Blogue coletivo, criado e editado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra col0onial, em geral, e da Guiné, em particular (1961/74). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que sáo, tratam-se por tu, e gostam de dizer: O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande. Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
domingo, 28 de agosto de 2022
Guiné 61/74 - P23564: Agenda cultural (822): Convite para a apresentação do livro "O Amor que veio da China e outros contos", da autoria do nosso camarada de armas Paulo Cordeiro Salgado, a levar a efeito no próximo dia 4 de Setembro de 2022, domingo, pelas 15:30h, na Biblioteca Municipal Almeida Garret - Sala Multimédia - Jardins do Palácio de Cristal, Porto
Caros Camaradas,
Vivam, todos.
Parar é morrer. Continuo a escrever. Sina de escritor serôdio, mas ainda rico em memórias. Raízes e vivências muitas, por África. Mas olhar para o futuro. Partilhar é preciso.
Agradeço-vos a divulgação, no nosso blogue, do meu último livro - O amor que veio da China e outros contos.
Podereis, camaradas, visitar o stand D-20 da Feira do Livro de Lisboa, onde está o António Lopes, editor que certamente, terá gosto em conversar com os interessados. Este editor tem o mérito de estar localizado na periferia - aldeia de Carviçais, concelho de Torre de Moncorvo - uma forma corajosa de descentralização.
Recordo, passe, o orgulho deste vosso camarada, que escrevi:
Guiné-Crónicas de Guerra e Amor
Milando ou Andança por África
7 Histórias para o Xavier (a África - a Guiné está lá) - infantil.
4 Fábulas para o Pedro - infantil
A Revolta dos Animais - (fala da ecologia, do ambiente) - juvenil (para todos, claro
Agradeço a divulgação e... vamos ler. A literatura, a pintura, a arquitetura, a dança, a música, sem esquecer a poesia - aquelas que contribuem para o humanismo.
Uma saudação, Camaradas.
Paulo Salgado
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Nota do editor
Último poste da série de 26 DE AGOSTO DE 2022 > Guiné 61/74 - P23558: Agenda cultural (821): Filme a não perder: "Montado, o Bosque do Lince Ibérico", realizado pelo naturalista Joaquín Gutiérrez Acha, uma podrução luso-espanhola (2020, 94 minutos). Em exibição nos cinemas.
Guiné 61/74 - P23563: Camaradas, referidos no blogue, que estiveram em (ou passaram por) Bedanda, na 4ª CCAÇ (1961/66) e CCAÇ 6 (1967/74)
Guiné > Região de Tombali > Bedanda > CCAÇ 6 > 1971 > Reabastecimento do aquartelamento e povoação através do Nordatlas e do lançamento de géneros por paraquedas, durante a época das chuvas. Fotos do Álbum de Amaral Bernardo, ex-alf mil médico, CCS / BCAÇ 2930 (Catió, 1970/72)... Esteve em 1971 em Bedanda, onde foi rendido em Dezembro de 1971 pelo Mário Bravo.
"Estive primeiro em Cacine, que era deslumbrante... Percorri todo o sul, acabando em Bolama, depois de passar por Bedanda, Gadamael, Guileje, Tite... A CÇAÇ 6 tinha fulas e um pelotão de balantas... Em Bedanda, os tipos do PAIGC apareciam nas minhas consultas, nas calmas, disfarçados com a população...
"Bedanda, no tempo das chuvas, era inacessível por terra, transformava-se numa ilha. Ficava entre dois rios, o Cumbijã, a oeste e o seu afluente, o Ungariol, a leste e a norte... Era abasteciada pelos fuzileiros e pela força aérea...
"Em 2005 falei com o Nino sobre os ataques a Bedanda, quando ele era o comandante da região sul... Havia malta na tabanca que lhe fazia sinais de luz (com uma lanterna) para orientação do tiro... À terceira, eles acertavam todas...
"Os melhores abrigos, à prova do 120, eram os de Guileje... Mas o Spínola proibiu a construção de mais bunkers, queria que o pessoal fosse todo para as valas... Foram tempos muitos duros, tive uma [grande] actividade como médico... e eu próprio cheguei a desejar secretamente ser ferido para poder ser evacuado dali" (...) (Amaral Bernardo, membro da nossa Tabanca Grande, desde Fevereiro de 2007; poste P7802).
Foto (e legenda): © Amaral Bernardo (2011). Todos os direitos reservados.
Tive que fazer novamente as malas e apanhar uma aviioneta Dornier [DO 27] que, passando por Catió onde tirei algumas fotografias que já não sei identificar, acabou por aterrar em Bedanda. Sem dúvida um dos locais da Guiné que me deixou mais saudades.
