Amadora > Academia Militar > 1963 > Caderes do curso de Gertrudes da Silva
Gertrudes da Silva (19943-2018),
nosso grã-tabanqueiro nº 779, a título póstumo. Foto Lusa / DR
(com a devida vénia)
(com a devida vénia)
O Capitão Gertrudes da Silva, Cmdt da CÇAÇ 2781. (Guiné, 1970/72).
Foto: © Gertrudes da Silva (2008). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
1. Mensagem do nosso coeditor, jubilado, Virgínio Briote, com data de 11 do corrente, respondendo a uma mensagem do nosso editor LG:
Data: quinta, 11/10/2018 à(s) 21:46
Assunto: Gertrudes da Silva (1943-2018)
Era um tipo fora da corrente dos cadetes do princípio dos anos 60.
Data: quinta, 11/10/2018 à(s) 21:46
Assunto: Gertrudes da Silva (1943-2018)
Era um tipo fora da corrente dos cadetes do princípio dos anos 60.
Entrou para a Academia em 1963, um ano depois de mim. Com formação católica, julgo que frequentou um seminário na zona de Viseu, era um jovem de hábitos sóbrios, com carácter, estudioso e atento aos tempos que se viviam.
Não foi surpresa saber que tinha tido participação activa no 25 de Abril. Comandou a companhia que saiu de Viseu, e com as forças de Aveiro e Figueira da Foz,. assenhoreou-se do Forte de Peniche.
Além do papel que desempenhou em 1974, Diamantino Gertrudes da Silva dedicou-se à escrita, publicando, entre outros, "Deus, Pátria e... A Vida", "A Pátria ou a Vida" e "Quatro Estações em Abril".
A sombra da Guerra [, esteve em Angola e na Guiné, ] pairou numa boa parte das obras que escreveu.
Abraço, Luís.
V.Briote
2. Testemunho do Carlos Matos Gomes (*):
Abraço, Luís.
V.Briote
2. Testemunho do Carlos Matos Gomes (*):
(...) O Diamantino morreu ontem. Nasceu em 1943, na Beira Alta, em Moimenta da Beira. Filho de gente humilde – não se trata de neo-realismo – frequentou o seminário e depois a Academia Militar, onde entrou em 1963. Conheci-o ainda de missal, expressão séria, a sair da caserna para ir à missa. Eu, três anos mais novo, já agnóstico. Nunca falámos de religião, de deuses, de salvação. Respeito. Ele infundia respeito, mesmo quando acreditava no que me merecia radicais oposições: eu dispensava a ideia de Deus, ele ainda a respeitava, não como amparo pessoal, mas como instância de justiça, julgo.
(...) O Diamantino formou-se em História, em Coimbra. Ele, e um outro destes capitães, também já desaparecido, o Monteiro Valente. Conheci-os, relacionei-me com eles como mais um privilégio que a vida me concedeu. O Monteiro Valente foi o único (julgo) capitão que teve de disparar a sua arma para impor o 25 de Abril numa unidade militar! (...)
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Lisboa >Sociedade de Geografia > 6 de março de 2008 > O João Parreira e o Artur Conceição, do BArt 733 (Mansoa, Bissorã, Farim, Cuntima, Jumbembem, Canjambari, 1964/66), em primeiro plano na cerimónia de apresentação do Diário da Guiné, do M. Beja Santos. Na 2ª fila, o coronel Diamantino Gertrudes da Silva (sorridente).
Foto: © Mário Fitas (2008). Todos os direitos reservados. [Edição e comentário: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
3. Comentário o editor LG:
Escrevi, logo no dia 11, ao Virgínio Briote:
(...) Virgínio: lamento a morte de mais um camarada e amigo teu, dos tempos da Academia... Não o conheci pessoalmente, mas há postes teus e dele no nosso blogue... Que achas se o integrarmos na Tabanca Grande, a título póstumo ? (...) Ele teve alguma interação connosco (...), e comandou a CCAÇ 2781 (Bissum, 1970/72) (...)
O Gertrudes da Silva tem 8 referências no nosso blogue. Infelizmente não tínhamos, até à data, nenhum representante desta companhia no nosso blogue.
Ora ele foi (e é) antes de mais um camarada nosso, comandante operacional no TO da Guiné... E mais: tem, pelo menos, duas intervenções no nosso blogue. Apresentou o livro do Beja Santos, "Diário da Guiné", em 6 de março de 2008, na Sociedade de Geografia. (**). Perdi então a oportunidade de o conhecer pessoalmente: nessa semana eu estava na Guiné-Bissau.
O Gertrudes da Silva considerava, aliás, de pleno direito, este blogue como o "nosso blogue" (***). Certamentr por lapso, não foi convidado nessa altura para integrar a nossa Tabanca Grande. Entra, agora, a título póstumo, com o nº 779 (****).
Vivia em Viseu. Publicou quatro obras, editados Palimage, a últma, em 2011, "Tempos sem Renissão". Esta última aparece após a publicação, entre 2003 e 2007, de uma trilogia que percorre a Guerra Colonial portuguesa e a Revolução do 25 de Abril de 74, com os títulos: "Deus, Pátria e... a Vida" (2007); "A Pátria ou a Vida" (2005); "Quatro Estações em Abril" (2003).
