sábado, 4 de janeiro de 2025

Guiné 61/74 - P26349: Tabanca dos Emiratos (13): Visita nas férias de Natal ao antigo Ceilão, a Taprobana de "Os Lusíadas", hoje Sri Lanka (Jorge Araújo) - Parte I

 

Banda desenhada infantil "Portuguese in Sri Lanka: part two: their exploits" (em inglês). Texto. Hashana Bandara; ilustração: Saman Kalubowila. (Sumitha Publishers. s/d., s/l. 24 pp.)  Fonte: Poth Pancha, Panadura, Sri Lanla: uma livraria "on line" para crianças com menos de 12 anos  (Imagem reproduzida com a devida vénia...)

A primeira estrofe de "Os Lusíadas" do Luís Vaz de Camões, cujos 500 anos do seu nascimento estamos a comemorar, começa justamente por fazer uma referència ao antigo Ceilãpo, a Taprobana, dos gregos e dos romanpos:  "As armas e os barões assinalados / Que da ocidental praia Lusitana / Por mares nunca de antes navegados / Passaram ainda além da Taprobana / Em perigos e guerras esforçados / Mais do que prometia a força humana / E entre gente remota edificaram / Novo Reino, que tanto sublimaram". (JA/LG) 


Foto nº 1 > Ceilão > 20 de dezembro de 2024 > Aeroporto de Colombo, a capital  (uma cidade fundada pelos portugueses, no séc. XVI). O atual Sri Lanka tornou-se indepente, pacificamente, em 1948: estava desde o séc. XVIII sob o domínio da coroa britànica.



Foto nº 2 > Ceilão > 20 de dezembro de 2024 > Sigiriya, na região Norte



Foto nº 3  > Ceilão > 20 de dezembro de 2024 >  Jipe das picadas na região de  Sirigiya

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Foto nº 4 > Ceilão > 20 de dezembro de 2024 > Elefante na região de Sigiriya, na região Norte




Foto nº 5 > Ceilão > 20 de dezembro de 2024 > Mais elefantes na região de Sigiriya


Foto nº 6 >  Ceilão >20 de dezembro de 2024 > A picada dos elefantes


Foto nº 7 e 7A >  Ceilão >20 de dezembro de 2024 > Canoas de  passeio para os turistas


Foto nº 8 > Ceilão >20 de dezembro de 2024 > Mesa com vários alimentos para o almoço, em casa rural


Foto nº 9 > Ceilão >20 de dezembro de 2024 >  Cozinha, onde se confeccionam os alimentos (A Maria João à esquerda.)


Foto nº 10 > Ceilão >20 de dezembro de 2024 >   Espaço exterior ao local onde se tomam as refeições



Foto nº 11 > Ceilão >20 de dezembro de 2024 > "Bolanha" de arroz 


Foto nº 12 > Ceilão >20 de dezembro de 2024 >   A estação de comboios de Badulla (1)


Foto nº 13 > Ceilão >20 de dezembro de 2024 >   A estação de comboios de Badulla (2)



Foto nº 14 > Ceilão >20 de dezembro de 2024 >   A estaçáo de comboios de Badulla (3)



Fotos (e legenda): © Jorge Araújo (2024). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].



Jorge Araújo, ex-fur mil op esp / ranger, CART 3494 / BART 3873 (Xime e Mansambo, 1972/1974); nosso coeditor, a viver há uns anos entre Almada e  Abu Dhabi, Emiratos Árabes Unidos. É um dos nossos coeditores. Como autor, tem mais de 335 referências no nosso blogue. Tem várias séries: "Tabanca dos Emiratos", "Memórias cruzadas...", "(D)o outro lado combate"...



1. A escassas semanas de completar 520 anos do início da conquista e ocupação do então Ceilão pelos portugueses, aproveitamos as férias da atividade académica para visitar este país do sul da Ásia, no Oceano Índico, tendo Colombo por capital. (População estimada; 22 milhões de habitantes; superfície: 65,6 mil km2.)

Este é um destino muito procurado pelos estrangeiros residentes  nos Emiratos Árabes Unidos (EAU).

Neste contexto e de modo a simbolizar o período das Festas Natalícias, envio algumas "rabanadas recheadas de história", sobre a presença dos lusitanos nesta região, em particular na agora República Democrática  Socialista do Sri Lanka, seguida de imagens desta minha nova "comissão de serviço".

Segundo consta na literatura consultada (Enciclopédia de História Inglesa), o primeiro português a alcançar esta ilha, foi o capitão-mor Lourenço de Almeida (Martim, c. 1480 - Chuil, Índia. 1508),  único filho varão de Francisco de Almeia (Lisboa, c. 1450 - Baía de Saldanha, costa sul-ocidental da África do Sul,  1 de março de 1530).(Foi o primeiro vice-rei da  Índia Portuguesa, 1505-1509).

