sábado, 30 de novembro de 2019

Guiné 61/74 - P20398: Álbum fotográfico de Domingos Robalo, ex-fur mil art, BAC 1 / GAC 7 (Bissau e Fulacunda, 1969/71) - Parte III


Guiné > Região de Quínara > Fulacunda > c. 1969/70 > 22º Pel Art e CCAV 2482  > Espaldão do obus 10.5 (1)


Guiné > Região de Quínara  > Fulacunda > c. 1969/70 > 22º Pel Art e CCAV 2482  > Espaldão do obus 10.5 (2)


Guiné > Região de Quínara  > Fulacunda > c. 1969/70 > 22º Pel Art e CCAV 2482  > DO 27: a chegada do correio


Guiné > Região de Quínara > Fulacunda > c. 1969/70 > 22º Pel Art e CCAV 2482  >  Eu e o furrel Jacinto


Guiné > Região de Quínara  > Fulacunda > c. 1969/70 > 22º Pel Art e CCAV 2482  >  Criançada


 Guiné > Região de Quínara > Fulacunda > c. 1969/70 > 22º Pel Art e CCAV 2482  >  População local


Guiné > Região de Quínara  > Fulacunda > c. 1969/70 > 22º Pel Art e CCAV 2482  >   Operação com helicópteros AL III

 

Guiné > Região de Quínara > Fulacunda > c. 1969/70 > 22º Pel Art e CCAV 2482  >  Uma passagem por Tite, sede do BCAV 2867 (Tite, 1969/70).


Guiné > Região de Quínara > Fulacunda > c. 1969/70 > 22º Pel Art e CCAV 2482  >  Diversão


Guiné > Região de Quínara > Fulacunda > c. 1969/70 > 22º Pel Art e CCAV 2482  >  Futebolada


Guiné > Região de Quínara > Fulacunda > c. 1969/70 > 22º Pel Art e CCAV 2482  >  O Manuel e o Quibite



Guiné > Região de Quínara > Fulacunda > c. 1969/70 > 22º Pel Art e CCAV 2482  >  Mulheres


Fotos (e legendas): © Domingos Robalo  (2019). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Continuação da publicação do álbum fotográfico (*) de Domingos Robalo, ex-fur mil art, BAC 1 / GAC 7, Bissau, 1969/71; comandante do 22º Pel Art, em Fulacunda (1969/70); vive em Almada;  tem cerca de 20 referências no nosso blogue.


(...) "Ah…já sabia pelo Jacinto onde era Fulacunda, e quem estava por lá. Os Boininhas [CCAV  2482]. Mas o lugar não era dos mais pacíficos...

Cerca de cinco dias depois, não dois como estava previsto, preparamo-nos para embarcar em três LDM (Lancha de Desembarque Média), 3 obuses 10,5cm, 27 soldados, três cabos, dois furriéis e eu próprio como Comandante de Pelotão. Para além destes militares, íamos acompanhados das mulheres dos soldados e dos respetivos filhos. Cada soldado tinha em média duas ou três mulheres, filhos já não sei.


No dia da partida aportámos a Bolama, onde o pessoal pernoitou o melhor que pôde e eu fui também dormir a uma pensão, cheia de cabo verdianos que não se calaram durante toda a noite. " (...) (**)

A CCAV 2482, "Boinas Negras" era a subunidade que esteva em Fulacunda (entre 30 de junho de 1969 e 14 de dezembro de 1970, regressando nesta data a Bissau).  Foi mobilizada pelo RC 3, pertencia ao BCAV 2867 (Tite,1969/70); partida: 23/2/69; regresso: 23/12/70; antes de Fulacunda, esteve em Tite; comandante: cap cav Henrique de Carvalho Mais.ont




Guiné 61/74 - P20397: In Memoriam (357): Eduardo Jorge Pinto Ferreira (1952-2019): missa do 7º dia, na igreja do Vimeiro, Lourinhã, domingo, 1 de dezembro, às 11h00... Testemunhos do filho Rui Ferreira (Inglaterra) e dos amigos Rui Chamusco (Malcata, Sabugal; e Lourinhã) e João Crisóstomo (A-dos-Cunhados, Torres Vedras; e Nova Iorque)


Eduardo Jorge Pinto Ferreira (Vimeiro, 1952 - 
Torres Vedras, 2019):
foi nosso camarada na Guiné, ex-alf mil, Polícia Aérea, 
Bissalanca, BA 12, 1973/74.


1. Mensagem do Rui Ferreira (filho do Eduardo Jorge):

O teu momento chegou sem esperarmos. Não deu tempo para despedidas, últimos recados ou orientações, simplesmente partiste...


E partiste cedo demais! Tinhas tantos planos, projectos e batalhas para travar, tantos amigos para desfrutar e a família para amar e ser amado!~

No entanto, nesta hora tão penosa e difícil conseguimos encontrar conforto nos momentos intensos e sempre emotivos de quem de ti se veio despedir e só podemos sentirmo-nos felizes e agradecidos.
Felizes por termos tido o privilégio de ser a tua família e de termos recebido tanto. Agradecidos pelos inúmeros gestos, palavras ou, em alguns casos, sentidos silêncios, de todos aqueles que te prestaram homenagem.

Foi um momento especial, tão difícil quanto emotivo, que reflecte a dimensão da tua obra humana. Esta demonstração de profunda e genuína amizade, fraterna em muitos dos casos, tem-nos ajudado a suportar a nossa dor e, acima de tudo, tem nos dado muita força para seguirmos em frente e perpetuar o legado que nos deixaste!

A todos um grande Muito Obrigado!


P.S. Este domingo dia 1 Dezembro pelas 11.00 celebrar-se-á a Missa do 7º dia na Igreja do Vimeiro (Lourinhã).


Rui Camusco, Lourinhã (2016)

2. Mensagem de Rui Chamusco (colega e amigo do Eduardo Jorge, natural de Malcata /  Sabugal, a viver na Lourinhã, onde foi professor; o Eduardo Jorge apresentou-o ao João Crisóstomo e ao Luís Graça, há uns anos atrás)



A vida e a morte: À memória do amigo Eduardo Jorge


Há acontecimentos nas nossas vidas que nos interpelam e fazem pensar, fazendo perguntas sem resposta imediata (não estamos em condições de aceitar), tal é a dor que carregamos. A revolta, as lágrimas, os gritos que nos dilaceram o coração são a via mais comum para descarregarmos tanta pressão no corpo e na alma.

Quando a morte nos rouba alguém que muito amamos ficamos dilacerados, desfeitos, porque quando morre um nosso amigo alo de nós morre também.

A partida inesperada do grande amigo e irmão Eduardo Jorge deixou-nos a todos estupefactos e a não querer acreditar que era verdade. E eu, cúmplice em tantos momentos das nossas vidas, com tanta proximidade sobretudo em que ele cuidou de mim neste dias de internamento hospitalar, não me conformo com a sua ausência física. Quando quis saber de como tinha decorrido a intervenção cirúrgica a que momentos antes tinha sido submetido, a voz do seu filho João soou que nem uma bomba que me esfrangalhou: “Rui, o meu pai já não está entre nós. Morreu...” Não consegui fazer mais nada senão gritar, chorar, dar murros em tudo o que encontrava, fazer perguntas sem resposta.

