sábado, 27 de agosto de 2022

Guiné 61/74 - P23561: Os nossos seres, saberes e lazeres (520): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (65): Voltar à minha querida Bruxelas, depois da pandemia - 3 (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 28 de Junho de 2022:

Queridos amigos,
É dia para matar saudades poderosamente afetivas, uma amizade feita em 1984, na cidade de Veneza, imagine-se o luxo ter numa conferência direito a tradução diretamente para português, mal sabia a intérprete que iria nascer uma bela amizade,com diferentes visitas a Lisboa e a Namur, e mais importante do que tudo será ela que puxará pelas cordas à imaginação para se cinzelar a figura de Annette Cantinaux, a protagonista do meu romance mais recente, Rua do Eclipse. Rio que se fartou quando lhe contei ao detalhe os amores escaldantes de Annette e Paulo Guilherme, com a guerra da Guiné de premeio. E houve o ritual de passear à volta, ela irá mostrar-me a revelação sensacional de Notre-Dame du Vivier. E recordámos os passeios em Bruxelas, antes dela se trasladar para Namur, ficou de olho arregalado quando lhe disse que iria visitar uma preciosidade do modernismo, agora restaurada e disponível ao público, em Bruxelas, Villa Empain. Ficou decidido, iremos juntos.

Um abraço do
Mário



Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (65):
Voltar à minha querida Bruxelas, depois da pandemia – 3


Mário Beja Santos

Dia reservado a visitar na região de Namur uma terna amiga, que nos irá acolher com grande hospitalidade. Já organizou programa. Apanha-nos na estação ferroviária e vamos a uma loja dos Paysans Artisans, há para ali um recheio de coisas boas destes agricultores e artesãos que evitam intermediários, pão, queijaria, conservas de fruta, legumes, trazem certificado desta organização de valões que insistem num modelo agrícola de alimentação mais sustentável. Segue-se outra surpresa, um grande passeio por um espaço em remodelação, chama-se Abadia de Notre-Dame du Vivier, um espaço religioso que estava abandonado e que um empresário imaginativo introduz obras de requalificação, apoiado por arqueólogos, para transformar o espaço abacial numa zona de turismo, de criação de gado, com restauração e pontos de lazer dos ajardinamentos recuperados. Tivemos sorte, este empresário imaginativo apareceu de chofre, deve ter engraçado com as perguntas postas, serviu de cicerone, mostrou e documentou o que se estava a fazer, deu-nos plena liberdade para percorrer um espaço que há poucos anos atrás era uma alfurja e hoje está cheio de vida, como se mostra, é um prazer ver ressuscitar património abandonado, torná-lo área de lazer e de convivência.
A cidadela de Namur
A pena de morte, gravura de Félicien Rops, c.1880. Namur orgulha-se de ter o mais importante museu deste grande artista simbolista
O Incêndio de Sodoma, Henri Bles, século XVI, Museu Provincial de Arte Antiga de Namur. É um museu plurifacetado, de pintura a artes decorativas é um regalo para os olhos, quem visita Namur tem o estrito dever de apreciar tão belo património
Imagens do jardim de uma querida amiga que vive em Saint Marc, a escassos quilómetros de Namur
Imagens da Abadia de Notre-Dame du Vivier
Interrogava-me quem era o feliz proprietário de tão bela casa apalaçada, ainda por cima com uns bons hectares de coberto florestal à volta, passaram por ali pedestres que esclareceram que é a mansão de um príncipe primo da rainha Fabíola, passa cá temporadas, alguém apontou para as janelas fechadas, é sinal que o príncipe anda fora de portas…
Imagens de Wépion, junto do rio Meuse, não longe de Namur

Foi um belo dia passado na região de Namur, fazem-se juras e promessas que aqui se retorna talvez em setembro, talvez em outubro. Amanhã, será um dia em cheio a vasculhar Bruxelas, as livrarias de coisas em segunda mão, igrejas (quero rever Nossa Senhora do Bom Socorro), a seguir ao almoço impõe-se participar na Parada Zinneke, é um acontecimento bianual, foi interrompido pela pandemia, é uma exaltação a esta metrópole cosmopolita, pequena mas mundial, é um festim de desfiles públicos de associações e organizações, instituições e centros culturais, é promessa de um entusiasmo contagiante, cenografias de nos deixar de boca aberta. Como aconteceu e pretendo seguidamente mostrar.

(continua)

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Nota do editor

Último poste da série de 20 DE AGOSTO DE 2022 > Guiné 61/74 - P23541: Os nossos seres, saberes e lazeres (519): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (64): Voltar à minha querida Bruxelas, depois da pandemia - 2 (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P23560: Parabéns a você (2095): Jaime Machado, ex-Alf Mil Cav, CMDT do Pel Rec Daimler 2046 (Bambadinca, 1968/70)

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Nota do editor

Último poste da série de 24 de Agosto de 2022 > Guiné 61/74 - P23550: Parabéns a você (2094): António Fernando Marques, ex-Fur Mil Inf da CCAÇ2590/CCAÇ 12 (Bambadinca, 1968/70)

sexta-feira, 26 de agosto de 2022

Guiné 61/74 - P23559: Notas de leitura (1480): "Panteras à solta", de Manuel Andrezo (pseudónimo literário do ten gen ref Aurélio Manuel Trindade): o diário de bordo do último comandante da 4ª CCAÇ e primeiro comandante da CCAÇ 6 (Bedanda, 1965/67): aventuras e desventuras do cap Cristo (Luís Graça) - Parte II: "Homem gosta de ter mulher na cama, quando vem da guerra", lembra a "Tia", a mulher grande...

Guiné > Região de Tombali > Bedanda > CCAÇ 6 ("Onças Negras") > Agosto de 1972 > O obus 14

Foto (e legenda): © Vasco Santos (2011). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem comlementar:  Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Guiné > Região de Tombali > Bedanda > 1969 > Álbum fotográfico do João Martins > Foto nº 125/199 > Casa do chefe de posto... Em 1965, o chefe de posto era o Fernandes, cabo-verdiano. A localidade tem possuía um posto de rádio, permitindo fazer ligações telefónicas com Bissau e Lisboa.


Foto (e legenda): © João José Alves Martins (2012)  Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Imagem à direita: capa do livro "Panteras à solta: No sul da Guiné uma companhia de tropas nativas defende a soberania de Portugal", de Manuel Andrezo, edição de autor, s/l, s/d [c. 2020] , 445 pp. , il. [ Manuel Andrezo é o pseudónimo literário do ten gen ref Aurélio Manuel Trindade, ex-cap inf, 4ª CCAÇ / CCAÇ 6, Bedanda, 1965/67. ]



1. Sobre Bedanda, no sul da Guiné, região de Tombali, temos cerca de 160 referências. Mas apenas uma vintena sobre a 4ª CCAÇ, também conhecida por 4ª CCAÇ I (4ª Companhia de Caçadores Nativos ou Indígenas).  

