Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
segunda-feira, 10 de novembro de 2008
Guiné 63/74 - P3434: Album fotográfico de Santos Oliveira (3): Tite, dia de ronco
Fotos (e legendas): © Santos Oliveira (2008). Direitos reservados.
Tite > Dia de "Ronco"- Inauguração do Novo Posto Administrativo. Presentes Autoridades Administrativas, Militares e Religiosas. Em 1.º plano o Major Agostinho Dias da Gama.
Tite > A população que veio das Povoações do Sector para assistir à cerimónia de Inauguração, empunhavam os cartazes com os nomes das suas localidades de origem
Tite > A população que veio das Povoações do Sector para assistir à cerimónia de Inauguração do novo Posto empunhavam cartazes com os nomes das suas localidades de origem. Vendo-se a Frontaria dos Edifícios principais do Quartel .
Tite > Dia de Ronco-Inauguração do Posto Administrativo; Presentes Autoridades Administrativas, Militares e Religiosas
Tite > O novo Posto Administrativo
Tite > Dakota e T6
Tite > Mastro da Bandeira e Cavalo de Frisa no enfiamento da Porta de Armas onde se vê um pequeno abrigo [muito frágil] para o Posto de Guarda. Esta era a visão desde a protecção de bidões que enquadrava o CTM, Refeitório e Cozinha das Praças.
Tite > Imagem da Nossa Senhora de Fátima - Capela de Tite, onde todas as tardes se procedia à Oração colectiva e que era grandemente impulsionada pelo 2.º CMDT (BCaç 599), o então Major Gama.
Tite > Pavilhão multiusos, no exterior do Quartel. Funcionava como Capela, Cinema, Sala de Reuniões, de Jogos, Escola, etc
Tite > Edifícios do CTM e Instalações das Praças, ligeiramente ao lado do enfiamento da Porta de Armas. Na frente, os bidões com terra, para protecção das armas ligeiras IN.
_________________
Nota de CV
Vd. postes de 15 de Outubro de 2008 Guiné 63/74 - P3318: Album fotográfico de Santos Oliveira (1): Tite
6 de Novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3416: Album fotográfico de Santos Oliveira (2): Tite, Tempestade tropical
Guiné 63/74 - P3433: O Nosso Livro de Visitas (41): Afonso Costa, ex-1.º Cabo de Trms, Amura, 1970/72, procura camaradas do Centro de Comunicações
Exmo. Senhor,
Escrevo-lhe em nome do meu pai, Afonso Sebastião Fitas Costa.
O meu pai foi 1.º Cabo no Centro de Comunicações do Comando Chefe das Forças Armadas da Guiné-Bissau, em Amura, entre 1970 e 1972.
Ao longo de todos estes anos, o meu pai foi tendo uma enorme vontade de reencontrar os ex-militares que com ele trabalharam no local mencionado, nunca sabendo porém qual a melhor forma de o fazer.
Essa vontade veio-se acentuando nos últimos tempos, até que ele me pediu para que eu fizesse uma pesquisa na internet, uma vez que o meu pai não tem conhecimentos informáticos para tal, no intuito de encontrar pistas que lhe permitissem obter o contacto dos ex-militares da Guiné-Bissau que com ele trabalharam no referido Centro de Comunicações.
Numa pesquisa pela internet encontrei o seu blogue, que me pareceu muito interessante, e pensei que talvez o senhor pudesse ajudar o meu pai a reencontrar os que com ele prestaram serviço militar na Guiné-Bissau.
Desta forma, eu agradecia que, se possível, o senhor contactasse o meu pai, no intuito de o ajudar nesse sentido. O telemóvel do meu pai é o 962773605.
Caso prefira, indique-me o seu contacto que eu o passarei ao meu pai para que seja ele a contactá-lo.
Agradeço desde já a sua disponibilidade na tentativa de satisfazer o interesse do meu pai em reencontrar os antigos companheiros que com ele estiveram na Guiné-Bissau.
Atentamente
Diogo Costa
diogocosta76@gmail.com
2. Mensagem enviada à tertúlia
Caros camaradas
Temos aqui mais um caso de um camarada que procura os seus companheiros de comissão na Guiné. Desta vez parece mais complicado na medida em se trata de um camarada que cumpriu a sua comissão no quentinho de Bissau, mais exactamente no Centro de Comunicações do Comando Chefe das Forças Armadas da Guiné, sito na Amura, entre 1970 e 1972.
Solicita-se a vossa ajuda para a eventualidade de conhecerem este camarada ou alguém que no tempo dele estivesse por aquelas tão perigosas paragens.
Espero que o Afonso Costa não leve a mal estas palavras, são só dor de cotovêlo.
Como é costume, agradeço antecipadamente a vossa valiosa colaboração.
Um abraço
Carlos Vinhal
_____________
Nota de CV
Vd. último poste da série de 8 de Novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3425: O Nosso Livro de Visitas (40): A.Gaudêncio, filha do nosso camarada Gregório Gil Gaudêncio
Guiné 63/74 - P3432: Efemérides (13): A Ordem Militar da Torre e Espada faz 200 anos (José Martins)
Os 200 anos da Ordem Militar da Torre e Espada
de Valor, Lealdade e Mérito
por José Martins
(Ex- Fur Mil Trms,
CCA5, Canjadude, 1968/70)
Considera-se que foi criada em 1808, ano da chegada da família real portuguesa ao Rio de Janeiro, em virtude da ameaça, concretizada, da invasão de Portugal pelas tropas de Napoleão, comandadas, na que ficou conhecida como a primeira Invasão Francesa, pelo General Junot.
