Hoje, dia 4 de Agosto, acrescenta mais um ano de vida, que desejamos se prolongue por mais algumas décadas, o nosso camarada RUI ALEXANDRINO FERREIRA.
Desde já os nossos parabéns ao Rui, neste dia em que vimos desejar-lhe a melhor saúde na companhia dos que lhe são mais queridos.
Rui Alexandrino Ferreira (*) é natural de Angola (Lubango, 1943) e vive em Viseu, terra que adaptou e onde tem muitos e bons amigos.
Fez o COM em Mafra em 1964.
Tem duas comissões na Guiné:
- como Alferes Miliciano (CCAÇ 1420, Fulacunda, 1965/67)
- como Capitão Miliciano (CCAÇ 18, Aldeia Formosa, 1970/72).
Fez ainda uma comissão em Angola, como capitão.
Publicou em 2000 a sua primeira obra literária, "Rumo a Fulacunda".
Rumo a Fulacunda.
2.ª edição, 2003
Palimage Editores
(Colecção Imagens de Hoje).
415 páginas
Preço: capa 20€.
Aproveitamos para publicar uma mensagem que nos foi enviada, em tempos, pelo nosso outro camarada/escritor Mário Fitas, a propósito do livro "Rumo a Fulacunda".
Luís,
Se me é permitido, queria deixar na Tabanca Grande, uma mensagem em louvor de um Homem, precisamente com H grande.
Acabei de ler - pela segunda vez - “Rumo a Fulacunda”. Um livro que me confirmou de facto como o mundo é pequeno, pois não esperava neste livro tão bem escrito da nossa verdadeira História, algo que a mim estivesse ligado e que refiro:
1 – CART 1525 - da qual conheço toda a sua permanência em terras da Guiné - do meu amigo e companheiro de brincadeiras de criança, Cor Tirocinado Jorge Piçarra Mourão.
2 – Ser o autor conterrâneo - Angolano - de um também meu grande amigo e companheiro ornitófilo, eng.º Alípio Pinheiro da Silva.
3 – Referir na sua obra a Companhia 816 da qual fez parte o actual presidente da Freguesia do Estoril, e o qual acarinhou a publicação do meu livro.
Isto diz-me qualquer coisa portanto sinto.
Quanto à Obra em si, quero referir a sensibilidade do autor.
Desculpa Rui mas tenho de te copiar:
Agradecimento:
Todo o caminho é belo se cumprido
Ficar no meio é que é perder o sonho
É deixá-lo apodrecer no resumido
Circulo da angústia e do abandono
(Alda Lara)
Lindo!...
Dedicatória:
A quem:
“ao unir ao meu o seu destino, lhe insuflou a força, norteou o sentido”
“ À minha querida mãe e à memória e saudade do meu pai,……..deixou em mim um profundo vazio”
Belo!... São as únicas coisas que ainda hoje nos fazem reviver, o mundo maravilhoso de crianças!
Rumo a Fulacunda é Guiné terra bonita!
Rumo a Fulacunda é mata, lama, suor e sangue!
Rumo a Fulacunda é o imprevisto e as carências de quem vive a esperança do amanhã!
Rumo a Fulacunda é o amadurecimento de um Homem a quem não deixaram viver a juventude envolvendo-o no angustiante drama da Guerra!
Para o Rui Ferreira o fraterno abraço e agradecimento, pelas belas páginas de uma Verdade esquecida e escondida.
Força Rui!
Obrigado Luís
Mário Fitas
Algumas fotos ao acaso:
Pombal > 28 de Abril de 2007 > 2.º encontro da nossa tertúlia > Foto (parcial) do grupo: assinalado com um círculo a amarelo, o Rui Alexandrino Ferreira, coronel na reforma, autor do livro de memórias Rumo a Fulacunda
Viseu > 2001 > O Rui Alexandrino Ferreira, faz a apresentação do seu livro de memórias Rumo a Fulacunda, editado pela Palimage.
Guiné > Aldeia Formosa (Quebo) > CCAÇ 18 (1970/72) > 1971 > "No meu quarto no Quebo com camuflado Cubano".
Guiné > Fulacunda > CCAÇ 1420 (1965/67) > 1967 > "Com a Eusébia, a mascote da companhia".
Guiné > Fulacunda > CCAÇ 1420 (1965/67) 1966 > O Alf Mil Rui Ferreira "com um chapéu turra".
Guiné > Aldeia Formosa > CCAÇ 18 (1970/72) > 1971 > Os primeiros foguetões 122 capturados aos guerrilheiros do PAIGC. O Cap Mil Rui Ferreira, comandante da CCAÇ 18, é o elemento do meio, na fotografia.
Quinta do Paul, Ortigosa, Monte Real, Leiria > IV Encontro Nacional do nosso blogue > 20 de Junho de 2009 >Da esquerda para a direita: Luís Raínha, Vasco da Gama, Rui Ferreia e António Carvalho > Fnalmente, o bacalhau da reconciliação e da paz, acarinhado pelo Vasco, testemunhado pelo Carvalho e fotografado pelo Luís Graça...
__________
Notas de CV:
(*) Vd. postes de:
17 de Novembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1285: Bibliografia de uma guerra (14): Rumo a Fulacunda, um best seller, de Rui Alexandrino Ferreira (Luís Graça)
31 de Março de 2007 > Guiné 63/74 - P1639: Estórias de Bissau (12): uma cidade militarizada (Rui Alexandrino Ferreira)
1 de Maio de 2007 > Guiné 63/74 - P1718: Lendo de um fôlego o livro do Rui Ferreira, Rumo a Fulacunda (Virgínio Briote)
15 de Maio de 2007 > Guiné 63/74 - P1761: A floresta-galeria na escrita de Rui Ferreira
30 de Maio de 2007 > Guiné 63/74 - P1797: Convívios (13): Viseu: Homenagem ao Rui Ferreira e apresentação do último livro do Gertrurdes da Silva (Paulo Santiago)
30 de Maio de 2007 > Guiné 63/74 - P1800: Álbum das Glórias (14): De Alferes (CCAÇ 1420, Fulacunda, 1965/67) a Capitão (CCAÇ 18, Quebo, 1970/72) (Rui Ferreira)
4 de Agosto de 2007 > Guiné 63/74 - P2026: Antologia (61): Rumo a Fulacunda: uma estória que ficou por contar ou a tragédia das CCAÇ 1420 e 1423 (Rui Ferreira)
11 de Fevereiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2523: Estórias de Guileje (7): Um capitão, cacimbado, e um médico, periquito, aos tiros um ao outro... (Rui Ferreira)
22 de Agosto de 2008 > Guiné 63/74 - P3144: Dando a mão à palmatória (15): Alf Mil Rainha era comandante do Gr Cmds Centuriões (Rui A. Ferreira)
29 de Agosto de 2008 > Guiné 63/74 - P3155: Ainda o "Rumo a Fulacunda" e o ex-Alf Mil Luís Rainha (Carlos Vinhal/Luís Rainha/Rui Ferreira)
15 de Janeiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3744: A retirada de Guileje, por Coutinho e Lima (12): Spínola podia ter feito muito mais... (Rui Alexandrino Ferreira)
24 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4568: IV Encontro Nacional do Nosso Blogue (11): Um modelo de gestão de conflitos: Vasco da Gama, Luis Raínha, Rui Ferreira...
28 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4599: Em busca de... (78): Antigo camarada do RI 10, Aveiro, 1965 (Rui Alexandrino Ferreira)
29 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4601: Estórias avulsas (36): O insólito aconteceu (Rui A. Ferreira)
23 de Julho de 2009 > Guiné 63/74 - P4728: Dando a mão à palmatória (22): Nota Prévia em defesa do bom nome de Luís Rainha (Rui A. Ferreira)
Vd. último poste da série de 30 de Julho de 2009 > Guiné 63/74 - P4758: Parabéns a você (15): Francisco Palma da CCAV 2748 e Júlio Abreu do BCAÇ 506 e Companhia de Comandos do CTIG (Editores)
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
terça-feira, 4 de agosto de 2009
segunda-feira, 3 de agosto de 2009
Guiné 63/74 - P4775: Notas de Leitura (14): Mariazinha em África (Mário Beja Santos)
1. Mensagem de Mário Beja Santos (*), ex-Alf Mil, Comandante do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70, com data de 31 de Julho de 2009:
Querido amigo,
Valeu a pena reler esta jóia de Fernanda de Castro e atrevi-me a sugerir a sua leitura aos nossos confrades.
Parto amanhã para a minha casa de pedra dentro de uma floresta silenciosa, algures no concelho de Pedrógão Grande.
Ando a redescobrir a vida depois de uma catástrofe inusitada.
Um abraço do Mário
Mariazinha em África:
O despontar da literatura colonial guineense
Beja Santos
Foi o estudioso Leopoldo Amado quem, no seu ensaio A Literatura Colonial Guineense (várias vezes aqui referido no blogue), chamou a atenção para as obras de Fernanda de Castro (1900 – 1994), uma escritora que viveu na sua adolescência em Bolama e que teve um indesmentível papel pioneiro na literatura colonial da Guiné. O destaque deve ser posto em Mariazinha em África, um best-seller da literatura infantil cuja primeira edição surgiu em 1926 e que neste momento está ainda disponível na edição das obras completas de Fernanda de Castro no Círculo de Leitores.
No critério de Leopoldo Amado prevalece o facto de Fernanda de Castro evidenciar no seu trabalho as atitudes do Estado Novo perante as colónias. Ele escreve: “Não é apenas o exotismo, o paternalismo e o desconhecimento do Outro civilizacional que da produção literária–colonial de Fernanda de Castro numa peça chave para compreender as metamorfoses da política oficial. É, por assim dizer, a idiossincrasia com que encarou a sua produção literária-colonial, o que a forçou nas edições seguintes a alterações conteudísticas de forma a se equidistar da política oficial do Estado Novo que, paradoxalmente, apregoava a multiracialidade. O racismo colonial, hábil, tinha também uma actuação e respectiva teorização correspondente. Ao longo das diferentes edições de Mariazinha em África, Fernanda de Castro procedeu a uma suavização da visão colonialista do negro. Mariazinha em África está entre os livros mais vendidos em Portugal”.
Esta obra original de literatura infantil, uma pequena gema do modernismo literário, é de facto um livro muito bem estruturado e que vai espelhar a manifestação do que se pensava, designadamente nos anos 20 e 30, do negro e do espírito de missão do branco. Mariazinha tem o pai a viver em Bolama, dirige os serviços da capitania de Bolama e era o chefe dos serviços marítimos da Guiné. Viaja com a sua mãe e o seu irmão Afonso de Lisboa para Bissau, integra-se nas lides marítimas, aprende o que são as toninhas e os peixes voadores e um dia chega-se ao calor africano, o vapor vai ancorar no porto de Bissau onde o pai de Mariazinha abraça a mulher e os filhos. Descobre que os tubarões não devoram os negrinhos que mergulham para apanhar as moedas lançadas à água pelos passageiros. Mariazinha deslumbra-se com a viagem para Bolama: “Palmeira e coqueiros, de grandes leques de folhas, vinham até à praia, nasciam quase dentro de água e pareciam as sentinelas vigilantes daquela região misteriosa.
