O Furriel Miliciano de Operações Especiais Carvalho, ainda na Metrópole... Fez parte dos
Piratas de Guileje (CCAV 8350) e acabou a sua comissão nos
Lacraus, em Paunca (CCAÇ 11)...
Guiné > Região de Tombali >
Guileje > CCAV 8350 (1972/73) > O Ex-Fur Mil Op Especiais Carvaljho, com a sua amada Kalash... Ao fundo, é visível o oráculo (a Nossa Senhora de Fátima e ao Santo Cristo dos Milagres) erigido pelos Gringos de Guileje - a CCAÇ 3477 (1971/72), a que pertenceu o nosso camarada , o ex- 1º cabo enfermeiro Amaro Munhoz Samúdio (1).
lbum de fotografias do ex-Fur Mil Op Especiais Carvalho, confiado à guarda do editor do blogue.
Fotos: ©
José Casimiro Carvalho (2007). Direitos reservados.
1. Texto do José Casimiro Carvalho que me foi confiado no primeiro encontro da nossa tertúlia, na Ameira, em 14 de Outubro de 2006 (2), altura em que o conheci pessoalmente. Ele também me confiou o seu álbum fotográfico e um conjunto de cartas e aerogramas enviados a amigos e familares no período em que esteve em Guileje, Cacine e Gadamael (1972/73). Uma selecção dessa correspondência começará a ser publicada em breve, a par de algumas fotos do seu álbum (dos seus dois álbuns!), de maior interesse documental.
Com o atraso de alguns meses, o
ranger Carvalho apresenta-se hoje na primeira pessoa do singular. A ele e ao resto da tertúlia, peço as minhas desculpas pelo lapso, ou melhor, pela demora. Acontece que o pobre editor do blogue já não tem mãos a medir... Mas, com tempo e vagar, tudo o que lhe é confiado se publica, ou publicará: (i) para a posteridade, para que nenhum filho da mãe fale, impunemente, em nosso nome, ou nos venha a querer aldrabar!; (ii) para que os nossos vindouros - filhos, netos, bisnetos... - não nos acusem de termos morrido, calados!; (iii) enfim, para deixar, em primeira mão, aos historiadores, o nosso testemunho: porque estvemos lá!... Em Guileje, em Gadamael, em Paunca!...
Sublinho, entretanto, o grande interesse do depoimento deste nosso camarada para a elucidação e compreensão do período final da guerra na Guiné, tanto no sul (Guileje e Gadamael) como no zona leste (por exemplo,
Paunca).
O que se passou aqui - em Paúnca e noutros sítios da Zona Leste, o
chão fula, por excelência - , a seguir ao 25 de Abril de 1974, é inédito e chocante, para mim!... Os quadros (metropolitanos, brancos,
tugas...) da CCAÇ 11 foram expulsos do quartel de Paunca, com o cano da G-3 enfiado nas costas, pelos soldados fulas, amotinados, da CCAÇ 11, uma das criações de Spínola e dos spinolistas. Estive com eles em Contuboel. À CCAÇ 11 (ou melhor, na altura, a CART11) pertenceu o meu amigo Renato Monteiro, o mediático homem da piroga no Geba (3). Eu e outros camaradas da CCAÇ 2590/CCAÇ 12 - como o Humberto Reis, o Tony Levezinho, o Zé de Sousa, o Rodrigues, o Martins, o Gabriel... -, estivémos com eles em Contuboel, de Junho a Julho de 1969... Embarcámos na mesma aventura de formar a
nova força africana de Spínola...
A seguir ao 25 de Abril de 1974, fugido do inferno de Guileje e Gadamael, caído de paraquedas em Paunca, na CCAÇ 11, o Casimiro Carvalhos vai conhecer o desespero e a raiva dos nossos aliados fulas, miseravelmente abandonados por nós... Este é um dos episódios mais chocantes da guerra da Guiné, aqui contados pelo nosso
herói de Gadamael. Só é pena que ele tenha sido tão parco em palavras, no que diz respeito a este humilhante final de comissão (mas também - julgo eu - de guerra, de império, de história)...
