segunda-feira, 25 de novembro de 2024

Guiné 61/74 - P26191: Notas de leitura (1749): A Guiné Que Conhecemos: as histórias sobre unidades do BCAV 2867 (1) (Mário Beja Santos)


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá, Finete e Bambadinca, 1968/70), com data de 14 de Agosto de 2023:

Queridos amigos,
As Histórias dos "Boinas Negras" terão criado nas outras unidades do BCAV 2867 uma grande vontade de intervir, e de novo Jorge Martins Barbosa foi nomeado comandante-chefe de operação, arregimentou um bom punhado de autores, voltou a fazer uma súmula da história da Guiné e da presença portuguesa, não esqueceu a viagem no paquete Uíge, retomou a informação sobre a quadrícula do setor 1, no Quínara, entramos na matéria com os "Falcões" da CCS, esclarece-se a questão Buscardini e estamos já em 6 de maio de 1968, está a nascer o quartel de Nova Sintra, os "Cavaleiros" não têm mãos a medir, e minas antipessoal irão constituir um dos infernos das colunas. O leitor que se prepare, temos muito caminho para percorrer.

Um abraço do
Mário



A Guiné Que Conhecemos: as histórias sobre unidades do BCAV 2867 (1)

Mário Beja Santos

O livro Histórias dos “Boinas Negras”, referente à comissão da CCAV 2482 foi o rastilho de pólvora para que as restantes unidades do BCAV 2867 se pusessem em movimento. Conforme refere o coordenador, Jorge Martins Barbosa, antigos combatentes dos “Falcões” da CCS, dos “Cavaleiros de Nova Sintra” da CCAV 2483 e dos “Dragões de Jabadá”, da CCAV 2484 aderiram com os seus testemunhos, assim surgiu este extenso documento que é um misto de história e de literatura memorial. 

O coordenador começa por enunciar os diferentes colaboradores que se prestaram a depor com textos e imagens, e dá conta das fontes consultadas. Abre um excelente precedente, põe em paralelo um conjunto de relatórios de operações a que junta documentação do PAIGC constante nos Arquivos Casa Comum (biblioteca digital da Fundação Mário Soares).

Uma vez mais, o coordenador expende um relato histórico sobre os Descobrimentos, para se focar naquele ponto da África Ocidental onde se terá chegado ainda na primeira metade do séc. XV, descreve etnias, vicissitudes da presença portuguesa, mostra-nos o chão de cada uma das principais etnias e recorda que no início do séc. XX havia no norte da Guiné portuguesa uma importante comunidade de cabo-verdianos, na sua maioria descendentes dos que, em meados dos séc. XIX, se tinha fixado na zona de Farim, e que subsistiram com a produção de cana do açúcar e aguardente (tinham fugido da grande seca do arquipélago). Mais tarde, nos anos 1940, uma nova e intensa seca em Cabo Verde obrigou a mais uma emigração para a Guiné. Isto para notar, já em termos ideológicos, que o PAIGC contava com estas levas de cabo-verdianos para desencadear a guerra de libertação.

Retoma o posicionamento do BCAV 2867 na região do Quínara, era o setor 1, atuante nas zonas de Tite, Jabadá, Nova Sintra e Fulacunda. Havia outros povoados do Quínara, como Buba ou Empada que estavam fora do setor. O comando ficou sediado em Tite, bem como a CCS (“Falcões”). A distribuição das companhias operacionais: a CCAV 2482 (“Boinas Negras”) ficou em Tite; a CCAV 2483 (“Cavaleiros de Nova Sintra”) ficou sediada em Nova Sintra; e a CCAV 2484 (“Dragões de Jabadá”) em Jabadá. 

Observa o coordenador que durante o ano de 1969 o BCAV 2867 pôde contar com a colaboração da CCAÇ 2314, “Os Brutos”. Em agosto de 1968, foram colocados em Fulacunda, onde estiveram até serem substituídos pela nossa CCAV 2482. Duas outras unidades colaboraram em Tite, a CCAV 2443 e a CCAV 2765, houve operações conjuntas que o autor mostra claramente nos gráficos sobre as unidades militares de cavalaria que combateram nesta região.

Começando pelos “Falcões”, chamo a atenção para o seu diversificado papel que abarca a manutenção e conservação das partes comuns, a receção e a conferência de armamento, transportes, aprovisionamentos, secretariado, transmissões, manutenção auto, médicos e enfermeiros e capelania. Seguem-se depoimentos. O furriel miliciano Pinto Guimarães dá o seu testemunho, não esqueceu fases de sofrimentos como as minas antipessoal e minas anticarro, lembrou que fazia parte do contingente o furriel António Buscardini que, anos depois, e já na metrópole, julgou ser o chefe da polícia política do PAIGC e que fora assassinado no golpe de Estado de 14 de novembro de 1980 (ver-se-á que não foi este, mas sim um irmão). 

O furriel Sousa Cortez dá nota de que a CCS tinha a seu cargo o cais do Enxudé, recorda que houve uma flagelação a este aquartelamento. 