Eduardo, quero que saibas que a tua partida para o outro mundo nos está a fazer sofrer imenso: eu, a tua amada Sãozinha (é assim que tu a chamas, náo é?), os teus filhos João e Rui, os teus netos, os teus familiares, os teus amigos (tantos!...), tanta e tanta gente que usufruiu da tua generosidade na organização de eventos, de caminhadas, o Vimeiro, o Sobreiro Curvo, a Lourinhã, Fornos de Algodres, Almeida, Sabugal e, de um modo especial Malcata com todos os amigos que tanto te admiram e onde tu tanto gostavas de ir. 

Não. Não te livras de nós, porque todos te lembrarão para sempre. E se estás onde todos pensamos que estejas, com direito próprio por todo o bem que fizeste nesta terra, junto de Deus e de todos os seus santos gozando a vida em toda a plenitude, terás que interceder por todos nós e ser nosso protetor. Quando olhar para o céu em noites estreladas, vou procurar uma estrela que brilhe muito, porque sei que serás tu. Depois da tua partida, já me aconteceram coisas muito importantes que, tenho a certeza, são já fruto da tua intercessão nesse teu novo estado de vida.

Obrigado, Eduardo. Obrigado por tanta amizade e dedicação que me dispensaste ao longo dos 24 anos que passamos juntos, na escola de Ribamar, nas associações culturais e desportivas/recreativas do Vimeiro e de Malcata, no cuidado que tiveste com as minhas coisas enquanto estive ausente, nos almoços que frequentemente partilhamos ( o último foi sexta feira antes do sábado em que foste operado e te foste embora, foste tu que pagaste: estou a dever-te o próximo almoço, que não sei quando será nem em que forma).

Esta manhã fui a tua casa como tu sabes, e a São, os teus filhos Rui e João, o meu primo Carlos e eu fizemos a promessa de continuarmos as nossas vidas e relações como se tu estivesses também presente fisicamente.. Sabes bem o que foi dito e, mesmo sem ouvirmos a tua voz, sentimos que estavas ao nosso lado bem presente.

Caro amigo, sei que nunca te puseste em bicos de pé para seres admirado e louvado, mas não resisti a publicar tudo o que escrevi, porque tu bem o mereces. Talvez não escreva mais sobre a nossa relação e a nossa amizade. Doravante, falarei contigo sempre que me apeteça, na intimidade dos nossos corações. 

Um abraço grande para os amigos que conhecemos neste mundo e que jé estão desse lado contigo. Um abraço especial para o Carlos que partiu nesta ano, e para os nossos amigos e colegas Artur Mário e António Cação. Olhai por nós que recorremos a vós, ok?

Junto anexo o poema/canção que enviei quando o Carlos se foi. Não tive a coragem nem as forças físicas necessárias para o cantar e tocar durante a missa do teu corpo presente, como o amigo Luís Graça me pediu Por isso, está devidamente enquadrado e exposto na tua casa.

Abraço forte e grande deste teu amigo que te não pode esquecer, mesmo que a tua partida e ausência muito me façam sofrer. Um grande abraço também do amigo João Crisóstomo. Foste tu que nos deste a conhecer. Um abraço de todos os amigos que lamentam e choram a tua partida

Adeus. Eduardo!...

Rui Chamusco
Lourinhã, 27/11/2019
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EDUARDO JORGE FERREIRA

O Eduardo nasceu no dia 1 de Outubro, Dia Mundial da Música. Eis o meu preito...

Refrão: Ter um amigo é bom … Vê-lo partir faz sofrer ) bis


1. Encontrei no meu caminho… um rosto que me sorriu
E passei a ter saudades… quando esse bem me fugiu.

2. Fiquei olhando as estrelas… cada noite à luz do luar
Confiei-lhe a minha dor … e aprendi a esperar.

3. O meu amigo voltou … abri-lhe as minhas janelas
Quando procurei sorrir … só encontrei as estrelas.

4. Voltou a mim a saudade … foi-se embora o meu amigo
Mas eu fiquei a ter asas … só por o ter conhecido


AMIGOS PARA SEMPRE!...
Rui chamusco
João Crisóstomo.
Nova Iorque (2018)

3. Mensagem do João Crisóstomo (, que o Luís Graça apresentou ao Eduardo Jorge, há uns atrás)

Caro Luis Graça,

Esta é para ti e para todos os nossos bons camaradas, a quem este momento nos faz sentir ainda mais irmãos.


Graças ao Rui Chamusco que me deu os contactos que pedi, acabei agora de falar com a São e com o filho Rui. Eu sei bem o quanto significa uma palavra amiga nestes momentos e eu quis fazer-lhes sentir que também eu e a Vilma  - como vocês todos têm feito pelo que tenho acompanhado e lido no blogue e facebook etc)  - estamos com eles. E podem continuar a contar connosco. O Eduardo continua em todos nós: também em nós eles podem continuar a sentir a presença do Eduardo, da mesma maneira que neles nós vivemos e sentimos a sua continuada presença.

É uma grande idéia essa de lhe fazer  "uma pequena homenagem, a ele e à São, a mulher da sua vida".

Faço minhas também as palavras do Jorge Pinto que disse: "é uma forma muito bonita de o homenagearmos, valorizando todo o empenho, generosidade e alegria que ele depositava em iniciativas deste género que nós tanto admiramos". 

E por isso embora nós tivéssemos decidido não ir a Portugal este ano  [de 2020] pois que vamos passar dois meses na Eslovénia, regressando depois directamente a Nova Iorque, esta vossa feliz decisão fez-nos mudar de idéias imediatamente: Nós queremos estar e viver convosco (e com o Horácio e a Helena e muitos outros que com certeza vocês não deixarão de avisar também ) essa justa homenagem ao Eduardo, à São e filhos. Nós vamos a Portugal para estar com vocês nesse dia 12 de Outubro no próximo ano.

E a todos os que no Blogue, Facebook,  etc-,  têm dado o seu ombro aos que estando longe dele necessitavam, eu quero dizer o meu pessoal "muito obrigado". Este golpe, duro para todos, foi-me agravado por esta separação física, obrigado a aguentar sozinho a perca deste nosso irmão. … 

Obrigado especialmente ao Rui Chamusco que por telefone me dia dizendo onde se encontrava e assim, diminuindo distâncias, me possibilitava a minha presença: "Olha, João, estou na casa da São"..."Estamos agora na Igreja"..., "no cemitério"… Obrigado,  Rui, Obrigado, Luis Graça e a todos vocês.

Um abraço de coração,

João
Nova Iorque, 27/11/2019


sexta-feira, 29 de novembro de 2019

Guiné 61/74 - P20396: (D)o outro lado do combate (53): Quando um comando das FARP, da Frente Nhacra / Morés, destruiu, em 6 de maio de 1972, o centro emissor regional de Nhacra...(Comunicado do PAIGC, em francês, assinado por Amílcar Cabral)... Afinal, a propaganda era uma arma, tão ou mais eficaz que as minas A/C, a Kalash, a "costureirinha", o morteiro 120 ou o RPG 7... Nesse aspeto, a "Maria Turra" ganhava ao "Pifas"...



Fotografia de Amílcar Cabral (1924-1973). Fonte:  "O Nosso Livro - 2ª Classe", manual escolar do PAIGC. O livro foi "elaborado e editado pelos Serviços de Instrução do PAIGC - Regiões Libertadas da Guiné" (sic). Tem o seguinte copyright: 1970 PAIGC - Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde. Sede: Bissau (sic)... A primeira edição teve uma tiragem de 25 mil exemplares (!). Foi, além disso, impresso em Uppsala, Suécia, em 1970, por Tofters/Wretmans Boktryckeri AB.