Lourenço de Almeida tornou-se capitão-mor, ao serviço do pai, e em 1505 foi incumbido,  por ele, da missão de interceptar uma frota moutra, carregada de especiarais, que navegava pelo Oceano Índico. Por motivo de uma tempestadae, a sua embarcação saiu da rota pretendida, acabando por aportar no Ceilão, na cidade de Galle, na costa sul. (Ceilão, também conhecida por Taprobana, na antiguidade clássica e na idade média.)

O capitão-mor Lourenço de Almeida procurou manter relações  conmerciais amistosas e cordiais com o rei de Cota,  Dharmaparakrama Nahu - a quem inclusive chegou a oferecer proteção militar em troca de de um tributo anual, pago em canela (uma especiaria de alto calor  comercial na Europa de então).

Este foi o primeiro passo dado rumo à consolidação do predomínio comercial e político lusitano naquela região, tendo culminado em 1518 quando o rei de Cota  outorga aos portugueses a autorizaçáo para erigir um forte na cidade portuária de Colombo,  bem como um rol de concessões especiais que lhes conferiam o direito de ezxercer actividades na ilha. 

O Ceilão passou, assim,  a integrar a esfera de influência colonial de Lisboa, tendo aí permanecido até meados do séc. XVII.

Após a  construção do forte na cidade portuária de Colombo, os portugueses estenderam gradualmente o seu controlo sobre as áreas costeiras, nomeadammnete a Norte. Em 1592, após guerras intermitentes  com os portugueses, o rei mudou a capital do seu reino para a cidade interior de Kandy, um local que ele considerou mais seguro contra ataques. 

Em 1619, sucumbindo aos ataques dos portugueses, chegaria ao fim a existência independente do Reino de Jaffna.

Durante o reinado de Rajasinghe II (1629-1687), exploradores holandeses chegaram à ilha. Em 1638, o rei assinou um tratado com  Companhia Holandesa das Índias Orientais para se livrar dos portugueses, que governavam a maior parte das áreas costeiras. 

A guerra holandesa-portuguesa que se seguiu, resultou numa vitória holandesa. Colombo cairia nas mãos dos holandese em 1656.

Foi exatemente por Colombo que começámos, depois de termos aterrdo no Aerporto Internacional Bandarnaike, criado em 1944, em plena II Guerra Mundial, como uma base aérea da Real Força Aérea do Reino Unido. A conversão para aeroporto civil foi completada em 1967. 

De seguida apresentaremos algumas das imagens mais emblemátias desta nossa nova "comissão de serviço" (Ver fotos acima.)

(Continua)

(Revisão / fixação de texto, seleção e edição das fotos, título: LG)

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Nota do editor:

Último poste da série > 22 de outubro de 2024 > Guiné 61/74 - P26067: Tabanca dos Emiratos (12): "Prova de vida" (Jorge Araújo)

Guiné 61/74 - P26348: Humor de caserna (91): O anedotário da Spinolândia (XIV): "Vão-se todos vestir com a roupa que tinham quando viram o helicóptero!"... (Mário Gaspar, ex-fur mil art, MA, CART 1659, Gandembel e Ganturé, 1967/69)


1. Excerto do poste P12412(*), de Mário Gaspar:

(...)  A CART 1659, "Zorba", só conheceu dois governadores, o General Arnaldo Schulz e o Brigadeiro António de Spínola. Só este último nos visitou – e por duas vezes. – mas, na segunda vez, discursou depois de formada a Companhia:

− Vão-se todos vestir com a roupa que tinham quando viram o helicóptero!

E assim sucedeu, depois de destroçarmos todos, rapidamente surgimos, de calções, tronco nu, chinelos e cabeça destapada.

 Continuou o discurso e, já no fim, um soldado perguntou quando terminávamos a comissão, já que nos tinham prometido sairmos ao fim de 18 meses se terminássemos de fazer o cais, e este já se encontrava funcional há muito tempo. 

António de Spínola respondeu:

Não venho fazer promessas. Venho pedir mais privações e sacrifícios! (...) (**)

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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 8 de dezembro de 2013 > Guiné 63/74 - P12412: Tabanca Grande (413): Mário Vitorino Gaspar, ex-Fur Mil Art, MA da CART 1659 - Zorba (Gadamael e Ganturé, 1967/68)


Vd, também poste de 19 de junho de 2024 > Guiné 61/74 - P25657: Humor de caserna (68): O anedotário da Spinolândia (XIII): na ilha das Cobras, a ementa hoje é... cabrito com ostras... V. Exas são servidas ?