“A estrada Tite-Enxudé todos os dias era picada e instalados grupos de três homens. Ao longo do percurso, no entanto, por ordem do comandante do batalhão, essa rotina foi substituída por uma patrulha de autometralhadora e um jipe com militares. Um dia, num intervalo entre passagens, o IN colocou uma mina, provocando a explosão da auto e a morte de dois militares.”

Norberto Tavares de Carvalho, autor de um livro intitulado De Campo em Campo – Conversas com o comandante Bobo Keita, 2.ª edição do autor, novembro de 2020, testemunhou sobre António Alcântara Buscardini, nascido em Bolama em 1947. Foi chefe de posto em Bolama, antes de abraçar os ideários do PAIGC, prosseguiu os seus estudos na ex-Checoslováquia. Na noite do assassinato de Amílcar Cabral, teria sido violentamente espancado em Conacri. Depois da independência, dedicou-se à informação, e com sucesso. Foi mais tarde nomeado Secretário de Estado da Segurança e Ordem Pública. Assassinado em 14 de novembro de 1980. E Norberto Tavares de Carvalho observa: 

“A história dos fuzilamentos está muito mal contada. A começar pelas estatísticas alinhavadas e isentas de sustentos documentais… Quem pode acreditar que Nino, chefe absoluto das Forças Armadas, não tivesse conhecimento dos fuzilamentos? Justificar um golpe de Estado com tais argumentos e deixando à solta nas ruas, por exemplo, os comandantes militares como Irénio Nascimento Lopes, Iafai Camará e Quemo Mané, é faltar ao respeito dos guineenses, um autêntico escárnio à justiça e um opróbrio ao próprio partido de Cabral.” 

E esclarece qual dos Buscardinis era do PAIGC: 

“A foto do então furriel Buscardini que me foi enviada é do irmão mais novo de António Alcântara e chama-se José Manuel Buscardini, engenheiro agrónomo, depois da independência foi para a Guiné e trabalhou no Ministério da Agricultura.”

Entram agora em cena os “Cavaleiros de Nova Sintra”. Este quartel não existia antes de 6 de maio de 1968. 

“Nova Sintra era apenas, até então, uma zona de cerrada vegetação, sob o controlo do quartel de Tite. Estava a ocorrer uma restruturação das regiões operacionais, dentro de dias entram em funções Spínola, decidiu-se que Empada iria deixar de pertencer ao setor 1 para integrar o recém-criado COP 4, ficando Nova Sintra a constituir o aquartelamento mais estratégico a sul do setor 1.”

Nesse dia 6 de maio, um conjunto de forças militares, vindas de Tite e do destacamento de S. João, transportadas em dezenas de veículos com armamento e matéria de construção, começara a implantação do quartel, um esgotante trabalho de desmatação, de abertura de valas, de construção de abrigos, de latrinas e de uma pista de aterragem com 500 metros. O IN reagiu uma semana depois, causou a morte de um militar da cozinha do BART 1914. Nova Sintra situava-se no entroncamento de estradas provenientes de Tite, de Fulacunda e S. João, passou a ser uma zona bastante castigada pelo IN que, instalado junto ao tarrafo e nas matas de Brandão, Buduco e Bissássema, minavam todos os percursos e derrubavam frequentemente todos os pontões, visando dificultar o trânsito naquelas vias. 

Foi na estrada S. João-Fulacunda que explodiu em 2 de julho de 1963 a primeira mina anticarro da guerra da Guiné. E foi com minas que lamentavelmente, os “Cavaleiros de Nova Sintra” sofreram 5 mortos, todos no segundo semestre de 1969. O primeiro comandante da CCAV 2483 foi o capitão Joaquim Manuel Correia Bernardo, ferido gravemente por uma mina antipessoal em 11 de julho de 1969l. Iremos seguidamente ouvir o depoimento do furriel Soares da Silva que foi o vagomestre desta CCAV 2483.
Um detalhe da região do Quínara
Fonte de Tite, imagem do blogue Rumo a Fulacunda, com a devida vénia
Comandos portugueses em ação na Guiné, imagem retirada do jornal Correio da Manhã, com a devida vénia
Imagem de Nova Sintra, coleção do coronel Pais Trabulo, com a devida vénia
Aquartelamento de Nova Sintra, imagem retirada do blogue Lugar do Real, com a devida vénia

(continua)
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Nota do editor

Último post da série de 23 de novembro de 2024 > Guiné 61/74 - P26184: Notas de leitura (1748): "A pesca à baleia na ilha de Santa Maria e Açores", do nosso camarada e amigo Arsénio Puim: "rendido e comovido" (Luís Graça) - Parte II

Guiné 61/74 - P26190: Agenda cultural (871): Lançamento do livro "Manecas Santos: Uma Biografia da Luta", de Rosário Luz, dia 6 de Dezembro pelas 18 horas, no Grémio Literário de Lisboa, Rua Ivens, 37 - Baixa-Chiado

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Nota do editor

Último poste da série de 14 de novembro de 2024 > Guiné 61/74 - P26154: Agenda cultural (870): Museu Nacional de Etnologia, 30 out 2024 / 2 nov 2025 > Exposição: “Desconstruir o Colonialismo, Descolonizar o Imaginário. O Colonialismo Português em África: Mitos e Realidades

Guiné 61/74 - P26189: Fotos à procura de... uma legenda (188): é mesmo a última das 4 fotos aéreas de que falta identificar a localização, diz o fotógrafo, Morais Silva, cap art, cmdt da CCAÇ 2796, Gadamael, em finais de 1971

 

Foto nº 20


Foto nº 20A


Foto nº 20B


Foto nº 20C

Guiné > Região de Tombali > s/l > 1971 > Vista aérea de um reordenamento, talvez entre Catió e Cufar.