Fazia a sua defesa a Companhia de Caçadores 6, do recrutamento da Província, um pelotão de milícia, e o pelotão de artilharia. A população era particularmente simpática e notava-se que tinha tido muito contacto com portugueses da metrópole. Aliás, a casa colonial existente, a do chefe de posto, era imponente.
Bedanda fica numa colina bastante elevada, atendendo aos padrões de altitude que normalmente se encontram na Guiné. Não sendo uma fortificação inexpugnável, não oferecia quaisquer vantagens ao inimigo que se colocaría sempre numa cota inferior. Por isso, os ataques eram pouco frequentes o que nos permitia respirar…
- Amaral Bernardo, ex-alf mil médico, CCS/BCAÇ 2930 (Catió, 1970/72), esteve na CCAÇ 2726, uma companhia independente, açoriana, que guarneceu Cacine (1970/72); passou também cerca de um ano (1971) em Bedanda (CCAÇ 6); tem cerca de meia centena de referências no blogue;
- António Teixeira, "Tony" (1948-2013), ex-alf mil, CCAÇ 3459/BCAÇ 3863, Teixeira Pinto, e CCAÇ 6, Bedanda (1971/73);António Henriques Campos Teixeira, nascido em 21/6/1948, falecido em 25/11/2013); era professor de educação física, reformado; vivi ame Espinho; tem mais de meia centenas de referências no blogue.
- Aurélio Manuel Trindade, ex-cap inf, cmdt, 4ª CCAÇ / CCAÇ 6 (Bedanda, julho 1965/julho 1967), hoje ten gen ref, autor de (sob o pseudónimo Manduel Andrezo) " Panteras à Solta! (ed. autor, c. 2020, 447 pp.;
- Artur José (Miranda) Ferreira, ex-1º cabo aux enf, CCAÇ 6, Bedanda, 1968/70;
- Belmiro da Silva Pereira (1946-2022) ex-alf mil, CCAÇ 6, Bedanda (1969/71); , natural de Peniche, era médico reformado; tem 4 referências no blogue;
- Carlos (Pinto) Azevedo, ex-1º cabo, CCAÇ 6, Bedanda (1971/72); contemporâneo do Fernando Sousa e do Dr. Amaral Bernardo; "tive dois Capitães na Companhia em Bedanda, o Sr. Capitão Carlos Ayala Botto e o Sr. Capitão Gastão Silva, dois Homens com um H Grande";
- Carlos Ayala Botto, ex-cap cav, cmdt, CCAÇ 6, Bedanda (1971/72), ajudante de campo do General Spínola, hoje cor cav ref; "Soube do seu blogue e aqui estou a apresentar-me: Carlos Ayala Botto, estive na Guiné entre 1970 e 1973 e actualmente sou Coronel na Reforma. Na altura era capitão de Cavalaria mas mesmo assim fui nomeado Cmdt da CCAÇ 6 em Bedanda onde estive cerca de 20 meses." (Poste P1407);
- Fernando de Jesus Sousa, ex-1.º cabo, CCAÇ 6, Bedanda (1970/71); DFA, autor
autor de "Quatro Rios e um Destino” (Chiado Editora, 2014); tem 30 referências no blogue; - Hugo Moura Ferreira, ex-alf mil, CCAÇ 1621 (Cufar) e CCAÇ 6 (Bedanda) (Novembro de 1966 / novembro de 1968); tem 60 referências no blogue;
- João Martins, ex-alf mil art, Pel Art / BAC1 (Bissum, Piche, Bedanda, Gadamael e Guileje, 1967/69); tem mais de 60 referências no blogue:
- Joaquim Pinto Carvalho, ex-alf mil, CCAÇ 3398 (Buba, 1971/72) e CCAÇ 6, Onças Negras (Bedanda, 1972/73); foi redator-coordenador do jornal de caserna "O Seis do Cantanhez", criado e dirigido pelo Cap Gastão e Silva, cmdt da CCAÇ 6, tendo entre outros membros da redação, o saudoso alf mil António Teixeira , "Tony"(1948-2013); natiual do Cadaval, é advogado, e régulo da Tabanca do Atira-te ao Mar, Porto das Barcas, Atalaia, Lourinhã; tem 60 referências no blogue:
- Jorge Freire, ex-cap inf, CCaç 153, e 4ª CCaç, Bissau, Gabu, Bedanda, 1961/63); vive nos EUA, tem cerca de 20 referências no blogue, onde é conhecido como George Freire; nome completo, Renato Jorge Cardoso Matias Freire;