Segundo informação do Jorge Araújo, foi criada e instalada primeiramente em Bolama em finais de 1959, tendo-se mudado em julho de 1964 para Bedanda, por necessidades operacionais.  Três anos após a instalação dos seus primeiros efectivos em Bedanda, esta unidade é renomeada, em 1 de abril de 1967, passando a designar-se por Companhia de Caçadores n.º 6 [CCAÇ 6, "Onças Negras"] (vd. postes  P18387 e P18391) (*).

Segundo a CECA (2002) (**), era uma subunidade da guarnição normal, com existência anterior a 1jan61, sendo constituída por quadros metropolitanos e praças indígenas do recrutamento local, e estando enquadrada nas forças do CTIG então existentes. Em 1jan61, estava instalada em Bolama, com um pelotão destacado em Bedanda.

Em 8abr61, iniciou o deslocamento para Buba, onde foi colocada temporariamente, a partir de 6mai61. Em 3jul61, foi transferida para Bedanda, mantendo um pelotão em Buba, até à chegada da CCaç 152, em 28jul61.


Entretanto, iniciou a instalação de forças em várias localidades da zona Sul, nomeadamente em Bolama, Bedanda, Cacine, Aldeia Formosa, Gadamael e Tite, as quais foram recolhendo à sede após substituição por outras forças, ou sendo deslocadas, para outras localidades, como Catió, Chugué e Caboxanque.

A partir de 25jul61, foi integrada no dispositivo e manobra do BCaç 237 e depois sucessivamente no dispositivo dos batalhões e comandos instalados no sector. Tomou ainda parte em diversas operações realizadas nas regiões de Caboxanque, Chugué, Bochenan, entre outras. 

Lamentavelmente, não tem história da unidade. Teve pelo menos 10 comandantes, até 1abr67 (quando passou se designar-se por CCAÇ 6):


2. Estamos agora a ler as memórias (em parte ficcionadas) do capitão Cristo, "alter ego" do cap inf Aurélio Manuel Trindade (hoje ten gen ref), de acordo com o livro cuja capa publicamos acima, da autoria de Manuel Andrezo (pseudónimo literário),  "Panteras à solta",  edição de autor, s/l, s/d [c. 2020] , 445 pp. (**).

Segundo informação do seu amigo e camarada cor inf ref Arada Pinheiro (que me emprestou o seu exemplar autografado), o livro não está à venda em Portugal, foi impresso na Alemanha. Pelo menos um exemplar foi doado à biblioteca da Academia Militar. 

Mas falando das "aventuras e desventuras" do cap Cristo, que vivia em Bedanda, nas barbas do "reino do Nino"... (Já no final da comissão irá conquistar e  destruir Calobol Balanta, até então um dos baluartes da tropa do Nino: vd.  "Reino do Nino", pp. 396-409).

O cap Cristo chegara a Bedanda, em rendição individual, em 6 de julho de 1965, e a sua primeira preocupação foi ganhar a confiança e o respeito dos seus subordinados bem como da população da localidade, que era sede de circunscrição administrativa (ou apenas posto administrativo ?), mas estava então  rodeada de "guerrilheiros" por todos os lados (curiosamente nunca usa o termo, pejorativo, "turras", mesmo sendo inplacável para eles).

 Parte da população sobre o controlo do PAIGC (nomeadamente as "mulheres do mato", que viviamm em Cobumba) vinham, em meados de 1965,  a Bebanda fazer compras (cana e tabaco),  e vender também os seus produtos (arroz, etc.). 

Cabolol, Cobumba e Chugué, na margem norte do rio Cumbijã, eram alguns dos pontos fortes controlados pela guerrilha. Na margem sul, destacava-se  Caboxanque (em pleno Cantanhez), Incala,  Nhai e Salancaur... O aquartelamento das NT, mais próximo, era Cufar. Bedanda tinha um problema demográfico: havia mais homens do que mulheres. E, alegadamente por razões de segurança, ninguém cultivava a rica e extensa bolanha. 

Uma das medidas que o capitão vai tomar,  é.. a "reforma agrária" (pp. 85-92). As ricas bolanhas de Bedanda eram outrora cultivadas pelos balantas. Em 1965, a população era predominantemente fula, e não produzia nada para comer.  Os homens viviam da guerra: eram guias, picadores, milícias... 

As mulheres, por seu turno, eram lavadeiras, "lavadeiras para todo o serviço" (sic)  (pág. 85): "Lavavam a roupa dos militares e iam para a cama com eles", coisa que o capitão até nem via com maus olhos: "Nada tinha contra o facto dos soldados terem a sua lavadeira para todo o serviço". 

(...) "Os militares eram quase todos nativos, mas havia alguns brancos, cabos especialistas, e quase todos os sargentos. Brancos eram todos os oficiais. Todos tinham a sua lavadeira, Por vezes havia problemas com os militares e a população que o capitão tinha que resolver em ligação com o régulo Samba" (...).

Veremos oportunamente como o capitão, beirão e de origem camponesa, vai resolver o difícil problema de ter uma população sob o seu controlo que vivia pior (passava fome) do que a população do "mato"...

(...) "Do lado deles [da gente do mato]  não havia falta de arroz, mancarra, mandioca e óleo.  Do lado da tropa tinham apenas cana, tabaco e panos que os comerciantes traziam de Bissau. e o arroz que compravam às mulheres  dos guerrilheiros" (pág. 87).

A solução encontrada  pelo cap Cristo (de tipo "topdown", de cima para baixo, mas contando com a cumplicidade da Tia, das mulheres  e do régulo, este último a princípio renitente) foi acabar com a "malandragem" que, em Bedanda,  só vivia da guerra...e pôr toda a gente a lavrar arroz, mancarra, mandioca...

Os abastecimentos eram  feitos por via fluvial, por barcos civis com apoio da marinha e da força aérea.  Bedanda tinha dois portos fluviais, o "interior" (rio  Ungarinol, afluente do rio Cumbijã, a 200 metros da povoaçao) e o "exterior" (rio Cumbijã), a cerca de 4 km. O abastecimento mensal, feito através do porto exterior, equivalia a uma verdadeira operação a nível de companhia. O porto interior deixara, há muito, de ser utilizado por razões de segurança, e oposição da Marinha.  O cap Cristo vai quebrar, por fim, o mito de que não era navegável o rio Ungarrional ("A Marinha reabastece Bedanda", pp. 93-103). 

O livro tem apontamentos saborosíssimos (e de interesse documental)  sobre a situação étnica, social, económica e militar de Bedanda, bem como sobre as tropas (uma companhia e um pelotão de milícia, para além de um pelotão de artilharia) que defendem a povoação, outrora parte do chão balanta, Em 1965, a maioria da população era fula, oriunda de várias partes da Guiné, e "principalmente da mata do Cantanhez onde o domínio dos guerrilheiros tem sido evidente" (sic) (pág. 17).

Samba Baldé, o régulo, ele próprio fugiu do Cantanhez, "deixando terras, gado e casa, para não ser obrigado a colaborar com os guerrilheiros".  Bedanda tinha, nessa altura, 4 casas comerciais, sendo as duas mais importantes a Ultramarina e a Gouveia, A Ultramarina tinha à sua frente o Zé Saldanha, "um mulato muito inteligente", e que se dava bem com a tropa. A mulher, Inácia, balanta, era uma excelente cozinheira, a cujos serviços o cap Cristo irá recorrer várias vezes (nos seus dois anos passados em Bedanda). 

