segunda-feira, 23 de setembro de 2024

Guiné 61/74 - P25970: Timor: passado e presente (22): Notas de leitura do livro do médico José dos Santos Carvalho, "Vida e Morte em Timor durante a Segunda Guerra Mundial" (1972, 208 pp.) - Anexo I: Lista dos cerca de uma centena de portugueses mortos durante a ocupação japonesa

 





Timor > s/l > 10938 >  Fotos da Missão Geográfica e Geolõgica de Timor: as duas primeiras parecem-nos ser relativas à construção de um marco geodésico. A última é de um habitante local.  (Grande parte das 558 fotos do Álbum Fontoura não trazem legenda, embora estejam organizadas por área temática; estas três pertencem à série 6 "Ação Civilizadora e Colonizadora" 

Foto do Arquivo de História Social > Álbum Fontoura. Imagem do domínio público, de acordo com a Wikimedia Commons. Editada (e legendada) por blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2024)


O Álbum «Colónia Portuguesa de Timor», mais conhecido por «Álbum Fontoura», nome do governador que o mandou elaborar em finais dos anos 30, e coincidindo, então, com a permanência em Timor de uma missão geográfica e geológica, chefiada pelo geógrafo Jorge Castilho, contém 549 fotografias relativas a «grupos étnico-linguísticos e tipos em geral», «trajos, ornamentos, pertences e armas», «vida familiar e social», «formas de trabalho (…), arte indígena e instrumentos musicais» e «acção civilizadora e colonizadora». O exemplar do álbum, recuperado após Abril de 1974 pelo antropólogo, professor António de Almeida, foi depositado no AHS (Arquivo Histório Social, ISC/UL, pela «Família Almeida», através do Doutor Pedro Cardim. (Fonte: AHS/Album Fontoura)




Capa do livro de José dos Santos Carvalho: "Vida e Morte em Timor Durante a Segunda Guerra Mundial", Lisboa: Livraria Portugal, 1972, 208 pp. Cortesia de Internet Archive. O livro é publicado trinta anos depois dos acontecimentos. O autor terá nascido na primeira década do séc. XX.



1. Chegámos  ao fim das notas de leitura e excertos do livro do médico de saúde pública José dos Santos Carvalho, "Vida e Morte em Timor durante a Segunda Guerra Mundial" (*), disponível em formato digital no Internet Archive.

Há, no entanto, alguma informação  em anexo que vale a pena disponibilizar ao leitor que se interessa pela história de Timor durante a II Guerra mundial.

Começamos pela listagem dos portugueses mortos durante a ocupação japonesa (n=80,  incluindo 16 deportados).

Dos timorenses que morreram durante este trágico período da sua história (e terão sido algumas dezenas de milhares), só sabemos os nomes de alguns dos seus chefes tradicionais ("liurais"), que se mantiveram leais à bandeira portuguesa (n  > 11).
  


Notas de leitura do livro do médico José dos Santos Carvalho, "Vida e Morte em Timor durante a Segunda Guerra Mundial" (1972, 208 pp.) 

Anexo I:   Lista dos cerca de uma centenas de portugueses mortos durante a ocupação japonesa  (pp. 127-132)  
 


(A) Alguns Portugueses Mortos  em Combate Durante a Ocupação Japonesa (n=10)


1 — Paulo Moreira. Cabo de infantaria. Em Lébus, a 5 de setembro de 1942. 

2 — Abel Soares dos Santos. Soldado. Em Lébus, a 5 de setembro de 1942. 

3 — António Fernão Magalhães. Natural de Macau, servindo de enfermeiro numa coluna expedicionária. Em Lébus,  a 5 de setembro de 1942. 
 
4 — Evaristo Gregório Madeira, Cabo de infantaria. Em Aileu, a 1 de outubro de 1942. 

5 — Júlio António da Costa. Cabo de infantaria. Em Aileu, a 1 de outubro de 1942. 

6 — Álvaro Henrique Maher. Soldado. Em Aileu, a 1 de outubro de 1942. 

7 — João Florindo. Soldado. Em Aileu, a 1 de outubro de 1942. 

8 — Dr. João Mendes de Almeida. Licenciado em Letras e administrador de circunscrição. Em Manatuto, a 13 de  novembro de/1942. 

9 — Augusto Pereira Padinha. Chefe de posto administrativo, licenciado pela Escola Superior Colonial. Em Manatuto,  a 13 de novembro de 1942. 

10 — Eduardo Felner Duarte. Deportado. Nas faldas do monte Ramelau, nos arredores de Ainaro, em maio de 1943. 


(B) Alguns Portugueses Assassinados Durante a Ocupação Japonesa  (n=37)

1 — Francisco Ramos Graça. Deportado. No Remexio, em março de 1942. 

2 — Fernando Martins. Deportado. Em Díli, em março de  1942. 

3 — Alfredo Baptista. Cabo de infantaria e chefe de poste  administrativo. Em Fátu-Lúlic, em agosto de 1942. 

4 — Francisco Martins Coelho. Cabo de infantaria e chefe de  posto administrativo. Em Maubisse, em agosto de 1942. 

5 — José Faria Braga. Deportado. Em Maubisse, em agosto  de 1942. 

6 — Fernando Augusto Mariz. Deportado. Na circunscrição  da Fronteira, em agosto de 1942. 

7 — Sebastião da Costa. Agricultor. Na circunscrição de  Aileu, junto ao limite com Laulara, em setembro de 1942. 

8 — Luísa Pereira da Costa. Esposa do anterior. Idem. 

9 — Maria Elisa Vigário. Filha do casal anterior e esposa de  João Pereira Vigário. Idem. 

10  — Alice Pereira Vigário. Filha da anterior. Idem. 

11 — Uma criança de três meses, filha de Manuel Albano dá  Costa. Idem. 

12 — Padre António Manuel Pires. Missionário. Em Ainaro, a 2 de outubro de 1942. 

13 — Padre Norberto de Oliveira Barros. Missionário. Idem. 

14 — Luís Ferreira da Silva, Deportado. Idem. 

15 — Emílio Augusto Caldeira. Deportado. Em Lete-Fóho, em  agosto de 1942. ;. 

16 — João Romano da Silva. Deportado. Idem. 

17 — Joaquim Pereira Vigário. Agricultor. Em Aileu — Laulara, a 3 de novembro de 1942. 

18 — Manuel Ribeiro. Agricultor. Idem. 

19 — Manuel Arroio Estanislau de Barros. Administrador de  circunscrição. Na área da sede da circunscrição de Lautém, a 17 de novembro de 1942. 

