Blogue coletivo, criado e editado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra col0onial, em geral, e da Guiné, em particular (1961/74). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que sáo, tratam-se por tu, e gostam de dizer: O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande. Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
sábado, 24 de junho de 2023
Guiné 61/74 - P24427: Recortes de imprensa (129): Lembranças de um alferes de infantaria ao serviço da Marinha, Guiné (1968-1970) (Beja Santos, "O Combatente da Estrela", Covilhã, 131, julho de 2023, pág. 8)
sábado, 17 de junho de 2023
Guiné 61/74 - P24406: Agenda cultural (834): Apresentação do livro "Memórias de um Combatente", da autoria de José Ferreira, antigo Combatente em Angola, a ter lugar no Salão Nobre do Quartel dos Bombeiros Voluntários de Resende, dia 25 de Junho de 2023, pelas 16 horas (Fátima Silva e Fátima Soledade)
1. Mensagem das nossas amigas Fátima Soledade e Fátima Silva, ambas filhas de antigos combatentes do ultramar, enviada ao nosso Blogue hoje mesmo:
Boa noite, Carlos:
Temos o prazer de dar a conhecer o lançamento do livro "Memórias de um Combatente" do autor José Ferreira, também este combatente em Angola. Os seus textos atravessaram o Oceano Atlântico há mais de cinquenta anos. São testemunhos reais vividos por um jovem que se vê afastado da sua terra e dos seus.
Com a maior estima e consideração.
Fátima´s
____________
Nota do editor
Último poste da série de 4 DE MAIO DE 2023 > Guiné 61/74 - P24282: Agenda cultural (833): Apresentação do livro "João Cardoso de Oliveira - homem e sacerdote", da autoria do nosso camarada António Mário Leitão, a levar a efeito no próximo dia 6 de Maio de 2023, pelas 16h30, na Igreja Matriz de Ponte de Lima
sexta-feira, 26 de maio de 2023
Guiné 61/74 - P24343: Notas de leitura (1585): "Os Manuscritos de R.", por Jaime Froufe Andrade, segunda edição de Novembro de 2019, um monumento literário aos antigos combatentes que Portugal esqueceu (Mário Beja Santos)
1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá, Finete e Bambadinca, 1968/70), com data de 24 de Maio de 2023:
Queridos amigos,
Havia algo de tão íntimo nesta narrativa que Jaime Froufe Andrade me enviou em outubro de 2020 que me impediu, após sucessivas leituras que dela fiz, de publicitar a importância deste documento literário. Não há para aqui lamúria nenhuma, põem-se os dados na mesa, exibem-se os factos, fala-se de velhos que parece que têm que contar às escondidas que se fizeram homens para uma guerra para onde foram enviados ou que se juntam uma vez por ano para trocar impressões se foi ou não foi assim mesmo que aquilo se passou, isto depois de já se terem contado as baixas trazidas por mais um ano, daquele encontro para este. Não hesito em chamar-lhe monumento literário e dizer que Jaime Froufe Andrade, alferes-miliciano ranger, em Moçambique (1968-1970) lega à literatura da guerra colonial um texto de arromba, para mim está no pódio do que há de melhor, o Moçambique que ele vai soletrando sílaba a sílaba pode facilmente transmutar-se em picadas guineenses ou angolanas, é assim que se define a universalidade da escrita.
Um abraço do
Mário
Um monumento literário aos antigos combatentes que Portugal esqueceu
Mário Beja Santos
Os Manuscritos de R., por Jaime Froufe Andrade, com segunda edição em novembro de 2019, é um tremendo grito de desespero. No uso de uma arquitetura literária que tem escola, há um editor livreiro a quem foram parar às mãos os manuscritos, uma prosa inquieta, um carrossel de clamores, e tratada como obra póstuma cabe ao escritor burilar as tais folhas convulsas, encontrou a satisfação em dar inteligibilidade a frases descontínuas, e entramos de escantilhão num lugar de guerra, há misturas de falas, farrapos de recordações, alguém vem de mochila às costas, bornal encostado à anca, a descer a estrada da Circunvalação, com o Porto à esquerda, Matosinhos à direita. Tem um objetivo a milhares de quilómetros. Engane-se quem pense que ele vai sozinho, “Acompanha-me um infindável rol de lembranças, acontecimentos bons, maus, poéticos ou prosaicos, dramáticos, fúteis ou de mero entretenimento.”
