domingo, 5 de maio de 2019

Guiné 61/74 - P19746: XIV Encontro Nacional da Tabanca Grande (10): "É com uma tristeza enorme, um vazio inexplicável, que venho comunicar que não estarei presente em Monte Real, no dia 25 de maio" (Margarida Peixoto, viúva do nosso saudoso Joaquim Peixoto, 1949-2018)



Leiria > Monte Real > Palace Hotel Monte Real > 26 de Junho de 2010 > V Encontro Nacional da Tabanca Grande > Uma foto para a eternidade... Uma foto, muito feliz, do Manuel Carmelita, de Vila do Conde, e grande amigo do casal: o Joaquim e a Margarida Peixoto, o nosso casalinho de professores de Penafiel, apanhados num belíssimo momento de descontração e de ternura... A Margarida integra a nossa Tabanca Grande, desde 30 de desembro de 2011.

Foto: © Manuel Carmelita (2010). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]





Monte Real > XIII Encontro Nacional da Tabanca Grande > 5 de maio de 2018 > Da esquerda para a direita, Margarida Peixoto e Giselda Pessoa.

Foto (e legenda): © Miguel Pessoa (2018). Todos os direitos reservados [Edição; Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]





1. Resposta da Margarida Peixoto, viúva do nosso saudoso Joaquim Peixoto (1949-2018) [ex-fur mil arm pes inf, MA, CCAÇ 3414 (Sare Bacar e Bafatá, 1971/73); professor primário reformado, vivia em Penafiel] ao nosso convite para estar presente em Monte Real, dia 25 de maio, no XIV Encontro Nacional da Tabanca Grande:

Data: 5 de maio de 2019, 10:23




Olá, Luís Graça.


Acabei de ler o email referente ao encontro anual em Monte Real e é com uma tristeza enorme, um vazio inexplicável, que venho comunicar que não estarei presente neste encontro. 

As razões são óbvias. Nem sempre a força e o dever se sobrepõem às emoções e saudade... É um encontro muito marcante e com um significado enorme na vida do Carlos. 

Peço que apresente as minhas desculpas ao Carlos Vinhal, ao Mexia e a todos quantos estarão aí e fazem parte dos que recordam com saudade um "camarigo" que os deixou sem aviso prévio. 

Para todos vós um abraço com muito carinho e um pedido de desculpas.


Margarida Peixoto


2. Resposta do editor LG:

Margarida, obrigado pela tua gentil resposta. Hesitei em mandar-te o convite, sabia que não poderias vir, por razões mais fortes que a tua vontade. Foi em Monte Real, o ano passado, que o nosso Joaquim, o teu Carlos, se começou a sentir mal, já com os primeiros sintomas que o levariam rapidamente à doença que o matou.

Mas, por outro lado, eu não tinha o direito de te escamotear ou esconder a notícia do nosso encontro de 2019. Tu e o Carlos serão lembrados por todos nós, no dia 25 de maio, a par do António Sucena Rodrigues, do Carlos Cordeiro, do Gertrudes da Silva, do João Rebola, do João Rocha e do Manuel Carneiro, que também morreram em 2018, sem esquecer o Jorge Rosales, que morreu já este ano. 
O Sucena Rodrigues e o Rosales eram, a par de vocês, "habitués" do nosso Encontro Nacional. O João Rocha e o João Rebola também chegaram a vir a Monte Real.

Recordo aqui que vos conheci, a ti e ao Joaquim, por ocasião do IV Encontro Nacional da Tabanca Grande, na Quinta do Paul, Ortigosa, Monte Real, Leiria, em 20 de junho de 2009. Por um feliz acaso, apresentei-vos à Alice por que serem da mesma região; vcês, de Penafiel, a Alice, do Marco de Canaveses... Ficámos, para sempre, bons amigos, os dois casais. A partir de 2010, os nossos encontros nacionais passaram a ser sempre em Monte Real, cujas termas e hotel tu já conhecias dos tempos de menina e moça...

Guiné 61/74 - P19745: Parabéns a você (1615): Joaquim Gomes Soares, ex-1.º Cabo At Inf da CCAÇ 2317 (Guiné, 1968/69)

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Nota do editor

Último poste da série de 4 de maio de 2019 > Guiné 61/74 - P19742: Parabéns a você (1614): José Martins Rodrigues, ex-1.º Cabo Aux Enf.º da CART 2716 (Guiné, 1970/72)

sábado, 4 de maio de 2019

Guiné 61/74 - P19744: Os nossos seres, saberes e lazeres (322): No condado de Oxford, a pretexto de um casamento em Fairford (3) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 27 de Dezembro de 2018:

Queridos amigos,
Chegara-se ao dia de festa, tudo aperaltado, chapéus a condizer, vestidos floridos, as inglesas pelam-se por flores na roupa e no mobiliário, mas também se via vestuário cor de pêssego, champanhe e azul turquesa.
Santa Maria em Fairford, onde se realizou o evento religioso anglicano, é um monumento soberbo, os vitrais medievais deixaram o viandante de boca aberta, quase em transe hipnótico, não percam as imagens.
À tarde, toda aquela malta começou a tirar os casacos, tanto pelo calor como pela cerveja escorregadia, febras e saladas. Às tantas, havia já sorrisinhos com grão na asa, e pelo anoitecer saiu do parque muito automóvel em estado de fúria, anda-se por ali a GNR e era uma cobrança de multas e tanto.
Que belo dia!

Um abraço do
Mário


No condado de Oxford, a pretexto de um casamento em Fairford (3)

Beja Santos

A Igreja de Santa Maria em Fairford recebe visitas de todo o mundo não propriamente pelos encantos do seu tardo-gótico, que não deixa de ser de valor excecional, mas justificadamente pelos seus vitrais medievais únicos numa igreja de paróquia, tanto quanto é dado ao viandante saber, Fairford possui janelas originais como mais nenhum outro edifício religioso em Inglaterra – pelo menos, é o que reclamam em Santa Maria de Fairford… A igreja foi reconstruida no estilo gótico perpendicular em 1490, Fairford tinha a abastança dos seus mercados de lã. A torre é o que resta do edifício anterior.



Em 1497, no reinado de Henrique VII, foram instalados os vitrais ao longo de aproximadamente duas décadas, nada menos obra de um artista régio, Barnard Flower, com oficinas em Westminster, ele e muitos dos seus discípulos pintores de vitrais vieram expressamente dos Países Baixos. O viandante veio para um casamento, tem o olho posto na cerimónia, mas os seus sentidos, sem disfarce vão para este deslumbramento dos episódios da vida de Cristo, ilustrações dos Profetas, Apóstolos e mestres da fé, tudo vai culminar no Julgamento Final na chamada Janela Oeste.




O viandante sentiu-se acicatado quando viu um livrinho que falava dos retratos escondidos da família de Henrique VII e de membros da Corte fixados em vitrais, não resistiu, comprou, e enquanto os noivos não chegavam, deambulou pelos vitrais. Henry Tudor, Conde de Richmond, fundador da dinastia Tudor, não é visível nos vitrais, mas aparecem rainhas como Elizabeth de York e Catarina de Aragão, o Príncipe de Gales, Artur, que não reinou, o monarca seguinte for Henrique VIII, aparece Margaret Tudor, a irmã mais velha de Henrique VII, foi uma delícia andar neste jogo de descobertas da família Tudor na Igreja de Santa Maria de Fairford.