20 — Maria das Dores de Barros. Esposa do anterior. Idem. 

21 — António Teixeira. Deportado. Em Lautém, em novembro  de 1942. 

22 — Raul Monteiro. Deportado. Em Fuiloro. 

23 — Mário Gonçalves. Deportado, Em Lautém. 

24 — Alípio Ferreira. Alferes reformado. Em Cribas, em data  ignorada. 

25 — Alberto Ferreira. Filho do anterior. Idem. 

26 — António Xavier de Jesus Araújo. Secretário de circunscrição aposentado, natural de Timor. Em Díli, a 28 de  janeiro de 1943. 

27 — Helena Barros de Araújo. Mãe do anterior. Idem. 

28 — Fernando José Maria Senanes. Ajudante de enfermeiro. Na região de Luca, antes de 28 de fevereiro de 1943. 

29 — Manuel Albano da Costa. Agricultor. Em terras de Malua, em data ignorada, (Filho do n.° 7 desta lista, Sebastião da Costa) . 

30 — Padre Abílio Caldas. Missionário, natural de Timor. Em  Barique, em data ignorada. 

31  — Romualdo Aniceto. Soldado. Em Leu-Moa (Ainaro), em  abril ou maio de 1943. 

32 — José Cachaço. Soldado. Idem. 

33 — José Estêvão Alexandrino. Na Ermera, em junho de  1943. 

34 — João Brás. Cabo de infantaria e chefe de posto administrativo. Em Vátu-Carabau, depois de junho de 1943. 

35 — José Rebelo, Cabo de infantaria. Fuzilado pelos japoneses  em Lautém, em agosto de 1945. 

36 — Armindo Fernandes. Soldado. Idem 

37 — José Carvalho. Filho de um antigo liurai de Liquiçá e  educado na Casa Pia de Lisboa. Fusilado pelos japoneses  em Lautem, em agosto de 1945. 


(C) Alguns Portugueses Mortos na Prisão (n=8)

1 — José Plínio dos Santos Tinoco. Chefe de posto administrativo. Na cadeia de Díli, a 8 de abril de 1944. 

2 — Manuel de Jesus Pires, Tenente de infantaria e administrador de circunscrição. Na cadeia de Díli, em data ignorada de 1944. 

3 — Cipriano Vieira. Cabo de infantaria. Idem. 

4 — João Vieira. Cabo de infantaria. Idem. 

5 — Serafim Joaquim Pinto. Enfermeiro. Na cadeia de Díli antes de 29 de abril de 1944. 

6 — Augusto Leal de Matos e Silva. Chefe de posto administrativo. Na cadeia de Díli, possivelmente em 9 de maio de 1944. 

7 — Artur do Canto Resende. Engenheiro-geógrafo. Em Kalabai, na ilha holandesa de Alor, a 23 de Fevereiro de 1945. 

8 — João Jorge Duarte. Gerente da filial do Banco Nacional  Ultramarino de Díli. Em Kalabai, Alor, a 25 de março de 1945. 


(D) Portugueses de que Consta  Terem-se Suicidado (n=16)

1 — António Maria Freire da Costa. Capitão de infantaria.  Em Aileu, a 1 de outubro de 1942. 

2 — Maria Eugenia Freire da Costa. Esposa do anterior  Idem. 

3 — Dr. Diniz Ângelo de Arriarte Pedroso. Médico. Idem. 
 
4 — José Gouveia Leite. Secretário de circunscrição. Idem. 

5 — António Afonso. Chefe de posto administrativo auxiliar. Idem. 

6 — Dr. José Aníbal Torres Correia Teles. Médico. Na região  de Viqueque, em fevereiro de 1943. 


(E) Alguns Portugueses Falecidos no Mato Onde Andaram Foragidos (n=19)


1 — Jacinto José Ansejo. Guarda da polícia de Macau. Em  Manatuto, em data ignorada. 

2 — Luís Baptista. Aspirante administrativo. Na região de  Manatuto, em data ignorada. 

Padre Francisco Madeira. Missionário. Na região de  Lacluta, em data ignorada. 

 José Armelim Mendonça. Aspirante administrativo. Em  Barique, em abril de 1943. 

5 — Narcisa Mendonça. Esposa do anterior. Idem. 

6/7/8/9 — Crianças, filhas do casal anterior. 

10 — Carlos Drumond Meneses de Jesus. Secretário de circunscrição. Em Barique, em junho de 1943. 

11 —Orlando Vai do Rio Paiva. Agente técnico de engenharia.  Na região de Dilor, em data ignorada. 

12 — Manuel Simões Miranda. Deportado. Idem. 

13 — António Dias. Deportado, Local e data ignorados. 

14 — Dionísio Teixeira. Deportado. Na região de Dilor, em data ignorada. 

15 — Raimundo de Carvalho. Deportado. Local e data ignorados. 

16 — Alcino José Gregório Madeira. Ajudante de enfermeiro. Local e data ignorados. 

17 — Acácio de Oliveira. Cabo de infantaria, Idem. 

18 — António Mendes. Cabo de infantaria. Idem. 

19 — Venceslau Pereira. Escrivão da comarca de Díli. Idem. 


(F) Alguns Timorenses  Assassinados  ou Mortos na Prisão  (n > 11)


1 — D. Aleixo Corte Real, liurai do reino do Suro. 

2 — Todos os filhos de D. Aleixo, que ao seu lado morreram. 

3 — Francisco Costa, liurai de Hátu-trdo e companheiro de armas de D. Aleixo. 

4 — Liurai Cipriano, de Atsabe. 

5 — Liurai Tálu-Bere, da Maliana. 

6 — Liurai Paulo, de Ussuroa. 

7 — Chefe de Suco  D. Jeremias dos Reis Amaral, de Luca. 

8 — Liurai Luís Noronha, de Lacló, Manatuto. 

9 — Liurai coronel D. Moisés, de Fátu-Ãhi. 

10 — Cosms Soares, primo do liurai Paulo de Ussuroa. 

11 — Liurai de Maubisse, Evaristo de Sá e Benevidas, de Hai-Hou, assassinado com toda a sua família, exceto  um filho, depois de ter sido preso por demonstrar inteira  lealdade a Portugal.






