Hoje dia 30 de Junho de 2009, está de parabéns, por completar 59 anos, o nosso camarada Manuel Maia, (ex-Fur Mil da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4610, Bissum Naga, Cafal Balanta e Cafine, 1972/74).
Homem que domina, como poucos, as palavras escritas e as alinha de forma magistral em sextilhas, dando assim forma e conteúdo às suas ideias, quer contando a História de Portugal, quer provocando o nosso famoso camarada AB.
Nunca virando a cara a um boa polémica, está sempre disponível a colaborar e a manter o Blogue vivo e actual. Prova disto é a sua tão grande colaboração, em relativamente pouco espaço de tempo que tem na nossa Tertúlia, quer em verso quer em prosa, onde a sua escrita tem a mesma superior qualidade.
Ao Manuel Maia, das tão prósperas terras da Maia, deixamos os nossos mais fervorosos votos de longa vida, junto dos seus familiares e amigos.
Aconselho vivamente a lerem e relerem os trabalhos que já fazem parte do acervo do nosso Blogue, de autoria do nosso Manuel, abaixo descriminados. Espero que não ter falhado na pesquisa e deixado para trás algum dos seus postes (*).
Como é da praxe, deixo algumas fotos da sua passagem por Cafal Balanta, Bissum Naga e Cafine, propositadamente sem legendas, muitas delas sugestivas do espírito algo rebelde deste nosso camarada, no melhor sentido da palavra, instantâneos de uma vida interrompida por uma guerra que o Manuel abominava.
__________
Notas de CV:
(*) Vd. postes de Manuel Maia de:
13 de Fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3886: Tabanca Grande (118): Manuel Maia, ex-Fur Mil, o poeta épico da 2ª Companhia do BCAÇ 4610/72 , o Camões do Cantanhez
14 de Fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3890: Tabanca Grande (119): Apresentação de Manuel Maia ex-Fur Mil da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4610 (Guiné, 1972/74)
15 de Fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3896: Do purgatório de Bissum / Nagal ao infermo de Cafal Balanta / Cafine (Manuel Maia, 2ª CCAÇ / BCAÇ 4610, 1972/74)
20 de Fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3915: Cancioneiro do Cantanhez (1): De Cafal Balanta a Cafine, Cobumba, Chugué, Dugal, Fatim... (Manuel Maia)
23 de Fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3928: PAIGC: O Nosso Livro da 1ª Classe (Manuel Maia, 2ª CCAÇ / BCAÇ 4610, Cafal Balanta / Cafine, 1972/74)
9 de Março de 2009 > Guiné 63/74 - P4004: Memória dos lugares (18): Cafine, no Cantanhez, ocupada pela 2ª CCAÇ / BCAÇ 4610 (Manuel Maia)
15 de Março de 2009 > Guiné 63/74 - P4037: Blogpoesia (31): Quando eu era menino e moço... (Manuel Maia)
27 de Março de 2009 > Guiné 63/74 - P4087: Blogpoesia (33) : O bardo de Cafal Balanta (Manuel Maia)
29 de Março de 2009 > Guiné 63/74 - P4101: O trauma da notícia da mobilização (6): Trata de arranjar o caixão, disse-me o pobre do Zé... (Manuel Maia)
6 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4147: Blogpoesia (38): A Criatura e Rambo Guinéu (Manuel Maia)
7 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4154: Estória avulsas (26): Estou na Guiné há treze meses e a minha mulher está grávida (Manuel Maia)
18 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4208: Bandos... A frase, no mínimo infeliz, de um general (15): Curvo-me perante V.Ex.ª, uma vez mais... (Manuel Maia)
29 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4263: Bandos... A frase, no mínimo infeliz, de um general (16): Não devemos desistir e remeter-nos ao silência (Manuel Maia)
30 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4268: Bandos... A frase, no mínimo infeliz, de um general (17): Até que a voz me doa (Manuel Maia)
2 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4274: Blogpoesia (43): A história de Portugal em sextilhas (Manuel Maia)
3 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4278: Blogpoesia (44): A história de Portugal em sextilhas (II Parte) (Manuel Maia)
6 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4290: Blogpoesia (45): História de Portugal em Sextilhas (Manuel Maia) (III Parte): II Dinastia, até ao reinado de D. João II
14 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4342: Bandos... A frase, no mínimo infeliz, de um general (18): Devemos manter o dedo no gatilho (Manuel Maia)
15 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4351: Blogpoesia (47): História de Portugal em sextilhas (Manuel Maia) (IV Parte): II Dinastia (De D.Manuel, O Venturoso, até ao fim)
16 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4362: Bandos... A frase, no mínimo infeliz, de um general (19): Não nos remetamos ao silêncio... (Manuel Maia)
18 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4373: Bandos... A frase, no mínimo infeliz, de um general (20): Continuando a quebrar o silêncio (Manuel Maia)
21 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4397: Bandos... A frase, no mínimo infeliz, de um general (21): Comentando, comentários (Manuel Maia)
24 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4408: Bandos... A frase, no mínimo infeliz, de um general (22): O desvendar do segredo (Manuel Maia)
25 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4414: Humor de caserna (12): Quem matou Inesa? (Manuel Maia)
30 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4440: Controvérsias (14): Direito de defesa (Manuel Maia)
31 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4443: Bandos... A frase, no mínimo infeliz, de um general (23): Menino, para a guerra trazido (Manuel Maia)
3 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4456: Blogpoesia (48): História de Portugal em sextilhas (Manuel Maia) (V Parte): III Dinastia (Filipina)
8 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4481: Os bu...rakos em que vivemos (12): Cafal Balanta contribui para o desenvolvimento nacional (Manuel Maia)
14 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4519: Estórias avulsas (34): Desertei depois de ter vindo da Guiné (Manuel Maia)
17 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4543: Fauna & Flora (25): Cobras & Bichas (Manuel Maia)
22 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4561: Blogpoesia (49): História de Portugal em sextilhas (Manuel Maia) (VI Parte): IV Dinastia (Brigantina) (até 1755)
Vd. último poste da série de 29 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4605: Parabéns a você (10): Santos Oliveira, nasceu a 29 de Junho (Carlos Vinhal)
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
terça-feira, 30 de junho de 2009
segunda-feira, 29 de junho de 2009
Guiné 63/74 - P4606: Controvérsias (29): Sobre o helicóptero do PAIGC visto na zona do Cacheu (Abreu dos Santos)
1 - Apesar de não ser Tertuliano, o nosso Camarada-de-armas Abreu dos Santos, (cumpriu a sua comissão em Angola), além de um grande estudioso da global catarse da nossa guerra em Àfrica, é um atento acompanhante da vida do nosso blogue, nomeada e directamente, aos relatos, estórias, factos e acontecimentos relacionados com a frente da Guiné.
2 - Assim, o Abreu dos Santos ao tomar conhecimento do poste P4485, com data de 09JUN2009, da autoria do Armandino Alves, que foi 1º Cabo Enf da CCAÇ 1589, onde se referiu a helis (?) avistados em Béli, tentou descobrir algo mais que pudesse complementar e reforçar a realidade da “visão” deste nosso Camarada, tendo-me enviado em 29JUN2009, o seguinte e-mail:
Estimados veteranos que andaram por matos e bolanhas da Guiné,
Retomando a m/msg do pretérito dia 9, e para ajuda de memória, anexo ilustrações das aeronaves referidas em comentário, no v/p4590, pelo veterano José Nunes (ex-1º Cabo Mec Elec BEng 447 1968-70).
Nesta oportunidade, reproduzo foto do antigo e-mail sobre o assunto do "helicóptero" (vd P2144 de 30SET2007).
Foto do heli: © Diamantino Pereira Monteiro (1967). Direitos reservados
Foto do bimotor: Autor desconhecido
Sobre este assunto e procurando mais informação o Abreu dos Santos, dirigiu em 03OUT2007 09, ao Arquivo Histórico, um e-mail solicitando eventuais comentários e, ou, documentos sobre esta matéria, tendo recebido a resposta a seguir reproduzida:
Assunto: Heli-apoio ao PAIGC - Ago67
Exmo. Sr. Abreu Santos,
Após consulta à documentação existente no Arquivo Histórico, nada consta sobre a captura do Helicóptero na Guiné no ano de 1967.
Mais informo que sobre a BA12 em Bissalanca temos muito pouca documentação.
Com os nossos melhores cumprimentos,
Arquivo Histórico da Força Aérea
"De quem ficam memórias soberanas"
Cumprimentos,
Abreu dos Santos
_________
Notas de M.R.:
(*) Permitam-me acrescentar que, pessoalmente, acho lamentável e incrível que no “Arquivo Histórico da Força Aérea”: “… sobre a BA12 em Bissalanca temos muito pouca documentação.” Também acredito, sinceramente, que o seu actual Director e restante pessoal é completamente alheio a este fenómeno.
(**) Vd. outros postes desta série em:
26 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4590: Controvérsias (21): O helicóptero do PAIGC, visto na zona do Cacheu pela 1ª vez na madrugada de 13/10/64 (António Bastos)
16 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4536: Memória dos lugares (31): Béli, CCAÇ. 1589 (1966/68) (Armandino Alves)
Guiné 63/74 - P4605: Parabéns a você (10): Santos Oliveira, nasceu a 29 de Junho (Carlos Vinhal)
Dia 29 de Junho de 2009, faz anos o nosso camarada Santos Oliveira
Porquê só agora o poste que deveria ter saído pouco depois da meia-noite de hoje?
Trabalho, muito trabalho e registos aos montes por actualizar.
Ao nosso camarada quero publicamente pedir desculpa, porque ele não é menos que aqueles que até aqui têm merecido relevo no dia do seu aniversário.
Prometo no próximo ano um poste com toda a pompa e circunstância.
Se a esta hora começasse a pesquisar todo o trabalho desenvolvido pelo Oliveira, desde a sua entrada no Blogue até hoje, jamais conseguiria fazer sair um poste antes de findar este dia. Na verdade o nosso camarada Santos Oliveira é um dos principais colaboradores, quer contando as suas histórias, quer colaborando com os editores nas mais diversas pesquisas de camaradas procurados por outros camaradas que se nos dirigem, e a quem abusivamente peço ajuda.
Devo dizer com toda a honestidade que fui alertado pelo Juvenal Amado em mensagem enviada durante a tarde. Só que para piorar a situação, a segunda-feira de tarde é a minha folga e só agora fui à caixa do correio.
Para não perder mais tempo, vou publicar este poste que salva um pouco a minha face que não ficou nada bem nesta fotografia.
PARABÉNS CAMARADA. MUITOS ANOS DE VIDA, COM MUITA SAÚDE JUNTO DOS TEUS FAMILIARES E AMIGOS, NÃO ESQUECENDO OS TEUS BICHINHOS A QUEM DEDICAS TANTO TEMPO DA TUA VIDA.