Tudo em rodopio, em alvoroço, umas vezes estamos no presente outras vezes no futuro, ou num algures pretérito. Parece que vamos a caminho de Tete. E vamos habituarmo-nos a expressões inusuais na literatura da guerra, por exemplo, viventes-a-prazo-indefinido ou vivente-a-muito-curto-prazo. Há gente que aparece aqui com diferentes idades, tanto podem ter 25 como 90 anos, as marchas são frenéticas, quem parece delirante lembra-se que é um ranger, está a esgatanhar-se para que a memória lhe traga à escrita aquilo que se viveu e a dor como se viveu, deste modo:
“A estação quente estava no pino. Caminhávamos há várias horas pela savana. O sol, caustico, mostrava-se pior do que aguarrás. Fazia rechinar as pedras. Extenuados, trôpegos, seguíamos em fila indiana, a vários metros uns dos outros. Os corpos, sujeitos a uma temperatura de 50 graus, lembravam – se os houvesse – fósforos ambulantes, prontos a arder. O inferno mudara-se. Montara arraial nestes ermos desolados, onde parecia não haver vida.”
Quem delira e quem rememora prossegue esta viagem, é de presumir que se trate de uma fuga, haverá talvez um ponto de encontro, pois fique-se sabendo que tudo aquilo que aqui se escreve em desassossego e com raiva, estes velhos desaustinados, desmemoriados, guardavam, como dever final, imagens retiradas da net, tais como evacuação de feridos, viaturas militares esfrangalhadas, pessoal de G3 na mão a atravessar linhas de água a embrenharem-se na selva. Ponto curioso, tal como Jaime Froufe Andrade, este delirante autor dos manuscritos ainda lembra o nome de pessoas, bichos, rios e lugares que conheceu em Moçambique: Xeringa, Jaissone, Tsimbe; Cahora-Bassa; checa, maningue, saguá, tembé, chibante… é Moçambique e a guerra que lhes coube viver.
Este homem que tem objetivo, de nome Rodrigues, parece que chegou ao destino, dá entrada no hospital psiquiátrico. Agora sim, a guerra parece que está mais próxima, o Rodrigues anda dececionado com os filhos, estes inquietos, o pai não anda bem da cuca, tem muitas desconfianças, teme ser envenenado. Vai trocando informações e descobre que tem à volta antigos combatentes, há para ali alguém que grita:
“Portugal, lembras-te de nós? Não te faças de desentendido. Lembras-te? Somos aqueles que a teu mando reconquistámos a Pedra Verde, passámos dias de terror em Gadamael, pagámos muitas vezes com a vida em Mueda. Lembras-te? Fica-te mal esse teu esquecimento.”
E há os males menores, os maiores foram os que regressaram sem olhos, pernas e braços, ou ficaram estiraçados no capim, “porque tu nem com a viagem de regresso dos nossos corpos te importaste. Isso não se faz, Portugal.” Quanto aos males menores: “Batemos o queixo com o paludismo, urinámos sangue com bilharziose, fomos picados por mosquitos, mordidos por cobras; sofremos insónias com o som da quizumba, coçámo-nos, desesperados, até sangrar, com a penugem de vidro da vagem do feijão-macaco. Por ti, ingrato, até roídos fomos pela matacanha.”
Assume proporção gigantesca a litania por o país que esqueceu aqueles que mandou para a guerra, marcando-os no corpo, na alma, na consciência. Bem se grita, Portugal às vezes tem consciência do que eles passaram, dá-lhes isenção de taxas moderadoras, gratuidade nos transportes públicos, visitas aos museus nacionais, um discreto pecúlio uma vez por ano. E Jaime Froufe Andrade fala-nos no recém-morto-definitivo, alguém que tinha vivido assombrado pela guerra e fizera do mau-vinho o seu tratamento diário, a costumada vida familiar infernal, a mulher, os filhos e os netos aprenderam que existe uma síndrome pós-traumático.
Lá no hospital ou coisa parecida parece que há propósitos de partir para uma operação especial. Então, estoira na memória aquela recordação de que os Chiticula estava a ser atacado, um cabo de transmissões gritava desesperadamente de que aquela secção que montava guarda a máquinas de Arma de Engenharia, estava a embrulhar, à frente de um grupo de voluntários o nosso ranger pôs-se ao caminho. “Portugal, lembras-te de nós? Não te faças desentendido. Lembras-te?” Tudo isto se contava lá à malta do hospital ou da pensão onde se encontravam aqueles velhos que tinham andado pela guerra. Mas que fique bem claro que era mesmo um hospital e todos aqueles voluntários, em estado de grande tensão, lá vão progredindo a corta-mato, entram em Chiticula, não há camaradagem maior do que percorrer todos aqueles perigos e abraçar gente amiga. Tudo isto se vai contando entre viventes-a-prazo-indefinido.
A operação não descola, a falta de memória é evidente, alguém consola o alferes, quando ali chegarem e cheirarem o capim, a festa vai continuar. Sabemos agora que está tomada a decisão, vão partir em boa companhia. “Um último aceno e os primeiros passos rumo ao objetivo, situado a milhares de quilómetros. Indiferentes a uma lua pequena e desconsolada que entristece a noite, vamos já a descer a estrada da Circunvalação, com o Porto à esquerda, Matosinhos à direita.”