Os noivos já deram o nó, começa um espetáculo musical empolgante, uma equipa bem articulada põe os sinos a tocar, os noivos entraram ao som do hino “Jerusalem”, ouve leituras bíblicas, hinos, e depois da bênção ouviu-se Handel “A chegada da rainha de Sabat”. O viandante sai da igreja de Fairford com uma enorme vontade de lá voltar em breve. Assim seja.





Últimas imagens do magnífico templo, a magnífica abóbada em estilo perpendicular, uma velha porta, bem mantida, e a despedida da igreja de Fairford, tomando um ângulo lateral e uma perspetiva do cemitério. Até à próxima.



Bem peculiar de um casamento, mostrar os casamentos dos avós e dos pais, para que ninguém fique com dúvidas que não saímos das ervas…


Por decisão dos noivos, a boda realizou-se no campo, montou-se tenda, houve alegria toda a tarde, os ingleses não são exceção, com umas cervejolas a mais toda a gente desata a língua, passamos a ser primos uns dos outros, é pá, se passares por Cirencester, em Gloucestershire, avisa que vamos comer um Sunday Roast, gostas? O viandante gosta, e muito, infelizmente não dá para ir a Cirencester, os próximos dias já estão programados. Fica para a próxima, com ou sem casamento.

(continua)
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Poste anterior de 27 de abril de 2019 > Guiné 61/74 - P19722: Os nossos seres, saberes e lazeres (320): No condado de Oxford, a pretexto de um casamento em Fairford (2) (Mário Beja Santos)

Último poste da série de 1 de maio de 2019 > Guiné 61/74 - P19733: : Os nossos seres, saberes e lazeres (321): Excertos do "meu diário secreto, ainda inédito, escrito na China, entre 1977 e 1983" (António Graça de Abreu) - Parte IV: Xangai, 24 de maio de 1980

Guiné 61/74 - P19743: Álbum fotográfico de Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (São Domingos e Nova Lamego, 1967/69) - Parte LXVIII: O quartel do Depósito de Adidos em Brá, em julho de 1969


Foto nº 5 > Guiné > Região de Bissau > Brá > Depósto de Adidos > Junho de 1969 > Na minha função de Oficial de Dia.  Normalmente fazia as minhas rondas na minha própria motorizada, quando não tinha Jeep disponível, uma vez que a área a percorrer era grande. Era uma Honda Azul, de 50 cc, que depois, quando regressei, deixei por lá abandonada.  Pode observar-se a existência de valas abertas fundas, para escoamento das chuvadas diluvianas, quando apareciam.



Foto nº 1 >Guiné > Região de Bissau > Brá > Depósto de Adidos > Junho de 1969 > Na porta de armas do Quartel de Brá, vista de dentro, com a guarita da sentinela e a nossa bandeira nacional.


Foto nº 2 > Guiné > Região de Bissau > Brá > Depósto de Adidos > Junho de 1969 > O aquartelamento visto de fora, da estrada. Tinha uma extensão à volta de 1000 metros, de frente para a estrada, e uma quantidade indeterminada de instalações militares. [Em finais dos anos 40, havia aqui um campo de aviação.]



F04  > Guiné > Região de Bissau > Brá > Depósto de Adidos > Junho de 1969 > Instalações da Casa do Oficial de Dia,


Foto nº 6 > Guiné > Região de Bissau > Brá > Depósto de Adidos > Junho de 1969 > Um camião com tropa a regressar de Bissau, após saída nocturna, em dia de chuva. Existia transporte de meia em meia hora, de Brá para Bissau e regresso, até ao final da noite.



Foto nº 3 >  Guiné > Região de Bissau > Bissau > Junho de 1969 > Num barco patrulha, da nossa Marinha de Guerra, na foz do Rio Geba, nas instalações da Marinha. [Ao fundo, o Ilhéu do Rei.]


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Foto nº 7 > Guiné > Região de Bissau > Brá > Depósto de Adidos > 6 de Março de 1968  > O interior do CA – Conselho Administrativo.


Fotos (e legendas): © Virgílio Teixeira (2019). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



1. Continuação da publicação do álbum fotográfico do nosso camarada Virgílio Teixeira, ex-alf mil SAM, chefe do conselho administrativo, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69); é economista e gestor, reformado; é natural do Porto; vive em Vila do Conde. (*)


CTIG - Guiné 1967/69 - Álbum de Temas:  T036 – O QUARTEL DO DEPÓSITO DE ADIDOS EM BRÁ


I - Anotações e Introdução ao tema:

Quase todos os militares que passaram pelo TO do CTIG, conhece o Grande Quartel do Depósito de Adidos, localizado em Brá, na estrada alcatroada que liga Bissau ao aeroporto de Bissalanca, sensivelmente a meio caminho, uns 5-6 quilómetros de cada lado.

Infelizmente o autor não conhece os dados, mas seriam demasiados, muitos militares nunca tiveram o prazer de conhecer e visitar a capital daquela Província Ultramarina, que não sendo uma grande coisa, sempre era muito melhor do que em qualquer outro local do interior. Podiam ter tido uma ideia melhor do que era o CTIG, e não chegaram a conhecer, sempre havia bastantes esplanadas, cafés, restaurantes, bares, cinema, e o ícone de todas as coisas, o café do Bento, a chamada 5ª Rep, mesmo ali no centro da cidade, ao lado da Catedral de Bissau, do QG da Amura, da Avenida e Praça do Império, e o Palácio do Governo.

Além é claro da vida mundana e obscura, pois era tudo escuro, a maioria das pessoas, e depois quando não havia energia ficava tudo a preto, apenas com a claridade do céu, e era uma coisa bonita de se ver, era uma situação recorrente, todas as noites os geradores da cidade eram desligados umas horas, por falta de combustível.

Não falando, não podia esquecer, as visitas ao famoso Pilão, o imenso ‘Bairro de Lata’ da cidade grande, naquela altura deviam habitar cerca de 200 mil pessoas na sua totalidade. Para além de ser um bairro dormitório, sem nenhuma espécie de condições para uma vida decente, sem água canalizada e sem esgotos ou saneamento, sem energia e luz eléctrica, era tudo ou quase tudo iluminado a candeeiros de petróleo, que cada casa o tinha.

Falar aqui do bairro do Pilão, também designado por Cupilão, é uma tarefa ingrata e brutal para as nossas actuais sensibilidades, eu conhecia tudo aquilo muito bem, tinha uma viatura especial só minha, uma motorizada de 50 cc, que me levava a todo o sítio onde quisesse, sem dependências de nada, de horas de ninguém. Por isso sei do que falo, a maioria pouco ou nada sabe, posso afirmar isso, pois eu estava lá no terreno e contavam-se pelos dedos, os militares que por lá andavam, pois sem transporte, aquilo é uma zona imensa, numa cidade tão pequena, era preciso andar muito naquele labirinto imenso.