O encarregado da Casa Gouveia, por sua vez, era  "um cabo-verdiano mal encarado", de seu nome Fernandes. com fama de jogar com pau de dois bicos (de resto, como quase todos os comerciantes da Guiné)... A sua secretária também era a telefonista: havia um posto de rádio permitindo fazer ligações a Bissau e a Lisboa. 

O cap Cristo teve a preocupação de, logo no início, e ainda na presença do anterior comandante que ele veio substituir, o cap Xáxa, de ir "partir mantenhas" (apresentar cumprimentos) com todas as forças vivas de Bedanda, incluindo a "mulher grande", conhecida por a "Tia" (pág. 19). 

Merece uma página de antologia a sua apresentação e as primeiras "trocas de galhardetes" entre os dois... Veja-se só este diálogo, delicioso e pícaro, em português acrioulado, entre a Tia e o cap maçarico (ainda não se usava o termo periquito) (pág. 19):

− Então, nosso capitão é maçarico. Eu já gosto do nosso capitão maçarico. Se precisar de alguma coisa pede à Tia. Tia arranja tudo para nosso capitão. Se nosso capitão gostar de alguma mulher da tabanca não fale com ela pois o marido e o pai pdoem desconfiar. Fale comigo e eu depois trago mulher a minha casa para nosso capitão.

− Está bem, Tia, mas desconfio que não vai ser preciso  responde  o capitão Cristo.

 Vai, vai, nosso capitão não tem mulher e não pode viver aqui sem sem mulher. Homem gosta de ter mulher na cama quando vem da guerra. Nosso capitão vem até minha casa. Se quiser mulher eu arranjo, se não quiser fica aqui a descansar" (...)

(Continua)
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Notas do editor:

(*) Vd. postes de:


8 de março de  2018 > Guiné 61/74 - P18391: (D)o outro lado do combate (21): "Plano de operações na Frente Sul" (Out - dez 1969) > Ataque a Bedanda em 25 de outubro de 1969 (ao tempo da CCAÇ 6, 1967-1974) - II (e última) Parte (Jorge Araújo)


Guiné 61/74 - P23558: Agenda cultural (821): Filme a não perder: "Montado, o Bosque do Lince Ibérico", realizado pelo naturalista Joaquín Gutiérrez Acha, uma produção luso-espanhola (2020, 94 minutos). Em exibição nos cinemas.


M
ontado, o Bosque do Lince Ibérico: Um filme a não perder. Um coprodução luso-espanhola (2020, 94 minutos). Um orçamento de 4 milhões de euros.  Surge na sequência da candidatura do montado a património da humanidade da UNESCO  Estreia em Portugal no dia 11/8/2022.

Rodagem: período de 18-20 meses: locais: Alentejo (Pt), Andaluzía (Es), Estremadura (Es), Castilla-León (Es). Conclusão do filme 2020.

Ver aqui o trailer oficial:


Segundo informação da distribuidora, a Zero em Comportmento, "este filme, surge na sequência da candidatura do montado a património da humanidade da UNESCO e leva-nos, através do olhar particular de Joaquín Gutíerrez Acha, numa viagem imersiva.

" Com a narração da atriz Joana Seixas, o realizador mostra-nos um raro exemplo de boas práticas da interferência do homem no curso da natureza em voos contemplativos sobre este bosque ancestral na Peninsula Ibérica."

Em exibição em Lisboa, com sessões programadas (em setembro e outubro) também para Seia, Castelo Branco e Coimbra. Sessões do filme podem ser feitas a pedido (nomeadamente municípios), para a distribuidora, através de formulário disponível aqui.

Sobre o realizador e a ficha técnica. ver aqui.

1. Montado, o Bosque do Lince Ibérico

Documentário 94 min | 2020 | M/6 

Realizado por Joaquín Gutiérrez Acha

Elenco:  Joana Seixas


Sinopse

O montado é um ecossistema peculiar que contém em si uma enorme biodiversidade e riqueza natural, desempenha funções importantes na conservação do solo, na qualidade da água e na produção de oxigénio, é um pilar importante da economia local e dá origem a uma paisagem particularmente bela. 

Feita de bosques abertos, de azinheiras e sobreiros que só se encontram na Península Ibérica, lembra-nos a Savana africana. 

Um lugar onde a Natureza se cruza com a actividade humana, em que nem a floresta sai prejudicada, nem a larga comunidade de predadores que nele luta pela sobrevivência.” é deste modo que a actriz Joana Seixas, a narradora, vai descrevendo as imagens captadas pelo documentarista e naturalista espanhol Joaquín Gutíerrez Acha que, para este filme, contou com um orçamento de quatro milhões de euros. 

O filme estreou em 11/8/2022, está em exibição em Lisboa, no Cinema City Alvalade, todos os dias, às 13h25, 15h25, 19h50.

Fonte: Público > CineCartaz (com a devida vémia...)

Informação mais detalhada sobre o filme: 

Wilder >  “Montado, o bosque do lince-ibérico” vai ter novas sessões, 
por  Helena Geraldes | 18.08.2022 


2. A versão original,  em castelhano, está disponível (incluindo legendas em castelhano) na rtve play (desde 11/6/2022 até 8/5/2032)

Dehesa, el bosque del lince ibérico


Duração: 01:33:25 

Sinopsis

En la Península Ibérica existe un bosque muy particular, la Dehesa; un bosque único en el mundo donde descubrimos sensaciones muy diversas. Aquí, las selvas espesas del pasado se adaptaron a la actividad del hombre creando un ecosistema de especies autóctonas en perfecto equilibrio, hasta ahora.
 
Fonte: rtve play (com a devida vénia...)

Guiné 61/74 - P23557: Notas de leitura (1479): "A Guerra de Bissau, 7 de Junho de 98", por Samba Bari, um guineense diplomado em Relações Internacionais pela Universidade Lusíada; Sinapis Editores, 2018 (2) (Mário Beja Santos)


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 23 de Janeiro de 2020:

Queridos amigos,
Aqui se põe termo a esta reportagem sobre os desafortunados onze meses de conflito político-militar que abanou a Guiné pelos alicerces. Há qualquer coisa de drama shakespeariano neste presidente Nino que vai sendo gradualmente deixado só, obrigado a recrutar uma tropa de choque de gente desempregada, os "Aguentas", e que na hora da capitulação, em maio de 1999, é trazido pelo embaixador português que o foi encontrar transido de medo numa instituição da Igreja Católica. Samba Bari, há que reconhecer, escreve meticulosamente todo este rol de eventos, de entendimentos e acordos ruidosamente celebrados e rasgados no dia seguinte, isto enquanto a Junta Militar se vai apoderando do país e recebendo cada vez mais apoio popular. Há pontos da historiografia guineense em aberto e nenhuma investigação até hoje explicou como este tirano odiado em 1999, exilado em Portugal, regressa em 2005 e é espetacularmente recebido, desarvorando uma nova fase belicista, com um corolário de assassinatos, de que ele próprio será vítima. E dentro do nevoeiro continuam as estruturas do PAIGC, estes quadros indecifráveis que se odeiam uns aos outros e querem alcandorar-se a postos que lhes sirvam a ganância, e o mistério ainda fica mais completo porque o povo lhes dá o voto.

