quinta-feira, 16 de abril de 2009

Guiné 63/74 - P4198: Convívios (113): 3.º Encontro/Convívio do pessoal da CCS/BART 2917, dia 16 de Maio de 2009, em Viana do Castelo (Benjamim Durães)

1. Mensagem de Benjamim Durães, ex-Fur Mil do Pel Rec, CCS/BART 2917, Bambadinca, 1970/72), com data de 11 de Abril de 2009



Ex-Camarada de Armas,

Vamos este ano efectuar o 3º ENCONTRO-CONVÍVIO da CCS/BART 2917, terá lugar em VIANA DO CASTELO no próximo dia 16 DE MAIO.

A concentração será entre as 10 horas e as 11 horas na Fortaleza (Castelo) de SANTIAGO DA BARRA, quartel este que nos viu partir (BART 2917 e CART’S 2714; 2715 e 2716) no dia 16 de Maio de 1970, rumo a LISBOA para embarcarmos para a Guiné, agora está transformado em Centro de Congressos.

Às 11 horas rumamos em direcção ao Templo de Santa Luzia para uma visita.

Pelas 12,30 horas rumamos em direcção à ”QUINTA DA PRESA”, que fica localizada na encosta da Meadela, a 2 Km de Viana do Castelo, (na Rua da Presa, Nº 110, em Meadela), perto da saída da Auto Estrada.

Ali chegados, temos umas entradas bem regadas, seguido do almoço que consiste de sarrabulho à moda do Minho, e em alternativa temos um arroz branco com Rojões à Minhota ou ainda prato de dieta para quem marcar com antecedência.

À tarde temos o Lanche que consiste de pataniscas, bolos de bacalhau, croquetes, rissóis, etc. etc., com animação folclórica.

Para quem quiser pernoitar em Viana do Castelo, a Cidade tem diversas ofertas de pernoitas, mas foi contactado o “HOTEL DO PARQUE” para dar alojamento a quem quiser lá pernoitar, e com os seguintes preços:

QUARTO SINGLER – 40,00€
QUARTO DUPLO - 48,00€ (2 Pax); e
QUARTO TRIPLO – 58,00 € (3 Pax).

Para efeitos destes preços (com desconto), na marcação deve-se referir que é elemento do “ENCONTRO DA CCS/BART 2917”.

O “HOTEL DO PARQUE” fica situado na Praça da Galiza, na margem direita do Rio Lima, a cerca de 500 metros do centro da Cidade,
com o telefone 258 828 605;
fax 258 828 612;
e-mail hparque@nortenet.pt

O CONVÍVIO-ENCONTRO tem o mesmo custo das anteriores edições, ou seja 35,00 €uros para adultos e 20,00 €uros para crianças até aos 10 anos.

Responde a esta missiva indicando quantas pessoas estarão presentes, para:

BENJAMIM DURÃES
RUA FLORBELA ESPANCA, Nº 10
2950 – 296 PALMELA

TELEMÓVEL – 93 93 93 315 ou 93 93 93 939

E-MAIL – duraes.2917@hotmail.com

Ou

ANTÓNIO BASTO
TELEFONE: - 258 824 230
TELEMÓVEL: - 96 502 06 54
E-MAIL: - antoniobasto@sapo.pt

CONFIRMA A PRESENÇA ATÉ DIA 30 DE ABRIL DE 2009, PARA:

BENJAMIM DURÃES
TELEMÓVEL – 93 93 93 315 ou 93 93 93 939
__________

Nota de CV:

Vd. poste de 14 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3622: Brasões, guiões ou crachás (6): BART 2917 e 2924, BCAÇ 507 e 512, CCAV 1484, Pel Caç Nat 52 e Pel Mort 4574 (José Martins)

Vd. último poste da série de 16 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4193: Convívios (110): Pessoal da CCAÇ 2660/BCAÇ 2905, dia 2 de Maio de 2009 em Alvarenga (Paulino Pereira)

Guiné 63/74 - P4197: FAP (23): O poder aéreo no CTIG, 'case study' numa tese de doutoramento nos EUA (Matt Hurley / Luís Graça)


Vídeo (2' 35''): Jorge Félix / You Tube (2008). (com a devida autorização do autor...).

Agradecimentos são devidos: (i) ao Bana, ao Luís Morais e ao extinto grupo musical, fabuloso, mítico,
Voz de Cabo Verde... De um lado e doutro da barricada, se calhar ouvíamos a mesma música... Pelo menos, os tugas e os caboverdianos do PAIGC... É um privilégio poder ouvir (e dar a ouvir...) a música destes grandes nomes da música de Cabo Verde (que eu aprendi a gostar na Guiné, durante a guerra...)
;

(ii) Ao nosso camarada, membro da Tabanca Grande e da Tabanca de Matosinhos, Jorge Félix, ex-Alf Mil Pil AL III (BA 12, Bissalanca, 1968/70) (*).

No espaço de um ano, este vídeo já teve mais de 3500 visualizações. Parabéns ao Jorge, que eu tive o grato prazer de conhecer pessoalmente na véspera da Páscoa, em Matosinhos, no Restaurante Milho Rei, sede da Tabanca de Matosinhos.... Boa saúde, Jorge! (LG)

1. Mensagem que foi enviada em 30 de Março último ao Ten Cor Matt Hurley, da Força Aérea dos EUA (*):

Meu caro Matt:

Já encaminhei o pedido para o meu camarada Miguel Pessoa, coronel piloto aviador, reformado... Ele terá, por certo, todo o gosto em colaborar no seu projecto... Permita-me uma ou duas perguntas: (i) o Matt é de origem portuguesa, ou descendente de portugueses ? (ii) domina o português escrito... e falado ?; (iii) porquê o seu interesse pela guerra colonial na Guiné e em especial a guerra do ar/air warfare ?

Disponha do nosso blog, inclusive para publicar algum texto que entenda poder disponibilizar, sobre o tema da sua pesquisa, para os antigos "camaradas da Guiné"... Em português ou em inglês.

Best regards, Luis Graça, blogmaster
2. Resposta (em inglês) do nosso leitor, com data de 6 de Abril:

Exmo. Senhor Professor Graça,

Thank you for the reply, and also for the opportunity to write in English. I can read Portuguese much better than I speak or write it.

To answer your other questions, I am not of Portuguese descent; my people are Irish and Italian. However, I have studied subversive war and counter-insurgency for many years. I first became aware of the Portuguese experience in Africa when I was an instructor at the NATO Tactical Leadership Programme, during discussions with FAP pilots there. The case of Guinea is, in my opinion, a very important and illuminating example fo the uses and vulnerabilities of airpower against guerrillas and terrorists.

For more than two years, I have been studying the war in Guinea for my PhD dissertation. Therefore, I was familiar with Miguel Pessoa's name and story before they appeared on your blog. However, I wanted to make contact with him in order to verify his identity to satisfy my examiners.

Overall, I have found your blog to be a very useful source of information about the war. Whenever I use information in my paper, I will of course give the proper credit and thanks to the authors and to you as editor.

Muito obrigado!
- Lt Col Matt Hurley, USAF

3. Tradução de L.G. (c/ uma ajudinha do... Google Traslator, uma preciosa ferramenta para os bloguistas)


Exmo. Senhor Professor Graça,

Obrigado pela sua resposta, e também pela oportunidade que me dá de escrever em Inglês. Leio melhor do que falo ou escrevo o Português.

Respondendo às suas outras perguntas, não sou descendente de portugueses, mas sim de irlandeses e italianos. No entanto, estudei durante muitos anos a guerra subversiva e a contra-subversão. Tive um primeiro contacto com a experiência portuguesa em África quando era instrutor do OTAN Tactical Leadership Programme [Programa de Comando Táctico, da NATO], na sequência de debates com pilotos da FAP - Força Aérea Portuguesa. O caso da Guiné é, em minha opinião, um exemplo muito importante e esclarecedor dos pontos fortes e fracos do uso da força aérea contra guerrilheiros e terroristas.

Durante mais de dois anos, estudei a guerra na Guiné no âmbito da minha tese de dissertação para obtenção do Grau de Doutor. Por essa razão, o nome e a história do Miguel Pessoa eram-me familiares, mesmo antes de ele aparecer no vosso blogue. No entanto, quis contactá-lo a fim de confirmar a sua identidade junto do meu orientador e do meu júri de provas públicas.

Em termos gerais, considero ser o vosso blogue uma fonte de informação muito útil sobre a guerra. No caso de usar informação retirada do blogue, irei obviamente citá-lo e agraceder tanto aos autores como ao editor.

(a) Tenente Coronel Matt Hurley, Força Aérea Norte-Americana

__________

Notas de L.G.

(*) Vd. poste de 12 de Março de 2008 > Guiné 63/74 - P2627: Vídeos da Guerra (8): Nha Bolanha (Jorge Félix, ex-Alf Mil Piloto Aviador, 1968/70)

(**) 2 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4127: O mundo é pequeno e o nosso blogue... é grande (1): 4 anos, um milhão de páginas visitadas... (Luís Graça / Carlos Vinhal)

Guiné 63/74 - P4196: Blogpoesia (39): CCAÇ 557, Missão cumprida na Guiné (José Colaço/Francisco dos Santos)

1. Mensagem de José Colaço (*), ex-Sold de Trms da CCAÇ 557, Cachil, Bissau e Bafatá, 1963/65, com data de 13 de Abril de 2009:

Carlos, agora que tanto se fala de poesia, e eu que não sei rimar duas palavras, mas na CCaç 557 temos o ex-camarada de armas Francisco dos Santos, poeta popular, que todos os anos no almoço da Companhia nos presenteia com um poema dele. Lembrei-me de te enviar este. Se achares que merece honras de blogue, publica.