Abundava a podridão humana, e vamos chegar a isso, por ali e para sobreviver, muita da população feminina se dedicava à prostituição, gostava mais de falar do negócio do sexo, era um negócio rentável, para quem não tinha mais nada que fazer e sem rendimentos, e tinha uma família para sustentar, pais, irmãos, filhos, avós, sei lá que mais. Não gostava de tratar deste assunto aqui, e duma forma abadalhocada, pois isto carecia de se entender bem a situação social e financeira daquele imenso e desordenado aglomerado urbano, sem nenhumas infraestruturas, das mais elementares.

Todas as ruas de terra batida, com enormes buracos abertos que não se podiam ver, depois as enormes trincheiras ou valas a céu aberto por onde circulavam os esgotos, os montes de lixo que nunca acabavam, os mini mercados a céu aberto carregados de moscas e mosquitos, com um cheiro nauseabundo, a elementar falta de água potável e a sua canalização. Tudo era transportado em baldes à cabeça, de água vinda de uma fonte qualquer, sem haver uma leve certeza de que poderia ser bebida por um ser humano.

Mas apesar de tudo, e talvez por isso, era o lugar mais frequentado por muita tropa, rapazes de 21 e 22 anos, carregados pela solidão, do isolamento do mato meses e meses sem ver uma mulher, branca ou preta. Tinha tanto para contar, mas não é este o tema de agora, ficará para um dia, mais tarde, mas antes teria de se perceber as raízes e as razões de tudo isto.

Voltando a Brá:

Era para lá que se mandavam algumas das tropas acabadas de chegar da Metrópole, ali ficavam a aguardar transporte para os seus locais de destino, feitos normalmente por via fluvial, uma vez que por estrada pouco ou nada havia com condições de circular, mas claro havia as excepções, aqueles que desembarcavam directamente para as Lanchas em direcção aos seus destinos no mato, sem nunca pisarem a terra de Bissau, o chão papel.

Também era para lá que ia parar toda a tropa, vindos dos seus aquartelamentos espalhados pelo CTIG, para o embarque de regresso a casa. Mas também, as tropas em deslocações dentro do território, aguardando que lhes fosse destinado um novo aquartelamento.

Foi isso que aconteceu ao meu Batalhão (BCAÇ 1933), quando regressou de Nova Lamego com chegada a Bissau em 26Fev68, e ficou em regime de quadrícula um mês em Bissau, tendo as suas instalações no Depósito de Adidos de Brá, onde cabia tudo.

Pois ali também iam parar as tropas, e eram muitas, ou que passavam férias em Bissau, ou que estavam em regime de Consulta Externa no HM 241 em Bissau, bem como as tropas que eram evacuadas para Lisboa, e as que regressavam também da metrópole, findo o período de tratamento.

E ainda aqueles que vinham do mato para passar férias na metrópole, ficavam uns dias antes do embarque, e depois no regresso a mesma coisa, até partirem para os seus quarteis.

Quero dizer que era um Quartel – mais propriamente chamado de ‘Depósito de Adidos’ – e por isso haveria sempre um grande movimento neste quartel, chegando os mapas de registo das refeições a ter cerca de 1000 militares, adidos a este Quartel.

Era por isso um enorme aglomerado de grandes barracões, tudo bem organizado, não sei ao certo a quantidade de casernas, mas sei que os refeitórios eram enormes, na hora do almoço e também do jantar, era uma grande confusão, e toda a gente protestava contra a qualidade e quantidade de comida servida.

Durante a estadia do meu Batalhão, no mês de Março de 1968, tive a oportunidade de ver in loco como era aquilo, no dia em que era escalado para o serviço de ‘Oficial de Dia’ e ser o responsável pela boa ordem nesse quartel, em especial nas refeições, pois não eram permitidos ‘levantamentos de rancho’. 

Todas as queixas e culpas de tudo, e a resolução de todos os problemas ficavam a cargo do Oficial e Sargento de Dia. Aquilo era o fim do mundo. Aparecia lá de tudo, brancos e pretos, gente boa educada, mas a maioria estava já ‘marada’ da cabeça e aproveitavam-se para só fazer confusão e descarregar as suas fúrias, legítimas, contra tudo e contra todos. Tive muita dificuldade em lidar com tudo isto, foi uma das razões que me levaram ao HM 241 para fazer uma cura de sono, já não tinha capacidade no fim da comissão para aguentar tanta desordem, pois não conhecia praticamente ninguém por ali.

Estávamos no período de Maio de 69 quando acabo a minha missão e fico sem uma ocupação e mandam-me para os Adidos, que não gostei, faltavam-me 2 meses para regressar a casa.

À noite após o jantar o pessoal podia ir visitar a cidade de Bissau, comer mais, ou apenas embebedar-se, isso era a ordem do dia, está-se mesmo a ver o estilo. O pessoal tinha à sua disposição os camiões militares, que faziam as suas carreiras regulares entre Bissau e Brá, de meia em meia hora, isto até à meia-noite se não me engano.

Eu próprio estive lá no mês de Março de 1968, e mais tarde, após ter terminado a Comissão Liquidatária do meu Batalhão, também fui mandado para lá, e sobre este tema, terei ainda muito que contar. Finalmente a dois meses da minha saída, fui colocado como Adjunto no Conselho Administrativo daquela Unidade fixa, cujos problemas eram enormes.

Eu tinha acabado de sair do Hospital Militar de um internamento de 15 dias na Psiquiatria, e tinha todas as possibilidades de ter regressado antes do Batalhão, como evacuado, o que muita gente conseguiu fazer. Mas eu queria era mesmo regressar com a minha Unidade, e cumprir tudo aquilo com que tinha sonhado, desembarcar de um navio no Cais de Alcântara, depois desfilar naquela marginal, e mais tarde voltar a desfilar nas ruas de Tomar até o RI15, a minha Unidade Mobilizadora, e assim foi tudo feito.

Em relação ao ajuntamento de barracões de madeira de que era composto o imenso terreno de Brá, era tudo muito fraco, construído na maioria em madeira e tapado com folhas de zinco, que transformavam aquele interior numa verdadeira fornalha. As madeiras e as suas brechas, eram ninhos de milhares de baratas, que era a principal população daquelas habitações, e para mim isto foi terrível, pois é o animal que mais me repugna. Nem vou mais falar nisto. Tudo a juntar às nuvens de mosquitos que pairavam por todo o lado.

Sem que fosse o Tema do Poste, desviamos a conversa por locais incontornáveis, como o Pilão, os sítios icónicos da cidade de Bissau, o Hospital Militar, a viagem de regresso, o desfilar pelas ruas de Tomar, e outras divagações.

Desculpem mas quando escrevo não penso no que estou a escrever, a mente manda-me para outros temas e conversas.


II – As Legendas das fotos:

Não tenho grande quantidade de fotos deste Mega aquartelamento. Estive lá no mês de Março de 1968, quando o meu batalhão esteve um mês em Bissau, vindo de Nova Lamego e partindo seguidamente para São Domingos. Neste período apenas fiz fotos na cidade de Bissau, pois havia mais motivos.

No fim da comissão, muito atribulado, só pensava no dia da partida e pouco liguei às fotos, até ao final, no dia do embarque onde realmente consegui imagens que se podem considerar inéditas.