Disseste no dia 6 à Dina que tratas os animais como pessoas. Isto diz tudo de ti.
Merecias que eu tratasse melhor.
Santos Oliveira foi 2.º Sarg Mil Armas Pesadas Inf, Pel Mort 912, Como, Cufar e Tite, 1964/66, e nasceu no dia 29 de Junho de um ano qualquer da década de quarenta.
__________
Nota de CV:
Vd. último poste da série de 17 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4538: Parabéns a você (9): Juvenal Amado nasceu a 17 de Junho de 1950
Porquê só agora o poste que deveria ter saído pouco depois da meia-noite de hoje?
Trabalho, muito trabalho e registos aos montes por actualizar.
Ao nosso camarada quero publicamente pedir desculpa, porque ele não é menos que aqueles que até aqui têm merecido relevo no dia do seu aniversário.
Prometo no próximo ano um poste com toda a pompa e circunstância.
Se a esta hora começasse a pesquisar todo o trabalho desenvolvido pelo Oliveira, desde a sua entrada no Blogue até hoje, jamais conseguiria fazer sair um poste antes de findar este dia. Na verdade o nosso camarada Santos Oliveira é um dos principais colaboradores, quer contando as suas histórias, quer colaborando com os editores nas mais diversas pesquisas de camaradas procurados por outros camaradas que se nos dirigem, e a quem abusivamente peço ajuda.
Devo dizer com toda a honestidade que fui alertado pelo Juvenal Amado em mensagem enviada durante a tarde. Só que para piorar a situação, a segunda-feira de tarde é a minha folga e só agora fui à caixa do correio.
Para não perder mais tempo, vou publicar este poste que salva um pouco a minha face que não ficou nada bem nesta fotografia.
PARABÉNS CAMARADA. MUITOS ANOS DE VIDA, COM MUITA SAÚDE JUNTO DOS TEUS FAMILIARES E AMIGOS, NÃO ESQUECENDO OS TEUS BICHINHOS A QUEM DEDICAS TANTO TEMPO DA TUA VIDA.
Disseste no dia 6 à Dina que tratas os animais como pessoas. Isto diz tudo de ti.
Merecias que eu tratasse melhor.
Santos Oliveira foi 2.º Sarg Mil Armas Pesadas Inf, Pel Mort 912, Como, Cufar e Tite, 1964/66, e nasceu no dia 29 de Junho de um ano qualquer da década de quarenta.
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Nota de CV:
Vd. último poste da série de 17 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4538: Parabéns a você (9): Juvenal Amado nasceu a 17 de Junho de 1950
Guiné 63/74 - P4604: Os Unidos de Mampatá, por Luís Marcelino, ex-Cap Mil (1): O novo imposto... de palhota!
1. Mensagem de Luís Marcelino, novo membro a nossa Tabanca Grande, que foi capitão miliciano da CART 6250/72 (Mampatá, 1972/74) (*):
Com um abraço, junto um primeiro apontamento sobre a CART 6250
OS UNIDOS DE MAMPATÁ (1)
O novo imposto de Palhota
Após ter feito a preparação militar no RAP 2, em Vila Nova de Gaia, a CART 6250, que adoptou como lema UNIDOS, a 27 de Junho de 1972, rumou para a Guiné, a bordo do Boing 707 da FAP.
Fez o IAO em Bolama durante quase um mês, findo o qual se deslocou para MAMPATÁ, povoação do sul da Guiné, próximo de Aldeia Formosa.
Tratava-se de uma companhia independente que ficou responsável pelo sub-sector de Mampatá e adida ao batalhão sediado em Aldeia Formosa, responsável pelo sector com o este nome.
Foi render uma Companhia de Açorianos com quem fez o treino operacional durante duas semanas, para tomar conhecimento da ZA de que iria ficar responsável.
Em Mampatá, além de estar a Companhia, havia também em reforço: um pelotão de africanos, uma secção do pelotão de armas pesadas e uma companhia de milícias, que estavam adidos à Companhia.
Quando chegámos, fomos logo confrontados com uma realidade inimaginável: um quartel que de instalações militares apenas havia uma cozinha, uma enfermaria, instalações sanitárias para praças, um bar e um tosco edifício de comando.
Não havia energia eléctrica e não havia qualquer instalação para alojamento das praças. Perante a admiração geral, foi-nos transmitido que o alojamento eram as casas (palhotas) dos africanos residentes que alugavam os respectivos alojamentos em troca do respectivo pagamento por parte dos residentes.
Um tanto ou quanto escandalizados, lá se distribuiu o efectivo pela sanzala [tabanca], conscientes de que ali o direito ao alojamento gratuito não existia pelo que o pessoal tinha que pagar!
Passado pouco tempo da nossa chegada ali, fomos visitados pelo Governador da Guiné, há data o Sr. General Spínola; é claro que o assunto das rendas lhe foi colocado, deixando-o deveras admirado com aquela realidade, pelo que de imediato deu instruções para que fosse pocessada a verba para pagamento do alojamento e fosse devolvido o dinheiro a todos os militares. E assim se fez justiça. Mas... pensar que antes ali tinha estado uma companhia naquelas condições!... Soldados que tinham de pagar, retirando do seu miserável pré uma importância para o alojamento.
A ZA era de difíceis acessos, havendo, para além de vários trilhos, duas picadas: uma que ligava Aldeia Formosa a Buba e outra que ligava Mampatá a Cumbijã.
A Companhia, para além dos patrulhamentos que fazia no espaço que lhe estava reservado, a partir de finais de 1972, empenhou-se, sobretudo, em acções de segurança à engenharia que a partir de finais de 1972 construiu uma estrada em asfalto de Aldeia Formosa até Buba, passando por Mampatá e depois outra de Mampatá a Nhacobá.
Eram estradas estratégicas, já que a primeira fazia a ligação do porto fluvial [,Buba, ]à sede do Batalhão, onde havia uma pista de aviação e a segunda, fazia a ligação até à proximidade da principal base do PAIGC a sul, o UNAL.
De acordo com os testemunhos dos nossos antecessores, a ZA não era muito complicada sob o ponto de vista militar. Começou-o a ser a partir da construção das referidas estradas, que praticamente coincidiu com a nossa chegada. Era um trabalho árduo, diário, que consistia na picagem de todo o itinerário antes da chegada das máquinas da engenharia e correspondente montagem de esquemas de segurança na frente de trabalhos.
[Continua]
__________
Nota de L.G.:
(*) Vd. poste de 6 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4472: Tabanca Grande (150): Luís Marcelino, ex-Cap Mil, CMDT da CART 6250, Mampatá, 1972/74
Vd. também postes de:
29 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4437: O Nosso Livro de Visitas (65): L.J.F. Marcelino, ex-Cap Mil da CART 6250, Mampatá, 1972/74
2 de Junho de 2009 >Guiné 63/74 - P4451: Poemário do José Manuel (28): Matar ou morrer ? Não...
3 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4458: Bem-vindo, Comandante Marcelino! Obrigado por ter tomado conta de mim na Guiné (José Eduardo Alves)
28 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4600: Convívios (148): Convívio da CART 6250 (Mampatá 1972/74) & Todos os Camaradas que quiserem aparecer, 4 Julho (António Carvalho)
Com um abraço, junto um primeiro apontamento sobre a CART 6250
OS UNIDOS DE MAMPATÁ (1)
O novo imposto de Palhota
Após ter feito a preparação militar no RAP 2, em Vila Nova de Gaia, a CART 6250, que adoptou como lema UNIDOS, a 27 de Junho de 1972, rumou para a Guiné, a bordo do Boing 707 da FAP.
Fez o IAO em Bolama durante quase um mês, findo o qual se deslocou para MAMPATÁ, povoação do sul da Guiné, próximo de Aldeia Formosa.
Tratava-se de uma companhia independente que ficou responsável pelo sub-sector de Mampatá e adida ao batalhão sediado em Aldeia Formosa, responsável pelo sector com o este nome.
Foi render uma Companhia de Açorianos com quem fez o treino operacional durante duas semanas, para tomar conhecimento da ZA de que iria ficar responsável.
Em Mampatá, além de estar a Companhia, havia também em reforço: um pelotão de africanos, uma secção do pelotão de armas pesadas e uma companhia de milícias, que estavam adidos à Companhia.
Quando chegámos, fomos logo confrontados com uma realidade inimaginável: um quartel que de instalações militares apenas havia uma cozinha, uma enfermaria, instalações sanitárias para praças, um bar e um tosco edifício de comando.
Não havia energia eléctrica e não havia qualquer instalação para alojamento das praças. Perante a admiração geral, foi-nos transmitido que o alojamento eram as casas (palhotas) dos africanos residentes que alugavam os respectivos alojamentos em troca do respectivo pagamento por parte dos residentes.
Um tanto ou quanto escandalizados, lá se distribuiu o efectivo pela sanzala [tabanca], conscientes de que ali o direito ao alojamento gratuito não existia pelo que o pessoal tinha que pagar!
Passado pouco tempo da nossa chegada ali, fomos visitados pelo Governador da Guiné, há data o Sr. General Spínola; é claro que o assunto das rendas lhe foi colocado, deixando-o deveras admirado com aquela realidade, pelo que de imediato deu instruções para que fosse pocessada a verba para pagamento do alojamento e fosse devolvido o dinheiro a todos os militares. E assim se fez justiça. Mas... pensar que antes ali tinha estado uma companhia naquelas condições!... Soldados que tinham de pagar, retirando do seu miserável pré uma importância para o alojamento.
A ZA era de difíceis acessos, havendo, para além de vários trilhos, duas picadas: uma que ligava Aldeia Formosa a Buba e outra que ligava Mampatá a Cumbijã.
A Companhia, para além dos patrulhamentos que fazia no espaço que lhe estava reservado, a partir de finais de 1972, empenhou-se, sobretudo, em acções de segurança à engenharia que a partir de finais de 1972 construiu uma estrada em asfalto de Aldeia Formosa até Buba, passando por Mampatá e depois outra de Mampatá a Nhacobá.
Eram estradas estratégicas, já que a primeira fazia a ligação do porto fluvial [,Buba, ]à sede do Batalhão, onde havia uma pista de aviação e a segunda, fazia a ligação até à proximidade da principal base do PAIGC a sul, o UNAL.
De acordo com os testemunhos dos nossos antecessores, a ZA não era muito complicada sob o ponto de vista militar. Começou-o a ser a partir da construção das referidas estradas, que praticamente coincidiu com a nossa chegada. Era um trabalho árduo, diário, que consistia na picagem de todo o itinerário antes da chegada das máquinas da engenharia e correspondente montagem de esquemas de segurança na frente de trabalhos.
[Continua]
__________
Nota de L.G.:
(*) Vd. poste de 6 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4472: Tabanca Grande (150): Luís Marcelino, ex-Cap Mil, CMDT da CART 6250, Mampatá, 1972/74
Vd. também postes de:
29 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4437: O Nosso Livro de Visitas (65): L.J.F. Marcelino, ex-Cap Mil da CART 6250, Mampatá, 1972/74
2 de Junho de 2009 >Guiné 63/74 - P4451: Poemário do José Manuel (28): Matar ou morrer ? Não...