Mapa de Timor em 1940. In: José dos Santos Carvalho: "Vida e Morte em Timor Durante a Segunda Guerra Mundial", Lisboa: Livraria Portugal, 1972, pág. 11. (Com a devida vénia). Assinalado a vermelho a posição relativa de Maubara e Liquiçá, a oeste de Díli, onde se situava a zona de detenção dos portugueses, imposta pelos japoneses (finais de 1942 - setembro de 1945)

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2024)

(Seleção, revisão / fixação de texto, excertos: LG) 


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Nota do editor

14 de setembro de 2024 > Guiné 61/74 - P25941: Timor: passado e presente (21): Notas de leitura do livro do médico José dos Santos Carvalho, "Vida e Morte em Timor durante a Segunda Guerra Mundial" (1972, 208 pp.) - Parte XII: O regresso à Pátria e o fim do anátema de 'deportado' (pp. 102-107)

Guiné 61/74 - P25969: Parabéns a você (2315): Tony Borié, ex-1.º Cabo Operador Cripto do CMD AGR 16 (Mansoa, 1964/66)

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Nota do editor

Último post da série de 22 de setembro de 2024 > Guiné 61/74 - P25964: Parabéns a você (2314): Carlos Arnaut, ex-Alf Mil Art, CMDT do 16.º Pel Art (Binar, Cabuca e Dara, 1970/72)

domingo, 22 de setembro de 2024

Guiné 61/74 - P25968: Agenda cultural (860): Convite para o lançamento do livro "Poemas de Han San", organizado e traduzido por António Graça de Abreu, dia 26 de Setembro de 2024, pelas 18h30, no Auditório CCCM, Rua Guerra Junqueira, 30 - Lisboa



Lançamento do Livro "Poemas de Han San" | 26 Setembro | 18h30 | CCCM

Informa-se que nesta iniciativa haverá captação de vídeo, áudio e fotografia e que os ficheiros captados poderão ser utilizados para fins de comunicação institucional e/ou promocional nos diversos canais, físicos e/ou digitais, do CCCM. O tratamento dos dados pessoais é realizado de Acordo com a Política de Proteção de Dados e de Privacidade, disponível em www.cccm.gov.pt. Para efeitos de informações ou de exercício de direitos, os titulares de dados deverão contactar dpo@cccm.gov.pt.
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Nota do editor

Último post da série de 19 de setembro de 2024 > Guiné 61/74 - P25958: Agenda cultural (859): Convite para a sessão de apresentação do livro "O (Ainda) Enigma da Vida Intelectual e Científica de João Barreto", de Mário Beja Santos, dia 10 de Outubro de 2024, pelas 16h00, na Sociedade de Geografia de Lisboa

Guiné 61/74 - P25967: S(C)em Comentários (47): A visita do Yussuf Baldé, filho do Cherno Baldé, ao Valdemar Queiroz




Sintra > Sintra > Agualva-Cacém > Rua de Colaride > Julho de 2024> "Da minha varanda continuo a ver o mundo"... São vizinhos do Valdemar que ele conhece e que estima, e que eles também o conhecem e estimam... E nenhum deles é identificável... São fotos tiradas ao longe e de perfil...

Fotos (e legenda): © Valdemar Queiroz (2024). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar; Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem do Valdemar Queiroz:

Data - quarta, 18/09, 17:55 

Assunto - visita do Yussuf Baldé


Luis, anexo duas fotos da visita do Yussuf Baldé a minha casa.

No comentário ao poste da Moderação dos Comentários (*) está um escrito sobre esta visita.

Abraço e boa vindima
Valdemar

2. Comentário do Valdemar Silva ao poste P25949 (*):

(...) Ontem tive uma visita a minha casa de uma pessoa inesperada. Tratou-se do jovem Yussuf  Baldé, filho do nosso amigo guineense Cherno Baldé.

Ele mora, não muito longe de minha casa, e ligou-me via whatsapp para me conhecer e cumprimentar.

Achei haver muita simpatia por parte dele e convidei-o para vir a minha casa, e assim aconteceu no Domingo.

Tivemos uma tarde com vários conversas das nossas vidas que não faltou falar sobre a Guiné e dos tempos da guerra na Guiné.

Uma grande desilusão da minha parte foi não ter sequer uma bebida refrigerante ou outra coisa para o lanche para lhe oferecer.

Ficará para nova oportunidade.

Já não estava habituado à calma, com que sempre os nossos soldados fulas nos tratavam, sem se quer alterar o tom de voz. (**)

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Notas do editor:

(*) 16 de setembro de 2024 > Guiné 61/74 - P25949: O nosso livro de estilo (16): O blogue não foi feito para a gente se chatear.. Por isso, às vezes é preciso reintroduzir a moderação ou triagem de comentários 

Guiné 61/74 - P25966: Contos do ser e não ser: Adão Cruz, ex-Alf Mil Médico da CCAÇ 1547 / BCAÇ 1887 (36): "Terra e poesia"

Adão Pinho Cruz
Ex-Alf Mil Médico da CCAÇ 1547
Autor do livro "Contos do Ser e Não Ser"

Terra e poesia

Tenho falado com alguns poetas sobre o que entendem por poesia, poetas de muito nome. Cada um deles, diz-me o que sente, mas ninguém me diz que a poesia nasce como nasce a água da fonte.

O homem veio consultar-me. Sentia, sobretudo ao levantar da cama e com os esforços, uma dor em barra sobre a tábua do peito que o imobilizava por completo. Era um homem alto, seco, de carnes magras e duras, sem qualquer mazela que se visse. Nunca estivera doente, por isso, este bloqueamento o intrigava tanto, parecia que tinha a mó de um moinho em cima do peito, quebrando-lhe as costelas.

Não era homem de queixumes, mas coisa séria haveria de ser para o pôr naquele estado. Até já lhe haviam dito que o mal seria, sabe-se lá, uma angina de peito.

- O senhor tem, de facto, uma angina de peito.
- Sr. Doutor, eu nunca estive doente em oitenta anos de vida, sou um privilegiado, não tenho medo da morte, pois todos temos de morrer mais tarde ou mais cedo, mas tenho pena de deixar o trabalho, sem trabalhar não sei viver.
- Diga-me, Sr. Doutor, com a verdade que muito lhe agradeço, se poderei fazer alguma coisa. Faço-lhe esta pergunta porque sempre trabalhei no campo, casado com a natureza e beijado pelo nascer do sol. Tenho pena, porque a enxada nas minhas mãos era uma viola e eu fazia nascer da terra a música que queria.

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Nota do editor

Último post da série de 15 de setembro de 2024 > Guiné 61/74 - P25946: Contos do ser e não ser: Adão Cruz, ex-Alf Mil Médico da CCAÇ 1547 / BCAÇ 1887 (35): "O Paquete"

Guiné 61/74 - P25965: Convívios (1006): 57º Convívio da Magnífica Tabanca da Linha, Algés, 5ª feira, 26 de setembro de 2024: 60 inscritos até hoje





57º Convíviuo da Tabanca da Linha > Algés > 26 de setembro de 2024 > Lista (provisória) dos 60 inscritos.