Foto s/n (1)


Foto s/n (2)


Guiné > Região de Tombali > Gadamael > 1971 > Vista aérea do reordenamento de Gadamel e da pista de aviação (em 1), e com maior detalhe (em 2).

Fotos (e legendas): © Morais da Silva (2024). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]




Guiné > Região de Tombali > Carta de Bedanda (1956) (Escala 1/50 mil) > Posição relativa de Bedanda, rio Cumbijã e, a sudoeste, Cufar, Mato Farroba, Ilhéu de Infandre e Príame (Catió).


Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2024)



Cor art ref Morais da Silva: (i) cadete-aluno nº 45/63 do Corpo de Alunos da Academia Militar (e depois, mais tarde, professor de investigação operacional na AM, durante cerca de 2 décadas); (ii) no CTIG, foi comandante da CCAÇ 2796, em Gadamael, entre jan 1971 e fev 1972; instrutor da 1ª CCmds Africanos, em Fá Mandinga;  adjunto do COP 6, em Mansabá;  (iii) fez parte do Grupo L34, na Op Viragem Histórica, no 25 de Abril de 1974; (iv) é membro da nossa Tabanca Grande, com cerca de 150 referências no blogue.



1. A foto nº 20 é mesmo a última das 4 fotos aéreas de que falta identificar a localização.  jlJá vimos que:

(i)  a nº 30 diz respeito a Cacine; 
(ii) as nºs 23 e 25 são de Catió; 
(iii) e a nº 29 é referente a Cabedu (*)...

O fotógrafo diz que a foto nº 20 pode ter sido tirada a um reordenamento dos arredores de Catió. As fotos nºs 23 e 25 não mostram a pista de aviação de Catió (que ficava a noroeste da vila e quartel de Catió).

Recorde-se que o cor art ref Morais Silva andava a "rearrumar" fotos do seu álbum da Guiné. Mas tinha umas tantas, sem legendas... E pediu-nos "ajuda"...

São vistas aéreas, tiradas de avioneta quando um dia, em finais de 1971, foi fazer uma visita de cortesia, camaradagem e amizade ao Augusto José Monteiro Valente (1944-2012), cmdt da CCAÇ 2792 (Catió e Cabedu, 1970/72) (precocemente falecido, com o posto de maj gen ref).

Na altura, ele comandava, desde janeiro de 1971, a CCAÇ 2796, os "Gaviões", em Gafamael. Deixou ao cuidado dos seus homens o aquartelamento de Gadamael. A caminho de Catió tirou umas tantas fotos ("slides"), incluindo umas quatro ou cinco do quartel e reordenamento de Gadamael.

Reconstituindo o seu percurso de avioneta (DO 27 da FAP ou Cessna dos TAGP), já vimos que:

  • ele seguiu para sul, ao longo do rio Cacine;
  • sobrevoou Cacine (foto nº 30);
  • atravessou a península de Cubucaré (que é delimitada pelos rios Cacine e Cumbijã);
  •  tirou uma foto ao destacamento de Cabedu (nº 29);
  • e chegou finalmente a Catió (fotos nºs 23 e 25).

Recorde-se que, na altura, em finais de 1971, o PAIGC ainda estava fortemente implantado no Cantanhez. A reocupação da península de Cubucaré começa só em finais de 1972 (Op Grande Empresa), não havendo aqui, até então, reordenamentos feitos pela NT.

Onde terá sido, pois, tirada esta última foto (nº 20) ? Catió, Príame, ilhéu de Infandre, Mato Farroba, Cufar, na margem direita do rio Cumbijã ?

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Nota do editor:

(*) Último poste da série > 20 de novembro de 2024 > Guiné 61/74 - P26171: Fotos à procura de... uma legenda (187): O fotógrafo, o então cmdt da CCAÇ 2796, "Gaviões" (Gadamael, 1970/72), Morais Silva (hoje cor art ref) pergunta se seria Cabedu... Vejam se o podem ajudar, que ele quer arrumar os "slides"...

Vd. postes anteriores:

18 de novembro de 2024 > Guiné 61/74 - P26163: Fotos à procura de... uma legenda (186): O "gavião" que perdeu, não a "pena", mas... as legendas das fotos nº 23 e 25 do seu álbum... Ele pergunta se será Catió (...falamos do cor art ref Morais Silva)

17 de novembro de 2024 > Guiné 61/74 - P26161: Fotos à procura de... uma legenda (185): O fotógrafo, o então cmdt da CCAÇ 2796, "Os Gaviões" (Gadamael, 1970/72), Morais Silva (hoje cor art ref) pergunta se seria Cacine... Vejam se o podem ajudar, que ele quer arrumar os "slides"...