Um ligeiro apanhado da missão cumprida pela CCaç 557 na Guiné

Fomos a 557
Companhia que cumpriu
A história não se repete
Regressamos com muito brio

Foi de Évora que partimos
No ano de sessenta e três
A nossa missão cumprimos
Com altos e baixos... talvez

Chegamos à Guiné-Bissau
Com novo clima a pairar
Em guerra é tudo mau
Tudo isto há que encarar

De Bissau partimos um dia
Para o mato com coragem
Quase ninguém sabia
Que o Como era a paragem

Mal a gente tinha chegado
O pior aconteceu
Com um tiro transviado
Um nosso colega morreu

Onze meses foi a paragem
Foi amargo como o fel
Trabalhamos com coragem
construímos o quartel

Num espaço de labirinto
Havia muitas madeiras
Fizemos o nosso recinto
Só com troncos de palmeiras

O que mais fazia falta
Era a água potável
A Catió ia a malta
Num serviço impecável

No local a sobrevivência
Só por si era uma luta
Havia que ter paciência
Pois a guerra era a disputa

Nas matas desta Guiné
Lutamos bem com genica
Nunca perdemos a fé
Éramos uma grande equipa

Fomos grandes camaradas
Nestas terras promotoras
Mesmo com as morteiradas
E o som das metralhadoras

Mês após mês passava
Num total isolamento
A comida escasseava
Mas não perdíamos o alento

Éramos a família unida
Por isso não digo nomes
Sacrificamos a vida
Que heróis todos nós fomos

Mas veio então a mudança
Bafatá que era a norte
Havia mais esperança
E talvez melhor sorte

Não queríamos muito mais
O tempo passa a correr
Mas o soldado Nabais
No rio viria a morrer

A morte por afogamento
Que já ninguém o previa
Este triste acontecimento
Chocou muito a Companhia

Há muito mais para contar
Em toda esta aventura
Só pensávamos em regressar
Para dar e receber ternura

E isso aconteceu
Em Novembro foi o dia
O passado morreu
Dêmos largas à alegria.


Francisco dos Santos
__________

Nota de CV:

(*) Vd. poste de 19 de Março de 2009 > Guiné 63/74 - P4052: Por que é que, no auge da Op Tridente, não se decapitou o PAIGC em Cassacá, em Fevereiro de 1964 ? (José Colaço)

Vd. último poste da série de 6 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4147: Blogpoesia (38): A Criatura e Rambo Guinéu (Manuel Maia)

Guiné 63/74 - P4195: Blogoterapia (100) Desabafo - Agirão os editores com parcialidade? (Belarmino Sardinha)

1. Mensagem do nosso camarada Belarmino Sardinha, com data de 30 de Março de 2009:

Caros Luís, Carlos e Virgínio,

Um grande abraço.

Envio-vos o texto que há já algum tempo escrevi mas andava a adiar o seu envio.

Aceitem como uma crítica positiva ao vosso trabalho, que muito aprecio, mesmo que o considere, por vezes, parcial.

O texto é para vós. Contudo, são livres de o editarem, se assim o entenderem.

Liberto desta opressão em que andava, voltarei a tecer os comentários que entenda, sempre que a matéria o justifique, o tempo não seja impedimento ou a vontade de fazê-lo seja mais forte.

Reiterando o meu abraço para todos, sou,
BSardinha


Desabafo

Um abraço.

Tinha prometido a mim mesmo não voltar a escrever ou a fazer qualquer comentário no, ou, acerca do Blogue, mas depois de ter lido o P3923 do João Carlos Silva e dos comentários finais do Carlos Vinhal, muito embora outros textos anteriores me tivessem já levado a pensar explicar esta decisão, vejo essa necessidade acentuada depois de ter lido o P3926 do Hélder de Sousa e hoje pelo P4098 do Manuel José Ribeiro Agostinho de novo com os comentários do Carlos Vinhal.

É claro que o Blogue e em especial o “nosso comandante” me merece toda a admiração pela autoria (termo utilizado por defeito profissional) deste serviço, embora me pareça extravasado no seu âmbito de criação, com apenas alguns dos camaradas conhecidos e/ou amigos e intervenientes na mesma zona operacional. Mas quero também salientar o reconhecimento e respeito pelo trabalho desenvolvido e consideração pessoal por todos que colaboram, com destaque para os que diariamente trabalham no Blogue como o Carlos Vinhal e o Virgínio Briote.

Continuei e espero continuar a ser um fiel leitor dos trabalhos publicados no Blogue.

O facto de não ter visto publicado um ou dois textos enviados ou obtido resposta a uma ou duas questões particulares não foi razão, embora possa ter ajudado a não voltar a escrever ou comentar outros textos, sempre deixei inteira liberdade para publicarem apenas o que achassem conforme ou conveniente mesmo que assinado, já a falta de resposta me surpreendeu. Embrenhei-me neste Blogue de imediato e de uma forma tão emotiva e apaixonada que não me preocupei em primeiro ter um maior e melhor conhecimento dele. Nessa condição, dei o meu contributo com racionalidade, mas quase de um fôlego e sem pensar, três vezes, antes de o fazer.

Estava com a minha gente dizia, ou pensava, eu. Será solidariedade?

Não estou arrependido, mas, hoje... Irá eternizar-se esta minha dúvida.

Se há ou houve coisas de que discordo, não compreendo ou não percebo, outras tem havido que me possibilitaram já momentos únicos, como o reencontrar camaradas de quem nada sabia. Isso, só por si, foi excelente e só possível graças ao Blogue e a todos os que nele e para ele contribuem e se empenham. A todos o meu obrigado.

Não sendo nada mais do que eu próprio, tenho, para mim, que a verdadeira história é feita com todos os intervenientes e registos. Sempre disse não ter sido operacional, não ter sofrido ou passado o mesmo que outros, mesmo fazendo parte da tropa “macaca”, ou “fandanga” agora chamada de “bando”. Porém, isso, não me retira dos locais nem da experiência vivida, como não invalida ou impede o sentimento pela perda de camaradas/amigos, desconhecidos. Nada também me impede agora de ser ou estar solidário, palavra muito utilizada…

A verdadeira motivação para participar no Blogue foi a de manifestar a minha solidariedade, uma vez mais esta palavra, com todos os que viveram os acontecimentos mais difíceis e, desta forma, cerrar fileiras a seu lado, ombro a ombro e ajudar a evocar aqueles que, não estando já entre nós não o podem fazer, ou seja, libertarem-se, mais algum tempo, da lei da morte. Não tive motivos pessoais ou a necessidade de massajar o ego, essas oportunidades, embora efémeras, tive-as posteriormente. Não o fiz, nem quero.

Como Alentejano sou receptivo a qualquer boa anedota ou piada, não me afecta pessoalmente, mais, nem sei se alguma se me aplica, mas reconheço que a pouca aceitação das actividades ditas não operacionais, afasta a participação de outros camaradas cujo contributo poderia ser também valioso para o Blogue. Todos os filmes têm bastidores.

Entendo, eu, que cada um, na sua condição e serviço deu o seu melhor. Não quero nem procuro heróis, tantas vezes criados pelo medo… Respeito as discordâncias de opinião, mas, aos 59 anos, embora sendo dos mais novos e também dos últimos, a esta distância de tempo, ganhei a maturidade suficiente para não fazer juízos precipitados, imaginários, de ficção ou virtuais e muito menos de valor ou intenção sobre actos não vividos e sem provas como suporte e que possam causar outro tipo de sofrimento ou dúvida a quem os viveu.

A história é isso mesmo, não se apaga, embora possa, não se reescreve como queremos, embora se faça.

Nunca gostei de ser apenas um número, nem na tropa “macaca”, “fandanga” agora dita “bando” o fui, sempre entendi devermos dar algum contributo naquilo em que nos envolvemos, por isso tentei fazê-lo, não resultou, mas continuarei a ser apoiante, defensor e espectador atento e interessado, solidário, mais uma vez este termo, solidário.

Não me parece que alguém, aos 20 anos de idade escolhesse a Guiné para passar férias se não fosse por imposição, para não dizer obrigado, mesmo sendo administrativo, salvo com a devida vénia e, mesmo assim escrevo, apenas alguns, oficiais superiores do Q.P., por motivo de vencimento... Fui mobilizado passados mais de 14 meses de serviço que, somado aos 24 meses e 20 dias de Guiné, dá mais de 39 meses de tropa “macaca”, “fandanga” ou do dito “bando”. Há, esquecia-me, um dos chefes desse “bando” e responsável, se os havia, da pelo nome de Almeida Bruno.

§ - Único - Não sabendo ter a suavidade nas palavras como as do camarigo Mexia Alves, vejo-me obrigado a lembrar esse senhor que eu estive incorporado numa organização chamada Exército Português, de que ele era profissional, se os havia ou há ainda, à qual ele designa de “bando”…???

Depois de ter este texto escrito e em banho-maria há já algum tempo, constato verdadeiras situações de solidariedade e reencontro de camaradas e vejo-me obrigado a fazer as adaptações necessárias para o seu envio. Se não houvesse outras razões, estas, só por si, justificavam o Blogue. Mas porque a consideração para o seu criador e e editores além de todos os restantes colaboradores justificava fazê-lo, esta a explicação do andar afastado, outros há que vão continuar inibidos em se juntarem a este espaço de convívio.

Com um verdadeiro abraço de amizade e solidariedade do tamanho da vossa compreensão e aceitação de cada um.

BSardinha
Arroja, 09 de Fevereiro de 2009


Comentário de CV

Para que não fiquem dúvidas quanto à nossa imparcialidade, publicamos esta mensagem/crítica do nosso camarada Belarmino Sardinha, embora entristecidos por não compreenderem o nosso esforço diário para manter o Blogue actual.

Como devem saber, temos vida para além do Blogue. Adoecemos como as pessoas, temos problemas familiares, temos um sem número de assuntos pessoais a tratar durante o dia e, à noite, ainda estragamos a vista em frente ao monitor tentando, e não conseguindo, pôr esta escrita em dia, muitas vezes em detrimento da outra.

Recebemos este tipo de crítica, mas não as aceitamos. Aceitávamos, isso sim, mais um editor para nos ajudar. Há por aí alguém disposto a ajudar-nos? O nosso Blogue atingiu um ponto tal que é preciso quase o dia todo para trabalhar nele. Acreditem que 4 horas diárias não são suficientes.

Há postes que demoram por vezes cerca de uma hora a editar, porque alguns camaradas escrevem menos bem e temos que corrigir os textos.
Quase nenhuma foto é publicada sem ser editada por nós, quanto ao seu tamanho, se está acastanhada, eu trato de a pôr com aspecto de novo, corrigir as cores que se vão adulterando com o tempo e recuperar fotos tão estragadinhas que quando publicadas nem parecem as originais.
Há que fazer links para facilitar a procura a quem nos lê.
Há que andar a pesquisar no histórico em busca de coisas e pessoas já esquecidas.
Há um sem número de procedimentos a seguir.

