Foto nº 1A > Guiné > Região de Cacheu > São Domingos > 1968 > Espaldão do morteiro 81.
Foto nº 1 > Guiné > Região de Cacheu > São Domingos > 1968 > Espaldão do morteiro 81.
Foto nº 2 > Guiné > Região de Cacheu > São Domingos > 1968 > Espaldão do morteiro 10.7 (tubo com estrias; o morteiro 81 tem a alma lisa...).
Foto nº 2A > Guiné > Região de Cacheu > São Domingos > 1968 > Pormenor do tubo do morteiro 10.7 (ampliando a imagem, vê-se que o tubo tem estrias, não é de alma lisa).
Foto nº 3 > Guiné > Região de Cacheu > São Domingos > 1968 >Abrigo morteiro 81. > Aqui dormima 3 homens e 1 cão rafeiro.
Foto nº 4 > Guiné > Região de Cacheu > São Domingos > 1968 > Apontador do morteiro 81. >
Foto nº 5 > Guiné > Região de Cacheu > São Domingos > 1968 > Sinulação de lançamento de uma granada de morteiro 81. > O Virgílio Teixeira mais o Pinto Rebolo (e não Rebelo...), "o Gordo"-
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Foto nº 6 > Guiné > Região de Cacheu > São Domingos > 1968 > O morteiro 81
Foto nº 16 > Guiné > Região de Cacheu > São Domingos > 1968 > Espaldão do morteiro 60 > O Virgílio Teixeira
Foto nº 17 > Guiné > Região de Cacheu > São Domingos > 1968 > Esp+aldão do morteiro 60 > O Virgílio Teixeira
Foto nº 18 > Guiné > Região de Cacheu > São Domingos > 1968 > O Virgílio Teixeira sentado no abrigo do morteiro 81-
Guiné > CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, set 1967/ ago 69 > Abrigos de morteiro
Fotos (e legendas): © Virgílio Teixeira (2018). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
1. Continuação da publicação do álbum fotográfico do Virgílio Teixeira (*), ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, set 1967/ ago 69); natural do Porto, vive em Vila do Conde, sendo economista, reformado; tem já cerca de 90 referências no nosso blogue.
Guiné 1967/69 - Álbum de Temas > T901 – AS NOSSAS ARMAS DE DEFESA > ARMAMENTO FIXO E MÓVEL > SÃO DOMINGOS E NOVA LAMEGO - Parte I
Caros companheiros e camaradas:
É com grato prazer que venho levar até vós, mais alguns temas, fotos, estórias e histórias de trabalho, lazer, convívios e copos de grande camaradagem com o pessoal, civil e militar, enfim passagens pelo nosso ex-CTIG, Comando Territorial e independe da Guiné.
O meu novo formato passa a ter um tema de base e a seguir juntando mais alguns outros que se possam encaixar no principal, sem deixar de cuidar este, e assim ‘vou-me libertando de tantas dezenas de fotografias’ que de uma só vez, seria difícil obter um bom resultado.
Em cada caso, faz-se um pequeno introito sobre o Tema, sobre a Unidade operacional à qual o autor pertenceu, o seu percurso, os meios disponíveis, o que foi feito e deixado por fazer, tendo sempre a consciência do dever cumprido, dentro do possível.
I - Anotações e Introdução ao tema:
O tema de hoje, tem a ver com o material de guerra, as nossas armas de defesa fixas e algumas transportáveis. Este é um assunto que apenas apresento como informação, nada tendo a ver com a minha actividade e função militar.
Fiz as fotografias possíveis, muito mais ficou por fazer, mas o que apresento é apenas uma ideia, quase completa do que era o nosso armamento.
Não faço aqui alusão às nossas armas pessoais, a Espingarda automática G3 ou a Pistola pessoal Walter, pois já todos conhecem.
Também não se apresentam os carros blindados, as Daimler, Panhard, Chaimites ou Fox, pois já foi objecto de um tema separado e só dedicado a essas armas terrestres.
Nas minhas passagens e do BCAÇ 1933, por Terras de Nova Lamego – Gabu, durante os 5 primeiros meses, pouco ou nada tenho, pois não estava ainda na minha mente andar à procura do armamento, e depois já era uma cidade maior com outros motivos para as ocupações de lazer.
Passou um mês em Bissau, aquartelados no Depósito de Adidos, e também não foi ideia procurar e fotografar os armamentos disponíveis.
Ficaram os meses restantes, cerca de 18 meses, num local isolado, pequeno, com quase nenhuns motivos de interesse e com muito tempo livre para fazer ‘nada’.
Então é aí que vou percorrendo alguns pontos de interesse, mas longe de passar por todos os locais com armas fixas e respectivos abrigos ou ninhos.
Seleccionei algumas fotos, para não sobrecarregar os Temas, para não se tornarem pesados, retirei as fotos pesadas em formato TIF, guardando para outros fins.