3 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4458: Bem-vindo, Comandante Marcelino! Obrigado por ter tomado conta de mim na Guiné (José Eduardo Alves)
28 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4600: Convívios (148): Convívio da CART 6250 (Mampatá 1972/74) & Todos os Camaradas que quiserem aparecer, 4 Julho (António Carvalho)
Guiné 63/74 - P4603: (Ex)citações (32): Em louvor da nossa Força Aérea e de todos os Zés Especiais (António Graça de Abreu / Luís Graça)
Quinta do Paul, Ortigosa, Monte Real, Leiria > IV Encontro Nacional do nosso blogue > 20 de Junho de 2009 > O José Casimiro Carvalho e o Miguel Pessoa, dois homens, dois camaradas (um do Exército), outro da Força Aérea, cujas vidas e histórias passam obrigatoriamente por Guileje... O José Casimiro fez questão de "tirar uma chapa" com o Miguel, "em nome de uma dívida de gratidão" que remonta, pelo menos, a 25 de Março de 1973, o dia em que o Miguel foi o primeiro piloto da FAP a ser abatido por um Strela, sob os céus de Guileje, em missão de fogo de apoio ao aquartelamento e tabanca de Guileje...
Quinta do Paul, Ortigosa, Monte Real, Leiria > IV Encontro Nacional do nosso blogue > 20 de Junho de 2009 > A FAP foi objecto de especial carinho por parte dos nossos/as bloguistas ... Como as organizações e as instituições e os países não têm rosto, a FAP está aqui representada pela nossa camarada Giselda Antunes Pessoa, lednária enfermeira pára-quedista dos anos de 1972/74, ladeada por duas paisanas, a Alice Carneiro, esposa do Luís Graça, e a Dina, esposa do Carlos Vinhal... Foto tirada na Pensão Santa Rita, Monte Real.
Quinta do Paul, Ortigosa, Monte Real, Leiria > IV Encontro Nacional do nosso blogue > 20 de Junho de 2009 > O Gen Pilav Res António Martins de Matos, em primeiro plano, com o ex-Alf Mil e hoje ilustre advogado de Lisboa, João Seabra (que foi "pirata de Guileje", noutra encarnação).
Quinta do Paul, Ortigosa, Monte Real, Leiria > IV Encontro Nacional do nosso blogue > 20 de Junho de 2009 > A mascote do 32º Encontro dos Especialistas da BA 12, Guiné 1965/74, que se realizou em Vouzela, em 30 de Maio último, sob a batuta do maestro (e hoje empresário) Victor Barata, antigo Melec da FAP...
Quinta do Paul, Ortigosa, Monte Real, Leiria > IV Encontro Nacional do nosso blogue > 20 de Junho de 2009 > O Victor Barata (na foto, ao centro) fez questão de oferecer, ao nosso blogue, na pessoa do seu criador e editor principal Luís Graça, um exemplar do Zé Especial... A entrega, carregada de simbolismo, foi feita pela Giselda (Não reparem no papel de embrulho, que em tempo de guerra não se limpam armas)... Quando o nosso blogue tiver um secção museológica (talvez no Forte do Bom Sucesso, por que não ?) , o Zé Especial irá lá parar... com muito cuidado e ternura.
Obrigado, Victor e a ti, a todos os Zés Especiais da BA 12, Bissalanca, de novecentos e carqueja, que a vossa guerra não começou afinal em 1965... Olha, tens que explicar isso melhor aos infantes e outros terráqueos (expressão mais soft para militares do Exército, que é para ninguém se melindrar com essa da "tropa-macaca", que macaco - sancu - também é arborícola e molho o cu na água da bolanha): por que é que o teu blogue só abarca o período de 1965/74 ?
Quinta do Paul, Ortigosa, Monte Real, Leiria > IV Encontro Nacional do nosso blogue > 20 de Junho de 2009 > Da direita para a esquerda: O António Graça de Abreu (CAOP1, Teixeira Pinto, Mansoa e Cufar, 1972/74), mais dois camaradas da FAP: o António Martins de Matos, ex-Ten Pilav (BA 12, Bissalanca, 1972/74), e o António Dâmaso, ex-páraquedista (BCAP 12, BA 12, Bissalanca, 1972/74).
Fotos (e legendas): © Luís Graça (2009). Direitos reservados
Antonio Graça de Abreu deixou um novo comentário na mensagem "Guiné 63/74 - P4597: FAP (30): Ferro Q.B. (...) (*)
Eu só queria saudar, uma vez mais, o Miguel Pessoa pelo seu contributo tão importante para entendermos a guerra da Guiné, na fase pós-Strela, Abril/Maio 1973 até ao fim. É que continuam a dizer-se e a escrever-se barbaridades sobre a força aérea e o apoio às tropas em terra, nesse período. Desde o "perdemos a supremacia aérea" (então quem é que a ganhou, o PAIGC?) a "a guerra acabou, deixámos de voar, fomos militarmente derrotados pelo PAIGC", etc.
É verdade que tudo passou a ser mais difícil, mas não posso deixar de louvar toda esta boa gente da força aérea pela sua dedicação e coragem. Convivi de perto com eles, tive a honra agora, no convívio da Ortigosa, de me sentar à mesma mesa com eles.
Um abraço à Giselda e ao Miguel do tamanho dos céus da Guiné.
António Graça de Abreu
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Nota de L.G.:
Último poste da série (Ex)citações:
27 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4424: (Ex)citações (30): O meu pai só aprendeu as letras que o trabalho lhe ensinou (José da Câmara)
Quinta do Paul, Ortigosa, Monte Real, Leiria > IV Encontro Nacional do nosso blogue > 20 de Junho de 2009 > A FAP foi objecto de especial carinho por parte dos nossos/as bloguistas ... Como as organizações e as instituições e os países não têm rosto, a FAP está aqui representada pela nossa camarada Giselda Antunes Pessoa, lednária enfermeira pára-quedista dos anos de 1972/74, ladeada por duas paisanas, a Alice Carneiro, esposa do Luís Graça, e a Dina, esposa do Carlos Vinhal... Foto tirada na Pensão Santa Rita, Monte Real.
Quinta do Paul, Ortigosa, Monte Real, Leiria > IV Encontro Nacional do nosso blogue > 20 de Junho de 2009 > O Gen Pilav Res António Martins de Matos, em primeiro plano, com o ex-Alf Mil e hoje ilustre advogado de Lisboa, João Seabra (que foi "pirata de Guileje", noutra encarnação).
Quinta do Paul, Ortigosa, Monte Real, Leiria > IV Encontro Nacional do nosso blogue > 20 de Junho de 2009 > A mascote do 32º Encontro dos Especialistas da BA 12, Guiné 1965/74, que se realizou em Vouzela, em 30 de Maio último, sob a batuta do maestro (e hoje empresário) Victor Barata, antigo Melec da FAP...
Quinta do Paul, Ortigosa, Monte Real, Leiria > IV Encontro Nacional do nosso blogue > 20 de Junho de 2009 > O Victor Barata (na foto, ao centro) fez questão de oferecer, ao nosso blogue, na pessoa do seu criador e editor principal Luís Graça, um exemplar do Zé Especial... A entrega, carregada de simbolismo, foi feita pela Giselda (Não reparem no papel de embrulho, que em tempo de guerra não se limpam armas)... Quando o nosso blogue tiver um secção museológica (talvez no Forte do Bom Sucesso, por que não ?) , o Zé Especial irá lá parar... com muito cuidado e ternura.
Obrigado, Victor e a ti, a todos os Zés Especiais da BA 12, Bissalanca, de novecentos e carqueja, que a vossa guerra não começou afinal em 1965... Olha, tens que explicar isso melhor aos infantes e outros terráqueos (expressão mais soft para militares do Exército, que é para ninguém se melindrar com essa da "tropa-macaca", que macaco - sancu - também é arborícola e molho o cu na água da bolanha): por que é que o teu blogue só abarca o período de 1965/74 ?
Quinta do Paul, Ortigosa, Monte Real, Leiria > IV Encontro Nacional do nosso blogue > 20 de Junho de 2009 > Da direita para a esquerda: O António Graça de Abreu (CAOP1, Teixeira Pinto, Mansoa e Cufar, 1972/74), mais dois camaradas da FAP: o António Martins de Matos, ex-Ten Pilav (BA 12, Bissalanca, 1972/74), e o António Dâmaso, ex-páraquedista (BCAP 12, BA 12, Bissalanca, 1972/74).
Fotos (e legendas): © Luís Graça (2009). Direitos reservados
Antonio Graça de Abreu deixou um novo comentário na mensagem "Guiné 63/74 - P4597: FAP (30): Ferro Q.B. (...) (*)
Eu só queria saudar, uma vez mais, o Miguel Pessoa pelo seu contributo tão importante para entendermos a guerra da Guiné, na fase pós-Strela, Abril/Maio 1973 até ao fim. É que continuam a dizer-se e a escrever-se barbaridades sobre a força aérea e o apoio às tropas em terra, nesse período. Desde o "perdemos a supremacia aérea" (então quem é que a ganhou, o PAIGC?) a "a guerra acabou, deixámos de voar, fomos militarmente derrotados pelo PAIGC", etc.
É verdade que tudo passou a ser mais difícil, mas não posso deixar de louvar toda esta boa gente da força aérea pela sua dedicação e coragem. Convivi de perto com eles, tive a honra agora, no convívio da Ortigosa, de me sentar à mesma mesa com eles.
Um abraço à Giselda e ao Miguel do tamanho dos céus da Guiné.
António Graça de Abreu
___________
Nota de L.G.:
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27 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4424: (Ex)citações (30): O meu pai só aprendeu as letras que o trabalho lhe ensinou (José da Câmara)
Guiné 63/74 - P4602: IV Encontro Nacional do Nosso Blogue (15): Reais personagens em Monte Real no dia 6 de Junho de 2009 (Manuel Maia)
1. Mensagem de Manuel Maia, ex-Fur Mil da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4610, Bissum Naga, Cafal Balanta e Cafine, 1972/74) (*), com data de 24 de Junho de 2009, que não tendo estado pessoalmente em Ortigosa, quis a seu modo participar no acontecimento:
Caros Luís e Carlos,
(Dirijo-me a vós pois sois normalmente um ou outro quem faz o subido favor de me aturar...)
Estive uns dias sem computador e finalmente hoje saí do estádio de hibernação em que me encontrava para dizer de minha justiça...
Foi interessante ler sobre a festa e concluir que porventura terá sido de arromba.
A escolha do local parece-me óbvia pois já só algo REAL estara à altura de receber tão REAIS PERSONAGENS.