Mas, a origem, ainda que não oficial desta condecoração, remonta segundo relatos e documentos, ao tempo de D. Afonso V, que reinou de 1438 a 1481, cujo cognome era o Africano, devido ás expedições que organizou ao Norte de África, passando, inclusivamente, a intitular-se “Rei de Portugal e dos Algarves de aquém e alem mar em África”.
À condecoração a que se alude, teria atribuído o nome de “Ordem da Espada”, “Ordem da Espada e Torre” ou “Ordem da Espada de Sant’Iago”, baseado numa lenda em que, o príncipe cristão que retirasse uma espada da Torre de Menagem do Castelo de Fez, faria terminar o domínio árabe em África, passando este para os cristãos.
Esta condecoração e mesmo a lenda, comparável com as lendas dos antigos cavaleiros medievais, queria incentivar os portugueses a partirem para África, não só na busca de novas terras, mas também de glória pessoal, já que esta condecoração lhes traria as honras e privilégios atribuídos, outrora, aos membros das Ordens Militares.
Voltando a 1808 e á viagem da família real para o Brasil, foram os diversos navios que constituíam a frota portuguesa, acompanhados e protegidos por uma esquadra da Marinha de Guerra Britânica, a quem havia que agradecer, galardoando os mais proeminentes dos seus membros: o Almirante e os Oficiais.
Como estes não eram católicos, não lhes era possível, pelas disposições que regulavam as Ordens Nacionais, serem galardoados por qualquer das existentes, que eram provenientes das Antigas Ordens Militares Portuguesas. Desta forma, só criando uma nova condecoração, que não tivesse as restrições apontadas, pudesse ser atribuída a cidadãos não nacionais e de credo diferente.
No entanto, no decreto de criação da Ordem da Torre e Espada, com a legenda “Valor e Lealdade” refere a sua origem na mítica Ordem da Espada, criada em 1439, e cujos primeiro galardoados foram o Almirante e Oficiais da esquadra britânica.
Em 1832, a 28 de Julho, D. Pedro, regente em nome da sua filha a rainha D. Maria II, reforma a condecoração, atribuindo-lhe o nome de “Antiga e Muito Nobre Ordem da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito”, passando também a galardoar o mérito pessoal, feitos de armas, coragem e abnegação cívica, ou serviços prestados na carreira pública, com destaque para a carreira militar.
Foram-lhe atribuídos quatro graus: Grã-cruz, Comendador, Oficial e Cavaleiro. Passou a ser considerada a maior condecoração portuguesa, com precedência sobre todas as outras, estatuto que ainda hoje mantém. O grau de Grande Oficial, foi introduzido mais tarde, em segundo lugar na ordem decrescente.
Com a abolição da Monarquia em 1910, foram também extintas as Antigas Ordens, com excepção para a Ordem da Torre e Espada.
Em 1917, com a entrada oficial de Portugal na Grande Guerra, já que nos encontrávamos envolvidos nela desde 1914 nas colónias, assim chamadas na altura, cujas fronteiras confinavam com as possessões alemãs, foi decidido restabelecer as Antigas Ordens como ordens de mérito civil e/ou militar.
A remodelação efectuada em 1917, que considerava como passível da atribuição desta Ordem a feitos praticados no campo de batalha, actos de coragem e abnegação cívica, bem como altos e assinalados serviços prestados à Humanidade, à Pátria ou à República, passou, a partir de 1919, a ser extensiva a serviços prestados no comando de tropas em campanha.
Actualmente, a Ordem pode ser atribuída para galardoar méritos excepcionalmente relevantes na chefia da Nação, pelo que é atribuído o Grande-colar aos Presidentes da República eleitos e no final do mandato ou no comando de tropas em campanha; feitos heróicos, militares ou cívicos; abnegação e sacrifício pela Pátria e pela Humanidade.
Além do Grande Colar, a Ordem da Torre e Espada tem cinco graus, que conferem equiparação a postos militares, cujos agraciados não disponham de uma patente igual ou superior, sendo a Grã-cruz (Oficial General), Grande Oficial (Coronel) Comendador (Tenente-coronel), Oficial (Major) e Cavaleiro (Alferes).
A condecoração é concedida “com palma”, quando se destina a galardoar feitos heróicos em campanha militar.
Durante as Campanhas Militares de África, de 1961 a 1974, foram condecorados por feitos nas Campanhas, os seguintes militares (ver nota), por ordem do ano de atribuição:
1962
Carlos Miguel Lopes da Silva Freire, General do Exército, comandante da Região Militar de Angola, Grau de Comendador, atribuída a título póstumo. Faleceu em acidente em 10 de Novembro de 1961. Teatro de operações: Angola.
Venâncio Augusto Deslandes, General PilAv da Força Aérea, grau de Comendador. Teatro de operações: Angola.
1963
Francisco Holbeche Fino, General do Exercito, comandante da Região Militar de Angola, grau de Comendador. Teatro de Operações: Angola.
José Paulo dos Santos, 2º Sargento de Infantaria da Companhia de Caçadores nº 165, Grau de Cavaleiro com palma, atribuída a título póstumo. Faleceu em combate em 16 de Abril de 1963. Teatro de operações: Angola.
1964
João Nunes Redondo, Furriel Miliciano de Infantaria do Batalhão de Caçadores nº 356, Grau de Cavaleiro com palma, atribuída a título póstumo. Faleceu em combate em 16 de Junho de 1963. Teatro de operações: Guiné.
1965
Ângelo dos Santos Rodrigues, Furriel Miliciano do Pelotão de Caçadores nº 965, Grau de Cavaleiro com palma. Teatro de operações: Angola.