- Jorge Zacarias Rodrigues da Rocha, 2ª Companhia do BCAÇ 4612/72, Jugudul (1972/74); engenheiro técnico civil na REFER-EP, esteve em Bedanda entre junho e setembro de 1974; presumimos que foisse alf ou fur mil:
- José (Conde) Figueiral, ex-alf mil, CCÇ 6, Bedanda (1970/72);tem 10 referências no blogue;
- José Vermelho, ex-fur mil, CCAÇ 3520, Cacine, CCAÇ 6, Bedanda, e CIM Bolama (1971/73); tem 8 referências no blogue;
- Manuel Mendes, ex-sold. CCAÇ 728 (Catió, Cachil, Bedanda e Bissau, 1964/66); conhecido como o "Lisboa", era o "soldado 29", do 3º pelotão;
- Mário Silva Bravo, ex-alf mil médico, CCAÇ 6, Bedanda, e HM 241, Bissau (1971/72); O Mário Bravo, ortopedista reformado, tem 55 referências no blogue;
- Mário (José Lopes) de Azevedo, ex-fur mil art, Pel Art, CCAÇ 6, Bedanda (1970/72); tem um dezena de referências no blogue;
- Rui Santos, ex-alf mil, 4.ª CCAÇ, Bedanda e Bolama (1963/65); tem mais de 3 dezenas de referências no blogue;
- Tibério Borges, ex-alf mil inf MA, CCAÇ 2726, Cacine, Cameconde, Gadamael e Bedanda (1970/72); tem 10 referências no blogue; sobre Bedanda escreveu: "Em Bedanda a companhia era de africanos com excepção da maioria dos graduados. Fui encontrar, imaginem, o Zé Cavaco, que é meu conterrâneo. O mundo é pequeno. Apenas fui tapar um buraco durante um mês. Alguém que foi de férias ou que chegou ao fim da comissão. Quem sabe se doente! Pode ser que um dia saiba mais coisas através do Zeca. Sei que o Comandante era o Capitão Ayala Boto. Nesta unidade havia um padre."(Poste P15059);
- Vasco Santos, ex-1º cabo op cripto, CCAÇ 6, Bedanda (1972/73); tem 38 referências no blogue; foi, com o Hugo Moura Ferreira, o organizador do 4º encontr0 dos bedandenses (Mealhada, 2014); nome completo: Vasco David de Sousa Santos.
- Lassana Jaló (ferido em combate e a viver em Portugal);
- Gualdino José da Silva (ex-fur mil, de 1967/69);
- João António Carapau (que foi alf mil médico em 1967/68, hoje conceituado pediatra, reformado do Hospital da Estefânia, vivendo na Portela);
- Renato Vieira de Sousa (ex-cap inf, cmdt, 1967/68, hoje cor inf ref, vivendo em Lisboa);
- Victor Luz (fur mil, 1967/68);
- Eduardo Cesário Rodrigues (de alcunha, "Salazar") (ex-alf mil, 1967/68);
- Aníbal Magalhães Marques (1972/74);
- Amadeu M. Rodrigues Pinho (ex-alf mil, 1967/68);
- António Rodrigues (O Capitão do Estandarte: o último Alferes / Capitão, fiel depositário do estandarte e da Cruz de Guerra da CCÇ 6);
- Carlos Nuno Carronda Rodrigues (ex-alf mil, hoje cor 'comandpo' ref; membro da Magnífica Tabanca da Linha)
- e outros... Ver lista dos inscritos e dos participantes no encontro de Peniche em 2013 (Poste P12109).
Guiné 61/74 - P23562: Blogpoesia (783): "Mãos de hoje que foram de sempre", poema ilustrado por e da autoria de Adão Cruz, ex-Alf Mil Médico da CCAÇ 1547/BCAÇ 1887 (Canquelifá e Bigene, 1966/68)
Mãos de hoje
que foram de sempre
Na noite que já não é noite de madrugadas, perpassa em doce
silêncio por entre os dedos dormentes uma brisa dolente,
esquecendo as mãos na paz adormecida.
Por entre os frágeis dedos da quietude e do silêncio vagueia
agora em suave melancolia o magro regato da secura da vida,
arrastando em seu leito rugoso a triste canção de um tempo
sem cor nem movimento.
O lento gesto do abrir destas mãos de tantos anos vividas cai
agora em pesado silêncio por entre as malhas da sombra, no
impiedoso vazio das mãos cheias de nada.