Citação:
(1972), "Comunicado do PAIGC sobre o ataque das FARP à estação emissora portuguesa de Nhacra", Fundação Mário Soares / DAC - Documentos Amílcar Cabral, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_42407 (2019-11-28)



1. Comunicado do PAIGC,  em francês, com data de 11 de maio de 1972, assinado pot Amílcar Cabral, Secretário Geral, dizendo o seguinte [Tradução: LG]:


"Pondo em prática uma decisão tomada recentemente pelo Conselho de Guerra do nosso Partido, uam unidade de comandos das Forças Armadas regulares da Frente Nhacra-Morés, atacou com sucesso, na noite de 6 de maio [de 1972], a nova estação emissora de 100 KW (ondas média e curta), instalada pelos colonialistas portugueses em Nhacra, a 25 km da capital, Bissau. A maior parte das instalações ficaram destruídas, não tendo os nossos combatentes sofrido nenhuma baixa.

Lembramos que esta potente estação emissora, oferta às autoridades coloniais do nosso país pelos colonos de Angola, estava em funcionamento deste janeiro último, tendo sido  e acabava de ser inaugurada pelo ministro português Silva e Cunha  na mesma altura em que a Missão Especial das Nações Unidas se encontrava de visita às regiões libertadas do Sul do nosso país". 

Fonte: Casa Comum (com a devida vénia...)
Pasta: 07197.160.011
Título: Comunicado do PAIGC sobre o ataque das FARP à estação emissora portuguesa de Nhacra
Assunto: Comunicado do PAIGC sobre o sucesso do ataque de uma unidade de comandos das FARP (Frente Nhacra-Morés) à estação emissora portuguesa de Nhacra.
Comunicado assinado por Amílcar Cabral.
Data: Quinta, 11 de Maio de 1972
Observações: Doc. incluído no dossier intitulado Documentos.
Fundo: DAC - Documentos Amílcar Cabral
Tipo Documental: Documentos


2. O PFA - Programa das Forças Armadas (, popularmente conhecido por PIFAS)  era emitido a partir de Nhacra, a 25/30 Km de Bissau, onde se situava o emissor regional da Guiné, que integrava a rede da Emissora Nacional de Radiodifusão (*).

Recorde-se que em 1969, no governo do Marcelo Caetano, e sendo ministro do Ultramar, Silva Cunha, foi integrada, na Emissora Nacional de Radiodifusão, a até então chamada Emissora Oficial da Guiné Portuguesa, pelo Decreto-Lei nº 49084, de 16 de junho de 1969.

Segundo o art. 1º daquele diploma legal, "é autorizada a Emissora Nacional de Radiodifusão a instalar um emissor regional na província da Guiné" (art. 1º). Por outro lado, passava a competir " à Emissora Nacional de Radiodifusão, através do Emissor Regional da Guiné, assegurar todo o serviço de radiodifusão indispensável à satisfação das necessidades da província e à salvaguarda e defesa dos interesses nacionais, substituindo, em matéria de radiodifusão, a actividade até agora exercida pela Emissora Oficial da Guiné Portuguesa, anteriormente designada por Emissora Provincial da Guiné Portuguesa" (art. 2º).

Em Abril de 1972, aquando da visita do ministro do Ultramar, Silva Cunha, foi inaugurado o novo centro emissor de Nhacra, capaz de fazer frente às "potentes emissoras de Dakar e Conakry, onde a propaganda do PAIGC ocupa lugar proeminente - em tempo de emissão" (...).


3. Nesse ano de 72, e segundo informação do nosso camarada Eduardo Campos (, ex-1º Cabo Trms da CCAÇ 4540, Cumeré, Bigene, Cadique, Cufar e Nhacra, 1972/74), Nhacra e o centro emissor terão sido flagelados duas vezes: 

"(...) Fomos informados que Nhacra e o Centro Emissor foram flagelados pelo IN duas vezes: a primeira ao tempo da CCAÇ 3326, em Maio de 1972, por um grupo equipado com armas automáticas e RPG-2 e 7, e a segunda em Agosto de 1972, utilizando também um canhão s/r. Em ambos os casos sem qualquer consequência material ou pessoal para as NT". (**)

Em 21 de janeiro de 1974, um ano e meio depois das flagelações acima referidas, um grupo de jornalistas de jornais diários de Lisboa (Diário de Lisboa, Diário de Notícias, Agência Lusitânia) e repórteres da RTP visitam, de noite,  o centro emissor de Nhacra, em Bissau... 

O vídeo (5' 29'') pode ser visto aqui, no sítio RTP Arquivos: sem som, é mudo, acrescente-se (e para licenciar o conteúdo, o Arquivo da RTP exige-me 15 euros...). A peça passou no "noticiário nacional" da televisão pública, em janeiro de 1974. Estranha-se que a visita  tenha sido feita à noite: em todo caso, o equipamento técnico parece estar em bom estado. Não sabemos se, depois das duas flagelações ao centro emissor em 1972,  houve mais alguma até ao final da guerra.

Não havendo fontes independentes, não podemos confirmar a existência de eventuais estragos no centro emissor de Nhacra, provocado pela flagelação do alegado comando das FARP da frente Nhacra-Morés, em 6 de maio de 1972. 

Em todo o caso, o comunicado do PAIGC afirma categoricamente que "a maior parte das instalações ficaram destruídas",  o que era, sabemo-lo hoje, uma mentira descarada.  Quem ia passear a Nhacra, e quem estava em Bissau, ou até no interior do territória e ouvia o PIFAS,  sabia que o centro emissor não fora afetado. 

Amílcar Cabral não costumava validar os "relatórios" da atividade da guerrilha, que lhe mandavam do interior para Conacri. Nem tinha meios para o fazer. Nem estava interessado em fazê-lo. Por seu turno, os comissários políticos e os comandantes da guerrilha, no interior, todos queriam "mostrar serviço"... A propaganda era um arma, tão ou mais eficaz que as minas A/C, a Kalash,  a "costureirinha", o morteiro 120 ou o RPG 7... E nesse aspeto, em matéria de propaganda, Amílcar Cabral e a "Maria Turra" (Rádio Libertação) ganhavam, de longe, ao Spínola, à Emissora Nacional e ao PIFAS. (**)...Todos mentíamos, mas o PAIGC mentia mais descaradamente...