Manuel Marques Sardão, Furriel Miliciano Enfermeiro do Batalhão de Caçadores nº 664, Grau de Cavaleiro com palma, atribuída a título póstumo. Faleceu em combate em 22 de Outubro de 1965. Teatro de operações: Angola.
1966
Alberto Andrade e Silva, General do Exército, Comandante-chefe das Forças Armadas de Angola, Grau de Comendador. Teatro de operações: Angola.
Duarte Manuel de Amarante Rocha Pamplona, Capitão de Cavalaria da Companhia de Cavalaria nº 1505, Grau de Oficial com palma. Teatro de operações: Moçambique.
1968
Arnaldo Schulz, General do Exército, Comandante-chefe das Forças Armadas da Guiné, Grau de Comendador. Teatro de Operações: Guiné.
Horácio Francisco Martins Valente, Capitão Miliciano de Artilharia Comando, Grau de Oficial (atribuída a título póstumo, nota do editor). Teatro de Operações: Moçambique.
1969
António Fernão Magalhães Osório, Major de Infantaria do CAOP (Comando de Agrupamento Operacional), Grau de Oficial, atribuída a título póstumo. Faleceu em combate em 20 de Abril de 1970. Teatro de operações: Guiné.
António Augusto dos Santos, General do Exército, Comandante-chefe das Forças Armadas de Moçambique, Grau de Comendador. Teatro de Operações: Moçambique.
Jaime Rodolfo de Abreu Cardoso, Capitão Miliciano de Infantaria Comando da 7ª Companhia de Comandos, Grau de Oficial. Teatro de Operações: Moçambique.
José Manuel Ferreira Gaspar, 2º Sargento de Infantaria Comando, Grau de Cavaleiro. Teatro de Operações: Guiné.
José Manuel Garcia Ramos Lousada, Capitão Pára-quedista da Força Aérea, Grau de Oficial. Teatro de Operações: Moçambique.
Marcelino da Mata, 2º Sargento de Engenharia Comando do Batalhão de Comandos Africanos, Grau de Cavaleiro. Teatro de Operações: Guiné.
1970
Cherno Sissé, Furriel de Infantaria Comando do Batalhão de Comandos Africanos, Grau de Cavaleiro. Teatro de Operações: Guiné.
Guilherme Almor Alpoim Calvão, Capitão-Tenente Fuzileiro Especial da Marinha, Grau de Oficial com palma. Teatro de Operações: Guiné.
Hélio Augusto Esteves Felgas, Coronel de Infantaria, do Exercito, comandante do sector L. Grau de Oficial. Teatro de Operações: Guiné.
João Bacar Jaló, Capitão Graduado de Infantaria Comando, comandante das milícias fulas, Grau de Oficial atribuída a título póstumo. Faleceu em combate em 16 de Abril de 1971. Teatro de Operações: Guiné.
José Augusto Nogueira Ribeiro, Tenente Miliciano de Infantaria, da 2ª Companhia do Batalhão de Caçadores nº 14, Grau de Oficial. Teatro de Operações: Moçambique.
Manuel Diogo Neto, Coronel PilAv da Força Aérea, da Base Aérea nº 12, Grau não referido. Teatro de Operações: Guiné.
Maurício Leonel de Sousa Saraiva, Capitão de Infantaria Comando da 9ª Companhia de Comandos, Grau de Oficial. Teatro de Operações: Moçambique.
1971
Manuel Isaías Pires, 2º Sargento de Infantaria Comando do Centro de Instrução de Comandos, Grau de Cavaleiro. Teatro de Operações: Angola.
Manuel Martins Teixeira, 2º Sargento Fuzileiro Especial da Marinha, Grau de Cavaleiro com palma. Teatro de Operações: Angola.
1972
António Ribeiro Pais, 2º Sargento Fuzileiro Especial da Marinha, Grau não especificado. Teatro de Operações: Moçambique.
Francisco da Costa Gomes, General do Exército, Comandante-Chefe das Forças Armadas de Angola, Grau de Comendador. Teatro de Operações: Angola.
Orlando José Saraiva Gomes de Andrade, Coronel PilAv da Força Aérea, da Base Aérea nº 12, Grau não referido. Teatro de Operações: Guiné
1973
Álvaro Manuel Alves Cardoso, Capitão Miliciano de Cavalaria Comando, comandante da 3ªCCmds na Guiné, comandante dos "Flechas" em Angola, Grau de Oficial. Teatro de Operações: Angola.
António Alves Ribeiro da Fonseca, Capitão Miliciano de Infantaria Comando da 35ª Companhia de Comandos, Grau de Oficial com palma. Teatro de Operações: Guiné.
António Sebastião Ribeiro de Spínola, General do Exército, Comandante-chefe das Forças Armadas da Guiné, Grau de Grande Oficial com palma. Teatro de Operações: Guiné.
Fernando Gil Lobato Faria, Capitão de Infantaria Comando, comandante da 31ª Companhia de Comandos, Grau de Oficial com palma. Teatro de Operações: Angola.
João de Almeida Bruno, Major de Cavalaria Comando, comandante do Batalhão de Comandos Africanos, Grau de Oficial com palma. Teatro de Operações: Guiné.
José Fernando de Almeida Brito, Tenente-coronel PilAv da Força Aérea, da Base Aérea nº 12, Grau não especificado, atribuída a título póstumo. Faleceu em combate em 28 de Março de 1971. Teatro de Operações: Guiné.
