero fazer parte da Tabanca Grande? Pois meu amigo, eu agradeço o convite e vou aceitar, porque sou dos que não larga a Net, a procurar tudo que diga respeito à Guiné ou até à guerra.
Amigo, sobre mandar fotos da minha guerra e sobre as que fiz das vezes que lá voltei (3) poucas tenho, mas tenho alguns vídeos. Também te informo que sobre computador sou um autêntico analfabeto, sempre que preciso de alguma coisa tenho de pedir ajuda.
Mas vou tentar enviar algumas.
Vou falar sobre a minha vida militar.
No dia 12 de Janeiro 1964 assentei praça no RAAF de Queluz, depois fui transferido para uma Bateria que existia em Porto Btandão, aí fiz a recruta e jurei bandeira em Queluz. Depois foi para o RI1 na Amadora onde fiz a especialidade. Tinha como oficial comandante de pelotão, um Tenente que se chamava (já faleceu) Nuno Nest Arnout Pombeiro que era genro do Comandante da Unidade, Coronel Américo Mendonça Frazão (faleceu como General). Aí acabei a especialidade e fui mobilizado para a Guiné, incorporado num Pelotão Caçadores 953, independente.
Embarquei para a Guiné no dia 15 de Julho de 1964, onde cheguei a 21. Desembarquei e fui para Amura, aí permaneci duas horas, sendo depois escoltado pela Polícia Militar até João Landim, onde rendemos o Pelotão Caçadores independente 857.
Dali fomos para Bula, Comando de Batalhão 507, cujo Comandante era o Tenente Coronel Hélio Felgas (já falecido). Depois das apresentações fomos para Teixeira Pinto, onde ficámos adidos à Companhia de Artilharia 527, comandada pelo capitão António Amorim Varela Pinto.
Eram já 16 horas quando almoçámos, dali seguimos para Cacheu onde permanecemos até ao dia 9 de Março de 1965, regressando novamente a Bissau para seguirmos para Farim, via Mansoa e Mansabá. Jantámos e às quatro horas da manhã seguimos então para Farim.
Aí já nos esperava o BCav 490, comandada pelo Tenente Coronel Cavaleiro. Permanecemos lá uns dias.
No dia 23 de Março de 1965 deu-se a grande invasão de Canjambari onde a guarnição era composta pelas Companhias 487 e 488, Pelotão Morteiros 980, um Pelotão da 1.ª Companhia de Caçadores Africanos, um Pelotão Auto-metrelhadoras e o meu, o 953.
Eram 6,30 horas quando rebentou uma mina debaixo de uma GMC e começámos a embrulhar até às 16,00 horas. Quando os T6 largaram as bombas, o IN logo nos deixou, mas por poucos dias, porque depois começaram a atacar-nos no acampamento. Este era para ficar em Canjambari praça, mas o Comandante mandou-nos recuar para Canjambari Morcunda.
Começámos logo a fazer o aquartelamento com palmeiras. De dia trabalhava-se, de noite era um desassossego, porque vinham visitar-nos e fazer alguns tiritos. Também tínhamos as operações a nível de duas secções de brancos e uma de africanos. Infelizmente numa dessas operações tivemos duas baixas na 488. Os trabalhos e até a pista para a avioneta foram todos feitos à força de braço.
Com a saída do BCav 490, veio o 733, comandado por Tenente Coronel Glória Alves, que infelizmente nos deixou no dia 30 de Novembro. Passámos a descansar e viemos para Jumbembem onde permanecemos três meses, regressando um mês a Canjambari.
Em Maio de 1966 regressámos a casa.
Um pouco abreviado é esta a minha vida militar.
Amigos e companheiros desculpem-me alguns erros, mas foi uma 4.ª classe tirada a martelo.
Vou-me despedir e desejando a todos os amigos um Natal muito feliz.