Amigos e camaradas da Guiné: Só espero que este depoimento abra os diques aos milhões de palavras (muitas deles indizíveis e contraditórias) que estão contidas nas corações dos nossos camaradas que, como o Casimiro Caravalho, foram de facto os
últimos guerreiros do Império... Há outros, também acanaram em 1974, imediatamente antes ou depois do 25 de Abril, a sua comissão... Cito alguns, da nossa tertúlia: Albano Costa, Américo Marques, Antero Santos, António Duarte, António Graça de Abreu, António Santos, António Serradas, Carvalhido da Ponte, Eduardo Magalhães Ribeiro, Fernando Franco, João Carvalho, Joaquim Guimarães, José Bastos, Luís Carvalhido, Manuel Cruz, Manuel G. Ferreira, Manuel Oliveira Pereira, Maurício Nunes Vieira, Sousa de Castro, Victor Tavares ... (Desculpem se esqueci alguém!)..
Confesso que eu não gostaria de
estar na pele deles... Também eles foram miseravelmente abandonados por todos nós: os que vieram regressaram a casa antes, como eu, em 1971, a hierarquia militar, o exército, o MFA, o Conselho da Revolução, os Governos Provisórios, o povo português, Portugal... Não vale a pena ninguém pôr-se fora... (LG)
Dos Piratas de Guileje (CCAV 8350, 1972/73) aos Lacraus de Paunca (CCAÇ 11, 1974)
por José Casimiro Carvalho (Subtítulos da responsabilidade do editor do blogue)
Fiz a recruta como soldado do contingente geral em Leiria, no RI 7 – Regimento de Infantaria 7. Fui depois escolhido para frequentar o CSM – Curso de Sargentos Milicianos em Caldas da Rainha (RI-5)
Destacado para Tavira, acabei por ser escolhido,
in extremis, para frequentar o curso de Operações Especiais, em Lamego, o qual terminei com 15,28 valores.
Segui para Estremoz onde, já como Cabo Miliciano, ministrei instrução num pelotão da CCAV 8351 (mais tarde chamada, na Guiné,
Os Tigres de Cumbijã). Nomeado para servir no CTIG, fui transferido para a CCAC 8350 (que ficará conhecida como
Os Piratas de Guileje).
Embarcámos em Outubro de 1972 e já em Bissau seguimos numa LDG para Gadamael e daí para Guileje, em coluna auto, com uma segurança reforçada (na óptica de um maçarico, hé-hé-hé).
Já em
Guileje , em sobreposição com
Os Gringos [ CCAÇ 3477, 1971/73], passámos um período de muito trabalho de patrulhas e não só. Passámos uns meses descansados, tirando as patrulhas, dia sim dia não, com que o Comando nos premiava. Andava a caçar pássaros com uma caçadeira que o chefe da tabanca me emprestava (só pagava os cartuchos) e era um ver se te avias, era aos 50 pardais cada tiro, e os
jubis [ putos ] lá andavam a apanhá-los e atrás dos que só ficavam feridos. Era cada arrozada!!!
Um dia, o alferes Lourenço, a manusear uma granada duma armadilha , e rodeado de militares - eu estava emboscado com o meu grupo -, a mesma explodiu-lhe na mão, tendo-o morto instantaneamente. Ficou sem meia cabeça e o abdómen aberto. Eu, já no quartel, ao ajudar a pegar no cadáver, este praticamente partiu-se em dois… Que dor!... Chorei como nunca, e isto foi o prenúncio do que nos esperava.
Com o Marcelino da Mata, em Guileje
Um dia – já não posso precisar quando - fomos atacados com canhões sem recuo, e nesse espaço um Fiat G 91 , que devia andar na área, foi contactado pelo comandante, o Cap Abel Quintas, que lhe indicou o rumo das saídas e ele lá seguiu. Mais tarde soube que tinha sido abatido por um míssil Strella…
Vieram os Páras e o Grupo do Marcelino (
Os Vingadores, de Operações Especiais), numa confusão de tropas que eu nunca tinha visto, pudera! Pedi ao Marcelino para me levar na operação de resgate do piloto Ten Pessoa (penso que era esse o nome), tendo ele anuído, mas o meu comandante não foi na conversa, não obstante o Marcelino, ele próprio, ter dito que me trazia de regresso
nem que fosse ás costas. Que pena, não tenho essa façanha no meu currículo.