16 de novembro de 2024 > Guiné 61/74 - P26159: Fotos à procura de... uma legenda (184): Vistas aéreas de guarnições militares, povoações, tabancas e reordenamentos da Região de Tombali (Morais Silva, cor art ref, ex-cmdt, CCAÇ 2796, Gadamael, 1970/72)

domingo, 24 de novembro de 2024

Guiné 61/74 - P26188: Cem pesos, manga de patacão, pessoal ! (9): uma viagem na TAP, de Bissau a Lisboa, em finais de 1970, custaria hoje c. 1450 euros (Valdemar Queiroz); uma viagem de férias (ida e volta), c. 1900 euros, em fevereiro de 1971 (Carlos Vinhal)



Bilhete de avião de regresso a Lisboa, em 18 de dezembro de 1970


Foto (e legenda): © Valdemar Queiroz (2014). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



1. Terminada a comissão,  o Valdemar Queiroz, que era de rendição individual (como todos os outros graduados e praças esepcialistas da CART 11), foi para Bissau onde gastou os últimos "pesos" (o patacão da guerra) e tomou o avião da TAP de regresso a casa, em 18/12/1970, como se pode comprovar no documento acima reproduzido.  

O bilhete,como era só de ida, custou-lhe a módica quantia de 4740 escudos, incluindo 80$00 (que deve ser o imposto de selo e  a taxa... "aeroportuária"). Lá se ia, quase todo, o "patacão" de um mês...




Recibo (?) nº 453, emitido pela agência de viagens Fernando S. Costa, Bissau, 13 de fevereiro de 1971

Foto (e legenda): © Carlos Vinhal (2015). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


2. Já o nosso coeditor Carlos Vinhal (fur mil art MA, CART 2732, Mansabá,1970/72, SPM 1388) veio de férias, em 15 de fevereiro de 1971, e pagou à agência de viagens Fernando S. Correia a importância de 6430$80 (vd. documento acima). 

Não sabemos se nesse valor estava incluído o preço da ligação aérea Lisboa-Porto (nem a comissão da agência).  De qualquer modo, para ir de férias, um furriel miliciano tinha que desembolsar mais do que o que ganhava num só mês.
 

3. Quanto valeria hoje esse patacão ?

(i) 4340$00 (em 1970) seriam hoje 1455 euros (!) (uma roubalheira ?);

(ii) 6430$80 (em 1971) equivaleriam  hoje a 1944 euros...

Fonte: Pordata > Simuladores > Simulador de Inflação > Quanto vale hoje o dinheiro do passado ?

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Nota do editor:

Último poste da série > 24 de novembro de 2024 > Guiné 61/74 - P26187: Cem pesos, manga de patacão, pessoal! (8): uma viagem, de avioneta, nos TAGP, de São Domingos a Bissau, em 22/2/69, custava 224 escudos (ou "pesos"), o equivalente hoje a 70 euros (Virgílio Teixeira, ex-alf mil SAM, CCS/BCAÇ 1933, Nova Lamego e São Domingos, 1967/69)

Guiné 61/74 - P26187: Cem pesos, manga de patacão, pessoal! (8): uma viagem, de avioneta, nos TAGP, de São Domingos a Bissau, em 22/2/69, custava 224 escudos (ou "pesos"), o equivalente hoje a 70 euros (Virgílio Teixeira, ex-alf mil SAM, CCS/BCAÇ 1933, Nova Lamego e São Domingos, 1967/69)


Guiné > Bissau > TAGP (Transportes Aéreos da Guiné Portuguesa) > Cópia de bilhete de passagem, de S. Domingos para Bissau > 22 de fevereiro de 1969 > Avião: Dornier > Passageiro: Virgílio Teixeira > Valor pago: 224$00. Foto do álbum de Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM; CCS/BCAÇ 1933 (Nova Lamego e S. Domingos, 1967/69).


Foto (e legenda): © Virgílio Teixeira (2018). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



1. Patacão (em crioulo), massa, graveto, grana, carcanhol, guita, milho, maçaroca, cheta, caroço, arame, arjã, cacau, pastel, vil metal, tusto, cobres, prata, lecas, nota preta, pilim, massa, papel, aquilo-com-que-compram-os-melões... enfim, dinheiro! (como é prolixa, polissémica, rica, ao menos, a nossa língua).
 
Ora cá está um tema sobre o qual toda a gente, leia-se os antigos combatentes, pode aqui falar. E temos  de resto falado, embora de maneira avulsa... E muito irregularmente. O que valia o dinheiro  no nosso tempo, o que recebíamos, o que gastávamos, e em quê...

Reorganizámos os postes sobre o patacão, uniformizando os títulos, de acordo com a série, que já existia no início do blogue, "Cem pesos, manga de patacão pessoal"... 

São já uns tantos postes, os publicados, que merecem ser relidos, revisitados, citados comentados, acrescentados (*).

Por este precioso documemto, acima reproduzido,  que o Virgílio Teixeira guardou (foto de bilhete de viagem nos TAGP, de  São Domingos para Bissau, em linha reta é uma distância muitoenor do que os cerca de 125 km por estrada), ficamos a saber  que uma voltinha de Dornier (para apanhar o avião da TAP em Bissalanca, para a Metrópole) custava 224 escudos. 