Até breve
A.Paulo Bastos
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Notas de CV:
(*) Vd. postes de:
26 de Novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3524: O Nosso Livro de Visitas (46): A. Paulo, Pel Caç 953, Guiné, 1964/66
12 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3610: Tabanca Grande (104): António Paulo Bastos, 1.º Cabo do Pel Caç 953 (Teixeira Pinto e Farim, 1964/66)
16 de Dezembro de 2008> Guiné 63/74 - P3637: Em busca de... (58): 2.º Sargento Coelho da 1.ª CCAÇ Africanos (Farim) (António Paulo Bastos)
3 de Fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3837: Memória dos lugares (16): Cacheu, 1964 (António Paulo Bastos, Pel Caç 953, 1964/66)
14 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4187: Convívios (108): Pessoal dos Pelotões 953; 954; 955; 956 e 1.ª CCAÇ Africanos, em Azeitão, dia 2 de Maio de 2009 (António Bastos)
26 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4590: Controvérsias (21): O helicóptero do PAIGC, visto na zona do Cacheu pela 1ª vez na madrugada de 13/10/64 (António Bastos)
Vd. último poste da série de 27 de Setembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5017: Parabéns a você (28): Luís Borrega, ex-Fur Mil da CCAV 2749/BCAV 2922, Piche, 1970/72 (Os Editores)
segunda-feira, 28 de setembro de 2009
Guiné 63/74 - P5024: Da Suécia com saudade (13) (José Belo, ex-Alf Mil, CCAÇ 2381, 1968/70) (13): Portugal é um país de tolerância e humanismo
Caros Amigos e Camaradas!
Tão perto, e tão longe, dos fuzilamentos contínuos da guerra civil espanhola, Portugal libertou-se das ditaduras do antes e depois... sem um único fuzilamento, com tudo o que isso significa de tolerância e humanismo.
Estive presente na Assembleia do MFA, nas instalações da Manutenção Militar, em Lisboa aquando do rescaldo do 11 de Março, a tal em que alguns camaradas militares, mais exaltados, mas poucos, pediam o fuzilamento dos que bombardearam o RALIS, causando mortos.
O pêndulo movimentou-se, e, aquando do 25Nov75, numa reunião no Regimento de Comandos, foram de novo sugeridos fuzilamentos, mas agora para alguns da chamada esquerda do MFA.
Em AMBAS(!!!) as ocasiões, a esmagadora maioria dos presentes repudiou vivamente estas sugestões.
E, apesar de um Camarada e Amigo, militar-poeta, ter escrito:
- Quando reacontecer Abril... na madrugada anterior, prendam-se todos os cravos(!), quero continuar a acreditar que os nossos tão, injustamente ironizados, brandos costumes, mais não são que o fantástico resultado de uma maneira de estar na vida, tão característica do nosso querido Portugal!
Um abraço amigo do
José Belo
Estocolmo 14/9/09
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Notas de CV:
(*) Vd. poste de 16 de Setembro de 2009 > Guiné 63/74 - P4965: Os Nossos Enfermeiros (6): Os Nossos Anjos da Guarda (Joseph Belo)
Vd. último poste da série de 20 de Julho de 2009 > Guiné 63/74 - P4709: Da Suécia com saudade (José Belo, ex-Alf Mil, CCAÇ 2381, 1968/70) (12): O meu tecto mais não é que o soalho do vizinho
Guiné 63/74 – P5023: Filatelia(s) (4): Selos postais em circulação na GUINÉ - 1962/74 (Magalhães Ribeiro)
1. Do arquivo pessoal, do Eduardo José Magalhães Ribeiro, ex-Fur Mil Op Esp/Ranger da CCS do BCAÇ 4612/74, Cumeré, Brá e Mansoa 1974:
Camaradas,
Dando seguimento à série sobre a filatelia na Guiné, no período entre 1964 e 1974, contabilizei, num dos melhores catálogos da especialidade sobre selos postais das “Colónias portuguesas” do ano de 2008, emitido pela AFINSA de Portugal, que segundo indicação contou com a orientação técnica do Instituto de Expertização de Filatelia Portuguesa, 26 selos que foram postos em circulação entre 1964 e 1974, na então Guiné Portuguesa.
É evidente que nos primeiros anos de guerra deviam existir, quer em Bissau na estação central dos correios, quer nos estabelecimentos espalhados pelo território bastantes selos ainda dos anos 50.
Assim, segundo constava, era vulgar ver inúmeras cartas em circulação com selos desses anos.
Um dos fenómenos mais curiosos sobre a filatelia corrente, durante a estadia dos portugueses naquelas terras, de que me apercebi em 1974, foi o seguinte.
Nas suas breves passagens por Bissau, quer por encomendas posteriores via diversos meios, quer para seu uso pessoal, quer para desenrascar os amigos mais próximos, o pessoal que se deslocava para os diversos aquartelamentos no interior, adquiriam abastadas quantidades de selos, de modo a garantir a legalidade da sua correspondência habitual.