Foi-se embora a madrugada das manhãs perdidas no tempo
em que o sol sorria entre os sonhos e as mãos cantavam a
força da vida com ondas do mar por entre os dedos frementes.
No penoso abrir e fechar de mãos deste plangente gesto
do fim do dia, feito canção de tão gélido silêncio, apenas a
saudade se aninha em negro fundo para morrer sozinha.
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Nota do editor
Último poste da série de 21 DE AGOSTO DE 2022 > Guiné 61/74 - P23542: Blogpoesia (782): "O ar fresco da tristeza" e "A grávida mais linda que já vi", poemas ilustrados por e da autoria de Adão Cruz, ex-Alf Mil Médico da CCAÇ 1547/BCAÇ 1887 (Canquelifá e Bigene, 1966/68)
sábado, 27 de agosto de 2022
Guiné 61/74 - P23561: Os nossos seres, saberes e lazeres (520): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (65): Voltar à minha querida Bruxelas, depois da pandemia - 3 (Mário Beja Santos)
Queridos amigos,
É dia para matar saudades poderosamente afetivas, uma amizade feita em 1984, na cidade de Veneza, imagine-se o luxo ter numa conferência direito a tradução diretamente para português, mal sabia a intérprete que iria nascer uma bela amizade,com diferentes visitas a Lisboa e a Namur, e mais importante do que tudo será ela que puxará pelas cordas à imaginação para se cinzelar a figura de Annette Cantinaux, a protagonista do meu romance mais recente, Rua do Eclipse. Rio que se fartou quando lhe contei ao detalhe os amores escaldantes de Annette e Paulo Guilherme, com a guerra da Guiné de premeio. E houve o ritual de passear à volta, ela irá mostrar-me a revelação sensacional de Notre-Dame du Vivier. E recordámos os passeios em Bruxelas, antes dela se trasladar para Namur, ficou de olho arregalado quando lhe disse que iria visitar uma preciosidade do modernismo, agora restaurada e disponível ao público, em Bruxelas, Villa Empain. Ficou decidido, iremos juntos.
Um abraço do
Mário
Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (65):
Voltar à minha querida Bruxelas, depois da pandemia – 3
Mário Beja Santos
Dia reservado a visitar na região de Namur uma terna amiga, que nos irá acolher com grande hospitalidade. Já organizou programa. Apanha-nos na estação ferroviária e vamos a uma loja dos Paysans Artisans, há para ali um recheio de coisas boas destes agricultores e artesãos que evitam intermediários, pão, queijaria, conservas de fruta, legumes, trazem certificado desta organização de valões que insistem num modelo agrícola de alimentação mais sustentável. Segue-se outra surpresa, um grande passeio por um espaço em remodelação, chama-se Abadia de Notre-Dame du Vivier, um espaço religioso que estava abandonado e que um empresário imaginativo introduz obras de requalificação, apoiado por arqueólogos, para transformar o espaço abacial numa zona de turismo, de criação de gado, com restauração e pontos de lazer dos ajardinamentos recuperados. Tivemos sorte, este empresário imaginativo apareceu de chofre, deve ter engraçado com as perguntas postas, serviu de cicerone, mostrou e documentou o que se estava a fazer, deu-nos plena liberdade para percorrer um espaço que há poucos anos atrás era uma alfurja e hoje está cheio de vida, como se mostra, é um prazer ver ressuscitar património abandonado, torná-lo área de lazer e de convivência.
Foi um belo dia passado na região de Namur, fazem-se juras e promessas que aqui se retorna talvez em setembro, talvez em outubro. Amanhã, será um dia em cheio a vasculhar Bruxelas, as livrarias de coisas em segunda mão, igrejas (quero rever Nossa Senhora do Bom Socorro), a seguir ao almoço impõe-se participar na Parada Zinneke, é um acontecimento bianual, foi interrompido pela pandemia, é uma exaltação a esta metrópole cosmopolita, pequena mas mundial, é um festim de desfiles públicos de associações e organizações, instituições e centros culturais, é promessa de um entusiasmo contagiante, cenografias de nos deixar de boca aberta. Como aconteceu e pretendo seguidamente mostrar.