A preços de hoje,  224 escudos (do BNU) seriam 78 euros... Como se tratava de "pesos" da Guiné, teríamos que aplicar a taxa de desvalorização de 10% (praticada no comércio de Bissau de então, 100 pesos valiam 90 escudos da metrópole). 

Portanto, grosso modo, eram 70 euros o bilhete de avioneta... 

224 escudos ou " pesos" era caro...Eram 10 dias do "per diem" de um militar (24,5 escudos por dia  para a alimentação).

O que se comprava mais com 224 escudos da Guiné em 1969 ?  Duas garrafas de uísque velho...Dez almoços em Bafatá (bife com batas fritas e ovo a c cavalo).

Era, enfim, o equivalente, mais ou menos, a   quanto se podia perder ou ganhar numa noite de lerpa (200 / 300 escudos em média, disse aqui o Humberto Reis, há 18 anos atrás). Ou a 90 maços de cigarros SG Filtro! (**).

Em suma, cem pesos já eram manga de patacão, pessoal !...

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Notas do editor:

(*) Último poste da série > 1 de outubro de 2011 > Guiné 63/74 - P8845: Cem pesos, manga de patacão, pessoal! (7): Os produtos e as marcas que não havia em Lisboa... ou eram "proibitivos" - Parte VI (Magalhães Ribeiro/José Colaço)

(**) Vde. poste3 de 28 de julho de 2005 > Guiné 63/74 - P129: Cem pesos, manga de patacão, pessoal ! (1): quanto se gastava e em quê... (Luís Graça / Humberto Reis / A. Marques Lopes / Luís Carvalhido / Sousa de Castro)

Guiné 61/74 - P26186: Parabéns a você (2331): Abel Moreira dos Santos, ex-Soldado At Art da CART 1742 (Nova Lamego e Buruntuma, 1967/69) e António (Tony) Levezinho, ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 2590/CCAÇ 12 (Bambadinca, 1969/71)


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Nota do editor

Último post da série de 23 de novembro de 2024 > Guiné 61/74 - P26182: Parabéns a você (2330): José Saúde, ex-Fur Mil Operações Especiais da CCS / BART 6523/73 (Nova Lamego, 1973/74)

sábado, 23 de novembro de 2024

Guiné 61/74 - P26185: Os nossos seres, saberes e lazeres (655): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (180): Regresso aos Açores, às ilhas do grupo oriental (9) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 14 de Agosto de 2024:

Queridos amigos,
Graças à amizade com mais de meio século, pude cirandar pelo essencial da ilha de Sta. Maria, tirar partido dos pontos altos que propiciam panoramas em escadaria, ver os terraços dos vinhedos, as baías lá ao fundo, sentir a heterogeneidade dos lugares saindo de Vila do Porto, passando por Almagreira, ver o encanto da baía da Praia Formosa, e tudo mais que Sta. Maria oferece, ilha com uma coreografia que a orografia oferece e nos assombra; porque há uma ilha relevada e depois um espaço que lembra uma planície, um tanto estéril, aqui se construiu um aeroporto que foi militar e depois civil, aqui termina o prazer de uma viagem decorrente de um prémio imprevisto ganho no início de março, era um domingo soturno, na Bolsa de Turismo de Lisboa.

Um abraço do
Mário



Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (180):
Regresso aos Açores, às ilhas do grupo oriental – 9


Mário Beja Santos

O dia de hoje promete, o meu querido amigo José Braga Chaves leva-me até ao aeroporto de Santa Maria, quero saber um pouco mais sobre essa pista que foi uma das maiores do seu tempo, por aqui foram evacuados os contingentes que regressaram do Japão, finda a guerra desmantelaram-se velhos barracões e ergueram-se edifícios novos, o aeroporto tornou-se português, e durante anos foi de grande importância. Na véspera adormeci a acabar a leitura do livro Ilha de Gonçalo Velho, de Jaime de Figueiredo, é uma 2.ª edição de 1990. Pergunto-me de quando terá sido a primeira, tem para aqui parágrafos de indiscutível potência crítica:
“A vida na pequena ilha açoriana era difícil e custosa até meados do século passado. Não havia empregos e, portanto, as soldadas não chegavam para o sustento mais elementar. Meia dúzia de ricaços possuía as terras de pão e de mato, as vinhas e as quintas, os gados e as alfaias: arados, carros, moinhos e lagares. Um deles punha dez carros de boi ao caminho e vinte trilhos na eira da debulha.
Os trigos, moios e moios, iam por sua conta, em navios próprios, vender-se no mercado de Lisboa.
O pobre, sem eira nem beira, vivia no seu casebre, mal vestido a alimentado. Em anos ruins comia bolos de fetos e papas de carrilhos, vestindo um longo saio de estopa. Como refrigério, só tinha a missa do domingo; no mais, era lidar do berço à cova, em terras foreiras, para entregar o fruto do seu trabalho, no fim da colheita, aos donos dos campos lavradios – a enfiteuse tornou-se quase uma escravidão!
Por essa altura começou a corrente de emigração para os Estados Unidos. Os poucos dos rapazes, na viagem de regresso vinham recheados de pesos e de águias, metidos em grandes cinturões. Daqui nasceu um vaivém de gente moça, por fim o êxodo de famílias inteiras, quando se acharam as minhas de ouro do Pacífico. Quase todos os que voltaram, enriquecidos e opulentos, remiram as terras foreiras, embora à custa de onerosos laudémios, acabando por emprestar o seu dinheiro aos velhos morgados, cheios de dívidas e hipotecas. Então, deu-se a inversão na riqueza: a grande lavora, o latifúndio, começou a dividir-se, a retalhar-se, a entrar na posse do emigrante – o ‘calafona’. Este, poupado e industrioso, de braço afeito ao trabalho, lavou as courelas, tratou dos pomares, virou as fajãs, criou gados e plantou vinhas.”
Resta saber a sequência deste ciclo histórico.
Lá vamos para o aeroporto, não se ouvem nos ares os quadrimotores Skymasters, nem os bimotores Dakota nem os aviões de caça Aircobras, o movimento na área do aeroporto é dado pela movimentação dos carros e algumas pessoas pelas ruas, o Zé vai-me mostrando sinais do passado, vejo um daqueles armazéns que ainda se podem encontrar nos campos de Inglaterra, também construídos durante a Segunda Guerra, e gostei muito daquela quase instalação de peças que vieram dos EUA para acelerar a construção do aeroporto. Aqui houve um quartel-general. Jaime Figueiredo escreve:
“A parte central do campo de aviação ocupa uma área de cerca de 6 km2, sendo 2 de largura e 3 de comprimento. Nem sempre todo o perímetro estava defendido por alta vedação de arame farpado, o que obrigava a ser vigiado, nas proximidades, por polícia norte-americana e portuguesa, servindo-se de velozes motocicletas.”