Guiné 61/74 - P26347: A Nossa Poemateca (6): Adeus, de Eugénio de Andrade ("Os Amantes Sem Dinheiro", 1950) (escolha de Mário Vitorino Gaspar, ex-fur mil art, MA, CART 1659, Gadamael e Ganturé,1967/69)


Mário Gaspar
1, A escolha é do Mário Vitorino Gaspar,
(ex-fur mil art MA, CART 1659, Gadamael e Ganturé, 1967/68); lapidador de diamantes reformado, cofundador e antigo dirigente da Associação APOIAR; ele próprio leitor e cultor de poesia, porque "ler poesia faz bem ao cérebro"; tem c. 140 referências no nosso blogue; ingressou na Tabanca Grande em 8/12/2013.


Adeus
por Eugénio de Andrade  






Já gastámos as palavras pela rua, meu amor,
e o que nos ficou não chega
para afastar o frio de quatro paredes.
Gastámos tudo menos o silêncio.
Gastámos os olhos com o sal das lágrimas,
gastámos as mãos à força de as apertarmos,
gastámos o relógio e as pedras das esquinas
em esperas inúteis.

Meto as mãos nas algibeiras e não encontro nada.
Antigamente tínhamos tanto para dar um ao outro;
era como se todas as coisas fossem minhas:
quanto mais te dava mais tinha para te dar.

Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes.
E eu acreditava.
Acreditava,
porque ao teu lado
todas as coisas eram possíveis.

Mas isso era no tempo dos segredos,
no tempo em que o teu corpo era um aquário,
no tempo em que os meus olhos
eram realmente peixes verdes.
Hoje são apenas os meus olhos.
É pouco, mas é verdade,
uns olhos como todos os outros.

Já gastámos as palavras.
Quando agora digo: meu amor,
já não se passa absolutamente nada.
E, no entanto, antes das palavras gastas,
tenho a certeza
de que todas as coisas estremeciam
só de murmurar o teu nome
no silêncio do meu coração.

Não temos já nada para dar.
Dentro de ti
não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão gastas.

Adeus.


Eugénio de Andrade
in "Os Amantes sem Dinheiro" (1950)


Eugénio de Andrade, pseudónimo literário de José Fontinhas (Fundão, 1923 — Porto, 2005). Tem mais de 40 títulos publicados, em poesia, em prosa e em obras de tradução. Um dos poetas maiores, portugueses, do séc. XX. Dos mais lidos e traduzidos, Entre muitos prémios, recebeu o Camões em 2001. Por razões profissionais ( era inspector administrativo dos Serviços Médico-Sociais da Caixa de Previdência, 1947-1983), adotou o Porto como a sua cidade, a partir de 1950.

Para saber mais, ver Biblioteca Digital Eugénio Andrade

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Nota do editor:

Último poste da série > 2 de janeiro de 2025 > Guiné 61/74 - P26335: A Nossa Poemateca (5): Romance de Tomasinho Cara-Feia, de Daniel Filipe (Ilha da Boavista, 1925-Lisboa, 1964 ) (escolha de Alberto Branquinho, ex-alf mil, CART 1689,1967/69)

Guiné 61/74 - P26346: Os nossos seres, saberes e lazeres (661): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (186): O que é próprio do traço vivo é ser justo e trair. Trai o que desconhece (Júlio Pomar dixit) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 2 de Janeiro de 2025:

Queridos amigos,
Júlio Pomar entrou na minha vida quando me fiz sócio da Cooperativa Gravura, pagava-se sete escudos e meio por trimestre, no fim do primeiro ano recebi uma gravura de Júlio Pomar, Mulher Reclinada; uma das prendas de casamento que recebi do meu padrinho de batismo foi uma gravura dele premiada pela Gulbenkian em 1961, e tenho procurado conhecer tudo quanto ele concebeu em azulejo, cerâmica, desenho, pintura e outros materiais. Há dias, visitando um antigo administrador do Metropolitano de Lisboa, um homem que vai a caminho dos 99 anos, levamos 50 anos de amizade, falámos deste trabalho inspirador de Pomar no Alto dos Moinhos, da serigrafia do Cupido, uma prenda com que me regalou. Vim a esta exposição com uma enorme tentativa, do princípio ao fim badalava-me uma frase de um outro grande artista plástico que me privilegiou com a sua amizade, Rolando Sá Nogueira: "O mais tormentoso, onde tudo arrisco pelo que se vai seguir é o primeiro traço do lápis, o espaço que ele vai ocupar, a forma que vai criar, em segundos eu terei a oportunidade de saber se naquele momento a inspiração está do meu lado ou se houve uma tentativa frustrada, inconsequente." E lembrei-me, igualmente, das observações que João Castel-Branco Pereira publicou da arte de Pomar na estação de metropolitano de Alto dos Moinhos, o génio plantado em azulejo. E como se escreve no folheto oferecido ao visitante desta soberba exposição, o próprio depoimento de Pomar: "Paredes ao alcance de mão vândala excluem toda a hipótese de pintura, dama de pele sensível e carnes frágeis. O revestimento cerâmico aparece naturalmente como solução ótima. O desenho linear pratiquei-o sempre e neste se tem acentuado ao longo dos anos, o cursivo da escrita." Por favor, dentro das vossas possibilidades, não percam esta exposição!