Entretanto fui nomeado para comandar os reabastecimentos a Guileje, antes do isolamento, entre Cacine e Gadamael, por barco (claro).
Andava eu nestas andanças a curtir o sol em LDM ou LDP, quando Guileje foi abandonada, por ordem do então Major Coutinho Lima, e começou a matança no verdadeiro Inferno (4). Desse lapso de tempo a minha cabeça recusa-se a qualificar e quantificar o horror porque passaram todos os intervenientes deste filme de terror. Só tenho pedaços desse filme na minha memória. Recusei-me a falar durante muitos anos sobre este período da minha vida na Guiné.
Em Gadamael, fugindo das morteiradas certeiras do 120
Aqui vão alguns itens, e falo assim para não ser acusado de subverter a verdade dos factos.
Em Gadamael não havia casamatas como em Guileje, só valas. Os bombardeamentos eram tão intensos que nem dava para acreditar, quando ouvíamos as saídas, tínhamos 22 ou 23 segundos até as granadas 120 caírem em cima de nós ou , muito raramente, caírem mais além. O pessoal começou a fugir para o rio, e as granadas caíam no rio, o pessoal corria para o parque Auto e as granadas caíam no parque Auto, o pessoal saltava para as valas e as granadas iam cair nas valas.
Numa dessas quedas (voos) para a vala - e já lá ! -, senti as nádegas húmidas e, ao pôr lá a mão, esta veio encharcada em sangue... Berrei que estava ferido e fui evacuado num patrulha da Marinha para Cacine (entretanto no barco fui tratado e apaparicado pelos marujos).
Em Cacine verificaram que era um estilhaço de morteiro 120 do IN, e que não havia necessidade de ser transferido para Bissau, pelo que fui nomeado chefe de limpeza em Cacine (um
Ranger, imaginem) .
Quando começaram a chegar as vítimas desse holocausto, e como ouvia os meus camaradas a embrulhar, deu um clique na minha cabeça e peguei numa Kalash que eu tinha, virei-me para um oficial e disse:
- Ou me mandam já para Gadamael onde morrem os meus homens ou eu varro já esta merda!
Cadáveres regados com creolina
Não me lembro dos
entretantos mas sei que me vi num Sintex, a caminho de Gadamael, onde cheguei, mas com um medo terrível a olhar para as margens, à espera duma rajada ou dum roquetada de RPG.
Em Gadamael, num dos bombardeamentos, já no fim, vi um soldado a cair e ainda com o fumo no ar e com o eco das explosões saí em correria louca, alombei com ele às costas e corri para a enfermaria. Ao colocá-lo no chão, vi que não tinha metade do crânio e os miolos escorriam pelas minhas costas.. ( Isto não são
Rangerices, meu Deus).
Nessa enfermaria jazia um militar que tinha sido morto por bombardeamentos em Guileje (no abrigo do Morteiro 10,7, o único que não era à prova de morteiro 120), e que mais tarde foi enfiado em 2 bidões juntos e soldados entre si, tal era o estado do cadáver. Na enfermaria os cadáveres eram tantos e o cheiro tão nauseabundo que eram constantemente regados com creolina...
Socorrendo o meu comandante, o Capitão Quintas
Num dos ataques [a Gadamael], o Capitão Quintas foi ferido muito gravemente; ajudei-o a chegar ao cais, debaixo de fogo, arranjei um Sintex e o mesmo não tinha depósito...! Corri, debaixo dum bombardeamento terrível, arranjei um depósito tendo então levado o Sintex para Cacine, com ele e mais feridos (5)
O pessoal entretanto debandava para o mato , onde era mais seguro estar. Um deles morreu enterrado no lodo, outros foram recuperados numa lástima , por elementos da Marinha (julgo eu) (6)...
Neste espaço de tempo - não sei precisar a cronologia -, chegou um Helicóptero com o Gen Spínola e o Cor Rafael Durão. Este, ao sair, fitou-me e vociferou :
- Quem é você ? - Eu trajava um camuflado com cortes nas meias mangas, calções e botas de lona e sem quico… Retorqui-lhe , em sentido:
- Apresenta-se o furriel Car.... - Ele interrompeu-me, de imediato e no meio daquele Vietname ordenou-me:
- Vá-se fardar correctamente e venha-se apresentar!...