Estou finalmente a ressarcir-me do silêncio em que guardei esta joia que me foi enviada pelo Jaime Froufe Andrade, com data de 19 de outubro de 2020, é uma narrativa prodigiosa, uma escrita incandescente que não pode deixar indiferente quem andou de armas na mão por aquela ou por outras picadas, cada um de nós teve o seu Tete. O que posso dizer a quem me lê e ao Jaime Froufe Andrade, que conheci no Jornal de Notícias, onde escrevi 28 anos a fio, é que o ponho no pódio dos grandes livros que se escreveram da guerra de Moçambique, logo a seguir a Nó Cego, de Carlos Vale Ferraz, e Olhos do Caçador, de António Brito, é narrativa de arromba, mais tocante monumento ao antigo combatente esquecido não há.
Nota do editor
Último poste da série de 22 DE MAIO DE 2023 > Guiné 61/74 - P24334: Notas de leitura (1584): "Onésimo Silveira, Uma Vida, Um mar de Histórias", por José Vicente Lopes; Spleen Edições, 2016 (2) (Mário Beja Santos)
segunda-feira, 15 de maio de 2023
Guiné 61/74 - P24316: Notas de leitura (1582): Revisitar o livro "Memória", de Álvaro Guerra (Mário Beja Santos)
1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá, Finete e Bambadinca, 1968/70), com data de 13 de Outubro de 2020:
Queridos amigos,
O escritor Álvaro Guerra esteve na Guiné entre 1961 e 1963, os seus primeiros livros guardam memória da vida que levou no Sul, ele foi um combatente na região Sul, aqui recebeu ferimentos. Os livros "A Lebre", "O Disfarce", "Memória" e "O Capitão Nemo e Eu" (este de 1973) estão salpicados de episódios de guerra e de fascínio por todos aqueles horizontes de floresta, mistérios e afetos. "Memória" é um processo experimental e não um livro de contos, como alguma crítica anota. É uma escrita quase automática, textos fragmentados, por eles perpassam tiroteios na mata, recordações de infância, amores parisienses, o esplendor da natureza africana, até um episódio da chegada da sua unidade militar à Guiné em 1961, quando, à falta de instalações, foram metidos no Liceu de Bissau onde ocorreram cenas hilariantes. Dentre esses textos fragmentados o que se intitula "Ponta Tenente" é uma elegia de paixão perante a exuberância da natureza, pujante, mas onde o clima e a paragem de civilização podem reverter a favor das leis da selva, talvez seja esta a grande metáfora de construir e abandonar, a selva sufoca tudo quanto os homens construíram e abandonaram.
Um abraço do
Mário
Revisitar o livro "Memória", de Álvaro Guerra
Mário Beja Santos
Álvaro Guerra foi combatente da Guiné (1961-1963), recebeu ferimentos, depois de regressar estudou em Paris, onde viveu até 1969, praticou jornalismo em Portugal, foi diplomata. Em termos literários, esboçou inicialmente uma atração pelo Neorrealismo, em Paris afeiçoou-se pelo movimento Nouveau Roman, que teve entre as suas figuras mais representativas Alain Robbe-Grillet, Nathalie Sarraute, Michel Butor e Claude Simon. Tratava-se de uma arquitetura narrativa de fragmentos, prosas aparentemente desencontradas, muitas vezes sem sequência cronológica, fez voga poucas décadas e não deixou continuadores, apesar de grandes criadores literários, como José Saramago, terem urdido construções espessas, autênticos blocos sem cedências a pontuação, irem beber ideias a tal processo narrativo.
"Memória" é uma das primeiras obras de Álvaro Guerra, abre com um tropel discursivo em que a sua memória regressa ao mato, numa cadência alucinante: “no calor morria e nesse medo matava rasgando capim folhas lianas a tiros de raiva e metal escaldante metralha a abrir o caminho para hoje percorrido comigo desde o meu corpo espalmado na terra a beber o suor e o sangue e os olhos fechados invocavam imagens e logo se abriam para a dor real naquele longe de casa que eu era rastejando entre os silvos e explosões zumbidos aos ouvidos meus sentidos todos na fusão com o nada e desesperado disso que eu sabia ser tarde para a escolha que não fiz e matava e no meio desse calor morria e me abria o caminho da justiça sem voz…”.