_______________

(**) Vd. poste de 30 de janeiro de 2010 > Guiné 63/74 – P5729: Histórias do Eduardo Campos (7): CCAÇ 4540, 1972/74 - Somos um caso sério (Parte 7): Nhacra 2

(***) Último poste da série > 25 de julho de  2019 > Guiné 61/74 - 20010: (D)o outro lado do combate (52): O T-6G FAP 1694 e o cap pilav João Rebelo Valente, desaparecido em 14/10/1963, na região do Óio- Morés (Jorge Araújo)

Guiné 61/74 - P20395: Notas de leitura (1241): Missão cumprida… e a que vamos cumprindo, história do BCAV 490 em verso, por Santos Andrade (34) (Mário Beja Santos)



1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 1 de Julho de 2019:

Queridos amigos,
Retoma-se o Diário de JERO e algumas das suas páginas mais emocionantes e sintetiza-se alguns dos títulos significativos da história do BCAV 490 na sua zona de ação, aspeto bem curioso não muito distante por onde começou a sua atividade operacional, antes de ser lançado na batalha do Como.
Recorda-se Amândio César e até de uma sua visita a Binta. Procura-se escavar este período da guerra da Guiné e dói a falta de documentação ou relatos fundamentados. A mágoa é tanto maior quanto se sabe que à volta desse "homem providencial" de nome António de Spínola tudo se procurou deixar publicado, desde as suas primeiras diretivas, as suas viagens ao mato, as suas entrevistas, as suas aparições mediáticas nos Congressos do Povo, e o mais que se sabe. Com Louro de Sousa e Schulz é bem o contrário, parece mesmo que se procurou construir a imagem de que foram líderes impreparados para o turbilhão da luta armada. E não deixa igualmente de ser curioso que quem anda a historiografar nunca cite as instruções mais importantes destes dois oficiais-generais que estão publicadas em diferentes volumes da Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África.
Enfim, muito caminho há a percorrer para se chegar à verdade histórica e a uma justa cronologia de toda aquela guerra.

Um abraço do
Mário


Missão cumprida… e a que vamos cumprindo (34)

Beja Santos

“Tivemos 3 feridos
o Sousa cego ficou.
José dos Santos Pascoal
muito sangue derramou.

À tardinha trabalhando
para estarmos descansados
fazendo recuar os malvados
que nos cordéis vão tropeçando.
Vamos granadas armando
nos sítios mais escondidos
para ver se os bandidos
não nos vêm atacar,
mas um dia, com azar,
tivemos três feridos.

Um grande desastre se dava
ao espoletar uma armadilha:
o 407 afrouxou a cavilha
e nisso não reparava.
Ao Alferes Monteiro a entregava
e o percutor desarmou.
Neste momento rebentou
levando-lhe dois dedos de uma mão.
E nesta mesma ocasião
o Sousa cego ficou.

A 13 de Outubro se seguia
quando uma mina explodiu,
o António de Sousa se feriu,
às 16 horas do dia.
No helicóptero se metia,
directamente para o Hospital.
Com seus colegas, muito mal,
tudo foi evacuado
e com o corpo estilhaçado
José dos Santos Pascoal.

Neste mês aconteceu
outra coisa amargurada:
Emídio bom camarada
no dia 25 morreu.
Uma úlcera lhe apareceu
que a morte originou.
Essa nascença rebentou,
foi grande a infelicidade
até ir para a eternidade
muito sangue derramou.”

********************

O bardo continua a desfiar o seu rosário de desditas, volta-se àquela bela página contida no diário de JERO, o “Diário da CCAÇ 675”, onde se descreve a retirada do Capitão do Quadrado para o Hospital Militar 241, cercado pela ternura dos seus militares.
É um texto pleno de sinceridade e ternura:
“Embora necessariamente combalido, o nosso capitão enquanto caminhava tranquilizava os que o acompanhavam que se sentiam manifestamente impressionados pelo acontecimento.
Renovado o penso e depois de estancada a hemorragia que tinha voltado a surgir durante a caminhada até à coluna, pediu-se helicóptero para evacuação urgente já que não se podia avaliar da extensão do ferimento e da sua gravidade. O estilhaço tinha penetrado profundamente e poderia ter lesado algum órgão importante.
Organizada a coluna, voltaram-se as viaturas já com todo o pessoal montado, iniciando-se o regresso o mais depressa possível pois o estado do nosso Capitão inspirava sérios cuidados.
Recusando-se a tomar sedativos que lhe aliviariam as dores mas que o tornariam inconsciente, continuou a dar ordens que eram transmitidas pelo furriel-enfermeiro.
Apenas uma centena de metros tinham sido percorridos quando, no meio de uma mata fechadíssima, um inimigo emboscado atacou. Um tiro de pistola inicial e depois rajadas de pistola-metralhadora. As viaturas pararam imediatamente, os ocupantes ripostaram o fogo inimigo.
Por duas vezes o Alferes Santos, que deve ter sido referenciado pelo inimigo por ter dado ordens em voz alta, foi particularmente visado, passando uma rajada de pistola-metralhadora bem perto da sua cabeça.
De salientar no momento, a calma e sangue-frio do nosso Capitão que foi sempre transmitindo ordens, insistindo pelo afastamento da coluna o mais rapidamente possível da zona de morte da emboscada. Com frequência, soldados abeiravam-se do Unimog onde seguia o nosso Capitão perguntando pelo seu estado, não conseguindo ocultar uma lágrima teimosa que descia pelos seus rostos sujos de terra e suor.

Cerca do meio-dia, quando seguíamos na região de Sansancutoto, surgiu dos lados de Binta o helicóptero pedido para a evacuação do nosso Capitão que, já há cerca de duas horas ferido, começava a sentir-se enfraquecido e com dores que os solavancos da viatura tinham aumentado.
Montada a segurança em círculo, o helicóptero desceu em manobra perfeita numa clareira junto à estrada.
O momento que se seguiu não mais será esquecido por todos aqueles que o viveram.
Alguns daqueles homens de camuflado que poucos quilómetros atrás tinham zombado das balas inimigas, desprezando a morte com um sorriso altivo nos lábios, choravam agora como crianças despedindo-se do seu capitão.
Não menos comovido, este, deixava correr livremente pelo seu rosto marcado pelo sofrimento, lágrimas de que um homem não se envergonha.
Todos queriam pegar na maca para o transportar até ao helicóptero; um despia o casaco camuflado para lhe aconchegar melhor a cabeça na maca do helicóptero; outro dava-lhe o seu concentrado de frutos da ração de combate; outro ainda quase que o obrigava a beber a água do seu cantil. Todos lhe queriam tocar, apertar a mão, desejar-lhe as melhoras para que voltasse depressa.
Será difícil para um mortal comum cujas emoções fortes nunca passaram além da discussão com um polícia por causa do estacionamento do carro ou de um momento mais emotivo de um desafio de futebol ou de uma tourada, avaliar do que se sente num momento destes, quando se vê sofrer um homem, que além de um chefe de excepção, é um amigo a quem se quer como a um pai e pelo qual todos nós daríamos um pedaço da nossa vida, um pouco do nosso sangue.”