Entretanto, reuniu as tropas (as que pôde) e chamou-nos tudo o que lhe veio à cabeça:
- Cobardes, ratos… Vocês mereciam que vos arrancasse a cabeça a pontapé!..
Mais tarde o Heli arrancou e passados uns três minutos caíram duas morteiradas no preciso local donde saíra.
Nestes espaços de memória lembro-me de chegarem os Páras (7), que começaram a varrer a zona. Lembro-me duma patrulha deles sair (um bigrupo, julgo) e, passados uns minutos, era tamanha a fogachada que se viam as explosões de granadas e dos RPG. Demorou uma eternidade, quando os páras regressaram traziam 16 feridos, um dos quais um sargento com um tiro numa perna e que ...sorria! Que tropa moralizada, meu Deus!...
Após um ataque de canhões sem recuo por parte do IN, vem um Fiat G 91 que picou, largou uma bomba enorme e roncou os motores numa subida louca, a bomba rebentou, estremeceu o quartel e os nossos corações, até os tomates abanaram.
Não havia condutores no quartel, tinham fugido para o mato ou desaparecido. Não havia munições nos canhões e morteiros , então eu peguei numa Berliet e um ilustre desconhecido (adorava saber quem foi !) (8) acompanhou-me na odisseia de andar debaixo de morteirada na corrida aos paióis. Trazíamos granadas para as bocas de fogo e, claro, que, quando os tiros de bocas de fogo do IN saíam, nós não ouvíamos e só quando rebentavam é que nos apercebíamos e saltávamos em andamento.
Massacrados a 1200 metros do arame farpado
Noutra altura um oficial apanhou meia dúzia de homens e disse :
- Vão fazer uma patrulha ao longo do rio até à zona da antiga pista e mantenham-se lá emboscados.
Eu peguei então numa G-3 (eu que era conhecido por andar sempre de HK 21, vejam lá o moral), num cantil e duas latas de fruta em calda e, ao sair, com o Alferes Branco, reparei em dois putos que tinham sido apanhados e ordenei-lhes que ficassem:
-Sois muito novos para morrer - disse-lhes eu...
A uns 1200 metros, o alferes resolveu emboscar ali. O guia dissera-lhe que a antiga pista estava armadilhada. Ao passarmos no tarrafo, em direcção a uma pequena clareira de capim, eu disse em surdina Cuidado! … e destravei a arma. Tinha ouvido um pisar de ramos, mas como nada se passou eu disse Não é nada, deve ser um pássaro… mas ao segundo ruído, pus a arma em rajada e, ao atirar-me ao chão, gritei
Emboscada!
Ainda vi a cara do alferes a ser atingida por uma rajada, foi um tiroteio terrível, tiros características de armas russas, e do nosso lado só ouvia uma arma a disparar tiro a tiro. Eu tinha despejado um carregador. Fremitamente, peguei em outro, disparei-o em três rajadas, com a cara colada no chão e com a imagem (na mente, claro) de um inimigo a apontar-me a arma às costas e a disparar... Pensei na minha mãe e, ao pegar no terceiro carregador, o fogo IN parou tão abruptamente como começara. Ouço uma gritaria aterrorizante e, como só havia um homem a disparar à minha beira, berrei-lhe:
- Vamos embora enquanto estamos vivos!... - Ele gatinhou por baixo do tarrafo, eu segui-o, passei pelo cabo, já abatido e todo ensanguentado, de nome Neves - se não me engano, e que era guarda costas do capitão - e corri loucamente em busca da salvação, ali tão perto e... tão longe. Larguei cinturão, cantil, latas de frutas e carregador, só levei a G 3 pois estava-me entranhado na cabeça, desde Lamego, que deixar a arma...NUNCA!
Saiu um grupo de Páras para ir em nosso socorro e, quando chegou, jaziam lá quatro corpos .