É tanta e tão variada a correspondência que é muito fácil esquecer alguma mensagem. Em vez de criticarem, porque não mandarem um alerta pela demora ou reenviar o trabalho, fazendo menção do facto? Sentíamos-nos mais compreendidos.
Confesso, por vezes esqueço-me de ir ver a caixa de correio do Luís e como sabem, cada página do Gmail comporta 50 linhas, 50 mensagens. Se estou um ou dois dias sem lá ir, as mensagens mais antigas ficam escondidas, logo poderão esquecer.
Sugiro que enviem os vossos trabalhos simultaneamente para o Luís e para mim. É uma segurança de que um de nós a verá a tempo e horas.

Para além da correspondência relativa a textos para publicação, chegam-nos imensas mensagens a solicitar informações diversas, às quais respondemos.
Além disso, alguns camaradas ainda persistem em utilizar os nossos endereços de trabalho (Gmail) para mensagens com criancinhas queimadas, desaparecidas ou a precisarem de sangue que se encontra em qualquer drogaria, etc, etc.

Já fomos tudo, só faltava agora sermos parciais.

Como devem calcular não ganho à comissão e não publico mais ou menos trabalhos deste ou daquele, de acordo com eventuais luvas.

Se temos determinado assunto em discussão e chegam por exemplo 5 mensagens no mesmo dia, sobre ele, acham que os devemos publicar de enfiada? No meu critério, não.

Se aparece algo que tem a ver com algum acontecimento em dias muito próximos, não terá prioridade de publicação?

De cada vez que se apresenta um camarada novo, além do poste de apresentação, é preciso fazer um registo com os seus dados, abrir novo contacto nos dois Gmail e enquadrá-los nos respectivo Grupos de endereços para envio de mensagens colectivas, actualizar a lista que enviamos periodicamente aos camaradas, acrescentá-lo na página do Blogue, etc. Nada pode falhar.

Camaradas, só lhe pedimos tolerância. É difícil?

Estou de corpo e alma neste Blogue, por consideração a vós todos e em especial ao Luís Graça. Como diria a outra, até que a voz me doa.

Vosso camarigo
Carlos Vinhal
__________

Nota de CV:

Vd. último poste da série de 10 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4170: Blogoterapia (99): Joaquim Gomes, mais um Comando africano barbaramente assassinado (Magalhães Ribeiro)

Guiné 63/74 - P4194: Tabanca Grande (134): Mário Migueis da Silva, ex-Fur Mil Rec Inf (Guiné 1970/72)

1. Mensagem de Mário Migueis da Silva, ex-Fur Mil de Rec Inf, Guiné 1970/72, com data de 12 de Abril de 2009:

Caro Carlos Vinhal:

As minhas cordiais saudações.

Uma vez que, segundo percebi, estarás com a braçadeira de editor de serviço durante o mês de Abril, a ti dirijo aquilo que espero possa constituir um contributo para o esclarecimento de alguns aspectos da emboscada do Quirafo, oportunamente relatados neste blogue, que muito estimo.

Antes do mais, e em complemento da breve apresentação que o Paulo Santiago já aqui fez da minha pessoa, aquando da publicação no P1230 (Outubro 2006) (*) de uma mensagem que lhe dirigi, em resposta à questão que me colocava sobre o ranger Eusébio, passo a facultar a minha ficha de identificação e algumas fotos, por forma a cumprir escrupulosamente o regulamentado para a adesão à Tabanca Grande:

Nome: Mário Migueis Ferreira da Silva (**)
Data de nascimento: 19/11/1948
Naturalidade: Esposende
Residência: Esposende
Estado civil: casado
Profissão: Bancário (na situação de reformado há cerca de dois anos)

Experiência militar:
Por onde andei:

Após Caldas - Recruta - 4.º turno/69 e Tavira - Especialidade - 1.º turno/70, novamente Caldas como Monitor de Instrução - Abril a Out/70, inclusive.
Seguiu-se a Guiné dos meus sonhos.

Posto: Furriel Miliciano
Especialidade: Reconhecimento e Informação
Unidade: C.C.S. - Q.G. (Bissau)
Colocação: Com-Chefe / Rep-Info (Amura-Bissau)
Função: Serviço de Informações Militares (SIM)

Unidades em que estive em diligência:
Bart 2917 / Bambadinca (Novembro 70 a Janeiro 71, incl.);
CCaç 2701 e CCaç 3890 / Saltinho (Março 71 a Outubro 72, incl.)

Outros sítios importantes onde, ao longo da comissão, estive amiúde, em curtas estadias de serviço ou, simplesmente, em trânsito para outros pontos do território: Galomaro, Bafatá, Nova Lamego, Xitole, Xime, Mansambo, Aldeia Formosa.

(**) Conhecido por Migueis na Metrópole e no Serviço de Informações Militares (em Bissau); conhecido também por Silva em Bambadinca e Saltinho.

Ainda no âmbito desta minha, já longa, apresentação – antigamente, um bater de pala e um papaguear do número mecanográfico resolviam praticamente o problema -, ficam todos a saber que não tive o prazer de te conhecer, Carlos Vinhal, embora tivéssemos estado na Guiné na mesma altura, mas tu em Mansabá, de que muito ouvi, mas não cheguei a visitar. Relativamente aos restantes editores, descobri, já em 2006 (imediatamente após o primeiro contacto que o Paulo Santiago me fez a propósito do blogue, que eu não conhecia ainda), que o fundador Luís Graça era, nem mais nem menos, que o Henriques, que eu conheci na minha estada de cerca de três meses em Bambadinca. Quanto ao Virgínio Briote, não o conhecendo pessoalmente, era (sou) muito amigo do seu irmão Rui, a quem ele, com perceptível e compreensível amargura, já tem aludido em algumas das suas intervenções no blogue, uma vez que, gravemente ferido em combate em Moçambique, o Rui trouxe, no regresso ao lar e para o resto da vida, as sequelas de uma guerra, que, para os que combatiam do nosso lado, acabou por se revelar estéril e, nalguns casos, trágica (além de colegas de liceu, eu e o Rui fizemos parte da melhor equipa de futebol juvenil de sempre do Esposende S.C., que disputou os nacionais de futebol com “Portos, Guimarães, Bragas, Boavistas e outros que tais” no tempo dos famosos “Bébés do Leixões Sport Clube” – haverá algum craque da altura na Tabanca de Matosinhos?!...)

Este último parêntesis, com um pouquinho de futebol à mistura, não será de todo despropositado, já que sou de opinião que não devemos nunca perder a oportunidade de homenagear, recordando, todos os nossos camaradas que, pelos três cantos do mundo, hipotecaram generosamente a sua juventude e o seu futuro a favor de uma causa em que acreditaram ou à qual se viram compelidos a aderir, por razões que todos conhecemos. Por outro lado, suponho ser interessante que fiquem registados no nosso blogue, que é como quem diz, na Verdadeira História da Guerra do Ultramar Português – ou da Guerra Colonial, se preferirdes -, pequenas notas como esta, simples, mas capazes de ajudar a fazer perceber aos restantes portugueses as encruzilhadas de uma geração, feitas de separações, encontros e reencontros daqueles que, sobrevivendo, terão sempre na memória os momentos felizes de fraternal convívio entre si, mas também o drama do(s ) amigo(s ), do(s) parente(s), a dor e a agonia dos feridos em combate, a tragédia da morte violenta de cada camarada.

Saltinho, 1972 - Estação das chuvas.
Muitas águas passaram entretanto, mas...

... o sacrifício dos nossos jamais será esquecido.

Fotos: © Mário Migueis (2009). Direitos reservados



2. Comentário de CV

Desculpa, caro Mário, cortei-te a palavra.
Os nossos leitores só vão perceber isto no próximo poste que te dedicar.
Este fica por aqui e será a tua apresentação à Tertúlia. Acrescento, e que apresentação.

Parece que não precisas de ser incentivado a escrever, pela amostra, pelo que nesta parte estamos arrumados. Venham os teus textos e as tuas fotos (legendadas, por favor) para serem publicados.

De facto não nos conhecemos, até porque andei dois turnos à tua frente nas Caldas da Rainha, fiz a Especialidade em Vendas Novas, e cheguei à Guiné sete meses antes de ti.

Com respeito aos bebés do Leixões, sou do tempo deles e fui colega de Escola Secundária de alguns. Havia um, o João Nunes, penso que o n.º 6. que era meu colega de turma. Também joguei a bola, no recreio, com o Barros que chegou a jogar no Benfica, o Chico, já falecido, que jogou no Sporting e que era irmão do Horácio que jogou sempre no Leixões, o Nicolau, hoje treinador de futebol. Havia ainda o Fonseca, célebre guarda-redes, ainda o vejo por Matosinhos, embora não tenha nenhum relacionamento social com ele. Eram tantos que se perde a conta. Tudo rapazes que o senhor Óscar descobria na Praia de Matosinhos e nos pequenos clubes da área. Mas reparo que o Chefe não me paga para falarmos de futebol.

Tenho aí em Esposende, além de uma familiar, dois amigos, ex-combatentes da Guiné. O Veiga Pereira, meu companheiro no Curso Industrial que pertenceu à CCAÇ 2405 e o seu irmão de nome André, se a memória não me falha, que era da 28.ª CComandos, e que esteve comigo em Mansabá.

Quanto a ti, convido-te, se para tal tiveres disponibilidade, a participar no nosso IV Encontro a realizar em Ortigosa, Monte Real, Leiria, no próximo dia 6 de Junho.

Apresentação feita, deixo-te o tradicional e indispensável abraço de boas-vindas em nome da Tertúlia, com votos de que contribuas o mais possível para escrever a Verdadeira História da Guerra do Ultramar Português, utilizando as tuas próprias palavras nesta tua apresentação.