Pena minha não ter podido dizer presente, mas a vida é isto mesmo está em constante mudança.
Isto não implicou um alheamento da minha parte já que através dum sistema novo que está ainda em fase de testes e ao qual acedi por influência da irmã do primo do motorista do tecnico adjunto do engenheiro principal, ele também pessoa que afinal conheço de relanço pois um dia foi ao teatro ver a mesma peça que eu espreitava por trás de uma porta de acesso às frizas, e topei-o logo pois andava com uma vizinha minha, por sinal muito engraçada e jeitosa que só visto...
Vai daí e atendendo a este conhecimento, minimo é certo, pude ter imagens da Quinta do Paúl do dia 20 do corrente...
Por favor não me perguntem como pois é uma espécie de segredo de estado, e com isto não se brinca...
Já sabeis que a razão subjacente a este meu interesse pelas novas tecnologias (uma vez mais sou obrigado a informar-vos de que se trata dum segredo de estado e que, como tal, tenho de preservar, sob pena de a tal vizinha deixar de me cumprimentar se acaso souber que dei com a língua nos dentes...), a razão dizia, independentemente de me aperceber da evolução do acontecimento - embirro com a palavra evento - foi confirmar ou não da presença de certa figura (todos sabeis quem é, daí me abster de referir o nome...) que, por informações de que dispunha talvez pudesse ter aparecido no 10 de Junho ou então agora - uma vez que falhara o dia da Raça devido ao mau tempo - aí na Ortigosa escondido atrás de uns óculos Paco Rabane em vez dos Ray-Ban, sem lenço, desprovido de medalhas, disfarçado de jardineiro, ou empregado de mesa mas imbuido da ideia de silenciar o escriba agora de serviço.
Houve um período em que as imagens me fugiram, ali junto à piscina e jardim (uns bons dez a quinze minutos...) e tive a ilusão de o ter visto mas evidentemente que não posso jurar sobre a Biblia de que se tratava dele...
Agora, analizando a frio, concluo que provavelmente não era o dito cujo, pois se eu dispunha de informações da probabilidade da sua presença, naturalmente que ele acederia a meios sofisticadíssimos (não os que vos falei mas de outra agência efebiana ou kapagebeana qualquer...) que poderiam tê-lo informado da probabilidade da minha ausência...
Enfim, coisas da espionagem e contra espionagem que eu agora não posso esmiuçar numa explicação que implicaria a possibilidade desta nobre arte poder vir a ser considerada um acto menor e longe de mim tal coisa...
É que para além dos postos de trabalho que se perderiam com essa asserção haveria ainda consequências graves para mim como a que vos referi já da minha vizinha deixar de me cumprimentar...
Quer queiram quer não, é uma espécie de teoria da conspiração...
Agradecia pois que me informassem se porventura (dentro do contexto por mim referenciado de jardineiro ou empregado de mesa...) não vislumbraram alguém passível de ser enquadrado nas minhas suspeitas.
Até lá envio-vos umas sextilhas alusivas ao acto.
Já só Monte REAL seria opção
p´ra honrar, com qualidade a recepção
aos ex-guinéus, tabanca virtual.
A Quinta do Paúl na Ortigosa
virou de conhecida a mais famosa
num âmbito ´inda além do nacional.
Centena ultrapassada nas presenças
com credos, cor e outras diferenças,
brilhou, estou certo, a aura da harmonia.
Histórias mil levadas à exaustão
contadas, recontadas, pois então,
o dia era de festa e de alegria...
De AB ausência foi mui comentada
por causa até da prenda preparada,
nas Caldas, onde oleiros se esmeraram...
Apostas com rigor da simetria,
medalhas refulgiam, noite e dia,
no busto, e não naquilo em que pensaram...
Um abraço camarigo (palavra, da lavra do Mexia Alves que passarei a usar com sua licença e que acho deveras interessante.)
Manuel Maia
Grupo das bajudas presentes em Ortigosa/Monte Real
Grupo dos atabancados, alguns a... BANDO... nados tempo demais entre o arame farpado
Fotos: © David Guimarães (2009). Direitos reservados
2. Comentário de CV:
Caro Manuel, que eu reparasse todos os presentes eram conhecidos pelos seus nomes escritos com todas as letras, como Manuel, Carlos, Luís, José, Miguel, David, etc, etc. Por siglas, só, ninguém. Satisfeito?
Para tua completa informação tínhamos camaradas não pertencentes aos tais bandos que passaram a sua vida refastelados dentro do arame farpado, com todas as comodidades que ele cercava, pois, com muito prazer, compartilhámos o espaço da Quinta do Paúl com alguns camaradas da Força Aérea e da Marinha. Como sabes, era complicado voar ou navegar cercado com arame farpado, não dava lá muito jeito.
Como pudeste constatar pela visualização das fotos já publicadas, o ambiente foi óptimo, porque não tivemos a presença de indesejáveis.
Quem fala de indesejáveis, fala do contrário, assim esperamos que no próximo Encontro faças parte do grupo dos presentes desejáveis.
Um abraço da Tertúlia.
__________
Notas de CV:
(*) Vd. poste de 22 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4561: Blogpoesia (49): História de Portugal em sextilhas (Manuel Maia) (VI Parte): IV Dinastia (Brigantina) (até 1755)
Vd. último poste da série de 25 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - 4575: IV Encontro Nacional do Nosso Blogue (14): Gostei muito, nunca vou esquecer (Amadu Djaló / Virgínio Biote)
Caros Luís e Carlos,
(Dirijo-me a vós pois sois normalmente um ou outro quem faz o subido favor de me aturar...)
Estive uns dias sem computador e finalmente hoje saí do estádio de hibernação em que me encontrava para dizer de minha justiça...
Foi interessante ler sobre a festa e concluir que porventura terá sido de arromba.
A escolha do local parece-me óbvia pois já só algo REAL estara à altura de receber tão REAIS PERSONAGENS.
Pena minha não ter podido dizer presente, mas a vida é isto mesmo está em constante mudança.
Isto não implicou um alheamento da minha parte já que através dum sistema novo que está ainda em fase de testes e ao qual acedi por influência da irmã do primo do motorista do tecnico adjunto do engenheiro principal, ele também pessoa que afinal conheço de relanço pois um dia foi ao teatro ver a mesma peça que eu espreitava por trás de uma porta de acesso às frizas, e topei-o logo pois andava com uma vizinha minha, por sinal muito engraçada e jeitosa que só visto...
Vai daí e atendendo a este conhecimento, minimo é certo, pude ter imagens da Quinta do Paúl do dia 20 do corrente...
Por favor não me perguntem como pois é uma espécie de segredo de estado, e com isto não se brinca...
Já sabeis que a razão subjacente a este meu interesse pelas novas tecnologias (uma vez mais sou obrigado a informar-vos de que se trata dum segredo de estado e que, como tal, tenho de preservar, sob pena de a tal vizinha deixar de me cumprimentar se acaso souber que dei com a língua nos dentes...), a razão dizia, independentemente de me aperceber da evolução do acontecimento - embirro com a palavra evento - foi confirmar ou não da presença de certa figura (todos sabeis quem é, daí me abster de referir o nome...) que, por informações de que dispunha talvez pudesse ter aparecido no 10 de Junho ou então agora - uma vez que falhara o dia da Raça devido ao mau tempo - aí na Ortigosa escondido atrás de uns óculos Paco Rabane em vez dos Ray-Ban, sem lenço, desprovido de medalhas, disfarçado de jardineiro, ou empregado de mesa mas imbuido da ideia de silenciar o escriba agora de serviço.
Houve um período em que as imagens me fugiram, ali junto à piscina e jardim (uns bons dez a quinze minutos...) e tive a ilusão de o ter visto mas evidentemente que não posso jurar sobre a Biblia de que se tratava dele...
Agora, analizando a frio, concluo que provavelmente não era o dito cujo, pois se eu dispunha de informações da probabilidade da sua presença, naturalmente que ele acederia a meios sofisticadíssimos (não os que vos falei mas de outra agência efebiana ou kapagebeana qualquer...) que poderiam tê-lo informado da probabilidade da minha ausência...
Enfim, coisas da espionagem e contra espionagem que eu agora não posso esmiuçar numa explicação que implicaria a possibilidade desta nobre arte poder vir a ser considerada um acto menor e longe de mim tal coisa...
É que para além dos postos de trabalho que se perderiam com essa asserção haveria ainda consequências graves para mim como a que vos referi já da minha vizinha deixar de me cumprimentar...
Quer queiram quer não, é uma espécie de teoria da conspiração...
Agradecia pois que me informassem se porventura (dentro do contexto por mim referenciado de jardineiro ou empregado de mesa...) não vislumbraram alguém passível de ser enquadrado nas minhas suspeitas.
Até lá envio-vos umas sextilhas alusivas ao acto.
Já só Monte REAL seria opção
p´ra honrar, com qualidade a recepção
aos ex-guinéus, tabanca virtual.
A Quinta do Paúl na Ortigosa
virou de conhecida a mais famosa
num âmbito ´inda além do nacional.
Centena ultrapassada nas presenças
com credos, cor e outras diferenças,
brilhou, estou certo, a aura da harmonia.
Histórias mil levadas à exaustão
contadas, recontadas, pois então,
o dia era de festa e de alegria...
De AB ausência foi mui comentada
por causa até da prenda preparada,
nas Caldas, onde oleiros se esmeraram...
Apostas com rigor da simetria,
medalhas refulgiam, noite e dia,
no busto, e não naquilo em que pensaram...
Um abraço camarigo (palavra, da lavra do Mexia Alves que passarei a usar com sua licença e que acho deveras interessante.)
Manuel Maia
Grupo das bajudas presentes em Ortigosa/Monte Real
Grupo dos atabancados, alguns a... BANDO... nados tempo demais entre o arame farpado
Fotos: © David Guimarães (2009). Direitos reservados
2. Comentário de CV:
Caro Manuel, que eu reparasse todos os presentes eram conhecidos pelos seus nomes escritos com todas as letras, como Manuel, Carlos, Luís, José, Miguel, David, etc, etc. Por siglas, só, ninguém. Satisfeito?
Para tua completa informação tínhamos camaradas não pertencentes aos tais bandos que passaram a sua vida refastelados dentro do arame farpado, com todas as comodidades que ele cercava, pois, com muito prazer, compartilhámos o espaço da Quinta do Paúl com alguns camaradas da Força Aérea e da Marinha. Como sabes, era complicado voar ou navegar cercado com arame farpado, não dava lá muito jeito.
Como pudeste constatar pela visualização das fotos já publicadas, o ambiente foi óptimo, porque não tivemos a presença de indesejáveis.
Quem fala de indesejáveis, fala do contrário, assim esperamos que no próximo Encontro faças parte do grupo dos presentes desejáveis.
Um abraço da Tertúlia.