Quando eles chegaram, não deixaram ver os copors e eu cheguei-me aos berros dizendo:
- Ou me deixam ver os meus irmãos ou fodo esta merda toda! - Claro que neste clima de paranóia valia tudo e lá consegui vê-los. Dispenso-me de pormenorizar aqui o terror do que vi, feito pelo IN aos cadáveres...
Guiné > Região de Tombali > Gadamael > 1973 > "Era o vinho, meu Deus, era o vinho"...
Foto: ©
José Casimiro Carvalho (2007). Direitos reservados.
Nesses dias, os bidões de vinho esventrados por estilhaços vertiam vinho e era ver o pessoal (eu incluído, claro) deitado por baixo dos esguichos a afogar as mágoas (hilariante e patético mas compreensível…).
Depois do 25 de Abril: Com uma arma apontada nas costas pelos fulas da CART 11
Fomos para o Cumeré tirar outro IAO . Eu fui para Prabis com mais 12 homens, outros foram para Quinhamel ou Bijemita (??). Depois fomos para Colibuia-Cumbijã, e aí fui destacado para rendição individual, sendo transferido para Bissau a fim de tirar estágio de Companhias Africanas, e durante esse estágio deu-se o 25 de Abril.
Fui então para Paunca, CCAÇ 11 –
Os Lacraus, onde me mantive até ao fim da minha comissão. Não sem antes levar um susto de morte, pois os militares africanos da CCAÇ 11 sublevaram-se (3). Quando eu estava a dormir, ouvi tiros, vim em calções com a Walther à cintura até ao paiol. Quando lá cheguei, eles estavam a armar-se e a disparar para o ar e eu, quando os interrogava pelo motivo de tal, senti o cano de uma arma nas costas, ordenando-me que seguisse em frente (até gelei)… Juntaram todos os quadros brancos e puseram-nos no mato… assim mesmo.
Humilhados e ofendidos… socorridos no mato pelos inimigos de ontem!
Caminhámos muito, de noite, desarmados, e fomos até um acampamento de guerrilheiros do PAIGC, contámos a situação e eles mandaram um punhado deles a Paunca. Gritaram então lá para dentro:
- Têm 5 minutos para se entregaram e restituir o quartel aos brancos ou destruímos tudo! - Eles, os fulas, entregaram-se.
No fim, já de abalada, fomos ao paiol, juntámos todas as granadas e explosivos, e eu fui encarregado de os fazer explodir , ao redor de uma enorme árvore. Que cogumelo de fogo, impagável !
Deixei a G3 em Guileje...
Fui encarregado de comandar uma coluna de 22 viaturas até Bissau, por Fajonquito, Jumbembem Farim, Mansoa, Nhacra…Bissau. Ao fazer o espólio, não tinha G3, mas , como não tinha…
- Ó pá, estiveste em Guileje ?... Então ‘tá bem, não entregas.
A seguir vim de avião para a Peluda. Nesta pequena resenha há imprecisões próprias da distância temporal, do stress pós-traumático de guerra, há erros de cronologia e… não há sequência, mas serve para o que serve, afastar fantasmas e partilhar com a tertúlia do Graça e para isso… basta, tá ?