Teu camarada
Carlos Vinhal
__________

Notas de CV:

(*) Vd. poste de 31 de Outubro de 2006 > Guiné 63/74 - P1230: Onde se fala do Henriques da CCAÇ 12, do ranger Eusébio e da tragédia do Quirafo (Mário Miguéis)

Vd. último poste da série de 12 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4177: Tabanca Grande (133): Manuel Vieira Moreira, ex-1.º Cabo Mec Auto da CART 1746, Bissorã, Ponta do Inglês e Xime, 1967/69

Guiné 63/74 - P4193: Convívios (112): Pessoal da CCAÇ 2660/BCAÇ 2905, dia 2 de Maio de 2009 em Alvarenga (Paulino Pereira)

1. Mensagem de Paulino Pereira, ex-Fur Mil da CCAÇ 2660/BCAÇ 2905 (*), com data de 2 de Abril de 2009:

Apesar de visitante habitual do blogue, estou a dirigir-me a vós pela primeira vez e no intuito de solicitar a divulgação do 13.º almoço/confraternização anual.

A CCAÇ 2660 integrava o BCaç 2905. Foi um dos Bandos que esvoaçou por Teixeira Pinto e arredores em 1970/1971, mas que cumpriu orgulhosa, humilde, mas tenazmente a sua missão. Os pássaros da CCaç 2660 continuam unidos e não passam mensagens de hipocrisia, cinismo, oportunismo e ingratidão. Não escamoteando, é bom que se diga que, para que alguns senhores atingissem o generalato, foi necessária a sombra e protecção desses Bandos. Seria de bom senso, quem de direito, reconhecê-lo. Será que acontece?

Pedindo desculpa pelo desabafo acima, passarei a transcrever os elementos julgados importantes para melhor elucidação:


ALMOÇO/CONFRATERNIZAÇÃO DA CCAÇ N.º 2660

02/MAIO/2009 (sábado)

GUINÉ//TEIXEIRA PINTO – 1971/72

Restaurante MOTA em Alvarenga/Arouca

Barbosa – 919 310 457
Mário Rui – 969 044 531
Virgílio – 966 007 841

Grato e cumprimentos.

Virgílio Paulino Pereira
R. Marquesa Ribª. Grande, 22
2005-033 Vale de Santarém
__________

Nota de CV:

(*) Vd. poste de 10 de Julho de 2007 > Guiné 63/74 - P1940: O dia de S. Martinho que jamais esquecerei... (Júlio César, CCAÇ 2659, 1970/71)

Vd. último poste da série de 15 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4190: Convívios (109): Pessoal da CCAV 2749 e CCS/BCAV 2922, Vila de Teixoso, no dia 1 de Maio de 2009 (Luís Borrega)

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Guiné 63/74 - P4192: Estórias avulsas (28): Sorte na Vida... ou quando uma dor de dente te salva a vida (Tony Grilo, Canadá)

1. 1. Mensagem de Tony Grilo (*), Apontador de obús 8,8, Cabedu, Cacine e Cameconde, 1966/68, com data de 10 de Abril de 2009:

Amigo Vinhal e todos os camaradas da Tabanca Grande.

Vinhal, antes de mais, quero agradecer-te todos os e-mails que me tens enviado, obrigado.

É sempre bom saber o que se passa na nossa Tabanca.

Tenho começado a juntar alguns dos meus apontamentos de há 41 anos, do diário que escrevi na Guiné.

Preparei uma pequena história, a que dou o título, Sorte na vida.

Talvez não seja das melhores, mas para mim foi algo que ficou gravado na minha memória, até ao dia de hoje. Mas graças a DEUS hoje estou vivo e gozando com saúde, neste maravilhoso País que é o CANADÁ.


PS - Caros amigos, aí vão mais umas fotos.

Um grande abraço para toda a tertúlia destas terra do Canadá.


2. SORTE NA VIDA
por Tony Grilo

Assm começa a história...

Em Dezembro de 1967 comecei por ter uma horrível dor num dente, com uma cavidade, passando noites sem dormir. Então, comecei a pedir ao Alf Santos (nosso comandante da Artilharia), para me deixar ir para a consulta externa a Bissau. Não foi fácil, mas lá o convenci.

Lá parti nos ditos batelões através daqueles rios, até chegar a Bissau. Apresentei-me na bateria - BAC 1, que ficava no QG.

No dia seguinte comecei a rotina até ao Hospital Militar.

Havia uma semana e dias, quando o Capitão recebeu um rádio de Cabedú a informá-lo de que tinha havido um forte ataque a Cabedú, que tinha ocasionado a morte a dois soldados indígenas e um ferido grave. Um dos soldados, Cunhete, era o municiador da minha secção. Isto sucedeu no dia 23/12/67.

Terminada a consulta externa, regressei a Cabedú.

À minha chegada ao cais, estava o meu amigo e colega, 1.º cabo Carneiro. Com estas palavra me disse:
-Grilo, és um tipo cheio de sorte!

E eu perguntei:
- Porquê?
- Já vais ver - respondeu ele.

Chegamos ao acampamento e qual não foi o meu espanto, que quando olhei para a minha caserna, estava toda destruída. Entrei lá dentro: a minha cama estava toda estilhaçada e a minha almofada toda furada.

A morteirada acertou em cheio no meio da caserna, metade era dos cabos e a outra metade dos soldados. Foi onde morreram os dois e foi ferido outro. Por sorte essa noite não havia cabos lá dentro na hora do ataque.

Até ao dia de hoje, penso que foi o dente que me salvou.

Há uns anos atrás tive que arrancá-lo e disse logo ao médico:
- Por favor, não deite o dente fora, pois salvou-me a vida.

Então contei-lhe a história. Ainda hoje o tenho guardado numa caixa.






__________

Nota de CV:

(*) Vd. poste de 24 de Março de 2009 > Guiné 63/74 - P4073: Tabanca Grande (126): Tony Grilo, Artilheiro, Apontador de obús 8,8 (Guiné, 1966/68)

Vd. último poste da série de 15 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4189: Estórias avulsas (27): O meu amigo Dinha e o RDM (Belarmino Sardinha)

Guiné 63/74 - P4191: Agenda Cultural (6): 2º Ciclo de Conferências 'Memórias Literárias da Guerra Colonial', Espaço Grandella, Lisboa (José Martins)






1. Mensagem de José Martins, ex-Fur Mil Trms da CCAÇ 5, Gatos Pretos, Canjadude, 1968/70, com data de 14 de Abril de 2009:

NOTÍCIA

Ciclo de Conferências: "Memórias literárias da guerra colonial"

Informação de E. Bruno

7 de Maio a 25 de Junho de 2009

Às 5.ªs Feiras, às 19H00

Biblioteca-Museu República e Resistência – Espaço Grandella

Estrada de Benfica 419, 1500-078 LISBOA

Contactos:
Telefone: 217 712 310,
E-mail: bib.republica@cm-lisboa.pt

Neste 2º ciclo de conferências, estão programadas intervenções dos nossos camaradas de tertúlia:
- Alexandre Coutinho e Lima (A Retirada de Guileje): 14 de Maio de 2009
- Alberto Branquinho (Cambança): 4 de Junho de 2009
- Manuel Bastos (Cacimbados: a vida por um fio): 18 de Junho de 2009.

Guiné 63/74 - P4190: Convívios (111): Pessoal da CCAV 2749 e CCS/BCAV 2922, Vila de Teixoso, no dia 1 de Maio de 2009 (Luís Borrega)

1. Mensagem de Luís Borrega, com data de 12 de Abril de 2009:

Caros Camaradas e Amigos LG,VB e CV

Junto envio anuncio referente ao almoço da CCav 2749 + CCS/BCav 2922, agradecia que o publicassem na Tabanca Grande.

Envio com foto que como ainda não domino a arte de mexer na informática, envio parece-me em duplicado, vocês mestres na arte informática dêem um jeito.

Manga de saúde para todos vós.
Alfa Bravo
Luís Borrega

O Ex-Fur Mil Cav MA Luís Borrega a Partir Mantanha com os bravos do seu Pelotão (3.º GComb da CCav 2749/BCav 2922 no almoço/convívio realizado em Santarém no ano de 2008.

BATALHÃO DE CAVALARIA 2922 - PICHE 70/72

Convívio da CCav 2749 + CCS - 1 de Maio de 2009

CAMARADA E AMIGO

É na Vila de Teixoso, a 5km da Covilhã, que no dia 1 de Maio de 2009 (Sexta Feira) nos vamosreunir. Este ano o Almoço Convívio é organizado pelo Rev.º Padre Alberto (nosso Alferes Capelão), que nos vai receber com a simpatia e cordialidade com que já nos habituou.

Ali reviveremos, mais uma vez, as nossas histórias e factos vividos, com os Camaradas e Amigos que estiveram em Piche, entre 1970/1972.

PROCURA ESQUECER OS PROBLEMAS QUE JÁ PASSARAM, MAS APROVEITA A VIVER OS MOMENTOS FELIZES DE CADA DIA.

TENS MOMENTOS FELIZES À TUA ESPERA (1/5/09) NA COVILHÃ, COMPARECE E APROVEITA.

Com a tua alegria, o teu sorriso e juventude comparece, pois que só com a tua presença é que poderemos fazer um GRANDE CONVÍVIO.

COMO LÁ CHEGAR:

-De Coimbra/Viseu apanhar a A25/na Guarda apanhar a A23. Saída em Caria/SENHORA DO CARMO.

-De Portalegre ou Castelo Branco apanhar a A23, saída Covilhã/Norte/Teixoso/SENHORA DO CARMO.

LOCAL E HORA DO ENCONTRO:

Junto ao recinto da CAPELA DE N.ª S.ª DO CARMO, a 2km de Teixoso, Covilhã.

10/11 Horas Concentração.

11,30 Horas missa pelos nossos Camaradas já falecidos, celebrada pelo nosso Capelão Padre Alberto.

13,00 Horas Almoço/Convívio no restaurante TOMAZ/CANHOSO (a 2km de Teixoso).