Apesar de não ter sido atribuída no período a que anteriormente aludimos, é de realçar a atribuição da Ordem da Torre e Espada a um civil, HELDER COSTA ALMEIDA, que comandava o navio "Ponta de Sagres" da Marinha Mercante Portuguesa, por ter retirado do cais do porto de Bissau, na Guiné-Bissau, cerca de duas mil e quinhentas pessoas, no inicio de Junho de 1998, enquanto se davam combates na cidade, entre as tropas do Presidente João Bernardo “Nino” Vieira e Ansumane Mané que comandava os militares revoltosos.
Em boa hora a Liga dos Combatentes, também ela galardoada com o grau de Comendador da Ordem Militar da Torre e Espada, quando ainda se denominava Liga dos Combatentes da Grande Guerra, tomou a seu cargo a organização da comemoração do duplo centenário, onde estarão presentes os estandartes das unidades militares, paramilitares, humanitárias, autárquicas e outras entidades civis agraciadas com esta condecoração, homenageando desta forma, não só os agraciados que ainda se encontram entre nós, mas sobretudo aqueles que a receberam a título póstumo, porque a mereceram no momento em que à Pátria entregaram a própria vida.
José Martins
Sócio LC nº 80.393/C
8 de Novembro de 2008
__________
Guiné 63/74 - P3431: O Tigre Vadio, o novo livro do Beja Santos (3): Um homem da palavra e da acção (Luís Graça)
O 2º livro é lançado amanhã, dia 11, no Museu da Farmácia, em Lisboa, ao Bairro Alto, por volta das 18h30. Uma festa para qual está todo o mundo convidado.
Guiné > Zona Leste > Sector L1 > Bambadinca > 1970 > Vista aérea da tabanca de Bambadinca, tirada no sentido sul-norte. Em primeiro plano, a saída (nordeste) do aquartelamento, a ligação (B) à estrada (alcatroada) Bambadinca-Bafatá (C), paralela à antiga estrada (A) que cortava a tabanca ao meio. Ao fundo, o Rio Geba Estreito (E). Junto ao rio, as instalações do Pelotão de Intendência (D).
Fotos: © Humberto Reis (2005). Direitos reservados
Pré-texto, por Luís Graça.
(In: Mário Beja Santos: Diário da Guiné, 1969-1970: O Tigre Vadio. Lisboa: Temas e Debates, e Círculo de Leitores. pp. 9-12. (*)
Meu caro Mário, amigo e camarada da Guiné,
Pedes-me um pre-fácio para o teu segundo tomo do Diário da Guiné. Gentileza tua. Não creio que precises de alguém, como eu, para essa acção de falar no princípio de. E muito menos em teu nome ou dos teus irãs. Porque no princípio não era o verbo, mas a acção. E tu foste um homem de acção, um actor, um Tigre de Missirá, um Tigre Vadio, simultaneamente presa e predador. Mas também um homem da (e de) palavra. Um homem do texto e do pretexto.
Fui o teu primeiro editor e leitor no meu/nosso blogue. Religiosamente, semanalmente, recebi os teus episódios dessa avassaladora Operação Macaréu à Vista que, por economia de análise editorial, quiseste dividir em duas partes. Falo agora da Parte II que, cronologicamente, aparece no nosso bogue em Setembro de 2007 e deu origem a 50 episódios semanais… (**).
Acontece que não tenho a distância afectiva (e efectiva) para te escrever, de encomenda, o dito pre-fácio. Fui demasiado observador participante. E seguramente cúmplice das tuas (des)venturas, além de fautor das minhas. De Agosto de 1969 a Maio de 1970, nós estivemos lá. Juntos. Muitas vezes próximos e distantes. Solidários e solitários. Nesse pedaço do TO (teatro de operações) que nos coube em sorte ou azar. Sector L1, leia-se sector 1 da zona leste, com epicentro em Bambadinca. Ainda hoje tenho a sensação que passámos, no total, quase dois anos das nossas vidas, dos nossos verdes anos, circulando à volta de Bambadinca, o Corubal e o Geba Estreito, entre Missirá e o Xitole. Nós e os nossos queridos nharros. Tu e o teu Pel Caç Nat 52. Eu e a minha CCAÇ 12.
Decididamente não te escrevo o inútil pre-fácio. Mas, em contrapartida, ofereço-te um pré-texto, sob a forma de um poema que evoca os barqueiros-guerreiros, que fomos e cujos fantasmas ainda hoje cambam o Geba ou poisam nos altos nos poilões da nossa Tabanca Grande.
É a minha forma de homenageá-los e de exorcizá-los. Quanto ao teu livro, não tenho dúvidas que vai ter o sucesso do primeiro e tornar-se uma referência incontornável para quem, no futuro, se interessar pela literatura memorialística da guerra colonial. Fizemos a guerra e contámo-la em primeira mão.
Um Alfa Bravo (abraço) do Luís e dos demais camaradas da Guiné
(http://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/)
O Rio Geba, entre o Xime (margem esquerda) e o Enxalé (margem direita), numa foto de Carlos Marques dos Santos, ex-furriel miliciano da CART 2339 (Mansambo, 1968/69), afecta ao BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70).
Foto: © Carlos Marques Santos (2005). Direitos reservados
No Geba Estreito ou os doze contos do barqueiro de Caronte
(poema de Luís Graça)
1. Um homem passa o rio,
a nado.
Um homem atravessa a ponte
sobre o rio.
Um homem cai ao rio,
baleado.
Há uma piroga
no tarrafo.
Metralhada.
E flamingos brancos,
tingidos de vermelho.
2. Um homem pensa na jigajoga
da vida e da morte.
Um homem olha-se ao espelho.
Um homem porfia,
e nem sempre alcança.
Um homem tem uma crise,
de confiança.