Destaque para os camaradas que vêm de fora da Área Metropolitana de Lisboa:
  • Eduardo Estrela (Vila Real de Santo António)
  • José Marreiros Alves (Albufeira)
  • José Serrano Matias (Évora)
  • José Teixeira (Matosinhos)
  • Luís Graça (Lourinhã)
  • Manuel Jesus B. Aleixo (Mação)
  • Mário Santos (Loulé)
57º CONVÍVIO DA MAGNÍFICA TABANCA DA LINHA | Algés | 5ª feira |  26-09-2024


RESTAURANTE: CARAVELA DE OURO (Algés)

Morada: Alameda Hermano Patrone, 1495 Algés
 Telefone: 214 118 350

Estacionamento em frente tem sistema de "Via Verde Estacionar"

I N S C R I Ç õ E S

Inscrições até ao dia 23 de Setembro de 2024

Manuel Resende: Tel - 919 458 210
manuel.resende8@gmail.com
magnificatabancadalinha2@gmail.com
dizendo "vou" ao convite no nosso grupo no Facebook

Estarei atento ao grupo do Whatsapp para quem se inscrever aqui.

Agradeço que só respondam os que puderem vir (não digam “talvez”).

+ + + E M E N T A + + +

Começamos com aperitivos e entradas às 12,30 horas | O almoço será servido às 13 horas.

APERITIVOS DIVERSOS

Bolinhos de bacalhau - Croquetes de vitela - Rissóis de camarão - Tapas de queijo e presunto
Martini tinto e branco - Porto seco - Moscatel.

SOPAS
Canja de galinha | ou Creme de Marisco

PRATO PRINCIPAL

Lombinhos de pescada com arroz de marisco

SOBREMESA

Salada de fruta | ou Pudim

Café

BEBIDAS INCLUIDAS

Vinho branco e tinto “Ladeiras de Santa Comba" ou outro | Águas - Sumos - Cerveja

PREÇO POR PESSOA ... 25.00€

(Crianças dos 5 aos 10 anos se aparecerem, pagam metade)

Peço que tragam a quantia certa para evitar trocos. Ajudem os organizadores.
Quem quiser pagar por Multibanco, vá ao Rés-do-Chão e, ao entrar para a sala, apresente o duplicado.
 
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Guiné 61/74 - P25964: Parabéns a você (2314): Carlos Arnaut, ex-Alf Mil Art, CMDT do 16.º Pel Art (Binar, Cabuca e Dara, 1970/72)

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Nota do editor

Último post da série de 21 de Setembro de 2024 > Guiné 61/74 - P25962: Parabéns a você (2313): José Macedo ex-2.º Tenente Fuzileiro Especial do DFE 21 (Bissau, 1973/74)

sábado, 21 de setembro de 2024

Guiné 61/74 - P25963: Os nossos seres, saberes e lazeres (646): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (171): As mulheres carregam o mundo, exposição de Lekha Singh, Museu Nacional de Etnologia (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 3 de Junho de 2024:

Queridos amigos,
No mínimo, saímos dali sobressaltados: porque elas são milhões, transportam milhões de quilos, e por milhões de quilómetros, transportam na cabeça, nas costas ou nas espáduas; carregam o mundo e não se sabe desde quando, transportam os filhos, a lenha, a água, a comida, tijolos, pedras, montanhas de algodão. As imagens de Lekha Singh desvelam os fardos que lhes pesam, é uma homenagem a não sei qual percentagem de mulheres do mundo, sabemos que praticam desportos, são mulheres de família, alimentam os filhos, são verdadeiras mulas humanas, olhamos cuidadosamente para os seus rostos de pele gretada e engelhada, pegamos nos números que nos dão as agências das Nações Unidas e ficamos a saber que há pelo menos 2000 milhares de milhões de pessoas que não têm acesso a água, é trabalho de mulheres e também de crianças; há regiões onde elas transportam à cabeça o equivalente a 70% do seu próprio peso. Mas também ficamos a saber, quando olhamos estas imagens, que pelo mundo fora estas mulheres estão num processo crescente de afirmação e rompendo com as barreiras de género.

Um abraço do
Mário



Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (171):
As mulheres carregam o mundo, exposição de Lekha Singh, Museu Nacional de Etnologia


Mário Beja Santos

Não foram poucos os que me azucrinaram que era indispensável ir ver a exposição da Lekha Singh, no Museu Nacional de Etnologia. Esperei pelo último dia para ir contemplar este conjunto de imagens fora de série. Lekha Singh é uma artista visual norte-americana, o seu olhar e a sua sensibilidade têm o foco na enorme sobrecarga física que recai desde tempos imemoriais sobre a mulher, em inúmeros locais do planeta. Mas há outros alertas, a despeito do caráter vital das funções que as mulheres desempenham nas esferas familiar e económica, permanecem marcadas pela falta de reconhecimento. Fica por aqui a objetiva desta artista norte-americana, dá para que possamos ver as capacidades físicas das mulheres, tradicionalmente valorizadas apenas pela sua dimensão reprodutora, mas secundarizadas no que respeita à atividades produtivas; há como que um cuidado da artista em querer mostrar que as mulheres constituem uma crescente fonte de afirmação, estão a promover crescentes ruturas nas barreiras de género. Lekha Singh fotografou na Índia, no Butão, no Japão, em Marrocos, no Quénia, no Ruanda, na Tanzânia, na Namíbia e nos Estados Unidos da América. A sua obra fotográfica tem estado patente em instituições consagradas como a Smithsonian Institution, o Musée de l’Homme, ou The International Center of Photography de Nova Iorque.
Na apresentação desta exposição, observa o diretor do Museu Nacional de Etnologia, Paulo Ferreira da Costa, que “há virtuosismo da artista visual a tratar a condição feminina em sociedades de caráter tradicional ou moderno, Lekha Singh polariza-se nestas questões fundamentais em que nos desvela o mundo e a sociedade em que vivemos, mas também para pensarmos no mundo e as sociedades que queremos construir para o futuro, e o lugar que as mulheres neles devem ter.”
Cheguei tarde mas em boa hora para uma exposição notável. Não podendo o leitor desfrutá-la presencialmente, aqui lhe deixo uma mostra fotográfica de indiscutível valor que nos obriga a pensar sobre o modo de transporte não motorizado em que cabe à mulher deslocar de um lado para o outro cargas por vezes sobre-humanas.
Que desfrutem!