De vez em quando, um pássaro de cores vivas voava sobre o barco. Macacos, aos guinchos, saltavam de ramo em ramo. E o calor, sufocante, tornava-lhes a respiração pesada e difícil”. Sempre curiosa, faz perguntas e aprende o que são papaias, assiste a uma festa dos Mancanhas, constata que os pretos falam “uma língua de trapos”, experimenta as inclemências de um tornado, assiste a uma caçada no Oio, delicia-se com a água do coco, é pedida em casamento por um poderoso chefe tribal depois de uma recepção em Buba, deslumbra-se com os cavaleiros cujos animais vinham ricamente ajaezados com arreios de couro lavrado, vai constituindo um pequeno jardim zoológico e um belo dia regressam todos, trazem o Vicente, um menino da região e vão viver para a outra banda. Certamente acicatada pelo sucesso deste livro, Fernanda de Castro irá publicar em 1935 Novas Aventuras de Mariazinha, a acção decorre na Quinta da Amoreira e reaparece Vicente que se impõe pelo seu afecto, pela sua delicadeza, mas também pela sua “língua de trapos”, exprimindo-se, aqui e acolá, em crioulo (Manga di arroz! Arroz bom di mais!). Vicente é o expoente do exotismo em terra de brancos: “Os meninos que vinham visitá-los – Mariazinha e os irmãos tinham muitos primos e muitos amigos – andavam à roda de Vicente como borboletas tontas em volta da luz. Riam dos seus menores gestos, da sua estranha e divertida linguagem, e Vicente, encantado com tão inesperado êxito, andava cada vez mais feliz e mais brincalhão”. Vicente sofre um processo de civilização, é muito bem tratado, mais não é par dos meninos brancos a não ser para as brincadeiras: come na cozinha com os criados e vive noutro espaço, cada um no seu lugar. Este segundo livro de Fernanda de Castro, no entanto, incorpora outra dimensão da moral do Estado Novo, investindo em histórias exemplares que têm a ver com os valores do trabalho, a solidariedade filial, as diversões construtivas, a aprendizagem da modéstia e da humildade, o papel da religião. Não terá sido por acaso que o livro terminava com as crianças a rezar o Pai-nosso na Quinta da Amoreira e Vicente rezava assim: “Santificada seja o vossi nomi”. A integração na civilização superior passava pela cristianização. Décadas depois a mentalidade mudou e o Estado Novo passou a conviver melhor com o islamismo, aceitando na Guiné limites para o fervor missionário.
Recomenda-se a todos os tertulianos que ainda não conheçam estes livros de Fernanda de Castro que os adquiram e os comentem depois aos seus netos. Foi com Fernanda de Castro que se abriu um ciclo literário que também será preenchido por importante literatura nativa, como será o caso de Juvenal Cabral, pai de Amílcar Cabral.
__________
Notas de CV:
(*) Vd. poste de 29 de Julho de 2009 > Guiné 63/74 - P4756: Historiografia da presença portuguesa (20): 1º Cruzeiro de férias às colónias de C. Verde, Guiné, S. Tomé... (Beja Santos)
Vd. último poste da série de 2 de Agosto de 2009 > Guiné 63/74 - P4766: Notas de leitura (13): "Os Anos da Guerra Colonial" e as suas incorrecções (António Dâmaso)
Querido amigo,
Valeu a pena reler esta jóia de Fernanda de Castro e atrevi-me a sugerir a sua leitura aos nossos confrades.
Parto amanhã para a minha casa de pedra dentro de uma floresta silenciosa, algures no concelho de Pedrógão Grande.
Ando a redescobrir a vida depois de uma catástrofe inusitada.
Um abraço do Mário
Mariazinha em África:
O despontar da literatura colonial guineense
Beja Santos
Foi o estudioso Leopoldo Amado quem, no seu ensaio A Literatura Colonial Guineense (várias vezes aqui referido no blogue), chamou a atenção para as obras de Fernanda de Castro (1900 – 1994), uma escritora que viveu na sua adolescência em Bolama e que teve um indesmentível papel pioneiro na literatura colonial da Guiné. O destaque deve ser posto em Mariazinha em África, um best-seller da literatura infantil cuja primeira edição surgiu em 1926 e que neste momento está ainda disponível na edição das obras completas de Fernanda de Castro no Círculo de Leitores.
No critério de Leopoldo Amado prevalece o facto de Fernanda de Castro evidenciar no seu trabalho as atitudes do Estado Novo perante as colónias. Ele escreve: “Não é apenas o exotismo, o paternalismo e o desconhecimento do Outro civilizacional que da produção literária–colonial de Fernanda de Castro numa peça chave para compreender as metamorfoses da política oficial. É, por assim dizer, a idiossincrasia com que encarou a sua produção literária-colonial, o que a forçou nas edições seguintes a alterações conteudísticas de forma a se equidistar da política oficial do Estado Novo que, paradoxalmente, apregoava a multiracialidade. O racismo colonial, hábil, tinha também uma actuação e respectiva teorização correspondente. Ao longo das diferentes edições de Mariazinha em África, Fernanda de Castro procedeu a uma suavização da visão colonialista do negro. Mariazinha em África está entre os livros mais vendidos em Portugal”.
Esta obra original de literatura infantil, uma pequena gema do modernismo literário, é de facto um livro muito bem estruturado e que vai espelhar a manifestação do que se pensava, designadamente nos anos 20 e 30, do negro e do espírito de missão do branco. Mariazinha tem o pai a viver em Bolama, dirige os serviços da capitania de Bolama e era o chefe dos serviços marítimos da Guiné. Viaja com a sua mãe e o seu irmão Afonso de Lisboa para Bissau, integra-se nas lides marítimas, aprende o que são as toninhas e os peixes voadores e um dia chega-se ao calor africano, o vapor vai ancorar no porto de Bissau onde o pai de Mariazinha abraça a mulher e os filhos. Descobre que os tubarões não devoram os negrinhos que mergulham para apanhar as moedas lançadas à água pelos passageiros. Mariazinha deslumbra-se com a viagem para Bolama: “Palmeira e coqueiros, de grandes leques de folhas, vinham até à praia, nasciam quase dentro de água e pareciam as sentinelas vigilantes daquela região misteriosa.
De vez em quando, um pássaro de cores vivas voava sobre o barco. Macacos, aos guinchos, saltavam de ramo em ramo. E o calor, sufocante, tornava-lhes a respiração pesada e difícil”. Sempre curiosa, faz perguntas e aprende o que são papaias, assiste a uma festa dos Mancanhas, constata que os pretos falam “uma língua de trapos”, experimenta as inclemências de um tornado, assiste a uma caçada no Oio, delicia-se com a água do coco, é pedida em casamento por um poderoso chefe tribal depois de uma recepção em Buba, deslumbra-se com os cavaleiros cujos animais vinham ricamente ajaezados com arreios de couro lavrado, vai constituindo um pequeno jardim zoológico e um belo dia regressam todos, trazem o Vicente, um menino da região e vão viver para a outra banda. Certamente acicatada pelo sucesso deste livro, Fernanda de Castro irá publicar em 1935 Novas Aventuras de Mariazinha, a acção decorre na Quinta da Amoreira e reaparece Vicente que se impõe pelo seu afecto, pela sua delicadeza, mas também pela sua “língua de trapos”, exprimindo-se, aqui e acolá, em crioulo (Manga di arroz! Arroz bom di mais!). Vicente é o expoente do exotismo em terra de brancos: “Os meninos que vinham visitá-los – Mariazinha e os irmãos tinham muitos primos e muitos amigos – andavam à roda de Vicente como borboletas tontas em volta da luz. Riam dos seus menores gestos, da sua estranha e divertida linguagem, e Vicente, encantado com tão inesperado êxito, andava cada vez mais feliz e mais brincalhão”. Vicente sofre um processo de civilização, é muito bem tratado, mais não é par dos meninos brancos a não ser para as brincadeiras: come na cozinha com os criados e vive noutro espaço, cada um no seu lugar. Este segundo livro de Fernanda de Castro, no entanto, incorpora outra dimensão da moral do Estado Novo, investindo em histórias exemplares que têm a ver com os valores do trabalho, a solidariedade filial, as diversões construtivas, a aprendizagem da modéstia e da humildade, o papel da religião. Não terá sido por acaso que o livro terminava com as crianças a rezar o Pai-nosso na Quinta da Amoreira e Vicente rezava assim: “Santificada seja o vossi nomi”. A integração na civilização superior passava pela cristianização. Décadas depois a mentalidade mudou e o Estado Novo passou a conviver melhor com o islamismo, aceitando na Guiné limites para o fervor missionário.
Recomenda-se a todos os tertulianos que ainda não conheçam estes livros de Fernanda de Castro que os adquiram e os comentem depois aos seus netos. Foi com Fernanda de Castro que se abriu um ciclo literário que também será preenchido por importante literatura nativa, como será o caso de Juvenal Cabral, pai de Amílcar Cabral.
__________
Notas de CV:
(*) Vd. poste de 29 de Julho de 2009 > Guiné 63/74 - P4756: Historiografia da presença portuguesa (20): 1º Cruzeiro de férias às colónias de C. Verde, Guiné, S. Tomé... (Beja Santos)
Vd. último poste da série de 2 de Agosto de 2009 > Guiné 63/74 - P4766: Notas de leitura (13): "Os Anos da Guerra Colonial" e as suas incorrecções (António Dâmaso)
Guiné 63/74 - P4774: Tabanca Grande (167): Manuel Joaquim, ex-Fur Mil Armas Pesadas da CCAÇ 1419, Bissorã e Mansabá (1965/67)
1. Mensagem do nosso novo camarada Manuel Joaquim, ex-Fur Mil de Armas Pesadas da CCAÇ 1419, Bissau, Bissorã e Mansabá, 1965/67, com data de 31 de Julho de 2009:
Apresento-me já:
Manuel Joaquim, ex-Fur Mil Armas Pesadas da CCaç 1419 (Bissau, Bissorã, Mansabá, 1965/67).
Meu caro Luis Graça:
Quero inscrever-me na Tabanca, mas ainda não sei bem utilizar esta coisa (mandar fotos p.ex.); estou mesmo no início.
Um info-excluído, ou quase, que está a tentar sair desta situação e dando os primeiros passos na net, encontra um blogue (Luis Graça & Camaradas da Guiné) e... que descoberta!
Já lá vão umas boas horas de emoção! Mas nunca é tarde, nem para aprender a manipular o computador nem para começar a participar nesta rede de emoções/recordações.
Por isso aqui estou a dar notícia de mim e a pedir que me aguardem. Para já, meu caro LUIS Manuel da GRAÇA Henriques (Algures no cu do mundo, longe do Vietnam) - Luis Graça (A tropa macaca e a elite da tropa), (Eu por cá fico bem, graças a Deus), (Subsídios para a história da africanização da guerra), a pessoa a quem me estou a dirigir só pode ser a mesma que colaborou - títulos em itálico - nas MEMÓRIAS DA GUERRA COLONIAL publicadas no semanário O JORNAL no princípio dos anos oitenta. É que eu também colaborei (Fafé) e o teu nome e teus textos ficaram-me na memória! Não estou enganado, pois não?
Fui professor do ensino básico (Escola Gago Coutinho/Amadora) e director da Escola Profissional de Recuperação do Património/Sintra.
Estou aposentado e perto dos 68 anos (1/9).
Sou sócio da "Ajuda Amiga-Associação de Solidariedade e de Apoio ao Desenvolvimento", muito ligada à Guiné.
Espero voltar brevemente ao contacto.
Saudações amigas e solidárias!
Manuel Joaquim
PS: Estou a olhar para a formatação do texto e estou envergonhado.
Ah, moro em AGUALVA-CACÉM.
2. Comentário de CV:
Uma vez que o Chefe está em pleno gozo de férias, estou a representá-lo nesta nobre missão de recepção aos novos camaradas.
Assim sendo, caro Manuel Joaquim, sê bem-vindo a esta família que o Luís Graça fundou há cerca de 4 anos e que não pára de aumentar.
Na verdade, o Luís Graça é a pessoa que referes e que leste nos anos 80. Ele e o jornalista Afonso Praça, ex-Alf Mil em Angola, infelizmente já falecido, alimentavam, no extinto semanário "O Jornal", uma rubrica com o título "Memórias da Guerra Colonial". Deve-se aliás ao Luís o slogan "Exorcizar os fantasmas da Guerra Colonial".
Já reparaste que entraste na Tabanca sem cumprir as formalidades, porque o preço de inscrição é o envio de duas fotos (antiga e actual) mais uma história. Até à próxima Assembleia Geral ficas à consideração.
Agora a sério, não te preocupes com os poucos conhecimentos que dizes ter em matéria de informática. O que é preciso é tempo para ir aos poucos entrando nesta coisa tão complicada e, no fundo, tão simples.