Um abraço do
Mário



Um guineense usa a reportagem para contar o conflito político-militar de 1998-99 (2)

Beja Santos

O conflito despoletado em 7 de junho de 1998, na sequência da demissão imposta por Nino a Ansumane Mané, ainda por cima com a grave acusação de que o lendário Bric-Brac contrabandeava armas para os sublevados do Casamansa iria estender-se por penosos onze meses, com ondas de terror, populações em fuga, movimentações diplomáticas em catadupa, acordos celebrados e rapidamente violados. Samba Bari, um guineense que vivia no estrangeiro na época deste conflito político-militar que deixou sequelas até ao presente, elaborou em jeito de reportagem A Guerra de Bissau, Sinapis Editores, 2018. Não esconde que a leitura de todos estes acontecimentos relacionados com devastação e gradual empobrecimento da Guiné-Bissau pode contribuir para que mentes abertas saibam extrair ensinamentos positivos para uma retoma que obedeça a reconciliação, perdão e sentido de um desenvolvimento a pensar nos mais carenciados.

Das razões antigas e próximas do conflito, Samba Bari dá-nos uma síntese. Há uma omissão no seu olhar que não é incomum aos guineenses, até hoje, que eu saiba, não se analisou a fundo a natureza social do PAIGC e dos seus quadros após o golpe de Estado de novembro de 1980. Uma liderança despótica, onde pululam favoritos e o receio de políticos concorrentes, recheada de casos de corrupção, com a destruição a frio de todos os projetos e muitas das infraestruturas provindas da era de Luís Cabral, obrigatoriamente que leva à constituição de fações e projetos com largas diferenças. Nesta nova classe política não há estudos efetuados, os quadros do PAIGC e a sua visão do Estado permanecem no nevoeiro.

O autor passa em revista as primeiras hostilidades, as tentativas de mediação, os tiros de artilharia que vão arrasando embaixadas e hospitais, as iniciativas para criar corredores humanitários, fica bem claro que Nino Vieira ainda manda na península de Bissau, está cercado pela Junta Militar, angariou ódios com o pedido da intervenção estrangeira, até os velhos combatentes da luta armada voltaram a pegar em armas. As fidelidades a Nino vão-se quebrando e pelo passar dos meses a Junta Militar vai-se assenhoreando do resto do país.

Elencam-se as negociações diplomáticas e os compromissos que ninguém irá respeitar. Ansumane Mané torna-se mediático, recebe jornalistas estrangeiros a escassos quilómetros do Palácio Presidencial, circula livremente entre Bissalanca e o Cumeré. Os senegaleses tornam-se odiados, pelos crimes praticados, pela violência das suas destruições, numa atitude bárbara devastaram cerca de dois terços do património histórico da Guiné-Bissau, guardado e conservado no INEP. Em agosto, falhado o memorando de entendimento assinado pelo governo guineense com a Junta Militar, sob os auspícios, entre outros, da CPLP, a CEDEAO (Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental) consegue obter temporariamente tréguas, toda a sociedade civil guineense se movimenta a reclamar paz. A hostilidade ao Senegal passa para a França. Vem a lume a notícia de que o Ministério dos Negócios Estrangeiros francês possuía um relatório exclusivo sobre o regime de Bissau, com informações incendiárias: a situação caótica da administração pública; a fraude nas eleições presidenciais e legislativas de 1994; o estado de penúria em que se encontravam as Forças Armadas; o desvio de muitos milhões de dólares durante o processo da troca do peso para o franco CFA; os assassinatos políticos (com os nomes das vítimas e dos seus carrascos); a corrupção generalizada dos membros do governo em ligação com o mundo dos negócios; o tráfico da droga, a venda de passaportes a grupos do crime organizado internacional… Há desmentidos, mas para a opinião pública não há fumo sem fogo.

Sucedem-se os precários cessar-fogos, viaja-se para Banjul, Abidjan, Sal, Abuja, assinam-se papéis que são rasgados no dia seguinte. Nino não quer perder poder mas toma consciência que o seu mando é precário e circunscrito, aceita em Abuja que se forme um governo de unidade nacional, contrafeito aceita o nome de Francisco Fadul para primeiro-ministro. Novas peripécias, de novo a violação do acordo. E no último dia de janeiro de 1999 os canhões voltam a despejar metralha sobre Bissau, o Hospital Simão Mendes foi severamente atingido, falta material médico, marcam-se tréguas para que mais habitantes abandonem a cidade. As duas únicas emissoras ativas na Guiné, a Rádio Nacional e a Rádio Bombolom clamam pela guerra, é preciso aniquilar a parte contrária. A comissária europeia Emma Bonnino viaja até à Guiné e na sua presença Nino e Ansumane Mané prometem voltar à paz. O governo de unidade nacional toma posse, insiste-se na saída dos senegaleses, apela-se a que a CEDEAO nomeie outra força de interposição.

Fadul vem à Europa, pede apoios, à volta da Guiné as tensões não param: é o Senegal e o Casamansa, são os receios de Dacar de ver denunciado o acordo de partilha da zona comum de exploração petrolífera, em que Nino se rendera claramente aos interesses do Senegal; são os interesses da França em intervir em Bissau, quer proteger a Elf na Guiné; a própria Guiné Conacri saíra totalmente humilhada no assalto a Fulacunda quando a população pôs o contingente do país vizinho em fuga. Nino, cada vez mais isolado, recruta gente desempregada como tropa de choque, são os “Aguentas”. A 6 de maio, a Junta Militar exige a redução desta guarda pessoal de Nino, ele rejeita categoricamente, reforça-a e reequipa-a. Foi a última gota de água, as tropas da Junta Militar investem sobre Bissau, em menos de 24 horas assumem o controlo da cidade e todo o território guineense. Escreve o autor que num derradeiro ato de desespero das tropas fiéis a Nino Vieira, um bombardeamento criminoso e indiscriminado fez trinta vítimas, as quais se haviam refugiado num centro de formação profissional mantido pela Igreja Católica no Alto Bandim.