Quénia, desde que se casaram que transportam à cabeça a alimentação da sua família, é trabalho que fazem desde pequeninas, como farão as suas filhas, e depois as suas netas
Quénia, aquele cesto é todo o seu património
Índia, elas transportam grandes cestos de algodão
Índia, ao fundo da escadaria corre o rio onde ela lavou a roupa da família, agora sobe-a levando na cabeça toda essa roupa molhada
Butão, faça chuva ou faça sol o trabalho agrícola nunca falta, transporta-se às costas ou na cabeça
Estados Unidos da América, esta mulher transporta o seu filho, foi assim no passado, é no presente e será no futuro
Quénia, esta mulher percorreu uma longa distância para trazer à cabeça uma pedra que é fundamental para a lareira onde preparará a comida da sua família
Índia, esta mulher caminha para o rio Ganges, transporta todos os seus haveres à cabeça, o seu filhinho também se irá banhar no rio sagrado
Tanzânia, nas margens do lago Tanganica, esta mulher transporta um enorme pote de barro à cabeça, já percorreu uma longa distância com ele vazio, vai regressar a casa com o pote cheio de água, pesará 22 quilos
Índia, mesmo com o rosto protegido, esta mulher transporta ramos de acácia para fazer a sua lareira, a lenha continua a ser a fonte de energia mais usada pelos muito milhões de gente pobre de todo o mundo
Quénia, esta mulher, pertencente ao povo Pokot, usa pesados anéis de missangas ao pescoço, que nunca deverá retirar. Cada círculo representa uma determinada dimensão da sua biografia: marido, filhos e estatuto social. As missas são ainda investidas de significados próprios, consoante a cor: o amarelo promove a paz, o branco representa o leite, o verde simboliza a erva, o negro a pele, o vermelho o sangue, o laranja a beleza e o azul Deus nos céus.
Índia, trabalha-se em qualquer idade e por toda a vida
Estados Unidos da América, halterofilista que detém 7 recordes mundiais de levantamento de pesos
Índia, ela leva à cabeça a comida para toda a família
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Nota do editor

Último post da série de 14 de setembro de 2024 > Guiné 61/74 - P25942: Os nossos seres, saberes e lazeres (645): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (170): Restos de coleção de visitas inesquecíveis ou lugares esplendentes (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P25962: Parabéns a você (2313): José Macedo ex-2.º Tenente Fuzileiro Especial do DFE 21 (Bissau, 1973/74)

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Nota do editor

Último post da série de 19 de setembro de 2024 > Guiné 61/74 - P25956: Parabéns a você (2312): José Emídio Marques, ex-1.º Cabo Aux. Enfermeiro da 3.ª CCAÇ / BCAÇ 4616/73 (Jumbembém, Farim e Canjambari, 1974)

sexta-feira, 20 de setembro de 2024

Guiné 61/74 - P25961: Notas de leitura (1728): Factos passados na Costa da Guiné em meados do século XIX (e referidos no Boletim Official do Governo Geral de Cabo Verde, ano de 1875 e 1876) (21) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá, Finete e Bambadinca, 1968/70), com data de 4 de Junho de 2024:

Querido amigos,
Entre o dia de Natal de 1875 e ao longo de 1876, assistimos a uma realidade, o Governador da Guiné, António José Cabral Vieira, envia pendularmente para a cidade da Praia pequenos relatórios sobre o estado do distrito, segundo ele há bastante animação comercial, os problemas sanitários são poucos, metem a epidemia das bexigas e a varíola. Há permanentes dores de cabeça com o presídio de Farim, há guerras interétnicas, problemas no presídio de Geba, temos um negociante que se suicida numa canoa fazendo-a explodir e matando toda a família. Poder-se-á entender que a situação alimentar não levanta problemas já que por toda a Guiné prevalece um quadro de auto-abastecimento, mesmo quando os médicos de saúde pública falam de doenças jamais questionam as deficiências nutricionais. E recomenda-se vivamente a informação dada por um farmacêutico na Praia, é mensagem publicitária em que ele anuncia o que tem ao seu dispôr na farmácia, é um rol impressionante que talvez mereça a atenção dos estudiosos para se saber mais sobre a Farmacopeia do último quartel do século XIX.

Um abraço do
Mário



Factos passados na Costa da Guiné em meados do século XIX
(e referidos no Boletim Official do Governo Geral de Cabo Verde, anos de 1875 e 1876) (21)


Mário Beja Santos

Entre o final de 1875 e o verão de 1876, ocorre da leitura do Boletim Official de Cabo Verde e da Costa da Guiné duas singularidades de que me permite chamar à atenção do leitor: com regularidade pendular o Governador da Guiné, António José Cabral Vieira, vai enviado ao Governador-Geral pequenos relatórios do estado do distrito, são registos muito úteis para qualquer investigador ter em conta quanto à leitura que o Governo da Guiné fazia dos acontecimentos e assuntos internos; e aparece no Boletim Official em junho uma relação de produtos farmacêuticos que me parece ser um verdadeiro achado, merecia ser enviada para todas as instituições universitárias que se interessem pela Farmacopeia.

No Boletim Official n.º 52, de 25 de dezembro de 1875, é enviado ao Governador Geral a seguinte síntese: “É regular o estado sanitário nos concelhos de Bissau e Bolama, e está quase extinta a epidemia de bexigas no concelho de Cacheu. Continua a colheita de arroz o qual, já em maior escala, vai aparecendo no comércio. Posteriormente ao meu ofício n.º 190, de 12 de novembro, não tive participação alguma oficial sobre o presídio de Farim, constando-me, aliás, extraoficialmente, que não têm continuando as impertinências dos Fulas. Não conta que os gentios tivessem por enquanto atacado o presídio de Geba, nem qualquer outro ponto sujeito ao Governo português. Continuam ainda em poder dos Fulas prisioneiros cristãos a que se refere o meu ofício n.º 186, de 19 de novembro.”