__________
Notas de CV:
(*) Vd. poste de 22 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4561: Blogpoesia (49): História de Portugal em sextilhas (Manuel Maia) (VI Parte): IV Dinastia (Brigantina) (até 1755)
Vd. último poste da série de 25 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - 4575: IV Encontro Nacional do Nosso Blogue (14): Gostei muito, nunca vou esquecer (Amadu Djaló / Virgínio Biote)
Guiné 63/74 - P4601: Estórias avulsas (11): O insólito aconteceu (Rui A. Ferreira)
O insólito aconteceu
Por Rui Alexandrino Ferreira (*)
Qual versão da Guiné no reeditar de fenómenos e acontecimentos inacreditáveis, um dia já tarde mansa corria para se deitar, trocando o dia pela noite, um avião Nordatlas vulgo Barriga de Ginguba, roncava pista fora para abandonar Aldeia Formosa.
Tomou a devida embalagem e lá vai ele a puxar pelos motores para levantar aquela cangalhada toda.
Um bico-de-obra.
Lá para meio da pista pachorrentas vinham as vacas dum qualquer Embaló ou Djaló no seu caminho para um merecido repouso que se adivinhava.
Nada de pressas que a vida não estava para grandes correrias.
E o tempo para menos.
Ao longe e já meio a tirar para o escuro pareceu ao Piloto que era uma calinada, ou seja, um bando de cães.
Prosseguiu como se nada fosse. Quando enfim se apercebeu que não eram cães, mas vacas, já pouco lhe valeu tentar passar por cima delas.
Um trem de aterragem lançou bifes de vaca por tudo quanto era lado.
Um desperdício do que resultou o que as fotos mostram pois o trabalho que duplicou ou triplicou com a guarda e a segurança daquele impecilho parado mesmo no meio da pista.
Nordatlas com o trem de aterragem danificado do lado esquerdo
Pormenor do trem de aterragem
(*) O Rui Alexandrino Ferreira tem duas comissões na Guiné, primeiro como Alferes Miliciano (CCAÇ 1420, Fulacunda, 1965/67) e depois como Capitão Miliciano (CCAÇ 18, Aldeia Formosa, 1970/72).
Fez ainda uma comissão em Angola, como capitão.
É hoje coronel, na Reforma
__________
Notas de CV:
(*) Vd. poste de 28 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4599: Em busca de... (78): Antigo camarada do RI 10, Aveiro, 1965 (Rui Alexandrino Ferreira)
Vd. último poste da série de 28 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4598: Estórias avulsas (35): O porco que andava à solta (José Carlos Neves)
Por Rui Alexandrino Ferreira (*)
Qual versão da Guiné no reeditar de fenómenos e acontecimentos inacreditáveis, um dia já tarde mansa corria para se deitar, trocando o dia pela noite, um avião Nordatlas vulgo Barriga de Ginguba, roncava pista fora para abandonar Aldeia Formosa.
Tomou a devida embalagem e lá vai ele a puxar pelos motores para levantar aquela cangalhada toda.
Um bico-de-obra.
Lá para meio da pista pachorrentas vinham as vacas dum qualquer Embaló ou Djaló no seu caminho para um merecido repouso que se adivinhava.
Nada de pressas que a vida não estava para grandes correrias.
E o tempo para menos.
Ao longe e já meio a tirar para o escuro pareceu ao Piloto que era uma calinada, ou seja, um bando de cães.
Prosseguiu como se nada fosse. Quando enfim se apercebeu que não eram cães, mas vacas, já pouco lhe valeu tentar passar por cima delas.
Um trem de aterragem lançou bifes de vaca por tudo quanto era lado.
Um desperdício do que resultou o que as fotos mostram pois o trabalho que duplicou ou triplicou com a guarda e a segurança daquele impecilho parado mesmo no meio da pista.
Nordatlas com o trem de aterragem danificado do lado esquerdo
Pormenor do trem de aterragem
(*) O Rui Alexandrino Ferreira tem duas comissões na Guiné, primeiro como Alferes Miliciano (CCAÇ 1420, Fulacunda, 1965/67) e depois como Capitão Miliciano (CCAÇ 18, Aldeia Formosa, 1970/72).
Fez ainda uma comissão em Angola, como capitão.
É hoje coronel, na Reforma
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Notas de CV:
(*) Vd. poste de 28 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4599: Em busca de... (78): Antigo camarada do RI 10, Aveiro, 1965 (Rui Alexandrino Ferreira)
Vd. último poste da série de 28 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4598: Estórias avulsas (35): O porco que andava à solta (José Carlos Neves)
domingo, 28 de junho de 2009
Guiné 63/74 - P4600: Convívios (152): Convívio da CART 6250/72 (Mampatá 1972/74) & Todos os Camaradas que quiserem aparecer, 4 Julho (António Carvalho)
1. Mensagem de António Carvalho, ex-Fur Mil Enf da CART 6250/72, Mampatá, 1972/74, com rótulo de “URGENTE” e data de 28 de Junho de 2009:
Hoje não venho falar da nossa Guiné, aliás, desde que de lá cheguei, não voltei a escrever para o nosso blogue, não por falta de motivos, como é óbvio, antes por falta de motivação (o que não é a mesma coisa). Outros dias melhores virão para dizer coisas certas ou erradas, sobre esta fabulosa viagem da redescoberta e do reencontro.
Hoje, venho pedir-lhes que publiquem, no nosso blogue, a seguinte notícia:
Convívio Anual da CART 6250 -1972/1974 – MAMPATÁ
No próximo Sábado, dia 4 de Julho, em minha casa, decorrerá o convívio desta companhia, de todos os que a ela pertenceram, assim como seus Amigos e Familiares também estão convidados. Convido ainda todos aqueles a quem, o topónimo Mampatá, diz alguma coisa e não só, pois em bom rigor das palavras e para mais fácil entendimento geral, convido todos os Camaradas que quiserem aparecer.
Ementa: Desconhecida/Secreta
Preço: O mais barato que há/Gratuito
Local: Rua da Senra – Freguesia de Medas - Concelho de Gondomar
Como chegar lá?
1º Procurar a Estrada Nacional nº 108 (marginal ao Rio Douro, no percurso Porto – Entre os Rios).
2º Sair no Km 19 + 100 metros, num entroncamento onde há uma placa indicativa que diz "CAMPISMO".
António Carvalho
___________
Nota de M.R.:
Vd. último poste da série em:
Guiné 63/74 - P4599: Em busca de... (77): Antigo camarada do RI 10, Aveiro, 1965 (Rui Alexandrino Ferreira)
Aquando do nosso Convívio em Ortigosa no dia 6 de Junho passado, o nosso camarada Rui Alexandrino Ferreira (*), solicitou a divulgação deste apelo.
Quem me ajuda a encontrar
Quando concluí em Abril/Maio de 1965 o Curso de Oficiais Milicianos e fui promovido a Aspirante, fui colocado no RI 10 em Aveiro onde entre várias e boas amizades que lá fiz, a do moço cuja fotografia acompanha este texto-
Correram os meses, ele foi mobilizado para Angola e eu para a Guiné.
Durante muito tempo fomos trocando correspondência.
Com o desandar do tempo, o final das comissões, o meu retorno a Angola e o meu regresso à tropa e a nova comissão na Guiné, a terceira em Angola, o drama da descolonização, a guerra entre os angolanos e o regresso a Portugal, perdi-lhr por completo o paradeiro.
Nada sei dele. Nem mesmo o nome consigo recordar.
Será que alguém o consegue identificar e dar-me meios para o contactar?
O meu mais profundo obrigado.
Um abraço
Rui Alexandrino Ferreira
(*) O Rui Alexandrino Ferreira é natural de Angola (Lubango, 1943) e vive em Viseu. Fez o COM em Mafra em 1964.
Tem duas comissões na Guiné, primeiro como Alferes Miliciano (CCAÇ 1420, Fulacunda, 1965/67) e depois como Capitão Miliciano (CCAÇ 18, Aldeia Formosa, 1970/72).
Fez ainda uma comissão em Angola, como capitão.
Publicou em 2000 a sua primeira obra literária, "Rumo a Fulacunda" (2ª ed, Palimage, Viseu, 2003).
É hoje coronel, na Reforma
Fotos do camarada que o Rui Alexandrino pede que identifiquem
__________
Nota de CV:
Vd. último poste da série de 9 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4490: Em busca de... (76): Pessoal da CART 2714, Mansambo, 1970/72 (Guilherme Sousa, ex-Soldado Condutor Auto, França)
Guiné 63/74 - P4598: Estórias avulsas (35): O porco que andava à solta (José Carlos Neves)
1. O porco que andava à solta é uma estória que o José Carlos Neves, (*), ex-Soldado Radiotelegrafista do STM, Cufar, 1974, nos enviou em mensagem do dia 26 de Junho de 2009:
O porco que andava à solta
Um belo dia resolvemos (eu e alguns Camarada da Intendência) ir tomar banho à piscina que era nem mais nem menos do que uma pedreira onde a água da chuva se concentrava e formava uma bela piscina. E por estranho que pareça até estava limpa.
Estávamos a refrescarmo-nos quando demos pela presença de um porquinho muito jeitoso na borda da água. Como a fominha apertava, não se pensou duas vezes. Um saiu da água pegou na G3 e zás, lá estava o porco morto. O pior é que um tiro de G3 faz barulho e logo quase de imediato a Senhora que andava a pastar os porcos apareceu.
Procurou o porco por todos os lados, só se esqueceu de o procurar debaixo de água, onde ele foi parar antes que viesse alguém. Até aqui tudo bem, só que a dita Senhora que não era parva nenhuma e já sabia com quem lidava, não saía dali. O porco tinha que estar em algum lado. E estava! Debaixo dos meus pés porque teimosamente queria vir à superfície.
O tempo foi passando até que passou uma viatura do Exército. Fizemos sinal e lá pararam. Explicámos a situação e eles fizeram-nos companhia até que a Senhora resolveu afastar-se por uns momentos. Foi o suficiente para o porquinho, num salto acrobático, saltar da água para cima da carripana.
O problema todo é que tivemos que repartir o bicho por mais gente o que ficou menos para cada um. Mas mesmo assim deu para matar a fominha.
Escusado é dizer que a tal Senhora no dia seguinte foi perguntar pelo porco ao Comandante, mas nós, que também não éramos completamente parvos, tratámos logo de enterrar as tripas e apagar todos os vestígios do crime.
Esta foi uma das estórias que vou tendo para contar.
Qualquer dia conto outra se virem interesse nisso.
Um Alfa Bravo para toda a Tabanca Grande
José Carlos Neves
Soldado Radiotelegrafista do STM
Cufar, 1974
__________
Notas de CV:
(*) Vd. poste de 18 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4546: (Ex)citações (31): Tenho pena daquele povo afável que vive hoje na miséria absoluta! (J. Carlos Neves)
Vd. último poste da série de 14 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4519: Estórias avulsas (34): Desertei depois de ter vindo da Guiné (Manuel Maia)
O porco que andava à solta
Um belo dia resolvemos (eu e alguns Camarada da Intendência) ir tomar banho à piscina que era nem mais nem menos do que uma pedreira onde a água da chuva se concentrava e formava uma bela piscina. E por estranho que pareça até estava limpa.