Ficam aqui algumas, para dar uma ideia àqueles que nunca conheceram, como era o Depósito de Adidos de BRA em Bissau, no CTIG, no meio do ano de 1969.


F01 – Na porta de armas do Quartel de Bra, vista de dentro, com a guarita da sentinela e a nossa bandeira nacional. Pode ver-se um Unimog pronto a sair, a estrada do aeroporto está lá, as guaritas e tudo bem arranjado, estradas interiores asfaltadas, muitas plantas e algumas árvores. Foto captada em Bissau, no quartel dos Adidos em Bra, em Junho de 1969.

F02 – O aquartelamento dos Adidos em Brá, visto de fora, da estrada. Tem uma extensão à volta de 1000 metros, de frente para a estrada, e uma quantidade indeterminada de instalações militares. Era tudo em asfalto, e os barracões em madeira e zinco. Era tudo fortificado, com arame farpado a toda a volta, e com Postos de Observação ao longo de todo o Perímetro do Quartel.  Foto captada em Bissau, no quartel dos Adidos em Bra, em Junho de 1969.

F03 – Num barco patrulha, da nossa Marinha de Guerra, na foz do Rio Geba em Bissau. Faltavam poucos dias para a viagem de regresso, mas fui convidado para um almoço no Patrulha, julgo que se chamava o ‘Órion’, sem ter a certeza. Foto captada em Bissau, nos Estaleiros da Marinha, no mês de Julho de 1969.

F04 – Instalações da Casa do Oficial de Dia, com boa localização. Não se pode comentar negativamente, pois tinha o que era preciso, incluindo quarto para descansar e dormir, esplanada, cadeiras, e tudo o mais. Foto captada em Bissau, no quartel dos Adidos em Bra, em Junho de 1969.

F05 – Na minha função de Oficial de Dia, no aquartelamento dos Adidos em Br+a. Normalmente fazia as minhas rondas na minha própria motorizada, quando não tinha Jeep disponível, uma vez que a área a percorrer era grande. Era uma Honda Azul, de 50 cc, que depois quando regressei deixei por lá abandonada.  Pode observar-se a existência de valas abertas fundas, para escoamento das chuvadas diluvianas, quando apareciam. Foto captada em Bissau, no quartel dos Adidos em Bra, em Junho de 1969.

F06 – Um camião com tropa a regressar de Bissau, após saída nocturna. Conforme já disse, existia transporte de meia em meia hora, de Brá para Bissau e regresso, até ao final da noite. Esta noite estava chuvosa, está escuro, a foto não sai bem.  Foto captada em Bissau, no quartel dos Adidos em Bra, em Junho de 1969.

F07 – O interior do CA – Conselho Administrativo, em Brá. Não tenho grandes recordações neste periodo, pois só lá passei menos de um mês, e andava sempre por fora, a tratar de assuntos da minha função. Esta foto foi captada no gabinete, em Março de 68, quando passamos por lá, vindos de Nova Lamego a caminho de S. Domingos. Fotos ainda a preto e branco. Na saída, para a esquerda vai a caminho do aeroporto, e para a direita para Bissau.  Foto captada em Bissau, no quartel dos Adidos em Bra, em 6 de Março de 1968.

Direitos de Autor:

«Propriedade, Autoria, Reserva e Direitos, de Virgílio Teixeira, Ex-alferes Miliciano do SAM.
Chefe do Conselho Administrativo do BCAÇ 1933/RI15/Tomar,  CTIG/Guiné de 21 Set 67 a 04Ago69, Nova Lamego, Bissau e São Domingos,».

Legendadas hoje, em, 2018-09-24

Virgílio Teixeira

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Guiné 61/74 - P19742: Parabéns a você (1614): José Martins Rodrigues, ex-1.º Cabo Aux Enf.º da CART 2716 (Guiné, 1970/72)

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Nota do editor

Último poste da série de 3 de Maio de 2019 > Guiné 61/74 - P19738: Parabéns a você (1613): Eng.º António Estácio, Amigo Grã-Tabanqueiro, natural da Guiné-Bissau e Delfim Rodrigues, ex-1.º Cabo Aux Enf. da CCAV 3366 (Guiné, 1971/73)

sexta-feira, 3 de maio de 2019

Guiné 61/74 - P19741: Agenda cultural (680): "Memórias Boas da Minha Guerra", vol III, de José Ferreira. Lançamento do livro, dia 11 de maio, às 11 h, seguido de almoço, na Tabanca dos Melros, Fânzeres, Gondomar.



Cartaz com a notícia do lançamento do 3º volume de "Memórias Boas da Minha Guerra", da autoria do nosso camarada José Ferreira:

11 de maio de 2019,  sábado, pelas 11h00, na Quinta dos Choupos,  Choupal dos Melros, Fânzeres, Gondomar. com o apoio do Bando do Café Progresso (Porto) e da Tabanca dos Melros. Haverá a seguir almoço (preço: 17,5 euros). Marcações: telef 224 890 622 | telem 919 830 113.


José Ferreira
O José Ferreira da Silva (ex-Fur Mil Op Esp da CART 1689/BART 1913, , Catió, CabeduGandembel e Canquelifá, 1967/69) é um dos "bandalhos" do Bando do Café Progresso (, de que o "chefe",o "bandalh-mor" , é o Jorge Teixeira).  Tem mais de 120 referências no nosso blogue.

O editor do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné  escreveu o texto de síntese sobre o livro, que se reproduz abaixo.


Ficha ténica

Título: Memórias boas da minha guerra vol III
Autor: José Ferreira da Silva
Data de publicação: Abril de 2019
Editora: Chiado Books
Local: Lisboa
Número de páginas: 330
ISBN: 978-989-52-5458-3
Colecção: Bíos
Idioma: PT
Preço: 15,00 € (papel) | 3,00 € (ebook)

Sinopse

Quando um homem, nascido em 1943, no concelho da Feira, começa a trabalhar aos 10 anos, na indústria corticeira, para passar depois, na Guiné, na guerra colonial, “os dois anos mais importantes da sua vida”, entre 1967 e 1969, vivendo e trabalhando ainda em Angola até 1974, que memórias é que pode ter e escrever?

Boas e más... Este é o III volume das “Memórias Boas da Minha Guerra”, e que vem consagrar o José Ferreira como escritor de talento, dentro de uma fileira literária, a da caricatura, da sátira, do burlesco e do humor, que, na nossa língua, tem cultores que remontam às cantigas de escárnio e maldizer e ao Gil Vicente, passando pelo Bocage, o Camilo, o Eça de Queiroz, o Bordalo Pinheiro...