Um abraço do
Mário


Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (661):
O que é próprio do traço vivo é ser justo e trair. Trai o que desconhece (Júlio Pomar dixit)

Mário Beja Santos

O Atelier-Museu Júlio Pomar (Rua do Vale, 7, descendo a Calçada do Combro, ao fundo, à direita, como se fôssemos para a Igreja de Nossa Senhora das Mercês, antiga Igreja de Jesus, ao lado da Escola Secundária Passos Manuel) tem uma exposição patente até 20 de fevereiro intitulada De um traço, trai, uma exposição que mostra uma alargada seleção de desenhos que Pomar realizou sobre papel vegetal. De diferentes formatos, estes desenhos serviram de suporte, de estudo ou de esboço a composições realizadas em projetos de arte para o espaço público: estação de metropolitano Alto dos Moinhos, estação ferroviária de Corroios, Tribunal da Moita, espaço exterior da Fundação Champalimaud, Circo de Brasília, entre outros. Como se pode ler no folheto disponibilizado ao visitante, Pomar “Parte de um processo de estudo para chegar às composições finais, estes desenhos reclamam, ao mesmo tempo, uma autonomia face às mesmas. Eles revelam qualidades próprias, intensidades e pontos de vista irrepetíveis em cada registo. Com eles, revelam-se caminhos, aventuras em que o pinto se lançou e metodologias, como por exemplo os grandes formatos e as sobreposições, permitidas pelas folhas de papel vegetal (…) Os desenhos de Júlio Pomar surgem da rapidez do traço e essa rapidez resulta, certamente, de uma prática continuada e diária do desenho. Significa que rapidez e intuição estão, no caso de Júlio Pomar, radicadas em treino profundo, duradouro, consistente. E, se de uma assentada o traço sai, outras vezes haverá em que a posição ou a intensidade do traço é corrigida; o traço é refeito.” Haverá mais comentários durante a viagem, o melhor é mesmo entrar na exposição, nesta esplêndida atmosfera que é obra de um amigo de Pomar, Siza Vieira.

Desenhos para o Julgamento de Salomão, sobre papel vegetal montado em tela, 1993, obra destinada ao Tribunal da Moita
Desenho exposto no chão, para uma obra delineada para uma infraestrutura
Estudo para o painel de azulejos do Gran Circo Lar de Brasília (removido em 1999)
Pormenor do Atelier-Museu, conceção de Siza Vieira
Retrato de Dante Alighieri, acrílico e pastel, reproduzido em A Divina Comédia, tradução de Vasco da Graça Moura, 2006
Outro pormenor do Atelier-Museu Júlio Pomar
Desenhos de Almada Negreiros. Fotografia, à direita, da estação do metropolitano Alto dos Moinhos
Um dos muitos desenhos que Júlio Pomar fez de Fernando Pessoa
Retrato de António Champalimaud, carvão sobre papel vegetal, 2016
Estudo para os painéis de azulejo da estação de metropolitano Alto dos Moinhos, 1983
Desenhos de animais elaborados para a estação do metropolitano Alto dos Moinhos (camelos, elefantes e gaivota)
Bocage, estudo para os painéis de azulejo da estação de metropolitano Alto dos Moinhos, 1983
Esculturas metálicas baseadas no Ciclo do Tigre, à porta do Atelier-Museu Júlio Pomar

O visitante tem à sua disposição a visualização de um filme em que Pomar tece comentários à exposição que fizera na Gulbenkian em 1984, isto a propósito do seu trabalho para o Metropolitano de Lisboa. Retenha-se um desses comentários: “ver o que está em cada traço, que se sucede, se sobrepõe, eliminando ou ajuntando dentro de uma economia que eu gostaria que fosse condição do poder da expressão. Um mínimo de traços, um mínimo de elementos em jogo, é para mim a condição do máximo desejado da especificidade.” Pomar dirá noutro contexto: “Eu só poderia, e só isso me tentava, fazer o que até aqui tenho feito – soltar imagens. Suponho que, também, era isso que de mim se esperava.”
Voltando ao folheto que se distribui aos visitantes, uma outra anotação, como ponto final a esta visita: “Esta exposição procura mostrar o processo desenvolvido por Júlio Pomar até chegar a obra final, que hoje habita o espaço público: o seu traço limpo e espontâneo é, afinal, decorrente de várias tentativas para cercar cada figura, de movimentos de aproximação e distância em relação ao papel e ao plano onde está assente.”
Exposição imperdível, tenho para mim que Júlio Pomar foi o mais talentoso dos nossos artistas plásticos destes dois séculos que me foi dado viver.