Para poderes enviares as tuas fotos tens que ter um digitalizador para as transferires para As tuas Imagens e dispores delas sempre que queiras, por exemplo para nos enviares para publicação.
Há-de haver aí por casa, ou na família, alguém que dê uma ajuda.
Os textos poderás escrevê-los directamente no corpo da mensagem, como fizeste desta vez. Não te preocupes com a formatação que nós resolvemos isso cá. Gralhas, podes mandar à vontade que nós também as matamos. Temos a preocupação de passar os textos a pente fino, porque há sempre uma letra que está na tecla ao lado, naquela que não teclamos.
Espero que já te sintas mais à vontade connosco. A malta é fixe.
Já que falaste de Mansabá, não posso deixar de referir os meus 22 meses passados lá. Boas instalações, bons acessos (sei que no teu tempo não era assim), boa água e muita, mas mesmo muita porrada. Coube-nos fazer protecção aos trabalhos de finalização da estrada Mansabá/Farim, mais propriamente, o troço entre o Bironque e o K3 (Saliquinhedim). Deves lembrar-te destes nomes. Se clicares nas palavras sublinhadas abres os respectivos mapas.
Caro companheiro, cá ficamos à espera de novas tuas. Envia-nos os teus textos para publicar e fotos com legenda, por favor.
Em nome da Tertúlia deixo-te um abraço fraterno de boas-vindas.
(Carlos Vinhal)
__________
Nota de CV.
Vd. último poste da série de 1 de Agosto de 2009 > Guiné 63/74 - P4764: Tabanca Grande (166): António Dâmaso, Sargento-Mor da FAP (Guiné, 1966/68, 1969/70 e 1972/74)
Apresento-me já:
Manuel Joaquim, ex-Fur Mil Armas Pesadas da CCaç 1419 (Bissau, Bissorã, Mansabá, 1965/67).
Meu caro Luis Graça:
Quero inscrever-me na Tabanca, mas ainda não sei bem utilizar esta coisa (mandar fotos p.ex.); estou mesmo no início.
Um info-excluído, ou quase, que está a tentar sair desta situação e dando os primeiros passos na net, encontra um blogue (Luis Graça & Camaradas da Guiné) e... que descoberta!
Já lá vão umas boas horas de emoção! Mas nunca é tarde, nem para aprender a manipular o computador nem para começar a participar nesta rede de emoções/recordações.
Por isso aqui estou a dar notícia de mim e a pedir que me aguardem. Para já, meu caro LUIS Manuel da GRAÇA Henriques (Algures no cu do mundo, longe do Vietnam) - Luis Graça (A tropa macaca e a elite da tropa), (Eu por cá fico bem, graças a Deus), (Subsídios para a história da africanização da guerra), a pessoa a quem me estou a dirigir só pode ser a mesma que colaborou - títulos em itálico - nas MEMÓRIAS DA GUERRA COLONIAL publicadas no semanário O JORNAL no princípio dos anos oitenta. É que eu também colaborei (Fafé) e o teu nome e teus textos ficaram-me na memória! Não estou enganado, pois não?
Fui professor do ensino básico (Escola Gago Coutinho/Amadora) e director da Escola Profissional de Recuperação do Património/Sintra.
Estou aposentado e perto dos 68 anos (1/9).
Sou sócio da "Ajuda Amiga-Associação de Solidariedade e de Apoio ao Desenvolvimento", muito ligada à Guiné.
Espero voltar brevemente ao contacto.
Saudações amigas e solidárias!
Manuel Joaquim
PS: Estou a olhar para a formatação do texto e estou envergonhado.
Ah, moro em AGUALVA-CACÉM.
2. Comentário de CV:
Uma vez que o Chefe está em pleno gozo de férias, estou a representá-lo nesta nobre missão de recepção aos novos camaradas.
Assim sendo, caro Manuel Joaquim, sê bem-vindo a esta família que o Luís Graça fundou há cerca de 4 anos e que não pára de aumentar.
Na verdade, o Luís Graça é a pessoa que referes e que leste nos anos 80. Ele e o jornalista Afonso Praça, ex-Alf Mil em Angola, infelizmente já falecido, alimentavam, no extinto semanário "O Jornal", uma rubrica com o título "Memórias da Guerra Colonial". Deve-se aliás ao Luís o slogan "Exorcizar os fantasmas da Guerra Colonial".
Já reparaste que entraste na Tabanca sem cumprir as formalidades, porque o preço de inscrição é o envio de duas fotos (antiga e actual) mais uma história. Até à próxima Assembleia Geral ficas à consideração.
Agora a sério, não te preocupes com os poucos conhecimentos que dizes ter em matéria de informática. O que é preciso é tempo para ir aos poucos entrando nesta coisa tão complicada e, no fundo, tão simples.
Para poderes enviares as tuas fotos tens que ter um digitalizador para as transferires para As tuas Imagens e dispores delas sempre que queiras, por exemplo para nos enviares para publicação.
Há-de haver aí por casa, ou na família, alguém que dê uma ajuda.
Os textos poderás escrevê-los directamente no corpo da mensagem, como fizeste desta vez. Não te preocupes com a formatação que nós resolvemos isso cá. Gralhas, podes mandar à vontade que nós também as matamos. Temos a preocupação de passar os textos a pente fino, porque há sempre uma letra que está na tecla ao lado, naquela que não teclamos.
Espero que já te sintas mais à vontade connosco. A malta é fixe.
Já que falaste de Mansabá, não posso deixar de referir os meus 22 meses passados lá. Boas instalações, bons acessos (sei que no teu tempo não era assim), boa água e muita, mas mesmo muita porrada. Coube-nos fazer protecção aos trabalhos de finalização da estrada Mansabá/Farim, mais propriamente, o troço entre o Bironque e o K3 (Saliquinhedim). Deves lembrar-te destes nomes. Se clicares nas palavras sublinhadas abres os respectivos mapas.
Caro companheiro, cá ficamos à espera de novas tuas. Envia-nos os teus textos para publicar e fotos com legenda, por favor.
Em nome da Tertúlia deixo-te um abraço fraterno de boas-vindas.
(Carlos Vinhal)
__________
Nota de CV.
Vd. último poste da série de 1 de Agosto de 2009 > Guiné 63/74 - P4764: Tabanca Grande (166): António Dâmaso, Sargento-Mor da FAP (Guiné, 1966/68, 1969/70 e 1972/74)
Guiné 63/74 - P4773: Blogoterapia (122): Ainda choro e me revolto por todas as nossas mentiras... (Joaquim Mexia Alves, Pel Caç Nat 52 e CCAÇ 15)
1. Mensagem do Joaquim Mexia Alves que, como ele hoje nos diz, "tem andado ocupado com outras 'guerras' [mas nem por isso tem] deixado de vir ao fogo acariciador da fogueira da nossa Tabanca"... (na foto, à esquerda, no Mato Cão, três primatas: o Joaquim é o primeiro do lado esquerdo, em tronco nu):
Meus camarigos editores
Para quem andou de longe há uns tempos, o dia tem sido emotivo. Como comentário, resposta, ou o que lhe quiserem chamar, ao Cherno Baldé aqui fica este meu escrito.
O choro não é figura de retórica, é verdadeiro e as lágrimas também. Um abraço camarigo para tdos. Joaquim Mexia Alves
2. Comentário do Joaquim Mexia Alves ao poste do Cherno Baldé (**)
Quando vim da Guiné e sobretudo depois da descolonização, era-me muito difícil falar da guerra, não porque tivesse tido assim tantos problemas ou acções militares de consequências funestas, mas porque as noticias que nos chegavam indiciavam uma incrível barbárie exercida sobre aqueles que connosco tinham combatido.
Aqueles que tal como nós tinham jurado a Bandeira Portuguesa, que tinham acreditado que éramos uma Nação, que tinham acreditado que Portugal honrava os seus compromissos, viam-se agora abandonados à sua sorte e alvos de vinganças cruéis e desnecessárias.
Curiosamente, ou talvez não, condenava mais as autoridades portuguesas que as recém-empossadas guineenses, porque achava e ainda acho que nos competia a nós, portugueses, assegurar no território a transição pacífica defendendo aqueles que connosco tinham combatido, e, se tal não fosse possível, então trazer aqueles que o quisessem para Portugal, visto que eram por direito cidadãos portugueses como os demais.
Por vezes pressionado por outras pessoas falava da Guiné e acabava sempre com um choro de lágrimas verdadeiras, numa mistura de saudade e de revolta, até contra mim próprio, que me sentia em grande parte responsável pela mentira que tínhamos praticado sobre aqueles que comandei no Pel Caç Nat 52 e na CCaç 15 e que tanto deram de si, e por mim também.
Quem me conhece sabe que não sou homem de relações frias e distantes, mas sim que me entrego e dou completamente à amizade, pelo que aqueles homens não eram “meus” soldados, mas sim meus amigos que me protegiam e eu protegia.
Por causa deles tive muitas discussões com comandantes, que nos julgavam carne para canhão, e arrostando muitas vezes com possíveis retaliações, nunca deixei de os defender em tudo o que me era possível.
Ver o meu país cobrir-se de vergonha, abandonando os seus filhos de pleno direito, era demais para a minha ainda insípida recuperação da guerra e então as lágrimas brotavam e muitas vezes a irritação que me levou de quando em vez à violência com aqueles que não me compreendiam, ou melhor que não compreendiam a incrível vergonha que sentia.
Abro aqui o meu coração, mesmo que a dor ainda cá more, mas o texto do Cherno teve o condão de abrir as portas à minha memória e à minha indignação.
E não choro e não me revolto apenas por aqueles que lá ficaram porque os abandonámos, (e não há outra forma de o dizer), mas também por aqueles que regressaram connosco e não lhes demos condições de integração, ou que até hoje ainda não viram os seus direitos como portugueses verdadeiramente reconhecidos.
E junto a todos estes os mortos vivos, os estropiados física e mentalmente, sejam eles quais forem, negros e brancos da Guiné até Timor, e que ao fim de 35 anos continuam a lutar por uma migalha do Estado, do mesmíssimo Estado que os enviou ou chamou para a guerra.
As pessoas mudam, mas a Nação é a mesma, e esta Nação velha de quase 900 anos, escreveu uma página de vergonha na sua história e, pior ainda, não consegue olhar para trás e corrigir o seu erro.
Pois fiquem sabendo, meus camarigos, nos quais envolvo o Cherno e todos os guineenses de boa vontade, que ainda choro e ainda me revolto, por isso fico por aqui neste texto que me dói como uma ferida que não fecha e sempre sangra.
Já uma vez o escrevi e volto a escrever: Que esperamos nós para fazer ouvir a nossa voz?
Abraço sentidamente camarigo do
Joaquim Mexia Alves
[ Fixação de texto / bold: L.G.]
_____________
Notas de L.G.
(*) Joaquim Mexia Alves, co-organizador do nosso último encontro (Quinta do Paul, Ortigosa, Monte Real, 20 de Junho de 2009), foi Alf Mil da CART 3492 (Xitole / Ponte dos Fulas), Pel Caç Nat 52 (Ponte Rio Udunduma, Mato Cão) e CCAÇ 15 (Mansoa).
Vd. também postes de:
6 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4288: Espelho meu, diz-me quem sou eu (1): Joaquim Mexia Alves
6 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4146: Parabéns a você (3): No dia 6 de Abril de 2009, ao camarigo Joaquim Mexia Alves, ex-Alf Mil Op Esp, Guiné 1971/73 (Editores)
(**) 2 de Agosto de 2009 >Guiné 63/74 - P4767: Blogoterapia (118): Os Fulas, o PAIGC e... os tugas (Cherno Baldé / Luís Graça)
Meus camarigos editores
Para quem andou de longe há uns tempos, o dia tem sido emotivo. Como comentário, resposta, ou o que lhe quiserem chamar, ao Cherno Baldé aqui fica este meu escrito.