Infelizmente, o resto é história bem conhecida, pilhagens, incêndios, mais humilhações para os franceses, Nino refugia-se na embaixada de Portugal, a Junta Militar triunfa. Segue-se o seu reconhecimento, há o gesto de pacificação, os “Aguentas” não serão perseguidos; Malam Bacai Sanhá, Presidente da Assembleia Nacional Popular, é empossado como Presidente da República interino, Francisco Fadul recusa perseguições a Nino, este recebe asilo político em Portugal. Mas os sobressaltos irão continuar e os episódios mais recentes não são verdadeiramente abonatórios. Kumba Yalá ganhará as eleições presidenciais, novo desastre; Ansumane Mané confronta-se com novo poder, acabará executado a sangue-frio. Indo por aí fora, em 2005, Nino regressa à Guiné e será reeleito, seguem-se assassinatos em cadeia até chegar a hora do seu, em 2009. Verdadeiramente, a normalização democrática só chegará em 2014 com a eleição de Jomav, se bem que o seu mandato tenha tido um final um tanto turbulento, é um tempo de paz, em que se irá revelar a heterogeneidade de tendências dentro do PAIGC, o tal mistério sobre o qual não há nenhuma investigação que permita dizer quais as tendências dominantes dentro desse partido político que continua errático e sempre com conflitos internos ininteligíveis para os estudiosos e para o povo guineense.

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Notas do editor:

Vd. poste de 22 DE AGOSTO DE 2022 > Guiné 61/74 - P23544: Notas de leitura (1477): "A Guerra de Bissau, 7 de Junho de 98", por Samba Bari, um guineense diplomado em Relações Internacionais pela Universidade Lusíada; Sinapis Editores, 2018 (1) (Mário Beja Santos)

Último poste da série de 25 DE AGOSTO DE 2022 > Guiné 61/74 - P23553: Notas de leitura (1478): "Panteras à solta", de Manuel Andrezo (pseudónimo literário do ten gen ref Aurélio Manuel Trindade): o diário de bordo do último comandante da 4ª CCAÇ e primeiro comandante da CCAÇ 6 (Bedanda, 1965/67): as aventuras e desventuras do cap Cristo (Luís Graça) - Parte I: "Os alferes não gostaram do novo capitão. Acharam-no com cara de poucos amigos."

Guiné 61/74 - P23556: Depois de Canchungo, Mansoa e Cufar, 1972/74: No Espelho do Mundo (António Graça de Abreu) - Parte XXXVIII: Ilhas Cook, Rarotonga, Oceano Pacífico , Fevereiro de 2020





"Mergulhar nas águas do Oceano Pacífico, Paz, silêncio, harmonia absoluta. Em Rarotonga, água, luz para depurar a alma.!


Fotos (e legenda): © António Graça de Abreu (2022) Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Ilhas Cook, Rarotonga, Oceano Pacífico, Fevereiro de 2020

por António Graça de Abreu


[ António Graça de Abreu: (i) docente universitário reformado, escritor, sinólogo (especialista em língua, literatura e história da China); (ii) natural do Porto, vive em Cascais; (iii) autor de mais de 20 títulos, entre eles, "Diário da Guiné: Lama, Sangue e Água Pura" (Lisboa: Guerra & Paz Editores, 2007, 220 pp); (iv) ex-alf mil, CAOP1, Canchungo, Mansoa e Cufar, 1972/74; (v) é membro da nossa Tabanca Grande desde 2007, tem mais de 310 referências no blogue; (vi) texto e fotos (sem legendas) enviados em 2/8/2022 ]



Às vezes convenço-me que sou um rapaz muito viajado, que já levo no bolso mais de metade das terras e mares do mundo. Tudo mentira. Rarotonga, ilhas Cook, eram espaços que nem sequer sonhava existirem.

Leio, aprendo. Por volta do ano de 1300 registaram-se grandes emigrações do povo maori que habitava exactamente Rarotonga em direcção às duas ilhas depois denominadas Nova Zelândia. 

Hoje, 15% dos neozelandeses são etnicamente maoris e as suas raízes mergulham nas ilhas Cook. Nós conhecemos os maori por causa do desporto, dos All Blacks, a equipa de rugby da Nova Zelândia que, no início de cada jogo, usa o aka, aquela espécie de bailado guerreiro e os cânticos agressivos destinados a amedrontar o adversário.

Desembarco na cidadezinha de Avarua, capital das ilhas Cook, com apenas 4 mil habitantes. Tenho dois dias para me espraiar em completo assombro por mais esta ilha que brotou das profundezas do Pacífico.

Circundar Rarotonga, os 32 quilómetros de perímetro, num autocarro velho e alquebrado. Saímos primeiro na praia de Tuoro, com palmeiras e coqueiros quase a beijar as águas, e com imensa pedra. A inevitável barreira de recifes sustinha, à distância, muita da força do mar, formando lagunas primorosas para se nadar. Tempo de chuva, na praia há apenas uns tantos turistas transviados. Estava dentro de água quando o céu se cobriu de negro e caiu um enorme aguaceiro, as nuvens descarregaram a sua carga e seguiram para sul. Água sobre água, logo depois vieram outra vez nesgas de céu azul.

Mais praias, não longe, do outro lado da ilha. Muri Beach, uma fatia de Bolo do Paraíso caída do céu. No segundo dia, a jornada inteira passada neste perfeito pedaço de areia e mar, com uma ilhota ao fundo coberta de vegetação verde esmeralda contrastando, ao de leve, com o azul do mar. Cheguei de manhã muito cedo, com a maré vazia, a água branca, límpida, filtrada pelos deuses. Não havia ninguém na praia, tudo vazio e a sensação de que a vastidão mágica de Muri Beach me pertencia.

Mergulhar nas águas do Oceano Pacífico, Paz, silêncio, harmonia absoluta. Em Rarotonga, água, luz para depurar a alma.

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Nota do editor:

Último poste da série > 30 de julho de 2022 > Guiné 61/74 - P23472: Depois de Canchungo, Mansoa e Cufar, 1972/74: No Espelho do Mundo (António Graça de Abreu) - Parte XXXVII: China: Visita à Falésia Vermelha, no outono de 1081, a 16 do sétimo mês, por Su Dongbo (1037-1101) (tradução de António Graça de Abreu)

quinta-feira, 25 de agosto de 2022

Guiné 61/74 - P23555: In Memoriam (450): Gratas recordações do confrade António Júlio Emerenciano Estácio (1947-2022) (3): Uma viagem a Bissau para saber mais sobre a mítica Nha Bijagó (Mário Beja Santos)

1. Mensagem de 23 de Agosto de 2022 do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70):

Queridos amigos,
Nestas horas de releitura dos livros deste nosso bondoso confrade conjecturo o que teria sido bom para conhecer mais aprofundadamente a História da Guiné se o António Estácio, com o cabedal de relações humanas que possuía, tivesse andado pela Guiné a recolher história oral em diferentes dimensões, logo aquele Bissau da sua juventude que ele reteve com a máxima limpidez até que uma doença traiçoeira o foi enchendo de nevoeiro, leem-se estes livros das sinharas, e mesmo com algumas recusas justificadas por falta de lembrança, Estácio entrou na lembrança, nas recordações de mais de meio século atrás. Viremos um dia, portugueses e guineenses, a lastimar profundamente o desaproveitamento deste capital cultural e relacional que aos poucos se vai esvaindo, fazendo arder bibliotecas inteiras.