Um homem do norte
camba o rio.
A sul.
A vau.
O Geba Estreito.
Que a última coisa a perder
é a esperança.
3. Um homem desenha uma ponte,
imaginária,
entre dois pontos
de cambança.
Um homem põe-se a pau,
a caminho do Mato Cão.
O inferno em frente,
o rio serpente,
a bolanha de Finete,
um very-light, um foguete.
4. E Lisboa ali tão longe...
tão azul,
tão gregária.
Lisboa, o cais
de Alcântara,
uma multidão de pontos negros.
Outra ponte,
outro rio.
Saudades a mais.
Um nó na garganta.
5. Um homem do norte
faz o corte
epistemológico
dos pré-conceitos etnocêntricos.
Quem sou eu, viajante ?
Quem és tu, barqueiro ?
6. O homem é o mal escatológico
que atravessa o céu
de bronze.
O homem é o jagudi
em voos concêntricos.
O homem é a hiena que ri.
O ferreiro,
de outrora, hoje o dari.
O homem é o pássaro-bombardeiro.
O animal alado.
O helicanhão.
O falo de fogo.
O obus catorze.
O RPG Sete.
O Katiusha.
7. Um homem é apanhado pelo macaréu
da história.
Como um cão.
Sem glória.
E na bolanha de Finete
descobre que não há ponte
nem salvação,
que há terra e céu,
mas não há elo de ligação.
8. Um homem perde a memória,
ao afundar-se no tarrafo do Geba.
Um homem chama o barqueiro
da outra margem.
Em vão.
O barqueiro faz contas
à vida
que custa manga de patacão.
E ao progresso que não chega,
ao motor de explosão,
ao motor da Yamaha,
à explosão dos cinco sentidos,
aos Strella,
aos Katiusha,
à liberdade de circulação.
9. Um homem passa a ponte,
a passo,
a peso pluma.
A ponte armadilhada.
O barqueiro conta um conto
em cada viagem.
O barqueiro de Caronte.
Um peso, irmão.
Um bilhete de ida
Sem regresso.
10. Um homem exorta o soldado
a que leve a guerra a peito.
É o capitão,
medalhado,
que nunca irá chegar a oficial general.
O fantasma do capitão-diabo,
vagueando pelo Cuor.
Estatuado,
na capital.
11. Vou no Bissau,
num barco à vela,
no barco da Gouveia.
Aproveito a maré-cheia
e o cacimbo sobre Ponta Varela.
12. O milícia, número tal,
vai morrer,
exangue,
como a última estrela
da manhã.
E eu espreito o rio,
da minha torre de Babel.
Um terceiro homem pára.
No semáforo.
Vermelho.
De sangue.
A caminho de Madina/Belel.
_________
Notas de L.G.:
(*) Vd. postes anteriores desta série:
8 de Novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3422: O Tigre Vadio, o novo livro do Beja Santos (2): O exemplar nº 1, autografado, dedicado à malta do blogue
5 de Novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3409: O Tigre Vadio, o novo livro do Beja Santos (1): Entrevista à Gazeta das Caldas
(**) Vd. poste de 31 de Outubro de 2008 >Guiné 63/74 - P3386: Operação Macaréu à vista - II Parte (Beja Santos) (50): Fim: Acalma-te, Mário, a guerra acabou
Guiné 63/74 - P3430: Bibliografia de uma guerra (36): No ocaso da Guerra do Ultramar, de Fernando Sousa Henriques. (Helder Sousa)
Bissau e Piche
1970/72
Caros Editor e Co-Editores
Em anexo envio um texto com umas observações que faço sobre um livro que li e que tinha em tempos prometido dar algumas indicações.
Reenvio também uma foto que já tinha remetido em finais de Abril com a capa desse livro.
Aproveito para também vou enviar uma foto minha com o "visual" actual.
“NO OCASO DA GUERRA DO ULTRAMAR”
(Livro de Fernando de Sousa Henriques)
Já faz algum tempo que mencionei o facto de ter tido a oportunidade de encontrar mais um livro que se debruça sobre a questão da participação na guerra, concretamente na Guiné, e particularmente na zona Leste.
A propósito disso, o Luís Graça pediu-me se podia fazer um pequeno resumo de apresentação, ao que eu me dispus mas, como entretanto tinha emprestado o livro, só agora isso será possível e acho que ainda vai a tempo, porque não lhe vi referências no nosso Blogue.
Então o livro tem como título principal o acima indicado “No Ocaso da Guerra do Ultramar”, e como subtítulos “Uma Derrota Pressentida” – “Notícias de um Correspondente de Guerra – Combatente na Guiné” e é da autoria de Fernando de Sousa Henriques.
Obtive-o num encontro de camaradas que pertenceram à CCS do BCAV 2922, sediada em Piche, sendo esse Batalhão (e as suas Companhias colocadas em Buruntuma e Canquelifá) substituído pelo BCAÇ 3883, ao qual o autor do livro pertencia, mais propriamente integrando a CCAÇ 3545. Como o autor retrata os mesmos locais e até faz largas referências à fase de “passagem de testemunho” entre esses dois Batalhões, foi natural ter aparecido nesse convívio.
Da ficha técnica pode-se retirar que a impressão e acabamentos pertenceram a Coingra, Lda., mas não tem mais indicações a não ser os contactos com o autor que sabemos ser Fernando de Sousa Henriques, ter o telemóvel 919534059 e o endereço de mail fernando.sousa.henriques@gmail.com , para o caso de algum camarada o quiser contactar.