O Zé faz questão de me levar a um conjunto de pequenas empresas, o pretexto fora dado por mim, quero comprar biscoitos de orelha, ele leva-me então a uma pequena fábrica, quem ali trabalha acedeu alegremente como se põem as mãos à obra.

Almoçamos num espaço em Vila do Porto, logo a seguir vou cumprimentar a presidente da edilidade, Bárbara Chaves, trocamos lembranças, agradeço-lhe as gentilezas. E haverá novo périplo, paragens em miradouros inesquecíveis, já começou a larvar a nostalgia da partida, foi uma viagem singular, um encontro irrepetível, não me passara pela cabeça tão graciosos panoramas.

Parto no dia seguinte. Antes, porém, o Zé faz-se uma surpresa de trazer um outro recruta dos Arrifes, volto a outubro de 1967, um abraço mais do que amistoso, temos aquela tendência um pouco lúgubre de começar a conversa pelos muitos que já partiram, seja para as estrelinhas ou para a emigração, é inevitável a promessa de voltar. Por mim estou pronto, fixei os nomes de Santo Espírito, Santa Bárbara, a Baía dos Anjos, S. Pedro, as Baías da Maia e de S. Lourenço. E aqui termina o resultado de um prémio que ocorreu na Bolsa de Turismo de Lisboa e que me levou à Ribeira Grande e Vila Franca do Campo, em S. Miguel, e a conhecer tão bem a ilha de Sta. Maria, é sempre bom aterrar em terras arquipelágicas, está imensamente justificado como guardo os Açores no meu coração.

Recordação de uma infraestrutura do tempo da guerra, junto do aeroporto de Santa Maria
Quatro imagens que recordam a chegada de maquinaria vinda dos EUA, contribuíram para construir o aeroporto em tempo recorde
A preparar biscoitos de orelha, uma das especialidades genuínas de Santa Maria
Claustro do Convento de S. Francisco, instalações que pertencem à Câmara Municipal de Vila do Porto
Uma escultura no pátio do claustro
Uma janela antiquíssima que nos faz pensar nos primeiros povoadores, capitães donatários, janela Quinhentista num prédio da Rua Gonçalo Velho
Um pormenor do Forte de S. Brás
O Forte de S. Brás, uma outra perspetiva, a da sua Porta de Armas
Padrão de cantaria em homenagem aos tripulantes do Caça-Minas Augusto de Castilho, obra de Raul Lino, Forte de S. Brás, Vila do Porto acolheu-os depois de terem feito uma longa viagem, destruído o caça-minas pelos alemães
Uma imagem de rua de Vila do Porto antes da obra de Real Bordalo, naquela parede ao fundo
Um dos mais belos ilhéus de Santa Maria, o do Romeiro
Imagem tirada do miradouro do Pico Alto
Miradouro dos Picos
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Nota do editor

Último post da série de 16 de novembro de 2024 > Guiné 61/74 - P26160: Os nossos seres, saberes e lazeres (654): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (179): Regresso aos Açores, às ilhas do grupo oriental (8) (Mário Beja Santos)

Guiné61/74 - P26184: Notas de leitura (1748): "A pesca à baleia na ilha de Santa Maria e Açores", do nosso camarada e amigo Arsénio Puim: "rendido e comovido" (Luís Graça) - Parte II

 