Houve quem escrevesse que era um livro de contos, não acredito, são textos recitados à volta de um eixo central, é o que vem à memória, quase de forma automatizada, há infância, há mesmo um passado colonial guineense que ele vai descrever admiravelmente no texto Ponta Tenente, falará dos seus amores em Paris e não escusará dizer-nos o que pensava da sua identidade: “Nasci na pátria do ódio gentil, na pátria da paz e do sonho, do idílio de uma seringa cheia de medo com uma veia cheia de velho sangue, uma veia sossegada e antiga, sem dores de me parir. Cresci entre as histórias mentirosas e as mezinhas mitológicas de adiar mortes serenas, milhões de tranquilíssimas mortes conformadas, ao som do fado-hino e da saudade-destino”. Um dos seus textos deste seu livro foi escolhido por João de Melo para a antologia "Os Anos da Guerra", tem seguramente a ver com a sua chegada a Bissau em 1961:
“A companhia recém-desembarcada dos três velhos aviões a hélice foi provisoriamente instalada no Liceu da Cidade que, para o efeito, se encontrava equipado com aquilo que habitualmente equipa um liceu: carteiras, mesas de professores, quadros pretos, ponteiros, giz, globos terrestres, animais empalhados, provetas, tubos de ensaio, bicos de Bunsen, estalactites e estalagmites, poliedros, frascos, boiões, um esqueleto muito pouco convincente e, ainda, como extra ali colocado para maior comodidade da tropa, alguns fardos de palha. Quando a soldadesca saltou dos camiões, o capitão ordenou a formatura e disse para terem muita atenção em não escangalhar nada do que estava lá dentro”.
A dita soldadesca ali montou a sua logística, adaptou-se, a palha serviu de colchão, apareceram cozinhas rolantes com uma refeição quente, houve protestos, até se brincou com o esqueleto.
Mas é o texto intitulado "Ponta Tenente" que merece as honras da casa, no que tange às memórias guineenses. Pode muito bem ter acontecido que Álvaro Guerra tenha conhecido os escombros desta granja implantada no Rio Grande, rebuscou dados históricos e deu-nos uma prosa aliciante, injustamente esquecida:
“Sangrada a terra por viagens sem regresso que levaram pais e filhos nos bojudos porões dos veleiros, restou da sangria a dissimulada lembrança e o silêncio e a vontade de Deus que tudo pode, até chegar e instalar-se o Tenente, o branco, que parecia não vir buscar nada e pelejou ao lado dos homens contra a pilhagem de Amadu Paté Coiada, régulo do Gabú, e contra o veneno de serpentes, os insetos, as febres, os tornados, a sede e a traição das onças e dos enviados do chão francês. Durante a guerra, montou quartel à beira do Rio Grande, junto do Cais dos Escravos; pelo Tcherno Kali possuíam os dois mais fogosos cavalos da região e repartiam entre si as mais belas virgens, em haréns de pacotilha, sem ofensa de Cristo e de Alá…”.
O tenente dedica-se à agricultura, há um vapor, de nome Maria, e cujo capitão, o cabo-verdiano Vicente, transporta as suas laranjas para o mercado de Bolama. Estas laranjas atingem uma carga simbólica que toma conta da narrativa, medram numa autêntica luxúria, é uma reprodução que abre caminho a uma vitória da agricultura, algo sem precedentes, um estranhíssimo milagre saído do ventre da terra:
“Os pés de laranjeira trazidos da metrópole com mil cuidados puseram-se a crescer, floriram um ano depois, deram as primeiras laranjas no segundo e, a partir do terceiro, o Tenente podia ter enchido com eles uma frota de cinco ou seis barcos iguais ao vapor Maria, na época da colheita, quando Ponta Tenente cheirava a laranja a três milhas de distância e grandes montes de frutos apodrecendo ao sol ladeavam a álea das acácias rubras que iam do tosco cais de tábuas de pão-sangue até à casa grande. Experimentadas como adubo nas searas, as laranjas ajudaram a crescer um amendoim ligeiramente adocicado e grossas e longas raízes de mandioca não totalmente brancas mas rosadas. Passados anos, Ponta Tenente florescia: ananases e abacaxis enormes e dulcíssimos também cresceram e se multiplicaram, o decrépito vapor Maria passou a fazer a viagem três vezes por mês, mas não era possível deslocar sequer a quinta parte da produção. Não só as laranjas apodreciam em Ponta Tenente. Legiões impressionantes de formigas pretas investiam periodicamente a casa grande, o armazém, a loja, que círculos de fogo tentavam defender dos ferozes ataques: gibóias, surucucus, cobras-verdes abundavam nas proximidades e realizavam incursões frequentes atraídas pela abundância, sem falar nos fedorentos saninhos, nas lúgubres hienas, nos destruidores bandos de macacos”.