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Nota do editor

Último post da série de 28 de dezembro de 2024 > Guiné 61/74 - P26321: Os nossos seres, saberes e lazeres (660): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (185): From Southeast to the North of England; and back to London (5) (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P26345: Humor de caserna (90): teimoso... que nem um burro (João Crisóstomo, Nova Iorque)


João Crisóstomo, 2017. Foto: LG

 1. O João Crisóstomo , como lhe  disse uma vez um seu amigo, o futuro cardeal patriarca de Lisboa, o José Policarpo (1936-2014), é um "berbequim", uma verdadeira força da natureza, persistente, teimoso, perseverante...

O João  já era conhecido, no seu tempo de menino e moço, como um gajo teimoso como o caraças... Quando se metia numa coisa, não desistia logo às primeiras...

 Se não assim, não teria tido sucesso, na emigração,  na diáspora, no seu trabalho, nas "causas sociais" em que se tem metido  (Foz Coa, Timor Leste, Aristides Sousa Mendes...) nem muito menos reencontrado a "sua" Vilma 40 anos depois de ter perdido o seu paradeiro (em Londres)...

Esta história. aqui meia perdida na minha caixa de correio, tem a sua piada (***). E, segundo penso, está relacionada com as suas diligências para associar as autoridades políticas e religiosas portuguesas â celebração da efeméride dos 70 anos da morte do Aristides de Sousa Mendes (Viseu, 19/7/1885 - Lisboa, 3/4/1954) (*)

Dizer que o João é "teimoso... que nem um burro", não é um insulto, é um elogio, a ele (e ao burro) e aos nossos milhões de compatriotas que escolheram viver e trabalhar (e morrer) longe, fora da Pátria.


Humor de caserna > Teimoso... que nem um burro 

por João Crisóstomo


Data - quinta, 21/03/2024, 20:27
 
Assunto - Vale a pena ser teimoso…


Eu contei, em Nova Iorque,  ao Fernando Santos (**) a minha odisseia em Portugal (em março de 2024: que o Presidente cancelou; que o Cardeal nem apareceu, mas por outro lado a secretária do Presidente facilitou-me a vida...

Aqui está a "verdade verdadinha", segundo "São Fernando”:

"Agora já sei por que é que o cardeal não compareceu. O Cardeal telefonou ao Pe. Melicias a saber quem era esse tal João Crisóstomo e ele disse-lhe: 

− Tenha muita cautela, não apareça, ele mete-o em trabalhos. 

O Cardeal telefona imediatamente ao Presidente Marcelo e avisa-o. 

−  Tenha cautela com um esse senhor João Crisóstomo. Vai metê-lo em trabalhos. 

O Marcelo então avisa a secretária Ruela: 

− Cancele o encontro com João . 

Ela responde. 

− Impossível, Sr. Presidente , o João Crisóstomo já está aqui! 

− Oh, menina Ruela, por favor. Então diga-lhe que eu que lhe disse que eu não estava. 

Guiné 61/74 - P26344: O nosso blogue em números (101): a nossa pequena Guiné-Bissau ficou, em 2024, no 10º lugar dos países que mais nos visitam...



Figura 1 - Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné,  2024 (n=1,2 milhões):   distribuição do número de  visualizações de páginas por país.  Portugal aparece em 1º lugar, com 25,3 % do t0tal, seguido dos EUA (18,8%)...Em 10º lugar, vem a nossa pequena Guiné-Bissau (0,8%), à frente de países europeus como a França, a Suécia, o Reino Unido, a Espanha...

Fonte: Blogger (2024)



Figura n º 2 - 
Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné,  de 2010 a 2024 (n=14 milhões): Mapa-múndi com a distribuição do número de  visualizações de páginas. Embora muito pouco percetível, há um pontinho nos Açores, Madeira, Cabo Verde, Guiné-Bissau...

Fonte: Blogger (2024)




Infografias: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2024)




1. Em 2024, a nossa pequena Guiné-Bissau  era o 10º país com maior de visualiações de páginas do nosso blogue (n=9,25 mil visualizações).

Apraz-nos registar que a Guiné-Bissau, em 2023, com 7,4 mil visualizações  (1,1%),  vinha em 12.º lugar, na lista dos países onde tínhamos leitores ou visitantes.

Temos, naturalmemnte, Portugal em 1.º lugar, mas a perder peso relativo, em relação aos anos anteriores: 219 mil visualizações em 2023, menos de 1/3; 303 mil em 2024, representando apenas um 1/4 do total (1,2 milhões).

Na lista dos "vinte mais" (ou "top 20"), não há, em 2024, mais nenhum país lusófono para além de Portugal, Brasil e Guiné-Bissau (representam 28,6%, menos seis pontos percentuais do que no ano anterior)...

