Fonte: You Tube > Foundation Chimbo > 15/8/2016 > Vídeo 9' 26'' (*)
Vd. também página do Facebook Stiching Chimbo
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Imagens selecioandas e tratadas por L.G.
I. Segundo o sítio da Chimbo Foundation (a pequena ONGD, holandesa, criada em 2007 para defender os chimpanzés do Boé,), há quatro grandes tipos de ameaças ao nosso "dari" (como o povo chama ao chimpanzé do Cantanhez).
Na nomenclatura científica, esta subespécie, o chimpanzé da África Ocidental. designa-se por Pan troglodytes verus.
Podemos acrescentar um quinto factor, que até ao momento tem uma função protetora: a crença (animista) no grande Irã que vive nas florestas sagradas.
1. A caça
Existem muitos caçadores furtivos na Guiné-Bissau. Mas a caça de macacos e chimpanzés, para obtenção de carne selvagem (“bushmeat”), é aqui, no Boé, relativamente pouco frequente, porque a população muçulmana local, fula, não come carne de macaco.
3. Crescimento populacional
A população (humana) do Boé está a crescer rapidamente. As estimativas apontam para 12 mil pessoas, a viver em dezenas de tabancas (, entre 50 a 85 tabancas). Para os especialistas, estes valores são já incomportáveis, ultrapassando o limiar da sustentabilidade do Boé.. Além disso, várias novas tabancas foram fundadas na região central da Boé que, durante muto tempo, foi praticamente uma região desabitada.
No entanto, as gerações mais jovens não respeitam esse tabu alimentar tanto quanto os mais velhos.
Além disso, a caça furtiva está a aumentar na Guiné-Conacri. A população local observa que os chimpanzés e macacos estão sendo caçados, mais do que nunca no Boé, para venda como animais de estimação (“pets”).
2. A bauxite
Projeções recentes indicam que existem pelo menos 100 milhões de toneladas de reservas de bauxite no Boé. Pode parecer muito, mas não é nada em comparação com as enormes reservas da vizinha Guiné Conacri (as maiores do mundo, estimadas em 7,4 mil milhões de toneladas.)
A bauxite é uma rocha sedimentar com alto teor de alumínio, com múltiplas aplicações. O vocábulo vem de “baux”, topónimo, mais “ite”. Foi no sul da França, o Midi, na aldeia de Les Baux-de-Provence, que a bauxite foi descoberta, em 1821, pelo geólogo Pierre Berthier.
A Guiné-Conacri (ou a Guiné, “tout court”, de acordo com a sua designação oficial), foi uma antiga colónia francesa, e tem um longo historial no campo da extração da bauxite, possuindo “know how” e infraestruturas que a Guiné-Bissau não tem.
Por enquanto, e até agora, a extração de bauxite em larga escala no Boé não tem sido, felizmente para os chimpanzés e outras espécies animais em estado selvagem, uma opção, economicamente rentável, para as empresas mineiras ocidentais. Mas, em qualquer momento, esta situação pode ser revertida. De resto, a vizinha Guiné é o segundo maior produtor mundial de bauxite, logo a seguir à Austrália.
De qualquer modo é importante que a opinião pública, a nível mundial, continental, regional, nacional e local, saiba que a eventual exploração da bauxite teria um tremendo impacto na região do Boé, santuário dos chimpazés uma espécie ameaçada... E não é uma espécie qualquer: são primtas como nós, e são os que estão mais próximos de nós, em termos genéticos e da evolução...
A bauxite é uma rocha sedimentar com alto teor de alumínio, com múltiplas aplicações. O vocábulo vem de “baux”, topónimo, mais “ite”. Foi no sul da França, o Midi, na aldeia de Les Baux-de-Provence, que a bauxite foi descoberta, em 1821, pelo geólogo Pierre Berthier.
A Guiné-Conacri (ou a Guiné, “tout court”, de acordo com a sua designação oficial), foi uma antiga colónia francesa, e tem um longo historial no campo da extração da bauxite, possuindo “know how” e infraestruturas que a Guiné-Bissau não tem.
Por enquanto, e até agora, a extração de bauxite em larga escala no Boé não tem sido, felizmente para os chimpanzés e outras espécies animais em estado selvagem, uma opção, economicamente rentável, para as empresas mineiras ocidentais. Mas, em qualquer momento, esta situação pode ser revertida. De resto, a vizinha Guiné é o segundo maior produtor mundial de bauxite, logo a seguir à Austrália.
De qualquer modo é importante que a opinião pública, a nível mundial, continental, regional, nacional e local, saiba que a eventual exploração da bauxite teria um tremendo impacto na região do Boé, santuário dos chimpazés uma espécie ameaçada... E não é uma espécie qualquer: são primtas como nós, e são os que estão mais próximos de nós, em termos genéticos e da evolução...
Do ponto de vista da proteção da natureza, teria consequências altamente negativas, porque as melhores reservas de bauxite estão localizados justamente em pleno coração dos habitats dos chimpanzés.
3. Crescimento populacional
A população (humana) do Boé está a crescer rapidamente. As estimativas apontam para 12 mil pessoas, a viver em dezenas de tabancas (, entre 50 a 85 tabancas). Para os especialistas, estes valores são já incomportáveis, ultrapassando o limiar da sustentabilidade do Boé.. Além disso, várias novas tabancas foram fundadas na região central da Boé que, durante muto tempo, foi praticamente uma região desabitada.