Dá-se o envelhecimento do tenente, fica artrítico e grande consumidor de aguardente de cana ou vinho de palma. Inopinadamente, o vapor Maria um dia trouxe a mulher e o filho do tenente que não o viam há 14 anos, não suportaram o clima e reembarcaram no vapor, no meio do odor enjoativo do gergelim e dos ananases. Vieram as pragas da mosca, aquela empolgante civilização da Ponta Tenente vai gradualmente chegar ao sono profundo, a selva reocupa o lugar espoliado, a presença humana entrou em vias de extinção: “Nesse ano, morreu o Tcherno Kali, longe, no exílio do chão de Cacine. Meses depois, o tenente mobilizou tudo o que sobrava da população da tabanca para a colheita das laranjas, que são particularmente doces e sumarentas, e em número impressionante. Montanhas de laranjas rodeavam a casa grande, a álea das acácias rubras, e começaram a decompor-se, a espalhar um cheiro intenso, doce primeiro, acre, depois, à espera de uma frota imaginária que havia de as restituir à sua origem, porque o Tenente gritava, bêbado, trôpego, agitando uma das muletas como um sabre, nos inconcebíveis limites da loucura, ‘Vieram da China, hão-de ir para a China!’ ”.
E este texto parabólico sobre o mundo tropical onde as regras vegetais podem ter uma ordem bem contrária à dos humanos deixa o seu recado, através da simbólica de que tudo pode crescer naquelas terras úberes da Guiné, e por isso também nos fala da vingança da selva, de que tudo pode apodrecer, pode mesmo dar-se uma ofensiva da baga-baga que reduz ao estéril a exuberância de uma agricultura florescente e a terra pujante definha, verga-se à erva-daninha, ao mortífero clima.
A obra Memória bem merecia ser reeditada, revela a capacidade literária de um Álvaro Guerra ainda jovem e ainda muito ligado à sua experiência guineense.
Nota do editor
Último poste da série de 12 de Maio de 2023 > Guiné 61/74 - P24309: Notas de leitura (1581): A economia guineense em 2017: oportunidades de import-export do lado português (Mário Beja Santos)
terça-feira, 2 de maio de 2023
Guiné 61/74 - P24276: Notas de leitura (1578). Lançamento do livro do ten gen ref Garcia Leandro, "O Balanço de Uma Geração" (Lisboa, Gradiva, 2023, 360 pp.)...Vídeo com a recensão crítica do Presidente da República
O Presidente da República faz, de improviso, uma recensão crítica do recente livro do ten gen ref Leandro Garcia, "O Balanço de uma Geração" (Lisboa, Gradiva, 2023, 360 pp.), Cortesia do autor. O vídeo (que não está na página oficial da Presidència da República) chegou-nos, com pedido de divulgação, por mão do Virgínio Briote, antigo alf mil 'comando' que esteve na Guiné com o então cap 'cmd' Garcia Leandro (tem 1o referências no nosso blogue mas não faz parte da nossa Tabanca Grande).
Data - segunda, 24/04, 20:17 (há 2 dias)
Assunto - Vídeo com o Presidente da República por ocasião do lançamento do livro do ten gen ref Garcia Leandro
Luis Graça e Carlos Vinhal, Caros Camaradas
O meu antigo Cmdt CCmds, Garcia Leandro, acabou de publicar o livro “O Balanço de uma Geração” (Lisboa, Gradiva, 2023, 360 pp).
O vídeo, reproduzido acima, aqui disponível, na conta You Tube / Luís Graça. Cortesia de Garcia Landro (8' 01")
Abraço do Virgínio Briote
2. Mais informação sobre o livro e o autor:
Neste livro dedicado à sua geração, o autor faz uma análise integrada de Portugal, no passado e no presente, com particular foco nos séculos XIX e XX e sobretudo nos consulados de Salazar e Caetano e da III República. Além disso, perspectiva o futuro possível, com base na sua vivência e testemunho.
De um modo articulado e objectivo, procura explicar a situação de Portugal a partir da década de 1950 e, nesse contexto, o comportamento de Salazar e de Caetano até 1974. Mas vai além desse período, pois faz o enquadramento internacional desde o século XIX, numa contribuição para interpretar a nossa História e como chegámos ao Estado Novo, depois de décadas muito difíceis e com grandes fragilidades.
Para o século XX, a sua análise, assente em dados concretos e factos vividos, aborda a questão ultramarina, os problemas, como foram encarados a partir do início da guerrilha em Angola e o que antecedeu o 25 de Abril de 1974. Que significou esse pedaço da História para a geração nascida durante a II Guerra Mundial e para as populações do então Ultramar?
Além de reflectir sobre esta questão e o funcionamento da III República, o autor analisa a reconstrução das Forças Armadas e das Forças e Serviços de Segurança, a sua modernização e a internacionalização. Ajudando a compreender este mundo em mudança, Garcia Leandro antevê como poderá ser o futuro do país a curto prazo, os problemas que se podem pôr a Portugal e a nossa viabilidade.