(continua)
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Nota do editor
Último poste da série de 20 DE AGOSTO DE 2022 > Guiné 61/74 - P23541: Os nossos seres, saberes e lazeres (519): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (64): Voltar à minha querida Bruxelas, depois da pandemia - 2 (Mário Beja Santos)
Guiné 61/74 - P23560: Parabéns a você (2095): Jaime Machado, ex-Alf Mil Cav, CMDT do Pel Rec Daimler 2046 (Bambadinca, 1968/70)
Nota do editor
Último poste da série de 24 de Agosto de 2022 > Guiné 61/74 - P23550: Parabéns a você (2094): António Fernando Marques, ex-Fur Mil Inf da CCAÇ2590/CCAÇ 12 (Bambadinca, 1968/70)
sexta-feira, 26 de agosto de 2022
Guiné 61/74 - P23559: Notas de leitura (1480): "Panteras à solta", de Manuel Andrezo (pseudónimo literário do ten gen ref Aurélio Manuel Trindade): o diário de bordo do último comandante da 4ª CCAÇ e primeiro comandante da CCAÇ 6 (Bedanda, 1965/67): aventuras e desventuras do cap Cristo (Luís Graça) - Parte II: "Homem gosta de ter mulher na cama, quando vem da guerra", lembra a "Tia", a mulher grande...
Guiné > Região de Tombali > Bedanda > CCAÇ 6 ("Onças Negras") > Agosto de 1972 > O obus 14
Foto (e legenda): © Vasco Santos (2011). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem comlementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
Guiné > Região de Tombali > Bedanda > 1969 > Álbum fotográfico do João Martins > Foto nº 125/199 > Casa do chefe de posto... Em 1965, o chefe de posto era o Fernandes, cabo-verdiano. A localidade tem possuía um posto de rádio, permitindo fazer ligações telefónicas com Bissau e Lisboa.
Foto (e legenda): © João José Alves Martins (2012) Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
Imagem à direita: capa do livro "Panteras à solta: No sul da Guiné uma companhia de tropas nativas defende a soberania de Portugal", de Manuel Andrezo, edição de autor, s/l, s/d [c. 2020] , 445 pp. , il. [ Manuel Andrezo é o pseudónimo literário do ten gen ref Aurélio Manuel Trindade, ex-cap inf, 4ª CCAÇ / CCAÇ 6, Bedanda, 1965/67. ]
Em 8abr61, iniciou o deslocamento para Buba, onde foi colocada temporariamente, a partir de 6mai61. Em 3jul61, foi transferida para Bedanda, mantendo um pelotão em Buba, até à chegada da CCaç 152, em 28jul61.
Entretanto, iniciou a instalação de forças em várias localidades da zona Sul, nomeadamente em Bolama, Bedanda, Cacine, Aldeia Formosa, Gadamael e Tite, as quais foram recolhendo à sede após substituição por outras forças, ou sendo deslocadas, para outras localidades, como Catió, Chugué e Caboxanque.
- Cap Inf Manuel Dias Freixo
- Cap Inf António Ferreira Rodrigues Areia
- Cap Inf António Lopes Figueiredo
- Cap Inf Renato Jorge Cardoso Matias Freire (George Freire, a viver nos EUA, membro da Tabanca Grande)|
- Cap Inf Nelson João dos Santos
- Cap Mil Inf João Henriques de Almeida
- Cap Inf Alcides José Sacramento Marques
- Cap Inf João José Louro Rodrigues de Passos
- Cap Inf António Feliciano Mota da Câmara Soares Tavares
- Cap Inf Aurélio Manuel Trindade
2. Estamos agora a ler as memórias (em parte ficcionadas) do capitão Cristo, "alter ego" do cap inf Aurélio Manuel Trindade (hoje ten gen ref), de acordo com o livro cuja capa publicamos acima, da autoria de Manuel Andrezo (pseudónimo literário), "Panteras à solta", edição de autor, s/l, s/d [c. 2020] , 445 pp. (**).
Guiné 61/74 - P23558: Agenda cultural (821): Filme a não perder: "Montado, o Bosque do Lince Ibérico", realizado pelo naturalista Joaquín Gutiérrez Acha, uma produção luso-espanhola (2020, 94 minutos). Em exibição nos cinemas.
Em exibição em Lisboa, com sessões programadas (em setembro e outubro) também para Seia, Castelo Branco e Coimbra. Sessões do filme podem ser feitas a pedido (nomeadamente municípios), para a distribuidora, através de formulário disponível aqui.
Sobre o realizador e a ficha técnica. ver aqui.
Documentário 94 min | 2020 | M/6
Elenco: Joana Seixas
O montado é um ecossistema peculiar que contém em si uma enorme biodiversidade e riqueza natural, desempenha funções importantes na conservação do solo, na qualidade da água e na produção de oxigénio, é um pilar importante da economia local e dá origem a uma paisagem particularmente bela.