E de Binta e de um ferimento que felizmente não trouxe graves consequências ao Capitão do Quadrado retorna-se à história do BCAV 490. Se nos é lícito fazer uma síntese, recorde-se que partiram para a Guiné em julho de 1963, onde permaneceram cerca de dois anos. Haverá um número substancial de alterações nos Comandos no decurso da comissão, farão inicialmente um conjunto de operações na região do Oio, partem depois para a Operação Tridente, que durou 71 dias. Após um período de recuperação em Bissau, o BCAV 490 sedia-se em Farim, o seu campo de ação não será minimizável: Farim, Jumbembem, Cuntima, Binta, Bigene, Barro, Guidage, Canjambari, viu-se que a CCAÇ 675, em Binta, foi confrontada com o inimigo que praticamente se passeava pela sua zona, o PAIGC precisava de transportar gentes, armamento e munições, abastecimentos de toda a ordem, através de corredores que saíam do Senegal e que apontavam primordialmente para a região do Oio. A história da unidade detalha minuciosamente as diferentes operações, a partir de junho de 1964, recorde-se a operação realizada à região de Farincó-Mandinga, em 24 de setembro de 1964, de que resultou captura de material e foram destruídas cerca de 37 casas de mato. Igualmente aqui se fez referência ao grave acidente sofrido em 5 de janeiro de 1961 pelo Pelotão de Morteiros 980. Sucedem-se as operações em que se destroem algumas casas de mato e se captura material, emboscadas, nomadizações, como é timbre na guerra de guerrilhas, vai-se da falta de resultados a sucessos inesperados. Foi o caso da Operação Vouga, realizada pela CCAV 487, em 31 de maio de 1965, não longe de Farincó e Fambantã, entrou-se num acampamento, houve reação de fogo, o inimigo resistiu e depois retirou, apreendeu-se bastante material, e escreveu-se no relatório que o inimigo persistia em permanecer na área, mudando de lugar. Em junho desse ano, deu-se a rendição do BCAV 490, foram-se deslocando de Farim para Bissau e de Bula para Bissau, ficaram aquartelados em Brá até ao embarque para Portugal. A história da unidade elenca os efetivos, as baixas sofridas, condecorações e o resumo do material mais importante apreendido às forças do PAIGC.

É tempo de voltar ao escritor e jornalista Amândio César e ao seu livro “Guiné 1965: Contra-Ataque”, Editora Pax, 1965.
É o seu regresso à Guiné para fazer reportagens, fala de Bissau e da sua evolução, da variedade de etnias que se espalham pelo território, a natureza da guerra subversiva conduzida por Amílcar Cabral, elenca os progressos no sistema educativo, faz o balanço de um ano de governo do General Arnaldo Schulz, as batalhas vencidas na doença do sono, da lepra e da tuberculose, as belezas do artesanato, recorda com saudade o falecido Capitão Francisco Torres de Meireles, falecido na região do Xime em junho desse ano, visita o régulo de Pachisse Sené Sané, acredita piamente que Bolama recuperará o esplendor do passado, visita o Chão Felupe, onde assiste a uma luta livre ao lado do Rei do Caruai, comove-se com o Juramento de Bandeira em Nhacra e visita Binta, onde foi recebido pelo Capitão Tomé Pinto e os seus oficiais.
Dedica alguns parágrafos a Binta, elogiosos:
“Diga-se desde já que quando a tropa aqui chegou encontrou apenas 38 pessoas nas tabancas que constituem Binta. A recuperação vai-se verificando dia após dia. O Capitão Tomé Pinto apresenta-nos o professor de Binta. Binta tem para mim um estranho significado: aqui deixou a vida o filho de um velho amigo meu – o Furriel Vilhena de Mesquita – que, em seis meses de Guiné, fora duas vezes gravemente ferido e morreu ao deflagrar de uma mina na estrada de Binta a Bigene. Vi partir o Furriel Vilhena de Mesquita para a Guiné e depois acompanhei o seu pai – o jornalista Rebelo de Mesquita – quando os despojos do filho chegaram a Lisboa”.

É um relato eivado de propaganda, contudo fala-se prudentemente da guerra, mais do desenvolvimento, dedica-se alguma atenção à história da imprensa na Guiné, à indústria no Ilhéu do Rei, dedica todas as suas reportagens aos soldados da Guiné, pela sua coragem, pelo seu sacrifício. Como atrás se disse, Amândio César fará uma segunda visita à Guiné, não se cansará de elogiar o trabalho de Arnaldo Schulz, considera que a subversão está a ser detida e a generalidade da população mantém-se fiel à soberania portuguesa.
Veremos adiante numa diretiva de Schulz datada de 1 de dezembro de 1966 que ele tece previsões muito sombrias para o futuro da Guiné.

(continua)
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Notas do editor:

Poste anterior de 22 de novembro de 2019 > Guiné 61/74 - P20371: Notas de leitura (1238): Missão cumprida… e a que vamos cumprindo, história do BCAV 490 em verso, por Santos Andrade (33) (Mário Beja Santos)

Último poste da série de 25 de novembro de 2019 > Guiné 61/74 - P20381: Notas de leitura (1240): Mário Cláudio, nos cinquenta anos da sua obra literária (3): “Tiago Veiga”; Publicações Dom Quixote, 2011 (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P20394: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (66): O nome do atual régulo de Canquelifá / Buruntuma (Jorge Ferreira / Cherno Baldé / Patrício Ribeiro)


Capa do do livro de fotografia "Buruntuma: 'algum dia serás grande', Guiné, Gabu, 1961-63". (Edição de autor, Oeiras, 2016).] (*): o fotógrafo, em 1961, ao lado do então régulo Sene Sané, que era tenente de 2ª linha. junto ao marco fronteiriço ("República Portuguesa: Província da Guiné"), na fronteira com a República da Guiné. Cortesia do autor.

O autor, Jorge Ferreira, ex-alf mil da 3ª CCAÇ (Bolama, Nova Lamego, Buruntuma e Bolama, 1961/63), é membro da nossa Tabanca Grande, é um fotógrafo amador com mais de meio século de experiência, tem um página pessoal no Facebook, além de  um sítio de fotografia, Jorge da Silva Ferreira; as suas fotos de Buruntuma inserem-se na categoria da etnofotografia.


1. No passado dia 26 de novembro, mandei aos nossos amigos, em Bissau, Cherno Baldé e Patrício Ribeiro, duas mensagens, em separado, com o seguinte pedido de informação:

Cherno: lembrei-me de ti, que conheces bem o leste do teu país, o chão fula, a região de Bafatá e também a região de Gabu. (...)

Patrício: lembrei-me de ti, que andaste a "espalhar a luz" pelo leste, e em especial na Região do Gabu. (...)

(...) Temos um camarada, o Jorge Ferreira, que publicou um livro, notável, de fotografia sobre as gentes de Buruntuma, à data de 1961, quando ele lá esteve, como alferes miliciano da 3ª Companhia de Caçadores, sediada em Nova Lamego. "

Em Buruntuma tornou-se amigo inclusive do régulo Sene Sané, do regulado de Canquelifá, que abrangia o triângulo Buruntuma, Bajocunda e Piche, área de intervenção das forças comandadas pelo alferes Jorge Ferreira.

Acontece que o Jorge vai mandar, pela mala diplomática da embaixada portuguesa, dois exemplares do seu livro, autografados, um para o Centro Cultural Português, em Bissau, e outro para o régulo de Canquelifá / Buruntuma, que é (ou pensa ele que é) filho do Sene Sané... Ele precisa de saber o nome dele, para lhe fazer uma dedicatória. As fotografias têm um grande significado para aquelas populações, conforme o Jorge Ferreira já pôde comprovar.

(...) Tu, Cherno,precioso colaborador permanente do nosso blogue, deves por certo poder ajudar-nos... Vê então se consegues saber o me do atual régulo de Canquelifá / Buruntuma.

(...) Tu, Patrício, que conheces a Guiné como ninguém, poderás ajudar-nos... Vê então se consegues saber po nome do atual régulo de Canquelifá / Buruntuma.

2. No dia seguinte, com pouca diferença de tempo, recebemos, para felicidade do Jorge Ferreira, a informação pretendida: o nome do atual régulo de Canquelifá / Buruntuma (**)



(i) Cherno Baldé, 27/11/2019, 10h43:

Caro Luis Graça,

Falei há instantes com um colega de escola nos anos 70/80 e que depois se formou em Portugal nos anos 70/80, de nome Bacar Djanté, natural de Buruntuma, que me informou que o actual régulo de Paquessi ou Pakessi que abrange as aréas de Canquelifa, Camajaba e Buruntuma, é o Bacar Sané, um dos filhos do velho régulo dos anos 60.