Este é um livro que faltava para uma compreensão melhor e independente de Portugal e das hipóteses que se porão para o futuro mundial.
quinta-feira, 23 de março de 2023
Guiné 61/74 - P24165: Facebook...ando (73): "Palco Sombrio", de Alice Caetano (Almada, Emporium Editora, 2020, 276 pp.): Uma narrativa dinâmica centrada nos relatos do homem de teatro e ex-cap mil, Carlos Nery, CMDT da CCAÇ 2382 (Buba, 1968/70)
Capa do livro de Alice Caetano, "Palco Sombrio: Guiné - Guerra Colonial e Actos Cénicos" (Almada, Emporium Editora, 2020, 276 pp.)
Boa tarde. Escrevi este livro recentemente. Intitula-se "Palco Sombrio: Guiné . Guerra Colonial e Actos Cénicos". Para a sua construção contei com a contribuição de algumas entrevistas a antigos militares, entre as quais a Carlos Nery, obtendo o seu maior contributo. Havendo interessados em adquiri-lo, enviarei pelo correio. Obrigada.
Fonte: Emporium Editora (com a devida vénia...)
Foto (e legenda): © Luís Graça (2010). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
(**) Vd. poste de 7 de dezembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7399: In Memoriam (66): A morte dolorosa de um dos últimos homens a chegar a Gandembel, o ex-Alf Mil João Barge (1944-2010)
terça-feira, 14 de fevereiro de 2023
Guiné 61/74 - P24064: Notas de leitura (1555): Quem mandou matar Amílcar Cabral? (José Pedro Castanheira, jornalista, "Expresso", 22 de janeiro de 2023) - II ( e última) Parte - Uma acusação de peso, a de Aristides Pereira: "Para todos os efeitos, goste-se ou não, o Amílcar foi morto como cabo-verdiano" (que não era: nasceu em Bafatá, viveu 10 anos em Cabo Verde, numa vida curta de 49 anos...).
1. Segunda e última parte do artigo de José Pedro Castanheira (JPC), "Quem mandou mandar Amílcar Cabral?" (Semanário "Expresso", edição de 22 de janeiro de 2023, Revista, pp. E|32 - E|37), publicada trinta anos depois da reportagem de 1993 (vd. capa, acima, da Revista do Expresso, de 16 de janeiro desse ano).
JPC, jornalista e escritor, de 70 anos de idade, dedicou perto de metade da sua vida a tentar responder à pergunta sobre o "autor moral", o "mandante", da morte de Amílcar Cabral (AC) e a respetiva teia de cumplicidades . Desde 1993, ele tem explorado quatro hipóteses de investigação, apontando para os presumíveis "mandantes" do crime:
(i) uma ação do gen Spínola e dos seuseus íntimos colaboradores, na iminência de "perder a guerra":
(ii) uma operação especial da PIDE/DGS, além fronteiras (a semelhança do que acontecera, em 1965, com o gen Humberto Delgado, assassinado com a sua secretária depois de cair numa cilada, em Espanha;
(iii) uma jogada maquiavélica e antecipada de Sékou Touré, um ditador que sonhava com a "Grande Guiné", e via no Amílcar Cabral um rival de estatura pan-africana;
(iv) o desfecho inevitável da crescente conflitualidade existente no interior do PAIGC, entre os combatentes (guineenses) e a "nomenclatura", dirigente (cabo-verdiana).
(*) Vd. postes de
(**) Vd. poste de 7 de fevereiro de 2023 > Guiné 61/74 - P24044: Notas de leitura (1551): Quem mandou matar Amílcar Cabral? (José Pedro Castanheira, jornalista, "Expresso", 22 de janeiro de 2023) - Parte I - Talvez "o maior mistério da absurda e inútil guerra colonial"... (Luís Graça)
Último poste da série "Notas de leitura": 13 de fevereiro de 2023 > Guiné 61/74 - P24062: Notas de leitura (1554): Uma safra de leituras, sábado na Feira da Ladra, em tempos de pandemia (3) (Mário Beja Santos)
quinta-feira, 2 de fevereiro de 2023
Guiné 61/74 - P24031: Memórias de Luís Cabral (Bissau, 1931 - Torres Vedras, 2009): Factos & mitos - Parte I: Ainda não foi desta que o autor nos contou toda a verdade...
Temos, todavia, que concordar que este seu primeiro (e único) livro é um documento importante para a historiografia da guerra colonial na Guiné, tanto mais que Luís Cabral era o nº 2 ou 3 do PAIGC, membro do "Bureau Político" e do "Conselho de Guerra", além de ter sido o primeiro presidente do conselho da República da Guiné-Bissau. Foi, além disso, íntimo confidente, grande admirador e fiel executante do pensamento e da estratégia do irmão. Por outro lado, sabemos que os seus antigos companheiros, da cúpula do PAIGC, já morreram todos ou quase todos, tendo levado para a cova os seus segredos, as suas melhores e piores memórias. Tirando Luís Cabral e Aristides Pereira, quem escreveu mais ? Ou dá a cara, falando em público, como é o caso do 'comandante' Pedro Pires ?!