Entrámos no novo ano e no Boletim Official n.º 3, de 15 de janeiro, o Governador da Guiné leva ao conhecimento do Governador Geral que à saída do palhabote Carlota do porto desta vila de Bissau é regular o estado sanitário deste distrito, excetuando no concelho de Cacheu onde ainda reina, mas com pouca intensidade, a varíola, é bastante animado o comércio. Em Farim, segundo as últimas notícias, havia-se recuperado o sossego. Paralisaram, por enquanto, as guerras dos gentios circunvizinhos e com elas as exigências ao presídio, que vai sendo mais respeitado em presença da força que para ali se mandou. Em Geba acha-se ainda estacionada a pendência. A força dos Fulas havia-se retirado para o interior, sem, contudo, haverem dado ao presídio a satisfação completa que lhe é devida, pelos roubos e aprisionamentos ali feitos, existindo ainda em poder deles três pessoas do presídio. No Boletim Official n.º 13, de 25 de março de 1876, publica-se o estado do distrito no mês de fevereiro:
“Concelho de Bolama: regular o estado sanitário e o alimentício, e bastante animado o comercial. No dia 7 deste mês, pelas 7h do dia, apresentaram-se na propriedade denominada Bissau, uma porção de Biafadas de Beduque, que ali, dirigindo-se ao negociante Rufino Pereira Barreto, o aceitaram-se, bem como a um seu caixeiro, aos quais açoitaram barbaramente. Tive, em seguida, notícia deste acontecimento e tomei as providências necessárias, conseguindo obter a prisão do chefe dos criminosos, que se acha entregue ao poder judicial.
Concelho de Cacheu: regular o estado comercial e alimentício. É pouco lisonjeiro o estado sanitário, por isso se desenvolve em Farim com bastante intensidade a epidemia da varíola. Por participação ultimamente recebida consta que no dia 13 do mês findo se suicidara o negociante-chefe do presídio de Farim, Pedro Pereira Barreto. O infeliz havia sido quase reduzido à indigência pelos gentios Mandigas que, atribuindo-lhe ser partidário dos Fulas, lhe roubaram quase tudo que possuía, em resultado de que perdendo o uso da razão, meteu-se numa canoa com toda a sua família, com pretexto de se retirar para Cacheu, e disparando um tiro de revólver sobre uns barris de pólvora que se achavam na mesma canoa, resultou em ato continuo uma grande explosão de que foi vítima ele, sua mulher e dois filhos menores.
Concelho de Bissau: é regular o estado sanitário, comercial e alimentício. Tranquilidade pública em todo o concelho.”
Assina, como tem sido sempre, António José Cabral Vieira.

No Boletim Official n.º 16, de 15 de abril, o Governador escreve: “Largando hoje deste porto de Bissau com destino ao da cidade da Praia o cutter Cabo Verde, cabe-me a honra de participar V.ª Ex.ª que ao presente é satisfatório o estado sanitário nos concelhos de Bissau e Bolama, não acontecendo assim no de Cacheu, onde infelizmente ainda continua a epidemia de varíola. É regular o estado comercial, bem como alimentício em todo o distrito. Continuam as desavenças entre os gentios Fulas, Biafadas e Mandigas, havendo desconfianças que vai breve haver hostilidades entre os dois régulos vizinhos de Antim e Antula.”

Vejamos agora a surpreendente notícia intitulada “Ser velho e teimoso, dom que Deus me deu”:
“O signatário deste tem a honra de participar que lhe chegaram de Lisboa, vindos no vapor D. Pedro, mais medicamentos e que são os seguintes:
Xarope de lacto-fosfato de cal de Dusart, para fazer nascer os dentes às crianças e para todas as mulheres que dão de mamar. Vinho de quina Laroche, para todas as pessoas de constituição fraca, e muito principalmente para senhoras e meninas que sofrem do peito e têm fastio. Ponto alívio, pilulas e xarope do Dr. Radway, para depurar o sangue, como purgativo e para acidentes, até hoje o único medicamento que combate tais moléstias. Licor ferruginoso de Carrier, pilulas de Blancard, xarope de quina ferruginoso, ferro de Quevene e de Girard, pílulas de pepsina ferruginosas, óleos de fígado de bacalhau com ferro, confeitos de lactato de ferro, xarope de rábanos iodado, chocolates de lactato de ferro, carbonato de ferro e de iodoreto de ferro, únicos preparados até hoje descobertos para as senhoras que sofrem por lhe faltar a menstruação e para as escleróticas. Pastilhas de Belmeth, pílulas de óleo calcário, óleo de fígados de bacalhau preparado pelo Dr. Hogg e de Chevrier, xarope de seiva de pinheiro marítimo e grânulos de Vivien, para padecimentos do peito, quando a moléstia tem feito muitos estragos e já estão desenganados. Altos peitorais de carne, de James, racahut dos árabes, revalenta simples e achocolatada, elixir alimentício de Ducro e de pepsina, tapioca, sagú, cevadinha, chocolates de saúde, de salepo e de musgo, para os convalescentes e fracos, xarope de James, dito de nafé, pasta de nafé, de Regnoold e de louro cerejas, para catarros e constipações. Inga da Índia, para dores de cabeça. Pomada do Dr. Queiroz, para moléstia da pele e queimaduras.

Opodeldoc com arnica e simples, para reumatismo, feridas e contusões. Pílulas de Haut, de Haloay, pagaliano, pílulas do Dr. Ganckes, e do Dr. Casenave, citrato de magnésia, como purgantes os mais usados em qualquer tratamento ou sem ele, e em todo o estado. Pérolas de éter e pílulas nevrálgicas, para ataques do coração. Pomadas do Dr. Lebel, chá, solução benzoica e pílulas de escórdio, para hemorroidas internas e externas, Robe de Laffecteur e arrobe depurativo, essência de salsaparrilha de Bristol, para dores venéreas e reumatismo articular. Quina Labarraque, para quem tem febres periódicas e falta de apetite. Injeções de Royer, au matico, de Boyer, de Brou, e vegetal de Chevallier, para gonorreias. Cápsulas de Raquin, de alcatrão, au matico e de alcatrão com cupaiva, para flores brancas e gonorreias. Grânulos antimoniais com bismuto e ferro e só com bismuto, para padecimentos de estômago e azia. Águas cesarina de Hebé e circassiana, para dar a primitiva cor ao cabelo da cabeça e da barba. Águas alcalinas de Vidago, de Vichy, das Pedras Salgadas e de Moura, para padecimentos do estômago e areias na bexiga.

Além dos medicamentos há fundas para quebraduras de um só lado para ambos, urinol de guta-percha para homem que sofra de diabetes, aspiradores pneumáticos de Dienlafoy para extração das urinas e líquidos aquosos, cujo tratamento deverá ser feito por facultativo. E, para todo o desgraçado que for atacado pela terrível moléstia de asma há cigarretas de spica, indianas, antiasmáticas, tubos de Levasseur, papéis de Fruneau e cartão antiasmático de Carrier, máquinas de fazer gelo e fazer café a vapor, tinta para marcar roupa e dita de ouro para escrever.
Também se encarrega de qualquer encomenda vinda de Lisboa ou de França, por pequena comissão, assim como tem na sua farmácia tudo quanto anteriormente tem anunciado.
Praia, 26 de maio de 1876, Francisco Maria Paula Serpa, farmacêutico.”