Com um abraço amigo, Cherno Baldé


(ii) Patrício Ribeiro, 27/11/2019, 18h12

Boa tarde, desde os 34 graus de Bissau.

Fizemos alguns contactos para o Leste (sim, essa é uma das das nossas muitas zonas de trabalhos) , com pessoas nossas conhecidas.  Falamos com filho mais velho, do antigo régulo Sene Sané, José Bacar Sané, telemóvel nº  00254...119, morador em Canquelifa, é o actual régulo de Canquelifa e Buruntuma, já com alguma idade. (Foi antigo militar português do grupo de Marcelino do Mata).

Nomeou o seu irmão mais novo, Mama Sané ( telemovel nº 00 245...330), residente em Buruntuma, seu representante do seu regulado em Buruntuma.

O Regulado de Piche é desempenhado pelo marido de Djana Embaló, residente em Dara.

Em Piche, não há nenhum régulo.

Abraço, Patrício Ribeiro
Impar Lda - Energia, Bissau

(iii) Comentário do Jorge Ferreira [, foto de 1961, ao lado]: 

Obrigado, amigos e camaradas. Bem  hajam!

É caso para dizer: "O mundo é pequeno e a nossa Tabanca...é Grande!".
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Notas do editor:

 (*) Vd. postes de :

5 de outubro de 2018 > Guiné 61/74 - P19071: Vídeos de guerra (17): "Buruntuma, algum dia serás grande", de Jorge Ferreira, no You Tube, com música de Mamadu Baio

(**) Último poste da série > 14 de maio de 2019 > Guiné 61/74 - P19783: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (65): Pedido de autorização para citações a inserir no livro sobre a guerra colonial, de Carlos Filipe Gonçalves, jornalista, cabo-verdiano, que foi fur mil, na chefia da Intendência em Bissau, de março de 1973 a agosto de 1974

Guiné 61/74 - P20393: Memória dos lugares (402): Nhacra, a guarda avançada da capital, Bissau: afinal, era um sítio onde se podia ir, com relativa tranquilidade, até ao final da guerra... (Eduardo Campos, ex-1º cabo trms, CCAÇ 4540 /72, Cumeré, Bigene, Cadique, Cufar, Bissau, Nhacra, 19 set 1972/ 25 ago 1974)


Guiné > Região de Bissau > Nhacra > CCAÇ 3477, "Os Gringos de Guileje"  (Guileje, Nhacra e Brá, 1971/73) > O fur mil Herlander Simões numa patrulha nas imediações de Nhacra.

Foto (e legenda)  © Herlander Simões (2007). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Como era Nhacra ao tempo do nosso grã-tabanqueiro Eduardo Campos, ex-1º cabo trms, CCAÇ 4540 /72 (Cumeré, Bigene, Cadique, Cufar, Bissau, Nhacra, 19 set 1972/ 25 ago 1974) ? (*)


(...) Em Nhacra, fomos encontrar os camaradas do Pelotão de Morteiros 4581/72 e os do 3º Pelotão AA da Btr AAA 7040/72, além de dois pelotões de Milícias: o 329,  aquartelado em Oco Grande, e o 230, aquartelado em Bupe, ambos pertencendo à Companhia de Milícias de Nhacra e que ficaram adidos à CCAÇ 4540.

O IN não possuía, dentro da ZA, pessoal suficiente em quadros e grupos que lhe permitisse desenvolver uma actividade dinâmica e poderosa, quer para flagelar e atacar o aquartelamento e o Centro Emissor de Nhacra, quer para emboscar as NT fora do aquartelamento. 

No entanto, fomos informados que Nhacra e o Centro Emissor foram flagelados pelo IN duas vezes:

(i) a primeira ao tempo da CCAÇ 3326, em maio de 1972, por um grupo equipado com armas automáticas e RPG-2 e 7;

(ii)  e a segunda em agosto de 1972, utilizando também um canhão s/r. 

Em ambos os casos sem qualquer consequência material ou pessoal para as NT.

Sabíamos que o IN andava por ali perto e que atravessava, frequentemente, algumas linhas principais de infiltração, para o interior da nossa ZA, a saber: de Choquemone, Infaide, Biambe, pela península de Unche para Iuncume, quando se dirigiam para Nhacra.

As principais prioridades da nossa Companhia eram: 

 (i) a garantia da segurança do Centro Emissor de Nhacra; 

(ii) o itinerário Bissau–Mansoa; 

(iii)  e, através de intensa actividade (patrulhamentos e reconhecimentos), evitar que o IN se aproximasse de forma a impedir que pudesse atacar a cidade/capital de Bissau, o Aeroporto de Bissalanca, os complexos milttares de Brá e da Sacor, bem como as instalações militares e civis do Cumeré.

Em onze meses de permanência em Nhacra, nunca tivemos contacto com IN, nem as instalações sofreram qualquer ataque.


Os aglomerados populacionais da ZA da nossa Companhia, distribuíam-se por dois regulados: 

(i) o Regulado de Nhacra com as tabancas de Nhacra (Nhacra, Teda, Sal, Bupe, Sucuto, Incume, Sumo, Nhoma e Cholufe);

(ii)  e o Regulado do Cumeré com as tabancas do Cumeré, Com, Cuntanga, Quide, Birla, Caiana, Som Caramacó, Cola, Nague, Ocozinho, Rucuto e Oco Grande (reordenamento zincado).

A estrutura agrícola existente baseava-se numa economia básica de subsistência, cujos produtos, que ocupavam lugares especiais de relevo, eram o amendoim, o arroz, o milho, a mandioca, o feijão, a cana sacarina e pouco mais.Na pecuária existiam boas condições para a criação de gado, condicionante porém pelo ancestral costume tribal, que considerava o gado como um sinal exterior de respeito e riqueza e não com um factor económico.

Era evidente e manifesto o desagrado em abater, ou mesmo vender, qualquer cabeça de gado, fosse para alimentação ou para outros fins industriais. Em toda aquela zona predominava a etnia Balanta, coexistindo com algumas minorias étnicas que se estabeleceram em chão Balanta, vindas de outras regiões, escorraçadas pela insegurança que a guerra originava, principalmente Fulas, Mandingas e alguns Manjacos.

Os Balantas eram dotados de uma impressionante constituição física, trabalhadores, valentes, enérgicos e com grande força de vontade pela vida, ao que acrescentaria que eram bons agricultores, arrancando da terra os meios de subsistência de que necessitavam, alimentando-se à base de arroz, azeite de palma, milho e mandioca. Além disso, eram polígamos e condenavam o celibato. Extremamente supersticiosos, acreditavam na transfiguração da alma, atribuindo à feitiçaria as suas desgraças.
Bissalanca, BA 12, c. 1972/74: os alf mil
 Eduardo Jorge Ferreira (1952-2019) ~
e Jorge Pinto, prontos para ir até Nhacra,
de motorizadas, comer umas ostras (**)...
Foto: Jorge  Pinto (2019).