Este é um percurso pelos vários postos de abrigos e ninhos de metralhadoras, de poços ou espaldões dos Morteiros e outro armamento.
Algumas fotos não são nada boas, mas os espaços disponíveis eram assim, escuros, pequenos, feios, mas sempre com boa disposição.
Para os veteranos, e para aqueles que nunca foram nada, nem sequer militares, ficam estas imagens, singelas, mas para se perceber as condições muito difíceis em que muitos dos nossos sacrificados soldados, viviam ou apenas sobreviviam, em buracos.
Espero que gostem, pois para mim já ficava por satisfeito.
II – Introdução às Legendas:
Nota:
O primeiro parágrafo da legendagem explica o que significa a foto. Já nos seguintes, são notas e observações que faço em relação à história e contexto de cada foto no seu tempo.
As fotos são numeradas e seguidas por ordem, por vezes saltando alguns números para deixar folgas para novas fotos, e estão legendadas, seguindo uma ordem mais ou menos cronológica, quando possível, a ter em atenção alguns pontos:
Assim:
A descrição é sintética, lembra Quando, Como, Onde, O quê.
- Algumas têm apenas o ano, quando não é possível identificar a data certa;
- Outras podem conter o mês e ano, quando não é possível determinar o dia;
- Algumas dizem o dia certo, pois isso está escrito na foto ou em qualquer lugar.
Os locais dos eventos, normalmente são:
- Nova Lamego, NLamego – Abreviatura de Nova Lamego, NL – Sigla mais pequena de NL
- São Domingos, SDomingos – Abreviatura de São Domingos, SD – Sigla de São Domingos
III - Legendas das fotos:
F01 – O poço, ou espaldão como também se designam, e o abrigo de um Morteiro 81.
Junto ao poço, aberto em frente à messe de oficiais, ao lado do armazém de medicamentos, em frente aos armazéns de víveres, estava tudo muito concentrado.
Tinha como protecção, uma fileira abaixo do piso, com bidons vazios de gasolina, depois cheios com cascas de ostras, terra, algum cimento e está uma fortaleza. Outra barreira dos mesmos bidons, a proteger as traseiras do abrigo, não faltando como é claro, o insubstituível garrafão de vinho, empalhado, mas de certeza já vazio.
O poço é um buraco aberto no terreno, com a altura de um homem, e um diâmetro que posso calcular em dois metros. O morteiro é colocado no centro do buraco, com possibilidades de rodar e fazer fogo a longa distância em direcção ao IN.
Utiliza como projéctil, uma granada de morteiro, de diâmetro 81 com carga explosiva.
O mais trágico e doloroso, é que as munições – as granadas – estão também elas no mesmo buraco, pois a seguir ao poço aberto, fazem-se galerias debaixo do solo, de comprimento grande, onde são armazenadas as granadas.
E para além disso, estão as instalações dos municiadores e operadores do Morteiro, por ali vão vivendo o seu tempo debaixo de terra. Acho que são 3 os operadores, mas não tenho a certeza. Fui lá abaixo ver com os meus olhos aquelas condições desumanas onde viviam alguns militares, homens como eu e como os outros.
Para acabar, caso o IN nas suas flagelações acertasse com uma granada dos seus morteiros 82, ou de bazookas ou de canhão sem recuo, dentro do poço, é óbvio que aquilo ia tudo pelos ares, abrigo, munições e todo o pessoal que lá se encontrava. Não soube se aconteceu.
Foto captada em São Domingos durante o ano de 1968.
F02 – Aspecto de um Morteiro 81, no respectivo poço ou espaldão, e abrigo. Foto captada em São Domingos durante o ano de 1968.
F03 – Aspecto de uma vivenda de luxo para 3 pessoas, plantada no meio de nada. Poço de morteiro 81. Visualização de longe, os contornos e a miragem!
A pequena elevação que se vê está suportada em troncos de palmeira, depois cheios de cascas de ostras ou outros materiais, terra vermelha e massa, e talvez algum cimento. Aquele espaço está ocupado com as camas de ferro onde dormem ou descansam os 3 homens.
Curiosamente têm a companhia ou a guarda de um cão rafeiro que por ali se passeia sem trela, ainda não eram como hoje tratados quase como seres humanos!
Foto captada em São Domingos durante o ano de 1968.
F04 – O Morteiro 81 vai mandar uma ‘ameixa’ para o IN.
Trata-se de uma cena para uma fotografia apenas, o IN não está à vista.
Este Soldado ou Cabo, tantas vezes lá fui, e não sei o Estatuto dele, pois nunca andava vestido, só de calções. É o apontador e municiador do Morteiro, era um gajo porreiro, uma pena que tenho é desconhecer o nome dele. Ele pertence ao nosso Batalhão, não tem nada a ver com o Pelotão de Morteiros de Nova Lamego.
Ele não conhece estas fotos, pois são de slides, as de cor, e esses nunca mostrei a ninguém, pois só mandava revelar o rolo nas férias ou no final da comissão.