Um abraço do
Mário



Gratas recordações do confrade António Estácio:
Uma viagem a Bissau para saber mais sobre a mítica Nha Bijagó

Mário Beja Santos

António Estácio, entre os seus sonhos de investigação, não escondia o ardente desejo de tentar um levantamento das sinharas, aquelas matriarcas, habitualmente crioulas e casadas com europeus ou cabo-verdianos que tiveram um papel determinante nos Rios da Guiné, nomeadamente entre os séculos XVI a XIX. Neste texto dedicado a Nha Bijagó citará mesmo o nome de algumas: Bibiana Vaz, Aurélia Correia, Júlia Silva Cardoso e Rosa Carvalho Alvarenga, a mãe de Honório Pereira Barreto. Qual não foi a minha surpresa quando, aí por 2011, num desses encontros espúrios que tínhamos na Biblioteca da Sociedade de Geografia de Lisboa me entregou o seu mais recente livro dedicado a Nha Bijagó. Perguntei-lhe se tinha ido à Guiné em segredo, já que nesta conversa introdutória me referia dezenas de entrevistas, que não, fizera praticamente dois livros de uma só assentada, em 2006 andara pela Guiné a bater por muitas portas, umas vezes para saber de Nha Carlota, outras vezes para saber de Nha Bijagó. Quem era esta matriarca, perguntei-lhe, tão dignas das suas preocupações. E falou-me de Leopoldina Ferreira, filha de uma nativa dos Bijagós e de um comerciante que se dedicava à compra e exportação de couros, de gado bovino e de crocodilo. Com calor, voltou a enquadrar o papel das sinharas, tão maltratadas pela historiografia. E deu-me conta que quanto à investigação da Nha Bijagó ele entendeu que era útil para o leitor fazer uma ligação cronológica entre acontecimentos políticos, administrativos e militares com significado contemporâneos da vida da Nha Bijagó. Se recorreu aos testemunhos, não descurou a árdua tarefa da pesquisa, como escreve no livro: “Desafio que me levou a consultar dezenas de livros, Boletins Oficiais, documentos. Tinha ela um ano quando as ruas de Bissau começaram a ser iluminadas a petróleo. Em 1879, a sede do Governo passa a ser Bolama, a primeira capital. Em 1886, em 12 de maio, assina-se a Convenção Luso-Francesa que define as fronteiras da colónia.”

Leopoldina casou com o cabo-verdiano José Ledo Pontes, teve casamentos subsequentes, filhas e netos. Ora, António Estácio conviveu com vários bisnetos da Nha Bijagó que lhe facultaram nesta investigação informações da maior utilidade. Mas voltando à contextualização de acontecimentos, Estácio socorre-se de uma interessante descrição de Bissau da época, saída da pena do Padre Marcelino Marques de Barros, publicada na Revista As Colónias Portuguesas, n.º 3, fevereiro de 1884, temos ali um quadro preciso desde o Forte de S. José até ao cais de Nasolini, e não se esconde a insalubridade em que se vivia em Bissau, o que justificará ao autor a seguinte observação: “As más condições climatéricas, agravadas pela insalubridade, dizimavam a população de tal modo que, em 1886, quando Nha Bijagó entrava nos 15 anos, Bissau era o menos povoado de todos os aglomerados urbanos da Guiné!”

Acresce os conflitos e os incidentes era moeda corrente em Bissau naquele tempo, uma situação de completa instabilidade que se prolongou até à I República.

O perfil económico de Nha Bijagó distinguia-se de Nha Carlota, Leopoldina era uma abastada proprietária imobiliária, não havia rua no Bissau Velho em que não tivesse uma casa. E começa o tropel das entrevistas para recolha dos testemunhos, logo avulta a disparidade de uma mulher de fé católica que escondia o seu lado animista. E conta-se a história de alguém que veio desabafar com a matriarca e esta propôs a realização de uma cerimónia gentílica a essa pessoa que sofrera uma série de desaires, foi-se comprar para a cerimónia aguardente sacarina, tabaco em folha e arroz, a cerimónia realizou-se em Prábis, no Irã de etnia Papel. Leopoldina era também um bom garfo, era de estatura média mas a puxar para o largo, trocava imensas receitas, descobriu-se um papel em que passou a alguém a receita de brindge (feito à base de carne de pato, galinha ou porco, temperado, cozido ou frito, servindo-se com mandioca ou batata cozida e o omnipresente arroz).

Dotada de forte personalidade, enérgica, não fugindo a atos de cólera, era de extrema solicitude e foi madrinha de meio mundo. E Estácio descreve o ritual da recolha das rendas, no final de cada mês, Leopoldina dirigia-se aos seus inquilinos e anunciava nha povo, djam bem! Sentava-se num banquinho e esperava solenemente que viessem ter com ela e lhe entregassem o montante correspondente à renda.

Dentre as suas pesquisas detectivescas, Estácio encontrou o que restava do local de residência de Nha Bijagó à entrada da estrada de Santa Luzia. Nha Bijagó está sepultada em campa rasa, com o número 189, no talhão n.º 5, do antigo cemitério. Aqui fica a tenra homenagem de Estácio a alguém que ele não conheceu na sua juventude de Bissau, mas ficou para a lenda. Triplov, encontrei na internet, faz publicação integral deste livro, aqui fica a referência:

Texto integral de “Nha Bijagó”. Respeitada Personalidade da Sociedade Guineense. (1871-1959), por António Estácio, edição do autor, 2011. Disponível em:
https://www.triplov.com/guinea_bissau/antonio_julio_estacio/nha_bijago/nha_bijago.pdf 

Leopoldina Ferreira Pontes (a primeira, da segunda fila, do lado esquerdo) nasceu em Bissau em 4 de novembro de 1871. Era filha de João Ferreira Crato (natural do Crato, Alto Alentejo, comerciante na Guiné) e de Gertrudes da Cruz (de etnia bijagó, natural de Bissau). Morreu aos 87 anos, em 26 de maio de 1959.
A Rua de S. José, em Bissau, considerada como a artéria mais importante. Ia do portão da Amura, que estava aberto das 8 às 21h00, ao baluarte da Bandeira. Após 5 de outubro de 1910, passou a designar-se como Rua do Advento da República; depois, Rua Dr. Oliveira Salazar e, após a independência, mudou em 21 janeiro de 1975, Rua Guerra Mendes, um dos combatentes da liberdade da Pátria, mortos em combate.

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Nota do editor

Último poste da série de 21 DE AGOSTO DE 2022 > Guiné 61/74 - P23543: In Memoriam (449): Gratas recordações do confrade António Júlio Emerenciano Estácio (1947-2022) (2): Uma viagem a Bissau para saber mais sobre a mítica Nha Carlota (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P23554: Agenda cultural (820): "O Gémeo de Ompanda - e as suas duas almas", por Carlos Vaz Ferraz. No dia 27 de agosto, às 17:00, o autor vai estar em sessão de autógrafos no Espaço Porto Editora | Bertrand Editora da 92.ª Feira do Livro de Lisboa e, no dia 20 de setembro, pelas 18:30, na sala de Âmbito Cultural (piso 6) do El Corte Inglés de Lisboa, sessão de lançamento da obra com apresentação de Augusto Carmona da Motta e Fernando Alves


A busca da identidade num mundo de diferenças

Em O Gémeo de Ompanda – e as suas duas almas, Carlos Vale Ferraz convida-nos a fazer uma viagem épica com partida numa pequena localidade do sul de Angola

Com mestria, Carlos Vale Ferraz dá uma vez mais vida a personagens memoráveis em O Gémeo de Ompanda – e as suas duas almas. Um romance indispensável sobre a busca da identidade num mundo de diferenças, que decorre entre Portugal e Angola. O tempo dos missionários laicos portugueses em Angola e a Guerra Civil neste país africano servem de pano de fundo a uma história feita de escolhas. Nela, os protagonistas lutam não só contra os estigmas de duas sociedades, como também contra si próprios.