O autor foi Alferes Miliciano de Operações Especiais e encontrou-se na Zona Leste no período de 1972-74 sendo que foi testemunha directa do final do conflito pois o regresso só ocorreu em Julho de 1974. É natural do concelho de Estarreja e encontra-se radicado na Ilha de S. Miguel (Açores) onde desenvolve a sua actividade profissional (na Administração Portuária do Porto de Ponta Delgada), colaborando activamente com a ADFA-Açores.
Dedica o seu livro, que “não se destina apenas a ex-Combatentes e a Militares” e que resulta de uma promessa que fizera, aos seus Camaradas de Batalhão, procurando referir como se vivia na Zona Leste da Guiné, no período em que o então IN incrementava aí a sua actividade, procurando levar a cabo a, por si denominada, “Limpeza do Leste”.
Parte muitas vezes, naturalmente, da sua experiência pessoal, do seu percurso desde as “sortes”, à recruta, às “operações especiais”, situações que aqui e ali nos foram familiares, uns nuns casos outros noutros, mas as suas “reflexões” sobre os acontecimentos, os seus relatos sobre as situações vividas e mesmo até os registos sobre as diversas ocorrências são dignos de registo e de leitura cuidada.
Por exemplo, já tem sido várias vezes abordada no nosso Blogue a questão da solidariedade para com os militares “nativos” que combateram (forçados ou não) do nosso lado mas o Autor tem, quanto a mim, a páginas 101 do livro, umas reflexões e uma frase final que bem merecem destaque.
Diz ele: “Na altura da partida para a Guiné, pedi a Deus que me permitisse regressar à Metrópole e que trouxesse, de cada operação realizada, para o Quartel, os que comigo tinham partido. Mas…. engano meu, pensei 'em branco' e esqueci-me dos camaradas pretos. Os brancos que comigo partiram em meras patrulhas, em acções, em operações, ou em picagens, regressaram ao aquartelamento, mas, dos amigos africanos, deixei vários para trás, mortos ou bem feridos. Deixar atrás não significa abandonar, mas foi, outrossim evacuar ou trazer mortos. A vida jogava-se com mais facilidade do que as peças num tabuleiro de xadrez e a imprevisibilidade era a palavra de ordem. Aí sim, tornámo-nos irmãos, ou ainda mais, porque unidos pelo sacrifício e dor, para além do sangue e suor derramados. Se o coração se nos apertou, quando deixámos a Família, na hora da partida, voltámos a ficar constrangidos.”
Não quero alongar-me nesta referência a um livro que li e gostei, tanto mais que foca locais onde estive algum tempo e que me são familiares em termos de paisagens. Recomendo-o para todos os que se interessam por estas questões, para fazerem um comparação com os locais por onde andaram, para verem como apesar da relativa pequenez do território e de alguns aspectos comuns (emboscadas, operações, patrulhas, ataques, flagelações, minas, etc.,), a sua geografia acaba por tornar bem diferente o tipo de acção que se desenrolou no Sul, na zona das grandes matas ou nas áreas mais tipo savana, como estas a Leste.
É de particular interesse para os amigos que estiveram por Nova Lamego (Gabú), Piche, Canquelifá, Buruntuma e seus destacamentos, incluindo aqui Copá.
Hélder Sousa
__________
Nota: artigos da série em
28 de Outubro de 2008 > Guiné 63/74 - P3375: (Ex)citações (5): Os nossos soldados eram miúdos, de 19, 20, 21 anos. Admiráveis. Iam matar e morrer (A. Lobo Antunes)
Guiné 63/74 - P3429: Brasões, guiões ou crachás (1): CCAÇ 2797, Pel Caç Nat 51 e Pel Caç Nat 67, Cufar, 1970/72 (Luís de Sousa)
Caros camaradas, esta é uma visita muito rápida. Tomei conhecimento do interesse do Luis Graça em proceder à recolha de Crachás dos agrupamentos que passaram pelo C.T.I.G., por isso aqui estou a trazer não só o da minha Companhia mas também os dos Pelotões de Nativos que estavam colocados em Cufar e com os quais interagimos durante aqueles quase dois anos.
Foi aliás graças à preciosa ajuda do Comandante do Pel Caç Nat 51, ex-Alf José Daniel Portela Rosa, que os recuperei.
É tudo por hoje. Um grande abraço para toda a Tabanca.
Luis de Sousa
__________
Nota de L.G.:
(*) O Luís de Sousa , da CCAÇ 2797, que esteve em Cufar entre 1970 e 1972, entrou para a nossa Tabanca Grande, em 14 de Setembro último. Na altura mandou-nos também uma lacónica, telegráfica mensagem:
Olá, amigos. Eu já ando aqui a rondar a Tabanca há uns tempos, e como sei que não é preciso pedir licença, olha, aqui estou eu!
Sou o Luís de Sousa e estive em Cufar entre Dezembro de 1970 e Agosto de 1972.Faz 36 anos no próximo dia 7 de Outubro que a minha Companhia, a CAÇ 2797 regressou. (...)
Pronto. Agora já sabem porque é que entrei. Prometo voltar com estórias lá de Cufar.
Até lá, um abraço para todos.