Planta da Praça de Bissau, por Bernardino António d’Andrade, 1796
(continua)
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Notas do editor

Vd. post de 13 de setembro de 2024 > Guiné 61/74 - P25940: Notas de leitura (1726): Factos passados na Costa da Guiné em meados do século XIX (e referidos no Boletim Official do Governo Geral de Cabo Verde, ano de 1874) (20) (Mário Beja Santos)

Último post da série de 16 de setembro de 2024 > Guiné 61/74 - P25948: Notas de leitura (1727): "A Guerra Colonial: realidade e ficção" (livro de actas do I Congresso Internacional), organização do professor universitário e escritor Rui de Azevedo Teixeira; Editorial Notícias, 2001, com o apoio da Universidade Aberta e do Instituto de Defesa Nacional (2) (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P25960: Verão de 2024: Nós por cá todos bem (14): Da Maia para Vila Franca do Campo (São Miguel, Açores), do Abílio Machado para o Arsénio Chaves Puim, falando "de baleias e outros mamíferos, .... e da amizade que é uma coisa sublime"



Título: A Pesca à Baleia na Ilha de Santa Maria e Açores
Autor: Arsémio Chaves Puim
Editora: Letras Lavadas, Ponta Delgada, São Miguel, RA Açores
Ano: 2024
Nº de pp. : 160 
Preço de capa: 18,00 €

Sinopse: A Pesca à Baleia na Ilha de Santa Maria e Açores

«Com o livro “A Pesca à Baleia na Ilha de Santa Maria”, o investigador / escritor Arsénio Puim vem tirar a sua ilha do obscurantismo nesta saga, dando-lhe (também) a relevância merecida, assim como dar precioso contributo para a história mais alargada e profunda da Baleação nos Açores, agora mais enriquecida com a presente obra.

O livro “A Pesca à Baleia na Ilha de Santa Maria”, para além de compulsar o enquadramento histórico da saga, nesta ilha, desde a influência à implantação local; a destrinça das duas épocas da baleação ocorridas; registos de vivências bem-sucedidas ou fatídicas e o relevante impacto socio-económico da atividade, incorpora também um importante “Glossário Baleeiro”, de base fortemente oral e com formas aportuguesadas de empréstimos do Inglês (influência americana)».

José de Andrade Melo


 
Abílio Machado , o nosso querido "Bilocas" de Bambadinca, grande amigo dos velhinhos da CCAÇ 12, o Luís Graça, o Tony Levezinho, o Humberto Reis, o Gabriel Gonçalves, entre outros; ex-alf mil, contabilidade e administração, CCS / BART 2917, Bambadinca, 1970/72; e foi também um dos fundadores do grupo musical "Toque de Caixa"; vive na Maia; é natural de Guardizela, Guimarães, tem uma forte ligação a Riba d'Ave; é autor, entre outros títulos, do "Diário dos Caminhos de Santiago" (Porto, 2013).


1. Mensagem de Abilio Machado, dirigida ao Arsénio Puim, ex-alf mil graduado capelão, CCS/ BART 2917 (Bambadinca, 1970/72)

Arsénio Puim, Vila Franca
do Campo (2023), São Miguel,
Açores

Assunto - Das baleias e outros mamíferos...

Data - quarta, 18/09/2024 , 18:30

Caro(íssimo) amigo Puim:

Vai esta com conhecimento - reconhecido - ao Luis Graça, pois foi ele que me deu conhecimento do lançamento do teu novo livro sobre a pesca à baleia na tua ilha querida de Santa Maria - um estranho às ínsulas açoreanas diria caça, dada a espécie e o avantajado do pescado. 

Mas como podemos nós, pobres pescadores de sardinha e atum e respigadores de cereais, meter foice em seara alheia? A foice é bem mais fácil de manejar que um arpão de uns bons quilos, que - imagino eu - exigirá, além de precisa pontaria, um poder de braço e pulso de que nem Teseu se ufanaria. 

Na verdade, só heróis mitológicos se alçariam a tais cometimentos, pensávamos nós, se desconhecêssemos que nas ilhas de bruma homens comuns se lançavam, ao sopro do búzio, em frágeis embarcações no encalço de seres mastodônticos que nem Deus saberá como criou. Não perseguiam nenhuma Moby Dyck, mas tão só o sustento diário para famintas bocas que em terra, mãe e filhos, rezavam para que a baleia cansasse e não arrastasse o pai - os pais todos - para os longes sem fim do oceano.

A amizade é uma coisa sublime, como sublimes são todas as coisas, como o amor, que mesmo não presenciais, têm a eficácia dos actos diários e rotineiros.

Ninguém nos arranca do peito nem deslaça o nó que sentimos quando, mesmo longe, pensamos nos amigos que a vida nos ofertou - porque é um ofertório e não destino o cruzarmos a nossa com outras almas que, diversas ou iguais, se engraçaram entre si. E foram muitas, para meu deleite, as que comigo se enlaçaram.

Como dizia o Luis, parabéns, parabéns, parabéns!!!, por mais uma obra que só do amor entranhado pela tua terra nasceria.

Grande, grande abraço para ti, esposa e filhos.
Do coração,
Abilio Machado

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Nota do editor:

Último poste da série > 20 de setembro de 2024 > Guiné 61/74 - P25959: Verão de 2024: Nós por cá todos bem (13):  no rio Corubal, na travessia para o  Cheche (e Madina do Boé), que agora tem jangada nova... (Cherno Baldé / Valdemar Queiroz "Embaló")

Guiné 61/74 - P25959: Verão de 2024: Nós por cá todos bem (13): no rio Corubal, na travessia para o Cheche (e Madina do Boé), que agora tem jangada nova... (Cherno Baldé / Valdemar Queiroz "Embaló")





Guiné > Região de Gabu >  Rio Corubal >  15 de setembro de 2024 >  Travessia  para o Cheche, na margem esquerda > A jangada (que não havia em 1969)

Foto (e legenda): © Chern0 Baldé (2024). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]






Valdemar Queiroz "Embalõ" , ex-fur mil art, CART 2479 / CART 11 (Contuboel, Nova Lamego, Canquelifá, Paunca, Guiro Iero Bocari, 1969/70) (o "Embaló" é um #"nickname", uma alcunha carinhosa, que o Cherno Baldé lhe pôs em tempos, pela tua forte ligação aos fulas)


Cherno Baldé, o "nosso correspondente" em Bissau
 (tem 303 referências no nosso blogue)


Data - quarta, 18/09/2024, 21:55 
Assunto - Guiné, travessia para Che-Che


Luís, nova jangada a sério,  da travessia do Rio Corubal para o Cheche.