Os velhos costumes e tabus estão, por um lado, a desaparecer. Mas, por outro, é compreensível que os novos (e os velhos) habitantes procurem melhorar o seu nível de vida. Para a a região do Boé, isso significa mais agricultura, mais pecuária, algumas lojas e até um “hotel”, à beira da estrada, com quartos para alugar.
Em consequênbcia, há um aumento das atividades de caça e caça furtiva. E os pobres dos chimpanzés estão entre os animais que estão sendo caçados ou aprisionados.
4. Construção de estrada
Um quarto factor de risco, ou ameaça para a vida selvagem, é a construção de estradas,
Como parte do "desenvolvimento regional"#, há planos para construir uma estrada alcatroada que passará em pleno coração do Boé. Este tipo de melhoria das acessibilidades traz consigo o o risco da depredação acelerada dos recursos do Boé, e a sua venda para as áreas mais densamente povoadas dos países vizinhos, a Guiné e o Senegal.
5. As florestas sagradas e o grande irã
O tradicional respeito do guineense pela "floresta sagrada" onde vive o "grande irã", é uma concepção animista que tem grande valor socioeclógico. E joga a favor da proteção dos chimpanzés., tanto no Boé como no Cantanhez. Resta saber até quando...
5. As florestas sagradas e o grande irã
O tradicional respeito do guineense pela "floresta sagrada" onde vive o "grande irã", é uma concepção animista que tem grande valor socioeclógico. E joga a favor da proteção dos chimpanzés., tanto no Boé como no Cantanhez. Resta saber até quando...
[Tradução e adapt. livre de LG. Fonte: Chimbo.org]
Caro Luis Graça,
Nunca ouvi falar e não sei nada da Fundação Chimbo, sei que algumas entidades estrangeiras estiveram envolvidas num projecto ligado aos Chimpanzés de Boé e que tinham antenas em algumas localidades como Beli e Lugajol.
Quanto aos recursos naturais já identificados há algum tempo para cá, ainda os Grandes Irãs do território não autorizaram a sua exploração e, eu digo, ainda bem que é assim.
A bauxite, o mais antigo de todos os recursps, ainda não foi tocada. Depois de vários estudos, os Angolanos foram os primeiros a tentar fazer alguma coisa em concreto em meados de 2010/12, mas esta operação que incluia a construç~so de um porto no rio grande de Buba, resultou no derrube do Governo do Carlos Gomes Júnior em 2012 e a expulsão dos militares Angolanos do MISSANG.
Os negócios da exploração do fosfato em Farim estão envolvidos num grande nevoeiro que ninguém compreende, implicando varias empresas estrangeiras e interesses nacionais que compram e de seguida vendem o negócio a outros mais ousados ou menos atentos.
O Petroleo Off-Shore é uma miragem cada vez mais longínqua e a historia da partilha de recursos com o Senegal está em águas de bacalhau.
Num país tao instável e frágil como a Guiné-Bissau, com a situaçãoo geopolitica cada vez mais complicada, o melhor que pode acontecer mesmo é não aparecer motivos de pôr mais lenha na fogueira, pois poderia ser catastrófico tentar acordar tantos dem+onios ao mesmo tempo.
As hienas capitalistas nunca dormem e a ganância dos africanos é proporcional à sua ignorância. Veja-se o que está a acontecer em Moçambique com as recentes descobertas de Gaz no Norte, com centenas de pessoas massacradas em tão pouco tempo.
Um abraço amigo,
Cherno Baldé
Um abraço amigo,
Cherno Baldé
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Nota do editor:
(*) Último poste da série > 17 de junho de 2020 > Guiné 61/74 - P21083: Fauna & flora (14): Os chimpanzés (Pan troglodytes verus) do Boé: o trabalho da Fundação Chimbo
(*) Último poste da série > 17 de junho de 2020 > Guiné 61/74 - P21083: Fauna & flora (14): Os chimpanzés (Pan troglodytes verus) do Boé: o trabalho da Fundação Chimbo
Vd. também postes de:
8 de março de 2007 > Guiné 63/74 - P1575: A TSF no Cantanhez, com uma equipa de cientistas portugueses, em busca do Dari, o chimpanzé (Luís Graça / José Martins)
21 de novembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16744: Em bom português nos entendemos (15): Comer macaco, não obrigado... "Santchu bai fika na matu"... E cão ("kakur") fica com o dono, no restaurante em Bissau... Ajudemos a salvar os primatas da Guiné... O "santchu", o "dari"..., ao todo são 10 primatas que correm o risco de extinção se os hominídeos continuarem a destruir o seu habitat e a fazer deles um petisco...
13 de novembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16713: Inquérito 'on line' (83): Pelo menos mais de metade dos respondentes, até agora, dizem que "nunca comeram macaco-cão"... A proporção é mais elevada aqui, no blogue (63%), do que na página do Facebook (55%)... No blogue é que importa responder.... Até 5ª feira, às 7h32, faltam 26 para chegar às 100 respostas...
3 de dezembro de 2019 > Guiné 61/74 - P20411: Pequeno dicionário da Tabanca Grande, de A a Z (6): edição, revista e aumentada, Letras D/E