O livro já se encontra em pré-venda e estará disponível nas livrarias a 25 de agosto.

Conheça a obra nas palavras do próprio autor:



No dia 27 de agosto, a partir das 17:00, o autor vai estar em sessão de autógrafos no Espaço Porto Editora | Bertrand Editora da 92.ª Feira do Livro de Lisboa.

A 20 de setembro, pelas 18:30, na sala de Âmbito Cultural (piso 6) do El Corte Inglés de Lisboa, decorre a sessão de lançamento da obra, com apresentação de Augusto Carmona da Motta e Fernando Alves (TSF).



SOBRE O LIVRO:

O Gémeo de Ompanda – e as suas duas almas

Castor e Pólux, duas das estrelas mais brilhantes do firmamento, gémeos mitológicos que, não conseguindo viver um sem o outro, optaram por repartir a eternidade entre o Céu e o Inferno. Mas nem toda a salvação vem dos céus… Para Atsu, gémeo negro sobrevivo a uma maldição, padecendo do sentimento de culpa por ser o que escapou, surge na figura de um amaldiçoado como ele, seu reflexo branco. Nos céus de Ompanda, terra das avestruzes e pátria dos cuanhamas, entre o sul de Angola e o norte da Namíbia, há momentos em que as estrelas mais brilhantes de Gémeos são visíveis. Nos de São Pedro de Moel, terra de navegantes e pátria dos portugueses, também. Entre Angola e Portugal, as vidas de Aliene (a cuanhama branca), Francisco Boavida (o branco criado por negros) e Atsu (o negro europeizado) – três lados de um triângulo de amor, ainda que não amoroso – vão-nos sendo desvendadas à luz da sua busca pela identidade. Uma demanda pela essência do ser, entre dissemelhanças pessoais e soci! ais, dinheiro e política, que culmina com o regresso a casa, a África.


Título: O Gémeo de Ompanda – e as suas duas almas
Autor: Carlos Vale Ferraz
Páginas: 192
PVP: 16,60€

Ver primeiras páginas


SOBRE O AUTOR:
Carlos Vale Ferraz

Pseudónimo literário de Carlos de Matos Gomes, nasceu a 24 de julho de 1946, em Vila Nova da Barquinha. Foi oficial do Exército, tendo cumprido comissões em Angola, Moçambique e Guiné. Investigador de História Contemporânea de Portugal, publicou como Carlos de Matos Gomes e em coautoria com Aniceto Afonso Guerra Colonial, entre outros. No catálogo da Porto Editora figuram ainda os seus romances A Última Viúva de África, Prémio Literário Fernando Namora 2018, Nó Cego, Que fazer contigo, pá? e Angoche.

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Nota do editor

Último poste da série de 8 DE AGOSTO DE 2022 > Guiné 61/74 - P23507: Agenda cultural (819): No passado dia 2 de Julho de 2022, foi apresentado, na Casa Pia de Lisboa, o livro "Alfredo Ribeiro – História, Memória, Saudade - O Universo Casapiano", da autoria de Luís Vaz. Alfredo Ribeiro foi Furriel Miliciano na CCAÇ 4150/73 (Albano Costa)

Guiné 61/74 - P23553: Notas de leitura (1478): "Panteras à solta", de Manuel Andrezo (pseudónimo literário do ten gen ref Aurélio Manuel Trindade): o diário de bordo do último comandante da 4ª CCAÇ e primeiro comandante da CCAÇ 6 (Bedanda, 1965/67): as aventuras e desventuras do cap Cristo (Luís Graça) - Parte I: "Os alferes não gostaram do novo capitão. Acharam-no com cara de poucos amigos."






Capa e contracapa do livro "Panteras à solta: No sul da Guiné uma companhia de tropas nativas defende a soberania de Portugal", de Manuel Andrezo, edição de autor, s/l, s/d 
[c. 2010 / 2020] , 445 pp. , il. [ Manuel Andrezo é o pseudónimo literário do ten gen ref Aurélio Manuel Trindade, ex-cap inf, 4ª CCAÇ / CCAÇ 6, Bedanda, jul 1965/ jul 67. ]

Na foto acima, da capa, o "capitão Cristo, sentado ao centro, na casa do Zé Saldanha  [encarregado da Casa Ultramarina, em Bedanda, e onde se comia lindamente, graças aos dotes culinários da esposa, a balanta Inácia] . Por trás, em pé, os alferes Carvalho e Ribeiro e ainda o Zé Saldanha" (legenda, pág. 440).

1. Um exemplar autografado, dedicado ao cor inf ref Arada Pinheiro,   foi-me emprestado por este para leitura e recensão no blogue. 

O teor da dedicatória é o seguinte:  "Ao meu amigo Pinheiro com muito respeito e consideração para que se lembre sempre da Guiné, terra que ambos admiramos. 13/12/2020. Aurélio Trindade. " O Arada Pinheiro esteve no CTIG, como major inf, entre 1971 e 1973. E é um ano mais velho do que o autor, na Escola do Exército (é de 1951).

O livro, composto por cerca de 70 curtos capítulos, pode ser considerado como um "diário de  bordo", embora não datado, do autor (ou do seu "alter ego"), que foi o último comandante da 4ª CCAÇ e o primeiro da CCAÇ 6 (a 4ª Companhia de Caçadores passou, a partir de 1 de abril de 1967, a designar-se por CCAÇ 6 ("Onças Negras"), conforme fichas de unidade que publicamos abaixo).

A intensa atividade operacional é intercalada com pequenas, saborosas (e algumas pícaras=  histórias do quotidiano do quartel, da tabanca e seus "vizinhos"...

Já li as primeiras sessentas páginas, com prazer e apreço. O estilo narrativo é poderoso. Seco, assertivo, direto, às veses quase telegráfico. A escrita é, visivelmente, de um militar, com experiência operacional, e forte espírito de liderança, que quer "chegar, ver e vencer", mas que vai encontrar uma companhia em farrapos (equipada ainda com a velha Mauser, sem fardas novas, mal alimentada, isolada, desmoralizada, mal vista pelo comando do setor, sediado em Catió). 

É decididamente um militar que sabe que uma companhia vale pelo seu comandante operacional, e que quer fazer jus à sua divisa "Aut Vincere Aut Mori"  (Vitória ou Morte). Pelo que nos é dado inferir da leitura das primeiras dezenas de páginas, é um militar de "mão cheia", para usar uma expressão cara ao cor inf ref Arada Pinheiro, e que não regateia apoio aos seus soldados, mesmo que com isso tenha que enfrentar a incompreensão e até a desconfiança da hierarqui militar (em Catió e em Bissau). 