4 de Novembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7223: Notas de leitura (165): Crónica da Libertação, de Luís Cabral (2) (Mário Beja Santos)
6 de Novembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7232: Notas de leitura (166): Crónica da Libertação, de Luís Cabral (3) (Mário Beja Santos)
8 de Novembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7241: Notas de leitura (167): Crónica da Libertação, de Luís Cabral (4) (Mário Beja Santos)
10 de novembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7259: Notas de leitura (168): Crónica da Libertação, de Luís Cabral (5) (Mário Beja Santos)
sexta-feira, 21 de outubro de 2022
Guiné 61/74 - P23726: Notas de leitura (1509): "Para Além do Amor", por Nelson Cerveira, edição do autor com apoios de autarquias e instituições da Anadia; 2022 (Mário Beja Santos)
1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá, Finete e Bambadinca, 1968/70), com data de 17 de Outubro de 2022:
Queridos amigos,
Socorro-me habitualmente da ajuda que me dá a Biblioteca da Liga dos Combatentes, é neste território que encontro obras, de modo geral edições de autor, de antigos combatentes que aqui deixam os seus trabalhos. Foi aqui que conheci este livro de Nelson Cerveira[1], furriel-enfermeiro do BCAV 8320/73, terá sido o último batalhão que abandonou a Guiné. Nelson Cerveira foi depois para Angola onde geriu um hotel no Kwanza Norte, aqui terá encontrado matéria para escrever 3 livros relatando acontecimentos que tiveram a ver com a guerra civil de Angola. Forjou este romance cuja figura central um furriel ferido em combate, tem uma escrita singularíssima, uma narrativa onde não faltam elementos naturalistas e neorromânticos e grandes tiradas declamatórias.
Um abraço do
Mário
Os enfermeiros também tombam em combate
Mário Beja Santos
O título da obra é "Para Além do Amor", o autor é Nelson Cerveira [foto à direita], edição do autor com apoios de autarquias e instituições da Anadia, 2022. A singularidade da trama assenta na deliberada decisão do escritor em rebuscar uma prosa com laivos de naturalismo, neorromantismo, é uma prosa inflada de afirmações declamatórias e afirmações sentimentais que se inscrevem em atmosferas de dramatização, muitas lágrimas, muitos soluços, até se chegar à redenção que a obra propicia.
Estamos em maio de 1947, na região da Bairrada, em noite de tempestade, os donos da casa ouvem gemidos no celeiro, o agricultor nada vira coisa semelhante, uma moça de 16 anos, que era conhecida por Zeza, e que por ali deambulava por aldeias vizinhas, sem ninguém saber qual a sua origem, acabara de dar à luz. Depois somos introduzidos na história de Zeza, recuamos a 1930, mais uma história trágica, no parto morre a mãe, salva-se a criança que passou a ser criada pelos avós com o nome de Maria Cristina. O casal que recebe a criança que Zeza dera à luz, e que tinha recentemente perdido um filho, aceita criar esta bênção que lhe cai do céu.
Há um lavrador de nome Alfredo que vai trabalhar para uma das quintas mais ricas da região, fica encarregado pelo patrão de cuidar do filho, de nome Tomé, o menino tem 4 anos, irá formar-se em Direito. Alfredo virá ser caseiro da quinta, depois morre o patrão, o filho vende a propriedade. Amélia, a mulher de Alfredo tem um filho que morre apenas com 2 semanas. É nesta altura que nasce o filho de Zeza, em homenagem ao benfeitor, o casal põe-lhe o nome de Tomé. Anos depois os pais adotivos contam a história, mostram-lhe a fotografia de Zeza.
Tomé revela-se um jovem prudente, assenta praça em outubro de 1968 nas Caldas da Rainha, tirará a especialidade de enfermeiro, as aulas decorrem no anexo do Hospital Militar da Estrela. Finda a especialidade, ele e o seu amigo Jorge foram colocados no Hospital Militar de Coimbra, alugam um quarto numa casa no largo da Sé Velha. Vai começar o enfeitiçamento por uma jovem aluna de Medicina, isto em 1969, no reboliço dos acontecimentos estudantis. Tomé era amigo de Laura, esta amiga Aurora, o deslumbramento de Tomé, de todos o autor nos dá a descrição, Aurora está bem impressionada com Tomé, o seu aspeto resplandecente, o olhar aceso, as belas cores, o belo sorriso, estão os três em amena cavaqueira numa esplanada e aparecesse João, vamos ter aqui um discurso incomum, João possuía o dom especial de se encontrar à vontade em toda a parte e não faz mais nada, tem para ali uma larga tirada sobre a tirania colonialista, a liberdade, a igualdade e a fraternidade, lembra aos presentes que a hora que estavam a viver era uma hora sombria e diz o autor que aquele jovem era apologista que o governo salazarista cairia quando a lava escandecente no seio da liberdade irrompesse as ideias libertadoras defendidas pelo comunismo. As discussões multiplicam-se, passa-se para a religião, duvida-se da imortalidade da alma, seguem-se os problemas da civilização, aqui começam as críticas ao comunismo, o Tomé mete-se na conversa, temos páginas e páginas sobre o cristianismo e as lutas acesas do protestantismo. As grandes tiradas declamatórias irão prosseguir, Tomé irá contar a Aurora o que andam a fazer os Movimentos de Libertação, e depois declara-se, Tomé é retribuído, andam enleados. Chegou a hora da mobilização, Tomé irá apresentar-se no Hospital Militar de Bissau, a despedida é dolorosa.