Em todo o caso temos que admitir que o nosso público leitor, lusófono, é mais vasto, havendo camaradas nossos um pouco por toda a parte, na diáspora, dos EUA à Europa... (embora isso seja menos provável nos países asiáticos).
 
Suécia volta a ficar num modesto 12.º lugar...o que se pode explicar pela saída, para os States, do nosso querido José Belo e as suas renas...

A única consolação, para o nosso régulo da Tabanca da Lapónia, é que a Suécia continua em 6.º lugar, à frente do Reino Unido, Hong Kong, Singapura e.... Rússia,  quando se analisam os dados relativos ao total acumulado de visualizações, por país, desde maio de 2010 até ao final de 2024 (n=14 milhões). À sua frente, vêm Portugal, EUA, Brasil, Alemanha e França (Figura 2). 
 

(Continua)
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Nota do editor LG:

Último poste da série > 3 de janeiro de 2025 > Guiné 61/74 - P26340: O nosso blogue em números (100): cerca de 1,2 milhões de visualizações páginas em 2024 (da parte de 4,76 mil visitantes)

sexta-feira, 3 de janeiro de 2025

Guiné 61/74 - P26343: Desejando Boas Festas, Feliz Ano Novo de 2025, e aproveitando para fazer... prova de vida (14): Jorge Araújo (régulo da Tabanca dos Emiratos)




Emiratos Árabes Unidos > Abu Dhabi > 2024 >  O Pai Natal das... Arábias. cumprimentando o nosso Jorge Araújo.

Foto (e legenda): © Jorge Araújo (2024). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].


1. Mesmo em cima do dia de 25 de dezembro, o Jorge Araújo mandou-nos as boas festas, pelo WhatApp, de que eu sou fraco e tosco utilizador... Tendo estado uma semana no Norte, não me foi possível publicar em data oportuna esta gentil mensagem natalícia do casal Jorge Araújo e Maria João (que vivem nos Emiratos Árabes Unidos). Aqui vai, ainda tempo:~

Caro amigo e camarada Luís Graça: Bom dia. desde as Arábias. É só padra te informar que aqui também há ai Natal..., mas é anão!

Boas Festas em Candoz e um melhor ano de 2025.

Um grande abraço, Jorge Araújo e Maria João






Jorge Araújo, ex-fur mil op esp / ranger, CART 3494 / BART 3873 (Xime e Mansambo, 1972/1974); nosso coeditor, a viver há uns anos entre Almada e Abu Dhabi, Emiratos Árabes Unidos. É um dos nossos coeditores. Como autor, tem mais de 335 referências no nosso blogue. Tem várias séries: "Tabanca dos Emiratos", "Memórias cruzadas...", "(D)o outro lado combate"... A esposa Maria João é professora na Universidade de Abu Dhabi.


O casal aproveitou as férias escolares para viajar até ao antigo Ceilão, hoje Sri Lanka, onde ainda há muitas marcas da presença histórica portuguesa (entre 1505 e 1656). No ano já em curso, comemoram-se os 520 anos da chegada dos portugueses a esta ilha. 

O Jorge mandou-me, pelo WhatApp,  uma extensa e interessante reportagem, com cerca de 3 dezenas de fotos, o que dá material para mais do que um poste. Gostaría de o publicar ainda dentro da quadra festiva, mas talvez não o consiga. Não perde, no entanto, atualidade.

A reportagem começa com uma  calorosa mensagem natalícia, datada de 20 de dezembro último, a partir da capital Colombo, e com alguns problemas de velocidade na rede... 

A mensagem é "dirigida aos ainda jovens ex-combatentes no CTIG, aos seus familitares e amigos e ainda a todos aqueles que continuam a visitar-nos, espalhados pelos cinco continentes, mantendo viva a expressão 'O Mundo é Pequeno e a Nossa Tabanca... é Grande!'

"Agora mesmo na República do Sri Lanka, situada a 9500 km da capital que já foi a do império luso, desejo-vos um santo Natal e um 2025 melhor do que o anterior onde a saúde e o conforto, a amizade e a partilha, os afetos e a felicidade, sejam os conceitos-chave para os próximos doze meses".