EMENTA:

ENTRADAS: QUENTES: SOBREMESAS


Enchidos da Região Sopa/Bacalhau assado/Cabrito Café, Bolo Aniversário

Espumante

PREÇO DO ALMOÇO/FORMA DE PAGAMENTO:

Preço: 26,00 euros – Adultos

13,00 euros - Crianças entre os 5 e 9 anos

Forma de Pagamento: Inscrição e pagamento até 20 de Abril para:

Alfredo da Rocha Lopes
Rua da Agontinha, 120
Rio Tinto-Gondomar
4435-612 Baguim do Monte

Telef:224 896 398 / Telem: 917 633 249

NB: Pelas 19,00 Horas haverá uma merenda jantarada com grelhados, oferta/graciosa do nosso Capelão e de João José Castanheira (da CCav 2747) do Teixoso, para todos os Camaradas.
__________

Nota de CV:

Vd. último poste da série de 14 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4187: Convívios (108): Pessoal dos Pelotões 953; 954; 955; 956 e 1.ª CCAÇ Africanos, em Azeitão, dia 2 de Maio de 2009 (António Bastos)

Guiné 63/74 - P4189: Estórias avulsas (7): O meu amigo Dinha e o RDM (Belarmino Sardinha)

1. Mensagem de Belarmino Sardinha( *), ex-1.º Cabo Radiotelegrafista STM, 1972/74, Mansoa, Bolama, Aldeia Formosa e Bissau, com data de 11 de Dezembro de 2008:

Caros Camaradas Editores,

Comecei a brincar com as teclas e escrevi isto, antes que o apague, envio-o. Se acharem que se justifica publiquem.

Este texto é o resultado da época que atravessamos, das lembranças que tenho, daquilo que os meus olhos vêem e do que os meus ouvidos ouvem.

Um grande abraço para todos os Camaradas da Tabanca e para todos os outros que ainda não se deram a conhecer.
BSardinha


A Porrada ou Só à Porrada
Um conto que também podia ser de Natal


É habitual dizer-se, vou contar um conto ou vou contar uma estória. Esta é a de um outro amigo, o Dinha.

Sendo que um conto ou uma estória podem ser verídicos, tal como o seu contrário, dependendo do narrador e da sua imaginação, ou baseando-se em factos reais mais ou menos romanceados. Aptidões, essas, que só os próprios podem achar possuir ou os outros reconhecer-lhes passados anos.

A narrativa seguinte é verdadeira, tal como todas as outras já escritas, com uma diferença, havia que lhe dar forma, por isso a introdução.

Um amigo de escola, alentejano como eu e camarada de outras andanças aqui por Lisboa, foi à inspecção e incorporado no serviço militar na mesma altura que eu. Com uma diferença, possuía mais cabedal e as forças mais exercitadas, acabou, talvez por isso, na PM.

O destino tem destas coisas, como nunca me pareceu que esta Especialidade exigisse mais do que atenção aos possíveis tropas que trajavam à civil e outras malandragens que podiam colocar o regime em perigo ou até, quem sabe, anteciparem a sua queda, mandaram-no para a Guiné 4 ou 5 meses mais cedo do que eu. Iria dar, em terras da Guiné, continuidade a esse importantíssimo trabalho que era serem o espelho da nação, quer dizer, andarem e fazerem os outros andarem uniformizados a rigor.

Julgo que terá sido essencial esta atitude para nunca perdermos a face, os quartéis existentes não eram suficientemente disciplinados e disciplinadores para imporem essa obrigatoriedade e os seus responsáveis se calhar não eram assim considerados, havia por isso a necessidade de mostrar como é que as coisas deviam funcionar num espaço que era, apenas, a capital do local de guerra.

Mas voltando aos factos, este camarada e amigo, sabendo da minha chegada e estando de serviço de ronda foi-me esperar ao aeroporto. Desencontrámo-nos e quando nos propúnhamos encontrar, dois ou três dias depois, tinha ele acabado de receber a guia de marcha para Bula, não como PM mas como operacional.

Este malandro, potencial malfeitor face ao desenrolar dos acontecimentos, estando de cabo de dia no quartel da Amura, tinha presenciado e tinha-se solidarizado com os camaradas que fizeram um levantamento de rancho. Claro que o RDM era transparente como água e vai daí, ao abrigo de todas as leis, estas ou quaisquer outras de quem mandasse, não se podia nem dizer que se comia mal, ponto final.

Este PM teve assim a possibilidade de enriquecer os seus conhecimentos do interior e por certo nunca mais ter necessidade de se queixar da comida. Acabou a sua comissão e regressou vivo. Será que alguém neste ou noutros natais se interroga de quantos, por birras ou atitudes comezinhas foram castigados e acabaram por perder a vida ou ficarem estropiados?

Esta era a forma exemplar de educar homens/meninos, que pelo terror dos acontecimentos não lhes era dado queixarem-se em voz alta nem junto de quem não conheciam.

A liberdade deu de facto outra dimensão a todos estes acontecimentos, não sou, talvez por esta e outras razões muito dado a Natais, pela hipocrisia que encerram estes 15 dias em que tudo parece estar bem, mas acho importante deixarmos as notas possíveis para que os que nos descendem não se deixem levar em atitudes ardilosas e enganadoras que se resumem sempre e só a um dia especial, curiosamente ou talvez não é 25.

Um abraço para todos,
Bsardinha
__________

Nota de CV

(*) Vd. postes de:

16 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3633: Dando a mão à palmatória (18): O meu reparo (Belarmino Sardinha)
e
9 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4162: Convívios (106): Almoço convívio do pessoal do BCAÇ 3832 em Monte Real, 9 de Maio de 2009 (Belarmino Sardinha)

Vd. último poste da série de 7 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4154: Estória avulsas (26): Estou na Guiné há treze meses e a minha mulher está grávida (Manuel Maia)

Guiné 63/74 - P4188: Os Nossos Seres, Saberes e Lazeres (9): Em São Leonardo de Galafura, com o Zé Manel e o António Pimentel (Luís Graça)

Peso da Régua > Galafura > São Leonardo de Galafura > 12 de Abril de 2009 > A Maria Alice, num dos mais magníficos miradouros da nossa terra, cantado por Miguel Torga (*)...

Peso da Régua > Galafura > São Leonardo de Galafura > 12 de Abril de 2009 > Em primeiro plano, a Maria Alice, o António Pimentel e o Zé Manel... Daqui vê-se cinco distritos, garante o nosso guia...


Peso da Régua > Galafura > São Leonardo da Galafura > c. 640 metros > c. 16h00 > Um dos mais deslumbrantes miradouros de Portugal. E que nos fazem gostar desta bela terra onde não escolhemos nascer... Em mil anos de existência dos tugas, muitos têm dado cabo dela, a pouco e pouco... (não só os políticos, os autarcas, os construtores civis, os especuladores imobiliários, os engenheiros, os arquitectos, mas os proprietários...), Há cada vez mais alcatrão e cimento por esse Portugal que amamos... Aqui a paisagem ainda é despojada e austera, imponente e arrebatadora, uma simbiose perfeita entre a natureza e a cultura, o rio e as encostas que o apertam, a flora, a fauna, o homem, a história e as vinhas... Estamos em pleno Alto Douro Vinhateiro, Património da Humanidade desde 2001.

É um dos miradouros dos que constam na minha lista dos top ten. Lá em baixo, o mítico Rio Douro... À volta, o Portugal profundo, cinco distritos... Cá em cima, junto à capelinha de São Leonardo, eu, a Alice, o meu amigo Arq José Paradela, os nossos camaradas Zé Manel e António Pimentel, e ainda um amigo e antigo colega de trabalho do Zé Manuel, que veio passar com ele a Páscoa, e que vive em Campo Benfeito, Castro Daire, na Serra de Montemuro... (Tal como o António Pimentel, que é da Figueira, vive no Porto e já é habitué da Quinta da Senhora da Graça).

Domingo de Páscoa, dia 12 de Abril... Viajando de Candoz, Marco de Canaveses, até à Régua, ao longo do Rio Douro, fomos almoçar, mais um casal amigo, ao restaurante Castas & Pratos, instalado num dos antigos e soberbos armazéns da CP, junto à estação. Aí desafiei o Zé Manel para beber um café e levar-nos ao São Leonardo...

Escusado será dizer que a refeição foi acompanhada com um magnífico, voluptuoso, encorpado Vinho Tinto Douro DOC Penedo do Barco 2005, uma obra-prima saída das mãos do Zé Manel, da Luísa Valente Lopes e do filho do casal, o jovem e talentoso enólogo Vasco Lopes...

Nem a hora nem o dia (com núvens...) era oa melhores, mas São Leonardo merece uma outra e outra visita, em próximas oportunidades: seguramente, de manhã cedo; seguramente, ao fim do dia; seguramente no Outono, depois das vindimas, "com as parras coloridas" (Josema)...

Miguel Torga, o grande escritor nascido em Sabrosa (São Martinho de Anta), tal como a nossa camarada Giselda Pessoa, tinha aqui , em São Leonardo da Galhafura, um dos seus locais de refúgio e de meditação... Ninguém como ele soube cantar este miradouro, onde é obrigatório ir para limpar a vista e a reconfortar a alma...


Peso da Régua > Galafura > São Leonardo de Galafura > 12 de Abril de 2009 > Um dos azulejos com as celebradas palavras de Miguel Torga...

"O Doiro sublimado. O prodígio de uma paisagem que deixa de o ser à força de se desmedir. Não é um panorama que os olhos contemplam: é um excesso de natureza. Socalcos que são passados de homens titânicos a subir as encostas, volumes, cores e modulações que nenhum escultor pintou ou músico podem traduzir, horizontes dilatados para além dos limiares plausíveis de visão. Um universo virginal, como se tivesse acabado de nascer, e já eterno pela harmonia, pela serenidade, pelo silêncio que nem o rio se atreve a quebrar, ora a sumir-se furtivo por detrás dos montes, ora pasmado lá no fundo a reflectir o seu próprio assombro. Um poema geológico. A beleza absoluta». É desta forma que o médico e escritor transmontano Miguel Torga [1907-1995] descreve o local de São Leonardo de Galafura, no concelho do Peso da Régua, no «Diário XII»

Peso da Régua > Galafura > São Leonardo de Galafura > 12 de Abril de 2009 > Azulejo com o poema de Miguel Torga, afixado na parede da capelinha local, dedicada ao culto de São Leonardo...

São Leonardo da Galafura

À proa dum navio de penedos,
A navegar num doce mar de mosto,
Capitão no seu posto
De comando,
S. Leonardo vai sulcando
As ondas
Da eternidade,
Sem pressa de chegar ao seu destino.
Ancorado e feliz no cais humano,
É num antecipado desengano
Que ruma em direcção ao cais divino.