Por que razão  a nossa Engenharia não "produziu" uma jangada como esta ?  Não teria havido aquele desastre com dezenas de mortos na evacuação de Madina do Boé, Beli e Che-Che.

Esta foto foi-me enviada pelo Cherno Baldé numa viagem que fez a Madina.

Valdemar



Guiné-Bissau > Região de Gabu > Rio Corubal > Rampa de acesso ao outro lado do rio, Cheche  > 21 de abril de 2021 > Acidente com a jangada: queda de um camião ao rio, ao entrar na jangada, do lado de Béli.  Trânsito interrompido dos dois lados.


Foto (e legenda): © Patrício Ribeiro (2021). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Guiné-Bissau > Região do Boé > Rio Corubal > 30 de junho de 2018 > Rampa de acesso, do lado do Gabu, na margem direita



Guiné-Bissau > Região do Boé > Rio Corubal > 30 de junho de 2018 >  Rampa de acesso, na margem direita; lavadeiras-


Fotos (e legendas): © Patrício Ribeiro (2018) Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Guiné > Região de Gabu > Carta de Jábia (1961) > Escala 1/50 mil > Posição relativa de Ché Ché, na margem esquerda do Rio Corubal. 

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné


2. Comentário do editor LG:

Valdemar e Cherno, obrigado pela foto. Nunca lá estive, e apesar das inúmeras fotos que temos publicadas no blogue, sobre este lugar que nos traz trágicas memórias, às vezes também eu faço confusão:   a rampa, mostrada nas fotos acima,  fica na margem  direita do rio Corubal; Cheche, onde até à retirada de Madina doo Boé, em 6 de fevereiro de 1969, havia um destacamento militar, ficava na margem esquerda, como de resto bem documena a carta de Jábia (1961).

Portanto, está correta a tua legenda:  a jangada que faz a travessia do Rio Corubal para o Cheche, ou seja de norte para sul, da margem direita para a margem esquerda.

Obrigado, Cherno, pela tua lembrança. Pode não ser verão aí  (é ainda tempo das chuvas), mas não se está mal por essas bandas, no rio Corubal, para mais com uma "jangada nova" que não vai ao fundo...

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Nota do editor

Último poste da série > 13 de setembro de 2024 > Guiné 61/74 - P25939: Verão de 2024: Nõs por cã todos bem (12): ...menos as andorinhas, vítimas dos "ocupas", as abelhas asiáticas e os javalis, predadores! (Luís Graça, Tabanca de Candoz)

quinta-feira, 19 de setembro de 2024

Guiné 61/74 - P25958: Agenda cultural (859): Convite para a sessão de apresentação do livro "O (Ainda) Enigma da Vida Intelectual e Científica de João Barreto", de Mário Beja Santos, dia 10 de Outubro de 2024, pelas 16h00, na Sociedade de Geografia de Lisboa

C O N V I T E


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá, Finete e Bambadinca, 1968/70), com data de 17 de Setembro de 2024:

Meus caros,
Meti-me numa alhada que não sei como é que vai acabar, já gastei a ponta dos dedos a folhear Boletins Officiais de Cabo Verde e da Costa da Guiné e também da Província da Guiné, até já pedi ajuda ao Philip Havik por causa da Escola de Medicina Tropical, e tenho que saber o que é que este meco andou a fazer desde que se reformou (1931), a única coisa que sei é que viveu sempre em Lisboa até que partiu para as estrelas em 1 de dezembro de 1940. Não me podia ter metido noutra alhada maior, eu que andava com o Boletim Official da Província da Guiné à volta de 1890... Peço, pois, a amabilidade de fazerem a notícia nos próximos dias e um pouco antes do 10 de outubro. Grato.

Um abraço do
Mário



CONVITE

O que falta saber sobre a obra científica do autor da única História da Guiné, apresentação do livro na Sociedade de Geografia de Lisboa, 10 de outubro, pelas 16h00.

João Barreto (de seu nome João Vicente Sant’Ana Barreto) foi aluno distintíssimo da Escola Médico-Cirúrgica de Nova Goa, ali lecionou cerca de um ano, antes de partir para Lisboa apresentou um trabalho de estrutura invulgarmente moderna sobre a peste na Índia portuguesa. Continuará os seus estudos em Lisboa, parte em 1916 para Cabo Verde, onde permanecerá durante toda a Primeira Guerra Mundial. Segue depois para a Guiné, é louvado pelo seu desempenho no combate à peste em Cacheu, exerce outros cargos em Bafatá, em 1923 é nomeado delegado na Junta de Saúde de Bissau. Parte para a Índia, onde permanecerá cerca de meio ano. É no seu regresso à Guiné que os seus trabalhos científicos ganham reconhecimento. É então enviado para a Presidência da República uma proposta de condecoração como Cavaleiro da Ordem de Avis.

É uma parte deste percurso que este estudo aprecia, há ainda significativas lacunas a preencher, haverá que decifrar o que vai levar este notável epidemiologista a lançarse num empreendimento da única História da Guiné, que dará à estampa dois anos antes de falecer.

A pedido de um seu bisneto, lancei-me neste empreendimento, é empolgante tudo quanto escreveu (fora o que ainda não se conhece), incluindo os seus comentários quando foi delegado de saúde na Ilha do Fogo, no auge do conflito mundial.

A apresentação deste estudo será precedida, em homenagem à sua memória, a uma visita à Sala da Índia, seguindo-se uma passagem pela Sala de Portugal para visitar os tesouros artísticos da Índia portuguesa, visita que decorrerá entre as 15h30 e as 16h00.

A sessão de apresentação contará com Valentino Viegas, professor universitário aposentado, o autor e o comentário final de Aires Barreto, bisneto do biografado.

Seguir-se-á um Porto de Honra.
Por decisão do autor da edição, os participantes receberão gratuitamente um exemplar da obra.
Bolama no tempo em que lá viveu João Barreto, ali se tornou cidadão emérito
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Nota do editor

Último post da série de 22 de agosto de 2024 > Guiné 61/74 - P25868: Agenda cultural (858): O nosso camarada Fernando de Jesus Sousa, (ex-1.º Cabo At Inf DFA da CCAÇ 6, Bedanda, 1970/71), vai estar presente no próximo dia 24 de Agosto, sábado, às 18 horas, na Feira do Livro do Porto, Jardins do Palácio de Cristal, para uma sessão de autógrafos no Pavilhão 118