Capa do livro de Arsénio Chaves Puim, "A Pesca â Baleia na Ilha de Santa Maria e Açores" (Ponta Delgada: Letras Lavadas Edições, 2024, il., 160 pp. (Fotografia da capa_ Porto do Castelo e Encosta do Farol Gonçalo Velho, Arquivo Fotográfico de Max Frix Elisabeth)


1. Estamos a publicar algumas notas leitura do último livro do nosso amigo e camarada Arsénio Puim (*), que, "noutra incarnação", foi alferes graduado capelão, na antiga Guiné Portuguesa, na CCS/BART 2917 (Bambadinca, 1970/72)... Não chegou a acabar a comissão porque os senhores da guerra consideraram-no "persona non grata" no território, sendo expulso em meados de 1971. (**)

Voltou aos Açores. Continuou a exercer o múnus espiritual durante mais uns anos, fez enfermagem, casou, foi pai, é agora avô, continua igual a ele próprio, um grande açoriano e ainda um melhor ser humano.

A "nota introdutória" que ele escreveu para este seu último livro (edição revista, aumentada e melhorada do livro de 2001, "A pesca da baleia na ilha de Santa Maria"), diz muito sobre o amor a sua terra e às suas gentes. 

Nós que, quando putos e continentais, nunca conhecemos o alvoroço e a excitação da baleação no arquipélapo dos Açores (nem vimos baleias ao vivo), somos agora remetidos, ao ler o Puim, para esses tempos da sua infància, adolescència e juventude quando o seu "chão", a freguesia, Santo Espírito, e a sua terra natal, Calheta, eram o centro da atividade desta atividade (que, no séc. XX durou ainda cerca de 4 dezenas de anos, até 1985). 

Puim fala da sua gente, pobre e insular, e da sua luta pelo "pão nosso de cada dia".  Ele fala-nos de algumas centenas de marienses baleeiros (e conta-nos histórias de um punhado deles), a maioria dos  quais do seu sítio,  Santo Espírito... Ilhéus (a que há de acrescentar mais alguns, de Cabo Verde, Graciosa, São Miguel ,Pico, Faial...), "homens humildes e afoitos que, numa luta dura e perigosa, quase corpo a corpo, com o maior mamífero da Terra, ganhavam dignamente o pão de cada dia para e para os seus" (pág. 27)... E " dois deles tombaram no exercício desta atividade, ainda primeira fase da baleação " (o remador mareensee António Puim,  e o mestre cabo-verdiano Henrique  da Veiga, em 1897 e em 1901, respetivamente).

Lembra ainda o autor, neste prólogo (que a seguir se transcreve na íntegra, com a devida vénia), que "a pesca à baleia em Santa Maria, como nas restantes ilhas açorians, nunca enverdou por processos intensivos e exterminadores deste cetáceo, adotados noutros pontos do globo" (pág.23)... Pelo contrário, era um atividade de economia de subsistência, sazonal, costeira e artesanal, "em pequenos barcos de propulsão a remos e à vela, por regra com o arpão e a lança de arremesso manual, o que, necessariamente, manteve as capturas em níveis moderados e o equilíbrio biológico desta espécie" (pág. 24).

A baleação teve, naturalmente,  impacto económico e social na ilha (como no resto dos Açores),  criando riqueza e emprego, direta e indiretamente (vd. cap. 4, pp. 99-120). 

De 1937 a 1966, foram capturados, na ilha de Santa Maria, 841 cachalotes, ou sejam, 5,6% do total das capturas no arquipélago (=14929), produzindo um pouco mais de 1,9 milhões de quilos de óleo, ou seja, 3,7%  do total dos Açores (=51,2 milhões de quilos).
O valor do õleo, em escudos,  na ilha de Santa,  totalizou 7 milhões , ou seja, 3,2% de um total de c.  219,3 mil contos (sem atualizaçáo dos valores com base nas taxas de variação do IPC - Índice de Preços no Consumidor). (Fonte: Puim, 2024, pág. 109; em relação à produção de óleo e ao seu valor monetário, os dados são omissos ou incompletos para os anos de 1938, 1939, 1945 e 1946).

Mas há outros aspetos, para além dos socioeconómicos, que devem merecer a atenção do leitor, e que abordaremos em próxima nota. Por exemplo:

"Ainda hoje lembro a angústia,  silenciosa, da minha Mãe (igual à de outras mães e esposas) sempre que os botes largavam do  porto do Castelo  para o alto mar à caça da baleia, até que entrassem  novamente em casa - às vezes a altas horas  da noite -  os seus dois filhos baleeiros" (pág. 103).

 

















Fonte:  Excertos de  Arsénio Chaves Puim, "A Pesca â Baleia na Ilha de Santa Maria e Açores" (Ponta Delgada: Letras Lavadas Edições, 20123, il., 160 pp., preço de capa: c. 18 euros), pp. 21-26.