O choro não é figura de retórica, é verdadeiro e as lágrimas também. Um abraço camarigo para tdos. Joaquim Mexia Alves
2. Comentário do Joaquim Mexia Alves ao poste do Cherno Baldé (**)
Quando vim da Guiné e sobretudo depois da descolonização, era-me muito difícil falar da guerra, não porque tivesse tido assim tantos problemas ou acções militares de consequências funestas, mas porque as noticias que nos chegavam indiciavam uma incrível barbárie exercida sobre aqueles que connosco tinham combatido.
Aqueles que tal como nós tinham jurado a Bandeira Portuguesa, que tinham acreditado que éramos uma Nação, que tinham acreditado que Portugal honrava os seus compromissos, viam-se agora abandonados à sua sorte e alvos de vinganças cruéis e desnecessárias.
Curiosamente, ou talvez não, condenava mais as autoridades portuguesas que as recém-empossadas guineenses, porque achava e ainda acho que nos competia a nós, portugueses, assegurar no território a transição pacífica defendendo aqueles que connosco tinham combatido, e, se tal não fosse possível, então trazer aqueles que o quisessem para Portugal, visto que eram por direito cidadãos portugueses como os demais.
Por vezes pressionado por outras pessoas falava da Guiné e acabava sempre com um choro de lágrimas verdadeiras, numa mistura de saudade e de revolta, até contra mim próprio, que me sentia em grande parte responsável pela mentira que tínhamos praticado sobre aqueles que comandei no Pel Caç Nat 52 e na CCaç 15 e que tanto deram de si, e por mim também.
Quem me conhece sabe que não sou homem de relações frias e distantes, mas sim que me entrego e dou completamente à amizade, pelo que aqueles homens não eram “meus” soldados, mas sim meus amigos que me protegiam e eu protegia.
Por causa deles tive muitas discussões com comandantes, que nos julgavam carne para canhão, e arrostando muitas vezes com possíveis retaliações, nunca deixei de os defender em tudo o que me era possível.
Ver o meu país cobrir-se de vergonha, abandonando os seus filhos de pleno direito, era demais para a minha ainda insípida recuperação da guerra e então as lágrimas brotavam e muitas vezes a irritação que me levou de quando em vez à violência com aqueles que não me compreendiam, ou melhor que não compreendiam a incrível vergonha que sentia.
Abro aqui o meu coração, mesmo que a dor ainda cá more, mas o texto do Cherno teve o condão de abrir as portas à minha memória e à minha indignação.
E não choro e não me revolto apenas por aqueles que lá ficaram porque os abandonámos, (e não há outra forma de o dizer), mas também por aqueles que regressaram connosco e não lhes demos condições de integração, ou que até hoje ainda não viram os seus direitos como portugueses verdadeiramente reconhecidos.
E junto a todos estes os mortos vivos, os estropiados física e mentalmente, sejam eles quais forem, negros e brancos da Guiné até Timor, e que ao fim de 35 anos continuam a lutar por uma migalha do Estado, do mesmíssimo Estado que os enviou ou chamou para a guerra.
As pessoas mudam, mas a Nação é a mesma, e esta Nação velha de quase 900 anos, escreveu uma página de vergonha na sua história e, pior ainda, não consegue olhar para trás e corrigir o seu erro.
Pois fiquem sabendo, meus camarigos, nos quais envolvo o Cherno e todos os guineenses de boa vontade, que ainda choro e ainda me revolto, por isso fico por aqui neste texto que me dói como uma ferida que não fecha e sempre sangra.
Já uma vez o escrevi e volto a escrever: Que esperamos nós para fazer ouvir a nossa voz?
Abraço sentidamente camarigo do
Joaquim Mexia Alves
[ Fixação de texto / bold: L.G.]
_____________
Notas de L.G.
(*) Joaquim Mexia Alves, co-organizador do nosso último encontro (Quinta do Paul, Ortigosa, Monte Real, 20 de Junho de 2009), foi Alf Mil da CART 3492 (Xitole / Ponte dos Fulas), Pel Caç Nat 52 (Ponte Rio Udunduma, Mato Cão) e CCAÇ 15 (Mansoa).
Vd. também postes de:
6 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4288: Espelho meu, diz-me quem sou eu (1): Joaquim Mexia Alves
6 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4146: Parabéns a você (3): No dia 6 de Abril de 2009, ao camarigo Joaquim Mexia Alves, ex-Alf Mil Op Esp, Guiné 1971/73 (Editores)
(**) 2 de Agosto de 2009 >Guiné 63/74 - P4767: Blogoterapia (118): Os Fulas, o PAIGC e... os tugas (Cherno Baldé / Luís Graça)
Guiné 63/74 - P4772: Notícias dos nossos amigos da AD - Bissau (6): Sinalização de sítios históricos no Parque Nacional do Cantanhez
Guiné-Bissau > Parque Nacional do Cantanhez > Gandembel > Sinalização de um sítio de interesse para o turismo histórico... Iniciativa da AD - Acção para o Desenvolvimento, com sede em Bissau.
Foto: © AD - Acção para o Desenvolvimento (2009). Direitos reservados
1. Extractos de:
VENHA CONHECER CANTANHEZ A MATA MAIS BONITA DA GUINÉ-BISSAU
Brochura editada pela AD - Acção para o Desenvolvimento:
[Selecção / fixação de texto / bold: L.G.]
O ecoturismo no Parque Nacional de Cantanhez compreende entre outros o turismo ambiental baseado na contemplação de paisagens nas 14 matas, na observação de animais (macacos, chimpanzés, elefantes e búfalos), aves (pelicanos e aves migratórias na foz do rio Cacine), passeios fluviais no rio Cacine e afluentes, itinerários pedestres ou de bicicleta de 1 a 2 horas, visita à ilha dos Pássaros, ilhéu de Melo, Ilha de Nuno Tristão ou ao Parque Natural Marinho de João Vieira e Poilão, bem como a miradouros de bebedouros de animais.
Macaco Fidalgo Passeio fluvial Itinerário pedestre
Também o turismo histórico onde se valoriza o facto de Cantanhez ter sido o berço da nacionalidade guineense e onde ainda estão presentes alguns vestígios luta de libertação nacional, tendo como grupo-alvo os quadros guineenses sentimentalmente ligados à história recente da Guiné-Bissau.
O turismo da saudade tendo como grupo-alvo os antigos militares portugueses que fizeram a guerra naquela zona, em especial em Guiledje, Gandembel, Cacine, Gadamael-Porto, Bedanda, Iemberém, Cafine, Cadique, Caboxanque, etc.
O turismo cultural com formas de percepção e de estar da vida das diferentes etnias locais (nalús, tandas, balantas, fulas, djacancas, sossos), danças e música de cada uma das etnias, história e estórias, lendas, religiões e crenças, modos de vida, formas de vestir, instrumentos de trabalho (agricultura e colecta) e organização social das tabancas e regulados
O 'turismo' científico com a procura do conhecimento da geografia física, do estudo dos diferentes biótipos da região (bolanhas, florestas, palmar, mangal), identificação da exploração da fauna e flora pelo homem (alimentos, construção, medicamentos, energia, canoas) e dinâmicas da fauna (chimpanzés e babuínos) e flora.
Em termos de instalações de acolhimento já existem 3 bungalows em Iemberém, com todas as condições de higiene e conforto, apresentando a sua construção um enquadramento com o habitat tradicional, tendo-se utilizado maioritariamente material local (adobe e palha).
Começaram a ser construídos na tabanca de Faro Sadjuma mais 3 bungalows que estarão concluídos no final de 2008, bem como em Canamina vai ser construído a partir de Novembro um bungalow para os que quiserem estar junto ao mar no rio Cacine.
Para que o ecoturismo tenha uma verdadeira apropriação comunitária, definiram-se as seguintes regras de ouro:
(i) o maior número possível de tabancas devem sentir-se envolvidas no processo, beneficiando, por pouco que seja, das actividades promovidas. Isto evitará a tendência natural para a auto-exclusão e rejeição das que não forem incluídas;
(ii) envolver todos os grupos sociais e etários (horticultoras, pescadores, fruticultores, jovens, mulheres, adultos, etc.), procurando responder ao que verdadeiramente os interessa e são as suas prioridades;
(iii) ter a consciência clara de que “ninguém luta pelas ideias que estão na cabeça dos outros”, mas só naquilo em que acredita. Daí que os promotores do ecoturismo devam sempre fazer o exercício de se colocarem no lugar da comunidade para cada iniciativa que pretendam implementar e nunca impor a sua agenda de prioridades;
(iv) a preservação e boa gestão dos recursos naturais tem de andar de par com a melhoria real (e sempre que possível rápida) das condições de vida e trabalho das comunidades;
(v) não esquecer que o ambiente, cultura, associativismo, agricultura, pesca, desporto, etc. são actividades interdependentes no dia a dia das populações locais e querer resumir tudo a uma delas é o primeiro passo para o insucesso do programa (...)
Os desafios de curto prazo que se apresentam ao ecoturismo são os de:
(i) promover uma imagem da Guiné-Bissau enquanto país de história, cultura e pioneira em certos processos de gestão ambiental, capaz de mobilizar turistas preocupados com valores nobres e progressistas;
(ii) desenvolver uma visão que não seja geograficamente restrita, isto é, que não tome apenas Cantanhez como única área de intervenção. O ecoturismo só será viável se incluir de forma coerente e em conjunto outras zonas: Parque Marinho de João Vieira e Poilão, Ilhas de Melo e Tristão, Dulombi, Saltinho, Parque transfronteiriço de Guiledje-Boé e Xitole (macaréu).
(iii) encontrar para cada tabanca, pelo menos um motivo de oferta turística capaz de fazer deslocar os potenciais ecoturistas mobilizando simultaneamente o interesse da comunidade.
(iv) criar uma cultura de exigência em termos de higiene e remoção / tratamento de lixo;
(v) favorecer a identificação e formação de operadores e trabalhadores turísticos locais, tais como gerentes de unidades de alojamento e restauração, empregados de mesa, de bar e de quartos;
(vi) ir encontrando formas e soluções que sintonizem uma boa gestão dos recursos ambientais com as necessidades pressionantes das comunidades (...)
2. Comentário de L.G.:
O nosso amigo Pepito (Carlos Schwarz, engenheiro agrónomo, co-fundador e director executivo da ONG AD - Acção para o Desenvolvimento, sedeada em Bissau, e nosso parceiro privilegiado para acções de cooperação e solidariedade na Guiné-Bissau) está em Portugal, com a família, para passar as habituais férias de verão, na antiga casa dos pais (Clara Schwarz e Artur Augusto Silva), em São Martinho do Porto.
Vou ter o privilégio de estar com ele, a Isabel, os filhos, as netas e a Dona Clara Schwarz, de 94 anos, dentro de alguns dias... Mas já falámos mais de uma hora, procurando saber notícias de um lado e do outro (**) e falando do momento actual da Guiné-Bissau, da esperança que nunca falta a este extraordinário povo, resiliente e resistente, que são os guineenses, do exemplo de civismo que foram as últimas eleições para a Presidência da República, bem como do trabalho da AD, em especial aquele que nos diz mais directamente respeito (Musealização de Guileje e outros antigos aquartelamentos das tropas portuguesas, no Cantanhez, no período da guerra colonial/luta de libertação).
Fiquei feliz por saber que a sua saúde vai bem, e que a malta da equipa da AD que eu conheci por ocasião do Simpósio Internacional de Guiledje, em Março de 2008, vai bem e continua a fazer o seu trabalho de não já de formiguinha mas de elefante (!), em prol da preservação e divulgação do património, ambiental, humano, social, cultural e histórico do Parque Nacional do Cantanhez... Bem hajam a todos!...
Citando de cor e correndo por isso o risco de ser injusto por omitir alguém, aqui vai um especial Alfa Bravo (abraço, em linguagem bloguística) para alguns dos muitos amigos que fiz por ocasião do Simpósio Internacionald e Guileje, e que estão de uma maneira ou de outra ligados à AD e aos seus projectos: Abubacar Serra, director do PIC - Programa Integrado de Cubucaré (teve há uns tempos de um problema sério de saúde, do qual espero que tenha recuperado), o Domingos Fonseca (o homem dos sete ofícios e o notável arqueólogo das ruínas de Guileje), o Tomané Camará, engenheiro agrónomo, coordenador de programas da AD, mas também a simpatiquíssima e corajosa Isabel Miranda, a presidente da AD, o Roberto Quessangue, presidente da Assembleia Geral, e o Nelson Dias, outro sócio fundador da AD... Sem esquecer a malta fantástica do Grupo de Teatro "Os Fidalgos" (Amélia da Silva, Jorge Quintino Biaguê...).