Estávamos a refrescarmo-nos quando demos pela presença de um porquinho muito jeitoso na borda da água. Como a fominha apertava, não se pensou duas vezes. Um saiu da água pegou na G3 e zás, lá estava o porco morto. O pior é que um tiro de G3 faz barulho e logo quase de imediato a Senhora que andava a pastar os porcos apareceu.
Procurou o porco por todos os lados, só se esqueceu de o procurar debaixo de água, onde ele foi parar antes que viesse alguém. Até aqui tudo bem, só que a dita Senhora que não era parva nenhuma e já sabia com quem lidava, não saía dali. O porco tinha que estar em algum lado. E estava! Debaixo dos meus pés porque teimosamente queria vir à superfície.
O tempo foi passando até que passou uma viatura do Exército. Fizemos sinal e lá pararam. Explicámos a situação e eles fizeram-nos companhia até que a Senhora resolveu afastar-se por uns momentos. Foi o suficiente para o porquinho, num salto acrobático, saltar da água para cima da carripana.
O problema todo é que tivemos que repartir o bicho por mais gente o que ficou menos para cada um. Mas mesmo assim deu para matar a fominha.
Escusado é dizer que a tal Senhora no dia seguinte foi perguntar pelo porco ao Comandante, mas nós, que também não éramos completamente parvos, tratámos logo de enterrar as tripas e apagar todos os vestígios do crime.
Esta foi uma das estórias que vou tendo para contar.
Qualquer dia conto outra se virem interesse nisso.
Um Alfa Bravo para toda a Tabanca Grande
José Carlos Neves
Soldado Radiotelegrafista do STM
Cufar, 1974
__________
Notas de CV:
(*) Vd. poste de 18 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4546: (Ex)citações (31): Tenho pena daquele povo afável que vive hoje na miséria absoluta! (J. Carlos Neves)
Vd. último poste da série de 14 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4519: Estórias avulsas (34): Desertei depois de ter vindo da Guiné (Manuel Maia)
Guiné 63/74 - P4597: FAP (30): Ferro Q.B. para acalmar as hostes (Miguel Pessoa)
1. Mensagem de Miguel Pessoa (1), ex-Ten Pilav, BA 12, Bissalanca, 1972/74, hoje Coronel Pilav Reformado, com data de 25 de Junho de 2009:
Luís, Carlos :
Luís, Carlos :
Agora que começa a assentar a poeira do IV Encontro, envio-vos um texto para publicação. Como é habitual, não tendo eu trazido registos do que fiz, tive que puxar pela memória, evitando ao mesmo tempo puxar pela imaginação...
Abraço.
Miguel
FERRO Q.B.
Este texto tem o inconveniente de ser pouco preciso, pois escrevo-o apenas de memória, sem o recurso a documentos, mapas ou outros auxiliares. Também é um testemunho (limitado na sua percepção) de um simples executante que, pela sua posição na hierarquia estabelecida, desconhecia naturalmente as grandes decisões tomadas por quem orientava a guerra.
Não houve a pretensão de compilar dados históricos precisos a nível de um Arquivo Histórico, mas simplesmente referir factos, tentar adivinhar outros e transmitir o que nos ia na alma naqueles momentos.
É um facto (que suponho que muita gente conhece) que a Força Aérea efectuou diversos ataques na raia da Guiné-Bissau, em locais onde estavam estabelecidas bases do PAIGC - nunca contra as populações locais. Os danos co-laterais podem surgir nestas situações - mas desconheço se os houve nestes casos concretos.
Para além das bases de fogos do PAIGC contra aquartelamentos próximos da linha da fronteira, um dos objectivos principais foi a barcaça que transportava pessoal e material que depois entrava no nosso território pelo Corredor de Guileje, nomeadamente até Ponte Balana. Aquele meio de transporte estava localizado próximo de Kandiafara e estrategicamente defendido por anti-aéreas (AAA) localizadas em Kandiafara e Simbeli.
Tendo-se decidido interromper, ou pelo menos limitar esses movimentos, foram realizadas diversas saídas para eliminar esse meio em simultâneo com ataques às anti-aéreas já referidas, de modo a limitar a sua acção contra os outros aviões. Eram missões que impunham um certo respeito, quando se via à nossa volta a fogachada da AAA (frase presunçosa, mais própria dos cenários da 2.ª Guerra Mundial, Coreia ou Vietnam, mas vou deixar ficar... embora reconheça que as pessoas possam ter tendência para exagerar a gravidade das situações em que estiveram envolvidos).
Para mim, que tive por várias vezes as funções de marcador dos voos da Esquadra 121 (vulgo oficial de operações da Esquadra - eu era tenente, mas fui muitas vezes o 2.º na hierarquia da Esquadra), cabia-me nessas funções nomear os pilotos para as missões que nos tinham sido destinadas para o dia. Calculam o meu incómodo ao indicar os nomes dos pilotos para estas missões de visível risco, sabendo que eles podiam ficar lá. Noblesse oblige, indicando eu os pilotos, naturalmente tinha que avançar logo com o meu nome, que é assim que podemos exigir algo aos outros... E nunca tive problemas na aceitação das nomeações que fazia, embora pudesse calcular o que eles estavam a pensar (*).
Integrarmo-nos num cenário de guerra não é acto que se consiga num momento; inicialmente sentimo-nos chocados com o que sucede à nossa volta - e que foge à nossa compreensão - existindo depois uma escalada de acontecimentos que, dia-a-dia, nos vai insensibilizando (ou embrutecendo) e criando em nós defesas que nos levam a aceitar os riscos com um sentimento de inevitabilidade - penso que isso sucedeu com todos nós num determinado momento da nossa comissão - "o que tiver que ser será" (**). No fim, tornámo-nos pessoas diferentes, não necessariamente piores mas certamente mais cépticos (realistas?) em relação ao que podíamos esperar da vida - pelo menos naquelas circunstâncias.
Mas, voltando à nossa história: Felizmente (e também para descanso da minha consciência) nessas missões na raia nunca perdemos nenhum piloto. Inicialmente deslocavam-se helis para eventuais evacuações, no caso de um piloto ter que se ejectar - ficavam de alerta em aquartelamentos do sul. Mas com o tempo (e sem perdas de Fiats) cada vez se afastavam mais esses meios para a base mãe, acabando por se fazer o alerta a partir da BA12; escusado será dizer que estávamos aviados se tivéssemos que nos ejectar sem esse apoio atempado - felizmente sabia o francês suficiente para perguntar a um local o caminho para a Guiné-Bissau...
Simultaneamente foram repetidamente atacados objectivos dentro do nosso território - nomeadamente estradas, pontes, pontos de cambança (travessia) nos rios - localizados em zonas não ocupadas pelas NT, cuja destruição permitisse limitar a progressão do IN. Este grande esforço da Força Aérea e da Esquadra 121 durante um determinado período do segundo semestre de 1973 (não consigo precisar datas - Setembro? Outubro?) teve resultados palpáveis, pois tanto ferro largado fez reduzir visivelmente as flagelações aos aquartelamentos, pelas dificuldades logísticas provocadas ao IN. Mas era um desgaste enorme para os aviões, pilotos, mecânicos e para a logística: havia que repor lotes de combustível e de armamento, fazer a manutenção e/ou reparação dos aviões, dar algum descanso ao pessoal. E não poderia prosseguir eternamente, por isso com o tempo esse esforço teve que ser reduzido - com o consequente aumento dos ataques aos nossos aquartelamentos.
Miguel Pessoa
Notas do autor:
(*) Também não havia muitos para escolher... O número de pilotos de Fiat era normalmente de 6 a 9, na melhor das hipóteses (se incluirmos 2 ou 3 oficiais superiores com funções de comando na BA12 e que, naturalmente, não voavam permanentemente na Esq 121) e chegou a estar reduzido a 4 ou 5 no início de Abril de 1973, depois do abate de 2 aviões em finais de Março (com a morte de um piloto e a inibição de outro por um período de 4 meses).
(**) Num artigo para um jornal, já há uns tempos, um jornalista perguntava-me, tendo em conta o que eu tinha passado com a minha ejecção e posterior recuperação, se tinha sentido medo quando voltei a voar naquele território. Respondi-lhe que "sim, pois não sou inconsciente". E como, em jeito de brincadeira lhe disse que "por vezes parecia que iam dois no avião, eu e o meu medo" (frase parva para dizer a um jornalista), isto foi logo puxado para o título do artigo, deturpando o seu sentido.
O que não expliquei ao jornalista (e que lamento agora) foi que, face ao esforço que para mim representou a ultrapassagem deste episódio, no caso de vir a ser novamente atingido e ter que me ejectar (voltando a passar por tudo o que já tinha passado), eu não tinha medo de morrer mas sim de ficar vivo...
__________
Notas de CV:
(1) Vd. poste de 15 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4528: Um velho filme de 8 mm que agora nos surpreende e delicia (George Freire / Miguel Pessoa)
Vd. último poste da série de 7 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4477: FAP (29): Encontros imprevistos (Miguel Pessoa, ex-Ten Pilav, BA 12, Bissalanca, 1972/74)
Abraço.
Miguel
FERRO Q.B.
Este texto tem o inconveniente de ser pouco preciso, pois escrevo-o apenas de memória, sem o recurso a documentos, mapas ou outros auxiliares. Também é um testemunho (limitado na sua percepção) de um simples executante que, pela sua posição na hierarquia estabelecida, desconhecia naturalmente as grandes decisões tomadas por quem orientava a guerra.
Não houve a pretensão de compilar dados históricos precisos a nível de um Arquivo Histórico, mas simplesmente referir factos, tentar adivinhar outros e transmitir o que nos ia na alma naqueles momentos.
É um facto (que suponho que muita gente conhece) que a Força Aérea efectuou diversos ataques na raia da Guiné-Bissau, em locais onde estavam estabelecidas bases do PAIGC - nunca contra as populações locais. Os danos co-laterais podem surgir nestas situações - mas desconheço se os houve nestes casos concretos.
Para além das bases de fogos do PAIGC contra aquartelamentos próximos da linha da fronteira, um dos objectivos principais foi a barcaça que transportava pessoal e material que depois entrava no nosso território pelo Corredor de Guileje, nomeadamente até Ponte Balana. Aquele meio de transporte estava localizado próximo de Kandiafara e estrategicamente defendido por anti-aéreas (AAA) localizadas em Kandiafara e Simbeli.