Praticavam o roubo, em especial de gado, com a consciência de um acto não criminoso, mas sim um admirável e enaltecedor sinal que revelava a perícia pessoal, bem com de toda a sua própria tribo. O gado bovino que possuíam destinavam-no às cerimónias de sacrifício, nomeadamente nos seus rituais de acompanhamentos fúnebres (choros).

Os Fulas, de um modo geral,  eram hospitaleiros, considerando mesmo a hospitalidade como um dever sagrado.Apesar da influência que o Islamismo tinha entre eles, praticavam ainda o feiticismo e criavam gado, considerado este facto como um sinal de respeito e nobreza.

A acção psicológica desenvolvida pela NT na zona era bastante intensiva, apesar de se constatar em alguns núcleos, certa reserva em relação à mesma, quando não nula, com maior evidência nas tabancas de Sal e Bupe.

As populações tinham apoio médico/sanitário, transporte em viaturas militares, assistência educativa prestada por missões religiosas em várias escolas, um professor militar e vários elementos africanos que estavam adidos à Companhia, sendo também de salientar a assistência religiosa prestada por padres missionários aos domingos. (...).

(...) A área do subsector de Nhacra tinha por limite a norte o Rio Mansoa, a sul o Rio Geba, a oeste o Canal do Impernal e, a leste, confinava com o Dugal.

Era atravessada, nos seus limites, por uma estrada asfaltada (com grande movimento de pessoas e viaturas), que ligava Bissau a Mansoa e, ainda, pela ligação entre Nhacra e Cumeré, também ela em estrada asfaltada. 

A piscina de Nhacra.
Foto de Eduardo Campos (2009)
As tabancas mais populosas tinham ligações com as estradas principais, através de picadas largas. Sobre o Canal de Impernal e no itinerário Bissau – Mansoa, encontrava-se a Ponte de Ensalmá, onde se mantinha em permanência um destacamento da Companhia, dada a sua importância estratégica e pelo facto capital de ser a única ponte que permitia a ligação por terra, entre Bissau e o resto do território da Guiné.

O terreno apresentava uma uniformidade e configuração incaracterísticas, em que os relevos praticamente não existiam, apenas entrecortado pelas bolanhas que abundavam nessa região, visto formarem-se a cotas inferiores às do terreno.

Hidrograficamente a região era rica, com os importantes rios Mansoa e Geba, bastante caudalosos na praia-mar, que chegavam a atingir cerca de três metros de amplitude e invadiam uma série de canais, do qual se destacava o Canal do Impernal, que estabelecia a ligação entre eles, dando origem à ilha de Bissau… Sim, disse ilha, porque Bissau era uma ilha e, curiosamente, muitos dos nossos camaradas desconheciam o facto.

A mata era muita reduzida nessa região, exceptuando-se pequenas manchas existentes no extremo norte do Rio Geba e nas proximidades do Canal do Impernal. Na zona interior a savana arbustiva, era salpicada, aqui e além, por árvores de grande porte (poilões), mangueiros e cajueiros.

Nas Zonas marginais dos rios e dos canais, zonas extremamente pantanosos, abundavam as plantas hidrófilas que se ramificavam em múltiplas raízes, formando o que se designava por “tarrafo”. A fauna, sem ser abundante, poderia considerar-se rica em diversas espécies.

Afinal, Nhacra, a 25 / 30 km, a nordeste de Bissau, era um sítio onde se podia ir, de carro, de moto ou de motorizada, com relativa tranquilidade, até ao final da guerra. (***)
_________

Notas do editor:



27 de novembro de  2019 > Guiné 61/74 - P20386: (De)Caras (117): Eu e o saudoso Eduardo Jorge Ferreira (1952-2019), prontos para ir a Nhacra, de motorizada, comer umas ostras (Jorge Pinto, ex-alf mil, 3.ª CART / BART 6520/72, Fulacunda, 1972/74)

quinta-feira, 28 de novembro de 2019

Guiné 61/74 - P20392: Álbum fotográfico de Domingos Robalo, ex-fur mil art, BAC 1 / GAC 7 (Bissau e Fulacunda, 1969/71) - Parte II


Guiné > Bissau > BAC 1 > 1969 >  O Domingos Robalo junto do obus 14


Guiné > Bissau > BAC 1 > 1969 > O fatídico obus 10.5 de Guileje ["O obús 10,5 cm sem ferrão é o de Guileje, na sequência de uma morteirada a 21/02/1969"]

(...) "A minha mobilização para a Guiné ocorrera para cumprir uma rendição individual de um militar que não teve oportunidade de chegar ao fim. Ia substituir o furriel miliciano Batista [, António da Conceição Dias Baptista, natural de Murtal, São Domingos de Rana, Cascais ], que infelizmente não terminara a sua comissão no tempo normal. No dia 14 de fevereiro de 1969, morre heroicamente ao lado do seu Comandante de pelotão, o alferes Gonçalves [, José Manuel de Araújo Gonçalves, natural de Lisboa], São vítimas de um ataque IN no aquartelamento de Guileje."  (...)

(...) O seu sacrifício resultou de um ato heroico, não por falta de discernimento ou inconsequente, mas, na sequência da intensidade do fogo IN, por terem querido proteger os seus soldados, todos negros e do recrutamento da Província. Ordenou o Alferes que todos se recolhessem no abrigo. O Furriel Batista manteve-se a seu lado respondendo ao fogo IN, como se de um duelo de artilharia se tratasse. Mas a má hora chegou. Uma morteirada cai sobre o ferrão do lado esquerdo do obús 10,5cm e ali morrem os dois. (...)




Guiné > Bissau > BAC 1 > 1969 > A despedida do cap art Moura Soares, hoje cor art ref...  [Da direita para a esquerda, o Domingos Robalo, o cap Moura Soares e... o furriel Osório, da CART 2520]... A malta de 1968/70 encontrou-se pela primeira vez em 1989, segundo o José Diniz  Faro (*). O Domingos Robalo esclarece: "A malta de 68/70, encontrou-se em 1989, pela segunda vez. A alegria foi imensa. O convívio teve lugar em Oeiras, junto às peças da artilharia de costa do Regimento de Artilharia de Costa/Oeiras, tendo como Comandante, na altura, o Coronel de Artilharia Moura Soares. O nosso 1º encontro/convívio tinha sido em Coimbra,  creio que dois anos antes. (1987 ? )".


Guiné > Bissau > BAC 1 > 10 de junho de 1969 > Exercícios (1): " Nas fotos [esta e seguinte] estou eu e o meu amigo e camarada Avelino Glória (Furriel de artilharia). As fotos dizem respeito à exibição da "milicia" que recebia instrução na BAC1, sendo eu um dos instrutores. O local é o campo de futebol de Bissau [, Sarmento Rodrigies,]  e o rapaz é um dos instruendos da milícia (estudantes do liceu de Bissau). A arma é uma Mauser (sem bala). A instrução era dada aos sábados de tarde na BAC1".


Guiné > Bissau > BAC 1 > 10 de junho de 1969 > Exercícios (2)


Fotos (e legenda): © Domingos Robalo (2019). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Tabanca da Linha, 2019 > Domingos Robalo.
Foto de Manuel Resende (2019)


1. Continuação da publicação do álbum fotográfico (**)  de Domingos Robalo, ex-fur mil art, BAC 1 / GAC 7, Bissau, 1969/71; comandante do 22º Pel Art, em Fulacunda; tem cerca de 20 referências no nosso blogue

 Domingos Robalo [, foto acima]:

(i) tem página no Facebook desde março de 2009 e administra também o grupo Artilharia de Campanha na Guiné-BAC1/-GAC7;

(ii) vive em Almada, está ligado à Universidade Sénior Dom Sancho I, de Almada, onde faz voluntariado, desde julho de 2013, como professor da disciplina de "Cultura e Arte Naval";

(iii) trabalhou na Lisnave; é praticante de golfe;

(iv) e passou a integrar a Tabanca Grande, com o nº 795, desde 21 de setembro último.