A história repete-se duas vezes: primeiro como tragédia, depois comédia... O autor pertence à geração da comissão liquidatária do império. Aqui não vamos encontrar os Gamas, os Cabrais, os Albuquerques..., os nossos “grandes” de Quinhentos... Mas tão apenas a “arraia miúda”, os “últimos soldados do império”, os “periquitos, maçaricos e checas”, os homens (e as mulheres) nascidos no Estado Novo, os “pequenitaites”, os “bandalhos”, os “badalhocos”, não os “heróis” (que, esses, são mais do que homens, menos que deuses). São os Zequitas, os Bolinhas, os Berguinhas, os Michéis, os Mohammed, os Necas, as Candidinhas, as Laidinhas, as Luisinhas, os Arturinhos, os Ruizinhos, os Heróis de Maiombe... , mas também os Zé Manéis dos Cabritos, os Silvas, os Ferreiras... Essa, sim, é a verdadeira humanidade que é a matéria-prima destas histórias, onde também há ideais de expiação, autossacrifício e santidade: “Não digas nada, porque prometemos segredo, mas ele [o alferes], durante uma emboscada lá no norte [, em Angola], em que nossos colegas foram mortos e esquartejados, prometeu casar com uma prostituta, no caso de se salvar.”

O José Ferreira tem o grande talento de saber pegar... no «material» com potencialidades humorísticas e construir com ele uma pequena grande história. Ele tem, como poucos, o sexto sentido do burlesco. Por burlesco, entenda-se «aquilo que incita ao riso por ser ridículo»... E foi o sentido do burlesco que, de certo modo, nos ajudou, a muitos de nós, a salvar a nossa sanidade mental no teatro de operações da Guiné... O problema é que poucos de nós têm o talento do José Ferreira de saber contar, por escrito, estas histórias pícaras sem cair... na pilhéria fácil, no mau gosto ou no «hard core»!

Sem ofensa para os combatentes que morreram ou que ficaram com marcas para o resto da vida, naquela maldita guerra, esta é também a geração do “sangue, suor e lágrimas... e barrigadas de riso!”... Ninguém como o José Ferreira para apanhar e contar uma boa história (muitas vezes hilariante), de guerra, ou a montante e a jusante da guerra... São histórias que também poderiam ser fábulas, “contos morais”, com “mu(o)ral ao fundo”, e em que, neste caso, os animais emprestariam a voz aos homens... Mas, não, o criador recusa-se a julgar as suas criaturas, a não ser pelo riso que provoca no leitor...

Luís Graça, editor do blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné

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Nota do editor:

Último poste da série > 12 de abril de 2019 > Guiné 61/74 - P19672: Agenda cultural (679): Lançamento do livro "A Minha Guerra a Petróleo", da autoria de António José Pereira da Costa: A25A, Rua da Misericórdia, 95, dia 17 de abril de 2019, 4ª feira, às 17h30. Apresentação: Carlos Matos Gomes

Guiné 61/74 - P19740: XIV Encontro Nacional da Tabanca Grande (9): mais 4 camaradas que vão estar connosco em Monte Real, em 25 de maio próximo: António Estácio, Hélder Sousa, Maria Arminda Santos, Rui Guerra Ribeiro...


Leiria > Monte Real > Palace Hotel Monte Real > X Encontro Nacional da Tabanca Grande > 18 de abril de 2015 > Dois guineenses de alma e coração, que voltam a estar presentes, em 2019, no nosso Encontro Navcional

(i) O cor inf ref, Rui Guerra Ribeiro, filho o intendente Guerra Ribeiro (no tempo de Spínola), e administrador de Bafatá (o homem que construiu a piscina de Bafatá, a "princesa do Geba");

(ii) e o António Estácio, escritor...

Ambos têm costela transmontana: o António Estácio, filho de transmontanos, nasceu em Bissau e estudou no Liceu Honório Barreto, tendo mais tarde tirado em Coimbra o curso de engenheiro técnico agrícola; o Rui Guerra Ribeiro foi levado com escassos meses para Guiné onde o pai fez a carreira de administrador, estudou na metrópole, da 4ª classe ao 5º ano do liceu, voltou à Guiné, voltou a Portugal para fazer a academia militar, foi capitão da 15.ª CCmds, em Angola, onde foi ferido num braço; voltou à Guiné, para se recuperar; foi Ajudante de Campo do último Governador e Comandante-Chefe Bettencourt Rodrigues... 

Está convidado, desde 2015 (!|), para integrar o nosso blogue e tem histórias para contar do dia, o 26 de abril, em que o MFA de Bissau tomou de assalto a fortaleza de Amura e destitui o Com-Chefe... Diz - me ele que a história está mal contada e promete esclarecer alguns pontos do que se passou nesse dia... Pode ser que seja agora, e, 2019...


António [Júlio Emerenciano ] Estácio, [, foto à esquerda, V Encontro Nacional da Tabanca Grande, Leiria, Monte Real, 2010 ] 

(i) é luso-guineense, nascido em 1947, e criado no chão de Papel, em Bissau, com raízes transmontanas, tendo vivido também em Bolama;

(ii) formou-se como engenheiro técnico agrário (Coimbra, 1964-1967, Escola de Regentes Agrícolas, onde foi condiscípulo do Paulo Santiago), depois de frequentar o Liceu Honório Barreto;

(iii) fez a tropa (e a guerra) em Angola, como alferes miliciano (1970/72);

(iv) trabalhou depois em Macau (de 1972 a 1998);

(v) vive há duas décadas em Portugal, no concelho de Sintra;

(vi) é membro da nossa Tabanca Grande desde maio de 2010;

(viii) tem-se dedicado à escrita, dois dos seus livros mais recentes narram as histórias de vida de duas "Mulheres Grandes" da Guiné, a cabo-verdiana Nha Carlota (1889-1970) e a guineense Nha Bijagó (1871-1959);

(ix) o seu livro mais recente (2016, 491 pp.), de temática guineense, tem como título "Bolama, a saudosa", edição de autor;

(x) tem mais de meia centenas de referências no nosso blogue; dele publicámos, por exemplo,em cinco postes,  uma  comunicação feita no âmbito da V Semana Cultural da China, de 21 a 26 de janeiro de 2002 (*)



Leiria, Monte Real > Palace Hotel Monte Real > XII Encontro Nacional da Tabanca Grande > 29 de abril de 2017 > Da esquerda para a direita, a Giselda, a Maria Arminda Santos (que veio pela primeira vez a um encontro nacional da Tabanca Grande) e a Maria de Lurdes (de perfil) (, esposa do nosso camarada Jorge Canhão). Tanto a Giselda como Lurdes são veteranas destas andanças.

A Arminda volta a estar connosco este ano, presumimdo eu que venha, como de costume,  com o régulo da Tabanca de Setúnal, o Hélder Sousa.

Foto: © MIguel Pessoa (2017). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].


Leiria >  Monte Real > Palace Hotel Monte Real > XII Encontro Nacional da Tabanca Grande > 29 de abril de 2017 > Os dois setubalenses, o nosso colaborador permanente Hélder Sousa, régulo da Tabanca de Setúba,  e a Maria Arminda, "periquita" no nosso Encontro.

Foto (e legenda);  © Luís Graça (2017). Todos os direitos reservados. [Edição:  Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].


A Maria Arminda  [Santos] tem mais de 4 dezenas de referências no nosso blogue. Esteve  na Guiné em 2 comissões. É capitão enfermeira paraquedista ref. Nasceu e vive em Setúbal, terra onde foi homenageada o ano passado (**). É da Escola Superior de Enfermagem São Vicente de Paulo.