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Notas do editor:

(*) Último poste da série > 22 de novembro de 2024> Guiné 61/74 - P26180: Notas de leitura (1746): "A pesca à baleia na ilha de Santa Maria e Açores", do nosso camarada e amigo Arsénio Puim: "rendido e comovido" (Luís Graça) - Parte I

(**) Vd. poste de 8 de maio de 2021 > Guiné 61/74 - P22181: Os nossos capelães (16): Arsénio Puim, vítima da ira de César por mor de Deus e da sua consciência de cristão e português (Luís Graça, "O Baluarte de Santa Maria", maio de 2021)

Guiné 61/74 - P26183: Roteiro dos museus e outros lugares de memória e cultura, abertos (ou a abrir) ao "antigo combatente" (4): Museu da Guerra Colonial, V. N. Famalicáo, de visita gratuita


1. O Museu da Guerra Colonial (MGC), em Vila Nova de Famalicão, é de entrada livre (no caso de grupos e escolas há marcação prévia).

Localização, horário e contactos:

Famalicão Central Park, Lote 35 A
4760-727 Ribeirão

Telef: 252 217 998
Email: info@museuguerracolonial.pt


Horário:
  • Terça a sexta: 10h00 às 17h30
  • Sábado: 14h30 às 17h30
  • Domingo (sob marcação)
  • Encerra às segundas e feriados nacionais, sábado de Páscoa, 24 e 31 dezembro

2. Faz parte da notável rede municipal de museus (de que só conheço dois, e que recomendo: Casa-Museu de Camilo, e o Centro Português do Surrealismo):


O  objetivo do 
 Museu da Guerra colonial (MGC) em Vila Nova de Famalicão é fazer o levantamento e a recolha dos espólios dos combatentes utilizando a metodologia da história oral.

Como resultado o MGC recupera aquilo a que os seu criadores chamam “o Baú da Guerra” que, depois de aberto, fornece fontes importantíssimas para o estudo do combatente português na guerra colonial.

Recuperam-se e ordenam-se vários documentos tais como:

  • processos de morte e de ferido,
  • correspondência,
  • diários pessoais e de companhia,
  • documentos de ação social e psicológica,
  • relatos e processos confidenciais,
  • objetos de arte,
  • fotografias,
  • objetos religiosos,
  • bibliografia, e
  • documentos vários,

O Museu está organizado segundo temas, tem um perfil pedagógico de informação histórica e cultural para as gerações do pós-guerra e para o público em geral com a intenção de preencher lacunas sobre este período recente da História de Portugal.

Visitar o MGC ajuda-nos a conhecer o itinerário do combatente português neste conflito armado que decorreu de 1961 a 1974 (13 anos).

3. Recorde-se aqui, em síntese, a sua génerse e desenvolvimento:


(i) o MGC nasceu no ano de 1999,

(ii) através de uma parceria entre:
  • o Município de Vila Nova de Famalicão;
  • a ADFA (Associação dos Deficientes das Forças Armadas);
  • a ALFACOOP (Externato Infante D. Henrique de Ruilhe);

(iii) tendo por base um projeto pedagógico intitulado “Guerra Colonial, uma história por contar”;

(iv) o conteúdo e a metodologia, recolha, tratamento, organização e estudo das fontes resultaram de um projeto pedagógico dirigido pelo Dr. José Manuel Lages e 32 alunos em colaboração com as Entidades referidas.

(...) "Mais do que um espaço museológico, é um local que pretende transmitir ao visitante um real conhecimento sobre este período da História de Portugal, contado por quem a viveu e sentiu na primeira pessoa. " (...)

A exposição permanente retrata o itinerário do combatente português na Guerra Colonial (1961-1974), abordando as seguintes temáticas:

  • O Embarque;
  • O Dia-a-Dia;
  • As Operações Militares;
  • Os Nativos;
  • A Ação Social e Psicológica;
  • A Religiosidade;
  • Os Horrores da Guerra;
  • A Morte;
  • A Correspondência;
  • As Madrinhas de Guerra.
Todo o acervo museológico foi cedido ou doado por:
  • antigos combatentes ou seus familiares;
  • delegações da Associação dos Deficientes das Forças Armadas (ADFA);
  • e vários ramos das Forças Armadas Portuguesas.
O visitante poderá ainda ver os objetos usados pelos nossos Militares, como:

  • Baús da Guerra (objetos pessoais, alimentação, vestuário);
  • Fardamentos e Equipamento Militar (torres de transmissões, paraquedas, capacetes, armas);
  • Veículos de Guerra

O MGC foi inaugurado no do 23 de abril de 1999 e situa-se no Lago Dicount lote 35A, na freguesia de Ribeirão, ocupando uma área de mil e quinhentos metros.

A gestão do Museu é da responsabilidade da Associação do Museu da Guerra Colonial na qual figuram os sócios fundadores Coletivos e Individuais. Esta estrutura integra a Rede de Museus de Vila Nova de Famalicão e tem protocolos de colaboração com as Forças Armadas Portuguesas.
(Seleção, revisão / fixação de texto, negritos: LG)

Guiné 61/74 - P26182: Parabéns a você (2330): José Saúde, ex-Fur Mil Operações Especiais da CCS / BART 6523/73 (Nova Lamego, 1973/74)

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Nota do editor

Último post da série de 19 de novembro de 2024 > Guiné 61/74 - P26166: Parabéns a você (2329): Mário Migueis da Silva, ex-Fur Mil Rec Inf (CCS/QG/CTIG, BART 2917 e CCAÇ 2701 - Bissau, Bambadinca e Saltinho, 1970/72)