Lá não terá socalcos
Nem vinhedos
Na menina dos olhos deslumbrados;
Doiros desaguados
Serão charcos de luz
Envelhecida;
Rasos, todos os montes
Deixarão prolongar os horizontes
Até onde se extinga a cor da vida.

Por isso, é devagar que se aproxima
Da bem-aventurança.
É lentamente que o rabelo avança
Debaixo dos seus pés de marinheiro.
E cada hora a mais que gasta no caminho
É um sorvo a mais de cheiro
A terra e a rosmaninho!


Miguel Torga

Vídeo e fotos: © Luís Graça (2009). Direitos reservados

_______________

Nota de L.G.:

(*) Vd. último poste da série > 21 de Fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3921: Os Nossos Seres, Saberes e Lazeres (8): Um poema chinês do Séc. VIII com dedicatória à malta de Matosinhos (A. Graça de Abreu)

terça-feira, 14 de abril de 2009

Guiné 63/74 - P4187: Convívios (110): Pessoal dos Pelotões 953; 954; 955; 956 e 1.ª CCAÇ, em Azeitão, dia 2 de Maio de 2009 (António Bastos)


1. Mensagem de António Bastos, ex-1.º Cabo do Pel Caç 953 (Cacheu, Teixeira Pinto e Farim, 1964/66), com data de 12 de Abril de 2009:


Amigos editores,

Grande chefe da Tabanca Grande da Guiné.




O pessoal dos Pelotões 953, 954, 955, 956 e da 1.ª CCaç, comunica que no próximo dia 2 de Maio se realiza mais um Almoço Anual, (o 20.º) de Confraternização de todas estas Unidades, em Azeitão, na Quinta do Vitor Guedes.


Ementa

Bacalhau com broa de milho
Lombo de porco assado

Sobremesas

Salada de frutas e doces,
Café e digestivos.

Vinhos branco e tintos, águas e sumos.

À tarde

Camarão cozido
Cerveja, vinhos e águas.

Depois o corte do bolo da aniversário.

A dolorosa fica em 35.00€.

A porta fica aberta a mais alguns amigos, e ao pessoal da Tabanca Grande, que queiram comparecer.

O organizador (apanhado do clima) é

António Paulo S. Bastos
R. Maria Natividade de Sousa, 2
Vila Nogueira
2925-375 Azeitão

telef 212 191 291
telem 917 921 080

Obrigado
__________

Nota de CV:

Vd. último poste da série de 12 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4176: Convívios (107): Convívio do pessoal da CCAÇ 3 em Quarteira e Vilamoura, nos dias 1 e 2 da Maio de 2009 (J. M. Félix Dias)

Guiné 63/74 - P4186: O Nosso IV Encontro Nacional, Ortigosa, Monte Real, 6 de Junho de 2009 (1): Abertura das hostilidades (Editores)

IV ENCONTRO DA TERTÚLIA DO BLOGUE LUÍS GRAÇA & CAMARADAS DA GUINÉ

DIA 6 DE JUNHO DE 2009 EM ORTIGOSA, MONTE REAL, LEIRIA


Caros Companheiros

Como vos foi dito por mail, não apareceu nenhum voluntário para organizar o IV Encontro da Tertúlia. Compreendo, porque colaboro na organização de pelo menos dois por ano, o nosso e o dos ex-combatentes da Guiné do Concelho de Matosinhos e sei o trabalho que dá. Que o digam o Paulo Raposo, o Vitor Junqueira e o Joaquim Mexia Alves, homens que tomaram em ombros a organização dos três primeiros. E muito bem, diga-se.

Como nestas coisas há sempre um sacrificado, com pézinhos de lã, não fosse ele zangar-se comigo por tal atrevimento, auscultei o camarada Joaquim Mexia Alves, que se prontificou a organizar de novo este ano o nosso convívio, com a condição de não ser em Outubro, como era a inclinação de alguns camaradas.

Assim, consultando o calendário, achamos que o dia 6 de Junho não é má data. Dias grandes, solarengos e quentinhos. Ser véspera de eleições, julgo não ter inconveniente, porque mesmo quem ficar para o outro dia, ainda vai a tempo de cumprir o seu dever cívico de escolher os nossos representantes na Europa.

Já temos algumas inscrições confirmadas, pelo que apelo aos meus camaradas e amigos que ainda não se inscreveram, que vão pensando no assunto e comunicando a vossa intenção, para que o camarada Joaquim se possa ir organizando. Como se fez o ano passado, convém que as inscrições sejam simultaneamente envidas para mim e para ele. Como em princípio vou secretariar a organização (aceito voluntário(s) para esta missão), se me enviarem só para mim, Carlos Vinhal, encaminharei para o Joaquim.

Quem necessitar de alojamento para pernoitar deverá fazer menção no acto de inscrição.

Oportunamente serão divulgados os pormenores de ementa e preço do almoço, assim como da pernoita.

Quem ficou o ano passada na Pensão Santa Rita não deverá ter tido razão de queixa e o preço foi simpático.

Qualquer um dos nossos tertulianos pode fazer parte do nosso almoço. Nunca tivemos o prazer da presença de um(a) não ex-combatente. Por que não este ano? Seria bem-vindo(a).

Como é costume, também podemos levar convidados.

Acho que o essencial ficou dito.

Lembro que este convívio é fundamental, porque conhecendo-nos pessoalmente, também ajuda a que nos compreendamos melhor. Aos camaradas que este ano se juntaram a nós dou um conselho, não percam o próximo Encontro.

Deixo-vos três recordações dos Encontros anteriores:

Ameira, Montemor-o-Novo, 14 de Outubro de 2006. Houve magia. Se não há amor como o primeiro, nunca mais esqueceremos este nosso primeiro Encontro.

Pombal, 28 de Abril de 2007. Foi um marco na quantidade, mais de 80 participantes

Ortigosa, 17 de Maio de 2008. Quase, quase 90 participantes, mas este ano vamos atingir os 100. Pena que ninguém se tivesse lembrado da foto de família.

Guiné 63/74 - P4185: Nino: Vídeos (4): Guidaje, Guileje, Gadamael: A Op Amílcar Cabral



Guiné-Bissau > Bissau > Palácio Presidencial > 6 de Março de 2008 > Excerto da audiência que o Presidente João Bernardo 'Nino' Vieira (1939-2009) deu, por volta das 12h, a cerca de duas dezenas de participantes estrangeiros do Simpósio Internacional de Guiledje (Bissau, 1-7 de Março de 2008). O grupo incluía 3 cubanos, Oscar Oramas (antigo embaixador de Cuba na Guiné-Conacri, ao tempo da morte de Amílcar Cabral, um homem culto, hoje doutorado e biógrafo do líder histórico do PAIGC), Ulises Estrada (antigo 'combatente internacionalista', companheiro de 'Che' Guevara na Bolívia) e o actual embaixador de Cuba na Guiné-Bissau, e ainda três ou quatro guineenses. Mas a maioria dos presentes era portugueses, ex-combatentes da guerra colonial, incluindo, entre outros, o antigo comandante do COP 5, o ex-major Coutinho e Lima, e três Gringos de Guileje (O Abílio, o Sérgo e o Zé Carioca), sem esquecer o Zé Rocha, outro homem de Guileje.

Estiveram também presentes o Dr. Alfredo Caldeira, da Fundação Mário Soares, a Diana Andringa (a co-ealizadora do filme As Duas Faces da Guerra), e o José Carlos Marques, jornalista do Correio da Manhã. Também o francês Prof Doutor Patrick Chabal, o melhor biógrafo de Amílcar Cabral, esteve presente. Ao todo, na sala, estariam cerca de duas dezenas de pessoas.

A audiência foi decidida à última hora, por vontade expressa do 'Nino' Vieira, na qualidade de histórico comandante da guerrilha do PAIGC e um dos seus mais destacados militantes (o último dos 'dez magníficos' mandados por Cabral para a China antes do início da guerra).

A audiência não estava prevista no programa do Simpósio. Uma hora antes, o grupo fora também recebidos pelo então 1º Ministro, Martinho N'Dafa Cabi. Não estava prevista, de resto, qualquer intervenção no Simpósio, por parte do Presidente da República - presumo que por razões de segurança - embora ele fizesse parte da comissão de honra.

Vídeo (5' 57''): © Luís Graça (2008). Direitos reservados. Alojado em You Tube > Nhabijoes

Continuação da conversa de Nino com a sua audiência (*):

Nino conta aqui como é que, em Conacri, na embaixada de Cuba, na presença do embaixador Oscar Oramas, após a morte de Amílcar Cabral, a cúpula político-militar do PAIGC, reunida em 'conselho de guerra' (sic) (ele próprio, Xico Tê, Pedro Pires, Luís Cabral, e mais alguns comandantes da guerrilha que estavam por ali perto...), decidiu avançar com a Op Amílcar Cabral, uma acção conjunta contra Guidaje, no norte, e Guileje, no sul...

Tratava-se sobretudo de reforçar a 'força anímica' (Pedro Pires) dos guerrilheiros, seriamente abalada com a notícia brutal do desaparecimento do líder... Era preciso mostrar, interna e externamenete, que o PAIGC conseguia sobreviver ao desaparecimento (físico) de Cabral...

'Nino' explica, a seguir, por que é que as operações sobre Guidaje não puderam ser devidamente coordenadas com as de Guileje, conforme o planeado. Quando a guerrilha concentrava forças na região, apareceu a aviação e faz bombardeamentos. Os combatentes do PAIGC ripostaram e a operação começou... Precipitadamente.

Esta e outras fahas de informação e coordenação não reconhecidas e comentadas por 'Nino' que evoca aqui também o derrube por um Strela, em 25 de Março de 1973, do Fiat G-91, pilotado pelo então Ten Pilav Miguel Pessoa, sob os céus de Guileje...