Depois, devido à falta de tempo para escrever às famílias, namoradas e amigos, e, ou, a desmotivações ou indisposições de diversas origens, como por exemplo dias e dias em acções repetitivas e rotineiras e por isso sem matérias inspiradoras, não utilizavam os mencionados selos.
Este fenómeno acontecia ainda que em 1974, pois eu cheguei a enviar muitas cartas para o Continente, com selos dos anos 60 e, mais curioso ainda, é que uma vez esgotados os selos postais, além de usar os aerogramas (quando os havia claro), eu, e não só, colávanos nas cartas selos da Assistência.
Engraçado é que nunca uma carta me foi devolvida, ou deixou de chegar ao destinatário por esse motivo.
Com os devidos agradecimentos à AFINSA Portugal, publico a seguir algumas das páginas do seu catálogo, em que são expostos os ditos selos e algumas das suas características identificativas.
Magalhães Ribeiro
Fur Mil Op Esp/RANGER da CCS do BCAÇ 4612/74
Documentos: © AFINSA Portugal (2009). Direitos reservados.
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Notas de M.R.:
Vd. postes anteriores desta série em:
12 de Setembro de 2009 > Guiné 63/74 - P4940: Filatelia(s) (1): Amílcar Cabral (1924-1973), "fundador da nacionalidade" (João Lourenço)
15 de Setembro de 2009 > Guiné 63/74 - P4952: Filatelia(s) (2): Envelopes e selos comemorativos da Proclamação do Estado da Guiné-Bissau - 1974 (Magalhães Ribeiro)
23 de Setembro de 2009 > Guiné 63/74 – P5000: Filatelia(s) (3): Selos emitidos pelo novo Estado da GUINÉ-BISSAU Após a Proclamação da Independência (Jorge Picado)
Guiné 63/74 - P5022: Meu pai, meu velho, meu camarada (15): Expedicionário no Mindelo, S. Vicente,1941/43,1º Cabo Inf Luís Henriques (2) (Luís Graça)
Cabo Verde > S. Vicente > Mindelo > "A cidade do Mindelo e ao fundo o enorme Monte Verde [, 750 m]. Vê-se parte da baía da Galé. S. Vicente. Maio de 1943. Luís Henriques"
Cabo Verde > S. Vicente > Mindelo > "Aspecto da cidade do Mindelo, tirado do Oeste [, ou seja, do lado do Lazareto]. Vê-se os importantes depósitos dos óleos (?) da Shell. Outubro de 1941".
Cabo Verde > S. Vicente > Mindelo (ou Tibeira de Julião ?) > "Jantar em San Vicente. Nos tera. Nativos em festa. Recordação da minha estada em C. Verde (Expedição). 1941-1943. Luís Henriques".
Cabo Verde > S. Vicente > Mindelo > "Dias depois da nossa chegada. O regresso do banho da linda Praia da Matiota em Agosto de 1941. S. Vicente, C. Verde. Luís Henriques".
Cabo Verde > S. Vicente > Mindelo > "Em 18/5/43, junto às flores pois o mês indica ser primavera. Os 3 sinceros amigos são fotografados como recordando a sua expedição em C. Verde: António, José e Luís. Lazareto, S. Vicente".
Cabo Verde > S. Vicente > Mindelo > "Os amigos juntos de umas tantas trincheiras perto do mar. Maio de 1942. Luís Henriques, em Vicente, Cabo Verde". [ Luís Henriques é o terceiro a contar da esquerda]
Cabo Verde > S. Vicente > Mindelo > "No dia 1 de Julho de 1942, depois de alguns quilómetros em marcha feita pelo Batalhão até à Ribeira de S. Julião [no interior da ilha, a sul do Mindelo]. Alguns cabos da 3ª Companhia, reunidos junto à quinta. Entre eles, Luís Henriques. S. Vicente" [O me pai era um militar nuito activo: fazia natação, jogava futebol e voleibol, lia, escrevia todas as semanas dezenas de cartas para os seus camaradas analfabetos; para ocuopar o tempo e manter em alta o moral das tropas, as chefias militares organizavam torneios de futebol e voleibol - muito popular na época - entre militares de diferentes ramos e unidades; parte do batalhão do meu pai estava em S. Vicente, outra parte estava na ilha vizinha, Santo Antão].