Tendo-se decidido interromper, ou pelo menos limitar esses movimentos, foram realizadas diversas saídas para eliminar esse meio em simultâneo com ataques às anti-aéreas já referidas, de modo a limitar a sua acção contra os outros aviões. Eram missões que impunham um certo respeito, quando se via à nossa volta a fogachada da AAA (frase presunçosa, mais própria dos cenários da 2.ª Guerra Mundial, Coreia ou Vietnam, mas vou deixar ficar... embora reconheça que as pessoas possam ter tendência para exagerar a gravidade das situações em que estiveram envolvidos).
Para mim, que tive por várias vezes as funções de marcador dos voos da Esquadra 121 (vulgo oficial de operações da Esquadra - eu era tenente, mas fui muitas vezes o 2.º na hierarquia da Esquadra), cabia-me nessas funções nomear os pilotos para as missões que nos tinham sido destinadas para o dia. Calculam o meu incómodo ao indicar os nomes dos pilotos para estas missões de visível risco, sabendo que eles podiam ficar lá. Noblesse oblige, indicando eu os pilotos, naturalmente tinha que avançar logo com o meu nome, que é assim que podemos exigir algo aos outros... E nunca tive problemas na aceitação das nomeações que fazia, embora pudesse calcular o que eles estavam a pensar (*).
Integrarmo-nos num cenário de guerra não é acto que se consiga num momento; inicialmente sentimo-nos chocados com o que sucede à nossa volta - e que foge à nossa compreensão - existindo depois uma escalada de acontecimentos que, dia-a-dia, nos vai insensibilizando (ou embrutecendo) e criando em nós defesas que nos levam a aceitar os riscos com um sentimento de inevitabilidade - penso que isso sucedeu com todos nós num determinado momento da nossa comissão - "o que tiver que ser será" (**). No fim, tornámo-nos pessoas diferentes, não necessariamente piores mas certamente mais cépticos (realistas?) em relação ao que podíamos esperar da vida - pelo menos naquelas circunstâncias.
Mas, voltando à nossa história: Felizmente (e também para descanso da minha consciência) nessas missões na raia nunca perdemos nenhum piloto. Inicialmente deslocavam-se helis para eventuais evacuações, no caso de um piloto ter que se ejectar - ficavam de alerta em aquartelamentos do sul. Mas com o tempo (e sem perdas de Fiats) cada vez se afastavam mais esses meios para a base mãe, acabando por se fazer o alerta a partir da BA12; escusado será dizer que estávamos aviados se tivéssemos que nos ejectar sem esse apoio atempado - felizmente sabia o francês suficiente para perguntar a um local o caminho para a Guiné-Bissau...
Simultaneamente foram repetidamente atacados objectivos dentro do nosso território - nomeadamente estradas, pontes, pontos de cambança (travessia) nos rios - localizados em zonas não ocupadas pelas NT, cuja destruição permitisse limitar a progressão do IN. Este grande esforço da Força Aérea e da Esquadra 121 durante um determinado período do segundo semestre de 1973 (não consigo precisar datas - Setembro? Outubro?) teve resultados palpáveis, pois tanto ferro largado fez reduzir visivelmente as flagelações aos aquartelamentos, pelas dificuldades logísticas provocadas ao IN. Mas era um desgaste enorme para os aviões, pilotos, mecânicos e para a logística: havia que repor lotes de combustível e de armamento, fazer a manutenção e/ou reparação dos aviões, dar algum descanso ao pessoal. E não poderia prosseguir eternamente, por isso com o tempo esse esforço teve que ser reduzido - com o consequente aumento dos ataques aos nossos aquartelamentos.
Miguel Pessoa
Notas do autor:
(*) Também não havia muitos para escolher... O número de pilotos de Fiat era normalmente de 6 a 9, na melhor das hipóteses (se incluirmos 2 ou 3 oficiais superiores com funções de comando na BA12 e que, naturalmente, não voavam permanentemente na Esq 121) e chegou a estar reduzido a 4 ou 5 no início de Abril de 1973, depois do abate de 2 aviões em finais de Março (com a morte de um piloto e a inibição de outro por um período de 4 meses).
(**) Num artigo para um jornal, já há uns tempos, um jornalista perguntava-me, tendo em conta o que eu tinha passado com a minha ejecção e posterior recuperação, se tinha sentido medo quando voltei a voar naquele território. Respondi-lhe que "sim, pois não sou inconsciente". E como, em jeito de brincadeira lhe disse que "por vezes parecia que iam dois no avião, eu e o meu medo" (frase parva para dizer a um jornalista), isto foi logo puxado para o título do artigo, deturpando o seu sentido.
O que não expliquei ao jornalista (e que lamento agora) foi que, face ao esforço que para mim representou a ultrapassagem deste episódio, no caso de vir a ser novamente atingido e ter que me ejectar (voltando a passar por tudo o que já tinha passado), eu não tinha medo de morrer mas sim de ficar vivo...
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Notas de CV:
(1) Vd. poste de 15 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4528: Um velho filme de 8 mm que agora nos surpreende e delicia (George Freire / Miguel Pessoa)
Vd. último poste da série de 7 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4477: FAP (29): Encontros imprevistos (Miguel Pessoa, ex-Ten Pilav, BA 12, Bissalanca, 1972/74)
Guiné 63/74 - P4596: Tabanca Grande (156): O açoriano Tomás Carneiro, ex-1º Cabo Cond Auto, CCAÇ 4745 (Binta, 1973/74)
1. Mensagem de Tomás Carneiro, ex-1.º Cabo Condutor da CCAÇ 4745/73 - Águias de Binta, o nosso novo camarada que veio expressamente dos Açores ao IV Encontro da Tertúlia (*), e que agora se apresenta à Tabanca Grande, em mensagem com data de 24 de Junho de 2009:
Apresento-me, Tomas Carneiro, ex-1.º Cabo Condutor da CCAÇ 4745 - Aguias de Binta
Caros amigos,
Como alguns já sabem quem eu sou, aqui vai um texto.
Eu estive na Guine entre 1973 e 1974. Era Condutor e cheguei à Guiné no dia 8 de Julho de 1973.
Fiz a viagem de avião. Chegados a Bissau estavam à nossa espera para nos levar, mais a bagagem para o Cumere. Pela estrada fora, uns em pé outros sentados, o saca do condutor mandava-nos baixar por causa do inimigo, estava a gozar com os piras, é claro que o faziamos, porque estavamos todos acagaçados. Chegados ao Cumeré, fomos para as casernas e ficámos por ali o resto do dia.
No domingo começa o IAO, dias depois embarcamos para Binta a bordo de uma LDG. Chegados a Binta, perguntámos:
- Onde estão as casernas?
- Não há casernas para ninguém.
Toca a dormir num barracão grande que lá havia, colchões de ar espalhados pelo chão e cada um que se cuide. Como condutor nunca dormi no mato, ia deixá-los lá e voltava ao quartel.
Fizemos colunas a Farim sem nenhum problema, mas eis que chegou o dia 24 de Setembro de 1973. Coluna para Farim, falta um carro e o Capitão diz-me para arranjar mais um. Vou ter com o Cabo Jacinto que estava sentado a olhar o rio Cacheu e digo-lhe para avançar a mando do Comandante. Ele barafusta comigo que não quer ir, mas um pouco mais tarde aparece, estava eu com o carro logo a seguir ao rebenta minas. Olha-me a rir e põe o seu 411 entre as duas Berliet. Dali a pouco arrancámos, não sei quanto tempo depois ele pisa uma mina anticarro e foi pelos ares. Com ele iam mais dois furrieis. O Jacinto ficou em muito mau estado. Quando pude fui vê-lo, estava a gritar com dores e a pedir água.
Depois de chegar o pessoal de Farim, seguimos, ele foi para a enfermaria e aguardávamos por noticias boas. Por volta das 13 horas ele estava junto do Dornier, mas já estava morto. Foi muito triste porque era um bom companheiro. Aquele dia marcou-me porque eu penso que tive qualquer coisa a ver com a sua morte, de tanto insistir com ele para avançar.
Desde o meio do Atlântico um abraço para todos.
Tomás Carneiro
2. Comentário de CV
Caro camarada Carneiro, bem-vindo à Tabanca que já conheces razoavelmente, porque nos deste o prazer da tua companhia no nosso IV Encontro.
A tua história de entrada não é nada alegre, antes pelo contrário, denotando que ainda sentes um complexo de culpa pelo que aconteceu ao teu camarada Jacinto (**). Infelizmente toda a gente que morreu, foi vítima do cumprimento de uma ordem que alguém lhe deu. Tu apenas foste o transmissor do mando do teu Comandante para ele.
O acaso quis que fosse a viatura do Jacinto a passar por cima da mina, mas podia ter sido a tua.
Está na hora de tirares esse peso de cima de ti.
Quando puderes manda uma foto do teu tempo de Guiné
___________
Notas de CV:
(*) Vd. poste de 22 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4560: IV Encontro Nacional do Nosso Blogue (6): De São Miguel, Açores, com emoção e amizade (Tomás Carneiro, CCAÇ 4745, 1973/74)
Vd. também poste de 21 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4556: IV Encontro Nacional do Nosso Blogue (2): Os meus agradecimentos (José Pedro Neves, CCAÇ 4745, Águias de Binta )
(**) De seu nome completo, Manuel Jacinto Carreiro de Almeida Custódio, 1º Cabo Condutor Auto.
Apresento-me, Tomas Carneiro, ex-1.º Cabo Condutor da CCAÇ 4745 - Aguias de Binta
Caros amigos,
Como alguns já sabem quem eu sou, aqui vai um texto.
Eu estive na Guine entre 1973 e 1974. Era Condutor e cheguei à Guiné no dia 8 de Julho de 1973.
Fiz a viagem de avião. Chegados a Bissau estavam à nossa espera para nos levar, mais a bagagem para o Cumere. Pela estrada fora, uns em pé outros sentados, o saca do condutor mandava-nos baixar por causa do inimigo, estava a gozar com os piras, é claro que o faziamos, porque estavamos todos acagaçados. Chegados ao Cumeré, fomos para as casernas e ficámos por ali o resto do dia.
No domingo começa o IAO, dias depois embarcamos para Binta a bordo de uma LDG. Chegados a Binta, perguntámos:
- Onde estão as casernas?
- Não há casernas para ninguém.
Toca a dormir num barracão grande que lá havia, colchões de ar espalhados pelo chão e cada um que se cuide. Como condutor nunca dormi no mato, ia deixá-los lá e voltava ao quartel.
Fizemos colunas a Farim sem nenhum problema, mas eis que chegou o dia 24 de Setembro de 1973. Coluna para Farim, falta um carro e o Capitão diz-me para arranjar mais um. Vou ter com o Cabo Jacinto que estava sentado a olhar o rio Cacheu e digo-lhe para avançar a mando do Comandante. Ele barafusta comigo que não quer ir, mas um pouco mais tarde aparece, estava eu com o carro logo a seguir ao rebenta minas. Olha-me a rir e põe o seu 411 entre as duas Berliet. Dali a pouco arrancámos, não sei quanto tempo depois ele pisa uma mina anticarro e foi pelos ares. Com ele iam mais dois furrieis. O Jacinto ficou em muito mau estado. Quando pude fui vê-lo, estava a gritar com dores e a pedir água.