Em 21 de fevereiro de 1970, o furriel-enfermeiro Tomé apresenta-se no Hospital Militar, o espetáculo a que assiste nos corredores constrange-o. Irá ser colocado em Bissorã, escreve uma longa carta à sua amiga Laura. Aurora irá conhecer os pais de Alfredo na companhia de Laura e, entretanto, vamos saber um pouco da história desse ano durante a guerra, nova carta de Tomé para Laura, foi colocado em Guileje, conta-lhe como a guerra é duríssima. Tomé já está em Bafatá, em 26 de junho de 1971 um grupo do PAIGC penetra na cidade, faz diferentes estragos, provoca mortos e feridos. A partir desta data os familiares de Tomé deixaram de receber cartas.
Entramos num ciclo dramático, Tomé fora ferido, um tiro alojara-se na coluna quando socorria um ferido na parada, ficara paralisado, a partir de então, as suas pernas seriam duas rodas de cadeira. Laura visita-o no Hospital Militar da Estrela, Tomé desabafa: “Mais difícil do que viver uma grande paixão é falar dela. Mas tão difícil quanto falar dela é resistir a falar dela.” Dá a entender à amiga que é um cadáver da cintura para baixo, Aurora merece encontrar alguém que lhe possa dar tudo aquilo que ele a partir de agora não pode.
É evidente que este ciclo dramático vai torcer-se e retorcer-se até nos trazer uma outra imagem sobre o amor, haverá revelações conducentes à sublimação daquele amor, de tal modo que o desfecho tem filamentos de uma apoteose, assim:
“Não é por acaso que te encontras junto de mim, meu anjo secreto. Desde aquele dia que te vi naquele uniforme de capa e batina. Como uma sombra, saíste daquela praça no teu uniforme de estudante e eu, que nada sabia de ti, com toda a força do fundo do meu ser, respondia ao teu apelo, compreendi que essa jovem tão frágil estava carregada de toda a feminilidade do mundo e que bastaria tocar-te com um dedo para saltar dentro de mim uma faísca capaz de iluminar para sempre o meu caminho, o meu destino, o meu futuro… e que se não morresse fulminado ficaria preso por um desejo, magnetizado para toda a vida. Deus abençoa algumas pessoas com casamentos felizes e filhos saudáveis. Mas também abençoa outras pessoas com a força e resignação para aceitarem uma vida sem casamentos felizes nem filhos saudáveis. Ajuda-as quando esses sonhos não se concretizam, mostrando-lhes que após o fracasso de uma vida sonhada e não concretizada não têm que ficar com o espaço vazio, com um buraco nas suas vidas, onde antes estava o sonho. Existem outros sonhos a serem sonhados.”
A revelação do que aproxima Aurora a Tomé faz deste um homem feliz na contingência das suas limitações. O autor afirma ter-se socorrido de ideias e conceitos que recolheu dos livros "Os Irmãos Karamazov", de Dostoievski, "O Doutor Jivago", de Boris Pasternak e "Velhice do Padre Eterno", de Guerra Junqueiro.
Despede-se, assim: “Se desejarem entrar em contacto com o autor para comentar esta obra ou prestar qualquer esclarecimento sobre qualquer outro livro da sua autoria, escreva para nelcerveira@gmail.com. O autor terá o maior gosto em esclarecer qualquer leitor que lhe dirija as suas dúvidas”.
Notas do editor
[1] - Vd poste de 5 DE JUNHO DE 2012 > Guiné 63/74 - P10002: Tabanca Grande (343): Nelson Henriques Cerveira, ex-Fur Mil Enf da CCS/BCAV 8320/73 (Bissorã e Bissau, 1974)
Último poste da série de 20 DE OUTUBRO DE 2022 > Guiné 61/74 - P23724: Notas de leitura (1508): Algumas (breves) notas sobre missionação (V) - Conheci de perto dois padres franciscanos na minha estada na Guiné-Bissau: os padres Macedo e Sobrinho. E, bem ainda, o bispo Settimio Artur Ferrazzeta, padre franciscano, italiano, o primeiro Bispo da Guiné-Bissau (Paulo Cordeiro Salgado, ex-Alf Mil Op Especiais