Fonte: Público > CineCartaz (com a devida vémia...)
Dehesa, el bosque del lince ibérico
En la Península Ibérica existe un bosque muy particular, la Dehesa; un bosque único en el mundo donde descubrimos sensaciones muy diversas. Aquí, las selvas espesas del pasado se adaptaron a la actividad del hombre creando un ecosistema de especies autóctonas en perfecto equilibrio, hasta ahora.
Nota do editor:
Último poste da série > 25 de agosto de 2022 > Guiné 61/74 - P23554: Agenda cultural (820): "O Gémeo de Ompanda - e as suas duas almas", por Carlos Vaz Ferraz. No dia 27 de agosto, às 17:00, o autor vai estar em sessão de autógrafos no Espaço Porto Editora | Bertrand Editora da 92.ª Feira do Livro de Lisboa e, no dia 20 de setembro, pelas 18:30, na sala de Âmbito Cultural (piso 6) do El Corte Inglés de Lisboa, sessão de lançamento da obra com apresentação de Augusto Carmona da Motta e Fernando Alves
Guiné 61/74 - P23557: Notas de leitura (1479): "A Guerra de Bissau, 7 de Junho de 98", por Samba Bari, um guineense diplomado em Relações Internacionais pela Universidade Lusíada; Sinapis Editores, 2018 (2) (Mário Beja Santos)
1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 23 de Janeiro de 2020:
Queridos amigos,
Aqui se põe termo a esta reportagem sobre os desafortunados onze meses de conflito político-militar que abanou a Guiné pelos alicerces. Há qualquer coisa de drama shakespeariano neste presidente Nino que vai sendo gradualmente deixado só, obrigado a recrutar uma tropa de choque de gente desempregada, os "Aguentas", e que na hora da capitulação, em maio de 1999, é trazido pelo embaixador português que o foi encontrar transido de medo numa instituição da Igreja Católica. Samba Bari, há que reconhecer, escreve meticulosamente todo este rol de eventos, de entendimentos e acordos ruidosamente celebrados e rasgados no dia seguinte, isto enquanto a Junta Militar se vai apoderando do país e recebendo cada vez mais apoio popular. Há pontos da historiografia guineense em aberto e nenhuma investigação até hoje explicou como este tirano odiado em 1999, exilado em Portugal, regressa em 2005 e é espetacularmente recebido, desarvorando uma nova fase belicista, com um corolário de assassinatos, de que ele próprio será vítima. E dentro do nevoeiro continuam as estruturas do PAIGC, estes quadros indecifráveis que se odeiam uns aos outros e querem alcandorar-se a postos que lhes sirvam a ganância, e o mistério ainda fica mais completo porque o povo lhes dá o voto.
Um abraço do
Mário
Um guineense usa a reportagem para contar o conflito político-militar de 1998-99 (2)
Beja Santos
O conflito despoletado em 7 de junho de 1998, na sequência da demissão imposta por Nino a Ansumane Mané, ainda por cima com a grave acusação de que o lendário Bric-Brac contrabandeava armas para os sublevados do Casamansa iria estender-se por penosos onze meses, com ondas de terror, populações em fuga, movimentações diplomáticas em catadupa, acordos celebrados e rapidamente violados. Samba Bari, um guineense que vivia no estrangeiro na época deste conflito político-militar que deixou sequelas até ao presente, elaborou em jeito de reportagem A Guerra de Bissau, Sinapis Editores, 2018. Não esconde que a leitura de todos estes acontecimentos relacionados com devastação e gradual empobrecimento da Guiné-Bissau pode contribuir para que mentes abertas saibam extrair ensinamentos positivos para uma retoma que obedeça a reconciliação, perdão e sentido de um desenvolvimento a pensar nos mais carenciados.
Das razões antigas e próximas do conflito, Samba Bari dá-nos uma síntese. Há uma omissão no seu olhar que não é incomum aos guineenses, até hoje, que eu saiba, não se analisou a fundo a natureza social do PAIGC e dos seus quadros após o golpe de Estado de novembro de 1980. Uma liderança despótica, onde pululam favoritos e o receio de políticos concorrentes, recheada de casos de corrupção, com a destruição a frio de todos os projetos e muitas das infraestruturas provindas da era de Luís Cabral, obrigatoriamente que leva à constituição de fações e projetos com largas diferenças. Nesta nova classe política não há estudos efetuados, os quadros do PAIGC e a sua visão do Estado permanecem no nevoeiro.