Antes de devolver o exemplar que foi me emprestado pelo cor Arada Pinheiro, quero ver se faço algumas notas de leitura, partilhando-as com os nossos leitores. Julgo que o livro está fora do  mercado livreiro habitual, não sendo de fácil acesso. Não consta, pelo menos, na Porbase (Base Nacional de  Dados Bibli0gráficos). O seu interesse documental, para nós, antigos combatentes da Guiné, é por demais evidente. É um período (1965/67) ainda mal conhecido, e a 4ª CCAÇ tem menos de 20 referências no nosso blogue. Já a CCAÇ 6 (extinta em 20 de agosto de 1974) tem mais de uma centena de referências.

Grande parte da narrativa, que segue um fio cronológico,  é constituída por episódios, entrecortados por muitos diálogos, sendo o principal protagonista o cap Cristo, "31 anos de idade, natural da Beira Alta, nascido e criado entre o duro granito da serra do Caramulo". É casado e pai de três filhos. Partiu no T/T Niassa, de Lisboa, em 30 de junho de 1965, com destino ao CTIG. 

Vai em rendição individual. Tem já duas comissões no Ultramar: Índia e Moçambique (donde acabara de regressar há 10 meses). (...) "Vai triste. (...) À sua frente o desconhecido. Sabe apenas que vai para a Guiné onde a guerra é dura. " (...) (pág. 7). 

Chega a Bissau a 5 de julho de 1965. E no dia seguinte, parte de imediato para Bedanda, de avioneta civil, com o cap Xáxa (a quem vai render), para tomar posse como novo comandante  da 4ª CCAÇ. O cap Xáxa fará as honras da sua apresentação aos militares e aos civis de Bedanda. E rapidamente a guerrilha do PAIGC (e a populaçao sob o seu controlo) vai passar a conhecê-lo e a temê-lo.

As primeiras impressões não foram favoráveis: "Os alferes não gostaram do novo capitão. Acharam-no com cara de poucos amigos. Nem se sequer se atreveram a praxá-lo, uma tradição muito cara à companhia" (...) (pág. 13).

(Continua)


Fichas de unidade > 4ª  Companhia de Caçadores

Identificação; 4ª CCaç

Cmdt (a) : Cap Inf Manuel Dias Freixo | Cap Inf António Ferreira Rodrigues Areia | Cap Inf António Lopes Figueiredo |Cap Inf Renato Jorge Cardoso Matias Freire (membro da Tabanca Grande)| Cap Inf Nelson João dos Santos | Cap Mil Inf João Henriques de Almeida | Cap Inf Alcides José Sacramento Marques | Cap Inf João José Louro Rodrigues de Passos | Cap Inf António Feliciano Mota da Câmara Soares Tavares | Cap Inf Aurélio Manuel Trindade

(a) Os Cmdts Comp são apenas indicados a partir de 1Jan61

Divisa: "Aut Vincere Aut Mori"

Início: anterior a 1jan61

Extinção: 1abr67 (passou a designar-se CCaç 6)

Síntese da Actividade Operacional

Era uma subunidade da guarnição normal, com existência anterior a 1jan61 e foi constituída por quadros metropolitanos e praças indígenas do recrutamento local, estando enquadrada nas forças do CTIG então existentes.

Em 1jan61, estava instalada em Bolama, com um pelotão destacado em Bedanda

Em 8abr61, iniciou o deslocamento para Buba, onde foi colocada temporariamente, a partir de 6mai61. Em 3jul61, foi transferida para Bedanda, mantendo um pelotão em Buba, até à chegada da CCaç 152, em 28jul61.

Entretanto, iniciou a instalação de forças em várias localidades da zona Sul, nomeadamente em Bolama, Bedanda, Cacine, Aldeia Formosa, Gadamael e Tite, as quais foram recolhendo à sede após substituição por outras forças, ou sendo deslocadas, para outras localidades, como Catió, Chugué e Caboxanque

A partir de 25jul61, foi integrada no dispositivo e manobra do BCaç 237 e depois sucessivamente no dispositivo dos batalhões e comandos instalados no sector. Tomou ainda parte em diversas operações realizadas nas regiões de Caboxanque, Chugué, Bochenan, entre outras.

Em 1abr67, passou a designar-se por CCaç 6.

Observações - Não tem História da Unidade. Em diversos documentos, esta subunidade era
muitas vezes designada por 4ª CCaç I.

Fonte: Excertos de Portugal. Estado-Maior do Exército. Comissão para o Estudo das Campanhas de África, 1961-1974 [CECA] - Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974). 7.º volume: fichas das unidades. Tomo II: Guiné. Lisboa: 2002, pp. 625- 626




Fichas de unidade > Companhia de Caçadores nº 6

Identificação:  CCaç 6
Cmdt: Cap Inf Aurélio Manuel Trindade | Cap Inf Renato Vieira de Sousa | Cap Inf Rui Manuel Gomes de Mendonça | Cap Art Ricardo António Tavares Antunes Rei | Cap Inf António Bernardino Fontes Monteiro | Cap Cav Carlos Domingos de Oliveira Ayala Botto | Cap Inf Gastão Manuel Santos Correia e Silva | Cap Inf Jorge Alberto Ferreira Manarte | Cap QEO Elísio José Brandão Alves Pimenta | Cap Mil Inf António Manuel Rodrigues
Início: 01abr67 (por alteração da anterior designação de 4ª CCaç) | Extinção: 20ago74

Síntese da Actividade Operacional

Em 1abr67, foi criada por alteração da designação anterior de 4ª CCaç.

Era uma companhia da guarnição normal do CTIG, constituída por quadros metropolitanos e praças indígenas do recrutamento local.

Continuou instalada em Bedanda, onde detinha a responsabilidade do respectivo subsector e se integrava no dispositivo e manobra do sector do BCaç 1858, ficando sucessivamente na dependência dos batalhões e comandos ali instalados. 

Por períodos variáveis, destacou temporariamente pelotões para reforço de outras guarnições, sendo especialmente orientada para a realização de acções nas regiões de Bantael Silá, Nhai, Bochenan e Flaque Injã, entre outras.

Em 20ago74, sendo substituída na responsabilidade do subsector de Bedanda por forças do BArt 6520/73, foi desactivada e extinta.

Observações -  Não tem História da Unidade.


Fonte: Excertos de Portugal. Estado-Maior do Exército. Comissão para o Estudo das Campanhas de África, 1961-1974 [CECA] - Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974). 7.º volume: fichas das unidades. Tomo II: Guiné. Lisboa: 2002, pág. 630.

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Nota de leitura:

Último poste da série > 22 de agosto de 2022 > Guiné 61/74 - P23544: Notas de leitura (1477): "A Guerra de Bissau, 7 de Junho de 98", por Samba Bari, um guineense diplomado em Relações Internacionais pela Universidade Lusíada; Sinapis Editores, 2018 (1) (Mário Beja Santos)