Segundo ele (e essa versão é também corroborada por Pedro Pires, no seu depoimento, na II Parte do filme de Diana Andrnga e Flora Gomes, As Duas Faces da Guerra), a "operação de Guileje" começou com uma espécie de armadilha, montada à nossa Força Aérea. Os guerrilheiros sabiam que, após um ataque a Guileje, era pedido apoio de fogo a Bissalanca. Dez minutos depois, eram sobrevoados e bombardeados pelos Fiat. Daquela vez, havia o Strela, um moderno míssil terra-ar, disponibiliado pelos soviéticos, tendo em vista a escalada da guerra... O artilheiro do PAIGG, encarregue de disparar o Strela (Caba Fati, hoje major,se bem percebi o nome) daquela vez não falhou... A euforia foi tão grande, entre as hostes do PAIGC, que eles nem se deram o trabalho de procurar o piloto e de aprisioná-lo, no caso de ainda estar vivo... (Vd., a este respeito, o testemunho do antigo guerrilheiro Féfé Gomes Cofre, na II Parte do filme da Diana Andringa e do Flora Gomes)

Enfim, explica ainda sumariamente como foram desencadeadas no terreno as operações contra Guileje, entre 18 e 25 de Maio de 1973... Não esconde, pelo contrário, que o PAIGC sabia muito pouco ou nada sobre as posições das NT, os seus hábitos, as suas rotinas de abastecimento...Providencial foi a captura de um milícia local que lhes deu informações preciosas... A "operação Guileje" começaria, na madrugada de 18 de Maio de 1973, com uma grande emboscada, com uma frente de 100 metros, planeada por 'Nino', às forças (milícias) que saíam para se abastecer na fonte que ficava nas imediações do quartel... Essa operação,como se sabe, durou até 25 de Maio de 1973, com a entrada do PAIGC em Guileje, no dia em que se comemorava o 10º aniversário da criação da OUA - Organização da Unidade Africana... Depois de Guileje, 'Nino' virou-se para Gadamael... (LG)

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Nota de L.G.:

(*) Vd. postes anteriores desta série:

17 de Março de 2009 > Guiné 63/74 - P4045: Nino: Vídeos (3): Em Portugal, um vizinho meu, antigo combatente, reconheceu-me e tratou-me por 'comandante Nino'...

9 de Março de 2009 > Guiné 63/74 - P4002: Nino: Vídeos (2): O amigo de Cuba... e de Portugal, que em Março de 2008 pedia mais professores de português (Luís Graça)

8 de Março de 2009 > Guiné 63/74 - P3996: Nino: Vídeos (1): Ouvindo a versão do Coutinho e Lima sobre a retirada de Guileje (Luís Graça)

Guiné 63/74 - P4184: FAP (22): Entrega do meu pára-quedas ao Museu dos Pára-quedistas, na Base Escola de Tancos (Miguel Pessoa)

1. Mensagem de Miguel Pessoa (*), ex-Ten Pilav, BA 12, Bissalanca, 1972/74, hoje Coronel Reformado, dirigida a Luís Graça, com data de 5 de Abril de 2009:


O PESSOAL DA 123

Caro Luís
Embora sabendo-te num período sabático de reflexão, não quero deixar de te enviar algumas palavras. Primeiro, porque me lembrei de ti ao passar hoje (5 de Abril) por um local que te diz muito, a Lourinhã; mas foi uma passagem rápida que nem permitiu ver sequer um dinossauro (sem ser aquele que ia a guiar o meu carro - vislumbrei-o de relance no retrovisor...); em segundo lugar, mais importante, porque tinha regressado de uma festa de anos de um bom amigo da CCP123 (de Bissalanca, Guiné), o João Pedro (Pedro é o apelido), que mora em A-dos-Francos.

Para além de outras datas sagradas em que muito do pessoal da CCP 123 se reúne - O 23 de Maio, dia da Base Escola em Tancos, o jantar de Natal, o 10 de Junho em Belém) - o aniversário do Pedro é um dos momentos de convívio em que tenho tido a sorte de poder integrar-me - eu e a Giselda, claro, como antiga pára-quedista e amiga pessoal. Por isso faço todos os possíveis por estar presente.

Como habitualmente (luxo de quem está reformado) costumo aproveitar estas minhas deslocações para pernoitar na zona onde decorre a confraternização. Mais do que fazer turismo, pretendo com isso prolongar um pouco mais esses convívios e, já agora, recuperar um pouco mais do cansaço destas deslocações (que os vinte anos já se foram há uns tempos).

É habitual juntar-se neste convívio anual em A-dos-Francos um bom grupo de amigos da CCP 123 que, para além de homenagear o aniversariante, aproveitam - como é habitual nestas confraternizações - para relembrar acontecimentos do passado; muitos deles já são do conhecimento de quase todos os presentes, claro, mas surgem por vezes novos pormenores que ajudam a esclarecer os que assistem a estes diálogos ou a relembrar os mais esquecidos (ou distraídos).

É claro que no caso particular destas conversas acresce o facto de alguns destes pormenores se referirem à minha recuperação por pessoal da CCP 123, pois vários dos intervenientes costumam estar ali presentes.

Embora tenha sido parte muito pouca activa no processo (afinal limitei-me a ficar lá no mato, à espera que me fossem buscar - uma espécie de morto no jogo de bridge...) o pessoal que revejo nestas reuniões recebe-me sempre com grande cordialidade, o que me parece natural - afinal nós gostamos sempre de mostrar aos amigos um trabalho em que estivemos envolvidos e que saiu bem feito. E, neste caso particular, nada como rever o sujeito em cuja recuperação muitos tomaram parte e que ainda anda por cá a gozar esta segunda oportunidade de se manter neste mundo...

Tive a oportunidade de lembrar a alguns deles o interesse em avançarem com a descoberta deste nosso blog e de participarem nele, contando as histórias interessantes a que tenho tido acesso nestes convívios. Mas, já foi referido aqui, é difícil tirar-se deste pessoal muita informação para além da que debitam nestes convívios em família; Fez-se o que se tinha que fazer, e está tudo dito.
E é pena que isto suceda, pois tenho ouvido descrições de grande interesse para serem publicadas, juntamente com outras que provavelmente seria difícil publicar no blog, dada a crueza dos factos descritos. Embora façam parte da História.

À conta destas conversas, relembrei um episódio ocorrido durante a recuperação, relativo à recolha do meu capacete e do meu pára-quedas, abandonados no local e recuperados por elementos da CCP 123. Posteriormente o meu amigo e camarada, o então Ten Pára Norberto Bernardes - hoje General - que comandava esse grupo, tendo recolhido essas duas peças, deu-me a escolher com qual queria ficar. É claro que, tendo eu a hipótese de voltar a usar novos capacetes (e aquele até estava partido) optei por escolher o pára-quedas, ficando ele com o capacete.

Quando guardamos uma recordação, temos sempre o gosto de a partilhar com os outros. E naturalmente foi o que sucedeu com o meu amigo Norberto, que achou por bem oferecer o capacete ao Museu dos Pára-quedistas, na Base Escola em Tancos. E, passados uns anos, o meu pára-quedas seguiu o mesmo destino pois, embrulhado num saco, na minha casa, não servia para nada, sendo muito mais interessante ficar ao lado do capacete - seu companheiro de aventuras na mesma história - e à vista de todos os visitantes, alguns deles curiosos de saber a razão da sua presença naquele local.

Embora com fraca qualidade, por ter sido digitalizada da revista Boina Verde, onde foi publicada a notícia, junto foto da entrega do pára-quedas ao Coronel Perestrelo, então Comandante da Base Escola de Pára-quedistas.

Um abraço.
Miguel Pessoa


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Nota de CV:

(*) Vd. poste de 1 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4119: FAP (21): Os meus sentimentos contraditórios no 'verão quente' de 1973 ... (Miguel Pessoa)

Guiné 63/74 - P4183: Duas ou três palavras para Miguel Pessoa (José Brás)

1. Mensagem de José Brás, ex-Fur Mil da CCAÇ 1622, Aldeia Formosa e Mejo, 1966/68 (*), com data de 12 de Abril de 2009:

Carlos
Caríssimo amigo

Sei que estás com trabalho até aqui. Injusto, portanto, é atafulhar-te mais.

Ainda assim, ainda que passado já o aniversário de Miguel Pessoa, gostaria de lhe fazer chegar duas ou três palavras sobre o seu poste 4 meses de nada, forma pobre a minha de lhe dar os parabéns.

Parabéns, não apenas por mais este ano de vida que contou, mas por todos os outros milhões de nadas com que fez uma vida cheia e, ao que parece, solidária e ansiosa de abraço.

Por isso e porque não lhe conheço o endereço electrónico, queria pedir-te (um abuso!) a gentileza de lhe fazeres chegar o texto que enviei ao blogue no passado dia 1 de Abril e aqui junto.

As minhas desculpas, um abraço e… uma nota:

Será a minha primeira vez e a oportunidade de pessoalmente conhecer muita da gente que pensou o mesmo que eu de cada vez que fazia avançar um pé nos apertados carreiros (bem vistas as coisas, de cada vez, não, a malta habitua-se a tudo): “será agora?”. Para mim qualquer data é boa e podes, desde já, contar comigo.

Uma abraço… de novo.
José Brás


2. Texto dedicado ao aniversário de Miguel Pessoa e ao seu poste 4119 (**)

Amigo
Miguel Pessoa
“4 meses de…nada”
De nadas se faz a nossa vida.

Oitenta anos, cinquenta, vinte, três meses, o tempo de cá estar não está definido como regra geral e cada um bebe deste copo pequenos goles, pequenos nadas até ao dia que dizem ser o fim de tudo.
Às vezes é logo à nascença que se parte desta e nem ao primeiro nada se chega.
O nada!
O tempo certo de partir para o grande nada.

Aparentemente o nada é… o nada.
quer dizer não existe não tem densidade não tem massa
não tem peso nem espaço nem volume
não tem cor nem cheiro
insisto
aparentemente nada é nada.
com nada é impossível construir casas semear trigo colher
cerejas fazer um filho ir à lua
com o nada ninguém ri ninguém chora ninguém grita de
dor ou de prazer
o nada não é pão nem espada nem ternura
nada em absoluto não existe
nada é um ponto
nada é o centro imaterial arbitrariamente ocupado
pelo espaço em redor
o nada é
um território tão vasto como o infinito
um território tão vasto como o sonho
cientistas e poetas que me expliquem o nada
que me expliquem aquilo que em vão hei-de procurar
até ao último dos meus dias


Bem sei que, nascendo, é o tudo que queremos, o ideal, o belo…Deus, digamos.

Montando no cavalo do psicólogo, arrisco dizer que é disso mesmo que se faz essa tua sensação de “quatro meses de…nada”.