Guiné > Bissalanca >  BA12 > s/d> Ds esquerda para a direita, a Maria Arminda, a Maria Zulmira André (falecida em 2010) e a Júlia Almeida (, falecida em 2017). 

 Foto de cronologia do Facebook da Maria Arminda Santos. (Reproduzida aqui com a devida vénia...).


Hélder Valério de Sousa (ex-Fur Mil de TRMS TSF, Piche e Bissau, 1970/72) não precisa de apresentação... Nosso colaborador permanente, tem cerca de centena e meia de referências no nosso blogue. 

É o regulo da Tabanca de Setúbal... Engenheiro de formação... É bom, voltar a vê-lo em Monte Real (***).
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(...) Setúbal reconheceu e condecorou Arminda Santos como cidadã de grande relevo nacional, ela que foi a primeira paraquedista militar como enfermeira na Guerra Colonial. Andámos na mesma guerra em Angola nos anos de 1961 a 1963, mas por sorte e por ter uma saúde de granito do Alto Minho, mais exatamete da terra onde começou a nascer Portugal, só precisei de seguir o exemplo da sua coragem. Esperemos agora que lhe seja atribuída uma rua com o seu nome nesta cidade que a viu nascer e ainda por cá vive aos 81 anos... (...)

(***) Último poste da série > 2 de maio de 2019>  Guiné 61/74 - P19737: XIV Encontro Nacional da Tabanca Grande (8): Data-limite para inscrições: próximo dia 10 de maio, sexta-feira... Está a ser enviado lembrete, por email, para os retardatários...

Guiné 61/74 - P19739: Notas de leitura (1174): Missão cumprida… e a que vamos cumprindo, história do BCAV 490 em verso, por Santos Andrade (4) (Mário Beja Santos)



1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 6 de Fevereiro de 2019:

Queridos amigos,
Digamos que até agora Santos Andrade tomou comboio e foi para a recruta, diz ter penado em Mafra e Estremoz, aqui formou companhia, queixa-se da alimentação, uma grande fomeca, agora a sua história do BCAV 490 já ganhou sentido coletivo, chegara a hora da abalada, tudo se vai passar na gare marítima, ou em Alcântara ou na Rocha da Conde de Óbidos, uma cenografia de dor com lágrimas e lenços brancos.
É uma temática que provoca uma atração irresistível a muitos autores, é compreensível, trata-se de uma viagem inigualável, as praças no porão, oficiais e sargentos com direito a beliches e refeições à mesa.
Simbolicamente, desatara-se o nó aos veios familiares, todos os embarcados caminham para um destino, vai florescer um sentido coletivo, o viver aquartelado, as expetativas da picada, o soco do estômago da emboscada. Aquela viagem de barco desata mas ainda não ata, de um modo geral, é com aqueles que vão junto de nós que se passará a missão ou a comissão, as relações mudam, estamos cada vez mais próximos uns dos outros, até chegar à estufa da Guiné.

Um abraço do
Mário


Missão cumprida… e a que vamos cumprindo (4)

Beja Santos

“Missão Cumprida”, de Santos Andrade, é a história em verso do BCAV 490. Foi composto e impresso na Tipografia das Missões, Guiné Portuguesa, em julho de 1965. Ficou insatisfeito com tudo quanto se passou em Mafra, com a sua comida intragável. Temo-lo agora em Estremoz, veio formar companhia, não esconde sofrimentos e amarguras, até ao embarque:

“Cheguei ao campo de Estremoz
Já estava mobilizado
e penei muito nesse verão
para ser bem preparado.

Entrei no aquartelamento
e nem sequer aqueci lugar:
tive logo de abalar
para outro acampamento.
Deram-me todo o equipamento
e um prato de feijão com arroz.
UMA GMC se pôs
a caminhar pela estrada fora,
e em pouco mais de um quarto de hora
cheguei ao campo de Estremoz.

Foi ao pé de uma tapada
que nós viemos acampar
onde nos íamos lavar
todos os dias de madrugada.
A água estava estragada
de se urinar por todo o lado.
Eu como era soldado
isso tudo também fazia
e como de certo sabia
já estava mobilizado.

Aqui nesta cavalaria
Fiz coisas que eu não supunha.
O Tenente Roque da Cunha
era o comandante da Companhia
Fez-nos andar com uma Bateria
e uma unidade de alimentação.
Foi nas vésperas de S. João
Que eu sofri essa amargura.
No pé fiz uma ranhura
E penei muito nesse verão.

Quando o Tenente falava,
já ninguém mais se mexia,
contra ele não se piava
e ele não se importava
de tudo andar estafado.
O homem é arrojado
Como ele não deve haver.
Eu fartei-me de sofrer
para ser bem preparado.

Hei de voltar qualquer dia,
está na hora da partida
O barco deu três apitos
para fazer a despedida.”

Vamos hoje despedir-nos de “O Pé na Paisagem”, de Filipe Leandro Martins. Ele vai para Tavira, chegara a hora da especialidade:  
“A cidade cheirava a podre, o bafo das salinas abandonadas permanecia sobre as ruas e as casas e, quando havia nevoeiro, baixava ao nível do chão, atravessava as portas e instalava-se connosco dentro das roupas. E foi assim mesmo, bafejante, que a cidade algarvia nos recebeu quando saltámos da Berliet para o empedrado escorregadio em frente do quartel de portões cerrados àquela hora”.

Deixa-nos igualmente um belo texto sobre as botas engraxadas, não tem igual:  
“Os dois pares que tínhamos iam sempre brilhar nas formaturas, nas revistas, nas chamadas. Quando as recebíamos elas vinham tão grosseiras que era difícil amaciar-lhes o pelo, bebiam frascos de tinta e latas de graxa, aguentavam escovadelas dementes, duras de roer. Alguns havia que passam o fim de semana a dar-lhes pomada e a queimar-lhes o pelo e mandavam-nas ao sapateiro para sofrerem tratamentos de especialista. Outros passavam o dia à volta dos dois pares, sentados no chão. Eram engraxadores de coração, a graxa entrara-lhes na alma através dos dedos, o prazer que tinham era mirarem-se no espelho das botas. A bota do miliciano, passados os meses do curso, brilhava que era um regalo, impermeabilizada por camadas sucessivas de graxa negra, aguentava poeira, água, lama, era impossível esfolá-la e para limpá-la de uma marcha através de salinas bastava regá-la com a mangueira das cozinhas para pô-la de novo cintilante. O couro selvagem da bota fora domesticado”.