Luís de Sousa
domingo, 9 de novembro de 2008
Guiné 63/74 - P3428: Ser solidário (24): Em marcha a expedição de ajuda humanitária de 2009 (José Moreira / Pepito / Carlos Silva / Xico Allen)
- Escola do Bindouro (do Dr. José Manuel In-Ub, médico em S. João da Madeira);
- ADLLIN-Associação Deficientes Luta Libertação Nacional;
- ANFAP-Associação Militares Forças Armadas Portuguesas (este ano, foi o 1º e único donativo que receberam desde a guerra);
- ACLP-Associação Combatentes Liberdade da Pátria;
- Hospital de Cumura;
- Orfanato Casa Emanuel;
- AD (ONG) – Carlos Schwarz (Pepito);
- ASP-Associação Saúde em Português (estão em Bafatá);
- Bissorã – Júlio da Câmara;
- Manuel do Jugudul para esta povoação;
- Caritas da Guiné Bissau;
- Missão Católica de Quinhamel;
- Associação “Os Amigos de Varela”;
- Fundação Evangelização e Culturas(ONG);
- Drª Helena Castro-Programa Apoio Sistema Educativo Guiné-Bissau;
- Tabanca de João Landim;
- Escolas de Gabu;
- As Duas Tabancas no Saltinho;
- Custódia “S. Francisco de Assis” da Guiné-Bissau;
- Cooperação Portuguesa (que coopera com centenas de Liceus e Escolas), etc., etc..
Guiné-Bissau> Região de Tombali > Guileje > Simpósio Internacional de Guileje (1 a 7 de Março de 2008) > Visita dos participantes ao Cantanhez, no sul do país > 1 de Março de 2008 > Almoço na antiga povoação e aquartelamento de Guileje > O nosso camarada Xico Allen preparando-se para provar uma das mais populares bebidas servidas no decorrer do Simpósio, o pó di pila, feito à base do fruto da cabaceira. Julgo tratar-se de uma homenagem ao Lança Granadas-Foguete PANCEROVKA P-27 (também conhecido, na giría dos guerrilheiros do PAIGC, como Bazuca Bichan, Lança Grande, Pau de Pila).
Guiné 63/74 - P3427: Em bom português nos entendemos (5): Estórias com história... ou deixem-se de estórias / histórias... (Manuel Amaro / Jorge Cabral / Jorge Teixeira-Portojo / Torcato Mendonça / J. M. Matos Dinis / J. L. Mendes Gomes / Luís Graça)
(i) Manuel Amaro
Meu caro Luís Graça:
Eu nunca escrevi a palavra estória, a não ser em situações como esta, em que acabo de escrever estória.
No entanto, fui convencido, em Junho de 1980, pelo meu amigo Fernando Assis Pacheco, jornalista e escritor, já falecido, que o uso da palavra estória em nada diminuía a história, desde que cada uma fosse colocada no seu "galho". Aceitei, aceito, já votei no blogue, pela continuidade das estórias.
Por outro lado, há dias, ao seleccionar o título para um livro de poesia, optei por "histórias contadas em verso" em vez de "estórias contadas em verso".
Concluindo, acho que é um pouco como os "piercings" ou os brincos, ou o cabelo em "crista de galo"... eu não uso, mas não vejo qualquer inconveniente em que se use...
Mais, creio que o Camões ou o Pessoa, não devem ser chamados para esta questão.
Quem sabe, um dia destes, ainda vou escrever umas estórias para o blogue.
Um Abraço
Manuel Amaro
(ii) Jorge Cabral
Amigo!
Por mim conto estórias.. Quanto ao Pulo Genético...claro, sempre me achei com cara de Mamadu..
Abraço Grande. Jorge
(iii) Henrique Matos
Concordando plenamente com o que o Luís escreveu, só me resta dizer: Se as "estórias cabralianas" fossem história não tinham o mesmo sabor.
Abraços
Henrique Matos
(iv) Jorge Teixeira (Portojo)
Sobre a "estória": Li esta palavra a primeira vez no Jornal A Bola há muitos anos, numa crónica do saudoso Carlos Pinhão, creio que na última página da edição de sábado,-nessa altura o Jornal publicava-se tri-semanalmente no espaço A Duas Colunas.
Como nessa época, os jornalistas, além de saborosas crónicas que nos davam a ler, sabiam imenso da nossa língua. Carlos Pinhão fazia parte da regra. Por isso estranhei aquela palavra. Dias depois li a explicação porque se escrevia "estória" e não história.
Li agora, aqui num comentário, exactamente a mesma descrição da palavra. Por isso, votei a favor da sua manutenção, desde que devidamente correcto o seu sentido. Mas isso depende de cada um de nós.
Um abraço para toda a Tabanca.
Jorge Portojo
(v) Torcato Mendonça
Escrevi uma Declaração de Voto. As pressas dão em vagares e a dita foi-se. Concordo com o Comentário ao Post (ou Poste) sado no blog (ou Blogue????´).
Não me alongo mais: ALINHO LETRAS QUE SÃO ESTÓRIAS E NUNCA ESCREVO HISTÓRIA OU SOBRE ELA.Era ser vaidoso e não sei escrever...
Abraços
Torcato
(vi) José Dinis
Obrigado, Luis Graça, pela investigação sobre o étimo e a tradição do vocábulo "estória". Por outro lado, a língua como forma de expressão, é dinâmica, evolutiva, muito embora se façam distinções entre a linguagem popular e a erudita, dos cultos, e a escrita vai-se ajustando.
No texto que ontem enviei, fiz referência a jogos de futebol, e a estórias concomitantes. Estórias marginais , sem qualquer interesse para o grande estudo que se possa fazer da guerra colonial, que apenas servem para ilustrar pedaços da permanência das NT, sem a ambição, ou glória, de fazer história. Ao contrário, o acidente aéreo que vitimou P.P.Leite, esse é histórico, pois influenciou o desenrolar político da nação.Eis o meu ponto de vista, pois falta-me o necessário conhecimento científico para afirmar convictamente.