2. Comissão de serviço na Guiné:
Domingos Robalo, BI militar, Bissau,
23 de maio de 1969, com a assinatura
do comandante da BAC1,
cap art Moura Soares

Chegou à Bissau em 13 de maio de 1969, em rendição individual. Foi colocado no BAC 1 [, mais /GAC 7], onde durante  cerca de quatro meses participou  nas “escolas de recrutas” que era levada a efeito com soldados do recrutamento da Província.

Em agosto, é nomeado para ser o instrutor na formação de artilharia de obuses 10,5cm e a 14,0cm, a furriéis, sargentos e a oficiais subalternos, oriundos de pelotões de morteiros. 

É colocado em Fulacunda como  comandante do 22º Pel Art-  Embora apenas sendo furriel, foi considerado como tendo o perfil adequado. De resto, havia falta de oficiais subalternos para preencher todos os comandos dos Pelotões de Artilharia  espalhados ou a espalhar pela Província.

Segue de Bissau para Bolama em LDM. O comboio foi atacado à morteirada, foi o seu batismo de fogo.  (***)


(***) Vd. poste de 12 de outubro de 2019 > Guiné 61/74 - P20232: Recordações e desabafos de um artilheiro (Domingos Robalo, fur mil art, BAC 1 /GAC 7, Bissau, 1969/71) - Parte V: Rumo a Fulacunda, com o 22º Pel Art, passando por Bolama, e com batismo de fogo

Guiné 61/74 - P20391: (De)Caras (144): A liberdade que as motos e as motorizadas nos davam... Ia-se de Bissau a Safim, Nhacra, Ensalma, João Landim... (Virgílio Teixeira, ex-alf mil SAM, CCS/BCAC 1933, Nova Lamego e São Domingos, 1967/69)



Foto nº 1 >  Guiné > Região de Bissau >  11 de março de 1968 > Ponte sobre o rio Mansoa, em Ensalmá (, inaugurada em 1952). De motorizada, o fur mil SAM Riquito (Peugeot) e o alf mil SAM Virgílio Teixeira (Honda)


Foto nº 2 > Guiné > Região de Bissau > 11 de agosto de 1968 > Rio Mansoa, João Landim, junto à "famosa jangada"---


Foto nº 3 > Guiné > Região de Bissau > Nhacra, piscina do quartel, 11 de março de 1968


Foto nº 4 >  Guiné > Região de Bissau > Nhacra, piscina do quartel, 11 de março de 1968: um salto mortal...


Fotos (e legendas): © Virgílio Teixeira  (2019). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



1. Comentário ao poste P20386 , com data de 27 nov 2019, 23h33,  de Virgílio Teixeira,   ex-al mil SAM, CCS/BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1965/67) (*):


Luís, só agora estou a ver estas fotos, excelentes, e de motas a sério, bem como esta mensagem.

Virgílio Teixeira (*)
A minha foto de Safim, está correcta, é em março de 1968, quando o meu batalhão esteve um mês em Brá. Era uma Peugeot, acho que de 50 cc, uma coisa de dar gás, mas que me levava a todo o lado.

Virgílio Teixeira (*)
Depois temos outra em Bissau, na minha nova Honda de 50 cc, ali ao lado era onde se realizava o famoso mercado de Bandim.

Não sei se já foi enviada, estão tantas em postes, mas esta em João Landim (Foto nº 2), junto à jangada que me levou para a outra margem, já não sei o nome do local. Jugudul,  talvez, A mota, que não sei a marca, era de um outro militar, furriel, que está junto de mim.

Tenho outra que também junto, numa outra altura, em que estou eu e o meu Furriel Riquito, na ponte de Ensalma (foto nº 1), e são ambas minhas, a Peugeot e a Honda, mais nova, que tinha lugar para passageiro.

Vejo agora que não tinham matrículas, não devia ser preciso, há aqui uns anos de diferença, ou as motas tinham que ter a matricula ?!

Ambas foram compradas na mesma casa aqui referida, era o representante da Peugeot, e outras marcas e comprei lá ambas, acho que custaram uns 5 contos cada. Não sei o que fiz delas, penso que as deixei por lá, não vendi nada, isso eu sei.

António Martins de Matos (*)
Com aquela de 200 cc [, do ten pilav António Martins de Matos] (*), podia 'abrir' à vontade, e fugir dos turras que por acaso aparecessem, o que não foi o caso.

Em Nhacra no meu tempo, não se comia ostras em parte nenhuma, e em Safim, eram camarões, e talvez ostras, mas não me lembro. Ostras comia por todas as esplanadas em Bissau.

Em Nhacra ia dar uns mergulhos à piscina do quartel, lá de cima da prancha. Junto duas fotos, para os devidos efeitos, estão todas fracas, mas ainda não tinha os dons da fotografia {Fotos nº 3 e 4].

Não parava de contar aventuras, mas tenho receio (medo!) que me venham a dizer que eu fazia a guerra a andar de motorizada, quer pelas aldeias e cidades à volta de Bissau, ou a percorrer o Pilão.

Eduardo Jorge Ferreira
 (1952-2019) e Jorge Pinto (*)
Como se pode ver, quem podia, comprava uma, porque era uma grande independência para a gente desfrutar por todo o lado, sem horários, sem stress [, como era o caso do alf mil Polícia Aérea, Eduardo Jorge Ferreira (1952-2'0199]

Por agora é tudo, gostei de ver novamente as minhas fotos nas minhas loucuras pela Guiné. Tempos, de saudade, pois tinha muito menos idade, e por tudo o mais que não posso aqui  'introduzir' !

P.S. Ressalvo, quaisquer erros, omissões e outras bestialidades que possa ter escrito em cada foto.

Um abraço, podes publicar o meu comentário, se for de interesse.

Um abraço, Virgilio



Guiné > Bissau > Carta de Bissau (1949) > Escala de 1/50 mil > Posição relativa de Bissau, Bissalanca, Safim, Ensalma, Nhacra, ... De Nhacra a Bissau eram cerca de 20 km. De Bissalanca a Nhacra, por Safim, devia ser um pouco mais... E não havia problemas de segurança na região de Bissau, até ao fim da guerra... 

Decididamente o PAIGC nunca optou pela guerrilha urbana...Pelo menos, não consta que tenha morto ou apanhado à mão algum militar que circulava, de moto, ou de motorizada, pela região de Bissau, na maior das calmas... Afinal de contas, Bissau era uma "ilha" e uma "fortaleza"...

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2019).
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Nota do editor:

Vd. último poste da série > 27 de novembro de 2019  > Guiné 61/74 - P20386: (De)Caras (117): Eu e o saudoso Eduardo Jorge Ferreira (1952-2019), prontos para ir a Nhacra, de motorizada, comer umas ostras (Jorge Pinto, ex-alf mil, 3.ª CART / BART 6520/72, Fulacunda, 1972/74)