Cabo Verde > S. Vicente > Mindelo > "Junho de 1943. Alguns internados do depósito dos convalescentes. Entre eles, estou também eu, sentado, lendo [o livro ] Os Bastidores da Grande Guerra. Luís Henriques , 1º Cabo nº 188/41, 1º Batalhão Expedicionário, R.I. nº 5. S. Vicente. C. Verde" [ O meu pai é o primeiro da 1ª primeira fila, do lado direito; se não me engano, ele esteve internado cerca de 4 meses, já no final da comissão, por doença de pulmões; a morbimortalidade entre os expedicionárias era elevada].
Fotos (e legendas) © Luís Graça (2009). Direitos reservadas
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Nota de L.G.:
(*) Vd. poste anterior da série: 27 de Setembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5021: Meu pai meu velho, meu camarada (14): Expedicionário no Mindelo, S. Vicente, 1941/43, 1º Cabo Inf Luís Henriques (1) (Luís Graça)
domingo, 27 de setembro de 2009
Guiné 63/74 - P5021: Meu pai meu velho, meu camarada (14): Expedicionário no Mindelo, S. Vicente, 1941/43, 1º Cabo Inf Luís Henriques (1) (Luís Graça)
Cabo Verde > Ilha de São Vicente > Mindelo > Parada do Batalhão expedicionário (?) do R. I. nº 5. Lazareto, 1/12/41. S. Vicente, Cabo Verde. Ao fundo a linda baía com o seu belo porto de mar. Luís Henriques"
Cabo Verde > Ilha de São Vicente > Mindelo > "4 metralhadoras pesadas fazendo fogo anti-aéreo para balões de papel. No dia da festa de aniversário. 23 de Julho de 1942. No Lazareto, S. Vicente, Cabo Verde" [O 1º Batalhão Expedicionário do R.I. 5 tinha chegado ao Mindelo há precisamente um ano ]
Cabo Verde > Ilha de São Vicente > Mindelo > "As peças anti-aéreas do Monte Sossego; fotografia oferecida pelo meu amigo [e conterrâneo, da Lourinhã] Boaventura [Horta] em 21/3/43. Mindelo, S. Vicente. Luís H."
Cabo Verde > Ilha de São Vicente > Mindelo > "Oficiais do Exército e da Marinha nas posições da Anti-Aérea no Monte Sossego, S. Vicente. Fotografia oferecida pelo meu amigo Boaventura, em Mindelo, 21/3/43. Luís Henriques". [O Monte Sossego fica a nordeste da cidade do Mindelo, sobranceiro à Ponta de João Ribeiro].
Cabo Verde > Ilha de São Vicente > Mindelo > "Oficiais do Exército e da Marinha nas peças do Monte Sossego. Ao fundo a linda Baía com o [NPR] Pedro Nunes à vista. Fotografia oferecida pelo meu amigo Boaventura em 21/3/43. Mindelo. Luís Henriques". [O Monte Sossego fica a nordeste da cidade do Mindelo, sobranceiro à Ponta de João Ribeiro].
Luís Henriques: Nascido em 19 de Agosto de 1920, na Lourinhã, foi 1º cabo nº 188/41, 1º Pelotão, 3ª Companhia, 1º Batalhão, RI 5 - Regimento de Infantaria nº 5 (Caldas da Rainha). Esteve como expedicionário em Cabo Verde, na Ilha de São Vicente, na cidade do Mindelo, entre Julho de 1941 e Setembro de 1943, "26 meses a comer pó" e à espera do "invasor" (que tanto podiam ser os ingleses como os alemães...). Casou em 2 de Fevereiro de 1946 com Maria da Graça. O seu primeiro filho, Luís Manuel da Graça Henriques, nasceu a 29 de Janeiro de 1947. (*)
Fotos: © Luís Graça (2009). Direitos reservadas
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Nota de L.G.:
(*) Vd. poste de: 20 de Março de 2009 > Guiné 63/74 - P4059: Meu pai, meu velho, meu camarada (1): Memórias de Cabo Verde, São Vicente, Mindelo, 1941/43 (Luís Graça)
Vd. também poste mais recente desta série > 27 de Setembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5019: Meu pai, meu velho, meu camarada (13): Mindelo, ontem e hoje ( Lia Medina / Nelson Herbert / Luís Graça)