______________
Notas de L.G.:
(1) Vd. posts de:
18 de Novembro de 2006 >
Guiné 63/74 - P1293: Guileje: do chimpanzé-bébé aos abrigos à prova do 122 mm (Amaro Munhoz Samúdio, CCAÇ 3477)
10 de Outubro de 2006 >
Guiné 63/74 - P1162: Guileje: CCAÇ 3477, os Gringos Açorianos (Amaro Munhoz Samúdio)
(2) Vd. post de 15 de Outubro de 2006 >
Guiné 63/74 - P1177: Encontro da Ameira: foi bonita a festa, pá... A próxima será no Pombal (Luís Graça)
(3) CCAÇ 11: formada a partir da CART 11/CART 2479 >
Vd. posts de:
23 de Junho de 2006 >
Guiné 63/74 - P899: Diga se me ouve, escuto! (Renato Monteiro)
23 de Junho de 2006 >
Guiné 63/74 - P898: Saudades do meu amigo Renato Monteiro (CART 2479/CART 11, Contuboel, Maio/Junho de 1969)
28 de Julho de 2006 >
Guiné 63/74 - P1001: Estórias de Contuboel (i): recepção dos instruendos (Renato Monteiro, CART 2479 / CART 11, 1969)
30 de Julho de 2006 >
Guiné 63/74 - P1005: Estórias de Contuboel (ii): segundo pelotão (Renato Monteiro, CART 2479 / CART 11, 1969)
1 de Agosto de 2006 >
Guiné 63/74 - P1015: CART 2479, CART 11 e CCAÇ 11 (Zona Leste, Gabu, subsector de Paunca)
2 de Agosto de 2006 >
Guiné 63/74 - P1017: Estórias de Contuboel (iii): Paraíso, roncos e anjinhos (Renato Monteiro, CART 2479 / CART 11, 1969)
4 de Agosto de 2006 >
Guiné 63/74 - P1026: Estórias de Contuboel (iv): Idades sem lembrança (Renato Monteiro, CART 2479 / CART 11, 1969)
4 de Agosto de 2006 >
Guiné 63/74 - P1027: Estórias de Contuboel (V): Bajudas ou a imitação do paraíso celestial (Renato Monteiro, CART 2479 / CART 11, 1969)
19 de Março de 2007 >
Guiné 63/74 - P1612: Relembrando, com saudade, os nossos soldados fulas da CART 11 (Renato Monteiro / João Moleiro)
(4) Vs. posts de:
31 de Janeiro de 2007 >
Guiné 63/74 - P1478: Unidades de Guileje: Coutinho e Lima, ligado ao princípio e ao fim (Nuno Rubim)
2 de Julho de 2005 >
Guiné 69/71 - XCI: Antologia (6): A batalha de Guileje e Gadamael (Afonso M.F. Sousa / Serafim Lobato)
(5) Vd. post de 2 de Dezembro de 2005 >
Guiné 63/74 - CCCXXVIII: No corredor da morte (CCAV 8350, Guileje e Gadamael, 1972/73) (Magalhães Ribeiro)
(6) Um momento alto do encontro do nosso 1º encontro na Ameira (2) foi a evocação da LFG Orion por parte do
ranger Casimiro Carvalho: foi através do nosso blogue que ele soube, trinta e três anos depois, que, além dos paraquedistas, houve outros
anjos da guarda no princípio do mês de Junho de 1973, a guarnição da LFG Orion, representada na nossa tertúlia e no encontro da Ameira pelo comandante Pedro Lauret, na altura oficial imediato do navio... Vd. post de 15 de Junho de 2006 >
Guiné 63/74 - P879: Antologia (43): Os heróis desconhecidos de Gadamael (II Parte).
(7) Vd. post de 19 de Março de 2007 >
Guiné 63/74 - P1613: Com as CCP 121, 122 e 123 em Gadamael, em Junho/Julho de 1973: o outro inferno a sul (Victor Tavares, ex-1º cabo paraquedista)
(8) José Casimiro: Vamos lá refrescar essa memória... Não terá sido o 1º cabo escriturário Raposo, açoriano, da tua companhia ? É o que se depreende do conteúdo do
post referido em (7):
(...) "Quem deu algum ânimo aos poucos que estavam foi desde logo o 1º cabo escriturário Raposo, açoriano, que se voluntariou para fazer o arriscadíssimo trajecto até ao paiol. Enfiou-se numa Berliet e foi buscar munições debaixo de fogo intenso. Gadamael estava cercado, sem artilharia, sem apoio aéreo, sem capitães, sem médico, sem rádio, sem munições de morteiro 81, tinha por companhia apenas três ou quatro militares na linha da frente.
"A bravura do cabo Raposo e do furriel Carvalho, porém, foi um encorajamento para todos. Com o morteiro 81 municiado pelas granadas trazidas na Berliet, com uma metralhadora que conseguiram montar e os tais três ou quatro militares passaram o resto da noite de 1 para 2 de Junho a lançar umas morteiradas e umas rajadas de metralhadora de tempos a tempos. Só no dia 2 de Junho é que se apercebeu que uma parte significativa dos militares que tinha fugido para a tabanca se tinha deslocado com a população para junto do rio Cacine" (...).