2. Outro camarada nosso, o Virgílio Teixeira, mandou-nos uma mensagem pelo WhattApp que se perdeu ao fim de 24 horas, por "burrice" minha. Do que peço desculpa. Vou ainda tentar republicá-la, a partir de uma nova versão. O Virgílio tem, além disso, uma série de materiais recentes que aguardam publicação. Peço - lhe paciência e compreensão. E desejo-lhe saúde e um bom ano.
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Nota do editor:

Último poste da série > 31 de dezembro de 2024 > Guiné 61/74 - P26330: Desejando Boas Festas, Feliz Ano Novo de 2025, e aproveitando para fazer... prova de vida (13): Aí vem o Ano Novo (Juvenal Amado, ex-1.º Cabo CAR do BCAÇ 3872)

Guiné 61/74 - P26342: Notas de leitura (1760): O Arquivo Histórico Ultramarino em contraponto ao Boletim Official, até ao virar do século (8) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá, Finete e Bambadinca, 1968/70), com data de 14 de Novembro de 2024:

Queridos amigos,
Permitam-me que insista neste aspeto: ler o Boletim Official da Província da Guiné nesta época tem extrema utilidade para se entender que a Guiné passou a ter atrativos comerciais, a sua legislação harmoniza-se tendencialmente com a da metrópole,os conteúdos são marcadamente burocrático-administrativos, só episodicamente se plasma no documento oficial que há conflitos interétnicos, que o Oio/Morés continua inexpugnável, etc. Chega Carlos Pereira, ele irá confessar ao ministro que encontrou a administração num caos e que a causa republicana tinha na Guiné um peso modestíssimo. Escreve isto um mês depois de lá chegar, em novembro de 1911. O seu tempo de governação, inevitavelmente, conheceu hostilidades entre indígenas, uma epidemia de febre amarela, vai aparecer o Capitão Teixeira Pinto nomeado como chefe do Estado-Maior, empreenderá uma campanha no Oio com sucesso, foi criada a Liga Guineense, que muito dará que falar por se ter oposto às tropelias e roubos praticados pela trupe de Abdul Indjai, sobretudo na Península de Bissau. A muralha de Bissau irá desaparecer, Teixeira Pinto terá sucesso no Oio e será condecorado. A colonização da Guiné parece avançar, Carlos Pereira virá a ser substituído por José António de Andrade Sequeira, que não aquecerá o lugar. Nesta altura já há inúmeras queixas contra Abdul Indjai.

Um abraço do
Mário



O Arquivo Histórico Ultramarino em contraponto ao Boletim Official, até ao virar do século e depois (8)

Mário Beja Santos

Carlos Pereira, o 1.º governador do regime republicano, toma posse a 23 de outubro e a 17 de novembro envia o seu primeiro ofício confidencial sobre a situação administrativa e política da província ao ministro da Marinha e das Colónias.

É um relatório bem desassombrado, diz ter encontrado a administração da província num verdadeiro caos, está a procurar obstar a abusos e ilegalidades, tem como objetivo o saneamento moral e todos os problemas vitais da economia. Diz ter encontrado muito poucos republicanos e muitos vira-casacas. Falando do problema orçamental da Guiné, classifica-o como ingovernável, o orçamento fora organizado no estertor da monarquia, promete apresentar soluções positivas e práticas para a província. Visita depois Bissau, ouve as queixas dos republicanos, e mais tarde viaja para Cacheu e Farim. É logo confrontado no regresso a Bolama com um processo levantado pelas autoridades judiciais contra o ex-governador Oliveira Muzanty, queixa apresentada por Graça Falcão, homem que Carlos Pereira classifica “sem escrúpulos e sem moral”. Em fevereiro de 1911, têm lugar episódios de hostilidade entre os indígenas, os Baiotes tinham atacado os Mancanhas junto do posto fiscal de S. Domingos, o novo governador não quis envolver-se em campanhas militares.

Havia um problema crónico de mão de obra para S. Tomé que passava por pedidos insistentes à Guiné. Carlos Pereira logo apurou que era enorme a relutância dos naturais da Guiné em se expatriar, quer evitar perturbações e descontentamentos, não deu seguimento aos pedidos de Lisboa.

Entretanto, a Guiné é abalada por uma grave epidemia de febre amarela, virão médicos de Cabo Verde, a Guiné só será considerada limpa em agosto, mas a epidemia voltou no final do ano, permanecerá até 12 de janeiro. Em julho de 1911, o governador aprova os estatutos da Liga Guineense, foi criada numa assembleia de nativos da Guiné e entre as suas finalidades tem a de fazer propaganda da instrução de estabelecer escolas em toda a província, e de trabalhar na medida das suas forças para o progresso e desenvolvimento da Guiné. Nesse mesmo ano iriam realizar-se eleições para a Câmara dos Deputados e Conselho Colonial, nos quais a Guiné tinha um representante. O nome mais estimado vindo de Lisboa era o de António da Silva Gouveia. Algo Carlos Pereira terá feito para lhe assegurar a eleição, pois foi enviada ao ministro uma exposição apresentando várias queixas contra Carlos Pereira, exposição apresentada por 92 nativos da Guiné, incluindo na exposição havia a queixa da transferência do capitão médico Francisco Regalla, chefe do serviço de saúde, era o único médico na capital, não se entendia a sua transferência para fora da capital. A queixa será arquivada em janeiro de 1912.