Depois de chegar o pessoal de Farim, seguimos, ele foi para a enfermaria e aguardávamos por noticias boas. Por volta das 13 horas ele estava junto do Dornier, mas já estava morto. Foi muito triste porque era um bom companheiro. Aquele dia marcou-me porque eu penso que tive qualquer coisa a ver com a sua morte, de tanto insistir com ele para avançar.
Desde o meio do Atlântico um abraço para todos.
Tomás Carneiro
2. Comentário de CV
Caro camarada Carneiro, bem-vindo à Tabanca que já conheces razoavelmente, porque nos deste o prazer da tua companhia no nosso IV Encontro.
A tua história de entrada não é nada alegre, antes pelo contrário, denotando que ainda sentes um complexo de culpa pelo que aconteceu ao teu camarada Jacinto (**). Infelizmente toda a gente que morreu, foi vítima do cumprimento de uma ordem que alguém lhe deu. Tu apenas foste o transmissor do mando do teu Comandante para ele.
O acaso quis que fosse a viatura do Jacinto a passar por cima da mina, mas podia ter sido a tua.
Está na hora de tirares esse peso de cima de ti.
Quando puderes manda uma foto do teu tempo de Guiné
___________
Notas de CV:
(*) Vd. poste de 22 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4560: IV Encontro Nacional do Nosso Blogue (6): De São Miguel, Açores, com emoção e amizade (Tomás Carneiro, CCAÇ 4745, 1973/74)
Vd. também poste de 21 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4556: IV Encontro Nacional do Nosso Blogue (2): Os meus agradecimentos (José Pedro Neves, CCAÇ 4745, Águias de Binta )
(**) De seu nome completo, Manuel Jacinto Carreiro de Almeida Custódio, 1º Cabo Condutor Auto.
Guiné 63/74 - P4595: Cancioneiro de Canjadude (CCAÇ 5, Gatos Pretos) (2): Binóculos de Sol (José Martins)
Guiné > Região do Gabu > Canjadude > CCAÇ 5 (Gatos Pretos) > 1973: Interior do Clube de Oficiais e Sargentos de Canjadude... O ex- Fur Mil Carvalho, membro da nossa Tabanca Grande, é o segundo a contar da direita... No mural, na pintura na parede, pode ler-se: [gato] preto agarra à mão grrr....
Percebe-se que estamos no Rio Corubal com o destacmento de Cheche do lado de cá (margem direita) e... o mítico campo fortitificado de Madina do Boé, do lado de lá (margem esquerda)... Em 24 de Setembro de 1973, não em Madina do Boé, mas algures, na vasta e desertificada região do Boé, junto à fronteira (se não mesmo para lá da fronteira...), o PAIGC proclama "urbi et orbi", unilateralmente, a independência da nova República da Guiné-Bissau... Madina do Boé, como se sabe, foi retirado pelas NT em 6/2/1969.
Foto: © João Carvalho (2005). Todo os direitos reservados.
1. Mensagem de José Martins (*), ex-Fur Mil Trms da CCAÇ 5, Gatos Pretos, Canjadude, 1968/70, com data de 23 de Junho de 2009:
Caros amigos
Para suster a frustação de não ter sido terminada, pelo aparecimento de uma branca total, junto o texto completo da canção interrompida abruptamente [, na Quinta do Paul, Ortigosa, Monte Real, em 20 de Junho de 2009, por ocasião do nosso IV Encontro Nacional].
Abraços
José Martins
CANCIONEIRO DE CANJADUDE
O isolamento em que nos encontrávamos, a necessidade de ocupar a mente com algo diferente que não fosse a actividade operacional, a tentativa de encurtar a distância que nos separava da metrópole, o sentido de improvisação e muitas mais razões, levaram a que os militares tomassem como suas as músicas em voga, na época, e lhes dessem nova vida, com factos que lhes estavam mais próximos e, sobretudo, que ajudavam a manter um espírito de corpo.
Os textos das canções ou poemas que se seguem, quando não identificam o autor, devem ser considerados de criação colectiva, pois que, se sempre há quem lance a ideia e lhe dê uma forma inicial, será o conjunto a sancioná-la e a transmitir-lhe a forma definitiva.
Caros amigos
Para suster a frustação de não ter sido terminada, pelo aparecimento de uma branca total, junto o texto completo da canção interrompida abruptamente [, na Quinta do Paul, Ortigosa, Monte Real, em 20 de Junho de 2009, por ocasião do nosso IV Encontro Nacional].
Abraços
José Martins
CANCIONEIRO DE CANJADUDE
O isolamento em que nos encontrávamos, a necessidade de ocupar a mente com algo diferente que não fosse a actividade operacional, a tentativa de encurtar a distância que nos separava da metrópole, o sentido de improvisação e muitas mais razões, levaram a que os militares tomassem como suas as músicas em voga, na época, e lhes dessem nova vida, com factos que lhes estavam mais próximos e, sobretudo, que ajudavam a manter um espírito de corpo.
Os textos das canções ou poemas que se seguem, quando não identificam o autor, devem ser considerados de criação colectiva, pois que, se sempre há quem lance a ideia e lhe dê uma forma inicial, será o conjunto a sancioná-la e a transmitir-lhe a forma definitiva.
José Martins cantando os Binóculos de Guerra durante o IV Encontro Nacional da Tertúlia, no dia 20 de Junho passado, em Ortigosa .
Foto: © Fernando Franco (2009). Todos os direitos reservados
BINÓCULOS DE GUERRA
Com certa frequência a rádio, mesmo a da Guiné, passava a canção Óculos de Sol, interpretada por Natércia Barreto, que falava das suas amarguras numa ida à praia. (**)
Da ida à praia ou ao mato, com óculos ou com binóculos, a adaptação foi fácil…
Já arranjei muito bem, tudo quanto convém,
P’ro mato levar!
A minha arma, o bornal e o cantil com a água
P’ra me refrescar.
O emissor/receptor e o meu camuflado
Também estão na acção.
E como é bom de ver não podia esquecer
As granadas de mão,
Que levo p’ra atirar, p’ra defender.
P’ra amedrontar e o turra deter.
Para aumentar, o seu sofrer!
Pois eu sei que te hei-de encontrar
Talvez deitado na orla do mato
Com a arma ao lado e eu vou passar
A tarde emboscado.
Já pensei não sair, mas eu tenho de ir
Subir à montanha.
Mas que hei-de fazer p’ra não ter de passar,
Naquela bolanha.
Então peço ao meu Deus que me ajude na mata
Sou um ser pequenito,
E que traga depressa da querida Lisboa
O meu Periquito!
P’ra eu me ir embora, desta guerra
P’ra voltar, à minha terra
P’ra deixar, esta Guiné!
Pois eu sei que quando voltar
Estarás no cais p’ra me abraçar
Adeus às armas, eu vou dizer
E a arma entregar!
...Vou Partir, vou voltar …
Dado que a Companhia de Caçadores 5 era uma subunidade de guarnição normal, constituída por oficiais, sargentos e praças especialistas do continente e praças recrutadas na própria província, era de rendição individual. Isto quer dizer que os elementos eram mobilizados e enviados para a companhia um a um, pelo que a sua substituição também era feita elemento a elemento. Daí que, para a substituição no fim da comissão, havia um certa carácter individualista, que também transparece no texto.
Nota: Este texto faz parte do Cancioneiro de Canjadude que incluiu canções e poemas escritos pelos elementos da companhia e que foram recolhidos, depois do ano 2000, em visitas cíclicas à Biblioteca do Estado-maior do Exército. Se as recolhas efectuadas vieram a ser publicadas, darão lugar à “QUINTA DOS GATOS PRETOS DE CANJADUDE” (***).
__________
Notas de CV:
(*) Vd. poste de 27 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4592: Bibliografia de uma guerra (51): "Cambança" de autoria de Alberto Branquinho (José Martins)
(**)Vd. letra orignal da canção Óculos de Sol
Natércia Barreto
Composição: Natércia Barreto
Já arranjei muito bem
Tudo quanto convém
PÂ’ra praia levar
O pente, o espelho, o baton
E o creme muito bom
PÂ’ra me bronzear
Tenho o meu rádio portátil
E o bikini encarnado
Também está no meu rol
E como é bom de ver
Não podia esquecer
Os meus óculos de sol
Refrão:
Que levo pÂ’ra chorar uuuuhuh
Sem ninguém ver
PÂ’ra não dar uuuuhuh
A perceber
PÂ’ra ocultar uuuuhuh
O meu sofrer
Pois eu sei que te hei-de encontrar
Talvez deitado à beira-mar
Com outra lado
E eu vou passar
A tarde a chorar
Já pensei não sair
Mas aonde é que eu hei-de ir
Com este calor?
O que é que eu hei-de fazer
PÂ’ra não ter que te ver
Com o teu novo amor?
Ver-te-ei com certeza
Mas eu peço à tristeza
Um pouco de controle
E pelo sim pelo não
Eu vou ter sempre à mão os meus óculos de sol
Vou chorar
Uuuuh uh
Vou sofrer
Uuuuh uh
Vou chorar
Uuuuh uh
(***) Sobre o Cancioneiro de Canjadude, vd. poste, da primeira série, de 28 de Fevereiro de 2006 > Guiné 63/74 - DXCIII: Cancioneiro de Canjadude (CCAÇ 5, Gatos Pretos)
Sobre a CCAÇ 5, vd. ainda:
23 de Janeiro de 2006 > Guiné 63/74 - CDLXXIV: O nosso fotógrafo em Canjadude (CCAÇ 5, 1973/74)
5 de Fevereiro de 2006 > Guiné 63/74 - CDXCIX: O ataque de foguetões a Canjadude, em Abril de 1973 (João Carvalho)
4 de Março de 2006 > Guiné 63/74 - DCIV: Os últimos dias de Canjadude (fotos de João Carvalho)
4 de Março de 2006 > Guiné 63/74 - DCV: A última noite em Canjadude (CCAÇ 5) (João Carvalho)
5 de Março de 2006 > Guiné 63/74 - DCVI: A dolce vita de Canjadude, até ao dia 27 de Abril de 1973 (João Carvalho)
6 de Março de 2006 > Guiné 63/74 - DCIX: Salazar Saliú Queta, degolado pelos homens do PAIGC em Canjadude (José Martins)
7 deAbril de 2006 > Guiné 63/74 - DCLXXX: CCAÇ 5 - Os Gatos Pretos de Canjadude (José Martins)
13 de Março de 2009 > Guiné 63/74 - P4028: FAP (17): Do Colégio Militar a Canjadude: O meu amigo Tartaruga, o João Arantes e Oliveira (Pacífico dos Reis)
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