O autor passa em revista as primeiras hostilidades, as tentativas de mediação, os tiros de artilharia que vão arrasando embaixadas e hospitais, as iniciativas para criar corredores humanitários, fica bem claro que Nino Vieira ainda manda na península de Bissau, está cercado pela Junta Militar, angariou ódios com o pedido da intervenção estrangeira, até os velhos combatentes da luta armada voltaram a pegar em armas. As fidelidades a Nino vão-se quebrando e pelo passar dos meses a Junta Militar vai-se assenhoreando do resto do país.
Elencam-se as negociações diplomáticas e os compromissos que ninguém irá respeitar. Ansumane Mané torna-se mediático, recebe jornalistas estrangeiros a escassos quilómetros do Palácio Presidencial, circula livremente entre Bissalanca e o Cumeré. Os senegaleses tornam-se odiados, pelos crimes praticados, pela violência das suas destruições, numa atitude bárbara devastaram cerca de dois terços do património histórico da Guiné-Bissau, guardado e conservado no INEP. Em agosto, falhado o memorando de entendimento assinado pelo governo guineense com a Junta Militar, sob os auspícios, entre outros, da CPLP, a CEDEAO (Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental) consegue obter temporariamente tréguas, toda a sociedade civil guineense se movimenta a reclamar paz. A hostilidade ao Senegal passa para a França. Vem a lume a notícia de que o Ministério dos Negócios Estrangeiros francês possuía um relatório exclusivo sobre o regime de Bissau, com informações incendiárias: a situação caótica da administração pública; a fraude nas eleições presidenciais e legislativas de 1994; o estado de penúria em que se encontravam as Forças Armadas; o desvio de muitos milhões de dólares durante o processo da troca do peso para o franco CFA; os assassinatos políticos (com os nomes das vítimas e dos seus carrascos); a corrupção generalizada dos membros do governo em ligação com o mundo dos negócios; o tráfico da droga, a venda de passaportes a grupos do crime organizado internacional… Há desmentidos, mas para a opinião pública não há fumo sem fogo.
Sucedem-se os precários cessar-fogos, viaja-se para Banjul, Abidjan, Sal, Abuja, assinam-se papéis que são rasgados no dia seguinte. Nino não quer perder poder mas toma consciência que o seu mando é precário e circunscrito, aceita em Abuja que se forme um governo de unidade nacional, contrafeito aceita o nome de Francisco Fadul para primeiro-ministro. Novas peripécias, de novo a violação do acordo. E no último dia de janeiro de 1999 os canhões voltam a despejar metralha sobre Bissau, o Hospital Simão Mendes foi severamente atingido, falta material médico, marcam-se tréguas para que mais habitantes abandonem a cidade. As duas únicas emissoras ativas na Guiné, a Rádio Nacional e a Rádio Bombolom clamam pela guerra, é preciso aniquilar a parte contrária. A comissária europeia Emma Bonnino viaja até à Guiné e na sua presença Nino e Ansumane Mané prometem voltar à paz. O governo de unidade nacional toma posse, insiste-se na saída dos senegaleses, apela-se a que a CEDEAO nomeie outra força de interposição.
Fadul vem à Europa, pede apoios, à volta da Guiné as tensões não param: é o Senegal e o Casamansa, são os receios de Dacar de ver denunciado o acordo de partilha da zona comum de exploração petrolífera, em que Nino se rendera claramente aos interesses do Senegal; são os interesses da França em intervir em Bissau, quer proteger a Elf na Guiné; a própria Guiné Conacri saíra totalmente humilhada no assalto a Fulacunda quando a população pôs o contingente do país vizinho em fuga. Nino, cada vez mais isolado, recruta gente desempregada como tropa de choque, são os “Aguentas”. A 6 de maio, a Junta Militar exige a redução desta guarda pessoal de Nino, ele rejeita categoricamente, reforça-a e reequipa-a. Foi a última gota de água, as tropas da Junta Militar investem sobre Bissau, em menos de 24 horas assumem o controlo da cidade e todo o território guineense. Escreve o autor que num derradeiro ato de desespero das tropas fiéis a Nino Vieira, um bombardeamento criminoso e indiscriminado fez trinta vítimas, as quais se haviam refugiado num centro de formação profissional mantido pela Igreja Católica no Alto Bandim.