Foto captada em São Domingos durante o ano de 1968.
F05 – Tentativa de mandar uma morteirada para o outro lado.
É uma foto apenas, sou eu e o meu Furriel do Conselho de Administração – o Pinto Rebolo – mais conhecido pelo Gordo – era assim que já era tratado no antigo Instituto Comercial do Porto. Fomos muito amigos, ele veio e encontramo-nos muitas vezes no Porto, era Delegado de Propaganda Médica, depois formou-se em Direito e exerceu advocacia. Acho que tem um problema grave, mas vai aparecendo nos almoços do batalhão.
Foto captada em São Domingos durante o ano de 1968.
F06 – Abrigo, poço e Morteiro 81, noutro local.
Já vi esta foto várias vezes e tentei compará-la, parece mais um Morteiro 60, por causa do Prato, mas depois ampliando acabo por reconhecer o 81mm. Foto captada em São Domingos durante o ano de 1968.
F16 – Abrigo e Morteiro 60.
Trata-se de um Morteiro 60, pois a base do prato é pequena, utilizado mais em operações externas, e transporte aos ombros, com os projécteis a serem transportados ou carregados por outros militares.
Foto captada em São Domingos durante o ano de 1968.
F17 – Poço. Abrigo e Morteiro 60mm.
Nota:
A foto enviada tem a repetição do nº 16 (anterior). Esta é de 1969 a cores.
Trata-se de mais um abrigo e poço de morteiro 60mm, resguardado em condições miseráveis, sem o mínimo de dignidade. Basicamente é um poço aberto, de menos de 2m de diâmetro, suportado com uma estrutura de troncos de palmeira, terra amassada e cascas de ostras.
Como se vê é tudo muito básico, novamente os bidões vazios de gasolina, cheios também com terra vermelha amassada, e as inevitáveis e omnipresentes ‘cascas de ostra’ que sendo tão duras fazem um excelente ‘abrigo’ contra morteiros e bazucas.
Podem ver-se os dormitórios enterrados no solo, para os operadores das armas.
Foto captada em São Domingos durante o 1º. Trimestre do ano de 1969.
F18 – Um ‘poço-abrigo’ do Morteiro 81mm, visto do lado de fora, com uma precariedade de bradar aos céus.
Trata-se de uma foto, tirada do outro lado, não de dentro, mas visto de fora, demonstrando a fragilidade com que tudo era feito, com o aproveitamento integral das matérias disponíveis sem recurso a grandes gastos.
Os bidões são as sobras depois de esgotada a gasolina que transportam, são de chapa e com alguma resistência. Depois são cheios com cascas de ostras, que são os restos do que fica depois de comer o conteúdo, é um aproveitamento integral dos restos, com impacto ambiental. Tudo misturado com a terra vermelha, bem amassada e regada com uma mistura de água e cimento, e está feito. Para o restante há as coberturas feitas com troncos de palmeira, são matéria-prima local, é só cortar e entrelaçar os toros, cobertos com a mesma coisa que os bidões, e tudo feito a custo zero, com a força de braços dos nossos rapazes.
Foto, com data, captada em São Domingos no dia 23 de Agosto de 1968.
«Propriedade, Autoria, Reserva e Direitos, de Virgílio Teixeira, Ex-alferes Miliciano do SAM – Chefe do Conselho Administrativo do BATCAÇ1933/RI15/Tomar, Guiné 67/69, Nova Lamego, Bissau e São Domingos, de 21SET67 a 04AGO69».
NOTA FINAL DO AUTOR:
As legendas das fotos em cada um dos Temas dos meus álbuns, não são factos cientificamente históricos, por isso podem conter inexactidões, omissões e erros, até grosseiros. Podem ocorrer datas não coincidentes com cada foto, motivos descritos não exactos, locais indicados diferentes do real, acontecimentos e factos não totalmente certos, e outros lapsos não premeditados. Os relatos estão a ser feitos, 50 anos depois dos acontecimentos, com material esquecido no baú das memórias passadas, e o autor baseia-se essencialmente na sua ainda razoável capacidade de memória, em especial a memória visual, mas também com recurso a outras ajudas como a História da Unidade do seu Batalhão, e demais documentos escritos em seu poder. Estas fotos são legendadas de acordo com aquilo que sei, ou julgo que sei, daquilo que presenciei com os meus olhos, e as minhas opiniões, longe de serem ‘Juízos de Valor’ são o meu olhar sobre os acontecimentos, e a forma peculiar de me exprimir. Nada mais.
Acabadas de legendar, hoje,
Em, 2018-10-05
Virgílio Teixeira
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Nota do editor:
Último poste da série > 7 de outubro de 2018 >
Guiné 61/74 - P19078: Álbum fotográfico de Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) - Parte XLVI: Fortaleza da Amura, Quartel-General, Bissau, junho de 1969.