O autor, já cabo-miliciano, vai formar batalhão, dão entrada os oficiais e os furriéis, e depois chega a hora de entrarem as praças às fornadas:  
“Chegaram então. Vimo-los, pequenos e alegres, vivaços quase todos e habituados à tropa por três meses passados num velho quartel do norte e eles eram quase todas das Beiras e de Trás-Os-Montes, arrancados à montanha onde a vida os ensinara desde os primeiros anos à frugalidade e à dureza da servidão no trabalho, habituados a espantar os medos das encruzilhadas, de varapau em riste, vimo-los chegar, invadir a parada e as casernas, encher de som o nosso mundo que tomara entretanto a paz da rotina. Mas eles não vinham importunar, embora nos preocupasse um pouco a perspectiva de levantar de novo todos os dias de manhã para as formaturas, os exercícios todos os dias, aulas, trabalho. A novidade que traziam, porém, apagava essas apreensões e dispusemo-nos a ajudar a distribuí-los pelas novas companhias.
No fim da instrução levávamos a maralha ao banho, uma tortura para grande parte dos que sabiam apenas encharcar a cabeça de água, molhar abundantemente os braços, lavar-se assim tradicionalmente, soprar a água, sacudir os pingos no ar da manhã. Havia os que tinham vergonha, apareciam de calção de banho, tomavam duche de cuecas, os que riam e apontavam as pichas dos outros, os que gritavam quando a água os apanhava em cheio e tínhamos de empurrar para debaixo do chuveiro e se zangavam, ensaboando finalmente o desespero e as lágrimas com sabão azul e branco. À noite, a caserna deles, silenciosa na treva espessa, não desistia de transpirar o pivete entranhado nas roupas por entre os corpos que descansavam”.


Tomemos agora como referência a obra de João de Melo “Os Anos da Guerra”, que teve duas edições, uma do Círculo de Leitores e Publicações Dom Quixote, em 1988, e outra posterior, também de Publicações Dom Quixote, a edição Dom Quixote trazia apresentações de Joaquim Vieira.
Em termos antológicos, ir-se-á falar da gare marítima de Alcântara, mas antes dá-se espaço à preparação militar, ali surge a esplêndida obra de Filipe Leandro Martins, a instrução tirada de um livro de Álvaro Guerra, também a preparação em termos quase surrealistas de um livro de José Martins Garcia, agora estamos na gare marítima, e deixamos para o próximo número um belo trecho de Álamo Oliveira extraído do seu livro “Até Hoje (Memória de Cão) ”, de 1987, assim se procura acompanhar Santos Andrade a par e passo.

(continua)
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Notas do editor:

Poste anterior de 26 de abril de 2019 > Guiné 61/74 - P19719: Notas de leitura (1172): Missão cumprida… e a que vamos cumprindo, história do BCAV 490 em verso, por Santos Andrade (3) (Mário Beja Santos)

Último poste da série de 29 de abril de 2019 > Guiné 61/74 - P19728: Notas de leitura (1173): Um luso-cabo-verdiano que amou desmedidamente a Guiné (3) (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P19738: Parabéns a você (1613): Eng.º António Estácio, Amigo Grã-Tabanqueiro, natural da Guiné-Bissau e Delfim Rodrigues, ex-1.º Cabo Aux Enf. da CCAV 3366 (Guiné, 1971/73)


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Nota do editor

Último poste da série de 1 de Maio de 2019  > Guiné 61/74 - P19732: Parabéns a você (1612): José Carlos Neves, ex-Soldado TRMS do STM/CTIG (Guiné, 1974) e Manuel Luís Lomba, ex-Fur Mil Cav da CCAV 703 (Guiné, 1964/66)

quinta-feira, 2 de maio de 2019

Guiné 61/74 - P19737: XIV Encontro Nacional da Tabanca Grande (8): Data-limite para inscrições: próximo dia 10 de maio, sexta-feira... Está a ser enviado lembrete, por email, para os retardatários...




XIV ENCONTRO NACIONAL DA TABANCA GRANDE, LEIRIA, MONTE REAL, PALACE HOTEL MONTE REAL,
 SÁBADO, 25 DE MAIO DE 2019 




1. Os implacáveis homens da "comissão organizadora, dizem-nos que a data-limite para inscrições no XIV Encontro Nacional da Tabanca Grande é... 

10 de Maio, sexta-feira da próxima semana. 

Por razões óbvias, de gestão e logística, o hotel tem que preparar o evento e saber  qual o número de comensais...

Portanto, camaradas e amigos que ainda não se inscreveram, toca a apressarem-se... (*)


2. Lembrete que estamos a mandar à malta da Tabanca Grande que está na nossa "mailing list", todos os dias, por grupos de 50, e ordem alfabética.


Caros/as amigos/as e camaradas da Guiné:


Por razões técnicas, há muito que não tenho comunicado convosco, diretamente, por email. É possível que alguns dos endereços de email que constam da base de dados da Tabanca Grande, estejam desatualizados ou inativos. E que  a nossa lista esteja inclusive incompleta.

Espero que estejam bem de saúde. Contacto-vos porque alguns de vocês gostariam, por certo, de estar (ou poder estar) connosco em Monte Real, sábado, dia 25 de maio. Nem todos saberão do evento, 
que está a ser divulgado pelo nosso blogue e pelo Facebook desde fevereiro passado (**).

Esta é a 14ª edição do nosso Encontro Nacional. 


O nosso Encontro Anual é uma forma de nos conhecermo-nos, pessoalmente e de, ao vivo, podermos continuar a fazer o trabalho que fazemos todos os dias no blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné, de partilha de memórias e de afetos à volta da Guiné e das nossas comissões de serviço, enquanto militares, entre 1961 e 1974. 

A Tabanca Grande conta já com um número notável de membros, que deverá atingir os 800 no fim do ano. Infelizmente, há já 72 amigos e camaradas que a morte levou nestes últimos 15 anos da existência do blogue.

O encontro será no Palace Hotel Monte Real, a partir das 10h00. Monte Real é um excelente ponto de encontro, equidistante do norte e do sul, do leste e do oeste. E com fáceis acessos. Teremos a manhã e a tarde para conviver. 


Por 35 "morteiradas", temos entradas + almoço + lanche ajantarado. E quem quiser pode ficar no hotel (que é de 4 estrelas), por um preço especial para nós.

Já fizemos 13 encontros, desde 2006, com um total de cerca de 1800 participantes (média anual: c. 130). Este ano esperamos pelo menos uma centena de amigos e camaradas da Guiné, mas temos capacidade para receber outros 100. (A lotação máxima da sala é 200 lugares sentados.)

Comissão organizadora: Carlos Vinhal, Joaquim Mexia Alves, Luís Graça e Miguel Pessoa.


Inscrições:

(i) Carlos Vinhal (Leça da Palmeira / Matosinhos): email: carlos.vinhal@gmail.com | telemóvel: 916 032 220

(ii) ou Luís Graça (Lourinhã): email: luis.graca.prof@gmail.com | telemóvel: 931 415 277.

Para saber mais, vd. o 1º poste da série, publicado em 12/2/2019  (*).


Um alfabravo fraterno, Luís Graça, em nome da Comissão Organizadora


PS1 - Sintam-se à vontade para dizer na volta do correiro: 


(i) estou vivo/a;

(ii) gostaria de poder ir mas não posso; 

(iii) decidamente não vou;

(iv) talvez possa ir:

(v) decididamente vou... 

Responder é também uma forma de "prova de vida"...