Pelo Pepito, fico a saber que os trabalhos do Museu da Memória de Guileje, incluindo a capelinha, vão em bom ritmo, mas que agora é preciso apostar no desenvolvimento nos conteúdos (seria desejável que houvesse um bom Centro de Interpretação do que foi e o que representou, em termos militares e históricos, Guileje, Gadamael, Gandembel, o corredor de Guileje, etc.).
Esperemos que o nosso Ministério da Defesa português colabore, mais uma vez, com esta notável iniciativa. Espero também poder fazer uma visita, com o Pepito, ao magnífico Centro de Interpretação da Batalha de Aljubarrota, para conhecer e tirar ideias... Ao que parece é um exemplo muito bem conseguido da confluência de múltiplos talentos e recursos (da arquitectura à novas tecnologias da informação, da museologia ao mecenato, do turismo à cultura...). ____________
Nota de L.G.:
(*) Vd. poste de 31 de Julho de 2008 > Guiné 63/74 - P3101: Histórias de vida (13): Desistir é perder, recomeçar é vencer (Carlos Schwarz, 'Pepito', para os amigos)
(**) Vd. postes anteriores desta série:
21 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4391: Notícias dos nossos amigos da AD - Bissau (5): O Museu Memória de Guiledje e o video de homenagem dos Homens Grandes (Pepito)
29 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4264: Notícias dos nossos amigos da AD - Bissau (4): Inauguração em Setembro do Museu Memória de Guiledje
15 de Fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3895: Notícias dos nossos amigos da AD - Bissau (3): Governo entrega antigo quartel de Guileje e o Pepito chega hoje a Lisboa
31 de Janeiro de 2009 >Guiné 63/74 - P3822: Notícias dos nossos amigos da AD - Bissau (2): Segurança alimentar (o mangal que dá de comer...) e turismo de saudade
6 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3573: Notícias dos nossos amigos da AD - Bissau (1): Os elefantes voltam ao Cantanhez
Guiné 63/74 - P4771: Em busca de... (82): Domingos Alves procura pessoal da CCAV 8352, Guiné 1973/74
1. Mensagem de Domingos Alves, ex-combatente da Guiné, integrado na CCAV 8352, com data de 30 de Abril de 2009:
Caro Luis Graça:
Estive na guerra da Guiné, desde Outubro de 73 até Agosto de 74, integrado na CCAV 8352 (os "Águias Negras"), nessa altura destacados no CANTANHÊS, mais concretamente em Caboxanque. Desde então, jamais tive notícias dos meus camaradas, com uma ou outra excepção. Tanto quanto sei, nunca houve qualquer convívio dos "Águias Negras".
Se me puder ajudar na descoberta do paradeiro dessa malta ficar-lhe-ei muito grato.
Actualmente, sou professor de Português/Latim no Ensino Secundário e resido em Braga.
Com um abraço amigo,
Domingos Alves
Tlm: 919 454 052
Email: domsalves@sapo.pt
2. Hoje, 2 de Agsoto de 2009, foi enviada a seguinte mensagem ao nosso camarada Domingos Alves
Caro camarada Domingos Alves
Estou a responder em nome do Luís Graça.
Provavelmente não teve resposta a esta mensagem enviada para o seu endereço pessoal.
Para futuros contactos deve priveligiar este: luisgracaecamaradasdaguine@gmail.com
Fui à página do nosso camarada Jorge Santos http://guerracolonial.home.sapo.pt, onde existe uma área destinada a Ponto de Encontro de camaradas e encontrei estes dois pedidos de contactos da sua CCAV 8352
- José Silva - Telem 938 345 231 e josé.azevedo.silva8352@hotmail.com
- Joaquim Conceição Monteiro - Telem 965 808 492
Se não conhece nenhum destes camaradas, pode obter aqui apoio para as suas buscas.
Entretanto vou publicar a sua mensagem no nosso Blogue na eventualidade de alguém conhecer algum dos seus camaradas.
Com o nosso pedido de desculpa pela resposta tardia, deixo-lhe um abraço fraterno.
O seu camarada
Carlos Vinhal
3. Comentário de CV:
Caros camaradas tertulianos e não só, se alguém conhecer ex-combatentes da CCAV 8352, por favor informem este nosso amigo e ajudem-no a reconstruir o passado.
Desde já o nosso (e o dele) agradecimento.
__________
Nota de CV:
Vd. último poste da série de24 de Julho de 2009 > Guiné 63/74 - P4733: Em busca de... (81): Jantar, retribui-se (José Carlos Neves)
Caro Luis Graça:
Estive na guerra da Guiné, desde Outubro de 73 até Agosto de 74, integrado na CCAV 8352 (os "Águias Negras"), nessa altura destacados no CANTANHÊS, mais concretamente em Caboxanque. Desde então, jamais tive notícias dos meus camaradas, com uma ou outra excepção. Tanto quanto sei, nunca houve qualquer convívio dos "Águias Negras".
Se me puder ajudar na descoberta do paradeiro dessa malta ficar-lhe-ei muito grato.
Actualmente, sou professor de Português/Latim no Ensino Secundário e resido em Braga.
Com um abraço amigo,
Domingos Alves
Tlm: 919 454 052
Email: domsalves@sapo.pt
2. Hoje, 2 de Agsoto de 2009, foi enviada a seguinte mensagem ao nosso camarada Domingos Alves
Caro camarada Domingos Alves
Estou a responder em nome do Luís Graça.
Provavelmente não teve resposta a esta mensagem enviada para o seu endereço pessoal.
Para futuros contactos deve priveligiar este: luisgracaecamaradasdaguine@gmail.com
Fui à página do nosso camarada Jorge Santos http://guerracolonial.home.sapo.pt, onde existe uma área destinada a Ponto de Encontro de camaradas e encontrei estes dois pedidos de contactos da sua CCAV 8352
- José Silva - Telem 938 345 231 e josé.azevedo.silva8352@hotmail.com
- Joaquim Conceição Monteiro - Telem 965 808 492
Se não conhece nenhum destes camaradas, pode obter aqui apoio para as suas buscas.
Entretanto vou publicar a sua mensagem no nosso Blogue na eventualidade de alguém conhecer algum dos seus camaradas.
Com o nosso pedido de desculpa pela resposta tardia, deixo-lhe um abraço fraterno.
O seu camarada
Carlos Vinhal
3. Comentário de CV:
Caros camaradas tertulianos e não só, se alguém conhecer ex-combatentes da CCAV 8352, por favor informem este nosso amigo e ajudem-no a reconstruir o passado.
Desde já o nosso (e o dele) agradecimento.
__________
Nota de CV:
Vd. último poste da série de24 de Julho de 2009 > Guiné 63/74 - P4733: Em busca de... (81): Jantar, retribui-se (José Carlos Neves)
Guiné 63/74 - P4770: Estórias do Juvenal Amado (19): O cabrito do nosso Comandante
1. Mensagem de Juvenal Amado, ex-1.º Cabo Condutor da CCS/BCAÇ 3872, Galomaro, 1972/74, com data de 30 de Julho de 2009:
Caros Carlos, Luís, Briote, Magalhães e restante Tabanca Grande
Cá estou novamente com mais uma recordação.
O cabrito do nosso Comandante, não era dele
O Coronel José Maria Castro e Lemos era um militar muito rígido e exigia muita disciplina.
Proibiu terminantemente que houvesse animais à solta dentro do quartel.
Um dia um homem grande ofereceu-lhe um cabrito que ele mandou prender atrás do meu abrigo. O Aljustrel pôs-se com avarias e mata sem querer o cabrito. Muito enfiado foi direito ao nosso Comandante dizendo-lhe que o cabrito dele andava à solta e que ele sem querer o tinha morto. A resposta do Coronel foi curta: - Se andava à solta não era o meu.
Como era de esperar tinha a alcunha de "pica paradas" graças à sua inseparável bengala.
Ten Cor Castro e Lemos numa coluna
Ten Cor Castro e Lemos, Lopes, Estufa, Sacristão e Alf Veigas
Doutor, Narciso, Alf Farinha, Sardeira, Catroga, Correia e André
Fotos e legendas: © Juvenal Amado (2009). Direitos reservados.
__________
Nota de CV:
Vd. último poste da série de 27 de Julho de 2009 > Guiné 63/74 - P4744: Estórias do Juvenal Amado (18): Romão, o único prejudicado
Guiné 63/74 - P4769: A guerra vista de Bafatá (Fernando Gouveia) (12): O Mercado de Bafatá
1. Mensagem de Fernando Gouveia, ex-Alf Mil Rec e Inf, Bafatá, 1968/70, com data de 28 de Julho de 2009:
Caro Carlos Vinhal
Para a série A Guerra Vista de Bafatá, aí vai uma estória que mais parece uma reportagem fotográfica. Como tem muitas fotos segue em dois e-mail. Retornarei só em Setembro. Acho que todos vós, editores, pelo trabalho que vos damos, precisareis mais das férias do que eu, ou nós, simples escribas.
Um abraço a todos.
Fernando Gouve
A GUERRA VISTA DE BAFATÁ
12 – O Mercado de Bafatá
O Mercado em 1969
O Mercado em 2001.
Foto: © David J. Guimarães (2009). Direitos reservados.
O Mercado em 2009.
Foto: © Carlos Silva (2009). Direitos reservados.
Na época da minha comissão na Guiné (JUN68-JUN70) Bafatá era o centro de uma vasta zona sem guerra e povoada por muitos fulas, mandingas e outras etnias. Existia nomeadamente uma comunidade de saracolés na tabanca da Ponte Nova, lá em Bafatá, dedicando-se estes a tingir de azul, panos que depois eram vendidos no mercado.
A beleza exterior do edifício, em estilo neo-árabe, o exotismo dos vendedores (principalmente mulheres) e ainda os produtos que lá se transaccionavam, levavam a que muitos camaradas visitassem o mercado quando tinham que passar pela segunda cidade da Guiné. Ali apercebiam-se que efectivamente se estava no centro de uma zona de paz.
A chegada e saída das compradoras era constante. Fácil era verificar que todas as mulheres, na ida ao mercado, envergavam as suas melhores vestes. Era um regalo para a vista essa passagem (não de modelos pois variavam pouco) pelo colorido dos panos que desciam até aos pés e das restantes vestes, já que na cidade as mulheres não andavam com os seios nus. Também ninguém andava descalço, mas isso era por força de uma lei do Administrador. Muitas vezes observei, nas minhas deambulações pela periferia da cidade, os nativos que vinham das tabancas próximas. Vinham com as sandálias ao ombro e calçavam-nas ao entrar na povoação. Isso pode ser que venha a dar outra estória.
Indo para o mercado.
A caminho do mercado.
A localização do Mercado sempre a achei perfeita. Bem enquadrado, ao lado do sempre belo Geba e do seu afluente Colufe. Nas margens deste havia sempre pescadores a consertar as suas redes. A seguir à Piscina, quase encostada ao mercado e na margem do Geba, era a zona das lavadeiras, outro regalo para a vista. Nesse local havia sempre barcos civis, com arremedos de veleiros, que ainda faziam o trajecto Bissau Bafatá transportando os mais variados produtos.
Como todos sabem, em todos os aquartelamentos escasseavam os chamados frescos. Em Bafatá seria suposto a tropa abastecer-se no mercado, mas isso não acontecia. Não sei muito bem porquê, mas os nativos nunca produziam produtos hortícolas, produtos que a tropa sempre compraria. Que me lembre a única coisa que lá havia com fartura eram pepinos.