O Gertrudes da Silva considerava, aliás, de pleno direito, este blogue como o "nosso blogue" (***). Certamentr por lapso, não foi convidado nessa altura para integrar a nossa Tabanca Grande. Entra, agora, a título póstumo, com o nº 779 (****).
Vivia em Viseu. Publicou quatro obras, editados Palimage, a últma, em 2011, "Tempos sem Renissão". Esta última aparece após a publicação, entre 2003 e 2007, de uma trilogia que percorre a Guerra Colonial portuguesa e a Revolução do 25 de Abril de 74, com os títulos: "Deus, Pátria e... a Vida" (2007); "A Pátria ou a Vida" (2005); "Quatro Estações em Abril" (2003).
Entre outras condecorações, foi agraciado com a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade, em 1/10/1985, pela sua participação no Movimento do 25 de Abril de 1974.
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Notas do editor:
(*) Vd. poste de 11 de outubro de 2018 > Guiné 61/74 - P19089: In Memoriam (330): Diamantino Gertrudes da Silva (1943-2018), ex-comandante da CCAÇ 2781 / BCAÇ 2927 (Bissum, 1970/72), "capitão de Abril", escritor (Carlos Matos Gomes)
(*) Vd. poste de 11 de outubro de 2018 > Guiné 61/74 - P19089: In Memoriam (330): Diamantino Gertrudes da Silva (1943-2018), ex-comandante da CCAÇ 2781 / BCAÇ 2927 (Bissum, 1970/72), "capitão de Abril", escritor (Carlos Matos Gomes)
(...) Texto base da intervenção do Coronel Diamantino Gertrudes da Silva na apresentação do Diário da Guiné, do Mário Beja Santos.
O Coronel D. Gertrudes da Silva, ele próprio escritor de crónicas de Guerra, teve a ambilidade e deu-nos o gosto não só de estar presente mas também de responder à solicitação que lhe foi feita para enquadrar a Guerra da Guiné no contexto da Guerra Colonial. (...)
por Gertrudes da Silva, coronel reformado
(...) Profissionais ou não, voluntários ou obrigados, nós, os militares, cumprimos a parte que nos cabia, que era a de dar tempo e margem de manobra aos políticos para que resolvessem a Questão Colonial.
(...) Com um Regime orgulhosamente só (lá fora e cá dentro), com 40% do Orçamento afectado aos encargos da defesa, com milhares de mortos, milhares de feridos e muitos estropiados, com um esforço militar cinco vezes maior, em termos proporcionais ao dos EUA no Vietname, com a sangria das melhores energias da Nação na Guerra Colonial e na emigração, com a privação de todas as mais elementares liberdades, com um povo profundamente triste por tanta ausência e tanta perda era absolutamente necessária e, mesmo, inevitável qualquer coisa como foi o 25 de Abril, levado a cabo pelos militares, porventura porque sentiam melhor que ninguém a inutilidade da tragédia da Guerra Colonial, porque lhe preparavam uma saída ultrajante como a da Índia, porque talvez só eles estariam em efectivas condições de o fazer.
De resto, como dizia o mestre Kierkgaard, “A vida só pode ser vivida para a frente e explicada para trás”. (...)
Viseu, 8 de Março de 2008
Gertrudes da Silva
Cor Ref (...)
(...) Com um Regime orgulhosamente só (lá fora e cá dentro), com 40% do Orçamento afectado aos encargos da defesa, com milhares de mortos, milhares de feridos e muitos estropiados, com um esforço militar cinco vezes maior, em termos proporcionais ao dos EUA no Vietname, com a sangria das melhores energias da Nação na Guerra Colonial e na emigração, com a privação de todas as mais elementares liberdades, com um povo profundamente triste por tanta ausência e tanta perda era absolutamente necessária e, mesmo, inevitável qualquer coisa como foi o 25 de Abril, levado a cabo pelos militares, porventura porque sentiam melhor que ninguém a inutilidade da tragédia da Guerra Colonial, porque lhe preparavam uma saída ultrajante como a da Índia, porque talvez só eles estariam em efectivas condições de o fazer.
De resto, como dizia o mestre Kierkgaard, “A vida só pode ser vivida para a frente e explicada para trás”. (...)
Viseu, 8 de Março de 2008
Gertrudes da Silva
Cor Ref (...)
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(***) 15 de março de 2008 > Guiné 63/74 - P2646: A Guiné, a Guerra Colonial e o 25 de Abril. Comentários e Nota do Coronel Gertrudes da Silva (Virgínio Briote)Se não se apresentasse sem dizer o nome, já que mais não fosse por razões de pertença, dirigir-me-ia a si como caro ou até como amigo ou camarada (da tropa, naturalmente). Mas aí vai.
Eu não omiti nada no escrito (*) que alguém com esse direito tratou de publicar no, já agora, nosso blogue. Não me propunha aí falar propriamente do 25 de Abril, e tão só no enquadramento desse facto (marco) histórico no contexto da Guerra Colonial.
(****) Último poste da série > 4 de outubro de 2018 > Guiné 61/74 - P19070: Tabanca Grande (467): José Ramos, ex-1º cabo cav, condutor Panhard AML, EREC 3432 (Bula, 1972/74)... Novo grã-tabanqueiro, nº 778.