E ainda bem que o disseste porque, dizendo-o como o fizeste, simplesmente como num relatório, me trouxeste à memória coisas que remoía de longe em longe e sem resposta.

Vivi alguns meses no chão que se estende por debaixo do céu do teu Fiat e do teu strella.

Não posso dizer que os vivi em vão se desses meses ganhei alguma coisa do que fui depois e alguma coisa conservo ainda no que sou hoje.

Diria, sem outro fim que o de melhor se entenderem os sinais do que vou dizer, diria que daqui embarquei fardado e sem gosto. Aliás, a farda sempre me assentou mal nas Caldas, em Tavira, no BC5.

Desde os 15 anos que entendia a mais o regime que mais tarde me mandou pegar em armas.

Em Vila Franca de Xira cresci no meio de opositores organizados.

A Pátria, para mim, não era essa memória mal definida (mal contada) das glórias da reconquista aos “infiéis” e dos heróis de Aljubarrota. Das Descobertas assumia já, então, muito mais o contributo dado para o desenvolvimento do mundo do que as façanhas (reais) dos navegadores.

Não tinha grandes dúvidas sobre a razão dos povos de África que se organizavam e lutavam contra a Europa, na mira da sua liberdade.

Mas aceitei a farda. Não me sentia, apesar do resto, com qualquer direito a negar o braço aos meus irmãos que partiam todos os dias a defender a outra pátria que eu negava.

Aceitei a farda, a arma e o embarque. Chegada a hora da chamada, não senti qualquer direito para me afastar do incómodo que sofriam os meus amigos na ida a África para combater em nome da Pátria que, já viste, só era minha porque deles, e eles a minha Pátria.

Aceitei disparar.

Um aviso antes de qualquer mal entendido. Não digo isto na crença de que era melhor (ou pior) que os outros. Era diferente dos que eram diferentes de mim e igual a tantos outros. Aliás, diferente de mim próprio algumas vezes e igual aos meus diferentes outras tantas.

Como sabes, na Guiné, todos os que conseguiam reunir meios para passar um mês de férias na terra, compravam o bilhete da TAP e faziam quase sempre o seu baptismo de voo.

Cheguei à minha aldeia, creio que em Julho, de mãos queimadas das canos da G3 que no escuro da noite, soldados me passavam à vez, na boca do abrigo (preferia morrer a céu aberto) e eu despejava sobre a paliçada sobre inimigos que não via mas adivinhava pelo rastro das rastejante e pelas saídas de morteiros e canhões sem recuo.

A minha mãe era um farrapo de velha com largos anos a mais do que os que lhe sabia no dia do embarque, dez meses antes.

Fim de Julho, festa de Verão na aldeia, banda de música no coreto, bailaricos, gado bravo no cercado, o forcado que era antes da partida, estás a ver a felicidade quase sólida ali nas mãos, mesmo que faltassem apenas dois dias para voltar a Mejo.

Na Segunda-Feira da festa, entre umas imperiais e uns tremoços, o carteiro entrega-me um telegrama que havia chegado da Guiné, curto, seco, violento. “ Dias morreu em Xinxi-Dari ponto outro morto e feridos de outras secções ponto Oliveira ferido grave hospital da Estrela ponto dá apoio antes voltares ponto Loja”.

Grande murro no estômago! De repente desabou tudo sobre mim. Olhava, tanto quanto me lembro e os amigos diziam depois, olhava de olhar parado a gente à volta, falavam comigo e, nada, niqueles, perdera a palavra. O meu pai tirou-me o telegrama da mão e leu. Ficou parvo também mas não perdeu nem a fala, nem a ternura. Tirou-me da cadeira já as lágrimas me corriam abundantes. O Dias era soldado da minha secção e morrera sem mim. O Oliveira era da minha secção e jorrara o seu sangue em Xinxi-Dari sem mim. E os outros de quem não constava nome no telegrama, que eram da minha companhia, haviam morrido sem mim.

Logo ali, já em casa, o meu pai garantia “agora é que vais mesmo para fora. Já não voltas a essa terra de doidos. O Salazar que se f….”.

Naquele momento nem ripostei. No dia seguinte, bem cedo, autocarro, Lisboa, voltas e mais voltas na Estrela, um mundo de mortos vivos, até que encontrei o Oliveira. Não iria morrer, pareceu-me, embora me tivesse afiançado que alguém, na mata lhe apanhara intestinos.

De mais importante para lhe dizer foi a frase que tanto te tem afligido, mas na primeira pessoa, como a disse o Pessoa, mas na segunda.

“Olha, Oliveira, daquilo estás safo!”

À noite, de novo em casa, poucas falas para trocar, o meu pai seguro de que me poria na fronteira e eu remoía ainda os pequenos nadas da tragédia.

Antes da cama tudo ficou claro entre nós. Mejo iria continuar a ser a minha Pátria por mais alguns meses. A mala já estava feita. O meu pai ainda iniciou a argumentação mas calou-se com as lágrimas que me haviam rebentado de novo.

E nem precisei de dizer-lhe que me sentia miserável por ter deixado morrer aqueles amigos sem a minha presença de arma na mão.

Um abraço
José Brás
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 30 de Março de 2009 Guiné 63/74 - P4107: Blogpoesia (35): Tinhas no olhar / sinais seguros de esperança... (José Brás)

(**) Vd. postes de 9 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4160: Parabéns a você (4): No dia 9 de Abril de 2009, ao camarada Miguel Pessoa, Cor Pilav Ref (Editores)
e
1 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4119: FAP (21): Os meus sentimentos contraditórios no 'verão quente' de 1973 ... (Miguel Pessoa)

Guiné 63/74 - P4182: História da CCAÇ 2402 (Raul Albino) (15): O primeiro ataque ao Olossato

1. Mensagem de Raul Albino, ex-Alf Mil da CCAÇ 2402/BCAÇ 2851, (, Mansabá e Olossato, 1968/70), com mais um episódio da sua CCAÇ 2402:

O primeiro ataque ao Olossato

A descrição sintética do ataque:


A 31 de Julho de 1969, pelas 19, 30 horas, deu-se o primeiro ataque ao aquartelamento do Olossato, por um grupo inimigo não avaliado. A anterior agressão ao quartel datava de 17 de Fevereiro desse mesmo ano, quando a guarnição era feita, salvo erro, pela CCaç 2403 do nosso Batalhão.

A flagelação durou cerca de 20 minutos e o inimigo utilizou no ataque os habituais (naquela altura e naquele local) Morteiros 82 e 60, Lança Granadas Foguete, Metralhadoras Pesadas e Ligeiras, Armas automáticas e Canhão S/R, causando 3 feridos ligeiros nas nossas tropas e 2 feridos ligeiros na população.

Desta vez não houve danos materiais assinaláveis no aquartelamento e na povoação. As nossas tropas reagiram com fogo de Morteiro 81 muito certeiro, como se pôde confirmar posteriormente no reconhecimento à base de fogos do inimigo. As nossas tropas, com a colaboração do Pelotão de Milícias 286, reagiram prontamente pelo fogo e manobra, pondo o inimigo em debandada e fazendo abortar o ataque que acabou por durar pouco mais de um quarto de hora.

Uma nativa apresentada no quartel poucos dias depois, referiu que o grupo inimigo que levara a cabo o ataque era proveniente do Morés e que tivera 2 mortos e 3 feridos.

Uma estratégia do IN só identificada muitos anos depois.

O que me levou a descrever este ataque, em si bastante vulgar, prende-se essencialmente com a constatação de que o inimigo procurava atacar-nos só quando o Comandante não estava presente. A excepção à regra foi o primeiro ataque à Companhia em Có, no intuito de avaliar a têmpera dos nossos homens recém-chegados à Guiné, episódio já relatado anteriormente no blogue.

Desta vez o nosso capitão Vargas Cardoso tinha partido para Bissau no dia 25 de Julho para aguardar transporte para a metrópole em gozo de férias. Já tinham acontecido coincidências semelhantes em Có (ausências) e assim continuaria no Olossato até ao fim da comissão, conforme irei descrevendo para o blogue.

Só me apercebi desta particularidade da estratégia do inimigo a partir do ano de 2003, quando iniciei a escrita do livro “Memórias de Campanha da CCaç 2402” Volume I, exclusivamente concebido para referência dos elementos desta Companhia, seus familiares e futuras gerações. Dos meus colegas de armas, incluindo o meu Comandante de Companhia, ninguém deu por nada pelo que me apercebi ao longo dos muitos convívios que já organizámos.

Este facto teve uma vertente boa e uma vertente má. A vertente boa é que o nosso desconhecimento dessa intencionalidade do IN, permitiu-nos não viver sobre uma tensão excessiva quando o Comandante se ausentava pelas várias razões inerentes à sua posição militar ou à sua saúde. De notar que eles não atacavam todas as vezes que ele saía, atacaram sim em momentos em que ele não estava.

A vertente má é que se perdeu uma oportunidade única de virar esta estratégia do IN contra ele próprio, emboscando-o em força nesses períodos de ausência que até poderiam ser simulados.

Será que isto só aconteceu com a nossa Companhia (CCaç 2402)?

Agradecia que, quem me esteja a ler, me informasse se se passou convosco alguma coincidência tão gritante como esta da qual só muito tarde me apercebi. Desconfio sempre do excesso de coincidências e não gostava de ser considerado um caso raro numa guerra tão grande como a da Guiné. É muito possível que fosse uma estratégia pessoal do comandante do grupo IN naquela região, não forçosamente utilizada pelos combatentes de outros sectores, se bem que isto verificou-se em Có e no Olossato, dois locais de comando assumido pela nossa Companhia. Seria interessante saber através de quem por lá passou, se companhias que nos antecederam ou nos sucederam nestes locais, passaram pela mesma experiência. Isto se forem capazes de se recordar e tiverem capacidade de analisar as eventuais ausências dos Comandantes de Companhia em situações de ataques aos aquartelamentos. Talvez só os próprios se consigam lembrar de semelhante coisa, mas pronto, aqui fica o meu pedido.

Imagem do aquartelamento do Olossato em 1969

Foto e legenda: © Raul Albino (2009). Direitos reservados.

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Nota de CV:

Vd. íltimo poste da série de 11 de Fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3870: História da CCAÇ 2402 (Raul Albino) (14): As minas e o seu poder destruidor