A tropa seria potencialmente compradora de muito camarão que havia em todos os rios e bolanhas, no entanto o pouco que lá comi foi comprado aos soldados que o apanhavam quando estavam de guarda às pontes.
Havia um outro produto no mercado, o quiabo, que poderia ajudar a confeccionar muitos pratos mas, nessa altura, era considerado muito exótico para os gostos do metropolitano.
Vamos entrar no Mercado:
A zona dos panos, tingidos na tabanca da Ponte Nova.
Piripíri. Normalmente cada montículo custava um peso (escudo).
Venda de peixe apanhado nos rios próximos. O melhor e maior chamava-se ventana.
Não sabendo o que aqui se vendia, consultei alguns guineenses no seu ponto de encontro no Porto, o Café Restaurante Korá; admitiram poder tratar-se de pedacinhos de folhas de mandioca ou de batata doce ou da sua mistura, destinando-se à confecção de molhos para acompanhar o arroz ou o fundo.
Óleo de palma, obtido a partir do cocnote. Um bom chabéu teria que ser confeccionado com óleo acabado de extrair.
Bolinhos de Mancarra (amendoim).
Outro género de bolos à base de leite.
O vendedor de cola, terrível excitante. Lembro-me que cada noz custava um peso.
Um gila (contrabandista) mostrando a sua mercadoria. No caso uma pele de cobra.
Comprando uma meia cabaça, o recipiente mais vulgarizado.
Vinda do Mercado, a caminho da tabanca da Rocha.
Saída do Mercado com uma cabaça cheia de mancarra.
Fotos e legendas: © Fernando Gouveia (2009). Direitos reservados.
A próxima estória, lá para Setembro, pois que um guerreiro tem o direito sagrado a férias, andará à volta da orgânica interna do Comando de Agrupamento, estrutura de retaguarda da Zona Leste e por onde passaram manga de Majores. Havia cada um mais esquisito…
Até Setembro camaradas.
__________
Nota de CV:
Vd. último poste da série de 26 de Julho de 2009 > Guiné 63/74 - P4739: A guerra vista de Bafatá (Fernando Gouveia) (11): Interrogatórios
Caro Carlos Vinhal
Para a série A Guerra Vista de Bafatá, aí vai uma estória que mais parece uma reportagem fotográfica. Como tem muitas fotos segue em dois e-mail. Retornarei só em Setembro. Acho que todos vós, editores, pelo trabalho que vos damos, precisareis mais das férias do que eu, ou nós, simples escribas.
Um abraço a todos.
Fernando Gouve
A GUERRA VISTA DE BAFATÁ
12 – O Mercado de Bafatá
O Mercado em 1969
O Mercado em 2001.
Foto: © David J. Guimarães (2009). Direitos reservados.
O Mercado em 2009.
Foto: © Carlos Silva (2009). Direitos reservados.
Na época da minha comissão na Guiné (JUN68-JUN70) Bafatá era o centro de uma vasta zona sem guerra e povoada por muitos fulas, mandingas e outras etnias. Existia nomeadamente uma comunidade de saracolés na tabanca da Ponte Nova, lá em Bafatá, dedicando-se estes a tingir de azul, panos que depois eram vendidos no mercado.
A beleza exterior do edifício, em estilo neo-árabe, o exotismo dos vendedores (principalmente mulheres) e ainda os produtos que lá se transaccionavam, levavam a que muitos camaradas visitassem o mercado quando tinham que passar pela segunda cidade da Guiné. Ali apercebiam-se que efectivamente se estava no centro de uma zona de paz.
A chegada e saída das compradoras era constante. Fácil era verificar que todas as mulheres, na ida ao mercado, envergavam as suas melhores vestes. Era um regalo para a vista essa passagem (não de modelos pois variavam pouco) pelo colorido dos panos que desciam até aos pés e das restantes vestes, já que na cidade as mulheres não andavam com os seios nus. Também ninguém andava descalço, mas isso era por força de uma lei do Administrador. Muitas vezes observei, nas minhas deambulações pela periferia da cidade, os nativos que vinham das tabancas próximas. Vinham com as sandálias ao ombro e calçavam-nas ao entrar na povoação. Isso pode ser que venha a dar outra estória.
Indo para o mercado.
A caminho do mercado.
A localização do Mercado sempre a achei perfeita. Bem enquadrado, ao lado do sempre belo Geba e do seu afluente Colufe. Nas margens deste havia sempre pescadores a consertar as suas redes. A seguir à Piscina, quase encostada ao mercado e na margem do Geba, era a zona das lavadeiras, outro regalo para a vista. Nesse local havia sempre barcos civis, com arremedos de veleiros, que ainda faziam o trajecto Bissau Bafatá transportando os mais variados produtos.
Como todos sabem, em todos os aquartelamentos escasseavam os chamados frescos. Em Bafatá seria suposto a tropa abastecer-se no mercado, mas isso não acontecia. Não sei muito bem porquê, mas os nativos nunca produziam produtos hortícolas, produtos que a tropa sempre compraria. Que me lembre a única coisa que lá havia com fartura eram pepinos.
A tropa seria potencialmente compradora de muito camarão que havia em todos os rios e bolanhas, no entanto o pouco que lá comi foi comprado aos soldados que o apanhavam quando estavam de guarda às pontes.
Havia um outro produto no mercado, o quiabo, que poderia ajudar a confeccionar muitos pratos mas, nessa altura, era considerado muito exótico para os gostos do metropolitano.
Vamos entrar no Mercado:
A zona dos panos, tingidos na tabanca da Ponte Nova.
Piripíri. Normalmente cada montículo custava um peso (escudo).
Venda de peixe apanhado nos rios próximos. O melhor e maior chamava-se ventana.
Não sabendo o que aqui se vendia, consultei alguns guineenses no seu ponto de encontro no Porto, o Café Restaurante Korá; admitiram poder tratar-se de pedacinhos de folhas de mandioca ou de batata doce ou da sua mistura, destinando-se à confecção de molhos para acompanhar o arroz ou o fundo.
Óleo de palma, obtido a partir do cocnote. Um bom chabéu teria que ser confeccionado com óleo acabado de extrair.
Bolinhos de Mancarra (amendoim).
Outro género de bolos à base de leite.
O vendedor de cola, terrível excitante. Lembro-me que cada noz custava um peso.
Um gila (contrabandista) mostrando a sua mercadoria. No caso uma pele de cobra.
Comprando uma meia cabaça, o recipiente mais vulgarizado.
Vinda do Mercado, a caminho da tabanca da Rocha.
Saída do Mercado com uma cabaça cheia de mancarra.
Fotos e legendas: © Fernando Gouveia (2009). Direitos reservados.
A próxima estória, lá para Setembro, pois que um guerreiro tem o direito sagrado a férias, andará à volta da orgânica interna do Comando de Agrupamento, estrutura de retaguarda da Zona Leste e por onde passaram manga de Majores. Havia cada um mais esquisito…
Até Setembro camaradas.
__________
Nota de CV:
Vd. último poste da série de 26 de Julho de 2009 > Guiné 63/74 - P4739: A guerra vista de Bafatá (Fernando Gouveia) (11): Interrogatórios
domingo, 2 de agosto de 2009
Guiné 63/74 - P4768: Histórias do Jero (José Eduardo Oliveira) (4): A propósito de alcunhas: O Salvação e o “Sorna”, da CCAÇ 675, Binta - 1964/66
1. O nosso Camarada José Eduardo Reis de Oliveira (JERO), foi Fur Mil da CCAÇ 675 (Binta, 1964/65), e enviou-nos uma mensagem, com data de 02AGO2009, com o título:
O Salvação e o «Sorna»
O Salvação e o «Sorna»
A propósito de alcunhas...
“...A primeira função das alcunhas é a identificação. Mas uma identificação específica, isto é, rápida e eficaz (1).
Quem cumpriu serviço militar sabe que numa Companhia (160 indivíduos) há muita gente que fica conhecida pelos nomes das terras da naturalidade.
Na minha Companhia ainda hoje recordo o Caldas, o Campo de Ourique, o Almeirim, o Braga, o Guimarães, o Sarzedas, o Moura, etc.
Pela sua maneira de ser também ficaram para a estória da Companhia o “Estarrabaça” (um militar que quando cheirava a esturro estava logo pronto para “estarrabaçar” tudo – leia-se rebentar com tudo, passar por cima de toda a folha -) e o “Rato”(esperto que nem um).
Por razões óbvias havia ainda o “Aguardente” e o “Fairo”, que ditongava os “aa”. Havia ainda o”Espinha cara-rota”, o “Piriscas”, o “Nhaca”, o “Massa Bruta” e dois militares que “carregam” até hoje como alcunha os números que tinham da Companhia: - o “30”, do morteiro e o “49”, radiotelegrafista, infelizmente já falecido.
E chega agora a vez do “Salvação” e do “Sorna”, que estão referidos no subtítulo da nossa crónica.
O Salvação
No já longínquo dia 4 de Julho de 1964 dois grupos de combate da CCaç 675 saem para o mato, no Norte da Guiné, e tem um tremendo “baptismo de fogo”, que incluiu um ataque bem sucedido a uma tabanca inimiga e duas emboscadas no itinerário de regresso ao quartel de que resultam vários feridos graves e um ligeiro.
A evacuação para o Hospital de Bissau foi feita por dois helicópteros e, no segundo, no meio de alguma confusão seguiu também o “Salvação”, ferido numa perna e nas costas por estilhaços de granada, feridas no entanto superficiais e que não teriam justificado a sua evacuação.
Quando “a poeira assentou” tivemos informações via rádio dos feridos que inspiravam mais cuidado e nos dias seguintes a vida no aquartelamento teve alguma acalmia, esperando-se que o “Salvação” regressasse `”às lides” nos dias mais próximos.
Esta palavra (as lides) tinha alguma razão de ser pois o rapaz era de Salvaterra de Magos (uma terra de touros e toureiros). Cabe aqui e agora dizer que o “Salvação” tinha físico de artista de cinema e cuidava bastante do seu aspecto.
Tinha apanhado um grande "cagaço" na segunda emboscada do “célebre” dia 4 (ele e muitos outros, com o autor destas linhas incluído) e aproveitou a sua estadia em Bissau para, além de tratar dos ”arranhões” dos estilhaços, cuidar dos dentes, de quistos sebáceos, de calos cutâneos, da neurose de compensação, da goteira do cotovelo, da prevenção para picadas de mosquitos e mosca tsé-tsé, de perturbações causadas pelo calor, de alopécia, de sonambulismo, da falta de apetite depois de comer, etc., etc.
Quando apareceu na Companhia uns dois meses depois já quase que ninguém o conhecia.
Daí para frente o Condutor-Auto nº. 2572/63 Francisco Augusto da Costa Salvação só passou a ser conhecido por “São e Salvo” ou “Salvação”.
Pegou melhor o “Salvação”, até porque condizia com o apelido. E de apelido a al(cu)nha foi só um passo...
Até porque, «quem tem (cu) tem medo», e o “Salvação” regressou são e salvo e... ainda por cá anda!
O Sorna
Chega agora a vez do Sorna”, um jovem nascido e criado na Costa da Caparica, com a especialidade de atirador (Soldado nº.2227/63, Henrique Manuel Pereira Cambalacho) e com uma doença congénita de “preguicite aguda”.
Dormir era com ele e rapidamente começou a ser conhecido na Companhia como o "Sorna".
Com alguma esperteza e matreirice à mistura conseguiu passar ao fim de pouco tempo a “ajudante” da Cantina e ficou4 dispensado de patrulhas no mato, que eram as partes mais desagradáveis da “especialidade” de atirador.
O guarda-redes “Sorna”, assinalado por um círculo, com os habituais titulares da equipa de futebol da CCaç.675, apadrinhada pelo Cap. Tomé Pinto. Binta, 1965. Fotografia do autor.
Como é bom de ver na Companhia havia malta que jogava futebol e nesse grupo de predestinados para o “desporto-rei”também fazia parte o “Sorna” que, para não se cansar muito, jogava a guarda redes que, como é sabido, é o lugar mais parado numa equipa de futebol.