PS2 - Infelizmente, os vossos endereços não podem ir em BBC 
...  Mas, por favor, não usem a lista que vos envio, para outros fins (ela é apenas interna, para uso exclusivo da Tabanca Grande).
__________________

Nota do editor:

Guiné 61/74 - P19736: (Ex)citações (352): In illo tempore, o Alferes José Cravidão, no CISMI de Tavira (Manuel Luís Lomba, ex-Fur Mil da CCAV 703 / BCAV 705, Bissau, Cufar e Buruntuma, 1964/66)


Quartel da Atalaia - Vista geral, 2010
Com a devida vénia a Património Cultural


1. Mensagem do nosso camarada Manuel Luís Lomba (ex-Fur Mil da CCAV 703/BCAV 705, Bissau, Cufar e Buruntuma, 1964/66) com data de 1 de Maio de 2019:


In illo tempore:

Em que a nossa servidão ao Exército Português foi iniciada no CISMI, Tavira, sujeitos de tratamento abaixo de escravos, os seus oficiais da AM eram da “geração de Abril”, e, quase seis décadas passadas, lembramos alguns e evocamos o malogrado e então alferes José Cravidão[1].

O CISMI de Tavira foi o maior viveiro de sargentos da guerra ultramarina, não só do EP, mas também dos Movimentos de Libertação, lembro-me do monitor e inefável furriel “charrua” Jorge Tembe, que foi ministro da Agricultura do primeiro governo da FRELIMO.

A segunda incorporação de 1963 arregimentou cerca de 1500 mancebos, dos quatro cantos de país, distribuídos por 4 Companhias de Instrução, comandadas pelos tenentes, Dias Pinto (miliciano), que transitará para Comandante da Guarda-Fiscal na fronteira de Vila Real de Santo António, Bernardo, que passará do posto de comando na Pontinha do MFA para perseguido deste, Serro, com prestação na descolonização de Angola e Branco, de quem perdi o rasto.

A instrução era ministrada por cerca de 20 alferes da AM [Academia Militar], logo durões, exigentes e até sadistas, e a caserna tributou alcunhas a quatro dos que mais que se distinguiam: o Cadete era o “Patilhas”, o Simões era o “Bem-amado”, o Portugal era o “Cagarim” e o Cravidão era o “Escravidão”, esta mais por metafonia que pelo seu perfil.

O nosso trabalho, tão duro e exigente, isento de horário, dia e noite, era correspondido com péssimo passadio, a raiar a fome, e só não chegamos à subnutrição, a esqueletos humanos, graças ao “negócio” da cantina regimental e às idas aos tascos da cidade que, na circunstância, também não nos correspondia com a melhor hospitalidade.

Os programas da instrução eram comuns, era-se sargento ou oficial consoante a escolaridade formal de cada um, 2.º e 3.º ciclo liceal, respectivamente.

Além da Ordem Unida e da Ginástica de Aplicação Militar, éramos dia e noite industriados em Organização Militar – Táctica Geral – Combate – Protecção contra ataques aéreos, forças aerotransportadas, blindados e ABQ – Armamento - Tiro – Organização do Terreno – Topografia – Informações – Transmissões – Higiene – Escrituração Militar.

E ficamos versados em todas estas matérias em 4 meses! Houve poucos chumbos, teremos sido os melhores do mundo – e massivamente! Haja em vista que Hitler foi comandante-chefe das FA da poderosa Alemanha e o maior patrão da II Guerra Mundial, andou 5 anos na tropa e não passou de 1.º cabo R/D…

No referente ao passadio, o grão-de-bico chegava à boca do caldeirão autoclave em sacos de juta dependurado num cadernal, levantava uma nuvem de pó enquanto era esvaziado e por regra era servido cru; as batatas eram descarregadas aos sacos em máquinas de descasque, praticamente podres; o feijão e arroz tinham gorgulho (bichos) e este era servido como argamassa. Mas o café da manhã e o casqueiro eram aceitáveis

Os sanitários eram formados por uma bateria de bacias turcas de grés, de noite a parada era atravessada por fantasmas em pelote para os frequentar e só eram limpas e desinfectadas a creolina quando a imundice fisiológica passava da porta de acesso ao espaço. Num contexto de sururu em surdina, um lavatório colectivo amanheceu com a válvula entupida e com um grande “cagalhão” flutuante e anónimo. O alferes Cravidão estava de oficial de dia, soubemos ter posto água na fervura, a companhia mereceu o epíteto de “Companhia do Cagalhão”, mas escapou ao castigo colectivo.


José Cravidão,

alf inf
O acesso ao refeitório era por turnos e em fila indiana, havia um lavatório colectivo junto do portão de entrada, eu e outro demos conta que um brincalhão metera lama nas nossas chávenas polivalentes de alumínio, que levávamos dependurada no cinturão e saímos da fila para os lavar. O oficial de dia era o alferes Cravidão, regressado de lua-de-mel, mais calmo e sereno, a conduzir um Simca 1000, de design arredondado e novinho em folha, estava de olho em nós e ordenou, com o seu peculiar sorriso, a descair para o cínico:

- Oh, “funcionários”! Tu, tu e tu venham aqui ao paizinho. Quem os autorizou a sair da fila?

Deixou-nos pregados ao chão e já toda a gente comia quando, dando-nos o seu recado, no sotaque alentejano mais autêntico.~

- Para a próximas ides comer “raspas de cornos”!

Se tivesse acontecido com o “Patilhas”, este não perdoaria a ida e volta em cambalhota em frente, do refeitório, junto a porta da Atalaia à Porta de Armas.

O tradicional juramento de caserna de “juro e jurarei, que ao pré e ao rancho nunca faltarei”, não funcionava no CISMI desse tempo.

Enquanto soldados-instruendos, percebíamos o pré de 40$00. No primeiro mês não só não recebemos como tivemos de pagar 2$50; no segundo mês, idem, e tivemos de pagar 1$00. Éramos a flor da Nação, sem a condição de escravos, mas no tempo da escravatura legal, o dono do escravo podia passar privações, mas ele era alimentado de 3 em 3 horas, por exigência da produção. Só pagava com o corpo; não pagava mais nada!

O comandante elitista foi rendido pelo major Cardeira da Silva, ex-prisioneiro da invasão da Índia Portuguesa - e tudo mudou rapidamente, para melhor, não só fomos logo reembolsados do que nos fora sonegado e cobrado, como também passamos a receber 60$00 mensais, e seremos aumentados para 90$00, após a promoção a cabos milicianos. [90 escudos, em 1963, equivaleria a 38 euros, a preços de hoje.]

Soubemos que os relatórios de oficial de dia do alferes Cravidão tinham influenciado essa melhoria.

Descansa em paz, malogrado Capitão José Cravidão!

Manuel Luís Lomba
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Nota do editor

[1] - Vd. poste de 26 de abril de 2019 > Guiné 61/74 - P19718: In Memoriam: Os 47 oficiais oriundos da Escola do Exército e da Academia Militar mortos na guerra do ultramar (1961-75) (cor art ref António Carlos Morais da Silva) - Parte XXII: José Jerónimo Silva Cravidão, cap inf, cmdt CCAÇ 1585 (Nema e Farim, 1966/68) (Arraiolos, 1942 - Bricamal / Farim, Guiné, 1967)... Morreu, heroicamente, em combate, no dia em que fazia 25 anos... Ninguém lhe deu uma condecoração, por mais singela que fosse.

Último poste da série de 6 de março de 2019 > Guiné 63/74 - P19557: (Ex)citações (351): Manel Pereira, amigo e camarada. Reencontro em Monte Real. (José Saúde)