Em setembro de 1911, um violento temporal meteu ao fundo em Bissau a canhoneira Flecha, morreram quatro praças de marinhagem e dez indígenas, o comandante, José Francisco Monteiro, acabou por ser salvo exausto de forças. O tenente Monteiro conseguiu um verdadeiro milagre de pôr a Flecha a flutuar. Nos inícios de 1912, aquando da cobrança do imposto de palhota, deram-se vários desacatos da circunscrição de Cacheu, os indígenas da povoação de Jobel envolveram-se em tiroteio com a canhoneira Zagaia e o vapor Capitania. O Residente de Cacheu, contrariando a opinião geral dos habitantes, atacou Jobel e foi forçado a retirar-se, abandonando cinco mortos, mas incendiaram cem casas. Em meados de fevereiro, os Balantas de Binhone tinham assassinado um comerciante francês. O governador reconheceu a necessidade de ir pessoalmente à região. Há tiroteio, o governador regressa a Bissau e organiza uma forte coluna de Grumetes, retorna-se a Binhone que é destruída e queimada.

Aproveitando esta onda de resultados, o governador decidiu seguir para Cacheu para pôr na ordem os Felupes que tinham atacado a Zagaia, obrigando-os a fugir.

Mas os desacatos prosseguiram na região Felupe, voltam a ser batidos e incendiadas as povoações. A paz provisória será estabelecida em finais de maio. É durante a governação de Carlos Pereira que teve lugar a demolição da muralha de Bissau do lado confinante com a antiga povoação dos Grumetes, ligando o baluarte da Balança ao fortim de Pidjiquiti. A demolição desta muralha, que tinha três metros de altura, veio a originar alguns protestos no comércio e receio da população por temerem o ataque dos Papéis. A demolição decorreu sem qualquer incidente.

Em setembro de 1912, chega um novo Chefe do Estado-maior à Guiné, o capitão João Teixeira Pinto, que traz aura do serviço prestado em Angola. Vai dedicar-se ao estudo da ocupação e pacificação da província; cedo conclui que este processo se deveria iniciar pela ocupação das regiões de Mansoa e Oio, isto devido aos efeitos sob a economia da província e até prestígio das forças militares. Conversa com o chefe de guerra Abdul Injai e fica com a convicção que os subordinados era gente arrojada que poderia empregar como auxiliares. O administrado de Geba, Vasco Calvet de Magalhães, pôs-se à disposição de Teixeira Pinto para o acompanhar com toda a gente que pudesse levantar da região. Fica acordado com o governador em que se estabelecesse um posto em Porto Mansoa, elemento-chave para fazer o cerco à região do Oio. Teixeira Pinto disfarça-se de inspetor da Casa Soller e atravessa o Oio de Mansoa a Farim e de Farim a Mansoa, observando toda a região. Conclui então que, sendo o ataque pelo lado de Farim impossível, ele só podia ser feito pelo lado de Geba-Gussará ou Mansoa-Bissorã. Como se ia estabelecer um posto em Mansoa, e ao norte de Morés todas as tabancas eram Soninqués, opta por este percurso. Mas estava gravemente doente, teve de se recolhera Bolama.

Carlos Pereira apercebeu-se que os Grumetes não queriam fazer parte da coluna que seria comandada por João Teixeira Pinto, a Liga Guineense também não mostrou disponibilidade. Teixeira Pinto aproveitou os irregulares de Abdul Indjai e pediu apoio ao administrador de Geba. Os ataques ao Oio começam no dia 1 de abril, haverá episódios de hostilidade até maio, sentir-se-ão muitas dificuldades: Ao chegar ao território do Oio os carregadores fugiram, caiu uma chuvada torrencial, atacou-se a tabanca de Cambaiu, ficou destruída, entrou-se no Morés, gente de Mansabá apresentou-se a pedir paz, procedeu-se à construção do posto em Porto Mansoa, prendem-se rebeldes, estava feita a submissão dos Balantas do Oio, Teixeira Pinto contou não só com o apoio de Vasco Calvet Magalhães como da lancha-canhoneira Flecha. Carlos Pereira saldou o acontecimento, foi criado o comando militar de Bissorã, Carlos Pereira pede a concessão a Teixeira Pinto da medalha de ouro de valor militar, ele será galardoado com a medalha de ouro da classe de serviços distintos pelos atos heroicos praticados como comandantes das forças que operaram nas regiões de Mansoa e Oio. Adiante, dar-se-á a exoneração de Carlos Pereira, virão seguidamente dois governadores que se irão suceder em tropel, José António de Andrade Sequeira e José de Oliveira Duque.


Armando Tavares da Silva
Governador Carlos de Almeida Pereira (o primeiro governador da República), 1910-1913
Demolição das muralhas de Bissau, em 1913

(continua)
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Notas do editor

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