Como é bom de ver na Companhia havia malta que jogava futebol e nesse grupo de predestinados para o “desporto-rei”também fazia parte o “Sorna” que, para não se cansar muito, jogava a guarda redes que, como é sabido, é o lugar mais parado numa equipa de futebol.
Não era bom nem mau, antes pelo contrário, mas um dia fez uma defesa tão aparatosa que acabou...no Hospital de Bissau!
Mas até lá chegar... é que foi o cabo dos trabalhos.
Ainda hoje não se sabe se o “Sorna” defendeu a bola sem querer, se levou com a bola na cara ou se bateu com a cabeça na trave e... mordeu a língua! Das duas... três. O que é certo é que não foi golo e o que é ainda mais certo é que mordeu a própria língua violentamente.
Saiu em braços – não em ombros -e quando meia hora mais tarde o “Sorna”, deitado na sua cama, começou a pedir ajuda por sinais, porque já não conseguia falar... os vizinhos da camarata não lhe ligaram nenhuma.
O rapaz começou a ficar roxo e quando finalmente o médico e o enfermeiro da Companhia foram alertados para o seu estado a língua já estava tão inchada que o “Sorna” corria riscos de asfixia.
E para obviar a males maiores o médico fez-lhe uma traqueotomia, com os meios disponíveis na Enfermaria do aquartelamento e, quando o infortunado «guarda-redes» estabilizou, foi evacuado de helicóptero para o Hospital de Bissau.
Passou um mau bocado mas... voltou ao Quartel menos “Sorna”. Mas a alcunha ficou e... mais ninguém lha tirou!
Aqui está um caso em que a primeira função das alcunhas (a identificação) não ajudou nada.
Aqui está um caso em que a primeira função das alcunhas (a identificação) não ajudou nada.
És “Sorna” e quando estás doente a sério... ninguém acredita!
Está claro que esta situação complicada nunca teria acontecido com o “Estarrabaça” ou com o “Rato”.
E com o “Salvação”... nem pensar!
Abraço,
JERO
Fur Mil da CCAÇ 675
Legenda:
(1) - Tudo isto e muito mais consta das interessantes e bem documentadas 62 páginas da Introdução do Tratado das Alcunhas Alentejanas (com 35.ooo alcunhas) mas a razão da sua citação tem a ver com recordações da minha vida militar e de um inusitado caso de um indivíduo que a sua”alcunha” quase matou!
Fotos: José Eduardo Oliveira (2009). Direitos reservados.
__________
Nota de M.R.:
Vd. último poste da série em: Guiné 63/74 - P4763: Histórias do Jero (José Eduardo Oliveira) (3): O fado do 49! O Serafim, da CCAÇ 675, Binta 1964/66
Abraço,
JERO
Fur Mil da CCAÇ 675
Legenda:
(1) - Tudo isto e muito mais consta das interessantes e bem documentadas 62 páginas da Introdução do Tratado das Alcunhas Alentejanas (com 35.ooo alcunhas) mas a razão da sua citação tem a ver com recordações da minha vida militar e de um inusitado caso de um indivíduo que a sua”alcunha” quase matou!
Fotos: José Eduardo Oliveira (2009). Direitos reservados.
__________
Nota de M.R.:
Vd. último poste da série em: Guiné 63/74 - P4763: Histórias do Jero (José Eduardo Oliveira) (3): O fado do 49! O Serafim, da CCAÇ 675, Binta 1964/66
Guiné 63/74 - P4767: Blogoterapia (121): Os Fulas, o PAIGC e... os tugas (Cherno Baldé / Luís Graça)
1. Mensagem do Cherno Baldé, com data de 31 de Julho de 2009:
Amigo Luís e toda a equipa de editores da Tabanca Grande,
Como poderão notar no conteúdo das últimas estórias, embora tenha mantido a linha cronológica, estou a encurtar e a correr mais rápido do que previa, porque notei pelas reacções que o período pós-independência suscita maior curiosidade/interesse aos visitantes do blogue.
Acontece que falar desse período não é só doloroso como problemático [vd. ponto 2], pois é uma faca de dois gumes em relação ao qual, quer queiramos quer não, na minha opinião, a MAIOR responsabilidade cabe a Portugal e aos portugueses mesmo se não o quiserem assumir. Já estão a ver onde quero chegar?
Os acontecimentos que se seguiram ao 25 de Abril, não podem desculpar o abandono dos aliados nas mãos dos antigos inimigos. Houve acordos que foram assinados e que não acautelaram nem os interesses nem as vidas daqueles que foram utilizados como carne para canhão, e mais, constatamos mais tarde que os nossos pais, tios e irmãos, à semelhança dos nossos avós no passado (Sec XIX / XX) que defenderam a bandeira portuguesa sem condições e sem contrapartidas, na condição de aliados e milícias de autodefesa, não pertenciam ao corpo do exército português e como tal nem merecem constar na lista daqueles que morreram na guerra.
Quando foi publicada aquela lista dos que tombaram no Jornal Expresso, em 1994, estava eu em Lisboa na altura e tinha constatado, não sem uma grande mágoa e decepção, que os nossos familiares, como o Capitão de milícias Guela Baldé e o Alferes Abdulai Balde, para so citar estes, heroicamente mortos em combate na secção de Cambaju, nem constavam da lista.
Na medida do possível, tentarei dar minha contribuição, sempre no mesmo estilo mais ou menos neutral e equidistante, sem pretender ser o dono da verdade absoluta. Não penso que tenha havido uma conspiração, na minha opinião, foi tudo muito claro desde o princípio. O objectivo principal era neutralizar as possibilidades de qualquer revolta ou tentativa de organizar uma resistência entre os fulas, ingénuos aliados das forças da ocupação. E nisso foram eficientes.
Os portugueses, muito mesquinhos (a expressão não é minha mas do historiador René Pélissier), sempre a poupar e a poupar-se, enfrentavam as situações de guerra na lógica da razoabilidade, da racionalidade e de algum humanismo, tentanto conquistar as pessoas para a sua causa (eu assisti a uma cena com um prisioneiro cubano, negro e uns 2 metros de altura, que se dizia ter-se entregue, a comer na messe/mesa dos oficiais em Fajonquito).
Para atingir esse mesmo objectivo político de dominação e de sujeição, o PAIGC utilizou as armas que melhor sabia utilizar: As prisões na calada da noite, os fuzilamentos públicos e o terror colectivo. Dito isso, põe-se a questão de saber: Seria diferente se os vencedores fossem os fulas e os seus aliados ?...
De notar, todavia, que essas represálias não atingiram as crianças e os mais jovens entre os fulas que foram mobilizados e encorporados no ensino público gratuito. Essas boas intenções, que duraram muito pouco tempo como todas as boas intenções do mundo, foi o maior, se não o único feito digno de menção do PAIGC e do período pós-independência.
Graças a essa euforia política colectiva e mobilização de jovens, hoje o pais possui mais de um milhar de jovens quadros de diferentes grupos étnicos, mesmo se a sua utilização e enquadramento não foram equacionados devidamente e os resultados não são tão visíveis no desempenho económico e político do país. Por isso, na minha opinião, não se pode afirmar que houve uma conspiração contra os fulas.
O balanco é + negativo ou + positivo? O PAIGC devia e podia fazer melhor?... Sem dúvida que sim. E os portugueses dentro de tudo isso?... A históoria se encarregará de responder, um dia. Eu não quero incriminar ninguém mas darei o meu testemunho, sem partidos.
As palmas que já bati no passado para os soldados portugueses nas suas paradas de ronco e para o PAIGC durante os seus infindáveis discursos e meetings já chegam, agora quero pensar com a minha cabeça. Tenho mais ou menos 50 anos e nessa idade devo ter medo de quem?...
Juntamente envio mais uma parte das minhas habituais crónicas.
Um forte abraço deste irmãozinho de Fajonquito, Cherno A. Baldé
2. Mensagem anterior, de 27/7/09, do editor L.G.:
Muito, muito obrigado... Já publiquei tudo... Com mais uns textos, poderíamos publicar um livro... E até, por que não, trazer-te a Lisboa...para o lançamento... Posso fazer-te uma sugestão ? Que nos fales dos tempos, difíceis, que foram, para os fulas, o 25 de Abril de 1974, a transferência de poder, as primeiras perseguições, os primeiros julgamentos revolucionários, as execuções públicas, em 1974/75...
Eu sei que isto é muito delicado e doloroso, é preciso ainda muito tacto político... Mas um dia os teus filhos e netos vão querer saber... Achas que os guineenses ainda são todos "vítimas e cúmplices" desta "conspiração de silêncio" ?
Pensa também na tua posição profissional e social... Não queremos de modo algum que isso te venha prejudicar, a ti ou à tua família... Mas depois da morte do 'Nino', ainda há tabus na sociedade guineense, relativamente à luta de libertação e à independência ? ...
Mas também podes falar da partida dos tugas, de Fajonquito (termo que nunca usas... porquê ?). Ou da tua ida para Bissau, estudar.. Ou da tua "escolinha" em Fajonquito dos teus livros e cadernos, dos teus professores: o lias, o que sabias de Lisboa, de Portugal, dos portugueses europeus... etc.
Recebe um abraço deste irmão, amigo e admirador, Luís Graça
3. Comentário do editor L.G. ao poste P4747 (*):
Como se percebe pelas crónicas do Cherno Baldé, a sociedade fula é(era) muitíssomo mais complexa e estratificada do que os militares portugueses tendiam a imaginar...
O Cherno abre-nos a janela para dois mundos, o dos nossos quartéis, o da máquina de guerra, visto pelos olhos de uma criança, o Chico; e o próprio grupo étnico-linguístico, a comunidade a que ele pertencia, pelo nascimento, a educação, a religião, a história...
Ele é fula e acima de tudo, é um, fula-forro, não é um fula-preto... Quem de nós, na época, se preocupava com estas subtilezas sócio-antropológicas e sobretudo procurava não se comportar como um "ocupante" e sobretudo um "eurocêntrico" ?
Vejo nas memórias do Cherno Baldé também um sinal de amizade, de tentativa, intelectualmente honesta e franca, de nos dizer, quarenta anos depois, que os fulas eram fulas, africanos, leais e dedicados aos portugueses q.b...
Mas... que nunca poderiam ser inteiramente "assimilidados" e integrados na cultura portuguesa, cristão, ocidental...
Temos uma dívida de gratidão para com os fulas, 'nossos aliados' (leia-se: das autoridades portuguesas da época, políticas e militares, que eram as de um governo cuja legitimidade democrática eu pessoalmente contestava...).
Temos inclusive uma dívida de sangue para com os nossos antigos camaradas fulas (Os militares da 'minha' CCAÇ 12 eram fulas; não sou capaz de os tratar como mercenários...).
Aliás, não me interessam os fulas, como um todo, mas as pessoas, os guineenses, que têm um rosto, uma identidade, uma história, independentemente do seu 'bilhete de identidade' (biológica, étnica, geográfica, social, etc.).
De qualquer modo, o Cherno Baldé ajuda-nos a ler, de uma maneira integrada, mais subtil e mais rica, a realidade do nosso quotidiano na guerra da Guiné, incluindo as relações com a população local e nomeadamente com a população feminina... Adorei essa das lavadeiras, as "lava-tudo"...
Ajuda-nos também a não cair na tentação dos estereótipos e das generalizações abusivas...
Por isso eu pergunto: Quem aceita, aqui no nosso blogue, o desafio de falar, com a mesma maneira 'desinibida e despudorada', da sua lavadeira ou 'lava-tudo' ?
___________
Nota de L.G.
(*) Vd. último poste da série > 27 de Julho de 2009 > Guiné 63/74 - P4746: Memórias do Chico, menino e moço (Cherno Baldé) (8): Misérias e grandezas de Fajonquito, 1970/75
Amigo Luís e toda a equipa de editores da Tabanca Grande,
Como poderão notar no conteúdo das últimas estórias, embora tenha mantido a linha cronológica, estou a encurtar e a correr mais rápido do que previa, porque notei pelas reacções que o período pós-independência suscita maior curiosidade/interesse aos visitantes do blogue.