Um abraço
José Dinis
(vii) Joaquim Luís Monteiro Mendes Gomes
Eu cá não gosto de ser como o caraguejo. O caminho é para a frente. Se "estória" já valeu no linguajar da sua época, remota, e se por evolução fonética passou para a forma actual de " história" então fixemo-nos na forma actual. De contrário é recuar...
O facto de Mia Couto, Luandino Vieira a terem usado nos seus escritos, é lá com eles...A língua não pode andar ao sabor dos caprichos de cada qual. A língua é um código de comunicação entre as pessoas que a perfilham. No qua está nos códigos só se pode alterar pelos órgãos competentes e com deliberação muito qualificada.Se não vamos voltar a dizer que "pluviou" em vez de "choveu"... Água...já há demais.
Um abraço para todos, especialmente para quem discordar do meu ponto de vista.
Joaquim Mendes Gomes
(viii) António Matos
Depois de tanto ler àcerca da polémica, não tive outro remédio senão enfiar o capacete e assim me proteger de alguma roquetada pela opinião que transmitirei.
Eu uso os 2 grafismos e dou-lhes significados diferentes.
Estou perante as chamadas palavras homonímicas (a homonímia é definida como a propriedade semântica característica de duas unidades lexicais que partilham a mesma pronúncia, mas que conservam significados distintos).
Cá para mim o léxico "história" reflecte o conjunto das estórias;
Um conjunto de histórias nunca vai dar a uma estória.
E esta, hem ?
António Matos
(ix) De novo o Torcato Mendonças
Assunto - Que raio de estória!
Meus Caríssimos Editores:
Não gosto e, menos ainda fazer, a outros, perder TEMPO. Não gosto muito de "purismos"; "fundamentalismos" e outros "ismos". Não gosto de sondagens.
Razões, agora não! Fiquei com a história e a estória atravessadas... isso não é aceitável para mim... feitios...
Logo no primeiro dia lembrei-me de ter lido, escrito por um antigo Professor de uma Faculdade Estatal, um livro, uns escritos... Preguicei e não fui procurar. Mas remoía comigo, dava-me a volta, abria o blog ou blogue e lia...logo á esquerda...e disse: vai procurar, já!
Depois, parei e disse: mas aí, na tua frente nesse portátil tens informação suficiente. Perante isso teclei "Urbano Tavares Rodrigues". Facilmente, com uma simples tecla: O Senhor Professor escreveu em 1977 Estórias Alentejanas.
Obviamente nada mais digo sobre o Homem e o Escritor. Acrescento só: (de outra fonte de informação):
(a) Estória, s.f. - arcaísmo que se procura revitalizar para, em contraste com história (baseada em documentos), significar narrativa de ficção;
(b) Estória, s.f.- história de carácter ficcional ou popular; conto, narração curta.
Perder mais tempo? Eu "escrevo" estórias de Mansambo; do José; Pensar em Voz Alta, Fotos Falantes ( textos de suporte a fotografias da minha passagem pela Guiné - uma foto são mais que mil palavras...); Bloterapia, em escape à "bolha" que me acompanha e, de quando em vez "pluff". Ou outros escritos que nada têm a ver com esta Tertúlia (também não gosto de Tabanca Grande)...
Não vou procurar, devido ao fim-de-semana, quem, de pronto, rindo ou sorrindo, me informaria.
Abraços ou tri-abraços do Torcato (ou Torquato?) ou do José.
Escrevo estórias e escritos afins...são a minha verdade, a minha visão de acontecimentos passados mas que eu sinto serem verdadeiros! Escrevo outros escritos, relatórios e por aí fora, suportados por documentos e saberes adquiridos...também não são histórias ou estórias...mas custam muito €€€€...
Abraços
(x) Luís Graça
Caros amigos e camaradas da Guiné: Se fizerem uma pesquisa no Google, verificam que a expressão "Deixem-de histórias" (com aspas) ganha, por 264 contra 34, à expressão "Deixem-se de estórias"... O Google é democrático... Será ?
Em contrapartida encontrei apenas 13 referências às "estórias cabralianas"!!! Não é muito, mas também não é mau, para um escritor ordinário (no sentido em que ainda não é extra)... Fico simultaneamente feliz, por ele (que eu admiro e que faz o favor de ser meu amigo). Mas fico também intrigado... Eu, pela minha parte, já lhe publiquei, no nosso blogue, meia centena das ditas cujas... E não tenciono ser linguisticamente correcto, no sentido de substituir vir a substituir estórias por histórias...
Estou como o Henrique Matos, não imagino o Jorge a escrever "histórias cabralianas"... Mas também sei que um dia hei-de apresentar o livro dele e começarei justamente com as seguintes palavras:
- Estas são estórias com história...
Quanto às histórias de Mansambo, meu caro Torcato, a culpa é tua e minha, por que fomso nós que as ba(p)tizámos:
"Início de mais uma série de estórias do Torcato Mendonça que foi Alf Mil da CART 2339, Mansambo, 1968/69. Vamos chamar-lhe estórias de Mansambo, aquartelamento construído heroicamente, de raíz, pelo pessoal da CART 2339" (LG).
"Começo então pela… Dança dos Capitães. Uso as iniciais dos nomes. O nome completo será enviado ao Luís Graça, no fim de cada estória. Não é medo. Creio que muitos estão vivos e, devido a um texto recente, achei preferível fazer assim. Assunto a resolver quando do envio. Assumo tudo o que escrevo e, uma vez enviado, deixa de ser meu. Ou seja, o Luís Graça publica ou não da forma que entender" (TM)...
__________
Nota de L.G.:
(*) Vd. poste de 6 de Novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3417: Em bom português nos entendemos (4): Ele há histórias e estórias... (Norberto Gomes da Costa / Luís Graça)