Infelizmente, o resto é história bem conhecida, pilhagens, incêndios, mais humilhações para os franceses, Nino refugia-se na embaixada de Portugal, a Junta Militar triunfa. Segue-se o seu reconhecimento, há o gesto de pacificação, os “Aguentas” não serão perseguidos; Malam Bacai Sanhá, Presidente da Assembleia Nacional Popular, é empossado como Presidente da República interino, Francisco Fadul recusa perseguições a Nino, este recebe asilo político em Portugal. Mas os sobressaltos irão continuar e os episódios mais recentes não são verdadeiramente abonatórios. Kumba Yalá ganhará as eleições presidenciais, novo desastre; Ansumane Mané confronta-se com novo poder, acabará executado a sangue-frio. Indo por aí fora, em 2005, Nino regressa à Guiné e será reeleito, seguem-se assassinatos em cadeia até chegar a hora do seu, em 2009. Verdadeiramente, a normalização democrática só chegará em 2014 com a eleição de Jomav, se bem que o seu mandato tenha tido um final um tanto turbulento, é um tempo de paz, em que se irá revelar a heterogeneidade de tendências dentro do PAIGC, o tal mistério sobre o qual não há nenhuma investigação que permita dizer quais as tendências dominantes dentro desse partido político que continua errático e sempre com conflitos internos ininteligíveis para os estudiosos e para o povo guineense.
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Notas do editor:
Vd. poste de 22 DE AGOSTO DE 2022 > Guiné 61/74 - P23544: Notas de leitura (1477): "A Guerra de Bissau, 7 de Junho de 98", por Samba Bari, um guineense diplomado em Relações Internacionais pela Universidade Lusíada; Sinapis Editores, 2018 (1) (Mário Beja Santos)
Último poste da série de 25 DE AGOSTO DE 2022 > Guiné 61/74 - P23553: Notas de leitura (1478): "Panteras à solta", de Manuel Andrezo (pseudónimo literário do ten gen ref Aurélio Manuel Trindade): o diário de bordo do último comandante da 4ª CCAÇ e primeiro comandante da CCAÇ 6 (Bedanda, 1965/67): as aventuras e desventuras do cap Cristo (Luís Graça) - Parte I: "Os alferes não gostaram do novo capitão. Acharam-no com cara de poucos amigos."
Guiné 61/74 - P23556: Depois de Canchungo, Mansoa e Cufar, 1972/74: No Espelho do Mundo (António Graça de Abreu) - Parte XXXVIII: Ilhas Cook, Rarotonga, Oceano Pacífico , Fevereiro de 2020
"Mergulhar nas águas do Oceano Pacífico, Paz, silêncio, harmonia absoluta. Em Rarotonga, água, luz para depurar a alma.!
Leio, aprendo. Por volta do ano de 1300 registaram-se grandes emigrações do povo maori que habitava exactamente Rarotonga em direcção às duas ilhas depois denominadas Nova Zelândia.
Desembarco na cidadezinha de Avarua, capital das ilhas Cook, com apenas 4 mil habitantes. Tenho dois dias para me espraiar em completo assombro por mais esta ilha que brotou das profundezas do Pacífico.
Circundar Rarotonga, os 32 quilómetros de perímetro, num autocarro velho e alquebrado. Saímos primeiro na praia de Tuoro, com palmeiras e coqueiros quase a beijar as águas, e com imensa pedra. A inevitável barreira de recifes sustinha, à distância, muita da força do mar, formando lagunas primorosas para se nadar. Tempo de chuva, na praia há apenas uns tantos turistas transviados. Estava dentro de água quando o céu se cobriu de negro e caiu um enorme aguaceiro, as nuvens descarregaram a sua carga e seguiram para sul. Água sobre água, logo depois vieram outra vez nesgas de céu azul.
Mais praias, não longe, do outro lado da ilha. Muri Beach, uma fatia de Bolo do Paraíso caída do céu. No segundo dia, a jornada inteira passada neste perfeito pedaço de areia e mar, com uma ilhota ao fundo coberta de vegetação verde esmeralda contrastando, ao de leve, com o azul do mar. Cheguei de manhã muito cedo, com a maré vazia, a água branca, límpida, filtrada pelos deuses. Não havia ninguém na praia, tudo vazio e a sensação de que a vastidão mágica de Muri Beach me pertencia.
Mergulhar nas águas do Oceano Pacífico, Paz, silêncio, harmonia absoluta. Em Rarotonga, água, luz para depurar a alma.
Último poste da série > 30 de julho de 2022 > Guiné 61/74 - P23472: Depois de Canchungo, Mansoa e Cufar, 1972/74: No Espelho do Mundo (António Graça de Abreu) - Parte XXXVII: China: Visita à Falésia Vermelha, no outono de 1081, a 16 do sétimo mês, por Su Dongbo (1037-1101) (tradução de António Graça de Abreu)