Acontece que falar desse período não é só doloroso como problemático [vd. ponto 2], pois é uma faca de dois gumes em relação ao qual, quer queiramos quer não, na minha opinião, a MAIOR responsabilidade cabe a Portugal e aos portugueses mesmo se não o quiserem assumir. Já estão a ver onde quero chegar?
Os acontecimentos que se seguiram ao 25 de Abril, não podem desculpar o abandono dos aliados nas mãos dos antigos inimigos. Houve acordos que foram assinados e que não acautelaram nem os interesses nem as vidas daqueles que foram utilizados como carne para canhão, e mais, constatamos mais tarde que os nossos pais, tios e irmãos, à semelhança dos nossos avós no passado (Sec XIX / XX) que defenderam a bandeira portuguesa sem condições e sem contrapartidas, na condição de aliados e milícias de autodefesa, não pertenciam ao corpo do exército português e como tal nem merecem constar na lista daqueles que morreram na guerra.
Quando foi publicada aquela lista dos que tombaram no Jornal Expresso, em 1994, estava eu em Lisboa na altura e tinha constatado, não sem uma grande mágoa e decepção, que os nossos familiares, como o Capitão de milícias Guela Baldé e o Alferes Abdulai Balde, para so citar estes, heroicamente mortos em combate na secção de Cambaju, nem constavam da lista.
Na medida do possível, tentarei dar minha contribuição, sempre no mesmo estilo mais ou menos neutral e equidistante, sem pretender ser o dono da verdade absoluta. Não penso que tenha havido uma conspiração, na minha opinião, foi tudo muito claro desde o princípio. O objectivo principal era neutralizar as possibilidades de qualquer revolta ou tentativa de organizar uma resistência entre os fulas, ingénuos aliados das forças da ocupação. E nisso foram eficientes.
Os portugueses, muito mesquinhos (a expressão não é minha mas do historiador René Pélissier), sempre a poupar e a poupar-se, enfrentavam as situações de guerra na lógica da razoabilidade, da racionalidade e de algum humanismo, tentanto conquistar as pessoas para a sua causa (eu assisti a uma cena com um prisioneiro cubano, negro e uns 2 metros de altura, que se dizia ter-se entregue, a comer na messe/mesa dos oficiais em Fajonquito).
Para atingir esse mesmo objectivo político de dominação e de sujeição, o PAIGC utilizou as armas que melhor sabia utilizar: As prisões na calada da noite, os fuzilamentos públicos e o terror colectivo. Dito isso, põe-se a questão de saber: Seria diferente se os vencedores fossem os fulas e os seus aliados ?...
De notar, todavia, que essas represálias não atingiram as crianças e os mais jovens entre os fulas que foram mobilizados e encorporados no ensino público gratuito. Essas boas intenções, que duraram muito pouco tempo como todas as boas intenções do mundo, foi o maior, se não o único feito digno de menção do PAIGC e do período pós-independência.
Graças a essa euforia política colectiva e mobilização de jovens, hoje o pais possui mais de um milhar de jovens quadros de diferentes grupos étnicos, mesmo se a sua utilização e enquadramento não foram equacionados devidamente e os resultados não são tão visíveis no desempenho económico e político do país. Por isso, na minha opinião, não se pode afirmar que houve uma conspiração contra os fulas.
O balanco é + negativo ou + positivo? O PAIGC devia e podia fazer melhor?... Sem dúvida que sim. E os portugueses dentro de tudo isso?... A históoria se encarregará de responder, um dia. Eu não quero incriminar ninguém mas darei o meu testemunho, sem partidos.
As palmas que já bati no passado para os soldados portugueses nas suas paradas de ronco e para o PAIGC durante os seus infindáveis discursos e meetings já chegam, agora quero pensar com a minha cabeça. Tenho mais ou menos 50 anos e nessa idade devo ter medo de quem?...
Juntamente envio mais uma parte das minhas habituais crónicas.
Um forte abraço deste irmãozinho de Fajonquito, Cherno A. Baldé
2. Mensagem anterior, de 27/7/09, do editor L.G.:
Muito, muito obrigado... Já publiquei tudo... Com mais uns textos, poderíamos publicar um livro... E até, por que não, trazer-te a Lisboa...para o lançamento... Posso fazer-te uma sugestão ? Que nos fales dos tempos, difíceis, que foram, para os fulas, o 25 de Abril de 1974, a transferência de poder, as primeiras perseguições, os primeiros julgamentos revolucionários, as execuções públicas, em 1974/75...
Eu sei que isto é muito delicado e doloroso, é preciso ainda muito tacto político... Mas um dia os teus filhos e netos vão querer saber... Achas que os guineenses ainda são todos "vítimas e cúmplices" desta "conspiração de silêncio" ?
Pensa também na tua posição profissional e social... Não queremos de modo algum que isso te venha prejudicar, a ti ou à tua família... Mas depois da morte do 'Nino', ainda há tabus na sociedade guineense, relativamente à luta de libertação e à independência ? ...
Mas também podes falar da partida dos tugas, de Fajonquito (termo que nunca usas... porquê ?). Ou da tua ida para Bissau, estudar.. Ou da tua "escolinha" em Fajonquito dos teus livros e cadernos, dos teus professores: o lias, o que sabias de Lisboa, de Portugal, dos portugueses europeus... etc.
Recebe um abraço deste irmão, amigo e admirador, Luís Graça
3. Comentário do editor L.G. ao poste P4747 (*):
Como se percebe pelas crónicas do Cherno Baldé, a sociedade fula é(era) muitíssomo mais complexa e estratificada do que os militares portugueses tendiam a imaginar...
O Cherno abre-nos a janela para dois mundos, o dos nossos quartéis, o da máquina de guerra, visto pelos olhos de uma criança, o Chico; e o próprio grupo étnico-linguístico, a comunidade a que ele pertencia, pelo nascimento, a educação, a religião, a história...
Ele é fula e acima de tudo, é um, fula-forro, não é um fula-preto... Quem de nós, na época, se preocupava com estas subtilezas sócio-antropológicas e sobretudo procurava não se comportar como um "ocupante" e sobretudo um "eurocêntrico" ?
Vejo nas memórias do Cherno Baldé também um sinal de amizade, de tentativa, intelectualmente honesta e franca, de nos dizer, quarenta anos depois, que os fulas eram fulas, africanos, leais e dedicados aos portugueses q.b...
Mas... que nunca poderiam ser inteiramente "assimilidados" e integrados na cultura portuguesa, cristão, ocidental...
Temos uma dívida de gratidão para com os fulas, 'nossos aliados' (leia-se: das autoridades portuguesas da época, políticas e militares, que eram as de um governo cuja legitimidade democrática eu pessoalmente contestava...).
Temos inclusive uma dívida de sangue para com os nossos antigos camaradas fulas (Os militares da 'minha' CCAÇ 12 eram fulas; não sou capaz de os tratar como mercenários...).
Aliás, não me interessam os fulas, como um todo, mas as pessoas, os guineenses, que têm um rosto, uma identidade, uma história, independentemente do seu 'bilhete de identidade' (biológica, étnica, geográfica, social, etc.).
De qualquer modo, o Cherno Baldé ajuda-nos a ler, de uma maneira integrada, mais subtil e mais rica, a realidade do nosso quotidiano na guerra da Guiné, incluindo as relações com a população local e nomeadamente com a população feminina... Adorei essa das lavadeiras, as "lava-tudo"...
Ajuda-nos também a não cair na tentação dos estereótipos e das generalizações abusivas...
Por isso eu pergunto: Quem aceita, aqui no nosso blogue, o desafio de falar, com a mesma maneira 'desinibida e despudorada', da sua lavadeira ou 'lava-tudo' ?
___________
Nota de L.G.
(*) Vd. último poste da série > 27 de Julho de 2009 > Guiné 63/74 - P4746: Memórias do Chico, menino e moço (Cherno Baldé) (8): Misérias e grandezas de Fajonquito, 1970/75
Guiné 63/74 - P4766: Notas de leitura (13): "Os Anos da Guerra Colonial" e as suas incorrecções (António Dâmaso)
1. Mensagem de António Dâmaso (1), Sargento-Mor da FAP na situação de Reforma Extraordinária, com data de 29 de Julho de 2009:
Camarada Luís Graça e Co-Editores uma saudação especial para todos.
A minha intervenção de hoje destina-se a [...] denunciar uma incorrecção. [...] (2)
Quanto à denuncia de incorrecção a mesma tem a ver com as fotos publicadas no fascículo "As Grandes Operações da Guerra Colonial 1961-1974" (3).
Neste fascículo XVI com o título "Comandos libertam Guidage Guiné, 1973", as fotos da capa, páginas 6 e 14, embora os autores digam que pertencem a pára-quedistas da CCP 121, eu afirmo que estes militares não são páras, basta ver o seu armamento e equipamento.
Sei do do que falo, porque estive lá, bem gostava de não ter estado.
Já o camarada Mário Fitas (4) também alertou para uma foto que era atribuída a páras e que afinal era de outros militares.
Reprodução da foto da Capa
Reprodução da foto da página 6
Reprodução da foto da página 14
Com a devida vénia ao jornal Correio da Manhã
Por aqui me fico
Um abraço
Dâmaso
__________
Notas de CV:
(1) Vd. poste de 1 de Agosto de 2009 > Guiné 63/74 - P4764: Tabanca Grande (166): António Dâmaso, Sargento-Mor da FAP (Guiné, 1966/68, 1969/70 e 1972/74)
(2) A parte suprimida da mensagem diz respeito ao assunto tratado no poste acima referenciado.
(3) Coleccção de livros sobre a Guerra Colonial com o título "Os Anos da Guerra Colonial" de autoria de Carlos de Matos Gomes e Aniceto Afonso, publicada pelo jornal Correio da Manhã
(4) Vd. poste de 13 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4515: Controvérsias (17): A César o que é de César! (Mário Fitas)
Vd. último poste da série de 27 de Julho de 2009 > Guiné 63/74 - P4748: Notas de leitura (12): História da Guiné e ilhas de Cabo Verde - PAIGC, 1974 (Beja Santos)
Camarada Luís Graça e Co-Editores uma saudação especial para todos.
A minha intervenção de hoje destina-se a [...] denunciar uma incorrecção. [...] (2)
Quanto à denuncia de incorrecção a mesma tem a ver com as fotos publicadas no fascículo "As Grandes Operações da Guerra Colonial 1961-1974" (3).
Neste fascículo XVI com o título "Comandos libertam Guidage Guiné, 1973", as fotos da capa, páginas 6 e 14, embora os autores digam que pertencem a pára-quedistas da CCP 121, eu afirmo que estes militares não são páras, basta ver o seu armamento e equipamento.
Sei do do que falo, porque estive lá, bem gostava de não ter estado.
Já o camarada Mário Fitas (4) também alertou para uma foto que era atribuída a páras e que afinal era de outros militares.
Reprodução da foto da Capa
Reprodução da foto da página 6
Reprodução da foto da página 14
Com a devida vénia ao jornal Correio da Manhã
Por aqui me fico
Um abraço
Dâmaso
__________
Notas de CV:
(1) Vd. poste de 1 de Agosto de 2009 > Guiné 63/74 - P4764: Tabanca Grande (166): António Dâmaso, Sargento-Mor da FAP (Guiné, 1966/68, 1969/70 e 1972/74)
(2) A parte suprimida da mensagem diz respeito ao assunto tratado no poste acima referenciado.
(3) Coleccção de livros sobre a Guerra Colonial com o título "Os Anos da Guerra Colonial" de autoria de Carlos de Matos Gomes e Aniceto Afonso, publicada pelo jornal Correio da Manhã
(4) Vd. poste de 13 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4515: Controvérsias (17): A César o que é de César! (Mário Fitas)
Vd. último poste da série de 27 de Julho de 2009 > Guiné 63/74 - P4748: Notas de leitura (12): História da Guiné e ilhas de Cabo Verde - PAIGC, 1974 (Beja Santos)
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